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CURSO DE PSICOLOGIA
BANCA EXAMINADORA
AGRADECIMENTO
Dedico este trabalho a todos que contribuíram de alguma forma para meu
Deus pela realização deste trabalho, à minha família (pai, mãe e irmã) pela
professora Elenice que pelo jeito doce e humano de ser, me deu forças e apoio. E,
por fim, agradeço a mim, por ter conseguido com muito estudo e esforço chegar até
o fim.
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Martha Medeiros.
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RESUMO
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8
2.1 Morte................................................................................................................... 11
3 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 38
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 41
1 INTRODUÇÃO
Cada pessoa precisa dissipar seu pesar a sua própria maneira. Algumas
perdas jamais são reparadas, e a pessoa aprende a viver com uma
sensação de estar incompleto e de tristeza. Em geral, a mágoa por ter sido
deixado sozinho, e a raiva por causa dessa mágoa, gradualmente
encontram alguma expressão. Geralmente, é contra outra pessoa que não a
que morreu, visto que ficar zangado com alguém que morreu – e que era
amado – somente faz aumentar os sentimentos de culpa, os quais, no
processo de luto, são muito comuns. Assim que a raiva contra o falecido
puder ser justificada, a culpa passará. Ás vezes, quando as pessoas
perderam alguém importante quando eram crianças e depois de adultas
perdem mais alguém, o processo de luto se torna ampliado. Tais pessoas
parecem recair sobre suas defesas de infância, geralmente de negação,
que não funcionam. Ou então, mergulham de novo na perda sofrida na
infância como sendo a perda do presente. Outras gastam sua vida tentando
exaurir sua culpa vivendo sempre se autopunindo. Elas precisam tentar
dirigir para o exterior sua raiva, de forma a poderem se libertar. A mágoa
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Assim, esta revisão procurará contribuir com uma visão da morte como um
processo natural no desenvolvimento humano, visto que todos passarão por esta
etapa em algum momento de suas vidas.
Acredita-se que o psicólogo em sua formação deva ter mais
conhecimentos sobre o tema, o que se julga ainda pouco na graduação. Bem se
sabe que muitas pessoas reconstroem suas vidas após a perda de um ente querido
de forma natural, mas o contrário também existe, pessoas que não conseguem
aceitar a perda, gerando em muitas circunstâncias, inclusive o adoecimento
psicológico.
O luto é um assunto real vivenciado todos os dias, e por isto torna-se
importante o papel do psicólogo neste processo, para que este ajude a amenizar o
sofrimento dos enlutados, trazendo esclarecimentos e apoio necessário, bem como
a confiança e compreensão necessárias para este momento de dor.
Diante do exposto, a pergunta de pesquisa proposta para este trabalho é a
seguinte: Como as pessoas elaboram o Luto pós-Morte? Quais estratégias de
enfrentamento são mais encontradas?
Assim, para responder a pergunta, utilizou-se como metodologia a
pesquisa de revisão bibliográfica qualitativa de cunho exploratório, com o objetivo de
compreender os fenômenos das vivências dos aspectos cognitivos e emocionais dos
enlutados.
Segundo Luciano (2006), a pesquisa qualitativa considera a relação entre
realidade e sujeito, e não pode ser traduzida em números. A interpretação do
fenômeno e o seu significado são determinantes no processo do estudo qualitativo,
mas não demanda a utilização de métodos e técnicas estatísticas.
De acordo com Cervo e Bervian (2002, p.69), “a pesquisa exploratória
realiza descrições precisas da situação e quer descobrir as relações existentes entre
os elementos componentes da mesma”.
Esta pesquisa tomou o formato de uma revisão bibliográfica após muitas
conversas com a professora orientadora deste trabalho, nas quais, concluiu-se que a
revisão proporcionaria a acadêmica, maiores conhecimentos sobre a Morte e o Luto,
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para quem sabe, no futuro, a pesquisadora estar mais instrumentada para uma ida a
campo.
