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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC

CURSO DE PSICOLOGIA

SILVANA GHELLERE CAVALHEIRO

O PROCESSO DE ELABORAÇÃO DO LUTO: ESTRATÉGIAS DE


ENFRENTAMENTO PÓS-PERDA

CRICIÚMA, JULHO DE 2010


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SILVANA GHELLERE CAVALHEIRO

O PROCESSO DE ELABORAÇÃO DO LUTO: ESTRATÉGIAS DE


ENFRENTAMENTO PÓS-PERDA

Trabalho de Conclusão do Curso, apresentado para


obtenção do grau de Bacharel no Curso de
Psicologia da Universidade do Extremo Sul
Catarinense, UNESC, com Linha de Pesquisa em
Qualidade de Vida, Criciúma, 02 de julho de 2010.

Orientador: Prof. Esp. Elenice de Freitas Sais

CRICIÚMA, JULHO DE 2010


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SILVANA GHELLERE CAVALHEIRO

O PROCESSO DE ELABORAÇÃO DO LUTO: ESTRATÉGIAS DE


ENFRENTAMENTO PÓS-PERDA

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado pela


Banca Examinadora para obtenção do Grau de
Bacharel, no Curso de Psicologia da Universidade
do Extremo Sul Catarinense, UNESC, com Linha de
Pesquisa em qualidade de vida Criciúma, 02 de
julho de 2010.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Esp. Elenice de Freitas Sais – UNESC - Orientadora

Prof. Esp. Denise Nurenberg – UNESC – Coordenadora do Curso de Psicologia

Luis Claiton Medeiros Ehlers – CRP 12/06243 – Psicólogo e Esp.


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AGRADECIMENTO

Dedico este trabalho a todos que contribuíram de alguma forma para meu

crescimento durante a realização da minha trajetória de universitária. Incluindo a

Deus pela realização deste trabalho, à minha família (pai, mãe e irmã) pela

paciência e preocupação, ao meu namorado Diogo por me consolar nos momentos

difíceis e compreensão, aos meus colegas de clínica pela dedicação, e à minha

professora Elenice que pelo jeito doce e humano de ser, me deu forças e apoio. E,

por fim, agradeço a mim, por ter conseguido com muito estudo e esforço chegar até

o fim.
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Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os


dias que ficaram mais compridos, não saber como
encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento,
não saber como frear as lágrimas diante de uma
música, não saber como vencer a dor de um silêncio
que nada preenche.

Martha Medeiros.
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RESUMO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso aborda os temas: luto, processo de


elaboração do luto e estratégias de enfrentamento pós-perda. Esta pesquisa refere-
se quanto a sua metodologia em uma revisão bibliográfica de cunho qualitativo e
exploratório. Pode-se compreender com maior clareza, o quanto é importante para o
enlutado vivenciar o processo de luto, para que se estabeleçam, a partir deste,
estratégias de enfrentamento adequadas. Conclui-se também, que a estratégia de
enfrentamento do luto mais encontrada, dentre outras, independente da fase do
desenvolvimento humano em que ocorra a perda, seria a compreensão e o conceito
que os enlutados conseguem construir sobre a morte.

Palavras-chave: Luto; Processo de Elaboração do Luto; Estratégias de


Enfrentamento Pós-perda.
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 11

2.1 Morte................................................................................................................... 11

2.2 O Processo de Luto........................................................................................... 17

2.3 Sintomatologia do Luto .................................................................................... 22

2.4 O Processo de Elaboração do Luto ................................................................. 24

2.4.1 Primeiro Estágio: Negação e Isolamento ..................................................... 25

2.5 Estratégias de Enfrentamento do Luto Durante o Desenvolvimento Humano


.................................................................................................................................. 29

2.5.1 Estratégias de Enfrentamento do Luto e Perda na Infância ....................... 29

2.5.2 Estratégias de Enfrentamento do Luto e Perda na Adolescência ............. 31

2.5.3 Estratégias de Enfrentamento do Luto e Perda na vida Adulta ................. 33

2.5.4 Estratégias de Enfrentamento do Luto e Perda do Idoso ........................... 34

3 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 38

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 41

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES .................................................................... 45


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1 INTRODUÇÃO

O interesse pelo assunto surgiu de forma espontânea, sempre houve


nesta pesquisadora o interesse em descobrir e buscar compreender qual o
sentimento vivenciado pelas pessoas que perdem seus entes queridos, como: filhos,
pais e amigos próximos.
Compreender como as pessoas “tocam a vida” para frente, como lidam
com a morte; se há conformidade sobre a morte do ente; se continuam com a vida
normal ou os dias são “escuros”, tristes e vazios, vindo juntamente o desânimo, falta
de vontade de viver e pensamentos pessimistas, sempre foram indagações desta
acadêmica.
Outro fator que contribuiu para a escolha desse tema foi o momento em
que me deparei com a primeira perda da minha vida, a morte da minha cadela
chamada Bali, da qual passei dias e meses cuidando e medicando a espera que
melhorasse e isto não aconteceu. Senti muito a sua falta quando ela faleceu. Deste
modo o assunto da morte me instigou a buscar compreender a perda, e o
entendimento de como se supera esta dor, ou como se passa pelo processo de
Luto.
Entende-se por Luto um sentimento de pesar pela morte do outro ser, é o
sofrimento geralmente relacionado à morte de uma pessoa amada, vindo juntamente
com expressões de choro, muita tristeza, estados de choque, raiva, ansiedade,
sensações de ordem física e não conformismo.
Segundo Viscott (1982, p. 41):

Cada pessoa precisa dissipar seu pesar a sua própria maneira. Algumas
perdas jamais são reparadas, e a pessoa aprende a viver com uma
sensação de estar incompleto e de tristeza. Em geral, a mágoa por ter sido
deixado sozinho, e a raiva por causa dessa mágoa, gradualmente
encontram alguma expressão. Geralmente, é contra outra pessoa que não a
que morreu, visto que ficar zangado com alguém que morreu – e que era
amado – somente faz aumentar os sentimentos de culpa, os quais, no
processo de luto, são muito comuns. Assim que a raiva contra o falecido
puder ser justificada, a culpa passará. Ás vezes, quando as pessoas
perderam alguém importante quando eram crianças e depois de adultas
perdem mais alguém, o processo de luto se torna ampliado. Tais pessoas
parecem recair sobre suas defesas de infância, geralmente de negação,
que não funcionam. Ou então, mergulham de novo na perda sofrida na
infância como sendo a perda do presente. Outras gastam sua vida tentando
exaurir sua culpa vivendo sempre se autopunindo. Elas precisam tentar
dirigir para o exterior sua raiva, de forma a poderem se libertar. A mágoa
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que é inibida pode acabar, eventualmente, roubando do enlutado sua


própria vida.

Assim, esta revisão procurará contribuir com uma visão da morte como um
processo natural no desenvolvimento humano, visto que todos passarão por esta
etapa em algum momento de suas vidas.
Acredita-se que o psicólogo em sua formação deva ter mais
conhecimentos sobre o tema, o que se julga ainda pouco na graduação. Bem se
sabe que muitas pessoas reconstroem suas vidas após a perda de um ente querido
de forma natural, mas o contrário também existe, pessoas que não conseguem
aceitar a perda, gerando em muitas circunstâncias, inclusive o adoecimento
psicológico.
O luto é um assunto real vivenciado todos os dias, e por isto torna-se
importante o papel do psicólogo neste processo, para que este ajude a amenizar o
sofrimento dos enlutados, trazendo esclarecimentos e apoio necessário, bem como
a confiança e compreensão necessárias para este momento de dor.
Diante do exposto, a pergunta de pesquisa proposta para este trabalho é a
seguinte: Como as pessoas elaboram o Luto pós-Morte? Quais estratégias de
enfrentamento são mais encontradas?
Assim, para responder a pergunta, utilizou-se como metodologia a
pesquisa de revisão bibliográfica qualitativa de cunho exploratório, com o objetivo de
compreender os fenômenos das vivências dos aspectos cognitivos e emocionais dos
enlutados.
Segundo Luciano (2006), a pesquisa qualitativa considera a relação entre
realidade e sujeito, e não pode ser traduzida em números. A interpretação do
fenômeno e o seu significado são determinantes no processo do estudo qualitativo,
mas não demanda a utilização de métodos e técnicas estatísticas.
De acordo com Cervo e Bervian (2002, p.69), “a pesquisa exploratória
realiza descrições precisas da situação e quer descobrir as relações existentes entre
os elementos componentes da mesma”.
Esta pesquisa tomou o formato de uma revisão bibliográfica após muitas
conversas com a professora orientadora deste trabalho, nas quais, concluiu-se que a
revisão proporcionaria a acadêmica, maiores conhecimentos sobre a Morte e o Luto,
10

para quem sabe, no futuro, a pesquisadora estar mais instrumentada para uma ida a
campo.
Na presente pesquisa, analisaram-se quarenta e sete referências
acadêmicas, entre livros e artigos.
Como forma de responder as perguntas de pesquisa, encontram-se
dispostos neste trabalho os seguintes capítulos: Morte; Processo de Luto; O
Processo de elaboração do luto; Sintomatologia do Luto; Estratégias de
enfrentamento do luto e perda durante o desenvolvimento humano (infância,
adolescência, adulto e idoso).
Sobre pesquisa bibliográfica Cervo e Bervian (2002) pontuam que é uma
pesquisa a partir das referências teóricas publicadas em documentos, podendo ser
realizada independentemente ou como pesquisa descritiva ou experimental. “Em
ambos os casos, busca-se conhecer e analisar as contribuições culturais ou
científicas do passado existente sobre um determinado assunto, tema ou problema”
(CERVO E BERVIAN, 2002, p. 65).
11

