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Resumen de ponencia
QUESTÃO AGRÁRIA E MINERAL NO NORDESTE BRASILEIRO: desterritorialização e
luta camponesa.
A herança colonial brasileira, estruturada sob o latifúndio, o racismo e o patriarcado ainda marcam com profundidade as
relações sociais, em especial aquelas vividas por populações camponesas. Entre a Lei de Terra de 1850, que "tornou a terra
cativa e o (a) trabalhador (a) livre", o Estatuto da Terra, instituído em plena ditadura militar do país (1964) e o Plano
Nacional de Reforma Agrária (1985), os con itos fundiários foram regra. Cabanagem no Pará, Balaiada no Maranhão,
Caldeirão no Ceará, Canudos na Bahia, Trombas e Formoso em Goiás e tantos outros con itos agrários foram
consequência da luta camponesa pela desconcentração do latifúndio no país. Diversas foram as formas de organização
das populações camponesas frente às imperiosas oligarquias agrárias, a exemplo dos quilombos existentes em todo
território nacional, das Ligas Camponesas, do Cangaço Nordestino e mais recentemente do Movimento dos (das)
Trabalhadores (das) Rurais Sem Terra (MST) , do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e do Movimento Pela
Soberania Popular na Mineração (MAM). Mesmo com as conquistas legislativas e com a incidência direta dos
movimentos sociais para o desmonte dos latifúndios, ainda vivemos sob uma estrutura agrária concentrada nas mãos de
grandes proprietários/empresariado rural que alimentam o processo de extrangeirização das terras e do agronegócio.
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Essa lógica cultiva grandes monoculturas transgênicas, pulverizadas por agrotóxicos para movimentar as commodities
de exportação, a nal tanto os grãos quanto os minérios foram os principais responsáveis pelo processo de reprimarização
da economia brasileira e inserção no capital transnacional nos últimos anos. Em algumas regiões do país expulsa
resistência da agricultura familiar e camponesa ao agronegócio. Não por acaso o número de con itos no campo tem
crescido nos últimos anos. Segundo do Caderno Con itos no Campo Brasil 2015, publicado pela Comissão Pastoral da
Terra (CPT) "Em 2015, 50 pessoas foram assassinadas no campo, o maior número de vítimas desde 2004, e 39% a mais do
que em 2014, quando foram registrados 36 assassinatos". Essa violência predomina na região norte do país, mais
precisamente na região Amazônica, com destaque para os estados de Rondônia e Pará. O Caderno a rma ainda que "93
das 144 pessoas que receberam ameaças de morte; 66 dos 80 camponeses presos. E ainda 20.000.853 dos 21.374.544
hectares em con ito". Foram, no ano de 2015, 998 con itos por terra, sendo que 527 aconteceram na região norte, "com
Outra atividade responsável pela desterritorialização de camponeses (as) têm sido a indústria mineradora de extração e
transformação. Atividade também do período colonial brasileiro, também tornou-se a principal responsável por con itos
socioambientais do país. A economia mineral do Brasil se expandiu no período de guerras; principalmente com a II
Guerra Mundial, jazidas importantes foram descobertas na década de 1940. Essa produção tem crescimentos reais a partir
da década de 1970, quando se consolida político administrativamente o setor mineral a nível nacional.
É a partir da política neoliberal brasileira da década de 1990, com o boom das commodities, que teremos o boom da
mineração. Esse complexo mercado se consolida ao nal dessa década e no início dos anos 2000. Foi no governo auto
denominado democrático popular que o país passou a ser o principal exportador de minérios, principalmente de ferro,
para China. Com o “novo” governo eleito em nome das massas, mantiveram-se os acordos e a lógica de uma economia
pautada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo empresariado. Tais relações já estabelecidas ainda no processo
eleitoral, à exemplo dos doadores da campanha de reeleição de Lula em 2006, cuja Vale foi a empresa que doou maior
montante.
Para alguns estudos sobre mineração no Brasil, estamos vivendo um momento de “neoextrativismo mineral” (MILANEZ,
2013; SANTOS, 2013), cujos impactos das mais variadas ordens às frações da classe trabalhadora, são evidenciadas há
alguns anos por estudos advindos de diversos campos da ciência. Esses autores também a rmam que este estágio da
economia brasileira não pode ser caracterizado como “neodesenvolvimentista” em razão do processo de
desindustrialização brasileira recente, considerando que o desenvolvimentismo tem como principal aspecto a
Esse processo de desindustrialização, quando a indústria perde espaço para a exploração de matérias primárias, é
considerada negativa para a economia, pois aumenta a dependência pela exportação destes produtos básicos. Portanto
esses autores a rmam o “neoextrativismo, caracterizado pela exploração intensiva das matérias-primas direcionadas
Desde o início dos anos 2000 as exportações de minério só têm aumentado, tendo como principais destinos, em 2013, a
“China (50,0%), Japão (11,0%), Alemanha (4,0%), Coréia do Sul e Países Baixos (4,0%)”. “(...) a emissão de alvarás de pesquisa
mineral cresceu 53,1% de 2012 para 2013. Em 2013, foram outorgadas 177 concessões de lavra. Ainda em 2013 foram
publicados no Diário o cial da União 13.652 alvarás de pesquisa mineral, enquanto em 2012 foram 8.860 (ZONTA;
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Milanez (2015) a rmou em entrevista concedida ao Instituto Humanites Unisinos – IHU, que, ao lado da exportação de
soja, os minérios foram os responsáveis pelo equilíbrio da balança comercial brasileira e que 80% do minério de ferro
extraído do país, em minas a céu aberto, é exportado; “(...) entre 2000 e 2010 a exportação de minério passou de 163
milhões de toneladas para 321 milhões (5,9% das exportações para 15,3%)”, conforme publicou a Agência Nacional de
Mineração.
Todas essas ações do capital têm desterritorializado camponeses, indígenas, quilombolas, etc. No Ceará o Complexo
Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), principal responsável pelas exportações de pescado, fruticultura e minérios do
Estado, é exemplo disso. Desta forma, buscaremos com esse trabalho explicitar os con itos gerados pelas contradições
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