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TUTORIAL
Conforme o cronograma da USF Montes Claros, sexta feira é o dia reservado para a médica
realizar visitas domiciliares (VD). Na ultima sexta, Dr.ª Roberta e Claudia (ACS) andavam
pelo território em direção à casa de Dona Augusta para realizar uma VD, quando ambas
foram abordadas por Marcos (Etilista Crônico) que é usuário da USF, porém, residente de
outra microárea.
- Doutoras... “espera” aí... quero falar com vocês!
- Drª Roberta é melhor nós adiantarmos porque esse senhor está bêbado novamente. Arlete
(ACS da microárea de Marcos) me disse que ele só anda assim, se pararmos, ele não vai nos
deixar sair. (Falou Cláudia em voz baixa)
- Drª... eu preciso de uma consulta!
- Vá lá na Unidade, hoje é dia de marcação de consulta, e a recepcionista vai lhe dizer pra
que dia tem vaga. Respondeu a médica adiantando o passo e seguindo para sua visita com
Cláudia.
OBJETIVOS:
Identificar as possíveis fragilidades e potencialidades da abordagem relatada no
caso;
Dessa forma, Camila trouxe que além da falta de acolhimento da demanda do morador
e da rigidez da agenda da USF, também houve o estigma ao morador por parte da equipe da
USF (“o bêbado é muitas vezes visto como um importuno”). Mithaly citou que ficou
incomodada com a substantivação do sujeito, além do não atendimento da demanda do
indivíduo, e que uma das demandas daquele caso seria a de saúde mental. Além disso
Mithaly falou sobre a falta de ética profissional de Arlete (ACS) ao contar que aquele sujeito
se tratava de um “bêbado” para a agente comunitária de uma outra micro-área, e para um
outro profissional (Drª Roberta). A colega mencionou que a Atenção Primária em Saúde
(APS) deve considerar o sujeito em sua singularidade e que este está inserido em um território
vivo. O profissional deve compreender aquele território não como uma fotografia, mas como
uma filmagem, algo que faz parte de uma dinâmica. Joilson, assim, frisou sobre a dificuldade
que os profissionais de saúde, de forma geral, têm em lidar com pessoas que fazem uso
abusivo de álcool e outras drogas, fazendo com que haja fragilidade na atenção à saúde dessas
pessoas, e corrobora com a ideia de que a USF não deve ficar presa ao cronograma para lidar
com a condição de saúde daquele indivíduo. O colega também falou sobre a importância da
ligação do serviço com a rede, e do encaminhamento do caso para um CAPS AD, por
exemplo; no sentido de se estimular o sistema de referência e contra-referência.
Tainá disse que a Política Nacional de Atenção Básica traz que é obrigação do
profissional fazer a escuta, o que se prevê na atenção integral à saúde e como um direito dos
usuários. Apontou ainda que o direito universalidade (que condiz com a facilitação do
acesso), no caso explanado, é violado, o que pode gerar mais demanda reprimida, ferindo-se
também o direito da equidade. A colega ainda abordou sobre a necessidade de se pensar a
redução de danos no âmbito da Atenção Primária, e disse que se o rapaz é parte de uma
micro-área, os profissionais deveriam conhecer as demandas dele. Luana também alertou
sobre a necessidade de humanização dos profissionais no atendimento, e a falta da ética.
Assim, além de possibilitar o acesso universal e contínuo dos sujeitos aos serviços de
saúde, estes serviços devem ser os mais resolutivos possíveis, caracterizados como a porta de
entrada aberta e preferencial da rede de atenção, acolhendo os usuários e promovendo a
vinculação e corresponsabilização pela atenção às suas necessidades de saúde. A leitura e
análise da PNAB aponta que tanto a acessibilidade quanto o acolhimento pressupõem uma
lógica de organização e funcionamento do serviço de saúde que parte do princípio de que a
unidade de saúde deva receber e ouvir todas as pessoas que procuram os seus serviços, de
modo universal e sem diferenciações excludentes, além de adscrever os usuários e
desenvolver relações de vínculo e ordenar as redes.
- Muitas vezes o profissional não tem o perfil para se trabalhar na APS, o que implica
na postura ética e moral do profissional. O ideal era se ter uma educação permanente na
saúde, onde a secretaria de saúde investisse e vistoriasse isso. Muitas vezes a gestão
municipal não gere de forma adequada as necessidades mínimas da USF. A forma como se
houve e se atende implica na logitudidade do cuidado
Tainá:
Mithaly:
Camila:
- Educação é o ponto-chave para se trabalhar. Não sei como mudar, mas quando se
muda uma gestão, muda tudo. Não sei como isso é trabalhado com o ACS ou até a pessoal da
recepção. O cuidado deve ser construído de forma conjunta. O controle social é importante.
Houve a quebra dos três princípios: universalidade, equidade e integralidade.
Mithaly:
Acesso avançado predispõe em se ter uma agenda aberta, mas também uma agenda
fixa. Envolver os profissionais em todo processo de trabalho. Redução do tempo de
consulta a partir da longitudidade do cuidado.
Luana:
-“Fazer o trabalho de hoje, hoje”;
- A marcação de consultas pós festa de São João (durante o São João a USF está
esvaziada).
Camila e Joilson:
-Trouxeram dois estudos para exemplificar. Abrir mão da agenda fragmentada, evitar
esperas prolongadas.
Joilson:
-Como não conseguimos ser resolutivos com uma febre, crise hipertensiva e diarreia?
Todo médico que atua na APS deveria ser formado em medicina da família e
comunidade.
Tainá:
-A equipe deve trabalhar de forma coesa. O profissional as vezes se restringe a sua
própria agenda, ao que fará naquele dia.
Referências:
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 648, de 28 de março de 2006. Dispõe sobre a revisão de diretrizes e normas para a
organização da Atenção Básica para o Programa da Saúde da Família (PSF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde
(Pacs). Diário Oficial da União. 2006 Mar 28. [acesso em 2018 Ago 18]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
saudelegis/gm/2006/prt0648_28_03_2006_comp. html.
_____________________. Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica,
estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2017. [internet]. [acesso em 2018 Agos 18]. Disponível em:
http://www.brasilsus.com.br/index.php/legislacoes/gabinete -do- -ministro/16247-portaria-n-2-436-de-21-de-setembro-de-
2017.
LOPES, Gisele Vieira Dourado Oliveira et al . Acolhimento: quando o usuário bate à porta. Rev. bras.
enferm., Brasília, v.67, n.1, p.104-110, Feb. 2014.
SHINZATO CAMELO, Marina et al. Acolhimento na atenção primária à saúde na ótica de enfermeiros. Acta Paulista de
Enfermagem, v. 29, n. 4, 2016.