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Morte

Aborda-se neste capítulo o tema morte, pois entender o que é a morte


torna-se fundamental para a compreensão do caminho pelo qual a pesquisadora
trilhou para melhor conhecer o processo de luto e as estratégias de enfrentamento
pós-perda.
A morte é um tema que em nossa cultura remete em muitos a idéia de
dor e sofrimento. Por isto, cabe neste capítulo a tentativa de esclarecer que a morte
como citam alguns autores, é uma fase da vida pela qual todos os seres humanos
passarão, pois, é algo natural e inerente a existência humana.
Segundo Torres, Guedes e Torres (1983) a morte na Idade Média
significava o encerramento da vida terrestre e início da aventura final do destino. Na
Idade Moderna a morte se problematiza apesar dos ritos.
Torres (1999, p. 22) afirma sobre a morte que:

Filósofos e teólogos sempre se preocuparam com as ideias do homem sobre


a morte. Todavia, é de tal ordem o temor e o tremor diante desse tema
maldito, que, apesar da inevitabilidade e da inelutabilidade da morte, a
psicologia, a exemplo do que ocorreu em outras ciências, não fez da morte
um tema prioritário até a metade do século XX, século que se caracterizará,
como assinala AMSTUTZ (1979), pelo movimento em direção a pesquisa dos
extremos, isto é, em direção as origens e aos limites.

Quando nossa mente e pensamento curiosos procuram saber como


funciona a natureza e o porquê da existência de determinadas maneiras para
compreender como o início e o fim da vida se dão, é que se adentra na área da
filosofia, ciência e arte. São estas respectivas áreas que permitem a interação com a
mente entre pensamentos. A sociedade passa a conhecer o mundo melhor e as
pessoas a si mesmas. “Porém, tanto a filosofia, quanto a ciência e a arte estão longe
de saber o suficiente sobre nosso “início” e nosso “fim”. (TORRES, 1999, p. 14).
Os próximos parágrafos procurarão trazer as diferentes visões de morte
para alguns povos e culturas, na tentativa de melhor compreensão sobre o tema.
Nas sociedades primitivas se acreditava que a vida fosse indestrutível,
cessando através de um fenômeno que não fosse natural como um acidente, a
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morte não era entendida como natural, mas sim como sempre provocada por
alguém ou por algo. “Para os primitivos o homem não era mortal: ele permanecia (no
totem) ou voltava (reencarnado). Nessa caminhada mitológica, muitas religiões e
tradições assimilaram tais ideias, onde aparece o conceito da alma imortal”.
(CHIAVENATO, 1998, p. 13).
Sendo assim, também se encontra o seguinte: “Em várias sociedades, os
mortos continuam existindo sob a forma de espíritos ancestrais, em íntima
proximidade com os vivos. Eles oferecem aos vivos, segurança e proteção e em
troca exigem que se façam sacrifícios em seus túmulos”. (GAARDER, 2002, p. 23).
O mesmo autor relata ainda que “ninguém morre e que o espírito ou alma
transmigra, reencarna ou descansa – no último caso, na forma de múmia –,
enquanto aguarda uma nova vida”.
Chiavenato (1998, p.17) afirma que:

Os banquetes devem ter começado no Egito. Bem antes dos egípcios, no


entanto, os povos primitivos jantavam seus mortos – prática seguida por
alguns ainda hoje. Existem inúmeras teorias e hipóteses sobre o canibalismo.
Nos tempos mitológicos acreditava-se que as virtudes do morto se
transferiam para quem comesse as partes onde elas se concentravam.
Ganhava-se a força do morto comendo-se o seu bíceps, por exemplo. A
velocidade, comendo-se os pés. Parente, amigo ou inimigo, o morto
precisava ter alguma qualidade para ser devorado.

Ainda de acordo com o mesmo autor, muitas culturas comem o morto por
ter significado religioso ou como forma de expressar a identidade com o morto.
Cada povo primitivo tem seus motivos para comê-los, podendo resumir-se em
comunhão, crença ou mesmo para matar a fome nos tempos de crise e também o
medo do morto. “No Paraguay, os índios guayaki fazem guisado de palmito e
juntamente adicionam o pó do morto” (CHIAVENATO, 1998, p. 18).

Em algumas culturas há uma relação constante entre vivos e mortos,


procurando-se manter uma determinada proximidade, pois se acredita que ao
manterem a imagem daqueles que morreram, os mesmos se tornarão
verdadeiros guardiões dos vivos, proporcionando proteção a estes
(MINATTO 2007, p.19).

No Egito, os ricos e nobres eram enterrados em câmaras mortuárias mais


baratas do que as pirâmides, estas eram um luxo dos faraós. Já os “pobres” eram
enterrados em covas na areia. Os deuses eram representados por animais e
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acreditavam que estes recebiam reencarnações divinas e, assim os enterravam em


túmulos especiais. (CHIAVENATO, 1998).
Os egípcios também acreditavam que a alma continuava viva depois da
morte do corpo, e que os mortos viveriam no além, desde que tivessem condições
de existência.
Se morre alguma personalidade importante, as mulheres da casa cobrem a
cabeça e até o rosto com terra. Depois deixam o morto, precipitam-se para
fora da casa e percorrem a cidade com as roupas arregaçadas, descobrindo
o peito e golpeando-o com as mãos. Todas as parentes se juntam ao cortejo
e procedem do mesmo modo. Os homens cingem-se também e batem no
peito. Depois destas cerimônias levam o cadáver para ser embalsamado.
(CHIAVENATO 1998, p. 31).

De acordo com Papalia, Olds e Feldman (2006) na sociedade malaia a


morte é vista como transição gradual. O corpo receberia enterro provisório, no qual
os sobreviventes continuavam os rituais até que o corpo se deteriorasse,
acreditavam que a alma o havia abandonado e seria admitida ao reino espiritual.
Na Grécia Antiga, os corpos dos heróis eram queimados em público como
sinal de honra; na Índia e Nepal ainda se utiliza a cremação; na lei judaica ortodoxa
a cremação é proibida, pois acreditam que os mortos se levantarão outra vez para o
Juízo final. (CHIAVENATO, 1998).
No Japão, os rituais fazem com que os vivos tenham contato com os
mortos, às famílias mantêm um altar dedicado ao falecido, onde lhes oferecem
comidas ou charutos.
No Gâmbia, por adorarem e acreditarem nas forças naturais, este povo
considera os mortos como parte da comunidade.
Os índios Hopi temem os espíritos e tentam esquecê-los o mais rápido.
No México, esqueletos se misturam a figuras de santos, pois os
mexicanos acreditam receber milagres destes, e o feriado mais esperado no México
é o dia dos mortos, no qual festejam e celebram muito.
Os muçulmanos no Egito demonstram tristeza profunda, os muçulmanos
em Bali suprimem a tristeza rindo, ficando felizes.
Já para os budistas: “A religião budista tibetana entende a morte como
uma passagem e como um limite para a existência, bem como uma possibilidade de
se viver melhor usando a contemplação da possibilidade da morte”. (MNRONISKI,
2001, p. 56).
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Em vários povos são encontradas práticas e costumes que ajudam a lidar


com a morte e com o luto, pois possui um significado diferente para cada cultura /
religião.

Assim, (isto é, calmamente) morreram as pessoas durante séculos ou


milênios... Esta atitude antiga, para a qual a morte era ao mesmo tempo
familiar, próxima e amenizada, indiferente, contrasta com a nossa em que a
morte provoca tal medo que não mais temos coragem de chamá-la pelo
nome (ARIES, 1976 apud ELIAS 2001, p. 20).

Morrer segundo Queiroz (2008) é um subprocesso do processo chamado


viver, que se sucede desde o gerar, crescer, nascer, respirar. Morrer pertence à
ciência e seu desenvolvimento, cujo término deste processo (morte) é o ponto de
partida de uma realidade não mensurada que pertence ao campo da filosofia e dos
sistemas religiosos.
Durante toda a vida nos preparamos para crescermos e amadurecermos
em nível de ideias, atitudes e escolhas, visando sempre atingir algo melhor e
satisfatório para o futuro que virá, que esperamos, planejamos e temos certeza de
que viveremos ainda por muitos anos, pois jamais pensamos que a morte chegará
de imediato.
Kovács (2002, p. 15) afirma que:

A morte começa quando não levamos em conta que a morte existe. Quando
nem sequer nos indignamos ao ver os mortos – mortos, não porque a morte
existe, mas porque não lutamos pela vida. A criança miserável que morreu de
fome, o operário que perdeu as mãos, a prostituta que perdeu o amor, o ser
humano que perdeu a humanidade e também o seu ser. O suicida que não
sabe que já morreu antes de matar-se, porque não suportou a vida, a morte
em vida; muitas vezes porque não pode tolerar a morte do outro, e vai em
busca dele, num mundo imaginário, que delírio, engana como se fosse vida.

