Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ASI
NTERDI
SCI
PLI
NARES
DEPROMOÇÃODASAÚDE:
DONASCI
MENTOAOENVELHECI
MENTO
SIL
VIAISABELRECHFRANKE
ANAPAULASEHN
DIENEDASI LVASCHLICKMANN
CÉZANEPRI SCI
LAREUTER
(
Or gani
zador
as)
ESTRATÉGIAS INTERDISCIPLINARES DE
PROMOÇÃO DA SAÚDE:
DO NASCIMENTO AO ENVELHECIMENTO
Reitora
Carmen Lúcia de Lima Helfer
Vice-Reitor
Rafael Frederico Henn
Pró-Reitor de Graduação
Elenor José Schneider
Pró-Reitora de Pesquisa
e Pós-Graduação
Andréia Rosane de Moura Valim
Pró-Reitor de Administração
Dorivaldo Brites de Oliveira
Pró-Reitor de Planejamento
e Desenvolvimento Institucional
Marcelino Hoppe
Pró-Reitor de Extensão
e Relações Comunitárias
Angelo Hoff
EDITORA DA UNISC
Editora
Helga Haas
COMISSÃO EDITORIAL
Helga Haas - Presidente
Andréia Rosane de Moura Valim
Carlos Renê Ayres
Cristiane Davina Redin Freitas
Hugo Thamir Rodrigues
Marcus Vinicius Castro Witczak
Mozart Linhares da Silva
Rudimar Serpa de Abreu
Organizadoras
ESTRATÉGIAS INTERDISCIPLINARES DE
PROMOÇÃO DA SAÚDE:
DO NASCIMENTO AO ENVELHECIMENTO
Dados eletrônicos.
Inclui bibliografia.
Modo de acesso: World Wide Web: www.unisc.br/edunisc
Demais organizadoras: Ana Paula Sehn, Diene da Silva Schlichmann, Cézane Priscila
Reuter.
ISBN 978-65-990443-0-4
CDD 613
PREFÁCIO 8
Ana Zoé Schilling
APRESENTAÇÃO 9
Silvia Isabel Rech Franke
Ana Paula Sehn
Diene da Silva Schlickmann
Cézane Priscila Reuter
I
A IMPORTÂNCIA DA ATENÇÃO OBSTÉTRICA
NA SAÚDE FETAL E DA MULHER
II
ESTILO DE VIDA ATIVO E SAÚDE
III
SEGURANÇA DO PACIENTE E CAPACIDADE FUNCIONAL
IV
ESTRATÉGIAS DE SAÚDE NO ENVELHECIMENTO
1 INTRODUÇÃO
A Organização Mundial de Saúde (OMS) informou que, em 2016, a América Latina foi a
região com a maior taxa de cesariana do mundo, com 44,5% dos nascimentos. O Brasil ocupa-
va o segundo lugar no ranking mundial, com uma taxa 55,4%, ficando atrás apenas da Repú-
blica Dominicana que liderava com 55,8% (WHO; UNICEF, 2018). Esse cenário é considerado
alarmante, uma vez que a recomendação para esse tipo de procedimento varia entre 10% a
15%, sendo o último o limite máximo. A OMS ratifica essa indicação, sustentando que regiões
que possuem taxas de cesariana acima de 15% não apresentaram queda na taxa de mortalida-
de materna e tampouco melhores resultados para a saúde dos bebês (WHO, 1985).
Em relação ao Rio Grande do Sul, no ano de 2016, o número de cesariana ultrapassou
a média nacional com um índice de 62% (BRASIL, 2019a). O Estado é dividido em 19 regiões
de saúde, em que são agrupados os municípios por sua identidade socioeconômica e cultural.
Essas regiões de saúde são administradas por Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS), que
têm como responsabilidade o planejamento e gerenciamento das ações e serviços de saúde. A
região de Santa Cruz do Sul é incluída na 13ª CRS, a qual coordena 13 municípios: Santa Cruz
do Sul, Candelária, Gramado Xavier, Herveiras, Mato Leitão, Pantano Grande, Passo do Sobra-
do, Rio Pardo, Sinimbu, Vale do Sol, Vale Verde, Venâncio Aires e Vera Cruz (RS, 2016).
Os municípios referência – que possuem complexidade em saúde necessária para a rea-
lização de parto vaginal e cesariana – na 13ª CRS são Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires, Rio
Pardo e Candelária. Somente no ano de 2017, a 13ª CRS, registrou total de nascimentos de
__________________
¹ Médica Ginecologista. Mestre em Desenvolvimento Regional pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC).
