Você está na página 1de 99

Bruno3.

indd 1 1/24/18 12:47 PM


BruNo BorGES
Este livro está sendo DISTRIBUÍDO
gratuitamente para leitura.

Bruno3.indd 3 1/24/18 12:47 PM


Copyright Bruno Borges – 2018

Coordenação editorial: Renata Carvalho


Preparação e Revisão: Infinity Editorial
Revisão gramatical: Nazaré Guedes
Projeto gráfico e Imagens internas: Luciana Di Iorio
Capa: Alexandre Marques

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser


comercializada de qualquer forma ou por qualquer meio sem autorização
prévia da editora, conforme a Lei no 9.610/98, que protege os direitos do
autor e da editora. São permitidas impressões para fins não lucrativos e
distribuição digital GRATUITA.

2017 – Infinity Editorial / Infinity – Arte e Vida


Rua Dona Tecla, 230 – Jd. Flor da Montanha
07097-380 – Guarulhos – São Paulo
Email: vendas@infinityeditorial.com

Bruno3.indd 4 1/24/18 12:47 PM


“Entrai pela porta estreita, pois larga
é a porta e espaçoso o caminho que
conduz à perdição e muitos são os
que entram por ela”.

Bruno3.indd 5 1/24/18 12:47 PM


Sumário

Livro 1
CAMINHOS PARA A VERDADE
ABSOLUTA | 7
Jesus Cristo 9
Caminho Fácil (C.F) 17
Contínuo ilusório 27
Caminho difícil 33
Contínuo paradoxal 41
Ramificação e oposição dos caminhos 49
A lei do complexo curvatório 55
Hierarquia dos niveis de dificuldade 59
Selvageria x Sabedoria 65
As visitas dos
vizinhos opostos 67
Quadro quantificatório de pessoas pelos dois
 caminhos 77
Quadro de extremidade alcançado pelos caminhos 81

Bruno3.indd 7 1/24/18 12:47 PM


Quadro temporal das pessoas pelos dois caminhos 89
Como o homem do caminho fácil enxerga o do
  caminho difícil 95
Como o homem do caminho difícil enxerga o do
  caminho fácil 99
Possiveis prejuízos de cada caminho 101
Qual dos dois caminhos é o certo? 105

Livro 2
Dos vínculos à loucura | 109
Apresentação 111
Da natureza dos vínculos 115
Dos homens que ligam-se aos vínculos 157
Representação simbólica das leis vinculativas e
  suas virtudes 181
Das três leis de enzo e os vínculos a priori 187
Dos vínculos à loucura 199

Bruno3.indd 8 1/24/18 12:47 PM


C A MI N H O S
PARA A
VERDADE
ABSOLUTA

Bruno3.indd 9 1/24/18 12:47 PM


Jesus Cristo

Digam as sombras o que quiserem, pois elas não re-


cebem mais atenção do que aquilo provido de cores. Tão
pouco as barbatanas atiçam nosso olhar mais do que o pavão
fazendo uma demonstração suntuosa de seu leque cintilante.
De fato, aquilo que nos chama mais atenção são os sen-
tidos que fazem apelo em respeito ao que lhes regozija. E,
deste modo, tendemos a seguir preferência por aquilo que
alimenta-nos com o conforto, por mais que a consequência
seja lúgubre ou regredida, muitos irão optar pelo usufruto
do que lhes facilita o repouso e a obtenção de prazeres aos
órgãos sensitivos. No entanto, até mesmo o cérebro segue
este raciocínio, e, quando o assunto é a verdade, ele deveras
se ludibria.
Uma coisa está certa, é notória o quão a verdade absoluta
é um assunto polêmico. Algumas religiões, no que se aco-
mete à teologia, dizem tê-la. A ciência alega o contrário, e,
indo ao extremo, afirma que se existir uma verdade absoluta,
a raça humana nunca alcançará. A metafísica faz um esforço

Bruno3.indd 11 1/24/18 12:47 PM


tremendo para conseguir alcançá-la numa tentativa incerta
de unir traços teológicos com científicos.
Não gostaria de abordar o que tange o descobrimento
da verdade, pois ela em si é uma incógnita, isto é, se sepa-
rada do que se prossegue. Mas, porventura, quando assinto
minha cintura sobre a demonstração da própria, tenho mais
firmamento no que diz respeito à essência, podendo assim
discerni-la do falso, encontrando uma solução. Pensaremos
então de maneira multifocal, o ato de pensar sobre múlti-
plos pontos de vista culmina na perfeita harmonia com os
“caminhos para a verdade absoluta”, pois se é uma trilha, ela
deve ter suas formas, bifurcações e paradoxos. Acresce que
não convém tentar discorrer sobre este tema se tivermos uma
mente fechada, pois que, nenhum andante se estenderá ao
encontro da via correta se não perambular pelas diversidades.
Negar o ato humano de poder um dia encontrar a ver-
dade máxima, como vêm fazendo muitos cientistas – mas
não todos, nunca generalizemos – é rejeitar a própria teoria
da evolução.
Aceitá-la, no entanto, como os religiosos consentem,
ironicamente, é defender o evolucionismo. Digo isto, pois,
se a verdade máxima for finita, como alegam muitos crentes,
e se nós formos capazes em vida de contemplar o estado da
iluminação, como o querem eles, então apenas é possível se
passar por este estado os que evoluírem ao ponto último,
seja cognitivamente, cientificamente ou espiritualmente.
E estes, vistos como santos e gurus tiveram que progre-
dir e demonstrar que o ser humano não utiliza os recursos

12

Bruno3.indd 12 1/24/18 12:47 PM


Jesus Cristo

e potenciais máximos que lhe são predispostos de forma


inata desde o nascer. Um profeta ou santo não nasce puro,
mas primeiro percorre o pecado para depois se divinizar,
isto em si incorre pela causa de não serem aceitos em suas
terras natais, pois lá o povo amiúde os conhecia com seus
defeitos mundanos.
Por sua vez, se a veracidade plena for infinita, como
querem alguns cientistas, e já outorgado o evolucionismo
por eles, então pergunto-me: seria possível evoluirmos até
um estado de linguagem biológica complexa a ponto de
conseguirmos desvendar todos os segredos do universo
que nos contrapõem? Isto não é totalmente refutável, mas
também não é uma certeza. Neste estudo não trataremos de
certezas, mas somente de incertezas. E por meio da incóg-
nita ter-se-á a exatidão de que a verdade absoluta, quando
buscada, é uma virtude.
Quando obtida, sendo esta posse falsa, é degradante;
sendo correta, é a mais bela de todas as experiências, e iro-
nicamente costuma ser perpassada para os arredores– sendo
comprovada por muitos e odiadas por uma quantidade
maior ainda (vide o caso de Jesus).
Agora, quanto as ressalvas, como toda boa introdução,
esta também deve apresentá-las. Assim, serve de antemão o
apontamento para uma maior observância quanto ao tipo
de verdade que iremos tratar aqui.
Caminhos para a verdade absoluta não tratará do abso-
lutismo no que comete uma área individualizada, tampouco

13

Bruno3.indd 13 1/24/18 12:47 PM


uma particularidade específica, muito menos falará apenas
na linguagem dos símbolos que tudo explicam e tudo por
eles se dá. Quero que não façam da verdade absoluta ali-
mento de nossas crendices ou ofício cuja afinidade entoa.
Mas sim do Todo, sendo este Todo isento de explicação
sobre tudo, mas tendo na generalização contraída de tudo,
sua particularidade.
Em suma, que nossos limites intelectuais de nosso atual
estágio de evolução façam com que entendamos que não
podemos dar aso ao princípio primeiro, mas, todavia, po-
demos a partir da noção de nossas dificuldades cognitivas,
saber que existe uma força cósmica maior, e intuitivamente
compreendemos sua existência, sem, contanto, entender
seu percurso.
Logo no início afirmei que nosso cérebro deveras nos
ludibria quando o tema é a verdade, podemos notar vários
tipos de ilusões com a veracidade proscrita e assentada feita
por um indivíduo.
Em primeiro, quando este mente, e sabe que está men-
tindo, ele tenta enganar o próximo, e conseguirá fazer com
que sua vítima adquira uma inverdade achando que esta é
real. Esta é a primeira ludibriação.
A segunda também parte de um blefador, porém, este
acredita na própria mentira, achando que ela existe na
realidade.
A terceira, quando a pessoa é enganada pelos sentidos,
muitas vezes obtendo vícios pelo qual a mente e o cérebro

14

Bruno3.indd 14 1/24/18 12:47 PM


Jesus Cristo

exigem que seu dono não aperceba a natureza fidedigna


para que utilize desculpas para seus subterfúgios, jogando
a veracidade no inconsciente.
A quarta, pelo erro, quando se busca e acredita ter
encontrado, estaciona ou retrocede acaso se aprofunde na
mentira falsamente descoberta como verdade absoluta, é
assim que muitos religiosos se tornam fanáticos pela má
interpretação das palavras, e que muitos ateus tornam-se
extremistas pelo mau uso da ciência e das exigências da
mesma, tornando-se um alienado das publicações científicas.
A quinta, pelo falso autoconhecimento, quando a pessoa
acha que conhece a si mesma, ela cria um absolutismo em
torno dessa falsa verdade, e vive em uma flagela enganação.
A sexta, pela negação, quando se nega tudo você já cria
uma falsa verdade absoluta, que é a certeza de não existir
nada além dos sentidos, quando na verdade essa não reve-
lação só existe pelo bloqueio por este modo de pensar ori-
ginado. Talvez, se me permitem, possa existir uma sétima,
oitava, nona, infinita delas. No entanto, não cabe a mim
ficar martirizando-me na tentativa ilimitada e exaustiva em
procura-las.
Ademais, é papel de cada um observar o nível de lucidez
de vossos pensamentos.
Você pode muito bem achar que não existe uma verdade
absoluta, mas não tem o direito de ignorar minhas palavras
por esta crença propositada. Uma vez que a própria crença
de não crer numa verdade máxima já é absoluta, então o caro

15

Bruno3.indd 15 1/24/18 12:47 PM


leitor que assim porta-se não compreendeu o objetivo deste
estudo. Ora, a verdade absoluta não necessariamente precisa
se referir a interpretação de todo o cosmos e sua essência.
Na verdade, ela está muito além disso, uma vez que
cada indivíduo em sua particularidade cria sua realidade em
torno do psiquismo e estado mental, então a veracidade em
totalidade se refere apenas ao modo como o ser humano
enxerga a vida e a interpretação que faz da mesma. A pessoa
que não acredita em nada além do que os olhos cerram-se,
faz do limite de seus olhos a verdade absoluta; aquele que
crê que a verdade está em uma escritura em particular faz
dela seu absolutismo; o ser que não entoa e nem indaga fará
da máxima o conformismo; e dentre aqueles o raro que se
destaca por procurar e saber que ainda não entende muito
bem o funcionamento da vida, fará da verdade objeto de
análise e aprofundamento espiritual, buscando conhecer a
si mesmo e se alimentando do saber.
Para um alcoólatra o princípio primeiro e final estará
enraizado na bebida cuja mente exige. Para um prepotente
imbuído de poder na sociedade, o estado final está centrado
todo na imagem externa que faz de si mesmo. Já o filósofo,
o verdadeiro filósofo, terá na observação o objeto de desejo
de compreender aquilo que ele sabe não entender. Os que
sofrem certamente são os que passam pela estrada estreita,
e qual será ela?
Se acaso houver realmente uma verdade absoluta, quais
os tipos de caminho que o ser humano poderia optar em

16

Bruno3.indd 16 1/24/18 12:47 PM


Jesus Cristo

seguir para encontrá-la? Poderiam eles fazer isto em coleti-


vidade, ou apenas de maneira individual? Há duas vias para
serem seguidas, uma fácil e outra difícil.
Dentro de cada uma delas, haverá inúmeras maneiras e
percursos diferentes, porém, sempre serão fáceis ou difíceis.
E, ao longo deste livro, será visto sempre as duas, o que me
faz ter que abreviar suas palavras, portanto, o “Caminho
Fácil” muitas vezes será visto como “C.F”, e o “Caminho
Difícil”, por sua vez, será tomado como “C.D”. Então por
que não começar explicando o caminho fácil?