Papalia (2006) descreve que a morte é um fato biológico, com aspectos


sociais, psicológicos, religiosos, culturais, legais, de desenvolvimento, médicos e
éticos. “Os aspectos culturais da morte incluem o cuidado e o comportamento
perante aos moribundos e os mortos, o contexto onde a morte geralmente acontece
e os costumes e os rituais do luto”. (PAPALIA, OLDS E FELDMAN, 2006, p. 739).
Quando se fala sobre morte, segundo a autora citada, na cultura
ocidental, o pensamento que vem à mente dos indivíduos é de negação, rejeição e
não entendimento na maioria dos casos e situações. Muitas pessoas não gostam de
15

falar sobre a morte, e não querem saber ou se aprofundar com o propósito de tentar
compreender, porque passamos por este processo, por este momento em que
precisamos deixar este mundo.
Segundo Guedes et al. (1983) o próprio conceito de morte está latente
em qualquer idade, devido as fantasias como: incapacidade de amar, desejo que o
homem tem de imortalidade (viver para sempre, como se nunca fosse morrer), e das
lutas e perdas emocionais não-elaboradas de forma satisfatória.
De fato quando o assunto é a morte, somos todos terminais, sem “prazo
de validade”, jamais saberemos até quando viveremos, por isto o ser humano
precisa aprender a reconhecer que realmente é este ser terminal, não fantasiando a
vida eterna.
Aprendi que as pessoas hoje são ensinadas a negar a morte e a crer que
nela nada significa, a não ser aniquilação e perda. Isso quer dizer que a
maior parte do mundo vive negando a morte ou aterrorizado por ela. Até falar
da morte é considerado mórbido, e muitos acham que fazer uma simples
menção a ela pode atraí-la sobre si. (RINPOCHE, 1999, p.24).

É preciso que o homem aprenda a não ter medo da morte, a não ter
medo de morrer, afinal, a morte é uma das únicas certezas dessa vida.
Muitos indivíduos refletem, pensam e questionam sobre a morte e o
morrer, se a morte é o fim da vida ou começo de outra? Se é o final de tudo ou
recomeço? São questionamentos inerentes à condição da própria existência.
Rinpoche (1999) afirma que a morte é parte natural da vida, e todos terão
de enfrentar em algum momento. Assim sendo, descreve dois modos de abordar a
questão enquanto estamos vivos: ou ignoramos ou olhamos de frente para nossa
própria morte, pensando claramente nela, tentando amenizar o possível sofrimento
que trará.
A morte nos ensina uma lição de que a vida tem que ser vivida, da melhor
forma possível, segundo o mesmo autor. Deve-se sempre lutar para que tudo na
vida seja gratificante, pois, a vida bem vivida permitirá uma morte tranqüila.
Assim, é importante que o indivíduo não fique pensando, se lamentando
ou sofrendo antecipadamente por sua morte, como em alguns casos de doenças em
que o individuo desacredita sobreviver, rendendo-se à morte, “a morte não é um
ponto final na existência e sim um elemento constitutivo dela”. (BOEMER, 1986, p.
132).
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Ao falar sobre a vida e a morte Melo (2004, p. 2) afirma que:

A vida e a morte andam, quer queiramos quer não, de mãos dadas e marcam
ambas presença no nosso quotidiano, em que a perenidade da vida recorda-
nos a inevitabilidade da morte [...] Á medida que caminhamos pelas várias
etapas do ciclo de vida, aproximamo-nos do nosso incontornável destino que
é a morte, ficando esta última cada vez mais presente e ocupando um maior
espaço no nosso pensamento. Porém, vários acontecimentos podem
antecipar o nosso confronto com a morte, sendo dos mais penosos, sem
dúvida, a perda de alguém que nos é importante.

Segundo Worden (1998) muitas pessoas não desejam passar nem


experimentar a dor do luto, e, por este motivo, procuram outros meios como viagens
para outros locais na tentativa de encontrar algum alívio para suas dores, sem
permitir que a dor venha a acontecer, pois um dia esta passará.
Entende-se que a morte não é simples, que só chegará no momento em
que ela própria atinja o almejado fim. O destino, o acaso, o inevitável da hora “fatal”
irá chegar, no instante em que precisa chegar ao momento em que nos basta viver.
De acordo com Morin (1997, p. 33):

O horror da morte é a emoção, o sentimento ou a consciência da perda de


sua individualidade. Emoção-choque, de dor, de terror ou horror.
Sentimento que é de uma ruptura, de um mal, de um desastre, isto é,
sentimento traumático. Consciência, enfim, de um vazio, de um nada, que
se abre onde havia plenitude individual, ou seja, consciência traumática.

A morte é temida por todos, e quando mencionada ao enlutado as dores e


tristezas podem surgir à mente trazendo saudades de alguém que não está mais
presente.
Kovács (2002), afirma que a morte da qual sempre tem recordações é
sempre dolorosa, desde as situações de separação da figura materna temporária ou
definitiva. Todos têm histórias para contar: morte de amores, filhos e figuras
parentais.
Nunca estamos convencidos quando vemos uma vida humana chegar ao
fim, e nunca a questão do sentido e do valor da vida se tornam mais presentes e
mais dolorosas do que quando vemos o último alento abandonar um corpo que
ainda há pouco vivia (JUNG, 1998, p.357).
Como afirma Worden (1998, p.25):

[...] Pode ser que sonhar que a pessoa que faleceu está viva não seja
simplesmente um desejo de preenchimento, mas uma forma de a mente
17

validar a realidade da morte, por meio do acentuado contraste que ocorre


quando a pessoa acorda de um sonho destes.

Neste sentido: “As pessoas que pensam que sua vida foi significativa e
que se adaptaram as suas perdas, podem ser mais capazes de enfrentar a morte”.
(PAPALIA, OLDS E FELDMAN, 2006, p.745).
Portanto, entende-se que a morte é uma etapa que ninguém poderá
“escapar”. Estamos em todo o momento correndo riscos, os quais podem resultar
em morte (acidentes, doenças, etc.). Engana-se quem pensa que a morte atinge
somente os mais velhos que já viveram o bastante, pois todos os dias milhões de
pessoas morrem no mundo; assim, por mais que a morte seja natural, ela aparece
como algo temido pela maioria dos indivíduos.
A morte como se viu nos primeiros parágrafos, é diferente para cada
cultura devido aos seus rituais e tradições, e, é por este motivo que não se pode
julgar a visão de cada ser humano sobre a morte, afinal, para alguns é celebração
enquanto para outros é sofrimento e angústia.
O fato é que compreender os significados que a morte pode ter e as
muitas formas como esta se apresenta para cada ser humano e cultura, é um campo
muito vasto, complexo, ficando aqui uma reflexão e um breve esclarecimento quanto
ao assunto, na busca de sentido dos medos, dúvidas, incertezas e do desconhecido
que o tema morte evoca.

2.2 O Processo de Luto

Neste capítulo buscar-se-á compreender o processo de luto,


especialmente em como os enlutados reagem diante da morte de alguém querido,
alguém próximo; e como se caracteriza este processo tão doloroso e difícil na vida
dos sobreviventes.
Sobre o Processo de Luto, Melo (2004) relata que diante de qualquer
perda significativa, seja de pessoa ou objeto amado, desenrola-se um processo
chamado luto, o qual consiste numa adaptação gradual aquela perda que envolve a
passagem do enlutado por uma série de fases para sua elaboração.
18

Cada indivíduo tem uma forma de realizar seu processo de luto, variando
de pessoa para pessoa e podendo este durar meses ou anos.
Para Oliveira e Lopes (2008) o processo de luto é um processo de tornar
real a perda, devendo ser devidamente acompanhado e valorizado como parte da
saúde emocional. O processo de luto passa a ser organizado e aceito quando a
morte é percebida pelo enlutado como real, disponibilizando-se a novas atividades
em sua vida.
Melo (2004) afirma que o grande sofrimento que vem com a perda de
alguém que nos é querido, é que jamais alguma palavra poderá amenizar a dor de
quem a está sentindo. O sobrevivente precisará desenvolver um papel ativo no
processo de luto, deixando “ir” o ente falecido e seguindo sua vida em frente.
Desta forma, todos os indivíduos diante de uma perda passam pelo
processo de luto, para que possam ter o seu tempo de elaboração da perda.
Segundo Kovács (2002, p.154):

A morte como perda nos fala em primeiro lugar de um vínculo que se rompe,
de forma irreversível, sobretudo quando ocorre perda real e concreta. Nesta
representação de morte estão envolvidas duas pessoas: uma que é “perdida”
e a outra que lamenta esta falta, um pedaço de si que se foi. O outro é em
parte internalizado nas memórias e lembranças, na situação de luto
elaborado. A morte como perda evoca sentimentos fortes, pode ser então
chamada de “morte sentimento” e é vivida por todos nós. É impossível
encontrar um ser humano que nunca tenha vivido uma perda. Ela é
vivenciada conscientemente, por isso é, muitas vezes, mais temida do que a
própria morte. Como esta última não pode ser vivida concretamente, a única
morte experienciada é a perda, quer concreta, quer simbólica.