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde, Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa
Cruz do Sul, RS, Brasil. e-mail: isahfh@gmail.com
² Nutricionista. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde, Universidade de Santa Cruz do Sul
(UNISC), Santa Cruz do Sul, RS, Brasil.
³ Doutora em Psicologia Clínica. Docente do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Promo-
ção da Saúde, Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do Sul, RS, Brasil.
Silvia Isabel Rech Franke, Ana Paula Sehn, Diene da Silva Schlickmann, Cézane Priscila Reuter (org.).
3770 crianças, sendo 71% de cesárias e 29% de partos normais. No município de Santa Cruz, no
mesmo ano, ocorreram 1620 nascimentos, os quais representaram 42,9% da região A cidade
de Santa Cruz Sul apresentou taxas maiores que o Brasil, Rio Grande do Sul e 13ª CRS, totali-
zando 73% de cesarianas e 27% de parto normal (BRASIL, 2019a; RS, 2017).
Os municípios referência – que possuem complexidade em saúde necessária para a rea-
lização de parto vaginal e cesariana – na 13ª CRS são Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires, Rio
Pardo e Candelária. Somente no ano de 2017, a 13ª CRS, registrou total de nascimentos de
3770 crianças, sendo 71% de cesárias e 29% de partos normais. No município de Santa Cruz do
Sul, no mesmo ano, ocorreram 1620 nascimentos, os quais representaram 42,9% da região. A
cidade de Santa Cruz Sul apresentou taxas maiores que o Brasil, Rio Grande do Sul e 13ª CRS,
totalizando 73% de cesarianas e 27% de parto normal (BRASIL, 2019a; RS, 2017). As altas taxas
de cesariana são pano de fundo para uma discussão complexa: seriam todos esses procedi-
mentos acima da indicação mundial desnecessários?
A cesariana é um procedimento de grande porte, que não está isenta de adversidades,
e pode trazer complicações tanto para a mãe quanto para o recém-nascido (BRASIL, 2015).
Alguns fatores para o crescimento desse procedimento no mundo já foram apontados, como
a reduzida qualidade/número de consultas de pré-natal, o baixo nível de informação da mãe
sobre riscos e benefícios dos tipos de parto e a comodidade da marcação de data e horário
para nascimento, tanto para os profissionais de saúde envolvidos quanto para os pais (BRASIL,
2014, 2012).
A questão da comodidade leva, por muitas vezes, a indução da gestante a realizar o pro-
cedimento de cesariana, dado que a fragilidade do momento e que a maioria das informações
recebidas vêm por meio do médico. A prática desnecessária desse procedimento pode ser
relacionada como uma forma de violência na atenção obstétrica, quando a vontade da mulher
é vencida pela vontade do médico (WEIDLE, 2014).
Considerando que o Brasil é o segundo país no mundo em altas taxas de cesariana, e
que o Rio Grande do Sul e o município de Santa Cruz do Sul apresentam taxas acima da média
nacional, este capítulo objetiva revisar a literatura sobre o elevado número de cesarianas e sua
possível associação como um tipo de violência na atenção obstétrica.
O sistema de informações sobre nascidos vivos do Brasil disponibiliza seus registros so-
bre via de parto desde meados da década de 1990. A frequência de cesarianas no Brasil tem
apresentado um crescente contínuo desde os anos 2000. Em 2009, pela primeira vez, a pro-
porção de cesarianas superou a de partos normais no país, alcançando o valor de 50,03%. Em
2017, o Brasil apresentou uma taxa de 55,66%, o que representa um crescimento de 23,6% em
23 anos (1994-2017). O retrato da situação no Rio Grande do Sul não difere do resto do país,
Isabel Helena Forster Halmenschlager, Letiane de Souza Machado, Edna Linhares Garcia
ALTAS TAXAS DE CASARIANA: 13
UM TIPO DE VIOLÊNCIA NA ATENÇÃO OBSTÉTRICA?
possuindo uma curva que se iguala ao Brasil em 1997 com 40%, e supera-o em 1999.
O Estado assume sua maioria de partos cesariana em 2006, três anos antes que a média
nacional, e crescendo 24,86% em 23 anos (1994-2017), com a taxa de 2017 de 62,8%. Por fim,
o município de Santa Cruz do Sul, que dentre as três esferas, apresenta os maiores percentuais.