17

Bruno3.indd 17 1/24/18 12:47 PM


••
CAmiNHo FáCiL (C.F)

Bruno3.indd 19 1/24/18 12:47 PM


P
ara se compreender o caminho fácil, assim como
para esclarecer quanto as pessoas que nele seguem,
precisa-se revigorar quanto à forma, o seu funcio-
namento e sua estrutura. Por que afinal este caminho seria
mais fácil? Não seria proveitoso encontrar a verdade absoluta
de maneira descomplicada? Veja, vamos primeiro analisar a
formação do caminho fácil:

A forma do caminho fácil é uma reta, uma estrada sem


curvas, retilínea e uniforme. Por isso é um “caminho fácil”,
pois a pessoa que o segue não encontra obstáculos, ela segue
sua direção sabendo aonde vai, como prosseguir e como
voltar. Quem persegue esta estrada entende exatamente seu
funcionamento, pois, uma vez que se delineie em apenas
um movimento, fica facilitado para o andante.
Agora, quanto à verdade absoluta desta via que estamos
direcionando, ela é seguida por dois tipos de pessoas: os que
já têm sua verdade máxima, e aqueles que não a procuram.
No tocante ao primeiro, quanto aos que já têm, em se
tratado da máxima, fica fácil seguir seu percurso tendo ela,
pois o indivíduo que assim age já vive em absolutismo e com
total exatidão das coisas a sua volta, agora, nada garante que
essa verdade seja realmente fidedigna, em se tratando deste

Bruno3.indd 20 1/24/18 12:47 PM


Caminho Fácil (C.F)

caminho a priori, ela comumente será falsa, prejudicando o


dono dela. Já o segundo, uma vez que não busque a verdade
absoluta, o mesmo não terá dificuldades que se dispendem
para aqueles que procuram uma verdade que a princípio
não se têm respostas.
Trataremos dos que já tem a verdade absoluta, depois
observaremos aqueles que não vão atrás dela.
Pois bem, aquele que já está com sua verdade inexorável
sobre todas as coisas, não encontra vertigem e nem pernoita
em claro, pelo contrário, é facilmente trajado sobre o frio e
banhado sobre o calor. No entanto, que fique claro de an-
temão que o caminho fácil só será seguido por aqueles que
erraram no ofício que fizeram de sua verdade absoluta. O
porquê de não existir caminho largo e descomplicado para
aquelas raras pessoas que vieram ao mundo e conseguiram
obter a verdade absoluta, será visto no “caminho difícil”.
Por conseguinte salientaremos a causa de só percorrer este
rumo fácil aqueles que erram na sua verdade.
Qual o sentido da vida? Quem eu sou? Há um Deus
ou força superior? De onde eu vim e para onde eu vou?
Quando se dá uma resposta para estas perguntas, encontra-
se o conforto de não precisar mais procurá-las, a angústia de
não tê-las muitas vezes pode ser desconfortante, e, muitos
serão aqueles que responderão a elas, mas poucos acertarão.
Ainda assim será regozijante para aquele que errar, pois não
se sentirá na obrigação de tentar resolver essas questões tão
complexas e infindáveis, e o único preço a pagar é enganar

21

Bruno3.indd 21 1/24/18 12:47 PM


a si mesmo achando que sabe exatamente quem é, qual o
sentido da vida, em suma, acreditando saber sobre a verdade
máxima.
Encontrar-se-á inúmeros sujeitos enquadrados nessa
classe, dentre eles, muitos religiosos, ateus, céticos, igno-
rantes e prepotentes. No entanto, que fique claro que há
religiosos, ateus, céticos, que não fazem parte do caminho
fácil, porém, o mesmo não posso afirmar para os ignoran-
tes e prepotentes. O que vai determinar o caminho de um
indivíduo é o modo como ele trabalha com o absolutismo,
fechando suas portas para novas ideias e valores.
O universo é relativo ao ponto de vista do observador,
uma pessoa com a mente fechada para apenas uma ideia aca-
ba tendo seu universo diminuído em relação à outra pessoa
que tende a aceitar ideias e maneiras diferentes de pensar.
O religioso que segue o caminho fácil é exatamente
aquele que faz de suas escrituras a única verdade máxima,
fechando as portas para outras teologias, ciência, conheci-
mentos, costumes, culturas, etc. Negando qualquer infor-
mação que seja diferente da sua, mesmo que nunca tenha
buscado compreende-la, isentando de si um olhar crítico,
consequentemente deixando de ser um investigador. Então,
sua estrada será amplamente larga e inteligível, pois já tem
sua verdade máxima, não precisa ir atrás dela.
Já sabe para onde vai após morrer; já tem sua convicção
a respeito do Criador; não precisa buscar aprender novos
conceitos em outros patamares, cujas informações dobram,

22

Bruno3.indd 22 1/24/18 12:47 PM


Caminho Fácil (C.F)

triplicam-se e afunda-se numa rede inesgotável de comple-


xidade; não, o religioso que segue piamente as suas crenças
se fecha para qualquer outro valor informativo, andará pela
rota simplista e não encontrará barreiras como estas de ter
que adquirir uma visão multifocal pelas inúmeras ciências
que se encontram disponíveis.
Os ateus e céticos, ou melhor, os céticos ateístas que
seguem o caminho fácil, também irão se fechar para todas
estas coisas que foram acrescentadas, mas, por partir de
outros motivos, ele fará uso dos limites da ciência atual de
sua época como uma verdade absoluta, acreditando somente
no que os sentidos vêem e excluindo qualquer possibilidade
ou tentativa de desvendar novos mistérios. Muitos ficarão
sentados apenas esperando novas investigações científicas e
depois as defenderãocom unhas e dentes, criando absolu-
tismos; assim, eles não terão dificuldades, uma vez que sua
verdade última está estabelecida na não existência de um
criador e na convicção de que a vida se encerra perpetua-
mente ao morrer (este é apenas um dos exemplos).
Sua certeza é tamanha que passam a negar qualquer
assunto que não tenha sido comprovado pela ciência ou
pelo qual tenham visto pelos próprios olhos, mesmo que
não saibam nada a respeito do que lhes falam.
De fato, é muito simples não crer no invisível e nem pro-
curar descobrir novos segredos do universo, pois para eles, a
verdade se encerra apenas no que se prova, aliás, apenas no
que os cientistas lhes provam. Pois, se buscassem descobrir

23

Bruno3.indd 23 1/24/18 12:47 PM


o universo ou tentar se conhecer, não estariam no caminho
fácil, e para isto precisariam ter um espírito perquiridor, e
este último por sua vez visa compreender que não sabemos
muito ter humildade para adquirir conhecimentos de todas
as linhas do saber, independente se é de uma religião ou de
uma cultura pagã, a verdade está em todo lugar e em tudo
tem o que é absorvido e descartável.
Os ignorantes e prepotentes, por sua vez, são pratica-
mente os mesmos. Veja, poucos atualmente tem notado
o que realmente é a filosofia, e acabam sendo indignos de
serem chamados de filósofos. Digo, os prepotentes que
seguem o caminho fácil são pessoas que acreditam saber
de tudo, ou seja, totalmente contrário aos fundadores dos
princípios da filosofia. Sócrates foi o pilar central com o
ditado “Só sei que nada sei”.
No entanto, estes indivíduos que julgam saber tudo
mataram a metafísica, se tornaram extremamente arrogantes
e vis, alegam saber mais que os outros e travando amplas
discussões para defender as teorias de outrem, sem absorver
nada de útil de uma opinião antagônica. O próprio Tales
de Mileto, primeiro filósofo que se tem notícia, disse: “O
que há de mais difícil neste mundo é o homem conhecer
a si mesmo”, no entanto, os que aqui estamos ponderando
acreditam veementemente saber tudo sobre a vida, tanto os
ignorantes quanto os prepotentes seguem o caminho fácil,
pois é muito fácil se basear na ideia dos outros e nas teorias
já enraizadas e depositar nelas verdades absolutas, negando
de forma cega outras vertentes, proibindo a si mesmos de

24

Bruno3.indd 24 1/24/18 12:47 PM


Caminho Fácil (C.F)

pensarem com outros pontos de vista, assassinando a dialé-


tica bem divinizada por Aristóteles e Platão.
Exoneraram a metafísica, quando é justamente ela a
prática daqueles que procuram de forma assídua a verdade
absoluta, pois, estando a ciência limitada, ela vai “além”
da física. Acreditem, se estes seguissem este caminho se-
riam verdadeiros filósofos, passariam pela racionalização a
perceber que na verdade são muito pequenos comparados
ao tamanho do universo, e perceberiam que nada sabem,
buscando amplamente conhecimentos de todas as vertentes
e aprimorando o autoconhecimento, que é a razão maior da
sabedoria, tornando-se autênticos contempladores do belo.
Todos estes visto a pouco, que lamentavelmente optam
pela senda do caminho largo e fácil, esquecem que a verdade
não é encontrada em uma particularidade, mas na busca
profunda do todo.
A mente aberta não faz parte do caminho fácil, pois
só é facilitado para aqueles que, com a mente fechada, não
conseguem penetrar em outros vínculos cujos conheci-
mentos se divergem, ficam extraídos da dúvida e da crítica
que alimenta a inteligência e a razão, fazendo com que sua
estrada seja isenta de ramificações, facilitando-a. Alguns,
por não acreditarem no invisível já bem estabelecido pela
física quântica (alguns céticos ateístas). Outros, por não
acreditarem no visível e naquilo que está além de seus limites
(alguns religiosos).

25

Bruno3.indd 25 1/24/18 12:47 PM


Ainda há aqueles que não conseguem aceitar outras
linhas de conhecimento antagônicas e se privam somente
com a que resguarda afinidade, para que assim faça dela sua
verdade última e itinerante (prepotentes).
Outrossim, temos os que não vão atrás da verdade
absoluta, são os ignorantes. Estes comungam com aqueles,
também são vagantes de passagens confortáveis e fáceis.
Afora algumas semelhanças, terão suas próprias evidências
de que seguem esse rumo.
O homem que não vai atrás da verdade última está con-
sequentemente se proibindo de procurar autoconhecimento
profundo; está abandonando a senda da sabedoria. Sempre
hão de ficar no conformismo. Convém alentar para o fato
de que esse ostracismo pode muito bem ter sido originado
por uma frustração em uma tentativa remanescente da busca
pela verdade absoluta, vendo que seu alto nível de comple-
xidade os repelia ou derrotava-os a insistência. Ou, talvez
pelo fato de terem descoberto que sua verdade máxima era
uma mentira (como visto em alguns casos outrora), e assim,
ao invés de buscá-la (passando para o caminho difícil), per-
mitiram-se apenas ficar na mesmice, sem investigar e sem
permitir-se ter uma – mesmo que falseada.
Muitos ainda são aqueles que não correm atrás de co-
nhecimentos a fim de encontrar a verdade da vida por terem
se submetido aos prazeres mundanos, como bem falei no
início deste estudo, quanto aos sentidos que ludibriam os
homens, estes definharam-se na ignorância dos prazeres e

26

Bruno3.indd 26 1/24/18 12:47 PM


Caminho Fácil (C.F)

vícios que embebedam-se pela matéria, talvez por isto Jesus


Cristo tenha dito: “De que vale ao homem conquistar todos
os tesouros da terra e perder sua alma?”, por saber que, aque-
les que se apegam demais aos valores materiais esquecem de
buscar autoconhecimento e sabedoria, deixando de procurar
a verdade máxima, fazendo mais parte do caminho fácil do
que do difícil. Estaria o próprio Cristo fazendo alusão às
consequências de não ir atrás da verdade?
Em suma, caminho fácil é aquele extremamente me-
canizado, isento de qualquer criatividade ou pensamento
diferente que lhes traga dúvidas e dificuldades, é aquela rota
que sempre segue linhas já estabelecidas. E, para seguir essa
estabilidade isenta da investigação, não precisa ser apenas
um sujeito que não corre atrás de encontrá-la, um igno-
rante, prepotente, cético ateísta ou religioso; poder-se-ia ver
que até mesmo os prodígios e autodidatas costumam seguir
o caminho fácil, quando fazem apenas o que os adultos
exercem em seu campo de trabalho, sem refazer a si mesmo,
ficando conformados com seus níveis de inteligência.
Não obstante, o caminho fácil é aquele que se despende
sobre o não criador, o homem mecânico que obedece às leis
já vigentes e nunca transforma a si mesmo. Não importa o
quão inteligente for a pessoa, será pouco produtiva e não
terá tantas dificuldades se seguir o caminho fácil. Ademais,
aquele que busca novos horizontes, procura originar ou agre-
gar algo novo, se alicerça sobre caminhos difíceis e muitas
vezes dolorosos, mas, contudo, estarão eles procurando a
verdade absoluta, a verdadeira e não a falsa, e não ficarão na

27

Bruno3.indd 27 1/24/18 12:47 PM


ociosidade e no conformismo daquilo que já está imposto,
isto veremos no “caminho difícil”.
Alguns poderão indagar quanto a forma do caminho
fácil, seria essa reta isenta de fim? Ora, aquele ser que segue
esse caminho, quando se submete totalmente as profundezas
desse percurso, acaba que encontrando mais subterfúgios
na trilha que percorre, e, muitas vezes, entra naquilo que
chamo de “Contínuo Ilusório”.