Aceitar a realidade da perda é uma tarefa muito difícil aos enlutados;


afinal, em muitos casos a morte é inesperada, vindo de repente e sem avisos,
fazendo com que os indivíduos “entrem em estado de choque” por algo que não
esperavam acontecer naquele momento.
Segundo Kübler - Ross (1985, p.167):

Acho que o moribundo também pode ajudar seus familiares, fazendo com
que encarem sua morte. E pode ajudar de várias formas. Uma delas é
participar naturalmente seus pensamentos e sentimentos aos membros da
família, incentivando-os a proceder assim também. Se ele for capaz de
enfrentrar a dor e mostrar com seu próprio exemplo como é possível morrer
tranquilamente, os familiares se lembrarão de sua força e suportarão com
mais dignidade a própria tristeza.
19

É nesse instante de desespero, angústia, dor e aflição que a morte faz


com que os indivíduos tenham a sensação de que ela não aconteceu, se
questionando o tempo todo: “por que isso está acontecendo? Não acredito que está
acontecendo isso!”.
Segundo Worden (1998, p. 23):

Muitas pessoas que passaram por uma perda se encontram chamando


pela pessoa perdida e muitas vezes tendem a identificar de maneira falsa
ou errônea a outras pessoas do seu ambiente. Eles podem caminhar pela
rua, enxergar alguém que se parece com a pessoa perdida e então ter de
relembrar, “Não, não é meu amigo. Meu amigo na realidade está morto”.

Melo (2004) descreveu as quatro tarefas essenciais do processo de luto,


de acordo com a adaptação feita no texto de Worden (1991) que são: Aceitar a
realidade da perda; Trabalhar a dor advinda da perda; Ajustar-se a um ambiente em
que o falecido está ausente; Transferir emocionalmente o falecido e prosseguir com
a vida.
Como primeira tarefa essencial do processo de luto, encontra-se a
aceitação à realidade da perda, como a realidade de que a pessoa que morreu não
irá mais voltar. Há um comportamento de busca em chamar pela pessoa perdida.
Leva-se tempo até o indivíduo chegar à aceitação da perda, pois além de envolver a
aceitação intelectual, envolve a emocional. Assim, muitos rituais como funerais
ajudam os enlutados a aceitarem a perda.
Segundo Oliveira e Lopes (2008, p. 2):

A fase do choque pode durar horas ou dias, constituindo-se de desespero,


raiva, irritabilidade, amargura e isolamento. Tais sentimentos podem se
manifestar por atitudes emocionais intensas e passam a ser expressos
contra todo aquele que venha a compartilhar o luto, como uma
manifestação de defesa, pois a aceitação desses sentimentos reafirma a
perda.

A segunda tarefa é trabalhar a dor advinda da perda, pois muitos


indivíduos sentem dores físicas, emocionais e comportamentais associadas à perda.
Desta forma, trabalhar a dor advinda da perda é fazer com que o enlutado vá
evitando circunstâncias que lembrem o falecido. É preciso que vivencie a dor, não
fugindo dela, pois do contrário poderá mais tarde “colapsar” numa depressão.
A terceira tarefa segundo Melo (2004) é ajustar-se a um ambiente em
que o falecido está ausente no que diz respeito ao sentido de mundo para a pessoa
20

enlutada, como exemplo: um filho que perdeu a mãe, sendo ela que sempre lhe fez
tudo, após a morte o filho se dá conta de que pode realizar tudo o que a mãe fazia, e
pode se ajustar a este novo ambiente, porém sem a presença da mãe.
E por fim, a quarta e última tarefa seria transferir emocionalmente o
falecido e prosseguir com a vida, quando o enlutado deixa de ter necessidade de
viver rememorando o falecido, seguindo sua vida em frente e abrindo-se a novos
vínculos, em vez de viver relembrando o passado.
Porém, alguns indivíduos que rememoram o falecido deixam de
prosseguir com suas vidas, principalmente negando-se a amar novamente. Melo
(2004, p. 10) afirma que:

Uma maneira de não completar esta tarefa é não amar. A pessoa agarra-se
ao vínculo que tem com o passado, em vez de seguir em frente e formar
novas vinculações. Algumas pessoas sentem a perda de uma forma tão
dolorosa que fazem um pacto com elas mesmas de nunca mais amarem.

Em contrapartida o autor coloca que existem muitas pessoas que


percebem que podem voltar a amar sem nunca deixar de amar a pessoa que
faleceu.
Por isso, cabe a importância do amadurecimento emocional neste
processo de aceitação da morte. É preciso que os indivíduos enlutados aceitem a
realidade da morte, que a pessoa que se foi não retornará mais, e que a deixem
“descansar”.
Segundo Papalia, Olds e Feldman (2006, p.742-743):

A maioria das pessoas que estão de luto são capazes, com a ajuda da
família e dos amigos, de se conciliar com sua perda e de voltar a viver
normalmente. Para algumas, entretanto, indica-se terapia para perda.
Terapeutas profissionais ajudam os sobreviventes a expressar tristeza,
culpa, hostilidade e raiva. Eles encorajam os clientes a rever os
relacionamentos com os falecidos e a incorporar a realidade da morte em
sua vida. Ao ajudarem as pessoas a lidar com o pesar, os conselheiros
precisam levar em conta tradições étnicas e familiares e diferenças
individuais.

É importante avaliar quais os tipos de ajuda se fazem necessárias durante


o processo de luto (profissional, leiga, religiosa). É importante também permitir a
ritualidade do processo de luto, em que cada cultura e religião têm suas formas de
realizarem. (OLIVEIRA e LOPES, 2008).
21

Muitos indivíduos buscam e optam pelos rituais tradicionais como o


velório e logo após, o enterro em cemitérios, onde os enlutados podem com o
tempo, visitar o morto, levar flores; enfim, o local do enterro servirá para o enlutado
saber que seu ente falecido está ali, porém não mais como matéria.
Oliveira e Lopes (2008) afirmam que há alguns simbolismos no luto, um
deles é a cor. Outro simbolismo representado pela igreja católica é a missa de corpo
presente e de sétimo dia (realizada após sete dias da morte). “Para algumas
sociedades, o branco, o amarelo e o violeta caracterizam a fase; para outras, como
a nossa, é o preto que facilita o reconhecimento da perda”. (OLIVEIRA E LOPES
2008, p.1).
Usar roupas pretas nos funerais não era para demonstrar tristeza e pesar
pelo falecido, mas, era usada como disfarce para que os vivos não fossem
reconhecidos pelo fantasma do morto, pois tinham medo de que viesse perturbar
sua paz. (KOVÁCS 2002).
Na Etiópia os homens vestem-se com roupas femininas no dia do enterro,
pois acreditam que o morto fica com muita raiva daqueles que o levam para a cova e
podem reconhecê-los ao voltar.
Na Nigéria, os vivos defendem-se da fúria dos mortos quebrando-lhes os
ossos e furando-lhes os olhos, a fim de evitar que voltem, provocando algum mal.
(CHIAVENATO, 1998).
Como afirma Worden (1998, p. 31):

Um sinal de uma reação de luto terminada é quando a pessoa é capaz de


pensar na pessoa que faleceu sem dor. Existe sempre uma sensação de
tristeza quando você pensa em alguém que amou e depois perdeu, mas é
um tipo diferente de tristeza – falta o aspecto doloroso que havia antes.
Uma pessoa pode pensar no falecido sem manifestações físicas, como
choro intenso ou sensação de tensão no peito. Da mesma forma, o luto
está terminando quando uma pessoa pode reinvestir suas emoções na vida
e no viver.

Desta forma, o enlutado passará a relembrar somente de forma positiva


que viveu com a pessoa falecida, podendo então, ao olhar para trás entender o
porquê daquele momento da morte, compreendendo os sentimentos e reações pelos
quais passou.
22

Hisatugo (2000) relata que quando alguém morre e sofremos com isto,
aos poucos nos damos conta que nossas vidas continuam mesmo após a morte
daquele que se foi, “então, depois que o tempo passar um tanto (e isso dependerá
de cada um de nós), passaremos a viver com lembranças da pessoa que morreu e
com novas coisas que vamos aprender sobre a vida”. (HISATUGO, 2000, p. 39).
Afinal, cada indivíduo elabora seu luto no tempo em que consegue
superar a dor, visando dessa forma à morte como uma fase no ciclo da vida (nascer,
crescer, viver e morrer), pois, é no momento de aceitação da morte que o individuo
terá elaborado seu luto. É ele quem irá definir até quando sofrer, sem se culpar ou
ficar se lamentando, podendo optar pela ajuda de um profissional da saúde para que
a morte se esclareça, aquietando a sua mente sem os pensamentos anteriores de
dores e sofrimentos pela perda.

2.3 Sintomatologia do luto

Apresentam-se neste capítulo alguns sintomas vivenciados pelos


enlutados durante o processo de luto.
De acordo com Lisboa e Crepaldi (2003):

A morte é um momento geralmente difícil de ser enfrentado, tanto para a


pessoa que está morrendo, quanto para seus familiares. Dependendo do
nível de aceitação da morte, do padrão de relacionamento existente entre a
pessoa que está morrendo e sua família, do seu papel na mesma, das
crenças sobre a morte e do tipo de morte (se é súbita ou prolongada), o seu
enfrentamento pode se dar de maneiras diferentes.