Na presente pesquisa, analisaram-se quarenta e sete referências
acadêmicas, entre livros e artigos.
Como forma de responder as perguntas de pesquisa, encontram-se
dispostos neste trabalho os seguintes capítulos: Morte; Processo de Luto; O
Processo de elaboração do luto; Sintomatologia do Luto; Estratégias de
enfrentamento do luto e perda durante o desenvolvimento humano (infância,
adolescência, adulto e idoso).
Sobre pesquisa bibliográfica Cervo e Bervian (2002) pontuam que é uma
pesquisa a partir das referências teóricas publicadas em documentos, podendo ser
realizada independentemente ou como pesquisa descritiva ou experimental. “Em
ambos os casos, busca-se conhecer e analisar as contribuições culturais ou
científicas do passado existente sobre um determinado assunto, tema ou problema”
(CERVO E BERVIAN, 2002, p. 65).
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Morte
morte não era entendida como natural, mas sim como sempre provocada por
alguém ou por algo. “Para os primitivos o homem não era mortal: ele permanecia (no
totem) ou voltava (reencarnado). Nessa caminhada mitológica, muitas religiões e
tradições assimilaram tais ideias, onde aparece o conceito da alma imortal”.
(CHIAVENATO, 1998, p. 13).
Sendo assim, também se encontra o seguinte: “Em várias sociedades, os
mortos continuam existindo sob a forma de espíritos ancestrais, em íntima
proximidade com os vivos. Eles oferecem aos vivos, segurança e proteção e em
troca exigem que se façam sacrifícios em seus túmulos”. (GAARDER, 2002, p. 23).
O mesmo autor relata ainda que “ninguém morre e que o espírito ou alma
transmigra, reencarna ou descansa – no último caso, na forma de múmia –,
enquanto aguarda uma nova vida”.
Chiavenato (1998, p.17) afirma que:
Ainda de acordo com o mesmo autor, muitas culturas comem o morto por
ter significado religioso ou como forma de expressar a identidade com o morto.
Cada povo primitivo tem seus motivos para comê-los, podendo resumir-se em
comunhão, crença ou mesmo para matar a fome nos tempos de crise e também o
medo do morto. “No Paraguay, os índios guayaki fazem guisado de palmito e
juntamente adicionam o pó do morto” (CHIAVENATO, 1998, p. 18).
A morte começa quando não levamos em conta que a morte existe. Quando
nem sequer nos indignamos ao ver os mortos – mortos, não porque a morte
existe, mas porque não lutamos pela vida. A criança miserável que morreu de
fome, o operário que perdeu as mãos, a prostituta que perdeu o amor, o ser
humano que perdeu a humanidade e também o seu ser. O suicida que não
sabe que já morreu antes de matar-se, porque não suportou a vida, a morte
em vida; muitas vezes porque não pode tolerar a morte do outro, e vai em
busca dele, num mundo imaginário, que delírio, engana como se fosse vida.
falar sobre a morte, e não querem saber ou se aprofundar com o propósito de tentar
compreender, porque passamos por este processo, por este momento em que
precisamos deixar este mundo.
Segundo Guedes et al. (1983) o próprio conceito de morte está latente
em qualquer idade, devido as fantasias como: incapacidade de amar, desejo que o
homem tem de imortalidade (viver para sempre, como se nunca fosse morrer), e das
lutas e perdas emocionais não-elaboradas de forma satisfatória.
De fato quando o assunto é a morte, somos todos terminais, sem “prazo
de validade”, jamais saberemos até quando viveremos, por isto o ser humano
precisa aprender a reconhecer que realmente é este ser terminal, não fantasiando a
vida eterna.
Aprendi que as pessoas hoje são ensinadas a negar a morte e a crer que
nela nada significa, a não ser aniquilação e perda. Isso quer dizer que a
maior parte do mundo vive negando a morte ou aterrorizado por ela. Até falar
da morte é considerado mórbido, e muitos acham que fazer uma simples
menção a ela pode atraí-la sobre si. (RINPOCHE, 1999, p.24).