28

Bruno3.indd 28 1/24/18 12:47 PM


••
CoNTÍNuo iLuSÓrio

Bruno3.indd 29 1/24/18 12:47 PM


S
e o caminho fácil tem sua forma larga e atraente, pela
qual a pessoa se deleita em não precisar encontrar
uma verdade tão perplexa, então, quando o ser se
volta totalmente para essa estrada, seguindo-a até o fim, ele
acaba tendo severas punições que costumam ser causadas
pela extrema enganação do “EU” (ego), ação frutífera de seu
inconsciente. Ali não há epifania, a estrutura do Contínuo
Ilusório mostrará o porque:

CONTÍNUO ILUSÓRIO

Quanto a observação da imagem acima, no que diz


respeito à forma, o contínuo ilusório é um ciclo sem fim,
imutável e cego. Pois o andante não percebe sua ociosidade.
Muitas vezes aquele que por este rumo perambula, por ser
um caminho fácil, pensa que pode ver seu fim, mas, quando
entra no “contínuo ilusório”, acaba não enxergando este
término, fenômeno causado pela ilusão.
Deve sempre ser rememorado que, se o modo de
vida for uma mentira, então todos os passos caminhados
foram em vão. Não obstante, é no caminho fácil que se
concentram as grandes massas, aquelas pelas quais costu-
mam atacar a minoria, que por sua vez representa os que
vagueiam pelo caminho difícil. Além do que, também tem

30

Bruno3.indd 30 1/24/18 12:47 PM


Contínuo ilusório

a possibilidade de pessoas do caminho fácil concentrados


em grupos que defendem uma mesma ideologia em prol de
sua verdade absoluta tentarem subjugar outros que também
são do caminho fácil, porém, seguem percursos e retas uni-
formes diferentes e paralelas, isto é bem notado quando se
há choques e guerras de religiões cujas crenças se divergem,
ou em debates assíduos e irracionais entre ateus e religiosos
extremistas, além de inúmeras outras afrontas malevolentes
provindas de indivíduos dessa constituição.
O Contínuo Ilusório tem uma particularidade a ser
ressalvada: a de que toda pessoa que adentra nesta passagem
tende a ser persuadida a ficar, e quanto mais tempo nela
mais difícil será sair da mesma. Devido ao fato de que será
reconfortante para a mente ter adquirido a verdade última
(falseada) ou ter deixado de ir atrás dela, não obstante, a
prepotência daqueles que pensam tê-la e o alívio de não
tentar ir atrás dessa questão complexa por parte dos outros
é o que lhes apraz e faz com que fiquem “presos” ao contí-
nuo ilusório.
Estas não são as únicas consequências geradas pelo
adentramento no Contínuo Ilusório.
Quando um ateu entra nesse ciclo sem fim, ele passa
de alguém que tem sua verdade máxima concentrada na
não existência de um criador nem na vida pós morte, para
um sujeito totalmente extremista. Acabam que, numa
irracionalidade desenfreada, criticando e atacando aqueles
que seguem a bíblia e a própria escritura mesmo sem nunca

31

Bruno3.indd 31 1/24/18 12:47 PM


Caminhos para a verdade absoluta

terem lido ela; eles se baseiam somente no comportamento


de alguns religiosos que fazem mau uso da interpretação das
palavras (por também estarem no caminho fácil e possivel-
mente contínuo ilusório).
Não diferenciam as múltiplas formas de
manifestação do ideal religioso, considerando
centenas de instituições religiosas como farsantes
ou como frutos de um único ponto de vista
equivocado apenas por terem conhecido alguns
exemplos que julgaram assim; tratando o
Cristianismo como se este fosse os dogmas
apregoados por certos políticos, pastores e
sacerdotes corruptos, esquecendo-se da história
exemplar do próprio Jesus Cristo e dos valores éticos
ligados à cristandade. Não conseguem enxergar sobre
modos diferentes e passam a se tornar prepotentes, como
que se a forma real da inteligência fosse crer nessa
ideologia propagada. Deste modo, não
tomam conhecimento da história a ponto de se
intitularem mais inteligentes por conseguirem enxergar
a irracionalidade de alguns religiosos fanáticos (que
estão no contínuo ilusório), retaliando e
demonstrando um ar de su-perioridade aos outros,
esquecendo com isto que inúmeros gênios acreditavam
em um Criador, como Da Vinci, Edson, os
Filósofos Gregos, Newton, Descartes, etc. Fazendo
pouco uso da absorção de conhecimentos, ficam no
comodismo por já ter sua verdade máxima, e entram na
ludibriação do Contínuo Ilusório, é ai que um ateu
torna-se extremista. 32
O religioso que é vagante do caminho fácil,
tendo sua verdade última baseada somente nos seus
Bruno3.indd 32 1/24/18 12:47 PM
Contínuo ilusório

Apesar de a história provar, especialmente pela Idade


Média, que houve esses ataques brutais por parte dos religio-
sos que seguiam o Contínuo Ilusório, não é o suficiente para
eu me basear no comportamento destes como justificativa
para tornar-me ateu, pois a generalização e não observação
é a arma contra à inteligência, e isentar a capacidade de
enxergar outros ângulos e outras ideias é contra a raciona-
lização e contemplação do Belo que nos cerca, tanto que a
natureza ao nosso redor está repleta do princípio da origem.
Do mesmo modo, atacar um ateu e ignorar todas as suas
refutações não é uma atitude proeminente, depositar sobre
o cético a observação dos erros que eles vêem em alguns
crédulos é conseguir extrair pontos positivos e agregá-los,
é isto que o religioso que não está no caminho fácil faz, se-
guindo verdadeiramente as palavras que conduzem ao rumo
da ética e moral, ele passa a valorizar todos os humanos e
reconhecer que a verdade absoluta está em todo lugar e deve
ser dolorosamente estudada, entrando no caminho estreito.
Não importa qual a índole, a crença, o comportamento
e a individualidade. O Contínuo Ilusório é o ponto mais
grave do caminho fácil, gerador de extremistas e fanáticos, é
extremamente fatigante para aquele que o penetra e muitas
vezes costuma escravizar o intelecto entorno daquela verdade
absoluta que foi criada para si.
Quando a pessoa é aquela que não vai atrás da verdade
absoluta, e a mesma entra nesse contínuo, costumeiramente
o palco se engendrará por crises existenciais, depressões, falta

33

Bruno3.indd 33 1/24/18 12:47 PM


de respostas e significado para a vida, inatividade da inteli-
gência, comportamentos falsos, fúteis e hostis, seguimento
antiético e desmoralizante para a sociedade, enfim, uma série
de consequências, tudo aquilo que é tomado por aqueles
que vivem em engano e não procuram tentar conhecer
realmente a si mesma acaba que tombando neste ínterim.

34

Bruno3.indd 34 1/24/18 12:47 PM


••
CAmiNHo DiFÍCiL

Bruno3.indd 35 1/24/18 12:47 PM


P
or milhares de anos o ser humano vem tentando
encontrar respostas para perguntas como “Qual o
sentido da vida? ”. A filosofia que, ao que tudo indica,
parece ter se iniciado com Tales de Mileto em meados de 700
A.C, visa encontrar vestígios de perguntas sem respostas. A
pesquisa profunda pela verdade absoluta advém da Filosofia,
e quando falamos a respeito de caminhos fáceis ou difíceis,
estamos nos referindo a esse tipo de teorema.
“É fácil aceitar o que desde criança te ensinaram que é
errado. Difícil é quando adulto, entender que te ensinaram
errado o que desde criança você suspeitou que fosse correto”.
Em outras palavras, se você se enquadra em alguém
cujos estímulos do meio lhe determinaram certo compor-
tamento, fazendo com que estivesse à mercê de crenças já
providas e bem estabelecidas em dogmas e rituais, com
uma massa concentrada de pessoas nela, ou, permitindo-o
ficar no conformismo, aceitando o conceito de felicidade e
de sentido da vida embutido pela mídia e pela sociedade,
então claramente você faz parte do caminho fácil para a
busca pela verdade absoluta.
Acaso se enquadre na segunda opção, ou seja, aquele
que suspeitava de todo conjunto de crenças que lhe foi
enraizado, então este tem tudo para ser um investigador
da veracidade nas coisas ao seu redor, entrando em um
caminho mais complicado, no qual uma minoria se arrisca
ou enfrenta com bravura indômita.

36

Bruno3.indd 36 1/24/18 12:47 PM


Caminho difícil

Em suma, o caminho fácil é de quem tem uma verdade


absoluta e o caminho difícil, ironicamente, é de quem busca
uma verdade e não cria absolutismo para si, deixando, com
isso, de se fechar para novas ideias.
Quem anda pelo caminho difícil busca apreender novos
valores, assim, quebra velhos paradigmas e transforma a si
mesmo. A natureza sempre se transforma e segue um fluxo
incessante. A árvore da vida só brota e gera frutos com a
transformação de si mesma.
O homem que busca se aprimorar está sempre traba-
lhando, assim sua semente arrebenta e cria raízes. E quan-
to mais faz isso, maior seus ramos, podendo proteger os
pássaros ao redor (ajudar o próximo). Pois quanto mais se
adquire, mais tem. Quanto menos, menos terá.
Novamente, vai ser requerido que se compreenda quan-
to à forma, porém, desta vez não mais do caminho fácil,
visto outrora, mas sim do difícil, no qual estamos delineando
sobre as entrelinhas.

Vimos que o caminho fácil é uma reta, sem curvas,


retilínea e uniforme. No entanto, o caminho difícil é bem

37

Bruno3.indd 37 1/24/18 12:47 PM


apresentado como tendo inúmeras curvaturas, e justamente
por não ser uniforme, não se pode ver o fim. Diferentemente
da ilusão acarretada nos que seguem o caminho fácil em
achar que estão vendo o final da trilha, este novo rumo será
cheio de barreiras e poucos são os que se determinam a elas.
Para se ter uma devida noção do quão ardiloso é perme-
ar este percurso assim como glorioso e virtuoso, basta que
nos baseemos na vida de grandes homens que vieram para
a Terra. Contudo, é necessário primeiro apreender quanto
às formas de se seguir essa direção. E elas serão divididas
em duas também. Desta vez não será classificada com os
que já têm a resposta, sendo ela falsa, e os que não vão atrás
das mesmas. Mas sim dos que já têm a resposta, sendo ela
correta, e os que irão atrás dela com todo vigor.
Poder-se-ia me questionar sobre o porquê de os que já
têm a verdade absoluta, sendo ela verossímil, ter que passar
pelas dificuldades do caminho difícil. Mas isto seria indaga-
do por pessoas que não analisaram a vida de homens assim.
Tomemos Jesus Cristo como exemplo, saberíeis que o mes-
mo alcançou a máxima, no entanto, foi um dos homens que
mais sofreu, seja pela ignorância dos arredores (por estarem
no C.F) ou pela violência dos próprios contra ele (por não
aceitarem os do C.D, mais tarde veremos a respeito disso).
Também temos Buda, que seguia o caminho conformista
e fácil com uma vida de príncipe, sem preocupações, e de
repente resolveu tomar a trilha difícil, passando a fazer
meditações intermináveis e jejuando.

38

Bruno3.indd 38 1/24/18 12:47 PM


Caminho difícil

O mesmo acontece com inúmeros outros, santos como


São Francisco de Assis, que tendo encontrado a verdade
inexorável por meio de uma experiência divina, passaram
a lutar pela laboriosa força intelectual, espiritual. física,
etc. Tudo com a tentativa inescrutável de mudar o mundo
para um lugar melhor e em comunhão com a verdade. E,
acredite, mudar o mundo exige muito suor. Aqueles que já
têm a verdade sofrem muito mais do que os que não têm e
tomam uma mentira como verdadeira. E a pior de suas dores
será sempre o ataque ignóbil das massas por não aceitarem
aquele fato fidedigno, e comumente só será validado com
o perecer deste, quando o tempo presenteia a História para
aquilo que é real.
Assumindo outra perspectiva, temos os que seguem
vias diferentes no caminho difícil, refiro-me, claro, aos
que, embora não tenham a verdade, vão atrás dela. Estes
só sobreviverão a esta rota se não se cansarem de descobrir,
pois em cada esquina há um mistério, a cada dificuldade
uma descoberta. Façamos alusão aqui a pessoas como
Leonardo da Vinci, Nikola Tesla, Platão, etc. E enquadre-
mos eles neste percurso, pois suas lutas são demonstradas
pelas pouquíssimas horas dormidas e por muitas vezes um
isolamento que só se acomete nos que penetram esta via,
uma vez que, tendo ela muitas curvas, uma hora a pessoa
se encontra sozinha e incompreendida pelo grande número
que anda sobre a linha reta.
Quem sabe não foi por este motivo que Vincent Van
Gogh cortou um pedaço de sua orelha direita, ou que o

39

Bruno3.indd 39 1/24/18 12:47 PM


Nietzsche enlouqueceu? Há sacrifícios em perambular pelo
rumo complexo, por isso ele é difícil.
São Thomás de Aquino creditou o encontro para a
verdade por duas formas diferentes: pela fé; experiência
divina e mística; capaz de lhe arrebatar para o estado final.
Ou pela razão, intelecto e ciência. Estas duas concepções só
são outorgadas pelo caminho difícil, pois fazem parte da-
queles que encontraram a verdade absoluta. Em suma, não
se pode chegar à verdade por estas características se você for
um indivíduo que ronda pelo C.F. As experiências místicas
assombram aqueles que adotam um conjunto de aspectos
como: disciplinado, visionário, criativo, ético e moral.
O mesmo se exige daquele que segue pela razão, in-
telecto e ciência na busca pela verdade, pois isto também
requer aquelas posturas e elas não são vistas no Caminho
Fácil, justamente pelo C.F ser do modo como se lhes foi
apresentado.
O caminho difícil não apresenta uma restrição para
nenhum tipo de pessoa, não discrimina e nem age com
preconceito. Como eu havia dito anteriormente, até mesmo
um religioso pode atingi-lo, como bem visado nos Santos,
por exemplo. Apesar de raro, muitas vezes quando um
crente busca verdadeiramente se aprofundar no que está
por trás das mensagens e preceitos de sua religião e, ainda
mais, colocar em prática as condutas que a mesma estabe-
lece, ele passa a adotar uma perspectiva multifocal e abrir
mais sua mente, percebendo que a verdade é um estado de

40

Bruno3.indd 40 1/24/18 12:47 PM


Absorção dos conhecimentos sensíveis

contemplação de todas as coisas ao seu redor, e isso equivale


até mesmo para as ideias dissidentes.
Deste modo não terão as escrituras ao pé da letra como
verdade única e absoluta, mas procurarão ver a verdade
máxima dentro dela e em diversas outras áreas, sendo
exploradores eles acabam que fazendo parte do Caminho
Difícil e interpretando corretamente as palavras que lhes
tomam como sagrada.
Quando, porém, já tomam suas crenças religiosas como
verdades irrefutáveis, e sem aceitar outras perspectivas, já
não terão ação nenhuma que os levem para além daquilo,
para o extremo de sua essência. Assim, não necessitarão
buscar por meio da razão, observação e interpretação dos
sentidos – pois segundo eles, já tem a verdade – e nem terão
acesso a revelação pela fé divina. Pois a fé existe quando se
tem obra. E aquele que já tem a “verdade absoluta” não tem
obra para obtê-la. Fator que lhe incute no caminho fácil.
O ateu também pode penetrar nessa estrada, uma vez
que seja um autêntico investigador, talvez ele nunca sofra
um arroubo, mas nada que não lhe permita atingir à epi-
fania pela interpretação dos sentidos ou descoberta de algo
que lhe cause um colapso no ego, seja por perceber o quão
a natureza é perfeita, por submergir pelo estudo teórico ou
empírico na astronomia, ou por qualquer coisa do tipo que
faça com que ele busque uma verdade que ainda não tenha.
Se perpassarmos nossa lembrança entorno do C.F, ve-
remos que até mesmo prodígios poderiam fazer parte dela.