O município apresentou uma queda de 2% das taxas entre 1994-1998, após teve crescimento
vertiginoso, ultrapassando o País e o Estado em 2005. No mesmo ano o número de procedi-
mentos de cesariana excedeu o parto normal (50,8%), quatro anos antes do Brasil. Do mesmo
modo, o município apresentou a maior diferença de crescimento em 23 anos, multiplicando
sua taxa em 2,3 vezes, ou em 44,5% maior em 2017 do que 1994 (BRASIL, 2019a). Os dados
expostos nesse parágrafo estão dispostos no seguinte gráfico (Figura 1):
2014
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2015
2016
2017
Fonte: Secretaria de Vigilância em Saúde - DATASUS - Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos
SINASC e SIP/ANS (BRASIL, 2019).
utilizada, alegando que essa teria conotação inadequada, uma vez que não agrega valor e pre-
judica a busca pelo cuidado humanizado (BRASIL, 2019b).
O órgão científico de maior importância na área, a Federação Brasileira de Ginecologia
Obstetrícia (FEBRASGO), defende o uso do termo para designar as mais diversas situações de
violências direcionadas às mulheres durante o período de gravidez, parto e puerpério. Sendo
assim, fatores como a falta de leitos e/ou difícil acesso à maternidade; maternidades despre-
paradas, lotadas, impróprias para parto; negação do direito ao acompanhante (já estabelecido
por lei); além de despreparo ou destrato por parte da equipe de saúde também são conside-
rados tipos de violência obstétrica (FEBRASGO, 2015; BRASIL, 2005).
Em 2010, um estudo desenvolvido por meio de relatos de mulheres que tiveram filhos
constatou que, uma em cada quatro brasileiras narra ter sofrido algum tipo de maus-tratos
durante trabalho de parto e no parto. Essa pesquisa ainda afirma que esse número pode ser
subnotificado, uma vez que as principais violências identificadas são de ordem física, não in-
cluindo a psicológica e a negligência (VENTURI; GODINHO, 2010).
Analisando as altas taxas de partos por cesariana na esfera nacional, estadual e muni-
cipal, e nos três âmbitos superando em mais de três vezes a recomendação da OMS de no
máximo 15% de ocorrência, esse subtítulo se destina a dissertar sobre a relação intrínseca dos
altos índices desse procedimento como um tipo de violência na atenção obstétrica (BRASIL,
2019a; RS, 2016; WHO, 1985).
Os maiores índices de cesariana são na população urbana, com maior poder aquisitivo,
que possuem plano de saúde e em regiões com maior acesso a serviços de saúde especializa-
dos em obstetrícia (FREITAS et al., 2006). São indiscutíveis as vantagens e a necessidade desse
procedimento, contudo quando indicada de forma responsável e criteriosa. A cesariana é um
procedimento de grande porte e possuí riscos intrínsecos. Na mãe podem ocorrer situações
de hemorragia, infecções, lacerações e comprometimento do futuro obstétrico; para o recém-
-nascido se tem questões de prematuridade, problemas respiratórios e uma maior chance de
necessidade de ressuscitação (BRASIL, 2015).
O caderno Humaniza SUS e as Diretrizes de Atenção à Gestante: a operação cesariana,
ambos do Ministério da Saúde, apontam algumas causas do elevando número de cesariana
no Brasil, sendo a comodidade da marcação de data e horário para nascimento, o baixo nível
de informação oferecido à gestante, o reduzido número de consultas pré-natal, entre outros
(BRASIL, 2015, 2014). Contudo, um estudo realizado em um hospital no sul do País constatou
que as mulheres que tinham sete ou mais encontros pré-natais realizavam mais cesarianas, in-
dicando a possibilidade de que o contato com obstetra influenciaria a decisão pela preferência
pela cesariana (FREITAS; SAKAE; JACOMINO, 2008).
Silvia Isabel Rech Franke, Ana Paula Sehn, Diene da Silva Schlickmann, Cézane Priscila Reuter (org.).
Desde o início da gestação até o momento do parto a gestante recebe diversas infor-
mações e orientações, seja no pré-natal seja na sala de parto. No pré-natal é obrigação do
profissional que o realiza informar a paciente de todos os riscos e benefícios de cada via de
parto, sendo ela protagonista da escolha de um ou de outro. Contudo, a literatura aponta que,
por vezes, o médico responsável por esses esclarecimentos induz a paciente para escolha da
cesariana, uma vez que a mesma é com hora marcada e garante a comodidade para ambos
(mãe e médico). Nesse caso, o direito de autonomia da mulher é violado, sendo a vontade da
mesma oprimida pela relação de poder que o conhecimento médico imprime. Outro ponto
crucial de intervenção médica é no momento do trabalho de parto, em que a gestante está
em um momento vulnerável e é submetida aos procedimentos de rotina do serviço médico.