É preciso que o homem aprenda a não ter medo da morte, a não ter
medo de morrer, afinal, a morte é uma das únicas certezas dessa vida.
Muitos indivíduos refletem, pensam e questionam sobre a morte e o
morrer, se a morte é o fim da vida ou começo de outra? Se é o final de tudo ou
recomeço? São questionamentos inerentes à condição da própria existência.
Rinpoche (1999) afirma que a morte é parte natural da vida, e todos terão
de enfrentar em algum momento. Assim sendo, descreve dois modos de abordar a
questão enquanto estamos vivos: ou ignoramos ou olhamos de frente para nossa
própria morte, pensando claramente nela, tentando amenizar o possível sofrimento
que trará.
A morte nos ensina uma lição de que a vida tem que ser vivida, da melhor
forma possível, segundo o mesmo autor. Deve-se sempre lutar para que tudo na
vida seja gratificante, pois, a vida bem vivida permitirá uma morte tranqüila.
Assim, é importante que o indivíduo não fique pensando, se lamentando
ou sofrendo antecipadamente por sua morte, como em alguns casos de doenças em
que o individuo desacredita sobreviver, rendendo-se à morte, “a morte não é um
ponto final na existência e sim um elemento constitutivo dela”. (BOEMER, 1986, p.
132).
16
A vida e a morte andam, quer queiramos quer não, de mãos dadas e marcam
ambas presença no nosso quotidiano, em que a perenidade da vida recorda-
nos a inevitabilidade da morte [...] Á medida que caminhamos pelas várias
etapas do ciclo de vida, aproximamo-nos do nosso incontornável destino que
é a morte, ficando esta última cada vez mais presente e ocupando um maior
espaço no nosso pensamento. Porém, vários acontecimentos podem
antecipar o nosso confronto com a morte, sendo dos mais penosos, sem
dúvida, a perda de alguém que nos é importante.
[...] Pode ser que sonhar que a pessoa que faleceu está viva não seja
simplesmente um desejo de preenchimento, mas uma forma de a mente
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Neste sentido: “As pessoas que pensam que sua vida foi significativa e
que se adaptaram as suas perdas, podem ser mais capazes de enfrentar a morte”.
(PAPALIA, OLDS E FELDMAN, 2006, p.745).
Portanto, entende-se que a morte é uma etapa que ninguém poderá
“escapar”. Estamos em todo o momento correndo riscos, os quais podem resultar
em morte (acidentes, doenças, etc.). Engana-se quem pensa que a morte atinge
somente os mais velhos que já viveram o bastante, pois todos os dias milhões de
pessoas morrem no mundo; assim, por mais que a morte seja natural, ela aparece
como algo temido pela maioria dos indivíduos.
A morte como se viu nos primeiros parágrafos, é diferente para cada
cultura devido aos seus rituais e tradições, e, é por este motivo que não se pode
julgar a visão de cada ser humano sobre a morte, afinal, para alguns é celebração
enquanto para outros é sofrimento e angústia.
O fato é que compreender os significados que a morte pode ter e as
muitas formas como esta se apresenta para cada ser humano e cultura, é um campo
muito vasto, complexo, ficando aqui uma reflexão e um breve esclarecimento quanto
ao assunto, na busca de sentido dos medos, dúvidas, incertezas e do desconhecido
que o tema morte evoca.
Cada indivíduo tem uma forma de realizar seu processo de luto, variando
de pessoa para pessoa e podendo este durar meses ou anos.
Para Oliveira e Lopes (2008) o processo de luto é um processo de tornar
real a perda, devendo ser devidamente acompanhado e valorizado como parte da
saúde emocional. O processo de luto passa a ser organizado e aceito quando a
morte é percebida pelo enlutado como real, disponibilizando-se a novas atividades
em sua vida.