41

Bruno3.indd 41 1/24/18 12:47 PM


No entanto, no C.D, por sua vez, veremos a versão oposta
e o quanto ela é mais proveitosa, ou seja, dos criadores
(daqueles que geram ou aceitam novas ideias e maneiras
diferentes de pensar).
Todo ser humano que busca gerar novos valores ou
aceitar ideias que antes eram diferentes ou desconhecidas das
suas, transformam a si mesmo. Transformando a si mesmos,
transformam a natureza ao redor (incluindo a realidade das
outras pessoas). Seguir o padrão da natureza é o método
exigido para descobrir a magia natural dentro de si. Porém,
não há outra maneira a não ser pelo caminho difícil.
O universo exige nosso sacrifício. Todos nós falhamos,
mas existem os ousados e ambiciosos que conseguem superar
seus erros, sendo resilientes, e que percebem que quanto
mais praticarem e gastarem energia, mais falharão, e deste
modo conseguirão um dia superar suas barreiras, transfor-
mando totalmente sua vida e a do próximo.
Vide acima como o criador, um mente aberta datado
a aceitar novas ideias, sofre na procura por desvendar algo
de natureza abstrata e materializá-la ao mundo, decerto é a
investigação insidiosa da verdade que o faz conseguir essas
proezas e lutar por elas. Por isso o pico da exploração do
C.D só se dá pelos audazes, e entre eles com toda certeza se
permeia os criadores, e para ser um autêntico criador, terá
que passar para um nível mais profundo do C.D. Gosto de
nomear este nível como “Contínuo Paradoxal”.

42

Bruno3.indd 42 1/24/18 12:47 PM


••
CoNTÍNuo PArADoXAL

Bruno3.indd 43 1/24/18 12:47 PM


D
iferente do Contínuo Ilusório (contido no C.F),
que persuadi cada vez mais o andante de perma-
necer lá pela ilusão, o Contínuo Paradoxal (con-
tido no C.D) também tende a lhe persuadir a ficar, só que
desta vez é atraído pelo saber. Mesmo com suas dificuldades
crescentes, e mesmo que fique cada vez mais difícil perdurar
nesta trilha se você não exercitar mais e mais seu saber em
busca da verdade absoluta, o que ali vagueia já não quererá
retroceder, pois que, uma vez estando com a verdade, ele
estará liberto do véu da ilusão. As barreiras são cada vez
maiores e em grande escala, talvez por isso que eu goste
de imaginar o Contínuo Paradoxal como um verdadeiro e
complicado labirinto.

A palavra “paradoxo” remete-se à inerência com a


verdade absoluta, pois esta, ao que parece, é impossível ser
alcançada pelo homem no nível evolutivo atual. No entanto,

44

Bruno3.indd 44 1/24/18 12:47 PM


Contínuo paradoxal

aqueles que a procuram com grande veemência, acabam se


submetendo a este labirinto, e quando se chega aqui, muitas
coisas hão de acontecer.
Na física, as equações têm uma propriedade conhecida
como caos, pela qual uma pequena alteração na posição ou
velocidade em um determinado momento pode levar a um
comportamento completamente diferente em momentos
futuros.
Do mesmo modo acontece com aquele que perambu-
la pelo Contínuo Paradoxal, pois o ímpeto de descobrir
coisas complexas acarreta em maiores e mais informações
desconhecidas, fazendo com que a cada descoberta surja
mais dúvidas pluralizadas, e quanto mais questões para
solucionar, mais conhecimentos deve-se absorver, de áreas
cada vez mais distintas, deixando a pessoa sobre um ver-
dadeiro labirinto. Ora, claro que se o indivíduo procura
explicações para perguntas sem respostas ele vai percorrer
inúmeras áreas de conhecimento a fim de adquirir o máximo
de informações possíveis.
Dentro do processo de armazenamento de informações,
sua percepção irá comumente se expandir, de modo tal que
ele ficará cada vez mais submerso em uma onda de inda-
gações e investigações. Neste momento, ele se tornará uma
minoria, pois terá uma sabedoria além daquela das pessoas
comuns que nada buscam apreender – caminho fácil.
Praticamente todos que vagam pelo caminho difícil são
investigadores, pessoas que aprimoram o intelecto e o saber.

45

Bruno3.indd 45 1/24/18 12:47 PM


No entanto, dentro do Contínuo Paradoxal é que vai estar
os que dão um passo a mais, e estamos a falar dos criadores
e transformadores. Pois bem, quando se investiga a verdade
máxima a todo custo, o ser que nisto permeia, começa pouco
a pouco a perceber que há um limite nos conhecimentos que
o ser humano descobriu até o tempo atual, e, não haverá
muitas opções para este sujeito: ele pode continuar investi-
gando, ficando aí no caminho difícil, como também poderá
muito bem retroceder, estagnar, desistir, encontrando uma
supérflua verdade absoluta ou simplesmente parando de ir
atrás, deste modo, ele fará parte agora do caminho fácil (mas
sempre manterá sua essência); ou então ele vai além daquelas
muitas informações que tanto suor derramou para adquirir
enquanto vagueava pela estrada difícil, e com isso passa a
criar e originar novas informações que a sua raça ainda não
havia implementado na sociedade até então, adentrando
no Contínuo Paradoxal.
Um criador lança-se em direções desconhecidas e está
o tempo inteiro em uma labuta itinerante para conseguir
originar algo novo, quer sempre entender o “porque” das
coisas, e são os alvos mais próximos de alcançar a verdade
absoluta. Eles não se deleitam apenas com a verdade já im-
posta por outrem, nem se deixam estagnar por uma teoria
em afim, no entanto, eles nada ignoram e procuram extrair
tudo de positivo em todas as coisas e obstruir o negativo.
Um criador encontrará mais complicações que um mero
investigador, pois além de investigador, ele terá de originar

46

Bruno3.indd 46 1/24/18 12:47 PM


Contínuo paradoxal

algo abstrato e materializá-lo (este processo pode ser interno,


pessoal e psíquico).
Essa tentativa muitas vezes incorre com a assídua von-
tade de encontrar a verdade por detrás daquela ciência.
Uma pessoa que cria é um verdadeiro pensador, aquele que
investiga é um autêntico, e os demais que não vão atrás ou,
pior, acham que já tem todo o absolutismo, são os mecani-
zados, pelo qual o esforço do pensamento não se destaca.
Um indivíduo inerte é como uma árvore que, por não
dar frutos, é cortada pela raiz. Imagine-se tentando dar um
avanço na física, com todas as informações já encontradas
por outros criadores que também tinham obsessão pela
verdade. Ou então tentando se destacar na biologia, na
filosofia, matemática, geografia. Sim, é deveras complicado
e este é o motivo pelo qual muitos que conseguem ajudar
no progresso da ciência são tidos como gênios. Em suma,
os que entram para História fizeram muito mais parte do
Caminho Difícil e seu Contínuo Paradoxal do que os do
Caminho Fácil com seu abarrocado Contínuo Ilusório.
Pois certamente foram pessoas destinadas a encontrar a
verdade, e, com isso, autênticas criadoras. Por isso, os santos
que entraram em Êxtase conseguiram sua via da verdade
total, os gênios que alavancaram a raça humana também
tiveram sua parcela por outro trajeto, os líderes por outra
direção, e por aí vai. Mas todos eles se esforçaram e inova-
ram. Talvez, presumo, este mundo tenha sido criado por
forças como as nossas, mas em ritmos diferentes evolutivos

47

Bruno3.indd 47 1/24/18 12:47 PM


e não sejamos meros co-criadores de um mundo já com seu
prototípico, fazendo com que nosso objetivo realmente seja
de sermos criadores (transformadores) na semelhança do
princípio e da essência pela qual fomos originados.
Costumo dizer que “o homem que procurar a verdade
absoluta só encontrará vestígios da mesma se ela for um
princípio pensante de seu último suspiro”.
Bom, para esta particularidade convém declarar mais
um obstáculo para os sofredores que permeiam o Contínuo
Paradoxal e seu devasto labirinto. Não poderia ser mais
claro se não apregoasse na dimensão desse ditado o ato do
ataque das massas. Sim, o último suspiro porventura ocorreu
em muitos destes vagantes, e decerto suas desafortunadas
buscas lhes levaram à morte, tendo que encontrá-la talvez
lá mesmo. Isto porque aquele que procura a verdade e se
torna um criador será costumeiramente atacado por bandos
que não compartilham com suas opiniões ou descobertas.
E, de certo modo, a massa de pessoas alienadas fazem parte
do Contínuo Ilusório, ou apenas costumam passear pela
estrada do Caminho Fácil.
Alguém uma vez falou que o tamanho de uma ideia é
visto pela força que se levanta contra ela. Isto não poderia
estar mais correto. Aqueles que procuram a verdade tendem
a expandir sua percepção, ficando muitas vezes a frente
de seu tempo, eles encontram novas soluções e adquirem
mais informações que a massa, assim, tornam-se uma mi-
noria. Demais, estes serãomotivo de chacota por não serem

48

Bruno3.indd 48 1/24/18 12:47 PM


Contínuo paradoxal

compreendidos, além do que, muitos que criam se tornam


excêntricos, pois seus comportamentos se diferenciam e eles
por deveras rejeitam agir como uma manada.
O efeito do ataque de um grupo maior sobre uma
minoria que apresenta ou aceita ideias novas não pode ser
generalizado, pois que, quando essa verdade não se ofusca,
ela tende a chamar a atenção de inúmeras pessoas do cami-
nho oposto, que passam a perceber que estavam na direção
errada e começam a seguir aquela ideia originada por alguém
do caminho difícil, chamamos isso de valorização de uma
criação, ou simplesmente de renascimento pessoal, porém,
nas mais das vezes tem-se a rejeição, e veremos que ela se dá
por uma disfunção das divergências dos caminhos.

CAMINHO FÁCIL

CAMINHO DIFÍCIL

O Caminho Fácil é diferente do Caminho Difícil, em


outras palavras, as estruturas divergem. No entanto, muitos
se questionarão: “Se este é um fator corriqueiro para que os
que trilham o C.F ataquem os do Caminho Difícil, então,
estes últimos, que também têm sua estrutura divergente da

49

Bruno3.indd 49 1/24/18 12:47 PM


primeira, também atacarão os do Caminho Fácil”. Convém
salientar que cada caminho apresenta tipos de dificuldade,
princípio e importância diferentes. Assim, sendo o caminho
fácil uma falsa verdade ou uma ineficiência investigativa da
mesma, encontrar-se-ia muito atrito quando comparados
aos que percorrem a trilha mais dificulta, que está mais
próxima da verossimilhança.
Já, por sua vez, os que se encontram presente no C.D,
ter-se-ão a devida noção de que sua trilha é mais verdadeira.
Em síntese, os do caminho fácil não conseguem enxergar
os conteúdos imersos naquela outra trilha cheia de curvas,
e por isso agridem os que nela consentem, pelo medo do
desconhecido. E, os do caminho difícil, compreendem fa-
cilmente ao olhar aquela reta que paira sobre o C.F, devido
seu padrão simplista, e sabem exatamente que ali não é a
passagem correta, entendendo também a ignorância dos
presentes e respeitando-os por não optarem pela estrada
oposta, uma vez que ela seja muito fatigante e penosa, eles
relevam e respeitam, pois, afinal, não é para qualquer um.

50

Bruno3.indd 50 1/24/18 12:47 PM


••
rAmiFiCAÇÃo E
oPoSiÇÃo DoS
CAmiNHoS

Bruno3.indd 51 1/24/18 12:47 PM


C
omo vimos, os caminhos difíceis são extremamente
opostos dos caminhos fáceis, e vice versa. No en-
tanto, os caminhos difíceis também terão opostos
entre si, que se diferenciam apenas pelos valores internos,
tamanho, carga, dificuldade ou facilidade em segui-lo. O
mesmo vale para o caminho fácil. A seguir, a forma expli-
cativa desta situação.

Caminho Caminho
Difícil Fácil
≠ ≠ ≠


Como vêem, independente da ramificação do caminho


fácil, todas as vias são retas, conforme a sua forma original.
Em contraste, as diferenciações do caminho difícil são todas
com trajetórias complexas e dificultas. E o Caminho Fácil
e Difícil são distintos entre si.
Muitas pessoas podem seguir uma linha reta que seja
diferente da linha reta seguida por outras pessoas, deste
modo, você pode achar que tem uma verdade absoluta
advinda de uma ideologia com muitos seguidores, mas, no
entanto, há milhões de sujeitos que acreditam também ter
sua verdade máxima, porém, imposta em outra ideologia

52

Bruno3.indd 52 1/24/18 12:47 PM


Ramificação e oposição dos caminhos

diferente da sua. Assim, ambos estão no C.F, só que em


estradas antagônicas.
O mesmo raciocínio vale para o C.D, embora seu fun-
cionamento se dê por outras maneiras. Ora, quando falamos
do caminho difícil temos que entender que estamos lidando
com níveis de complexidade, suas estradas são escolhas feitas
pelos seus usuários com o intuito de encontrar a verdade
absoluta. Então, seja ele um rapaz que optou pela via da
espiritualidade, do misticismo, da ciência, do saber, pouco
importa, os vales podem até não se cruzar, mas todos car-
regam o mesmo princípio.
As ramificações e oposições do C.F podem gerar uma
série de prejuízos, em geral, facções disputam para demons-
trar que sua reta é melhor que a paralela, e todos querem
demonstrar o quão seu Deus é mais revelador que o do
oposto. Os do C.D comumente diriam para estes: “A ver-
dade é o caminho oposto”, com a finalidade de lhes incutir
o fato de que a trajetória difícil é muito mais virtuosa que a
fácil pela qual os extremistas embebedam-se. Todavia, vale
salientar que raramente se vê choque e rivalidade entre as
ramificações do C.D, pois que, os que nelas perambulam
conseguem aprimorar o intelecto e o saber, atenuando a
selvageria mediante a dominação de sua própria natureza e
adquirindo um caráter ético e moral.
Tudo isso não seria mais digno possível do que para os
que ali vagueiam, afinal, é por estas rotas que se há inúmeros
sofrimentos, tornando os que nela passam mais experientes.