Considera-se crucial que nessa etapa todos procedimentos, intervenções e condutas sejam
informados e esclarecidos, de maneira que a gestante e o acompanhante não tenham dúvida
em relação a necessidade dos mesmos (WEIDLE, 2014).
Como uma estratégia de garantia dos direitos da gestante, o Conselho Federal de Medi-
cina (CFM) brasileiro publicou em 2016 a Resolução nº 2.144, em que consta:
Por fim, o CFM orienta que por motivos de segurança e promoção da saúde da mãe
e do recém-nascido o procedimento de cesariana solicitado pela gestante somente poderá
ser realizado após a 39ª semana de gestação, salvo em casos de gestação de alto risco (CFM,
2016).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebe-se que essa expressão “Violência Obstétrica”, apesar de sua definição e utiliza-
ção não apresentarem consenso nos meios políticos e científicos, pode estar ligada como um
possível fator para o alto índice de cesarianas no Brasil, no Rio Grande do Sul e em Santa Cruz
do Sul. E, que o crescimento dessa taxa nas últimas décadas ocorreu, provavelmente, pela falta
de transmissão e troca de conhecimentos entre as gestantes e os profissionais de saúde.
A mudança desse quadro e a criação de um novo paradigma – em que seja preservada a
autonomia da mulher na escolha da via de parto - talvez iniciem por meio de novas formas de
diálogo sobre o nascimento entre os atores envolvidos. Esse movimento configura um grande
desafio, uma vez que se faz necessário a elaboração de estratégias de transformação das roti-
nas e atendimentos nos pré-natais e centros obstétricos, assim como formação e conscientiza-
ção dos profissionais de saúde responsáveis por esses serviços.
Isabel Helena Forster Halmenschlager, Letiane de Souza Machado, Edna Linhares Garcia
ALTAS TAXAS DE CASARIANA: 17
UM TIPO DE VIOLÊNCIA NA ATENÇÃO OBSTÉTRICA?
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei Nº 11.108, de 07 de abril de 2005. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Bra-
sília, 2005. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11108.htm.
Acesso em: 26 set. 2019.
BRASIL. Ministério da Saúde. Política nacional de atenção integral à saúde da mulher: princípios e
diretrizes. Ministério da Saúde, Brasília: DF 2007. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publica-
coes/politica_nac_atencao_mulher.pdf. Acesso em: 12 set. 2019.
BRASIL. Cadernos de atenção básica: atenção ao pré-natal de baixo risco. Brasília: Ministério da Saúde,
Brasília, DF, 2012. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_atencao_basi-
ca_32_prenatal.pdf. Acesso em: 12 set. 2019.
BRASIL. Diretrizes de Atenção à Gestante: a operação cesariana. Brasília: Ministério da Saúde, Brasília,
DF, 2015. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Consultas/Relatorios/2015/Relatorio_PCDTCesa-
riana_CP.pdf. Acesso em: 12 set. 2019.
BRASIL. Secretaria de Vigilância em Saúde - DATASUS. Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos
SINASC e SIP/ANS. Ministério da Saúde, Brasília, DF, 2019a. Disponível em: http://www2.datasus.gov.
br/DATASUS/index.php?area=0205&id=6936&VObj=http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?si-
nasc/cnv/nv. Acesso em: 12 set. 2019.
BRASIL. Despacho - posicionamento deste Ministério quanto ao uso do termo “violência obs-
tétrica”. Brasília, DF, 2019b. Disponível em: https://sei.saude.gov.br/sei/controlador_externo.php?a-
cao=documento_conferir&codigo_verificador=9087621&codigo_crc=1A6F34C4&hash_downloa-
d=c4c55cd95ede706d0b729845a5d6481d07e735f33d87d40984dd1b39a32d870fe89dcf1014bc76a3
2d2a28d8f0a2c5ab928ff165c67d8219e35beb1a0adb3258&visualizacao=1&id_orgao_acesso_exter-
no=0. Acesso em: 26 set. 2019.
CFM - Conselho Federal de Medicina. Resolução nº 2.144, de 17 de março de 2016. Portal CFM, 2016.
Brasília, DF, Disponível em: https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&i-
d=26247:2016-06-20-16-06-10&catid=3. Acesso em: 12 set. 2019.
DINIZ, S. G.; CHACHAM, A. S. O “corte por cima” e o “corte por baixo”: o abuso de cesáreas e episioto-
mias em São Paulo. Questões de Saúde Reprodutiva, São Paulo, n. 1, v. 1, p. 80-91, 2006.
