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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA FIT 2301


PROFª. Maria Eliane
FISIOTERAPIA 2008/2

Texto-1

Antropologia Filosófica?!?!?!

Maria Eliane R. de Souza*

O que você responderia à pergunta “O que é o homem?” Ou seja, “O que somos, eu,
você, todos nós? Para começar adianto que estas são questões fundamentais da Filosofia e da
Antropologia Filosófica. Mas por onde começar a respondê-las? Iniciemos o nosso caminho na
tentativa de formularmos, em conjunto, uma resposta adequada ao nosso tempo à questão
principal da Antropologia Filosófica, criando um conceito mais próximo daquilo que o mundo
que nos rodeia nos propicia.
Podemos dizer que de todas as questões o problema que se encontra por trás de todos
os outros é o da determinação do que seria o homem, qual é o lugar ocupado por ele na
natureza, qual a sua relação com o cosmo, sua função no mundo e seu destino. Daí as
perguntas: de onde viemos? Para onde vamos? Que poder temos sobre a natureza? Que
poder a natureza tem sobre nós? Qual é o sentido da nossa existência? Essas são perguntas
que ao longo da vida nos fazemos, mas que não são fáceis de serem respondidas porque não
são próprias ao mundo da técnica, da produtividade, da mídia e do consumismo que nos cerca.
Essas questões se referem à filosofia, ao exercício do pensamento, a um tipo de conhecimento
importante, porém muito pouco relevante para a maioria das pessoas.
O problema do homem foi abordado, direta ou indiretamente por todos os filósofos
comprometidos com o pensamento. Nesse sentido, Nicola Abbagnano afirma:

Pode especular-se sobre o Mundo, sobre o Ser, sobre a Verdade ou sobre a


Justiça, podem fazer-se análises minuciosas dos procedimentos cognitivos e
das ciências de que o homem dispõe, pode tentar-se determinar o que é o Bem
absoluto ou o Mal absoluto, construir teorias monumentais e audaciosas
visando a responder a todos os problemas do mundo, mas em todos os casos
o único destinatário de todas essas especulações é o homem, que nelas
procura algumas luzes que o passam a orientar na sua vida. ( Nomes e temas da
filosofia contemporânea. p.9-11)

Toda filosofia autêntica tem no homem o destinatário último de suas questões e


entende ser ele um de seus principais objetos de estudo. Pois, é de nós, seres humanos, que
emana a transformação do mundo à nossa volta. Nós recebemos as conseqüências positivas e
negativas da nossa atuação no mundo, isto é, todas as benesses e mazelas de nossos
próprios atos.
Levando em conta nossa forma de estar e atuar sobre o mundo, nossas necessidades e
criações, em Antropologia Filosófica nos interessa a busca da compreensão dos seguintes
elementos: o universo simbólico humano, o mito, a espiritualidade e a religiosidade como
formas específicas do homem se localizar no mundo; as produções técnicas, estéticas e
artísticas como maneira de expressão e realização interna e externa da vida humana; a vida
cultural e todo o universo das ideologias que constrói as culturas de massa e nos envolve num
mundo de consumismo exacerbado e de indiferença ao que verdadeiramente importa em
termos culturais; interessa-nos também as produções científicas e as questões éticas, morais e