Melo (2004) afirma que o grande sofrimento que vem com a perda de
alguém que nos é querido, é que jamais alguma palavra poderá amenizar a dor de
quem a está sentindo. O sobrevivente precisará desenvolver um papel ativo no
processo de luto, deixando “ir” o ente falecido e seguindo sua vida em frente.
Desta forma, todos os indivíduos diante de uma perda passam pelo
processo de luto, para que possam ter o seu tempo de elaboração da perda.
Segundo Kovács (2002, p.154):
A morte como perda nos fala em primeiro lugar de um vínculo que se rompe,
de forma irreversível, sobretudo quando ocorre perda real e concreta. Nesta
representação de morte estão envolvidas duas pessoas: uma que é “perdida”
e a outra que lamenta esta falta, um pedaço de si que se foi. O outro é em
parte internalizado nas memórias e lembranças, na situação de luto
elaborado. A morte como perda evoca sentimentos fortes, pode ser então
chamada de “morte sentimento” e é vivida por todos nós. É impossível
encontrar um ser humano que nunca tenha vivido uma perda. Ela é
vivenciada conscientemente, por isso é, muitas vezes, mais temida do que a
própria morte. Como esta última não pode ser vivida concretamente, a única
morte experienciada é a perda, quer concreta, quer simbólica.
Acho que o moribundo também pode ajudar seus familiares, fazendo com
que encarem sua morte. E pode ajudar de várias formas. Uma delas é
participar naturalmente seus pensamentos e sentimentos aos membros da
família, incentivando-os a proceder assim também. Se ele for capaz de
enfrentrar a dor e mostrar com seu próprio exemplo como é possível morrer
tranquilamente, os familiares se lembrarão de sua força e suportarão com
mais dignidade a própria tristeza.
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enlutada, como exemplo: um filho que perdeu a mãe, sendo ela que sempre lhe fez
tudo, após a morte o filho se dá conta de que pode realizar tudo o que a mãe fazia, e
pode se ajustar a este novo ambiente, porém sem a presença da mãe.
E por fim, a quarta e última tarefa seria transferir emocionalmente o
falecido e prosseguir com a vida, quando o enlutado deixa de ter necessidade de
viver rememorando o falecido, seguindo sua vida em frente e abrindo-se a novos
vínculos, em vez de viver relembrando o passado.
Porém, alguns indivíduos que rememoram o falecido deixam de
prosseguir com suas vidas, principalmente negando-se a amar novamente. Melo
(2004, p. 10) afirma que:
Uma maneira de não completar esta tarefa é não amar. A pessoa agarra-se
ao vínculo que tem com o passado, em vez de seguir em frente e formar
novas vinculações. Algumas pessoas sentem a perda de uma forma tão
dolorosa que fazem um pacto com elas mesmas de nunca mais amarem.
A maioria das pessoas que estão de luto são capazes, com a ajuda da
família e dos amigos, de se conciliar com sua perda e de voltar a viver
normalmente. Para algumas, entretanto, indica-se terapia para perda.
Terapeutas profissionais ajudam os sobreviventes a expressar tristeza,
culpa, hostilidade e raiva. Eles encorajam os clientes a rever os
relacionamentos com os falecidos e a incorporar a realidade da morte em
sua vida. Ao ajudarem as pessoas a lidar com o pesar, os conselheiros
precisam levar em conta tradições étnicas e familiares e diferenças
individuais.
Hisatugo (2000) relata que quando alguém morre e sofremos com isto,
aos poucos nos damos conta que nossas vidas continuam mesmo após a morte
daquele que se foi, “então, depois que o tempo passar um tanto (e isso dependerá
de cada um de nós), passaremos a viver com lembranças da pessoa que morreu e
com novas coisas que vamos aprender sobre a vida”. (HISATUGO, 2000, p. 39).