Diante disso, Stroebe & Stroebe (1987) apud Bromberg (2000),


desenvolveram um quadro com os sintomas encontrados nas pessoas enlutadas;
porém cabe lembrar que nem todos estes sintomas são encontrados nas pessoas
enlutadas, assim, dividiu-os em cinco categorias sendo elas: A – afetivo; B –
manifestações comportamentais; C – atitudes em relação a si, ao falecido e ao
ambiente; D – deterioração cognitiva; E – mudanças fisiológicas e queixas
somáticas.
23

Na categoria A encontra-se depressão (sentimento de desespero, tristeza,


disforia, lamentação lembrança das atividades feitas em conjunto com o indivíduo
que morreu); Ansiedade (sentimento de medos, ameaças, de morrer, medo de viver
sozinho, ansiedade de separação e preocupação de problemas que não foram
resolvidos antes do indivíduo falecer); Culpa (sentimento de culpa sobre seu
comportamento em relação ao parceiro); Raiva e hostilidade (raiva do destino, raiva
de ter perdido para morte, raiva de quem o deixou sozinho); Falta de prazer (perda
do prazer com comida, forma de se vestir, perda de interesse por esportes,
sensação de que nada mais será prazeroso); Solidão (sentir-se só, crises intensas
de solidão mesmo estando com demais pessoas).
Estes sintomas podem aparecer no início do luto ou continuarem até que
o tempo do luto seja necessário para a superação do sofrimento que a morte venha
lhe causar.
Segundo Franco (2005):

Sua sintomatologia é complicada, abrange indivíduo, familiares e


comunidade, sem que precise estar exclusivamente associada ao evento
gerador. Ninguém fica imune ao impacto de uma crise, mas cada pessoa a
enfrentará com seus recursos, mesmo que em circunstâncias semelhantes.
Um trauma é definido como uma ruptura no tecido vivo, causado por um
agente externo, como resultado de uma cirurgia, um ato violento, um
desastre. Geralmente leva a um estado de crise. Pode ser também definido
como um período de desequilíbrio psicológico, resultante de um evento ou
situação danosa, assim constituindo um problema significativo que não pode
ser resolvido com as estratégias de enfrentamento conhecidas. Uma
experiência traumática se dá quando uma pessoa se confronta com a morte,
ameaça de morte, ferimentos sérios em si ou no outro e reações de intensa
dor, desamparo ou horror.

Na categoria B encontram-se agitação (fazer coisas para se manter ativo,


hiperatividade, tensão, comportamento de procura do cônjuge); Fadiga (lentificação
da fala e pensamento, olhar triste); Choro (expressão geral de tristeza, cantos da
boca caída, olhar triste).
A procura pelo cônjuge, o olhar triste e o choro de saudade faz com que o
indivíduo que está passando pelo processo de luto, não consiga esquecer a perda,
“não se dá conta de que está vivenciando uma perda, que jamais poderá voltar”, e
por isso, sofre ao tentar procurar algo que não existe mais.
Melo (2004) relata que a tristeza é o sentimento mais comum encontrado
no enlutado, e se manifesta através do choro e que a solidão de alguém que perdeu
um cônjuge é porque estavam habituados a uma relação próxima no dia a dia.
24

Na categoria C encontra-se auto-reprovação (sentimento de culpa sobre


seu comportamento em relação ao parceiro); Baixa autoestima (sentimento de
fracasso, de que nada vale a pena); Desamparo (perda de propósito na vida,
pensamento sobre suicídio, desesperança); Suspeita (sente dúvidas a respeito do
que os demais lhe oferecem); Problemas (rejeição das amizades, dificuldade de
manter relacionamentos); Atitudes em relação ao falecido (saudade, dor intensa,
procura pelo falecido, imitação ao comportamento do falecido, imagens do falecido
com freqüência de muito vivo, necessidade de falar sobre as lembranças).
Estes são alguns dos sintomas que muitos dos enlutados enfrentam no
processo de luto, como dificuldades em manter novos relacionamentos, pois, neste
momento a preparação para uma nova adaptação só poderá ocorrer quando o
enlutado estiver livre dos pensamentos freqüentes com a pessoa que faleceu.
“Sintomas representam campos. Cada sintoma contém não apenas sua
forma corporal, mas também um campo circundante dos padrões de comportamento
e das estratégias de (sobre) vivência correspondentes”. (DAHLKE 2002, p. 40).
Na categoria D – aparece a lentidão do pensamento e da concentração
(pensamento lento e memória inibida).
E por fim, na categoria E – surge a perda de apetite (muitas vezes come
em excesso, mudanças de peso); Distúrbio de sono (insônia freqüente, distúrbios no
ritmo da noite); Perda de energia (lentificação da fala e pensamento, olhar triste);
Queixas somáticas (dores de cabeça, nas costas, vômitos, boca seca, etc.); Queixas
somáticas do falecido (a pessoa pode se convencer de que possui a mesma doença
que o falecido); Mudanças na ingestão (aumento do uso de bebidas alcoólicas,
fumo, psicotrópicos); Suscetibilidade à doenças (infecções por queda de imunidade,
falta de cuidado com a saúde).
Devido a estes sintomas, algumas pessoas ficam presas no luto e não se
adaptam a perda, trabalhando contra elas mesmas para seu próprio desamparo.
“Para, além disso, não desenvolvem as competências que precisam para lidar com a
perda ou isolam-se do mundo e não enfrentam as exigências que lhes rodeiam”.
(MELO 2004, p. 9).

2.4 O Processo de Elaboração do Luto


25

Aborda-se neste capítulo o processo de elaboração do luto, seguindo o


modelo de Kübler-Ross (1981/2000), e comparando com as visões dos seguintes
autores: Papalia, Olds e Feldman (2006); Worden (1998); Bowlby (1985); Parkes
(1998); Pincus (1989); e Sachet (2006) buscando compreender como os indivíduos
que passam pelo processo de luto “encaram, e tocam a vida para frente”, diante
desta fase tão difícil. Procurando responder a pergunta de pesquisa proposta, ou
seja, compreender as estratégias de enfrentamento do Luto mais presentes no
momento da perda.
Como Kovács afirma (2008, p. 131), Kübler-Ross (1981/2000), em seus
estudos sobre o processo de morte e luto com pacientes terminais, observou cinco
estágios pelos quais uma pessoa que está com uma doença terminal, ou alguém
que sabe que vai perder alguém ou já perdeu passam: negação e isolamento, raiva,
barganha, depressão e aceitação.

2.4.1 Primeiro Estágio: Negação e Isolamento

A negação é responsável pelas vidas vazias em que as pessoas não


encontram sentido, pois quando se vive pensando que viverá para sempre, as
coisas ficam mais fáceis de serem adiadas (amanhã eu faço, semana que vem eu
vou, etc.). Mas, quando se vive pensando que cada dia é o último, então o indivíduo
cresce, se aproxima mais de outras pessoas, se torna realmente o que é, pois, vive
um dia de cada vez, afinal, nenhum dia é igual ao outro. (PAPALIA, OLDS E
FELDMAN, 2006).
Neste estágio são comuns frases do tipo: Não acredito, não é verdade;
não está acontecendo comigo. Funciona como anestesia temporária para a pessoa
se fortalecer e mobilizar defesas.
Kübler - Ross (2000, p. 44) afirma que:
26

Esta negação ansiosa proveniente da comunicação de um diagnóstico é


muito comum em pacientes que são informados abrupta ou prematuramente
por quem não os conhece bem ou por quem informa levianamente “para
acabar logo com isso”, sem levar em consideração o preparo do paciente. A
negação, ou pelo menos a negação parcial, é usada por quase todos os
pacientes, ou nos primeiros estágios da doença ou logo após a constatação,
ou, às vezes, numa fase posterior. Há quem diga: “Não podemos olhar o sol
o tempo todo, não podemos encarar a morte o tempo todo”. Esses pacientes
podem considerar a possibilidade da própria morte durante um certo tempo,
mas precisam deixar de lado tal pensamento para lutar pela vida.

A negação da perda pode variar entre distorção e desilusão, como


exemplo de desilusão pode-se citar quando a pessoa enlutada mantém em casa o
corpo do falecido durante muitos dias (mumificando), não avisando ninguém sobre
sua morte (WORDEN, 1998, p. 23).
A negação pode ser substituída por raiva, revolta, inveja e/ou
ressentimento. A raiva se projeta no ambiente e se propaga em todas as direções. A
frase é: Por que comigo? Nesse momento, o contato com a pessoa pode ser penoso
devido a hostilidade.
O estágio da raiva é muito difícil tanto para a família, paciente e corpo
hospitalar. Desta forma, destaca-se a importância do tratamento psicoterápico para
benefício na auxiliação do paciente em lidar com a raiva sentida, para que assim a
raiva não se projete nos ambientes.
Os pacientes neste estágio vêem os médicos como ruins, pois acreditam
que estes os deixam “presos” nos hospitais por mais tempo do que deveriam.
Ninguém se coloca no lugar do paciente para entender-lhe de onde vem esta raiva
que sente, e, por isso não entendem porque os pacientes descarregam esta raiva
em pessoas que não tem nada a haver com seus problemas.
Bowlby (1985) relata que em algumas culturas a pessoa enlutada poderá
sentir raiva da pessoa que considera responsável pela morte. Essa raiva surge
porque na maioria das comunidades não-ocidentais a morte é mais frequente em
crianças, adolescentes e adultos que são mais cheios de vida do que os velhos.
Sendo a maioria das mortes precoces, alguém sempre será responsabilizado por
ela, e odiado por isso, incluindo (sociedade, médicos, enfermeiros, etc.).
“A irritabilidade e a raiva no luto variam de pessoa para pessoa, de
família para família, e de períodos para períodos. Ás vezes, é dirigida à outras
pessoas, e ao próprio enlutado, como autoacusação ou culpa”. (PARKES, 1998, p.
103).
27