53

Bruno3.indd 53 1/24/18 12:47 PM


A dificuldade em encontrar a verdade última lhes faz con-
templar a beleza da estrutura cosmológica em que se enra-
ízam, justamente por perceberem que ela é extremamente
complexa e perfeita enquanto nós, terráqueos, somos uma
centelha da própria (porém com a mesma semelhança).
Acabo de receber um fortuito insight, algo tocou meu
espírito ordenando que eu faça desta última frase citada a
pouco o axioma deste livro: “A verdade é o caminho oposto”.
Sim! Perpetuar por uma só passagem é enveredar sobre o
erro e a ilusão.
Como toda dissidência, algumas serão por conceitos
totalmente diferentes, mas, outras serão assuntos da mesma
área, porém, com negação uma d’outra. Isto em si reflete
que, salvo as exceções, aquele que visita todas as ramificações
consegue adquirir uma visão mais multifocal e chegar em
uma síntese mais bem elaborada. Ele perpassa os ramos da
árvore da vida.
Quando criança, somos verdadeiros exploradores, gos-
tamos de perambular entre os caminhos e de nos autode-
nominar detetives. Não seria difícil para uma criança que
pernoita pelas investigações não muito assíduas do caminho
fácil explorá-las até seus limites, afinal, todas têm suas es-
truturas muito parecidas, com muitas retas elas acabam por
demonstrar que apresentam o mesmo princípio e o mesmo
fim. No entanto, as do caminho difícil porventura são mais
zelosas, o nível de curva e quantidade da mesma é que irão
determinar os limites de um explorador, neste caso é exigido

54

Bruno3.indd 54 1/24/18 12:47 PM


Ramificação e oposição dos caminhos

boa dose de abstração e muito esforço imaginativo. Em


suma, se você acredita que está no caminho certo, pare e
pense na possibilidade de a verdade ser o caminho oposto.
Pois “muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos”
(Mateus 22:14).

55

Bruno3.indd 55 1/24/18 12:47 PM


••
A LEi Do ComPLEXo
CurVATÓrio

Bruno3.indd 57 1/24/18 12:47 PM


H
á ainda um outro emblema para percorrer, e
ele tem a ver com a formação dos caminhos do
ponto de vista do observador. Isto é, existe um
Complexo Curvatório no qual tende a explicar o porquê
das pessoas que seguem o Caminho Difícil e, em geral, seu
Contínuo Paradoxal, não serem compreendidos e muitas
vezes retaliados.
Alguém a frente do Caminho Fácil pode facilmente ser
entendido por outrem que acabou de imigrar para esta traje-
tória, pois ela é reta e todos que seguem seu percurso sabem
como são os passos e a forma a ser enfrentada. No entanto,
a lei do Complexo Curvatório consiste em dizer que:

LEI → “Quanto maior a distância percorrida pela curva,


maior o desentendimento e a incompreensão dos que estão
atrás ou seguem uma linha reta”.
Isto porque o percurso com inúmeras barreiras e traços
diferentes não permite sua visualização para aquele que ob-
serva de um ponto de vista distante, impedindo de adquirir
suas informações. Então, analisemos a imagem a seguir:

Contínuo Paradoxal

C.F

C.D
Contínuo Paradoxal
Caminho Difícil
Caminho Fácil

58

Bruno3.indd 58 1/24/18 12:47 PM


A lei do complexo curvatório

Vide acima e adote isto como uma perspectiva de tabela


de estudos. As três esferas com cores distintas servem para
representar indivíduos, ou seja, cada esfera é um andante. Se
analisarmos bem, o indivíduo representado por uma esfera
vermelha se encontra submerso no Contínuo Paradoxal; já
a esfera azul, por sua vez, está situada no Caminho Difícil,
mas ainda não adentrou em sua máxima – Contínuo Para-
doxal – e não se sabe se o mesmo irá conseguir chegar até lá;
quanto à esfera preta, ela é um vagante do Caminho Fácil.
Do ponto de vista de que cada um deles é um observa-
dor, então, de acordo com a lei do Complexo Curvatório, o
indivíduo que se apresenta no C.F não consegue enxergar a
localização dos outros dois, pois estes estão além e em curvas
com obstáculos inacessíveis para o mesmo. E, o que está no
C.D, como esfera azulada, não acessou ainda as informações
do que está no Contínuo Paradoxal, mas, se atentarmos
para o percurso dele já desenvolvido (marcado pela linha
traçada em azul), veremos que ele já conhece bem o C.F e
sua respectiva trajetória.
Quanto ao que se encontra no labirinto, conseguiu a
máxima e é incompreendido pelos demais, por conseguinte
este conhece muito bem as vias dos outros observadores,
uma vez que sua trajetória já foi demarcada por aqueles
bosques e subúrbios do C.D, e pela via aberta do C.F.
Além da demonstração do paradoxo de incompre-
ensibilidade conforme o nível de dificuldade adentrada,
temos também a simbologia outorgada pelo tamanho da

59

Bruno3.indd 59 1/24/18 12:47 PM


estrada posta na imagem. Logo, o C.F tem maior abertura,
no decorrer do tema o C.D fica menos frouxo, seguindo
periodicamente o trama, se emerge o labirinto com suas
milhares de trajetórias estreitas. Tudo indica que a Verdade
Absoluta apresenta um mecanismo de defesa que se ativa
cada vez que o ser humano tende a chegar mais perto dela.
O porquê disto não se sabe, mas do ponto de vista
filosófico, eu diria que o homem que procura entender o
universo merece a dificuldade e sua elevada complexida-
de como resposta de que ele está cada vez mais perto da
verdade, dado à subjetividade dele próprio e da perfeição
ainda incompreendida pela nossa vã inteligência. Quanto
mais difícil parece ser, mais chances de estar próximo da
verdade. E quanto mais complicada você acha a vida, mas
você está entendendo-a.

60

Bruno3.indd 60 1/24/18 12:47 PM


••
HiErArQuiA DoS NiVEiS
DE DiFiCuLDADE

Bruno3.indd 61 1/24/18 12:47 PM


E
m vista do raciocínio bem elaborado a pouco, po-
der-se-á surgir muitas indagações, e uma delas diz
respeito ao delineamento utilizado em prol das esferas
na última imagem. Assim, é válida a ponderação de que, se
a esfera vermelha entende as outras por ter perpassado por
elas, então pode muito bem haver uma esfera que esteja
no Caminho Fácil e compreenda o C.D e seu Contínuo
Paradoxal por ter passado por elas também. Admito, con-
tudo, que isto seja possível, porém, improvável. E o que vai
determinar essa refutação é o fato dos níveis de dificuldade
dos caminhos e seus contínuos apresentarem uma hierarquia
inteligente.

NÍVEIS DE DIFICULDADE

Contínuo
Paradoxal

Caminho difícil

Caminho fácil

Contínuo ilusório

Como podemos observar pela pirâmide, o nível de


dificuldade é o que estabelece se ele compreende níveis

62

Bruno3.indd 62 1/24/18 12:47 PM


Hierarquia dos niveis de dificuldade

inferiores, mas níveis inferiores podem não compreender


os níveis superiores. E o CF é um nível inferior em termos
de dificuldade, enquanto o C.D é superior a este e inferior
ao Contínuo Paradoxal, que é sua máxima, e por aí vai.
A dificuldade é muito bem representada pelos núme-
ros que se apresentam nelas. Em vista de que o Contínuo
Ilusório é o com maior número de pessoas, e o Contínuo
Paradoxal por sua vez é o que se apresenta uma minoria,
fica claro qual o nível mais difícil e o porque. Não obstan-
te, é muito mais fácil uma pessoa que esteja no Contínuo
Paradoxal ter passado por todos os outros caminhos, os
entendendo, do que um sujeito do Contínuo Ilusório ter
feito todas as trajetórias e entendido elas.
No tocante a este assunto, ressalvamos que essa é uma
das causas da percepção elevada daqueles que estão no pico
da pirâmide, e quanto mais acima, maior a percepção em
contraste com os debaixo. Ademais, uma pessoa que está no
Contínuo Paradoxal dificilmente voltará aos outros níveis,
pois ele já entende as estruturas e quais os malefícios assim
como seus benefícios.
No máximo, pode ocorrer um mascaramento, uma dis-
simulação da pessoa que está no alto para conseguir andar e
socializar com sobre os outros. Isto se é necessário e até justo,
uma vez que aqueles que estão na parte inferior da pirâmide
comumente atacam quando percebem alguém no superior.
Giordano Bruno não dissimulava e como consequência teve
de ficar fugindo e perambulando por toda a Europa.

63

Bruno3.indd 63 1/24/18 12:47 PM


Apelemos agora para o outro ponto de vista, veja, não
faz sentido uma pessoa no C.F ou Contínuo Ilusório já ter
migrado sobre o C.D ou Contínuo Paradoxal, pois quem
descobre uma mina de ouro não ignora e a põe de lado.
Se o ser humano é dotado de uma inteligência dife-
renciada dos outros animais, então convém salientar que
o aprimoramento da mesma, estando alinhada e vinculada
ao C.D e seu Contínuo Paradoxal, faz com que a pessoa
que ali se incute perceba que este realmente é o verdadeiro
sentido da vida e a causa de viver. Portanto, aqueles que se
encontram longe dessa primazia, estão muito mais iludidos
e alienados que os outros.
Em respeito a dissimulação dos que estão acima para
poder se relacionar com o resto da massa e não ser atacada
por ela, podemos perceber uma clara mensagem de Platão
sobre este assunto:

“Se compreendesse que o mesmo se passa com a alma, quando


visse alguma perturbada e incapaz de ver, não riria sem razão,
mas reparava se ela não estaria antes ofuscada por falta de hábito
por vir de uma vida mais luminosa, ou se, por vir de uma maior
ignorância a uma luz maior brilhante, não estaria deslumbrada
por reflexos demasiadamente refulgentes; à primeira, deveria
felicitar pelas suas condições e pelo seu gênero de vida; da
segunda, ter compaixão e, se quisesse troçar dela, seria menos
ridículo essa zombaria do que se se aplicasse àquela que descia
do mundo luminoso e que ainda não se adaptou à pequenezas”.

Ao ler o texto, pode-se travar uma analogia com a des-


cida daquele que faz parte do topo da Pirâmide para baixo;

64

Bruno3.indd 64 1/24/18 12:47 PM


Hierarquia dos niveis de dificuldade

assim como uma subida dos que estão na região inferior


para uma mais elevada. Deste modo, aqueles que descem
são vistos pela massa alienada como desengonçados, dife-
rentes e estranhos.
Claro, por mais que disfarcem, suas condutas não são
as mesmas, uma vez que os que estão no C.D tem mais co-
nhecimentos e procuram coisas que não estão em afinidade
com os do C.F e Contínuo Ilusório, e, por conseguinte que
aqueles usuários do Contínuo Paradoxal sejam criadores
e autotransformadores de si mesmo, então obviamente
eles estariam aparentemente perturbados por não estarem
adaptados e não conseguirem se encaixar em um meio tão
inculto e carecido de sabedoria.
Em contrapartida, aqueles que passam a descobrir no-
vos horizontes e saem da ignorância para ir rumo à luz, se
deslumbrariam pelo reflexo fumegante da mesma, acarre-
tando-se um colapso do ego, ficando de início estarrecido e
inoculado em um novo princípio, uma natureza totalmente
inimaginável quando este ser se encontrava apenas nas
redondezas promíscuas e astutas do Contínuo Ilusório e
Caminho Fácil.
Convém dizer também sobre a necessidade urgente que
os que estão acima se encontram de permear os debaixo,
uma vez que o ser humano conviva e muitas vezes necessite
do meio social, e que a grande maioria faz parte do C.F, en-
tão decerto os do C.D devem fazer essa investida. Ademais,
é evidente que muitos se isolam.

65

Bruno3.indd 65 1/24/18 12:47 PM


••
SELVAGEriA X
SABEDoriA

Bruno3.indd 67 1/24/18 12:47 PM


E
ste é um tópico curto e fácil de se compreender.
Quando o ser humano é bem-educado, ele passa a
agir de forma ética e moral, porventura o processo
civilizador também trava uma tentativa de educar aqueles
que se inserem nele. Mas, indo um pouco além, na lógica,
aquele que adquire conhecimentos tende a ter – por mais
que seja muito difícil – mais chances de se autoconhecer,
e, deste modo, o mesmo irá hora ou outra atrás da verdade.
Passando para o Caminho Difícil e Contínuo Paradoxal.
Já o outro lado da moeda, quando se atenua a educação,
a pessoa fica fatigada e mais facilmente manipulada por um
falso conceito de felicidade, não aprimora o intelecto e não
busca a verdade, esta por sua vez irá invariavelmente optar
pela via mais fácil. Sem instrução, acaba penetrando nos
recônditos mais sombrios do Contínuo Ilusório onde visa
tão somente o alimento dos prazeres sensoriais e mundanos
em demasia, possuindo a si mesmo, ou nega estes prazeres
e alimentos sensoriais em demasia, negando a si mesmo.