*
Profª. Do Departamento de Filosofia e Teologia da UCG. Doutora pela PUCRS.
Texto preparado para a Disciplina Antropologia Filosófica – FIT-2301 - 2008/2.
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valorativas que envolve essas produções, sobretudo na área das ciência biológicas; a política e
os problemas sociais que enfrentamos atualmente como a violência, as guerras e as drogas; a
liberdade humana, as leis e as normas com todas as determinações e necessidades que as
cercam; os aspectos positivos e negativos da revolução tecnológica contemporânea, no que diz
respeito ao meio ambiente e à saúde desse meio, em que se inclui o próprio homem; enfim,
interessa-nos o mundo do trabalho, a exigência de qualificação e os retornos econômicos e
pessoais que temos em nossas profissões.
Todas essas questões envolvem as diversas dimensões de que se constitui o homem
em sua racionalidade, passionalidade, condição metafísica, psicológica, técnico-produtiva e
espiritual. Não podemos nos esquecer do fato do “homem não ser racional no mesmo sentido
em que o quadrado tem quatro lados e o triângulo, três”; de que ele é livre para pensar e agir à
sua maneira e que “esta liberdade é a capacidade que ele possui de escolher o seu caminho e
de projetar de um ou de outro modo a sua vida [...]”. (Nicola Abagnanno, p. 11) Seu aspecto
livre pode, por conseguinte, apontar tanto para liberdade como para diversas formas de
escravidão. Contemporaneamente, a Antropologia Filosófica atenta para o fato de que é
necessário compreender melhor o homem “não tanto o homem em geral, na sua natureza e na
sua essência imutável semelhante à de uma entidade matemática, mas o homem concreto,
esse que cada um de nós sente viver em si próprio e descobre nos outros”. (Ibidem)
Reafirmando Sócrates conhecer-se a si mesmo é o primeiro tema que envolve o homem
na história da filosofia e também o tema de toda a antropologia filosófica. A reflexão sobre si,
exige uma análise sempre renovada dos aspectos da nossa vida cotidiana e do conhecimento
em termos científicos. Por isso não basta identificarmos os problemas no nível do senso
comum, é preciso aprofundá-los no nível científico da pesquisa e do pensamento, bem como
na forma especificamente curiosa e questionadora que a filosofia nos possibilita. É preciso,
portanto, ultrapassar o simples nível da experiência pessoal e procurar o sentido das coisas em
conceitos mais elaborados a fim de alcançar uma visão de conjunto da vida humana e dar-lhe a
unidade e a profundidade necessária em meio à infinita multiplicidade das coisas. É preciso
que nos esforcemos para que consigamos agrupar os acontecimentos de maneira a ter uma
visão crítica sobre a realidade, para além do tecnicismo que engessa as nossas mentes. É
preciso que tenhamos a coragem de criar nós mesmos os nossos próprios conceitos, na
condição de seres autônomos e reflexivos.
Para a Antropologia Filosófica de que vamos tratar interessa muito mais do que
simplesmente uma filosofia da vida, conversas ou observações ocasionais. Isso não significa,
no entanto, que tenhamos que nos restringir à meras conceituações teóricas, o mais importante
é o questionamento, a pesquisa, a capacidade de criar e expressar conceitos, o
posicionamento crítico aprofundado e defensável, o rompimento com as ideologias
massificantes do dia-a-dia; a compreensão dos aspectos individuais e coletivos que
determinam aquilo que somos e a nossa forma de estar no mundo.
Tomar o homem dialeticamente, isso é o que exige a Antropologia Filosófica. Nesse
intento, é primordial não tanto um método, mas as questões colocadas; não tanto as respostas,
mas a maneira de respondê-las. Veremos que as respostas nem sempre são as mesmas e que
podem ser conduzidas em diferentes direções, visto que existem múltiplas tendências e
disposições do homem em seu “ser plural”: personalidade, sociedade, cultura, psiquismo,
espiritualidade etc. Essa multiplicidade prova a complexidade da condição humana, que não se
revela em uma única dimensão e que se mostra um terreno de aprofundamento árido e ao
mesmo tempo instigante.
Em termos de História da Filosofia, o estudo do homem pelo homem, isto é, o
conhecimento de si mesmo pode ser considerado a mais alta meta da investigação filosófica.
Mesmo os mais céticos, não podem negar a importância e a necessidade da busca do
autoconhecimento.
Faz parte da condição humana a interrogação sobre o seu passado, presente e futuro
em diversas dimensões. A antropologia adquire um caráter filosófico quando busca
compreender as diversas faces que compõem aquilo que é humano: o ser biológico do homem
(sua estrutura física); as condições internas, subjetivas, a organização da personalidade e o
inconsciente (o psíquico); a produção cultural nas diversas sociedades (a cultura); a construção
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e a formação do espaço político (a política); as relações sociais e os valores (a sociedade); a
realidade transcendente, metafísica ou religiosa (a espiritualidade); etc. Por esses caminhos a
antropologia filosófica reforça o seu objeto de estudo − o homem − em sua condição de um ser
plural.
No desenrolar histórico, o estudo do homem passou de uma visão cosmocêntrica na
antigüidade, para uma visão teocêntrica no mundo medieval, até chegar à perspectiva
antropocêntrica nos mundos moderno e contemporâneo.
Na Filosofia Grega Antiga o homem, sua vida no Estado e seus valores surgem como
problemas principais. Sócrates defende a tese do “conhece-te a ti mesmo”. Para Platão “o
corpo é o cárcere da alma”; já Aristóteles concebe o homem como “um animal político por
natureza. O homem é enfim, visto como um ser dual, constituído de corpo e alma. A alma é a
instância superior, pela qual pode elevar a sua condição à de um ser racional e criar elementos
para uma verdadeira felicidade. O conhecimento puro e do intelecto representa a saída da
ignorância.
Na Filosofia Cristã-Medieval a reflexão sobre o homem ganha um caráter teocêntrico,
em que Deus é considerado o ser de onde e para onde tudo converge. Destaca-se uma forte
dicotomia entre corpo e alma, a redução da superioridade humana à alma e a submissão do
poder da razão à fé.
Nas épocas Moderna e Contemporânea, junto com uma nova cosmologia, surge um
novo espírito científico na busca pela questão do homem. Com base no sistema copernicano
institui-se um novo lugar para o homem cosmo: ele agora se encontra num espaço infinito e no
centro do universo. Doravante todo conhecimento se dará pela razão e tudo que não venha por
meio dela está sujeito à dúvida. O homem descobre a capacidade infinita de sua razão e do
seu intelecto, mas essa infinitude não representa a negação nem limitação do conhecimento,
ao contrário, demonstra a incomensurável e inesgotável capacidade humana de conhecer.
A partir do século XIX surgem novos conceitos matemáticos e emerge o pensamento
biológico. Coma teoria da evolução Darwin rompe com as ilusões das causa finais, mostrando
que não há espécies separadas e sim uma contínua e ininterrupta corrente de vida. A vida
humana passa, então, a ser vista com um olhar diferente. Não há mais um único centro de
foco. Tudo isso provoca a queda da autoridade anteriormente estabelecida, fazendo surgir
vários campos de estudos sobre o homem que descrevem sua imensa complexidade. Marx,
por exemplo, dá prioridade ao Homem Econômico (as relações sociais e econômicas); Freud
destaca o Homem Instintivo e impulsivo (os instintos sexuais) e Kierkegard alerta para o
Homem Angustiado, isto é, para a angústia da nossa existência.
Esse percurso histórico mostra que o homem não pode ser visto por um único ângulo.
Não podemos assumi-lo apenas como um mero produto da matéria ou como um ser totalmente
compreensível pela ciência. Por outro lado, não podemos aceitar a dimensão metafísico-
transcendente como a única capaz de explicá-lo. O homem é um ser de diversas dimensões e
quando mais faz história mais demonstra sua complexidade. Ao examinarmos com olhar
contemporâneo talvez pudéssemos dar razão à Martin Heidegger esteja quando diz:

Nenhuma época teve noções tão variadas e numerosas sobre o homem como a
atual. Nenhuma época conseguiu, como a nossa, apresentar o seu
conhecimento acerca do homem de um modo tão eficaz e fascinante, nem
comunicá-lo de um modo tão fácil e rápido. Mas também é verdade que
nenhuma época soube menos que a nossa o que é o homem. Nunca o homem
assumiu um aspecto tão problemático como atualmente.
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CONVITE À FILOSOFIA
Marilena Chauí

Capítulo 8: O Mundo da Prática (p. 249-251)

Cultura e Antropologia

A palavra antropologia é composta de duas palavras gregas: antropos, que


significa “homem”, e lógia, “estudo”. A antropologia estuda os seres humanos na
condição de seres culturais. O antropólogo procura, antes de mais nada, determinar em
que momento e de que maneira os humanos instituem sua diferença em relação à
natureza, fazendo assim surgir o mundo cultural.
Os filósofos, a partir do século XVIII, consideraram que os humanos diferem da
natureza graças à ação voluntária livre.
Os antropólogos, a partir do século XX, sem negar a afirmação dos filósofos,
procuram aquela ação com a qual os seres humanos instituem a cultura propriamente
dita. Ou seja, como os filósofos, os antropólogos também consideram as condições
para que haja cultura são o pensamento, a linguagem, o trabalho e a ação voluntária,
porém julgam que não basta apontar essas condições e que é preciso dizer que ação
os homens praticaram ou que decisão tomaram que os fizeram passar da possibilidade
da cultura à realidade efetiva dela.
Se, para muitos historiadores, essa ação foi o trabalho, para muitos antropólogos
a cultura foi instituída quando os humanos marcaram simbolicamente sua diferença
com relação à natureza, decretando uma lei que não poderia ser transgredida e, se o
fosse, a comunidade exigiria reparação com a morte do transgressor. A diferença entre
homem e natureza, que dá origem à cultura, surge com a lei da proibição do incesto, lei
inexistente entre os animais. Essa lei dá o início à sexualidade propriamente humana,
que não é apenas a satisfação imediata de uma necessidade biológica, mas é
defendida por regras que instituem o proibido e o permitido na expressão do desejo. Os
seres humanos dão sentido à sexualidade.
Para alguns antropólogos, além dessa lei, a diferença entre homem e natureza
também é estabelecida quando os humanos definem uma outra lei que, se
transgredida, causa a ruína da comunidade e do indivíduo: a lei que separa o cru e o
cozido, lei também inexistente entre os animais. A separação entre o cru e o cozido e a
exigência de que os humanos comam alimentos que passaram pelo fogo colocam a
culinária no ponto inicial da cultura. Assim como a sexualidade humana, também a
alimentação humana não é apenas a satisfação de uma necessidade biológica de
sobrevivência, mas está ligada a regras que lhe dão um sentido propriamente humano.
Essas duas primeiras leis estruturam o mundo humano a partir da oposição
inexistente para todo o restante da natureza. Sexualidade e culinária introduzem a
dimensão simbólica da vida humana. [...]
A cultura é instituída no momento em que os humanos determinam para si
mesmos regras e normas de conduta que asseguram a existência e conservação da
comunidade e por isso devem ser obedecidas sob pena de punição. [...]
A ordem simbólica consiste na capacidade humana para dar às coisas um
sentido que está além de suas presença material, isto é, na capacidade de atribuir
significações e valores às coisas e aos homens, distinguindo entre o bem e mal, a
verdade e falsidade, beleza e feiúra; determinando se uma coisa ou uma ação é justa
ou injusta, legítima ou ilegítima, possível ou impossível. É essa dimensão simbólica que
é instituída com a lei da proibição do incesto e a lei da proibição do cru.
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Graças à linguagem e ao trabalho, os seres humanos tomam consciência do
tempo e das diferenças temporais (passado, presente, futuro), tomam consciência da
morte e lhe dão um sentido, organizam o espaço, humanizando-o [...]. A diferenciação
temporal e espacial permite que os seres humanos se relacionem com o ausente
diferenciando não só o presente do passado e do futuro e o próximo do distante mas
também distinguindo o sagrado e o profano, os deuses e os homens.
Podemos, então, definir a cultura como tendo três sentidos principais:

1. Criação da ordem simbólica das leis, isto é, de sistemas de interdições e


obrigações estabelecidos a partir da atribuição de valores às coisas (boas, más,
perigosas, sagradas, diabólicas) aos humanos e suas relações (diferença
sexual, significado da virgindade, fertilidade, virilidade; diferença etária e forma
de tratamento dos amigos e dos inimigos; formas de autoridade e formas de
relação com o poder, etc.) aos acontecimentos (significado da guerra, da peste,
da fome, do nascimento e da morte, obrigação de enterrar os mortos, etc.);
2. Criação de uma ordem simbólica da sexualidade, da linguagem, do trabalho, do
espaço, do tempo, do sagrado e do profano, do visível e do invisível. Os
símbolos surgem tanto para representar como para interpretar a realidade,
dando-lhe sentido pela presença do humano no mundo;
3. Conjunto de práticas, comportamentos, ações e instituições pelas quais os
humanos se relacionam entre si e com a natureza e dela se distinguem, agindo
sobre ela ou através dela, modificando-a (rituais do trabalho, rituais religiosos,
construção de habitações, fabricação de utensílios e instrumentos, culinária,
tecelagem, vestuário, formas de guerra e de paz dança, música, pintura,
escultura, formas de autoridade, etc.).

Na verdade, não existe a cultura, no singular, mas culturas, no plural, pois os


sistemas de proibição e permissão, as instituições sociais, religiosas, políticas, os
valores, as crenças, os comportamentos variam de formação social para formação
social e podem variar numa mesma sociedade no decorrer do tempo. A esse
sentido amplo podemos acrescentar um outros, restrito, proveniente do antigo
sentido de cultivo do espírito: a cultura como criação de obras da sensibilidade e da
imaginação − as obras de arte − e como criação de obras da inteligência e da
reflexão − as obras de pensamento, isto é, a ciência e a filosofia. [...].
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ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA I
Henrique C. de Lima Vaz
(Adaptação da Introdução, pp. 9-17)

Desde a aurora da cultura ocidental a reflexão sobre o homem, incitada pela


interrogação fundamental “o que é o homem?”, permanece no centro das mais variadas
expressões da cultura: mito, literatura, ciência, filosofia, ethos e política. Nela emerge a
singularidade própria do homem que é a de ser o interrogador de si mesmo. No campo
filosófico, a interrogação sobre o homem torna-se o tema dominante na época da Sofística
antiga (séc. V a.C.) e, a partir de então, acompanha todo o desenvolvimento histórico da
Filosofia ocidental.
No entanto, a interrogação filosófica sobre o homem encontra-se, a partir dos fins do
século XVIII, com o rápido desenvolvimento das chamadas “ciências do homem” e das
“ciências da vida” que investigam cada vez mais profundamente o ser biológico do homem. A
Antropologia Filosófica é, então, chamada a definir o seu estatuto epistemológico em face dos
novos saberes científicos. Sua situação em face dos novos saberes sobre o homem assume
inicialmente características de uma crise, formada pelo entrelaçar-se das diversas imagens do
homem que dominaram sucessivamente a cultura ocidental, como o homem clássico, o homem
cristão e o homem moderno. Por outro lado, a crise é também provocada pela fragmentação do
objeto da Antropologia Filosófica nas múltiplas ciências do homem, muitas vezes apresentando
peculiaridades dificilmente conciliáveis.
A multiplicidade dos horizontes que envolvem hoje a Antropologia filosófica engloba: o
domínio metacientífico ou simbólico com as representações paracientíficas do homem, da
sociedade, da história, da cultura etc., formando o pólo das formas simbólicas; o domínio das
ciências hermenêuticas ou interpretativas que vai da antropologia cultural às ciências políticas,
compreendendo o pólo do sujeito; o domínio das ciências empírico-formais ou das ciências
naturais do homem, abarcando os vários ramos do saber científico que, de alguma maneira,
procedem da grande árvore da biologia humana que se insere pólo da natureza.
Uma Antropologia Filosófica deve tentar uma articulação entre esses três pólos que não
ceda ao reducionismo e não se contente com simples justaposição, mas proceda
dialeticamente, integrando os pólos da natureza, do sujeito e do simbólico na unidade das
categorias fundamentais do discurso filosófico sobre o homem.
São vários os problemas fundamentais que constituem tradicionalmente o objeto da
Antropologia Filosófica. Para alcançar uma compreensão mais adequada da “essência” e da
condição humana é necessário enumerar e compreender alguns desses problemas:

Problema da Cultura: é do domínio das formas simbólicas, que aponta para o mundo das
formas com que o homem exprime a realidade e a si mesmo, e para o próprio homem como
sujeito de intencionalidade expressiva. Englobando a origem e a evolução da cultura
pretende nele ler, de alguma maneira, a essência do homem como ser criador de formas
culturais e aberto à infinitude do mundo das formas.

Problema da Sociedade: a sociedade é também um fato de cultura. O enorme


desenvolvimento das ciências sociais a partir do século XIX, acompanhando as mudanças
profundas da sociedade ocidental nos últimos três séculos, trouxe para o centro da
interrogação filosófica sobre o homem algumas questões fundamentais em torno do homo
socialis e do homo aeconomicus. Nesta vertente são colocadas as questões acerca das
relações sociais elementares e do seu entrelaçamento com a atividade laboriosa elementar
do homem, bem como a investigação em torno das estruturas sociais elementares que
conduz inevitavelmente à questão sobre a essência do homem como ser social e produtor.

Problema do Psiquismo: a ciência experimental do psiquismo constitui-se formalmente no


século XIX e conheceu um enorme desenvolvimento no século XX, constituindo o campo
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vasto e complexo das ciências psicológicas. A essas podem ser associadas as ciências da
linguagem, que tiveram também um extraordinário crescimento, cobrindo os campos da
lógica e da cultura, da sociedade e do psiquismo. Psiquismo e linguagem são os campos
semânticos nos quais se formou a definição clássica do homem como animal rationale, ou
animal que discorre e fala.

Problema da História: a chamada “condição histórica” do homem é uma evidência que


acompanha desde o início a reflexão filosófica sobre sua natureza e, sobretudo, sobre o
seu destino. Mas é, sem dúvida, a partir do século XVIII, com o rápido desenvolvimento das
ciências históricas modernas que o problema da historicidade do homem torna-se um tema
dominante na reflexão filosófica e repercute sobre o clássico problema da natureza humana
como invariante relativa ao longo do curso histórico.

Problema do Mito e da Religião: a linguagem religiosa do mito está nas origens da filosofia,
e a crítica das representações religiosas é um dos pontos mais antigos na tradição filosófica
ocidental. Mas as ciências da religião que se desenvolvem rapidamente ao longo do século
XIX renovam profundamente a interrogação filosófica sobre a natureza do fato religioso. Os
temas filosóficos principais que surgem no campo de investigação do fenômeno religioso
dizem respeito seja à origem da religião, seja à natureza e estrutura do ato religioso como
manifestação da essência do homem.

Problema do Ethos: na verdade esse problema envolve, de alguma maneira, todos os


outros, desde que se entenda por ethos a dimensão do agir humano social e individual na
qual se faz presente uma normatividade ou um dever-ser. Enquanto social o ethos é
costume, enquanto individual é hábito. Sendo coextensivo à cultura, o ethos é objeto, desde
os inícios da história da filosofia ocidental, de saberes específicos. Mas a interrogação
filosófica fundamental permanece, nesse campo, voltada para essa prerrogativa essencial
do homem que é a dimensão conscientemente teleológica e axiológica do seu agir, à qual
corresponde o paradoxo da livre necessidade da aceitação de um universo de normas
reguladoras desse agir.

Problema da Ciência/Conhecimento: com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia


“deixou de ser evidente para o homem a idéia de que a natureza é uma força que,
obedecendo às suas próprias leis necessárias, resiste ao nosso poder. Pelo contrário, o
saber científico-tecnológico parece dominar as forças naturais de modo cada vez mais
amplo e crescente, seja pela capacidade de prever os acontecimentos naturais, seja por
meio de intervenções que mudam o próprio curso da natureza. Em outras palavras, o
campo do necessário parece cada vez menor e o campo do possível, cada vez maior”.
(CHAUÍ, 2003, p. 341) Essa realidade coloca o homem na situação paradoxal de ter que
necessariamente limitar e regulamentar sua produção científica, seu conhecimento.

