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O que está em jogo no depoimento de Principais notícias


ministros de Bolsonaro nesta terça Piora da alimentação na pandemia
deixa população mais vulnerável à
André Shalders - @andreshalders
Da BBC News Brasil em Brasília covid-19, diz ex-chefe da FAO
Para José Graziano, que chefiou a
agência da ONU para Agricultura e
12 maio 2020 Compartilhar
Alimentação entre 2012 e 2019,
preferência por comidas industrializadas
durante a pandemia pode ampliar índices
de obesidade, um dos principais
agravantes da covid-19.
16 maio 2020

Cães farejadores começam a ser


testados para detectar pessoas
com coronavírus pelo cheiro
16 maio 2020

Instituições respondem com 'luvas


de pelica' a risco de Bolsonaro à
democracia, diz cientista político
16 maio 2020

EPA/ANDRE BORGES Leia mais


Reunião de presidente com vários de seus ministros em 22 de abril no Planalto está no centro de
investigações motivadas por acusações de Sergio Moro

No começo da tarde desta terça-feira, alguns dos principais ministros do


núcleo militar do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) serão ouvidos pela
Polícia Federal e pelo Ministério Público no Palácio do Planalto.
Ascensão da lenda Michael Jordan
Os depoimentos são parte crucial do inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal
e bastidores do basquete dão
(STF) para apurar as acusações feitas pelo ex-ministro Sergio Moro ao deixar o
popularidade a documentário The
governo, no fim do mês passado. Na ocasião, Moro acusou Bolsonaro de tentar
Last Dance
interferir na PF para ter acesso a investigações sigilosas tocadas pelo órgão.

Falarão os ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Walter


Souza Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).
Os três são generais da reserva do Exército e trabalham dentro do Palácio do
Planalto, ao lado de Bolsonaro.

Os investigadores querem ouvir os três, principalmente, sobre uma reunião do


presidente da República com vários de seus ministros, ocorrida no dia 22 de abril,
no Planalto. Covid-19 não pode ser pensada só
como doença respiratória, diz
Segundo Sergio Moro, Bolsonaro o pressionou durante o encontro para trocar o epidemiologista
superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro.

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STF para novos depoimentos sobre as
acusações de que presidente interferiu na PF? A guerra de versões entre
Bolsonaro e Moro sobre reunião
ministerial e trocas na PF
O que se sabe até agora sobre inquérito que
investiga acusações de Moro contra
Bolsonaro

'Presidente queria alguém na PF com quem


pudesse colher informações': dez frases
cruciais de Moro em seu anúncio de demissão
O mistério sobre Werner
Heisenberg, o físico que ganhou o
Nobel pela descoberta da
Bolsonaro modera o tom e prega "união" em mecânica quântica
pronunciamento nacional sobre coronavírus

"O próprio presidente cobrou em reunião do conselho de ministros, ocorrida em 22


de abril de 2020 (...), a substituição do SR/RJ (o superintendente da PF no Rio), do
Diretor Geral (da PF) e (a entrega) de relatórios de inteligência e informação da
Polícia Federal", disse Moro em seu depoimento.
"O presidente afirmou que iria interferir em todos os Ministérios e quanto ao MJSP
(Ministério da Justiça e Segurança Pública), se não pudesse trocar o
Superintendente do Rio de Janeiro, trocaria o Diretor Geral e o próprio Ministro da
Justiça".

Os três ministros não são investigados na apuração em curso no Supremo — mas


o depoimento deles pode ter implicações na investigação em curso sobre o seu
chefe. O que se sabe até agora sobre
inquérito que investiga acusações
Antes mesmo de ocorrer, os depoimentos já geraram reações políticas. de Moro contra Bolsonaro
Augusto Heleno respondeu a um internauta que o perguntou sobre as palavras
empregadas por Celso de Mello — que escreveu que os ministros estariam
sujeitos "à condução coercitiva ou (a depor) 'debaixo de vara'", caso se
recusassem a comparecer.

Sobre como responderia a Celso de Mello, Heleno escreveu que "tudo tem sua
hora".

Venezuela: 'Vivemos sobre um
mar de petróleo, mas fico 13 horas
na fila para abastecer'

@GEN_HELENO Coronavírus: o que é a regra 10-4


proposta por pesquisadores para
O inquérito contra Jair Bolsonaro foi aberto por decisão do ministro do STF Celso reabrir a economia durante a
de Mello no dia 27 de abril, na esteira de um pedido formulado pelo procurador- pandemia de covid-19
geral da República Augusto Aras.

Na petição que deu origem ao inquérito, Aras diz que Bolsonaro pode ter cometido,
em tese, os crimes de falsidade ideológica, coação no curso do processo,
advocacia administrativa, prevaricação, obstrução de Justiça e corrupção passiva
privilegiada.