SELVAGERIA X SABEDORIA
Caminho Fácil Caminho Difícil
Contínuo Ilusório Contínuo Paradoxal

68

Bruno3.indd 68 1/24/18 12:47 PM


••
AS ViSiTAS DoS
ViZiNHoS oPoSToS

Bruno3.indd 69 1/24/18 12:47 PM


T
alvez, ao embarcar na leitura deste livro até o ponto
que aqui incorre, já tenhas se posicionado quanto
ao caminho que vens seguindo. De qualquer for-
ma, no que diz respeito ao título deste tópico, dever-se-ia
indagar: Quais caminhos pertencem as pessoas que me ro-
deiam? Ora, não apenas imaginaríeis os vizinhos no termo
figurativo, da casa ao lado. Não pense na morada próxima
da sua, mas sim no que toca o caminho das pessoas que
convivem com você, seja voluntaria ou involuntariamente.
E pergunte-se: Eles seguem a mesma trilha que eu sigo?
Como é o comportamento dos que seguem uma pas-
sagem oposta à minha? E como é meu envolvimento para
com aqueles e para com estes, que por sua vez traçam uma
rota igual?

C.D

C.F

Há dois tipos de visitas, a primeira tem a ver com


quando a pessoa de um caminho passa a caminhar noutro,
a segunda, quando uma pessoa de um caminho apenas visita
uma pessoa doutro.
Começaremos com a primeira, em respeito ao passar
para a outra estrada. Bem, há duas maneiras de emigração.
Uma, o andante de uma tipologia avança para a outra, mas

70

Bruno3.indd 70 1/24/18 12:47 PM


As visitas dos vizinhos opostos

não permanece, desistindo por algum motivo. Outra, este


mesmo não mais está visitando, passando a fazer daquele
rumo sua moradia.
Pois bem, quando um sujeito do Caminho Fácil emigra
para o Caminho Difícil, mas ali não lhe tencionou perma-
necer, provavelmente ele não foi capaz de aderir a forma
complexa e dificulta que encontrou em contraste com a
forma simplista que ele continha anteriormente. Assim, o
C.D subjugou-o. No entanto, sua partida com o intuito de
alojar-se, não importando se foi falha ou não, deixa suspei-
tas do porquê ele resolveu sair do C.F, afinal, quem ali está
muito se embebeda com as vicissitudes.
Torno a perguntar novamente o que lhe incutiu a deixa.
Sempre que isso acontece, é comum o homem ter tido uma
crise existencial, um colapso do ego, um reencontro consigo
mesmo, e assim, tal como no “mito da caverna de Platão”,
se retira do obscurantismo em busca da luz.
Porém, aqui estamos a falar dos que tentaram chegar
nela (migrando para o C.D), entretanto, voltaram ao Ca-
minho Fácil sem nem desfrutar da virtude do Caminho que
emigraram (C.D). Veja, se no mito o homem sofre muito ao
escalar a caverna, machucando os braços e as pernas antes de
sair para a luz, então obviamente esta situação que estamos
tratando relativamente demonstra que, embora se tenha a
crise e o reencontro, não se conseguiu alcança-lo integral-
mente, sendo barrado e vencido pelas dores da subida ao
topo, voltando aos prazeres da linha reta e uniforme. Já

71

Bruno3.indd 71 1/24/18 12:47 PM


quando ele realmente fica no Caminho Difícil, tudo aponta
para o fato de ter vencido suas barreiras quanto aos vícios
predispostos na passagem descomplicada.
Agora, por sua vez, quando um indivíduo do Caminho
Difícil emigra para o Caminho Fácil, e de imediato desiste
desta nova via, retornando ao seu princípio, logo perce-
bemos que ele o fez por compreender, obviamente, que o
C.F tem princípios e valores muito inferiores a rota que
ele vinha seguindo, pela qual adquiriu assiduamente sabe-
doria e conhecimento. No entanto, a polêmica se abstém
justamente quando alguém que era do Caminho Difícil fica
definitivamente no Caminho Fácil, e desta vez não estamos
a falar de “mascaramento”, com o intuito de andar em um
meio social sem ser prejudicado.
Bom, se isso de fato acontece, o que em suma parece
ser bastante improvável, deve-se ou ao esgotamento das
forças para com a complexidade do C.D, deixando de vez
por algum trauma. Ou por desistência de lutar por uma
verdade, trocando-a pelos prazeres dos sentidos. De fato, não
podemos nos esquecer que, entorno dos regozijos adquiridos
pelos sentidos, quando negados estes impulsos, estamos
negando tudo aquilo que nos torna humanos, portanto, o
caminho do meio é o caminho desejado pelo andante do
C.D. Mas, muito embora se tenha casos de pessoas que
andam por um nível mais dificulto optarem pela prática
do intercâmbio entre a sabedoria e a avareza, raramente
se observa o ato absoluto da troca de valores, deixando de
permanecer fiel ao Caminho Difícil.

72

Bruno3.indd 72 1/24/18 12:47 PM


As visitas dos vizinhos opostos

De fato, entrando esta situação em voga, pode se as-


sumir como culpa uma série de fatores. Dentre eles: achar
que já venceu e encontrou a verdade máxima. Pois alguns
são criadores e conseguem conquistar muitas coisas ainda
em vida, e depois acreditar-se-ia, pela dificuldade das cria-
ções e da direção que seguira, que merecem se aposentar,
e levam esta ideia a cabo como se o descanso significasse
necessariamente retornar a linha aberta, deixando à estreita.
Outro fator de não menor porte é quando a pessoa no
C.D consegue atrair através de suas conquistas e criações a
população abaixo, subindo ao trono e se corrompendo ao
chegar lá, pois é na posse pelo poder que se tem direito a
todas as riquezas e volúpias que ainda não se lhe era per-
mitido usufruir.
Agora que vimos a primeira maneira da visita, sobre a
pessoa de um caminho passar a caminhar noutro, podemos
discorrer sobre a segunda, quando uma pessoa de um cami-
nho “visita” uma doutro, sem a intenção de lá se perpetuar.
Não se trata de abandonar pela emigração, desistindo.
Tampouco de querer ficar por ali mesmo, conseguindo. Mas
sim de apenas fazer uma visita com o intuito de conhecer
melhor as pessoas daquele lado, como elas vivem e pensam,
se tem mais proveito que as do outro, sem deixar de trair
os princípios do caminho que se tem trilhado atualmente.
Quando alguém do Caminho Fácil resolve fazer uma
visita ao caminho oposto, muitas vezes eles, por não terem
uma percepção aguçada a ponto de entender as positividades

73

Bruno3.indd 73 1/24/18 12:47 PM


do C.D – fenômeno acarretado pela lei do Complexo
Curvatório –, pensam estarem mais corretos e no passo
verdadeiro, especialmente se fizerem parte do Contínuo
Ilusório, pois aíi o fanatismo e extremismo lhes determina
que sua verdade máxima é inexorável.
Deste modo, eles irão, nesta visita, tentar instigar aque-
les usuários do C.D a fazer parte do percurso deles, uma vez
que eles pensam que suas verdades são irrefutáveis, e que
aquela passagem é muito mais proveitosa, tentarão persuadir
os que estão na labuta excessiva em busca de uma máxima a
pararem de se sacrificarem, e irem de encontro com eles, pois
afinal, os mesmos já “encontraram”, e demonstrarão como
explicação plausível o fato de serem muito mais “felizes”.
Ora, é justamente deste jeito que vem a tentação pela qual
muitos dos que andam pelo Caminho Difícil evitam a todo
custo se enveredar, mas não deixando de admitir o quanto
isso é um sacrifício. Pois, em suma, esta gente que assim se
porta, com a tentativa de lhe incutir em seu rumo (C.F), é
a grande maioria e ronda o meio social.
A própria mídia está a todo custo adotando este com-
portamento. Fazendo com que os poucos andantes por um
nível exacerbado de ardor se vejam em desespero, isolando-
se ou tentando salvar seus pares dessa ilusão que enxergam
com tamanho afinco.
Uma nota deve ser implementada no discurso acima,
no que toca os que fazem parte do Contínuo Paradoxal (o
estado absoluto do C.D), estes raramente se verão instigados

74

Bruno3.indd 74 1/24/18 12:47 PM


As visitas dos vizinhos opostos

as tentações das visitas que tentam lhes demonstrar, seja


por boa retórica ou por demonstração dos prazeres, que o
Caminho Fácil é mais convidativo. Pois é particípio direto
do Contínuo Paradoxal o estado próximo senão todo da
Beatificação, e seus participantes raramente perjuram.
Convém agora delinear as outras visitas, sendo contrá-
rias aquelas. Bom, não há muito que se transpor aqui, uma
vez que já falamos sobre o meio social e o lugar que pertence
sua grande maioria, então estarão aqueles do C.D a todo
instante visitando os costumes do Caminho Fácil, e é por
essa ação costumeira que se vos apresenta a fidelidade excelsa
dos próprios, pois que, se tudo indica que eles estão a toda
hora a visitar o Caminho Fácil, por este último ser maioria e
os cercarem, então eles já teriam disposições para decidir-se
sobre suas devidas escolhas, e uma vez que continuam na
senda do saber, então porventura demonstram seu altivo e
enobrecido espírito, a que pertencem ao Caminho Difícil.
Se acaso pensas que pode se afugentar dos olhos alheios,
ou consequentemente se esquivar das intromissões que
tentarão fazer em seu percurso, saiba que as nuvens que
cantarolam sobre o céu jamais deixam de se alarem próximas
umas às outras, aplicando com isto a clara perspectiva de que
as observações e visitas dos caminhos sempre serão vivazes.
Portanto, para que possamos finalizar o tópico, sinte-
tizaremos desta maneira: Imagine-se andando sobre um
bosque escuro e repleto de armadilhas, se observares o ce-
nário não é difícil supor que estais neste exato momento em

75

Bruno3.indd 75 1/24/18 12:47 PM


uma perambula sobre o negrume da floresta, no Caminho
Difícil. Tu estás sozinho e completamente amedrontado,
no entanto, curioso para saber o que pode lhe enriquecer
caso se aprofunde nas imensidões misteriosas desta selva.
Contudo, chega alguém para lhe ajudar, logo esta pessoa
lhe avisa que sabe como voltar para o ponto onde estava,
que é muito mais seguro e não há riscos, lá é a morada de
muitas pessoas que ficam alojadas sem comprometimento
de perderem suas vidas, contrariamente ao calabouço em
que possivelmente estás se metendo.
Ademais, esta pessoa que veio alertar-lhe faz parte do
Caminho Fácil, estava apenas visitando o Caminho Difícil
e viu você em desespero sem saber para onde ir, tampouco
como solucionar o último quebra-cabeça em que se meteu
após muitas explorações. O que fará, então, você? Irá com
esta pessoa, salvando sua vida, mas deixando de obter conhe-
cimentos que não tinha ainda e pelo qual poucos obtiveram?
Ou penetrará mais afundo em busca de tesouros, ficando
cada vez mais isolado da sociedade? Agora, se fossemos levar
os caminhos não para o nível de solução mental, mas apara o
físico, então poderíamos imaginar um homem que trabalha
15 horas por dia cortando lenha, com uma vida difícil, e
seu vizinho que é aposentado, ganhando mais que aquele,
sem fazer nada, com uma vida fácil. Isto de fato incutiria ao
cortador de lenha o anseio de mudar para a mesma vida de
que vive o outro. Porém, este corta lenha honestamente, e
aquele se aposentou com trabalho corrupto. O primeiro sabe

76

Bruno3.indd 76 1/24/18 12:47 PM


As visitas dos vizinhos opostos

dessas informações tanto quanto o segundo, cada um optou


por seguir uma trajetória, sendo uma difícil e a outra fácil.
Fecharemos então este tema com um poema cujo prin-
cipal objetivo é demonstrar a apreciação de uma pessoa
comum para alguém que conseguiu a audácia de enfrentar
os obstáculos do Caminho Difícil:

“Avenidas paralelas
só se cruzam em olhares.
Não te vejo sobre elas,
mas sei que tu em teu percurso diferente em uma só o fases”.

77

Bruno3.indd 77 1/24/18 12:47 PM


••
QuADro
QuANTiFiCATÓrio DE
PESSoAS PELoS DoiS
CAmiNHoS

Bruno3.indd 79 1/24/18 12:47 PM


V
ide acima tudo o que se tem abordado e fa-
cilmente percebei qual dos dois caminhos
apresenta maior número de participantes. No
entanto, desta vez para fechar o quadro quantificatório mui-
to me agrada levar em conta não apenas o Caminho Fácil
e Difícil, como também seus extremos, isto é, o Contínuo
Ilusório e Paradoxal.
Se não levarmos em conta que as pessoas do Caminho
Fácil estão inclusas no Contínuo Ilusório e seguirmos o
mesmo raciocínio para o Caminho Difícil, então podemos
estabelecer uma meta mais bem alimentada pelo raciocínio
no que diz respeito aos números, pois dividiremos não mais
por classes, mas sim por categorias.
Observem a tabela abaixo:

contínuo ilisório > maior número de pessoas possível

caminho fácil >


maioria

caminho difício >


minoria

contínuo paradoxal > menor número de pessoas possível

Certo, acredito eu que não convém discernir sobre


o tema por agora, mas, contudo, se demonstrarmos a re-
presentação não mais em categorias, mas sim em classes,
poderemos começar as devidas explicações, portanto:

80

Bruno3.indd 80 1/24/18 12:47 PM


Quadro quantificatório de pessoas pelos dois caminhos

CAMINHO FÁCIL > Maior número de pessoas, e


dentre estas a maioria já está inserida no Contínuo Ilusório
CAMINHO DIFICIL > Menor número de pessoas,
e dentre estes a minoria se insere no Contínuo Paradoxal

Lembrem-se, estamos a tratar da quantidade de pessoas


adentrada nas duas direções e em suas máximas. Agora, o
porquê de apresentarmos estes valores, o que já foi visto ou-
trora poder-se-á ser visto novamente, pegando informações
do livro “CULTURA, UM CONCEITO ANTROPOLÓ-
GICO”, de “Roque de Barros Laraia”, veja:

“A nossa herança cultural, desenvolvida através de inúmeras


gerações, sempre nos condicionou a reagir depreciativamente
em relação ao comportamento daqueles que agem fora dos
padrões aceitos pela maioria da comunidade. [...] Toda cultura
tem uma lógica própria: a tendência comum é de considerar
lógico o próprio sistema e atribuir aos demais um alto grau de
irracionalismo”.