Assim, nesse vasto horizonte das ciências do homem, apresentam-se problemas


antigos e novos que irão constituir, juntamente com os dados permanentes da experiência
natural, o domínio objetivo dos saberes do homem sobre si mesmo que a reflexão filosófica
deverá tematizar e organizar sistematicamente em torno de um centro último de inteligibilidade
do homem, que é sua autoposição como sujeito.
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ENSAIO SOBRE O HOMEM


Ernest Cassirer
(Adaptação do capítulo II – pp. 47-50)

Uma Chave para a natureza do Homem: o símbolo

Comparado aos outros animais, o homem não vive apenas uma realidade mais ampla;
vive, pode-se dizer, em uma nova dimensão de realidade. Existe uma diferença inconfundível
entre as reações orgânicas e as respostas humanas. No primeiro caso, uma resposta direta e
imediata é dada a um estímulo externo; no segundo, a resposta é diferida. É interrompida e
retardada por um lento e complicado processo de pensamento. À primeira vista, tal atraso pode
parecer um ganho questionável. Muitos filósofos preveniram o homem contra esse pretenso
progresso. “L’homme qui medite”, diz Rousseau “est um animal depravé”: exceder os limites da
vida orgânica não é um melhoramento, mas uma deterioração da natureza humana.
Todavia, não existe remédio para essa inversão da ordem natural. O homem não pode
fugir à sua própria realização. Não pode senão adotar as condições de sua própria vida. Não
estando mais num universo meramente físico, o homem vive em um universo simbólico. A
linguagem, o mito, a arte e a religião são partes desse universo. São os variados fios que
tecem a rede simbólica, o emaranhado da experiência humana. Todo o progresso humano em
pensamento e experiência é refinado por essa rede, e a fortalece. O homem não pode mais
confrontar-se com a realidade imediatamente; não pode vê-la, por assim dizer, frente a frente.
A realidade física parece recuar em proporção ao avanço da atividade simbólica do homem.
Em vez de lidar com as próprias coisas o homem está, de certo modo, conversando
constantemente consigo mesmo. Envolveu-se de tal modo em formas lingüísticas, imagens
artísticas, símbolos míticos ou ritos religiosos que não consegue ver ou conhecer coisa alguma
a não ser pela interposição desse meio artificial. Sua situação é a mesma tanto na esfera
teórica como na prática. Mesmo nesta, o homem não vive em um mundo de fatos nus e crus,
ou segundo suas necessidades e desejos imediatos. Vive antes em meio a emoções
imaginárias, em esperanças e temores, ilusões e desilusões, em suas fantasias e sonhos. (...)
A partir do ponto de vista a que acabamos de chegar, podemos corrigir e ampliar a
definição clássica do homem. A despeito de todos os esforços do irracionalismo moderno, essa
definição do homem como um animal rationale não perdeu força. A racionalidade é de fato um
traço inerente a todas as atividades humanas. A própria mitologia não é uma massa grosseira
de superstições ou ilusões crassas. Não é meramente caótica, pois possui uma forma
sistemática ou conceitual. Mas, por outro lado, seria impossível caracterizar a estrutura do mito
como racional. A linguagem foi com freqüência identificada à razão, ou à própria fonte da
razão. Mas é fácil perceber que essa definição não consegue cobrir todo o campo. (...) oferece-
nos uma parte pelo todo. Isso porque, lado a lado com a linguagem conceitual, existe uma
linguagem emocional; lado a lado com a linguagem científica ou lógica, existe uma linguagem
de imaginação poética. Primeiramente, a linguagem não exprime pensamentos ou idéias, mas
sentimentos e afetos. (...) Os grandes pensadores que definiram o homem como animal
rationale não eram empiristas, nem pretenderam jamais dar uma explicação empírica da
natureza humana. Com essa definição, estavam antes expressando um imperativo moral
fundamental. [...]Mas todas essas formas são formas simbólicas. Logo, em vez de definir o
homem como animal rationale, deveríamos defini-lo como animal symbolicum. Ao fazê-lo,
podemos designar sua diferença específica, e entender o novo caminho aberto para o homem
− o caminho para a civilização.
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FILOSOFANDO: INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
Maria Lúcia de A. Aranha e Maria Helena P. Martins

Adaptação da Unidade I: O Homem (p. 2-7)