D´OLIVEIRA, A. F. P. L.; DINIZ, C. S. G.; SCHRAIBER, L. B. Violence against women in health care institu-
tions: an emerging problem. The Lancet, [s.l], v. 359, n. 11, p. 1681-1685, maio 2002. ISSN: 0140-6736.
ISSN: 0140-6736. DOI: https://doi.org/10.1016/S0140-6736(02)08592-6. Disponível em: https://www.
thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(02)08592-6/fulltext. Acesso em: 12 set. 2019.
item/170-contra-a-violencia-obstetrica?highlight=WyJ2aW9sZW5jaWEiLCJvYnN0ZXRyaWNhIiwidmlvb-
Fx1MDBlYW5jaWEgb2JzdFx1MDBlOXRyaWNhIl0=. Acesso em: 26 set. 2019.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário da língua portuguesa. 5. ed. Curitiba: Positivo,
2014.
GARCÍA, D.; DÍAZ, Z.; ACOSTA, M. El nacimiento en Cuba: análisis de la experiencia del parto medicali-
zado desde una perspectiva antropológica. Revista Cubana de Salud Pública, [s.l], n. 39, v. 4, p. 718-
732, 2013. ISSN 1413-8123. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232012000700029. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/csc/v17n7/29.pdf. Acesso em: 12 set. 2019.
RS - Rio Grande do Sul. Plano estadual de saúde: 2016/2019. Secretaria de Estado da Saúde, Por-
to Alegre, RS, 2016. Disponível em: https://saude.rs.gov.br/upload/arquivos/201701/05153251-pes-
-2016-2019-sesrs.pdf. Acesso em: 26 set. 2019.
RS - Rio Grande do Sul. Portal BI: gestão estadual – dados de 2017. Secretaria de Estado da Saúde, Porto
Alegre, RS, 2017. Disponível em: http://bipublico.saude.rs.gov.br/index.htm. Acesso em: 15 set. 2019.
SANFELICE, C. et al. Do parto institucionalizado ao parto domiciliar. Revista Rene, Ceará, n. 15, v. 2, p.
362-370, mar./abr. 2014. ISSN: DOI: 10.15253/2175-6783.2014000200022. Disponível em: https://www.
redalyc.org/pdf/3240/324031263022.pdf. Acesso em 26 set. 2019.
VENEZUELA. Ley orgánica sobre el derecho de las mujeres a una vida libre de violência. Asamblea
Nacional de la República Bolivariana de Venezuela, Venezuela, 2007. Disponível em: http://observato-
riointernacional.com/?p=732. Acesso em: 25 set. 2019.
VENTURI, G.; GODINHO, T. Pesquisa de opinião pública: mulheres brasileiras e gênero nos espaços
público e privado. São Paulo: Fundação Perseu Abramo e SESC, 2010. Disponível em: https://apublica.
org/wp-content/uploads/2013/03/www.fpa_.org_.br_sites_default_files_pesquisaintegra.pdf. Acesso em:
29 out. 2019.
WEIDLE, W. G. et al. Escolha da via de parto pela mulher: autonomia ou indução? Caderno de saúde
coletiva, Rio de Janeiro, v. 22, n. 1, p. 46-53, 2014. ISSN 1414-462X. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/
1414-462X201400010008. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cadsc/v22n1/1414-462X-
-cadsc-22-01-00046.pdf. Acesso em: 29 out. 2019.
WHO - World Health Organization. Appropriate technolology for birth. The Lancet, [s.l], v. 2, n. 8452,
p. 436-7, aug. 1985. ISSN: 0140-6736. DOI: https://doi.org/10.1016/S0140-6736(85)92750-3. Disponível
em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0140673685927503. Acesso em: 28 out. 2019.
WHO - World Health Organization; UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância. Stemming the
global caesarean section epidemic. The Lancet, [s.l], v. 392, n. 10155, p. 1279, oct. 2018. ISSN: 0140-
6736. DOI: https://doi.org/10.1016/S0140-6736(18)32394-8. Disponível em: https://www.sciencedirect.
com/science/article/pii/S0140673618323948. Acesso em: 28 out. 2019.
WOLFF, L.; WALDOW, V. Violência consentida: mulheres em trabalho de parto e parto. Saúde e Socie-
dade, São Paulo, v. 17, n. 3, p. 138- 151, jul./set. 2008. ISSN: 1984-0470. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/
Isabel Helena Forster Halmenschlager, Letiane de Souza Machado, Edna Linhares Garcia
ALTAS TAXAS DE CASARIANA: 19
UM TIPO DE VIOLÊNCIA NA ATENÇÃO OBSTÉTRICA?