Este seria o princípio adotado se levarmos em conta


o fato de que os do C.D, além de serem criadores e não
seguirem o mesmo percurso que os demais, também absor-
vem conhecimentos até chegarem em um ponto cujo nível
de complexidade que eles vem adquirindo já não é mais o
suficiente para que se possa compreender os sujeitos pelo
qual nenhum conhecimento vem adquirindo.
Claro que no texto acima, eles colocam esta atitude
de movimento em bando, contrário aos que se separam

81

Bruno3.indd 81 1/24/18 12:47 PM


do sistema a cargo de uma “herança cultural”. Também é
proveitoso pensar assim, eu mesmo gosto, muito embora eu
prefira adotar a perspectiva de que se faz parte dos instintos
primitivos.
Talvez, permita-me conjecturar, mas venho percebendo
através de minhas observações o quão contingente é o ato
de se andar em coletividade os que fazem parte do Caminho
Fácil, e os do Caminho Difícil seguirem em individualida-
de. Certamente isto também tem a ver com os números.
Muitas vezes sobre os vales estreitos, aquele sobre a vereda
não costuma encontrar ninguém. Já na passagem aberta,
muitos se encontram e se alegram pela consorte.
O que não quer dizer que os do C.D não se reúnam e
se encontrem, basta que para isso analisemos o Iluminismo.
No entanto, só queremos demonstrar que há uma disposi-
ção natural daqueles que nascem a séculos na frente de sua
população de se isolarem por não serem compreendidos.
Ficando o nosso Quadro Quantificatório de Pessoas pelos
dois Caminhos, assim:

Caminho Fácil → Maior número; Coletividade


Caminho Difícil → Menor número; Individualismo

82

Bruno3.indd 82 1/24/18 12:47 PM


••
QuADro DE
EXTrEmiDADE
ALCANÇADo PELoS
CAmiNHoS

Bruno3.indd 83 1/24/18 12:47 PM


EXTREMIDADE

LUCIDEZ INSANIDADE

NORMALIDADE

No quadro de extremidade alcançado pelos caminhos,


tomei eu mesmo a liberdade de utilizar a imagem repre-
sentativa feita pelo eminente psicólogo C.G. Jung, cujo
intuito ele tinha para algo totalmente diferente do intuito
que utilizarei a mesma agora.
Para um bom entendimento, sempre foi importante
analisar o conjunto da obra, tanto a filosofia como a arte, e
esta última, por sua vez, é detalhada por simbolismos que
merecem ressalva. Portanto, quando olhamos para a imagem
acima, percebemos que a Normalidade se encontra em uma
linha reta, enquanto a Lucidez e Insanidade estão curvadas
para cima dela. Mas o que afinal isto poderia representar?
Embora a linha reta esteja associada ao caminho fácil, não
é proveitoso travar concomitância com esta imagem repre-
sentativa, a não ser, claro, que o conceito do que é “normal”
aqui neste quadro especifico seja modificado.

84

Bruno3.indd 84 1/24/18 12:47 PM


Quadro de extremidade alcançado pelos caminhos

A normalidade aqui é melhor entendida quando se


refere as ações humanas, especificamente as de “bando”.
Ou seja, tudo aquilo que partilhamos por uma “herança
cultural” ou que é feito pela grande maioria das pessoas, é
tida como normal, vale lembrar que quando digo “maioria”,
lembro-me muito claramente que a “coletividade” está en-
raizada nos que seguem o Caminho Fácil. Já a insanidade,
por sua vez, terá diversos tipos de interpretação, e estas se
darão diferentemente, dependendo da estrada que se segue.
E por último, a lucidez, validada em seu conceito a priori e
conhecido tanto pelo senso comum quanto pelo bom senso.
É importante frisar que, tudo, exatamente tudo que é
dito neste livro, é referente apenas a uma coisa, a verdade
absoluta. Portanto, se eu disser que sujeitos de tal trilha não
podem alcançar a extremidade da Lucidez, obviamente digo
com isto que o homem neste consinto não pode ser lúcido
quanto a verdade máxima do mundo.
Uma vez que a normalidade se apresenta como um pa-
drão retilíneo e uniforme, e, por conseguinte, é a causa do
agir das massas, logo, os do Caminho Fácil estão mais para
ela do que os do Caminho Difícil. Consequentemente, estes
últimos tendem a ter mais disponibilidade de se extraviar,
indo para a extremidade tanto da Lucidez como da Insa-
nidade. Todavia, lembre-se que o dito “normal” aqui não
quer dizer exatamente algo “positivo”, mas sim faz alusão
ao modo que interpretam as pessoas ao derredor do que é
agir de forma aceita em uma sociedade.

85

Bruno3.indd 85 1/24/18 12:47 PM


Acresce que esta maneira habitual de enxergar a nor-
malidade é somada ao método incutido pela mídia e pelos
outros particípios do senso comum para como você deve se
manifestar no ambiente social. Ademais, convém com isto
alegar a possibilidade aflorada dos que seguem o padrão reto
da normalidade estarem somados aos do Caminho Fácil, que
por sua vez resulta na alienação. Contudo, que fique claro
que nem sempre é generalizado, podendo, diferentemente,
ser algo produtivo e benéfico.
É de cunho pertinente alegar antes de mais nada que as
extremidades são muito mais plausíveis de se acontecerem
– independente do caminho a se seguir – em suas máximas,
nos “Contínuos”. Ora, eles são o ponto extremo das duas
trilhas, então, decerto é por eles que se pode alcançar um
dos dois picos representado na figura deste tópico.
Visto que os do C.D tendem a se extraviar mais que
os outros, começaremos então abordando-os nesta falta de
uniformidade. Bom, uma vez que seu caminho não segue o
modo retilíneo e apresenta-se com inúmeras curvas, então
certamente uma hora ou outra irão gerar um desvio para a
Lucidez, ou quem sabe Insanidade. Quando um andante
destes recônditos alcança a Lucidez, que só para constar,
se dá muito mais nos do C.D, então é porque eles deveras
entram na senda das descobertas e da absorção de conhe-
cimentos e sabedoria. O que por si só é bastante fortuito,
talvez, aqui seja o ponto em que Platão se refere aos homens
que alcançam a luz e tendem intuitivamente a voltar para
tentar libertar seus pares, percebendo que os mesmos estão

86

Bruno3.indd 86 1/24/18 12:47 PM


Quadro de extremidade alcançado pelos caminhos

imersos na devassidão da ignorância. De qualquer forma,


quando eles chegam ao cume da Insanidade, ela pode ser
causada e ter inúmeras consequências diferentes nestes.
Em primeiro lugar, a insanidade se dá nos do Caminho
Difícil pelo choque de incompreensão da grande maioria,
que fará sempre parte do Caminho Fácil. Por vezes ponde-
ro-me assiduamente se esse choque também não pode ser
abarrocado pelos próprios integrantes do Caminho Difícil,
uma vez que eles tenham a individualidade muito mais em
rigor, fazendo com que não possam entender o caminho
ramificado um d’outro. Mas isto ainda me é incerto afirmar.
Esta maneira de alcançar a loucura não é exatamente
uma psicopatologia, pois veja, só são tachados de doidos
por serem criadores e excêntricos, agindo fora do rebanho.
Isto está empiricamente provado pela História, seja quando
queimaram Giordano Bruno, ou quando prenderam Roger
Bacon, ou no momento em que envenenaram Sócrates ou
crucificaram Jesus.
A outra maneira de se chegar a insanidade é menos
imaculada, tratando-se realmente da loucura que causa
divisão mental. Esta por vezes se dá ou por ter chegado em
um ponto cujo nível de complexidade tornou-lhe apto a
sobrepujar todos ao seu redor e com isto lhe fez incapaz de
viver em um meio social, atenuando o senso de realidade.
Ou pelo fato de ser criador, ter alcançado uma linha de
conhecimentos tão elevada que sua abstração subjugou
também a natureza real.

87

Bruno3.indd 87 1/24/18 12:47 PM


Não podemos nos esquecer da polêmica gerada entre
genialidade e loucura, pelo qual muitos doutos com uma
linha criativa extremamente exagerada acabam abusando de
drogas ou outros meios que são demais para os limites que
seu corpo ou atividade mental demandam.
Além destas maneiras, também nos é validada a hi-
pótese de que, aqueles submersos no Contínuo Paradoxal
seriam levados à lucidez caso compreendessem a gama de
experiências e conteúdos contidos no mesmo. E por sua vez
levaria a insanidade pelo fato de não conseguirem passar as
experiências místicas e de natureza afável aos outros, e ter
de explicá-la por meio de simbolismo que acabariam por
leva-los à superstição.
É um tanto quanto interessante o fato de eu ter de
isentar a “Lucidez” para aqueles que rotam pela passagem
fácil, até porque, como sabeis, odeio generalizar. Por isto que
no início deste tópico lembro-os de que estamos a falar do
aspecto lúcido referente à Verdade Absoluta. Porventura não
se esqueceis do Título deste livro? “Caminhos para a verdade
absoluta”, e eu espero com todo respeito que rememorem
o nosso axioma, pois hão de perceber que “A verdade é o
caminho oposto”.
Os que andam pelo Caminho Fácil não podem ter
presente em si, caso alcancem os extremos, a Lucidez. Pois
os homens deste vale não apresentam um pensamento ori-
ginal, a ideia nestes não se insurge de modo abrupto, pelo
contrário, esvanece e arrefece. Porventura não são eles os

88

Bruno3.indd 88 1/24/18 12:47 PM


Quadro de extremidade alcançado pelos caminhos

que “já tem a verdade máxima”, sendo ela falseada ou que


“não vão atrás da verdade absoluta”?
Então, como podem estes serem lúcidos quanto a ela?
Ora, é assim que afirmo: a lucidez para estes é isentada.
Resta-nos, pois, a Insanidade. Não obstante, ela é diferente
daqueles visto a pouco. Por exemplo, o ser insano do C.F
muitas vezes se apresenta no Contínuo Ilusório e sucumbe
ao fanatismo. Ou, por outros modos, torna-se realmente
um louco abjeto, contrário ao sábio discreto. Quem está no
Caminho fácil amiúde não tem autoconhecimento, deixan-
do-se abater muito mais pelas fraquezas que submetem-se
ao psicológico, seja por um trauma ou um determinado
estimulo que lhes bote de súbito a adotar certos padrões
de comportamento que não são inerentes a uma conduta
saudável.
Em suma, a insanidade adquirida pelos do C.F não é tão
bem portada quanto alguns aspectos insanos de uma pessoa
cujos passos seguem pela vereda. E a lucidez, tão pouca ad-
quirida no mundo, sendo ela o que desvela a ignorância, é
muito fugidia do Caminho Fácil, enquanto bem aceita no
Difícil, muito embora seja raro os que percebem este aspecto
em um ser humano, fazendo com que o mesmo sucumba
no desespero do não entendimento que os outros fazem da
sua pessoa, quando o própria tenta – diferentemente dos
demais – a todo custo se autoconhecer.

89

Bruno3.indd 89 1/24/18 12:47 PM


••
QuADro TEmPorAL DAS
PESSoAS PELoS DoiS
CAmiNHoS

Bruno3.indd 91 1/24/18 12:47 PM


U
ma vez que haja apenas três quadros de estudo, este
de fato é o último. Sendo por fim breve, saberei
narrar brandamente o que tange este assunto. O
fato é que existem tempos, e estes determinam seus efeitos
a partir do momento que uma pessoa dura em um caminho
ou seu contínuo.
Embora este valor temporal seja algo ameno em ambos
os Caminhos, o que fará com que prevaleçam e passem a ter
um impacto importante na vida de seus usuários tem mais a
ver com os Contínuos. É neles que a força de extremidade,
visto antes, está mais solidificada, sobretudo por terem as
pessoas ali inseridas maior envolvimento e fidelidade quanto
a sua trajetória, deixando e emigrando para outra em casos
muito mais raros do que as simples pessoas que ainda an-
dam apenas pelos caminhos, ficando fora dos Contínuos,
é por isso que eu digo o quão o tempo de duração em que
permanecerem irá impactar, portanto, observemos:

Caminho Fácil → Quanto mais tempo ficar no Con-


tínuo Ilusório, mais difícil sair dele.
Caminho Difícil → Quanto mais tempo ficar no Con-
tínuo Paradoxal, mais difícil sair dele.

Como visto, os dois apresentam o mesmo efeito de du-


rabilidade, no entanto, acarretarão consequências distintas.
Deve-se, para isto, intercruzar os quadros, colocando na
devida ocorrência do tempo maior em que ficar em um dos
Contínuos a par dos extremos.

92

Bruno3.indd 92 1/24/18 12:47 PM


Quadro temporal das pessoas pelos dois caminhos

Quando o indivíduo se apresenta no Contínuo Ilusó-


rio, quanto mais tempo ele ficar, mais chance de alcançar
a extremidade, que aqui se apresenta como o “Extremis-
mo”, dado a isto é que fica cada vez mais difícil sair deste
caminho em busca da verdade absoluta. Todavia, quando
este mesmo indivíduo está no Contínuo Paradoxal, quanto
mais tempo ele ficar, mais chance também há de ter para
alcançar a extremidade, sendo esta agora o “Radicalismo”,
lhe tornando cada vez mais determinado a continuar nesta
via, sendo cada vez mais impossibilitado de largá-la.

