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Circular 64 PDF
Circular 64 PDF
Ministério da
Agricultura, Pecuária
e Abastecimento
64
Introdução
Conceito
Apicultura é a ciência que trata da criação e exploração racional das
abelhas da espécie Apis mellifera, popularmente conhecidas como
Pelotas, RS
Figura 1
abelhas melíferas africanizadas, ou abelhas de ferrão.(Figura 1).
Dezembro, 2007
Autor
Figura 1
1.. Durante sua visita às flores, as abelhas melíferas
realizam a polinização.
Quadro 1
1.. Dimensões internas padronizadas da colméia modelo Langstroth:
Peças móveis da caixa Comprimento Largura Altura
(cm) (cm) (cm)
ninho 46,5 37,0 24,0
quadros ninho 48,1 e 42,9 2,8 23,3
tampa 51,0 44,0 ---
fundo 60,0 41,0 2,0
melgu eira 46,5 37,0 14,5
quadros melgueira 48,1 e 42,9 2,8 13,8
- a presença de água ao natural, que não seja Para se fazer uma boa apicultura, deve-se
contaminada nem estagnada (parada); posicionar as colméias da seguinte forma: as
entradas das caixas deverão estar voltadas
- a proteção contra correntes de vento, que
para o leste ou norte, deixando o alvado
resfriam as colméias e desgastam as
(entrada) protegido dos ventos
abelhas campeiras, exigindo delas
predominantes. Do contrário, os apicultores
demasiado esforço para voar;
deverão providenciar uma barreira natural ou
- a distância mínima de criações, casas, e um quebra-ventos.
locais públicos, sendo recomendável um
mínimo de 400 a 500 metros para áreas de As colméias deverão ser instaladas sobre
campo aberto e de 200 a 300 metros para cavaletes individuais a uma altura de 60 cm do
áreas de mata; solo para evitar a umidade e dificultar a
predação por sapos, lagartos, tatus e outros
- o fácil acesso, em qualquer época do ano, de
animais.
forma que o apicultor consiga cumprir a
contento seu calendário apícola.
Deve ser mantida uma distância de 1 a 3
metros entre as colméias para evitar pilhagem
A instalação preferencial das colméias deverá
entre enxames. Distâncias menores
ser em locais onde possam receber o sol pela
confundem as abelhas campeiras e estressam
manhã e sombra no período da tarde.
as abelhas guardiãs. Distâncias maiores
Não se deve extrapolar o número limite de reduzem a eficiência e agilidade no trabalho
colméias no apiário (WIESE, 1995). A Figura 4
dos apicultores (Figura 4).
quantidade de colméias deverá ser
Método de captura de enxames ainda a) pegar um ninho com quadros que estão
pousados: providos de tiras (cerca de 3 a 10 cm de
altura) de cera alveolada;
Quando os enxames não estão fixos, ou seja,
quando encontram-se pousados em algum b) colocar sobre o ninho uma melgueira vazia
Figura 7
galho, (Figura 7) é muito simples fazer sua para que as abelhas, ao serem derrubadas
transferência para um ninho. para dentro do ninho, não caiam para fora
pelas laterais;
Figura 7
7.. Enxame temporariamente pousado em galho de
árvore, durante deslocamento enxameatório ou migratório.
Apicultura Sustentável na Propriedade Familiar de Base Ecológica 7
O alimento mais recomendável é a pasta Exemplo: para o preparo do xarope, usar uma
energético-protéica, colocada diretamente a duas partes de açúcar (de preferência
Apicultura Sustentável na Propriedade Familiar de Base Ecológica 9
mascavo) para uma parte de água, misturados internos, do tipo bandeja (cobertura) ou cocho
e aquecidos até levantar a fervura; aguardar (Doolitle).
esfriar para fornecer às abelhas. Oferecer de
500ml a 1000ml de alimento a cada 10 dias. Alimentadores recomendados:
Se as abelhas depositarem a alimentação nas - bandeja: pode ser colocada entre o ninho e a
áreas de postura da rainha, acrescentar mais melgueira ou no topo da colméia;
um ninho ou suspender a alimentação. - cocho (Doolitle): deve ser colocado próximo
Figura 1
à área de cria, dentro do ninho (Figura 0);
10
Alimentadores
- de alvado (Boardman): é acoplado ao alvado
Existem vários modelos de alimentadores, e o depósito de xarope é externo e móvel;
tanto para o sistema da alimentação
- bolsa plástica: é colocada sobre os quadros
individual, quanto para o sistema coletivo. Os
do ninho, de onde o alimento é sugado por
alimentadores coletivos são economicamente
pequenos orifícios na face voltada para
negativos para o apicultor (alimentam os
baixo.