Worden (1998) afirma que as pessoas culpam os médicos, membros da


família, diretor do funeral, um amigo insensível e até mesmo Deus.
Outro momento encontrado no processo de perda trata-se da
possibilidade de se estabelecerem “acordos” para se conseguir a cura ou uma
melhora do quadro. A pessoa pode usar recursos como promessas, fazer simpatias,
procurar cirurgias espirituais, sessões de cura e orações na comunidade religiosa
que frequenta, benzedeiras, chás, garrafadas etc.
Costuma-se chamar de Fase do Milagre, momento em que se faz
qualquer coisa para que, no dia seguinte, tudo esteja como era antes. É nessa fase
que as pessoas correm riscos de cair em mãos de charlatães.
A barganha é uma tentativa de compensação, de adiantamento que
busca incluir promessas ou metas, caso seus pedidos sejam atendidos; ou seja,
saberão recompensar sobre o pedido atendido e realizado.
“A maioria das barganhas são feitas com Deus, são mantidas geralmente
em segredo, ditas nas entrelinhas ou no confessionário do capelão” (KÜBLER-
ROSS, 1985, P. 93).
Quando não há mais como negar o fato da morte, e é preciso enfrentar a
perda (do corpo, das finanças, da família, do emprego, da capacidade profissional,
pessoal e de lazer), segue-se um momento de tristeza, como sendo uma preparação
para a morte que está próxima.
Worden (1998, p. 45) fala sobre a depressão sentida da pessoa enlutada
que:
As principais distinções entre luto e depressão são: na depressão assim
como no luto, podem-se encontrar os sintomas clássicos de distúrbio do
sono, distúrbios do apetite e tristeza intensa. Entretanto, numa reação de
luto não ocorre a perda da autoestima comumente encontrada na maioria
das depressões clínicas. Ou seja, as pessoas que perderam alguém não se
desvalorizam pelo fato de terem sofrido uma perda ou, se o fazem, é por um
breve período de tempo. E se as pessoas que perderam alguém sentem
culpa, esta culpa é em geral associada a algum aspecto especifico da perda
mais do que um sentimento geral e total de culpa.

Neste caso existem dois tipos de depressão: a preparatória e a reativa.


São tipos de depressões diferentes, que devem ser reconhecidas para tratamento
adequado.
A depressão reativa, no caso de pacientes terminais, pode aparecer na
forma da tristeza sentida, na qual se tenta animar a pessoa, tentando mostrar-lhe
28

algo de bom e tentar retirar um pouco a dor do sofrimento. Requer intervenções


ativas para que o paciente possa se comunicar diretamente. A depressão
preparatória é diferente, ao contrário da comunicação como na reativa, esta
geralmente é silenciosa, e se percebem momentos de silêncio longos.
Quando a pessoa ultrapassa todos os estágios já comentados, espera-se
que se chegue à aceitação, ou à resignação de sua condição, podendo então
alcançar tranqüilidade, o que lhe permitirá cuidar melhor de si e encontrar novos
sentidos para sua vida.
De acordo com Kübler – Ross (1985), a aceitação não é estágio de
felicidade, ou fuga de sentimentos, é uma sensação de que a luta cessou e chegou
o momento de repousar.
“O sobrevivente tem muitas tarefas difíceis a realizar: ajudar o moribundo
a aceitar sua morte, ele próprio tem de reconhecer a perda fatal de uma pessoa
importante e a dor que isso lhe causa”. (PINCUS, 1989, p. 241).
Para Sachet (2006, p. 26):

O profissional psicólogo pode ser muito útil neste estágio, oportunizando à


família a interação com o paciente de maneira mais natural possível, para
que quando o processo de morte acontecer, a família, ao invés do
desespero, reaja de maneira natural ao inevitável.

Após a morte de um ente querido, é de extrema importância que as


pessoas da família possam ser trabalhadas pelo profissional de psicologia; pois,
entende-se que estejam sofrendo com a perda de alguém tão querido, de um
membro que no momento não está mais presente, afinal, é um processo de pós-
morte que sempre é muito doloroso, podendo durar muito tempo.
Por fim, cabe lembrar que nem todos os enlutados passam pelos cinco
estágios, e nem na mesma seqüência. Alguns passam por uma ou duas etapas,
outros podem oscilar entre raiva e depressão, irá depender de cada pessoa “morrer,
como viver, é uma experiência individual” (PAPALIA, 2006).
De acordo com as palavras da autora a compreensão e o reconhecimento
deste processo vem facilitar o trabalho no momento em que se perde alguém
querido, no sentido de que se respeite, para que desta forma se possa realmente
auxiliar numa circunstância de perda ou de morte iminente.
29

2.5 Estratégias de Enfrentamento do Luto Durante o Desenvolvimento Humano

Este capítulo tem por objetivo explanar as estratégias de enfrentamento


do Luto mais encontradas, de acordo com as fases do desenvolvimento humano.
Procurar-se-á percorrer desde a infância até a velhice, procurando perceber e
melhor compreender as possíveis estratégias e processos de enfrentamento frente a
perda utilizadas pelo ser humano.

2.5.1 Estratégias de enfrentamento do luto e perda na infância

Para iniciar-se falando sobre infância é interessante a seguinte reflexão


quanto à temática, perdas: “Nos primeiros meses de vida a criança vive a ausência
da mãe, sentindo que esta não é onipresente. Estas primeiras ausências são vividas
como mortes, a criança se percebe só e desamparada” (KOVÁCS, 2002, p.03).
Segundo Bromberg (2000, p.58):

O significado dado à morte pela criança variará de acordo com alguns


fatores, entre os quais o primeiro a ser considerado é a idade, ou melhor, o
momento de seu desenvolvimento psicológico. Os outros fatores são a forma
com que os adultos lidam com a perda e o binômio quantidade / qualidade de
relação tida pela criança com a pessoa falecida. Assim que a criança tem
idade suficiente para estar vinculada, pode ter consciência da possibilidade
de perder essa pessoa. O medo da morte é originado no medo de perder a
pessoa amada, de romper vínculos.

Entre as idades de 5 a 7 anos, Papalia, Olds e Feldman (2006) argumenta


que a maioria das crianças dessa idade já consegue entender que a morte é
irreversível, que uma pessoa que morreu jamais voltará, uma planta ou um animal.
Consegue perceber também duas diferenças da morte: a universal (a criança se dá
conta que tudo que é vivo morre), e não – funcional (na qual a criança compreende
que com a morte as funções vitais da pessoa cessam).
30

Algumas crianças desta idade ainda acreditam que pais, professores e


pessoas que são suficientemente inteligentes e sortudas, não morrerão e serão
capazes de viverem para sempre, como se a sorte fosse capaz de deixá-las imortais.
Podem acreditar também que após a morte de uma pessoa, ela ainda pode ser
capaz de pensar e sentir (PAPALIA, OLDS E FELDMAN, 2006).
Bromberg (2000) relata que o luto da criança pode ser fator vulnerável
aos distúrbios psicológicos em sua vida adulta. Muitos dos adultos que apresentam
câncer teriam tido experiências de privações de perdas na infância. É por este
motivo, que cabe ao adulto conversar com a criança sobre o luto que está vivendo
de forma clara e honesta, pois, ajudará a compreender a tristeza, o aperto no peito e
a dor que está sentindo com a perda. Sendo esta uma estratégia eficaz e que levará
a criança a compreender melhor este momento. É importante destacar que: “do
ponto de vista Psicológico, as síndromes depressivas tem uma relação fundamental
com as experiências de perda”. (HOFER 1996, apud DALGALARRONDO, 2000, p.
191).
Bowlby (1981 apud BROMBERG, 2000), descreve alguns traços
encontrados em casos de luto crônico de adultos que são: ansiedade persistente
(medo de outras perdas e de morrer); esperança de se reunir ao morto e desejo de
morrer; culpa; hiperatividade agressiva e destrutiva; cuidados compulsivos com
autoconfiança exagerada; euforia e despersonalização e por fim sintomas de
identificação como queixas semelhantes ao do morto.
De acordo com Bromberg (2000, p. 59):

[...] Para que se dê a compreensão da morte pela criança, com os recursos


que seu desenvolvimento permite, ela não deverá ser excluída da
experiência que cerca a perda, ajudando-a a testar a realidade.
Naturalmente, a ilustração, a compreensão dessa realidade não será a que o
adulto deseja, e sim a que a criança puder fazer e lhe será útil para encontrar
comportamentos e ações que dêem um significado à perda.

É preciso que as pessoas próximas, como pais, professores e outros


cuidadores, ajudem as crianças a lidarem com o luto, fazendo-os entender que a
morte é irreversível, que não poderá voltar mais, àquilo que já foi, fazer com que a
criança não se culpe pela morte, pois não fora causada por maus pensamentos da
31

criança nem mau comportamento, aconteceu porque era hora, tinha que acontecer e
a criança em momento algum foi responsável por isso.
É importante que a criança se tranqüilize e saiba que será cuidada por
alguém próximo, que não será abandonada porque o pai ou a mãe morreu. Assim,
outro fator importante é evitar mudanças de ambientes, de relacionamentos e
atividades diárias da criança, responder sempre as perguntas honestamente e
sempre encorajando a criança a falar sobre a morte para que possa elaborá-la, pois
mais adiante se evitarão sofrimentos e não sofrerá tanto ao lembrar e aceitará o que
aconteceu, podendo compreendê-la.
Bowlby (1981 apud BROMBERG, 2000, p. 63), coloca que as crianças e
adolescentes são muito mais sensíveis do que os adultos nas situações de perdas
significativas:
Nas causas e circunstâncias da perda, referente ao que é contado para a
criança e ao que ela tem a perguntar sobre o que teria acontecido; Nas
relações familiares após a perda, relacionado às mudanças de padrão de
relacionamento com o pai ou a mãe sobrevivente; Nos padrões de
relacionamento da família, anteriores a perdas entre os pais e entre os pais
com a criança.