AS DIFERENÇAS ENTRE OS HOMENS E OS ANIMAIS

Ação Instintiva
Os animais que se situam nos níveis mais baixos da escala zoológica de
desenvolvimento [...] têm a ação caracterizada sobretudo por reflexos e instintos. A ação
instintiva é regida por leis biológicas, idênticas na espécie e invariáveis de indivíduo para
indivíduo. A rigidez dá a ilusão da perfeição quando o animal, especializado em determinados
atos, os executa com extrema habilidade. Não há quem não tenha ainda observado com
atenção e pasmo o “trabalho” paciente da aranha tecendo a teia. Mas esses atos não têm
história, não se renovam e são os mesmos em todos os tempos, salvo as modificações
determinadas pela evolução das espécies e as decorrentes de mutações genéticas. E mesmo
quando há tais modificações elas continuam valendo para todos os indivíduos da espécie e não
permitem inovações, passando a ser transmitidas hereditariamente. [...]
O psicólogo Paul Guillaume explica que um ato inato não precisa surgir desde o início
da vida, pois muitas vezes aparece apenas mais tarde, no decorrer do desenvolvimento:
andorinhas novas, impedidas de voar até certa idade, realizam o primeiro vôo sem grande
hesitação; gatinhos não esboçam qualquer reação diante de um rato, mas após o segundo mês
de vida aparecem reações típicas da espécie, como perseguição, captura, brincadeira com a
presa, ronco, matança etc.
Na verdade os instintos são “cegos”, ou seja, são uma atividade que ignora a finalidade
da própria ação. [...] O ato humano voluntário, em contrapartida, é consciente da finalidade, isto
é, o ato existe antes como pensamento; como uma possibilidade, e a execução é o resultado
da escolha dos meios necessários para atingir os fins propostos. Quando há interferências
externas no processo, os planos também são modificados para se adequarem à nova situação.

A Inteligência Concreta
Nos níveis mais altos da escala zoológica, por exemplo com o mamíferos, as ações
deixam de ser exclusivamente resultado de reflexos e instintos e apresentam uma plasticidade
maior, característica dos atos inteligentes. Ao contrário a rigidez dos instintos, a resposta ao
problema, ou à situação nova para os quais não há uma programação biológica, é uma
resposta inteligente, e como tal é improvisada, pessoal e criativa.
Experiências interessantes foram realizadas pelo psicólogo Köller com chimpazés. Um
dos experimentos consiste em colocar o animal faminto numa jaula onde são penduradas
bananas que o animal não consegue alcançar. O chimpanzé resolve o problema quando puxa
um caixote e o coloca sob a fruta a fim de pegá-la. Segundo Köller, a solução encontrada pelo
chimpanzé não é imediata, mas no momento em que o animal tem um insight (discernimento,
“iluminação súbita”), isto é, quando o macaco tem a visão global do campo e estabelece a
relação entre o caixote e a fruta.
Esses dois elementos, o caixote e a banana, antes separados e independentes, passam
a fazer parte de uma totalidade. É como se o animal percebesse uma realidade nova que lhe
possibilita uma ação-planejada pela espécie. Portanto, não se trata mais de ação instintiva, de
simples reflexo, mas de um ato de inteligência.
A inteligência distingue-se do instinto por sua flexibilidade, já que as respostas são
diferentes conforme a situação e também por variarem de animal para animal.[...] Em outras
palavras, o animal não inventa o instrumento, não o aperfeiçoa, nem o conserva para uso
posterior. Portanto, o gesto útil não tem seqüência e não adquire significado de uma
experiência propriamente dita. Mesmo que alguns animais organizem “sociedades” mais
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complexas e até aprendam formas de sobrevivência e as ensinem a suas crias, não há nada
que se compare às transformações realizadas pelo homem enquanto criador de cultura.

A linguagem
O homem é um ser que fala. A palavra se encontra no limiar do universo humano, pois
caracteriza fundamentalmente o homem e o distingue do animal.
Se criássemos juntos um bebê humano e um macaquinho, não veríamos muitas
diferenças de cada um nos primeiros contatos com o mundo e as pessoas. O desenvolvimento
da percepção, da preensão dos objetos, do jogo com os adultos é feito de forma similar, até
que em dado momento, por volta dos dezoito meses, o progresso do bebê humano torna
impossível prosseguirmos na comparação com o macaco, devido à capacidade que o homem
tem de ultrapassar os limites da vida animal ao entrar no mundo do símbolo.
Poderíamos dizer, porém, que os animais também têm linguagem, Mas a natureza
dessa comunicação não se compara à revolução que a linguagem humana provoca na relação
do homem com o mundo. [...] A diferença entre a linguagem humana e a do animal está no fato
de que este não conhece o símbolo, mas somente o índice. O índice está relacionado de forma
fixa e única coma coisa a que se refere. Por exemplo, as frases com que adestramos o
cachorro devem ser sempre as mesmas, pois são índices, isto é indicam alguma coisa muito
específica.
Por outro lado, o símbolo é universal, convencional, versátil e flexível. Consideremos a
palavra cruz. Além de ser uma convenção de certa forma arbitrária [...] não tem um sentido
unívoco [...] pode representar o cristianismo, referir-se à morte, pode significar uma
encruzilhada, um enfeite, e assim por diante, com múltiplas significações.
Assim, a linguagem animal visa a adaptação à situação concreta, enquanto a linguagem
humana intervém como uma forma abstrata que distancia o homem da experiência vivida,
tornando-o capaz de reorganizá-la numa outra totalidade e lhe dar novo sentido. È pela palavra
que somos capazes de nos situar no tempo, lembrando o que ocorreu no passado e
antecipando o futuro pelo pensamento. Enquanto o animal vive sempre no presente, as
dimensões humanas se ampliam para além de cada momento. [...]
É por isso que podemos dizer que, mesmo quando o animal consegue resolver
problemas, sua inteligência é ainda concreta. Já o homem, pelo poder do símbolo, tem
inteligência abstrata.
Se a linguagem, por meio da representação simbólica e abstrata, permite o
distanciamento do homem em relação ao mundo, também é o que possibilitará seu retorno ao
mundo para transformá-lo. Portanto, se não tem oportunidade de desenvolver e enriquecer a
linguagem, o homem torna-se incapaz de compreender e agir sobre o mundo que o cerca.