Caminho Fácil → Extremismo


Caminho Difícil → Radicalismo

Importante enaltecer a diferença entre o Radicalismo


e o Extremismo. Sendo que os dois têm em concomitância
o fato de fazerem tudo que lhes aprouver de forma total-
mente exagerada e abusiva em comparação aos afazeres de
uma pessoa tida como comum. Porém, esta é a única coisa
relativa entre elas, sendo o resto antagônico, o radicalismo
é muito mais excelso do que o extremismo, sendo este últi-
mo menos portentoso e mais rude. Veja, o radical, embora
faça tudo com muito exagero, tem a mente aberta, aceita
outros argumentos e pontos de vista, e sabe muitas vezes
assumir um erro. Isto demonstra que o mesmo só age dessa
maneira impetuosa por ter paixão pelo ofício que pratica.
Já o extremista, contrariamente, não aceita novos pontos

93

Bruno3.indd 93 1/24/18 12:47 PM


de vista, especialmente aqueles que refutam suas ideias, não
assume erros e tem em seu principal caráter a prepotência.
O radicalismo tem a índole demonstrada pela humil-
dade, pois que, embora faça algo assiduamente a ponto de
dominar mais que qualquer outro, entende novas maneiras
de agir e adota suas informações adquiridas para o bem
comum, o extremista faz exatamente o contraposto. Ambas
são empresas diferentes, uma sendo positiva e a outra ne-
gativa. Infelizmente poucos são os que conseguem ter uma
compreensão da História a fim de afirmar com alento que
as grandes mudanças no mundo para um lugar melhor se
deram por radicais. Ora, não é atoa que Newton dormia
2 horas por dia e passava madrugada adentro apenas estu-
dando e criando; nem tampouco que Leonardo da Vinci
dormia míseros 20 minutos adaptando seu maior livramento
das cortinas do sono ao seus trabalhos; e Nikola Tesla nem
se quer dormia.
Temos outros como Thomas Edson e Einstein, ao me-
nos no momento da elaboração de suas ideias, pondo-as ao
globo e modificando-o para que você pudesse ter acesso as
riquezas por eles fornecidas. Então, antes de apontar nega-
tivamente o radicalismo, julgaríeis seus saberes e aponteis
somente após esta posse, compreendendo o conceito de
radicalismo aqui exposto, e buscando entender que não se
deve colocar nada em prática de maneira exagerada, a me-
nos que seja um ofício cuja paixão entoa ou por trabalho
criativo que lhe supra-excita as emoções.

94

Bruno3.indd 94 1/24/18 12:47 PM


Quadro temporal das pessoas pelos dois caminhos

Agora que o tempo surgiu como se concita não me-


nos fugaz, possibilita-se a síntese adequada. Logo, os dois
contínuos, no que tange o tempo, quanto mais tempo lá
ficarem, mais difícil saírem. Entretanto, um pelo vício das
quantidades e o outro pela virtude das qualidades; um pelo
néscio enquanto o outro pelo saber; um pela indolência e
o outro pela labuta. Um pelo extremismo e o outro pelo
radicalismo!

95

Bruno3.indd 95 1/24/18 12:47 PM


••
Como o HomEm Do
CAmiNHo FáCiL ENXErGA
o Do CAmiNHo DiFÍCiL

Bruno3.indd 97 1/24/18 12:47 PM


F
alar sobre o modo como um indivíduo enxerga o
outro, sendo que este último adota comportamentos
totalmente diferentes e fora do padrão habitual do
primeiro, não é algo tão simples e uníssono. Haverá sempre
inúmeras possibilidades de reações. E entre estas terá os dois
lados de uma moeda, o positivo e o negativo.
Muitas vezes quando tocamos em assuntos como este,
devemos levar em conta a lei do Complexo Curvatório,
pois que, graças a ele é sabido que os andantes do Cami-
nho Fácil dificilmente conseguem entender e ter acesso as
características que rondam o espaço daquele que perambula
o Caminho Difícil. Isto por si só pode ser responsável por
inúmeras condutas divergentes, e que se constituem de
acordo com a personalidade ou estado emocional da pessoa.
A curiosidade é praticamente um indicativo de alguém
que anseia aprender mais, consequentemente, se o homem
do C.F for curioso, ele se sentirá atraído pela pessoa do
C.D, e poderá assim surgir aspectos que antes não eram
imagináveis, como por exemplo, admiração pelo modo
como aquele que vive no percurso estreito tende a ser mis-
terioso e entoar um ar de quem tem ideias diferenciadas, é
justamente aqui que pode ocorrer o processo de emigração,
visto anteriormente.
Ao mesmo tempo em que se acarreta uma apreciação
por parte dos que estão na via larga, por verem o do cami-
nho oposto fazendo coisas difíceis e raras em seu cotidiano,
também pode acontecer com isso o contrário. A pessoa por

98

Bruno3.indd 98 1/24/18 12:47 PM


Como o homem do caminho fácil enxerga o do caminho difícil

medo do desconhecido pode ficar desencorajada e com o pé


para trás em tentar seguir aquele mesmo rumo.
Desta vez a consequência pode ser devasta, como o
surgimento de um mecanismo de defesa ante aquele temor,
fazendo com que ao invés de a pessoa do caminho difícil ser
enxergada como alvo de veneração, ela ser desprezada ou até
mesmo atacada. A grande maioria terá seus egos ameaçados,
atacando o inovador mediante uma projeção das emoções
reprimidas dentro delas mesmas.
É importante notar que o princípio do Caminho Difícil
é criar, ter e aceitar novas ideias de maneira crítica, sendo
assim, a grande maioria que se submete ao C.F tem duas
opções, acatá-las ou repudiá-las. A primeira é favorável,
a segunda não. Na História, quando a primeira é efetiva,
comumente há uma verdadeira valorização sobre aquele ser
que por vezes está no Contínuo Paradoxal, tendo ele o posto
digno de seus méritos. Já quando a segunda prevalece, ou
seja, o ato de refutar, então aquele gerador de novas ideias
tende a ser atacado, e caso suas inovações demonstrem-se
fidedignas, elas amiúde terão seu verdadeiro valor apenas
quando este morrer.

99

Bruno3.indd 99 1/24/18 12:47 PM


••
Como o HomEm Do
CAmiNHo DiFÍCiL
ENXErGA o Do
CAmiNHo FáCiL

Bruno3.indd 101 1/24/18 12:47 PM


D
iscorrer sobre como o homem do Caminho Difícil
enxerga o do Caminho Fácil é como falar do modo
gradual em que se evolui a larva para a borboleta.
Isto é, se começarmos abordando desde quando a pessoa
se inseriu no C.D, até o momento em que se amadureceu
dentro dessa direção.
Pois bem, logo em que se adentra no C.D pode ocorrer
uma quebra de valores no que tange aqueles que costumei-
ramente estão nessa senda, cujo particípio da sabedoria
e conhecimentos estão deveras presente. De fato, isto é
ocasionado pela contradição em que o sujeito ali agora se
vê quanto ao modo como ele se via antes, e com isto ele
pode, no inicio dessa revelação e emigração, ficar frustrado
em como seus antigos pares (Caminho Fácil) conseguem
continuar agindo daquela maneira muitas vezes vista por ele
como tacanha e mesquinha, pela qual o mesmo se envergo-
nha de um dia ter ali caminhado. No entanto, conforme o
próprio vai adentrando e se submetendo nas profundezas
das curvaturas, ele passa a adquirir em sua atitude a ação
virtuosa de amar o saber, e com isso ele torna a respeitar
os níveis evolutivos de cada um e tentar ajudar sua espécie
a progredir.
Se fosse para descrever melhor os caracteres da pessoa
que segue o Caminho Difícil para com os do C.F, eu diria:
humildade, compaixão, compreensão, paciência e amor.

102

Bruno3.indd 102 1/24/18 12:47 PM


••
PoSSiVEiS PrEJuÍZoS DE
CADA CAmiNHo

Bruno3.indd 103 1/24/18 12:47 PM


A gora catalogaremos os possíveis prejuízos de cada
caminho.

Possíveis Prejuízos do Caminho Fácil:


→ Persuasão de querer viver ali pelo resto da vida, sem
tentar novos rumos, ficando na atividade ociosa.
→ Dificuldade em se autoconhecer, por não adquirir
conhecimentos que gerem este tipo de auto realização.
→ Auto enganação a ponto de delirar com algo que
foge do bom senso, excesso de Superstição.
→ Comodismo e falsa realidade, esta última provinda
da alienação decorrida do que o meio lhe incute como
significado da vida.
→ Ficar submerso nas vicissitudes humanas.

Possíveis Prejuízos do Caminho Diíicil:


→ Dificuldade em continuar pelas barreiras pelo alto
nível de complexidade e dificuldade de achar uma solução.
→ Ser incompreendido.
→ Não poder fazer parte integral de um meio social
sem antes recorrer a dissimulação.
→ Possibilidade de ser atacado fisicamente e psicologi-
camente pelos arredores, caso com coragem exponha suas
ideias.

104

Bruno3.indd 104 1/24/18 12:47 PM


Possiveis prejuízos de cada caminho

POSSIVEIS BENEFÍCIOS
DE CADA CAMINHO
Possíveis Benefícios do Caminho Fácil:
→ Não precisar sofrer com o fardo de tentarem desco-
brir uma verdade aparentemente impossível.
→ Serem compreendidos
→ Poderem fazer parte integral de um meio social

Possíveis Benefícios do Caminho Difícil:


→ Aumento de percepção
→ Ímpeto anormal por querer conhecer e descobrir
→ Grandes probabilidades de se auto conhecerem
→ Grande probabilidades da auto realização pessoal
→ Adquirirem condutas mais éticas e morais
→ Tornarem-se sábios
→ Perderem o medo da morte e se desvencilharem
dos instintos primitivos e selvagens conforme o aumento
intelectual.
→ Não mais terem vícios, como o vício pelo sexo ou a
gula (algo feito e pensado em exagero, sem equilíbrio), que
tantos perdem-se nestas vicissitudes.

105

Bruno3.indd 105 1/24/18 12:47 PM


••
QuAL DoS DoiS
CAmiNHoS É o CErTo?

Bruno3.indd 107 1/24/18 12:47 PM


B
om, este é um tópico fortuito para a finalização.
Convém dizer que eu travei este estudo com muitos
preceitos da Bíblia. Sirvo-me de exemplo quando
Jesus nos fala: “Entrai pela porta estreita, pois larga é a porta
e espaçoso o caminho que conduz à perdição e muitos são os
que entram por ela”. Nestas horas houve delongas reflexões
que eu fiz para mim mesmo, questionando-me que tipos
de caminhos este grande Messias estava se referindo. Ora,
ele foi um dos maiores detentores da verdade máxima, se
não o mais. Então, quando o mesmo nos diz: “Deus não
lhe dá mais do que você pode carregar”, acredito que ele
quer que reconheçamos o caminho fácil caso ali estivermos
e passemos ao caminho difícil que é da senda da sabedoria
e a procura inesgotável de conhecer a si mesmo.
Para continuarmos, qual dos dois caminhos é o cer-
to? Gostaria de responder esta dúvida com um ditado do
eminente poeta americano Robert Frost, que um dia falou:
“Duas estradas bifurcavam numa árvore, eu trilhei a me-
nos percorrida, e isto fez toda a diferença”. Acresce então
que acredito veementemente que o caminho Difícil é mais
correto que o Fácil.
O fato é que a verdade está mais próxima daquele cujo
estado de espírito é concernente à ela, não é atoa que Jesus
Cristo nos convoca: “Conheça a verdade e ela te libertará”.
Em suma, é pela vereda que tu deves andar, em busca da
iluminação pessoal e do livramento de todos os medos e
guerras que travas consigo mesmo.

108

Bruno3.indd 108 1/24/18 12:47 PM


Qual dos dois caminhos é o certo?

Se eu cheguei nesta conclusão, é porque acredito que


ser religioso para muitos é fácil, eles tomam as escrituras
ao pé da letra, tendo com isso a verdade absoluta da vida,
de Deus e do homem. O mesmo segue para alguns céticos
ateístas, quando só necessitam acreditar no que os olhos
vêem, e negar o desconhecido.
Difícil é não ter um ponto de vista concreto, ser uma
metamorfose ambulante e estar sempre em eterna contra-
dição, seguindo hora um caminho e hora outro, buscando
infindavelmente a máxima em todas as áreas do saber,
afim de sincronizá-las e criar algo novo, descobrindo coisas
inéditas e trazendo-as ao mundo. Dominando os impulsos
instintivos, deixando velhos hábitos para trás. Como diz o
velho e sábio Pitágoras: “Escolha sempre o caminho que
pareça o melhor, mesmo que seja o mais difícil. O hábito
certamente o tornará agradável”. Pelo incrível que pareça,
esta é a estrada certa, este é o Caminho Difícil. E se acaso
estiveres no Caminho Fácil, diga para ti mesmo: “A verdade
é o caminho oposto”, como eu tive e ainda tenho que repetir
dentro de mim...

109

Bruno3.indd 109 1/24/18 12:47 PM


Olá Buscador de Conhecimento, agradeço a sua cia até aqui.
Em breve disponibilizarei o meu terceiro livro,
espero contar com a leitura e sua avaliação.
Acompanhe meus estudos na fanpage
facebook/brunoborges

Bruno3.indd 110 1/24/18 12:47 PM

Você também pode gostar