ZANARDO, G. L. P. et al. Violência obstétrica no Brasil: uma revisão narrativa. Psicologia & sociedade,
[s.l], v. 29, p. 1-11, july 2017. ISSN 0102-7182. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1807-0310/2017v29155043.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/psoc/v29/1807-0310-psoc-29-e155043.pdf. Acesso em: 12 out.
2019.
OBESIDADE E DIABETES GESTACIONAL COMO FATORES DE RISCO PARA
DESENVOLVIMENTO FETAL E DE DIABETES MELLITUS TIPO 2
1 INTRODUÇÃO
3 Doutora em Biologia Celular e Molecular pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Docente do
Departamento e no Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde, Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC),
Santa Cruz do Sul, RS, Brasil.
Este texto tem como objetivo ressaltar a importância das atuações de forma interdis-
ciplinar concentradas na mulher em idade fértil, com uma atuação em conjunto com órgãos
públicos e comunidade, para melhorar hábitos alimentares, diminuir o sedentarismo, provo-
cando mudanças no estilo de vida e dessa forma reduzir o risco de desenvolvimento de DM
tipo 2 para a mulher diagnosticada com diabetes gestacional e para o feto que se desenvolveu
nesse meio hiperglicêmico, aumentando seu risco de macrossomia, hipoglicemia neonatal,
malformações e de desenvolver obesidade, DM tipo 2 e doença cardiovascular no início da sua
vida adulta.
A DM tipo 2 tem uma relação direta com maus hábitos de estilo de vida, estando relacio-
nada a 90% dos indivíduos que recebem o diagnóstico de diabetes. Sua prevalência tem sido
considerada como uma pandemia global, além de ser a causa mais frequente de internações
hospitalares e de estar associada a complicações cardiovasculares, acidente vascular cerebral e
riscos de amputações de membros (MAZZINI et al., 2013).
A obesidade e/ou excesso de peso é o mais importante risco modificável, não só para
diabetes gestacional como para hipertensão arterial durante a gestação (SANCHEZ-LECHUGA
et al., 2018). A Organização Mundial da Saúde (OMS) enfatiza o monitoramento do ganho de
peso durante a gestação. É uma atuação de baixo custo e de grande importância, auxiliando
na diminuição dos riscos materno e fetais (WHO, 2012).
A prevalência da diabetes gestacional, conforme a Organização Mundial da Saúde, em
mulheres com mais de 20 anos, é de 7,6%, conforme estudo realizado nas unidades de saúde
em diferentes estados brasileiros e esta prevalência pode variar de 3% a 8% (MASSUCATTI et
al., 2012).
O diagnóstico de diabetes gestacional requer um atendimento com uma equipe multi-
disciplinar para diminuir os impactos materno-fetais. Estudo com inclusão de aulas em DVD,
com orientações sobre mudanças nos hábitos de vida, não mostraram diferença no acompa-
nhamento rotineiro dessas gestantes. Por meio dessas observações, percebe-se a necessidade
de auxílio dos profissionais da saúde e do apoio familiar em relação às mudanças no estilo de
vida (DRAFFIN et al., 2017).
A terapia nutricional realizada durante o período gestacional deve priorizar a recomen-
dação de que 45% a 65% do valor total energético (VET) sejam de carboidratos, de 15% a 20%
de proteínas e de 20% a 35% de lipídios, para manter níveis glicêmicos maternos controlados
e prevenir a hiperglicemia fetal conforme a figura 1. As metas glicêmicas desejadas são 95
mg/dl na glicemia de jejum e de 120 mg/dl na glicemia de 2 horas pós-prandial. A ingesta de
bebida alcoólica deve ser desencorajada pelo risco materno de hipoglicemia materna e tam-
bém por sequelas sobre o feto, como por exemplo, a restrição de crescimento intrauterino. O
Silvia Isabel Rech Franke, Ana Paula Sehn, Diene da Silva Schlickmann, Cézane Priscila Reuter (org.).
Níveis altos
de glicose
no sangue
Proporcionam glicose
extra
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A DM tipo 2 tem sido apontada como a doença crônica mais prevalente e com maiores
expectativas de morbimortalidade na população mundial. Diversos estudos demonstram que
a maioria dos riscos para o desenvolvimento da DM tipo 2 são modificáveis. Um dos riscos
descritos inicia no ambiente intrauterino, afetando o crescimento e desenvolvimento fetal e
o tornando um risco em potencial de se tornar diabético no futuro, quando gerado em níveis
de hiperglicemia materna. Observa-se uma necessidade de maiores estudos sobre a atuação
multidisciplinar e de sessões educativas sobre a importância da mudança de hábitos de vida e
Andreia Gabriela Bueno, Fabiana Frey Juruena, Silvia Isabel Rech Franke ,Valeriano Antonio Corbellini
REFERÊNCIAS
ASHEIM E. T.; SOVIK, T. T. Global trends in body-mass index. The Lancet, [s.l], v. 377, n. 9781, p. 1916-
1917, jun. 2011. ISSN: 0140-6736. DOI: https://doi.org/10.1016/S0140-6736(11)60804-0. Disponível em:
thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(11)60804-0/fulltext. Acesso em: 07 jul. 2019.