A criança em contato direto com a morte segundo Torres (1999) sofre


complicações no afetivo-emocional, pois toda situação de confronto com a morte são
ameaças à sua segurança, autoconservação e principalmente a autoestima.
Concluindo, nota-se que as estratégias mais utilizadas e que podem
trazer mais compreensão no momento de perda, seriam o entendimento de que a
morte é um fato que não se pode voltar atrás, e quem morreu jamais poderá voltar.
Outra estratégia freqüentemente utilizada seria a idéia de a criança
acreditar que depois que a pessoa morre, esta não “some”, ela ainda pode sentir e
pensar sobre quem perdeu, para sempre a “terá” dentro de si. Diante disso, cabe a
importância de trabalhar o luto com a criança de forma clara e concreta para que a
criança consiga elaborar o luto.
É importante nesta fase não fantasiar histórias para crianças como (o
papai não morreu, ele fez somente uma viagem longa), como alternativa pode-se
trabalhar inclusive com ilustrações e materiais lúdicos.

2.5.2 Estratégias de enfrentamento do luto e perda na adolescência


32

Na visão dos adolescentes a morte é algo que pouco se pensa, somente


quando se está diante dela, como em casos de hospitalizações, acidentes, dentre
outros. “Paradoxalmente o adolescente não se deixa afetar pela idéia de morte
pessoal, por projetá-la para um futuro bem distante, como se fosse uma defesa
contra a vulnerabilidade e finitude”. (TORRES, 1999, p. 142).
Muitos adolescentes também se envolvem com sexo e drogas, caronas
com desconhecidos, dirigir em altíssimas velocidades sem preocupar-se com suas
vidas e com as vidas dos demais que poderão se envolver se algum acidente vier a
acontecer. Preocupam-se tanto em expressar suas identidades como também
muitas vezes em “chamar a atenção”, ocupando-se e vivendo o agora, e a morte? A
morte “deixa pra quando acontecer”. (PAPALIA, OLDS E FELDMAN, 2006).
Na literatura encontram-se relatos relacionados à morte nesta fase,
quanto a alguns jovens e adolescentes devido a doenças emocionais como
depressão, abuso de drogas, comportamento antissocial, uso de álcool, frustrações,
tentarem o suicídio.
Segundo Kovács (2002), a tentativa de suicídio geralmente é mais
frequente no adolescente, devido às expectativas não concretizadas frente a
relacionamentos e realizações amorosas.
Sobre o suicídio Bowlby (1985, p. 193) relata que a morte por suicídio é
um caso especial, “a morte é considerada desnecessária e a tendência a atribuir
culpas é, conseqüentemente, muito maior”. A responsabilidade da morte pode ser da
própria pessoa que cometeu o suicídio, pois abandonou seus sobreviventes ou a
responsabilidade pode ser de parentes por terem provocado o fato.
A adolescência “é um período do desenvolvimento em que a vida e a
morte encontram o seu auge, a vida pela sua possibilidade de desenvolvimento
pleno, e a morte como uma continuação dessa plenitude” (KOVÁCS 2002, p. 57).
Quando ocorre a morte de um amigo próximo ou de alguém da família, o
adolescente atribui como descuido como se a pessoa fosse irresponsável, como em
casos de acidentes com carros e motos, por exemplo. Neste pensamento, o
adolescente mostra que regride à fase da infância, pois culpa muitas vezes, as
pessoas, devido às circunstâncias que levaram a ocorrência do acidente; ele
desconheçe, ou seja, ele julga sem saber os fatos verdadeiramente.
33

Segundo Papalia, Olds e Feldman (2006, p. 751):

Como um ciclo de vida limitado, ninguém pode realizar todas as suas


potencialidades, gratificar todos os seus desejos, explorar todos os seus
interesses ou experimentar toda a riqueza que a vida tem a oferecer. A
tensão entre as possibilidades de crescimento e um tempo finito para efetuar
o crescimento define a vida humana. Pela escolha de que possibilidades
explorar e, continuando a persegui-las o máximo possível, mesmo até o
próprio fim, toda pessoa contribui para a história inacabada do
desenvolvimento humano.

O adolescente costuma também se afastar das pessoas enfermas mesmo


amigos, evita situações e se afasta do meio, e quando precisam se hospitalizar, na
maioria dos casos devido a uma doença, ficam vulneráveis aos cuidados dos pais e
equipes cuidadoras (médicos e enfermeiros). O adolescente regride para uma fase
mais infantil. (TORRES, 1999).
Como estratégias de enfrentamento do luto na adolescência percebe-se
que o adolescente não pensa na morte, pois, tem outras coisas mais importantes
para se preocupar, como a construção da sua própria identidade. Quando se depara
com alguma perda sua tendência é culpar o falecido pelo que ocorreu, não
observando e analisando quais os fatos que o fizeram falecer.

2.5.3 Estratégias de enfrentamento do luto e perda na vida adulta

O adulto diferente do adolescente e da criança consegue ter a


compreensão de morte, da irreversibilidade, da mortalidade.
Segundo Papalia, Olds e Feldman (2006), no início da idade adulta, o
jovem frente à recente conclusão de seus estudos, início da carreia profissional e
início de um casamento, tem a ideia de morte distante de si, (pois estão ativos para
desfrutarem da vida para a qual sempre se prepararam), na medida em que possui
muitos planos e sonhos e vontade de realizá-los.
Pincus (1989) afirma que há muitos fatores que interferem nas perdas, na
forma da morte, como a preparação para perda e as interações que existiam entre o
sobrevivente e a pessoa que faleceu.
34

Pessoas na idade adulta que descobrem doenças percebem com clareza


que poderão morrer. Em alguns casos, o corpo sinaliza traços que mostram para o
adulto doente que já não esta tão bem, que já não é tão jovem, ágil e vigoroso como
era antes da doença. Assim, muitos se preocupam com o tempo de vida, quanto
tempo ainda sobreviverão para que possam aproveitar estes últimos dias, meses ou
anos.
Para Kovács (2002, p. 7):

Os fatos concretos ajudam as pessoas a avaliarem o que se alcançou em


relação à profissão, às posses, à família, aos filhos, ou a quaisquer pontos
considerados vitais. Quando se chega ao topo da montanha e admira a
paisagem à volta, a descida parece ser obrigatória [...] a descida representa a
segunda metade da vida, potencialmente tão criativa quanto a primeira, só
que de um outro ângulo.

Mesmo que demore um tempo para a dor do luto amenizar, a maioria dos
casados reconstroem suas vidas, em vez de tristeza e solidão, a confiança
prevalece na capacidade de viverem sozinhos, “as pessoas que melhor se adaptam
são as que se mantém ocupadas, assumem novos papéis (com novo trabalho
remunerado ou voluntário) ou tornam-se mais envolvidos em atividades correntes”
(PAPALIA, OLDS E FELDMAN, 2006).
O processo de luto não tem como aspecto importante a idade do
enlutado, pois, como vimos, pode atingir crianças, adolescentes e adultos até a
terceira idade, mas são importantes as formas de habilidade de enfrentar a dor, o
sofrimento e principalmente a saudade que fica.
O adulto possuiu como estratégia de enfrentamento mais efetiva e citada
quanto à elaboração do luto a sua compreensão de morte, pois consegue entender o
seu significado e já o tem normalmente construído nesta fase.
Alguns enfrentam o luto casando-se novamente, outros se mantém
ocupados com novas atividades, assumem novos papéis, buscam outros grupos de
amigos, enfim, por compreenderem a morte, torna-se “mais fácil” socializarem
novamente.

2.5.4 Estratégias de enfrentamento do luto e perda do idoso


35

Muitas vezes ao falar sobre velhice constata-se que muitas pessoas vêem
esta fase como a proximidade do fim, “já viveram o que tinham para viver”.
Mas em muitos casos ao contrário de alguns jovens que não tem
interesse em atividades físicas, os idosos mostram-se mais dispostos com mais
“sede” de viver, aproveitam e desfrutam da vida como jovens, não mostrando
preocupação em morrer porque estão mais velhos.
Já os idosos que se preocupam com a morte, pensam, ou normalmente
relatam querer passar por este momento sem dor, que seja “silenciosa”, como por
exemplo, morrer durante o sono. Também almejam não sentir as dores de uma
doença, e também que não fiquem “vegetando” na cama e nem sofrendo no leito de
um hospital.
Oliveira e Lopes (2008, p. 2) afirmam:

O luto pode representar um processo de grande impacto no idoso, pois este


traz consigo perdas pessoais e sociais decorrentes da velhice ser
estigmatizada como fase da invalidez ou da condescendência. Por isso,
devemos considerar que trabalhar emocionalmente as perdas decorrentes de
alterações físicas e isolamento social é complicado, e pior se associadas á
morte do cônjuge e, principalmente, de um filho.