Coronavírus: aumento de casos


na Alemanha e Coreia do Sul põe
em dúvida volta à normalidade
pós-isolamento

Mensagem do governo com


alusão ao nazismo agride vítimas
REPRODUÇÃO do Holocausto, diz rabino
Celso de Mello escreveu que os ministros estariam sujeitos "à condução coercitiva ou (a depor)
'debaixo de vara'" caso se recusassem a comparecer

Mais lidas
Já Sergio Moro, segundo Aras, pode ter incorrido em crimes contra a honra e no
crime de denunciação caluniosa, se as acusações dele contra Bolsonaro se
Coronavírus: ‘Estamos diante 1
mostrarem falsas. de ameaça de extinção e as
pessoas nem mesmo sabem
disso’, afirma sociólogo Jeremy
Como será o depoimento? Eles são obrigados a falar? Rifkin
Os ministros serão ouvidos todos ao mesmo tempo, às 15h desta terça-feira, em
Coronavírus: o mapa que 2
locais diferentes do Palácio do Planalto — uma estratégia dos investigadores para
mostra o alcance mundial da
evitar a combinação de versões entre eles. doença

Os depoimentos serão acompanhados por investigadores da Polícia Federal e


Coronavírus pode ser só 3
também por procuradores da República que acompanham o caso em nome do 'ensaio' de uma próxima grande
procurador-geral da República. pandemia, diz médico e
matemático da USP
Segundo o advogado criminalista João Paulo Martinelli, os ministros — como
quaisquer outras testemunhas — não podem se recusar a falar. A única exceção Cães farejadores começam a 4
são informações que possam implicar a eles mesmos. ser testados para detectar
pessoas com coronavírus pelo
"Nenhuma testemunha pode se negar a falar o que sabe. O crime de falso cheiro
testemunho vale para quem mente (durante o interrogatório), mas também para
quem omite o que sabe. O que não pode acontecer é a testemunha ser obrigada a Coronavírus: quanto tempo uma 5
falar algo que possa comprometê-la. Existe um princípio do direito penal segundo pessoa leva para se recuperar
o qual ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo", diz ele, que é doutor da covid-19
em direito penal pela Universidade de São Paulo (USP).
Quem é Eduardo Pazuello, o 6
"No caso dos ministros, há a possibilidade, por exemplo, de aparecer alguma general que assumirá por
informação relacionada a crimes contra a segurança nacional. Mesmo nesse caso, enquanto o Ministério da Saúde
no meu entendimento, eles são obrigados a falar. Só podem recusar informações
que podem comprometer a eles mesmos", diz Martinelli. Sintomas do coronavírus: a 7
razão médica pela perda de
"Por exemplo: se naquela reunião (de 22 de abril), alguém defendeu o fechamento olfato e paladar provocada pela
do Congresso, isso é um crime contra a segurança nacional. Esse fato não pode covid-19
ser omitido, é um crime que precisa ser apurado", diz.
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nesta terça-feira. vem afetando crianças
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judaica mês depois de assumir

Sergio Moro estará de volta a Brasília pela primeira vez desde que deixou o posto Cloroquina 'une' Bolsonaro e 10
de ministro da Justiça. Ele irá à sede da Polícia Federal para assistir ao vídeo da Maduro em meio à pandemia de
reunião de 22 de abril — o encontro foi gravado pela presidência da República e coronavírus
as filmagens estão sob poder do Supremo Tribunal Federal.
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Beleza na Web

REUTERS

Terão depoimentos colhidos os ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional),


Walter Souza Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo)

Também poderão assistir ao vídeo os representantes da própria PF e da


Procuradoria-Geral da República. A ideia é que os investigadores possam saber o
que se passou na reunião do dia 22 de abril para formular as perguntas às
testemunhas, segundo Celso de Mello.

Na noite de segunda-feira (11/05), Celso de Mello autorizou a Polícia Federal a


periciar a gravação da reunião entregue pela Presidência da República, para saber
se está íntegra.

Celso de Mello também determinou os depoimentos de três delegados da Polícia


Federal, que serão tomados na tarde desta terça feira.

Serão ouvidos Carlos Henrique de Oliveira Souza, que era o superintendente da


PF no Rio até a semana passada e se tornou o diretor-executivo da corporação, o
segundo na hierarquia; Alexandre da Silva Saraiva, que era superintendente no
Amazonas e foi cotado por Bolsonaro para comandar a PF no Rio; e Rodrigo de
Melo Teixeira (ex-superintendente em Minas Gerais).

Teixeira conduziu as apurações sobre a facada sofrida por Jair Bolsonaro durante
um comício na cidade de Juiz de Fora (MG), em setembro de 2018.