Afinal, cada indivíduo elabora seu luto no tempo em que consegue
superar a dor, visando dessa forma à morte como uma fase no ciclo da vida (nascer,
crescer, viver e morrer), pois, é no momento de aceitação da morte que o individuo
terá elaborado seu luto. É ele quem irá definir até quando sofrer, sem se culpar ou
ficar se lamentando, podendo optar pela ajuda de um profissional da saúde para que
a morte se esclareça, aquietando a sua mente sem os pensamentos anteriores de
dores e sofrimentos pela perda.
criança nem mau comportamento, aconteceu porque era hora, tinha que acontecer e
a criança em momento algum foi responsável por isso.
É importante que a criança se tranqüilize e saiba que será cuidada por
alguém próximo, que não será abandonada porque o pai ou a mãe morreu. Assim,
outro fator importante é evitar mudanças de ambientes, de relacionamentos e
atividades diárias da criança, responder sempre as perguntas honestamente e
sempre encorajando a criança a falar sobre a morte para que possa elaborá-la, pois
mais adiante se evitarão sofrimentos e não sofrerá tanto ao lembrar e aceitará o que
aconteceu, podendo compreendê-la.
Bowlby (1981 apud BROMBERG, 2000, p. 63), coloca que as crianças e
adolescentes são muito mais sensíveis do que os adultos nas situações de perdas
significativas:
Nas causas e circunstâncias da perda, referente ao que é contado para a
criança e ao que ela tem a perguntar sobre o que teria acontecido; Nas
relações familiares após a perda, relacionado às mudanças de padrão de
relacionamento com o pai ou a mãe sobrevivente; Nos padrões de
relacionamento da família, anteriores a perdas entre os pais e entre os pais
com a criança.
Mesmo que demore um tempo para a dor do luto amenizar, a maioria dos
casados reconstroem suas vidas, em vez de tristeza e solidão, a confiança
prevalece na capacidade de viverem sozinhos, “as pessoas que melhor se adaptam
são as que se mantém ocupadas, assumem novos papéis (com novo trabalho
remunerado ou voluntário) ou tornam-se mais envolvidos em atividades correntes”
(PAPALIA, OLDS E FELDMAN, 2006).
O processo de luto não tem como aspecto importante a idade do
enlutado, pois, como vimos, pode atingir crianças, adolescentes e adultos até a
terceira idade, mas são importantes as formas de habilidade de enfrentar a dor, o
sofrimento e principalmente a saudade que fica.
O adulto possuiu como estratégia de enfrentamento mais efetiva e citada
quanto à elaboração do luto a sua compreensão de morte, pois consegue entender o
seu significado e já o tem normalmente construído nesta fase.
Alguns enfrentam o luto casando-se novamente, outros se mantém
ocupados com novas atividades, assumem novos papéis, buscam outros grupos de
amigos, enfim, por compreenderem a morte, torna-se “mais fácil” socializarem
novamente.
Muitas vezes ao falar sobre velhice constata-se que muitas pessoas vêem
esta fase como a proximidade do fim, “já viveram o que tinham para viver”.
Mas em muitos casos ao contrário de alguns jovens que não tem
interesse em atividades físicas, os idosos mostram-se mais dispostos com mais
“sede” de viver, aproveitam e desfrutam da vida como jovens, não mostrando
preocupação em morrer porque estão mais velhos.
Já os idosos que se preocupam com a morte, pensam, ou normalmente
relatam querer passar por este momento sem dor, que seja “silenciosa”, como por
exemplo, morrer durante o sono. Também almejam não sentir as dores de uma
doença, e também que não fiquem “vegetando” na cama e nem sofrendo no leito de
um hospital.
Oliveira e Lopes (2008, p. 2) afirmam:
“transbordar” sentimentos, e ajudá-lo neste processo que para o idoso é muito difícil,
permitindo assim, que se organize e consiga elaborar a perda.