BELO, S. et al. CO020. Índice de massa corporal antes da gravidez e aumento ponderal durante a
gestação- Factores de risco para complicações maternas e fetais em mulheres com diabetes gestacional.
Revista Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, [s.l], v. 7, n. 2, p. 7, jun. 2012. DOI:
10.1016/S1646-3439(12)70030-5. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/273657591_
CO020_INDICE_DE_MASSA_CORPORAL_ANTES_DA_GRAVIDEZ_E_AUMENTO_PONDERAL_DURANTE_A_
GESTACAO_-_FACTORES_DE_RISCO_PARA_COMPLICACOES_MATERNAS_E_FETAIS_EM_MULHERES_
COM_DIABETES_GESTACIONAL. Acesso em: 16 ago. 2019.
CIVANTOS S. et al. Predictors of postpartum diabetes mellitus in patients with gestational diabetes.
Endocrinología, Diabetes y Nutrición, [s.l], v. 66, n. 2, p. 83-89, feb. 2019. ISSN: 2530-0164. DOI: https://
doi.org/10.1016/j.endinu.2018.08.013. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/
pii/S2530016418302350?via%3Dihub. Acesso em: 16 ago. 2019.
CZARNOBAY, S. A. et al. Preditores do excesso de peso ao nascer no Brasil: revisão sistemática. Jornal
de Pediatria, Rio de Janeiro, v. 95, n. 2, p. 128-154, mar./abril, 2019. ISSN 1678-4782. DOI: http://dx.doi.
org/10.1016/j.jped.2018.04.006. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/jped/v95n2/pt_0021-7557-
jped-95-02-0128.pdf. Acesso em: 10 ago. 2019.
DEL VAL, T. L. et al. Fasting glucose in the first trimester: an initial approach to diagnosis of gestational
diabetes. Endocrinología, Diabetes y Nutrición, [s.l], v. 66, n. 1, p. 11-18, jan. 2019. ISSN: 2530-0164.
DOI: https://doi.org/10.1016/j.endinu.2018.06.012. Disponível em: https://reader.elsevier.com/reader/
sd/pii/S2530016418301770?token=7BFBB6EEE99843BA3FCEB78
40911F6BF6A2F9F02E8E8F2D0C17AE02AECF08240AB6AE46A2373F82C131176E4BEAA68F3.
Acesso em: 24 jul. 2019.
DRAFFIN, C. R. et al. Impact of an educational DVD on anxiety and glycaemic control in women diagnosed
with gestational diabetes mellitus (GDM): A randomised controlled trial. Diabetes Research and
Clinical and Practice, [s.l], v. 126, p. 164-17, abril 2017. ISSN: 1872-8227. DOI: https://doi.org/10.1016/j.
Silvia Isabel Rech Franke, Ana Paula Sehn, Diene da Silva Schlickmann, Cézane Priscila Reuter (org.).
FAZIO, E. S. et al. Consumo dietético de gestantes e ganho ponderal materno após aconselhamento
nutricional. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, [s.l], v. 33, n. 2, p. 87-91, feb. 2011. ISSN:
1806-9339. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v33n2/v33n2a06.pdf. Acesso em: 24 jul. 2019.
GEDE, Grupo Espanõl de Diabetes y Embarazo, Asistencia a la gestante con diabetes. Guía de práctica
clínica actualizada en 2014. Avances em Diabetología, [s.l], v. 31, n. 2, p. 45-59, mar./abril 2015.
ISSN: 1134-3230. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.avdiab.2014.12.001. Disponível em: https://www.
researchgate.net/publication/276238950_Asistencia_a_la_gestante_con_diabetes_Guia_de_practica_
clinica_actualizada_en_2014. Acesso em: 10 ago. 2019.
GOMES, E. et al. Obesidade e Gravidez: Conhecer para atuar precocemente? Realidade numa unidade de
saúde de familiar. Revista Portuguesa e Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, [s.l], v. 8, n. 1, p. 16-
20, jan./jun, 2013. ISSN: 1646-3439. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.rpedm.2012.01.001. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/259164002_Obesidade_e_gravidez_conhecer_para_atuar_
precocemente_A_realidade_numa_unidade_de_saude_familiar. Acesso em: 24 jul. 2019.
