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Luthier: artista do artesanato

MARCELO QUEIROZ DE SIQUEIRA CASTOR

2018
Objetivo geral:
• Apresentar o desenvolvimento estético e técnico da construção de
um violão como atividade artística e apresentar junto a pesquisa o
instrumento construído.
Objetivos específicos:
- Apresentar uma breve história dos instrumentos de cordas dedilhadas e a
arte da luteria, bem como seus traços culturais e origens;
- Contextualizar o surgimento dos instrumentos de cordas dedilhadas e como
eram antes do violão clássico moderno;
- Analisar o processo evolutivo da construção dos instrumentos de cordas
dedilhadas;
- Evidenciar a luteria como atividade artística, por meio de uma reflexão
sobre os estudos sonoros do arte educador Murray Shafer.
- Apresentar a experiência de construção de um violão, o método utilizado,
os princípios básicos e elementares de como foi construído, desde sua
elaboração até seu acabamento.
A pesquisa é estruturada em três
polos:
•História da música
•Musicologia
•Prática artística do luthier
Autores e obras referente a história da música
no Capítulo II:
• ANDRADE, Mario. Pequena história da música. Belo Horizonte:
Editora Itatiaia Ltda, 1987.
• BENNET, Roy. Uma breve história da música. Rio de Janeiro: Zahar,
1986.
• CAMPOS, Wagner. História do violão. São Paulo: Sesc, 2005.
• KINDERSLEY, Dorling. Música: guia visual definitivo. São Paulo:
Publifolha, 2014.
Autores e obras referente a Musicologia:

• HARNOCOURT, Nikolaus. Os discursos dos sons: caminhos para uma


novo compreensão musical. Rio de Janeiro: Zahar Editores S.A., 1998.
• PIANA, GIOVANI. A filosofia da música. Bauru, SP: Edusc, 2001.
• TAME, DAVID. O poder oculto da música: a transformação do homem
pela energia da música. Cultrix, 1994.
• SCHAFER, Murray. O ouvindo pensante. São Paulo: Fundação da
Editora da Unesp, 1991.
Autores e obras referente a prática artística
da luteria:
• ABREU, Sergio. Sua herança poética e contribuição musical através de suas transcrições.
Dissertação apresentada na Escola de Comunicação da Universidade de São Paulo, 2007.
• COUTO, André Luís de Macedo. Física do Violão, 2006. Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado no curso de física da Universidade de Brasília, 2006.
• HENRIQUE, Luis L. Acústica Musical. Editora Fundação Caloust Fulbenkian, 2002.
• SANTOS, Bogdan Skorupa Ribeiro. Oficina de luteria e laboratório de acústica: uma
relação desvelada na perspectiva do ser-luthier. Dissertação de mestrado apresentada no
Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal
do Paraná. Ponta Grossa, 2017. Disponível em:
http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/2465/1/PG_PPGECT_M_Santos%2C%2
0Bogdan%20Skorupa%20Ribeiro%20dos_2017.pdf, acessado em 07 de setembro de
2018.
ETAPAS
DA
CONSTRUÇÃO DO VIOLÃO
As madeiras para confecção do violão clássico são o cedro e o
mogno para propiciar um som mais grave. As medidas do braço
do violão clássico de sete cordas são de 9 cm x 60 cm x 1,8 cm.
Marcando o ângulo entre e 13 e 14 graus para mão do violão.
Cortar a madeira do braço no ângulo já para ter a mão.
• Juntar as duas partes e lixar para nivelar as áreas. Também colar as duas
peças
Prensar com cola pelo menos duas horas
braço pronto para receber o salto.
Usa-se as mesmas madeiras da lateral e do fundo como uma pala na
espessura de 2mm e a contrapala de outra cor na espessura de 0.6 mm.
• O corte da pala acompanha o grau da mão para receber a pestana.
Após colar 4 tacos nas medidas de 12 x 9 cm para se ter o salto
fazer a marcação e a junção do salto com a estrutura interna do
violão, prensar o salto no braço e colar as palas, pelo menos por
duas horas. A ponta do salto é colada na altura da 12º casa do
violão.
Salto e tronco prontos para receber a forma.
Após tirar o excesso de madeira das palas com plaina manual
centraliza o braço do violão e posiciona o gabarito de corte da
mão colando com fita dupla-face o gabarito na pala para que
não se mova quando for passar a tupia laminadora posicionar
também o gabarito da escala para centralizar a mão. Usando o
gabarito e a tupia se obtém um trabalho uniforme.
Gabarito de furação das tarraxas colado com fita dupla-face, usa-se uma broca de 10mm e furadeira de
bancada.
Colocação da tarraxa.


