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G. Agamben
Mas o passo extremo foi cumprido apenas nos nossos dias e está, até
agora, em plena realização. Graças ao desenvolvimento de
tecnologias biométricas que podem revelar rapidamente as
impressões digitais ou a estrutura da retina ou da íris por meio
de scanners ópticos, os dispositivos biométricos tendem a sair dos
comissariados de polícia e dos escritórios de imigração para penetrar
a vida cotidiana. A entrada dos restaurantes estudantis, dos colégios
e até mesmo das escolas elementares (as indústrias do setor
biométrico, que conhecem atualmente um frenético desenvolvimento,
recomendam que se habituem os cidadãos desde pequenos a esse
tipo de controle) em alguns países já são reguladas por um dispositivo
biométrico óptico, no qual o estudante coloca distraidamente a mão.
Na França, e em todos os países europeus, prepara-se a nova carteira
de identidade biométrica (INES), munida de um microchip eletrônico
que contém os elementos de identificação (impressões digitais e
fotografia numérica) e um copião de firma para facilitar as transações
comerciais. E, na irrefreável deriva governamental do poder político,
em que convergem curiosamente tanto o paradigma liberal como o
estatístico, as democracias ocidentais começam a organizar o arquivo
do DNA de todos os cidadãos, com fins tanto de segurança e de
repressão dos crimes quanto de gestão da saúde pública.