O medo da morte se fragmenta em vários medos como o de enfrentar a


dor, de morrer, a solidão, angústia, desconforto, medo dos mortos, do cadáver e
seus pertences, da decomposição, da perda de autonomia, da morte prematura e de
alguém querido, do desconhecido e de enfrentar a pós-morte. (REZENDE, 1996).
Para a elaboração do luto no idoso é importante que se faça o ritual do
funeral, ou o ritual da sua crença e cultura. É preciso de tempo para que possa se
reorganizar-se emocionalmente.
Segundo Parkes (1998, p. 205 apud Oliveira e Lopes 2008), “a máscara
usada no funeral não pode mais ser mantida e é necessário que algum parente ou
amigo próximo assuma muito dos papéis e responsabilidades do enlutado,
deixando-o livre para vivenciar o luto”.
O enlutado tem o direito e a liberdade de expressar seus sentimentos de
pesar pelo que ocorreu (raiva, angústia), é preciso deixá-lo viver este momento de
36

“transbordar” sentimentos, e ajudá-lo neste processo que para o idoso é muito difícil,
permitindo assim, que se organize e consiga elaborar a perda.
Ainda Parkes (1998), o idoso pode desenvolver um quadro de depressão
podendo se manifestar com sintomas como: desânimo e perda de capacidade de
amar, porém, o traço mais caracterizado pelo luto não é a depressão profunda, mas,
episódios agudos de dor, em que a saudade prevalece sempre presente daquele
que faleceu.
Lidar com a morte é algo muito difícil e doloroso para o enlutado,
principalmente quando se conviveu com a pessoa que faleceu, “imaginemos quão
mais intenso é o luto para aqueles que não só conviveram com o falecido, mas
também foram seus progenitores”. (OLIVEIRA E LOPES, 2008, p. 4).
Idosos que perdem seus filhos podem sentir-se culpados, devido à morte
do filho. Representa a impotência do amor dos pais, assim, os pais se sentem
fracassados, pois coloca em dúvida a qualidade do amor que sentiam pelos filhos.
Pais que sentem que não amaram tanto os filhos quanto mereciam, e ao deparar-se
com a morte do filho, se culpam achando que o amor de pai ou mãe não fora o
suficiente, que se demonstrassem mais amor quando o filho estava vivo, talvez não
tivesse morrido.
De acordo com Silvia et.al (2007):

A morte de uma pessoa com quem se tem laço afetivo pode ser uma
experiência marcante, e por vezes assustadora para o idoso. A perda de um
ente querido alcança níveis elevados na escala de estresse e os indivíduos
que sofrem perdas tornam-se mais vulneráveis às doenças, principalmente
se na ocasião da perda não conseguem obter forças para superá-la.

Em alguns dos idosos em processo de luto, podem ocorrer distúrbios


como sono, alimentação, manifestações somáticas como falta de ar, insônia,
palpitações, ansiedade entre outros fatores decorrentes da dor que está vivendo e
sentindo pela perda.
De acordo com Rezende (1996, p.16):

O ser humano é “um ser para a morte”, disse Heidegger, e quando esta
evidencia-se como provável, em virtude da doença ou do evento que
demonstre a vulnerabilidade física, é sempre causa de perplexidade. O
confronto do ser com a iminência do não-ser denuncia tudo o que temos de
precário e provisório – nossa vida. Este desconhecido é apavorante porque
não é passível de tornar-se conhecido, daí ser imponderável e indizível. O
aniquilamento do ser humano na morte e a consciência deste fato biológico,
37

inscrito na certeza do viver de todos e de cada um, é o desafio posto. O


fenômeno da morte não é mera falência físico - biológica de um corpo. Ela
institui um vazio interacional, não só para aqueles que estão próximos, ou
ligados ao morto, mas para a sociedade como um todo.

Compreende-se que o idoso tem grande preocupação com o processo de


morrer, com o sofrimento e com tratamentos em que os benefícios, segundo eles,
serão menores devido à idade avançada (diferente de um jovem que tem mais
disposição e resistência).
Segundo Bretas, Oliveira e Yamaguti (2006):

A essência da angústia humana é a extinção: o medo da morte, da


destruição do eu e do próprio corpo. O homem é o único ser vivo que é
consciente de sua morte e finitude, o que acarreta, então, a angústia de sua
limitação, de nada poder fazer contra ela. A essência da motivação humana é
a busca do significado para a vida, para o sofrimento e para a morte

O idoso tem medo da dor, de perder a autonomia, de render-se a ser


cuidado por outro alguém quando este não possui mais capacidade de cuidar-se
sozinho. Nestas situações cabe aos cuidadores que respeitem, ouçam, e o
compreendam nas suas decisões.
Para o idoso encontrar estratégias de enfrentamento do luto, geralmente
é um processo doloroso, principalmente quando morre um filho ou cônjuge.
O ritual do funeral é uma estratégia importante, o idoso precisa vivenciar
este momento de despedida do ente que se foi. Ele precisa liberar os sentimentos
que lhes sufocam devido às dores da perda (angústia, raiva, etc.). É um erro o
pensamento que se tem de poupar o idoso quanto à iminência de perdas de seus
entes queridos.
38

3 CONCLUSÃO

A presente pesquisa procurou esclarecimentos e maior compreensão


quanto às estratégias de enfrentamento perante a perda, visto que o tema da morte
está presente todos os dias, e quando menos se espera, ela aparece, deixando
marcas que muitas vezes, nem o tempo consegue cicatrizar.
De forma geral, nos achados desta pesquisa, percebeu-se que o ser
humano tem dificuldade de se convencer da perda quando vê uma vida humana
chegar ao fim. E neste sentido, conforme Jung (1998), nunca a questão do sentido
e do valor da vida se tornam mais presentes e mais dolorosas do que quando vemos
o último alento abandonar um corpo que ainda há pouco vivia
Descrever a morte e seus processos de enfrentamento é algo difícil, e
principalmente buscar compreender seu significado, é complexo. Especialistas no
assunto compreendem com maior facilidade devido às vivências com seus
pacientes. Mas, os enlutados que sentem a dor, angústia, solidão e desamparo por
terem perdido alguém que amavam muito, compreendem a morte e seus processos
como algo extremamente doloroso, que só o tempo poderá trazer a compreensão do
acontecido.
Assim, é importante que as pessoas saibam e tenham consciência de que
morrer é inevitável, imprevisível, não tem hora marcada, e que algum dia a morte
virá. E é interessante que se tenha tempo para nos prepararmos.
Também é importante neste momento destacar que o medo da morte em
algumas fases da vida, faz com que as pessoas não vivam livremente e felizes, pois,
a preocupação com o que poderá ocorrer consigo, ou com pessoas queridas, as
impedem de fazê-lo.
Como se viu no segundo capítulo desta pesquisa, é importante que o
indivíduo passe pelo processo de luto; apesar de que cada enlutado possui uma
forma de realizar seu processo, e pode variar de pessoa para pessoa, durando
meses ou anos. Passar pelo processo de luto é imprescindível para que o enlutado
consiga tornar a perda real, na tentativa de compreender o ocorrido, e para que
possa com o tempo organizar-se e aceitar o luto, surgindo daí estratégias eficazes
de enfrentamento que se apresentarão ao enlutado de forma gradativa, conforme as
fases vivenciadas por estes e já descritas este trabalho.
39

Para entender sobre o processo de elaboração do luto utilizou-se o


modelo da autora Kübler-Ross (1981/2000), composto de cinco estágios (negação e
isolamento, raiva, barganha, depressão e aceitação), o qual auxiliou para melhor
compreensão de como cada enlutado reage elaborando seu luto, trazendo também
considerações importantes acerca das estratégias de enfrentamento possíveis de
serem construídas em cada estágio.
Conforme o estágio evidencia-se que nem todos os enlutados passam por
este processo, em alguns casos passam por um estágio, ou dois ou todos; mas
sempre, a cada etapa se constituem mais conscientes de sua situação e com maior
clareza do que estão passando.
Concluindo, acredita-se que a pergunta de pesquisa se responde no
momento em que o enlutado consiga compreender de acordo com os estágios de
elaboração do luto, de acordo com os autores estudados, que em cada estágio
existe um sentir e um compreender de forma diferente, porém, sempre necessário,
cabendo lembrar que nem todos os enlutados passam pelos mesmos estágios e da
mesma forma.
Importante também destacar que todas as fases, durante o
desenvolvimento humano, como se evidenciou nesta pesquisa, mostram que as
estratégias utilizadas desde a infância até a chegada da velhice são diferenciadas,
existindo pontos em comum, de acordo com cada fase; mas também, a
singularidade da existência e experiências de cada indivíduo é que farão a diferença
nesta construção e no lançar mão de estratégias mais eficazes no momento da
perda e elaboração do luto.
As estratégias surgem então, como formas de enfrentar o momento do
luto. Alguns realizam os rituais como os funerais, outros buscam superar o luto
casando-se novamente, outros se mantém ocupados com novas atividades,
assumem novos papéis, buscam outros grupos de amigos, enfim, por
compreenderem a morte e darem um significado a esta, torna-se “mais fácil” a
elaboração da mesma.
Enfim, após concluir esta pesquisa, observou-se o quanto é necessário a
publicação de mais materiais relacionados ao processo de luto e suas estratégias,
de forma mais específica. Ficando aqui um pedido para que outros profissionais ou
acadêmicos busquem estudar profundamente o assunto, pois, encontrar material
40

científico, somente quanto aos temas propostos, ainda é escasso, existindo sim, um
bom contingente teórico quanto ao tema morte e pacientes terminais.
41

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