Marcar corte feito com disco de 2mm à 4° para fazer o encaixe
espanhol para receber as laterais do violão. E com o gabarito
para dar forma ao salto sempre tendo uma linha central de
referência para fazer o entalhe do salto com um formão, travar o
braço e marcar as áreas onde serão entalhadas.
Após o entalhe marcar o centro do tróculo e retirar o excesso de
madeira. Passar a plaina para nivelar, e deixar a parte interna do
tróculo com 5 cm. Com o gabarito do salto fazer um rebaixo na
parte de cima do tróculo para receber o tampo, assim está
finalizado o braço do violão, sem os trastos.
Gabarito do tampo
Fazendo a sua própria roseta, numera-se as peças da roseta com
filetes. Molhar com água destilada para dobrar o cilindro
térmico dando forma redonda ao filete.
Após expandir o diâmetro da roseta receber os filites
personalizados de jacarandá rosa. E usar raspilha para nivelar a
roseta com o tampo.
Selecionar jacarandá com 2 mm de espessura e 76 cm de
comprimento e 9, 5 cm de altura do salto, 10,5 cm na altura do
corte radial e transversal. Dobrando as laterais, umedecendo 15
minutos antes de fazer as marcações com água destilada em
todas as partes. Usar uma folha de aço e uma folha de papel
alumínio. Colar a lateral em cima do papel alumínio por outra
camada de papel alumínio, e por a manta térmica em cima e pré-
aquecer a 50°.
Selecionar jacarandá com 2 mm de espessura e 76 cm de
comprimento e 9, 5 cm de altura do salto, 10,5 cm na altura do
corte radial e transversal. Dobrando as laterais, umedecendo 15
minutos antes de fazer as marcações com água destilada em
todas as partes. Usar uma folha de aço e uma folha de papel
alumínio. Colar a lateral em cima do papel alumínio por outra
camada de papel alumínio, e por a manta térmica em cima e pré-
aquecer a 50°.
Prender as laterais com clipe de ferro.
Colocar as laterais colocar em manta térmica a 90° para
começar a curva, em seguida 110° para primeira curva. Em
seguida abrir e molhar volta e meia com água destilada para a
segunda curva. Para finalizar deixar 100° na terceira curva
cozinhando por 15 min. Deixar esfriar e ligar mais duas vezes
entre 50° e 90° e não deixar sair fumaça.
Assim se tem as laterais pré-moldadas como alas.
Acomodar as alas na forma da prensa, ajustar as extremidades
ao concentro e após retirar o excesso de madeira e dar
acabamento com plaina, acomodar as laterais na forma.
Taco de reforço de fundo das laterais. Medidas: 6 cmx10,5 cm x
1cm. Pode ser de mogno ou cedro. Colar o taco na emenda do
fundo com a parte abaulada nas laterais prensar por duas horas.
As barras estruturais devem ser mais altas que o leque
harmônico na medida de 7mm X 15 mm.
Rebaixar o leque harmônico com plaina, e afinar as pontas do
leque até quase 0 com um formão. Colar e prensar o leque
harmônico por duas horas. Fazer o entalhe das barras
transversais e colar e prensar as barras de reforço da boca.
Leque harmônico finalizado
Prepara-se o reengrosso para colar nas laterais para receber o
tampo e o fundo. Colar o reengrosso e prensar com clips de
ferro. Deixar prensado por duas horas após cinco minutos de
colagem e limpar o excesso de cola.
Pronto e nivelado, com a parte inferior do braço encaixado para
receber o tampo.
Tampo e laterais posicionados na forma para colagem e prensa.
Colar e prensar por duas horas. Sempre limpando de excesso de
cola com um pano umedecido e água destilada e um palito para
auxiliar nos cantos com acesso.
Marcar com um giz para se ter uma guia de onde tem que ir