Quais são os próximos passos no inquérito?


Outros lances importantes para a investigação devem acontecer até o fim da
semana.

Nesta quarta-feira, está marcado o depoimento da deputada federal Carla Zambelli


(PSL-SP). Uma das aliadas mais próximas de Bolsonaro no Congresso, ela se
envolveu no caso por conta de uma troca de mensagens com Sergio Moro,
divulgada pelo ex-ministro. Na conversa, a deputada pede ao ex-ministro que
"aceite o (delegado Alexandre) Ramagem (no comando da Polícia Federal), e vá
em setembro para o STF. Eu me comprometo e ajudar a fazer JB (Jair Bolsonaro)
prometer", diz ela.

Nos próximos dias, o ministro Celso de Mello também deve decidir a respeito da
divulgação do vídeo da reunião de 22 de abril — no despacho em que determinou
o sigilo do vídeo, o ministro disse que decidiria sobre a publicidade do material
"brevíssimamente". O inquérito em que Bolsonaro é investigado corre de forma
pública no STF.
PABLO VALADARES/CÂMARA DOS DEPUTADOS

No âmbito do inquérito no STF, também está previsto depoimento da deputada federal Carla
Zambelli (PSL-SP)

Uma vez encerrada a fase de coleta de evidências e depoimentos no âmbito do


inquérito, cabe ao procurador-geral da República Augusto Aras decidir se
denunciará ou não Bolsonaro ou alguma outra pessoa.

"Esses elementos levantados no inquérito não servem para demonstrar se uma


pessoa é culpada ou não. O inquérito busca levantar os elementos mínimos para
que o Ministério Público possa propor uma ação penal. É como se fosse um filtro,
a partir do qual o Ministério Público vê as informações levantadas e decide se é o
caso de denunciar, ou de arquivar", diz o criminalista João Paulo Martinelli.

"Se o MP iniciar a ação penal, aí sim são produzidas as provas que buscam
demonstrar a culpa de quem se tornou réu. Aí são produzidos elementos
probatórios destinados ao juiz, que nesse caso é o STF", explica.

Se o presidente for efetivamente denunciado, caberá à Câmara dos Deputados


decidir se ele será ou não investigado durante o mandato. Para que a investigação
prossiga, são necessários os votos de 342 dos 513 deputados. Uma vez aceita a
denúncia pela Câmara, o presidente é afastado do cargo durante seis meses —
180 dias — para que o Supremo possa concluir as investigações e dar um
veredito.

Quem já foi ouvido esta semana?


Nesta segunda-feira (11), foram ouvidas novas testemunhas no inquérito.

Falaram aos investigadores o ex-diretor geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo;


o ex-superintendente da PF no Rio, Ricardo Saadi, e o delegado da PF Alexandre
Ramagem.

Este último era o preferido de Bolsonaro para assumir o comando da PF, e chegou
a ser nomeado para o cargo — mas sua nomeação foi suspensa pelo ministro do
STF Alexandre de Moraes, em 29 de abril.

Maurício Valeixo foi o pivô da demissão de Sergio Moro do posto de ministro da


Justiça. O ex-juiz da Lava Jato bateu o martelo sobre sua saída do governo
quando o Diário Oficial publicou a exoneração de Valeixo do comando da PF, em
24 de abril — a portaria trazia inclusive a assinatura eletrônica de Moro, que, no
entanto, disse jamais ter assinado tal documento. Horas depois, o Diário trouxe
uma retificação, sem a assinatura de Moro.

Já Saadi foi removido "de surpresa" da Superintendência da PF no Rio, em agosto


de 2019, depois de pressões de Bolsonaro. "Vou mudar o superintendente da
Polícia Federal no Rio de Janeiro. Motivos? Gestão e produtividade", disse
Bolsonaro, na época.

A mudança ocorreu meses depois da Superintendência da PF no Rio se envolver


nas apurações do caso de Fabrício Queiroz, um ex-assessor de Flávio Bolsonaro
(PSL-RJ).

Em seu depoimento, Maurício Valeixo disse que Bolsonaro teria lhe dito, por
telefone, que não tinha "nada contra a sua pessoa", mas que queria alguém no
comando da PF com quem tivesse "mais afinidade". Valeixo depôs durante seis
horas, aproximadamente.

Valeixo disse ainda que, em junho de 2019 Bolsonaro teria sugerido a troca de
Saadi por Alexandre da Silva Saraiva, que comandava a PF no Amazonas; disse,
no entanto, não saber os motivos da troca. O ex-diretor disse ainda que não
existiram interferências no trabalho da Polícia enquanto Moro ocupou o posto de
Ministro da Justiça.

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