Ainda Parkes (1998), o idoso pode desenvolver um quadro de depressão
podendo se manifestar com sintomas como: desânimo e perda de capacidade de
amar, porém, o traço mais caracterizado pelo luto não é a depressão profunda, mas,
episódios agudos de dor, em que a saudade prevalece sempre presente daquele
que faleceu.
Lidar com a morte é algo muito difícil e doloroso para o enlutado,
principalmente quando se conviveu com a pessoa que faleceu, “imaginemos quão
mais intenso é o luto para aqueles que não só conviveram com o falecido, mas
também foram seus progenitores”. (OLIVEIRA E LOPES, 2008, p. 4).
Idosos que perdem seus filhos podem sentir-se culpados, devido à morte
do filho. Representa a impotência do amor dos pais, assim, os pais se sentem
fracassados, pois coloca em dúvida a qualidade do amor que sentiam pelos filhos.
Pais que sentem que não amaram tanto os filhos quanto mereciam, e ao deparar-se
com a morte do filho, se culpam achando que o amor de pai ou mãe não fora o
suficiente, que se demonstrassem mais amor quando o filho estava vivo, talvez não
tivesse morrido.
De acordo com Silvia et.al (2007):
A morte de uma pessoa com quem se tem laço afetivo pode ser uma
experiência marcante, e por vezes assustadora para o idoso. A perda de um
ente querido alcança níveis elevados na escala de estresse e os indivíduos
que sofrem perdas tornam-se mais vulneráveis às doenças, principalmente
se na ocasião da perda não conseguem obter forças para superá-la.
O ser humano é “um ser para a morte”, disse Heidegger, e quando esta
evidencia-se como provável, em virtude da doença ou do evento que
demonstre a vulnerabilidade física, é sempre causa de perplexidade. O
confronto do ser com a iminência do não-ser denuncia tudo o que temos de
precário e provisório – nossa vida. Este desconhecido é apavorante porque
não é passível de tornar-se conhecido, daí ser imponderável e indizível. O
aniquilamento do ser humano na morte e a consciência deste fato biológico,
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3 CONCLUSÃO
científico, somente quanto aos temas propostos, ainda é escasso, existindo sim, um
bom contingente teórico quanto ao tema morte e pacientes terminais.
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REFERÊNCIAS
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BRETAS, José Roberto da Silva; OLIVEIRA, José Rodrigo de and YAMAGUTI, Lie.
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http://www.scielo.com.br> Acesso em: Abr. 2010.
CHIAVENATO, Júlio José. A morte: uma abordagem sociocultural. São Paulo: Ed.
Moderna, 1998.
JUNG, C. G. A natureza da psique. 4.ed Petrópolis, RJ: Ed. Vozes, 1998. (Obras
completas de C. G. Jung 2).
MRONINSKI, Cleber Roberto Lemos. O que fazer quando nada mais pode ser
feito? Subsídios à implementação da educação sobre a morte e o morrer no ensino
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Universidade Regional de Blumenau, 2001.
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luto no idoso pela morte de cônjuge e filho. Maringá (vol.13), (n. 2),
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PARKES, Colin Murray. Luto : estudos sobre a perda na vida adulta. São Paulo:
Summus, 1998.
PINCUS, Lily. A família e a morte: Como enfrentar o luto. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1989.
REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES
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19, ano 2009.
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na vida adulta. Revista Brasileira de Psiquiatria. São Paulo Jan / Mar. 1999 (v. 21),
(n. 1). Disponível em: http://www.scielo.com.br > Acesso em: mar. 2010.
TRENTIN, C.; DURANTE, D.; CORRÊA, D.; LAURINDO, M. C.; MÜLLER, T. Morte:
um estudo comparativo sobre as perspectivas de lidar com a morte. Akrópolis,
Umuarama Jul / Set 2007 (v.15), (n. 3), (p. 141 – 151). Disponível em:
http://www.google.com.br > Acessado em: Mar. 2010.