enxames de toda a região, num raio de 2 a 4
quilômetros) e tecnicamente problemáticos Reduzir os alvados e vedar as possíveis
(não funcionam em dias frios ou chuvosos, frestas de cada colméia. Revisar e fazer
não favorecem enxames fracos e induzem manutenção nos alimentadores (lavagem
pilhagem e lutas entre abelhas e enxames). vigorosa) a cada reposição de alimento, para
evitar o surgimento de fungos (mofo) e outros
Quanto aos modelos de alimentadores
microorganismos. Não derramar alimentos
individuais, dar preferência aos alimentadores
pelo apiário, evitando pilhagem.
quadros com favos velhos por quadros Os quadros com cera alveolada não deverão
preenchidos com lâminas inteiras de cera ser colocados inicialmente no centro da área
Figura1
alveolada (Figura11);
Figura11 de crias do enxame, mas sim nas bordas da
mesma, após os favos com cria mais externos
-eliminar realeiras de enxameação
do ninho, para não dividir a esfera de crias.
(posicionadas nas bordas dos favos);
- aumentar o espaço físico para depósito de
mel, com o acréscimo de melgueiras.
Multiplicação de enxames
flores já entrem na caixa nova.
Programar o procedimento de multiplicação
de enxames para um dia ensolarado e quente, Transferir para o ninho novo 4 a 5 quadros
de preferência nos horários em que grande Figura 12)
que contenham postura, (Figura 12 crias
parte das campeiras estão no campo, entre as novas, mel, pólen e abelhas aderentes aos
9h e as15h, e no início ou plena safra. favos. Cuidar para não transferir a rainha.
sentido, é possível, após a seleção visual e de Nas épocas de produção de mel, o que na
produtividade, guardar viva a rainha a ser metade sul do Rio Grande do Sul se estende
eliminada, mantendo-a temporariamente presa de outubro a maio, conforme o micro-clima e
em uma gaiola especial até confirmar o êxito espécies botânicas locais, a colméia deverá
da união dos enxames. estar com uma ou mais melgueiras, atendendo
a necessidade de crescimento de cada
Fazer as uniões ao entardecer e usar colméias enxame.
padronizadas, com fundo solto, para permitir
tal procedimento de união. Ambas as colméias Manejo
Manejo:
deverão estar a 2 metros, ou menos, uma da
outra; do contrário, as abelhas campeiras de
uma delas (a que foi deslocada para cima da - colocar melgueiras repletas de quadros com
outra) irão se perder na rua, no local em que favos bons ou com lâminas inteiras de cera
estava originalmente sua caixa. Figura 1
alveolada (Figura 144);
Na revisão seguinte, que deve ser alguns - mais adiante na safra, ao acrescentar as
poucos dias depois (3 a 7 dias), os apicultores demais melgueiras vazias (quando 2/3 dos
deverão remover os favos prejudiciais ao favos da primeira melgueira estiverem
crescimento do enxame, ou seja, os favos que ocupados por abelhas e mel), as mesmas
Figura 13
não estejam com cria de operária (Figura 13) poderão ser colocadas entre o ninho e a
ou com espaço disponível para a postura pela primeira melgueira ou diretamente sobre a
rainha, mantendo todos aqueles com crias e primeira, sem perda em produtividade ou
escolhendo, dentre os restantes, os mais tempo de preenchimento, desde que alguns
novos, bem construídos e com alvéolos favos com mel da primeira melgueira sejam
desimpedidos. colocados no centro da segunda e terceira
melgueiras, atuando como atrativos às
Manejo de melgueiras abelhas caseiras que estão no serviço de
desidratação e redistribuição do néctar e do
As melgueiras ou sobre-caixas são destinadas
mel pelos espaços construídos.
a armazenar o mel excedente produzido pela
colméia.
É fundamental, apenas, que a colméia não deve ser dirigida para o mel nos favos; além
fique sem melgueiras, caso a safra não tenha da possibilidade de contaminação, impregna
chegado ao fim. seu mau cheiro no mel a ser colhido.
Referências
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M.T.R. Produção de mel
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