O trabalho
Seria pouco concluir daí que a diferença entre o homem e o animal estaria no fato de o
homem ser um animal que pensa e fala. De fato a linguagem humana permite a melhor ação
transformadora do homem sobre o mundo, e com isso completamos a distinção: um homem é
um ser que trabalha e produz o mundo e a si mesmo.
O animal não produz a sua existência, mas apenas a conserva agindo instintivamente
ou, quando se trata de animais de maior complexidade orgânica. [...] O trabalho humano é a
ação dirigida por finalidades conscientes, a resposta aos desafios da natureza na luta pela
sobrevivência. Ao reproduzir técnicas que outros homens já usaram e ao inventar outras novas,
a ação humana se torna fonte de idéias e ao mesmo tempo uma experiência propriamente dita.
O trabalho, ao mesmo tempo que transforma a natureza, adaptando-a às necessidades
humanas, altera o próprio homem, desenvolvendo suas faculdades. Isso significa que pelo
trabalho, o homem se autoproduz. Enquanto o animal permanece sempre o mesmo na sua
essência, já que repete os gestos comuns à espécie, o homem muda as maneiras pelas quais
age sobre o mundo, estabelecendo relações também mutáveis, que por sua vez alteram sua
maneira de perceber, de pensar e de sentir.
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Por se uma atividade relacional, o trabalho, além de desenvolver habilidade, permite
que a convivência não só facilite a aprendizagem e o aperfeiçoamento dos instrumentos, mas
também enriquece a afetividade resultante do relacionamento humano: experimentando
emoções expectativas, desejo, prazer, medo, inveja, o homem aprende a conhecer a natureza,
as pessoas e a si mesmo.
O trabalho é a atividade humana por excelência, pela qual o homem intervém na
natureza e em si mesmo. O trabalho é condição de transcendência e, portanto, é expressão da
liberdade.

Cultura e Humanização
As diferenças entre o homem e o animal não são apenas de grau, pois, enquanto o
animal permanece mergulhado na natureza, o homem é capaz de transformá-la, tornando
possível a cultura. O mundo resultante da ação humana é um mundo que não podemos
chamar de natural, pois se encontra transformado pelo homem.
[...] Em antropologia, cultura significa tudo que o homem produz ao construir sua
existência: as práticas, as teorias, as instituições, os valores materiais e espirituais. Se o
contato que o homem tem com o mundo é intermediado pelo símbolo, a cultura é o conjunto de
símbolos elaborados por um povo em determinado tempo e lugar. Dada a infinita possibilidade
de simbolizar, as culturas dos povos são múltiplas e variadas.
A cultura é, portanto, um processo de autoliberação progressiva do homem, o que o
caracteriza como um ser em mutação, um ser de projeto, que se faz à medida que transcende,
que ultrapassa a própria experiência. [...] É evidente que essa condição de certa forma fragiliza
o homem, pois ele perde a segurança característica da vida animal, em harmonia com a
natureza. Ao mesmo tempo, o que parece ser sua fragilidade é justamente a característica
humana mais perfeita e nobre: a capacidade do homem de produzir sua própria história.

Referências Bibliográficas

ARANHA, Maria Lúcia A. e MARTINS Maria Helena P. Filosofando: Introdução à Filosofia.


São Paulo: Moderna, 2000.
CASSIRER, Ernest. Ensaio sobre o homem: introdução a uma filosofia da cultura humana. Tradução
Tomás Rosa Bueno. 3ª. ed., São Paulo: Martins Fontes, 2001.
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 13ª.ed., São Paulo: Ática, 2003.
MONDIM, Battista. O Homem − Quem é ele? Elementos de antropologia Filosófica. São Paulo: Paulus,
1980.
VAZ, Henrique C. L. Antropologia Filosófica I. 7ª. ed., São Paulo: Loyola, 2004.

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