diminuindo a altura das laterais. Usar um disco de abaulamento
para lixar com movimentos circulares. Observando a curvatura
de uma ponta a outra após o uso do disco de lixa. Colando o rei
grosso para receber o fundo.
Violão pronto para receber o fundo.
Antes de colar o fundo marca-se o centro da peça com uma
linha central. Cola-se uma barra de pinho para o reforço com 12
cm x 0.3 cm cola e prensa por duas horas e usa-se uma fita para
proteger o fundo usando uma lixa para o acabamento. Fazendo o
encaixe dos reforços horizontais utilizando um formão de 6mm.
Usar cedro como reforço e barras horizontais.
Após retirar o excesso de madeira dos reforços deixando-os
mais leves e flexíveis até chegar em quase zero. Não deve haver
frestas nos encaixes.
Após fazer as marcações dos encaixes dos reforços do fundo nas
laterais do violão encaixar as peças com precisão. Colar e
prensar o fundo por duas horas.
Prensagem do fundo
Após duas horas na prensa o violão está pronto para receber os
filetes laterais para ter melhor acabamento.
Para os filetes usa-se o mesmo processo de dobra das laterais e
do reengrosso.
Após a colocação dos filetes usar fita para prensar, deixar secar
por cinco minutos e prensar com barbantes e deixar secar por
duas horas.
Preparar a escala para receber o corte dos trastes. Utilizando um
gabarito com fita dupla-face e com a escala com sua face para
baixo regular sua altura desejada com um disco de 0,6 mm.
Colagem da escala no braço do violão. Pode-se usar dois pregos
finos para ajudar na fixação da escala, colar e prensar por pelo
menos duas horas.
Após fazer a limpeza de onde vão ser instalados os trastes.
Cortar os trastes e fazer a instalação, limar os trastes em ângulo
com uma lima usando um gabarito em ângulo. Fazer o
nivelamento dos trastes com um taco de nivelar e lixa d’água.
Dar polimento nos trastes com esponja de aço e aplicar cera na
escala.
Cavalete
Posicionar o cavalete de acordo com a medida da escala para
dar a afinação correta. Colar fita no tampo para proteger o
mesmo da cola. Colar e prensar o cavalete prensando à vácuo ou
com grampos, deixar secar por duas horas.
Lateral do fundo emendada e encaixada.
Colocação e encaixe da ponta do salto.
Com um pedaço de osso se faz a pestana, e com uma régua de
gabarito de corte se faz a marcações de onde vão as cordas com
uma lima se faz um corte para receber as cordas.
Rastilho feito de osso
Coloca-se as cordas para regular a altura da pestana e do
rastilho.
Violão pronto para receber selador, verniz e polimento.
Primeiro selante
Entre cada demão se lixa todo o instrumento com lixa 360 até
tirar o brilho do verniz. São quatro mãos de verniz aplicadas em
pincel e mais sete com pistola de pintura.
Depois da última demão de verniz o violão deve descansar
quatro dias para receber o polimento.
Considerações finais
O presente Trabalho de Conclusão de Curso aborda a luteria como
prática artística e educativa. A partir do histórico da construção dos
instrumentos dedilhados, desde o alaúde até o violão moderno,
demonstra como o luthier é um artista híbrido, apto a manipular de
forma estética os materiais para construção de instrumentos e ainda
compreender os aspectos físicos da emissão sonora do violão. A parte
prática do trabalho, relata a experiência da construção do violão, o
processo criativo do luthier e assim os princípios básicos e elementares
utilizados na luteria. Esboçando um método de arte-educação para a
construção de instrumentos de cordas dedilhadas.

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