PADILHA, P. C., et al. Terapia nutricional no diabetes gestacional. Revista de Nutrição, Campinas, v. 23, n.
1, p. 95-105, jan./fev. 2010. ISSN: 1415-5273. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1415-52732010000100011.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rn/v23n1/a11v23n1.pdf. Acesso em: 07 jul. 2019.
PRADOS, M. et al. Gestational diabetes mellitus in a multiethnic population in Spain: Incidence and factors
associated to impaired glucose tolerance one year after delivery. Endocrinologia, Diabetes y Nutricíon,
[s.l], v. 66, n. 4, p. 240-246, abril 2019. ISSN: 2530-0164. DOI: https://doi.org/10.1016/j.endinu.2018.07.007.
Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2530016418301915?via%3Dihub.
Acesso em: 24 jul. 2019.
RIBEIRO A. M. C. et al. Diabetes gestacional: determinação de fatores de risco para diabetes mellitus.
Revista Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, [s.l], v. 7, n. 2, p. 7, jul./dez, 2012.
ISSN: 1646-3439. DOI: 10.1016/j.rpedm.2014.05.004. Disponível em: https://www.elsevier.es/en-revista-
revista-portuguesa-endocrinologia-diabetes-e-356-articulo-diabetes-gestacional-determinacao-
fatores-risco-S1646343914000182. Acesso em: 24 jul. 2019.
Andreia Gabriela Bueno, Fabiana Frey Juruena, Silvia Isabel Rech Franke ,Valeriano Antonio Corbellini
YAZDANI, S. et al. Effect of maternal body mass index on pregnancy outcome and newborn weight. BMC
Research Notes, [s.l], v. 5, p. 1-4, 2012. ISSN: 1756-0500. DOI: 10.1186/1756-0500-5-34. Disponível em:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3292487/pdf/1756-0500-5-34.pdf. Acesso em: 24 jul.
2019.
WHO. Global database on body mass index: na interactive surveillance tool for monitoring nutrition
transition. [s.l]. Disponível em: http//apps.who.int/bmi/index.jsp. Acesso em: 10 maio 2012.
II
ESTILO DE VIDA ATIVO
E SAÚDE
EFEITOS DO EXERCÍCIO FÍSICO SOBRE OS NÍVEIS DE RESISTINA
1 INTRODUÇÃO
A obesidade tem se tornado uma epidemia mundial que tem como consequência o de-
sencadeamento de diversas doenças e comorbidades. É caracterizada pelo alto consumo de
energia que resulta no aumento dos depósitos de gordura no tecido adiposo, como exemplo,
a adiposidade visceral, hiperplasia, hipertrofia e disfunção dos adipócitos (células de gordura).
Pessoas obesas apresentam alterações como a manifestação dos marcadores inflamatórios,
este quadro induz alta produção de adipocinas (proteínas sinalizadoras secretadas pelo tecido
adiposo) pró-inflamatórias e baixos níveis de adipocinas anti-inflamatórias (NORTHCOTT et al.,
2012; SMITH; MINSON, 2012).
A resistina, por exemplo, é uma adipocina pró-inflamatória que se expressa no tecido ad-
iposo branco e é secretada por adipócitos e macrófagos (células imunes). Essa adipocina vem
demonstrando forte associação com a resistência insulínica, diabetes tipo II e obesidade, pois
limita a formação do tecido adiposo, ocasionado pelo desequilíbrio energético (KUSMINSKI;
MCTERNAN; KUMAR, 2005; SILVEIRA et al., 2009).
Nos últimos anos, o exercício físico é considerado um tratamento não medicamentoso
com poder de reduzir os marcadores inflamatórios (AKBARPOUR, 2013; RACIL et al., 2013).
Praticar exercícios físicos promove benefícios à saúde, como a redução do peso corporal con-
tribuindo para a melhora do quadro clínico da obesidade, e na prevenção de riscos para o
desenvolvimento de outras complicações como hipertensão arterial, dislipidemia, resistência
insulínica, entre outros, o que consequentemente resulta em uma melhor qualidade de vida
(GOMES et al., 2017; GONDIM et al., 2015; MARTINEZ et al., 2017; RODRIGUES et al., 2018;
WINTER et al., 2018).
1
Licenciada em Educação Física. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde, Universidade de
Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do Sul, RS, Brasil leticiaschneiders12@gmail.com;
2
Licenciada em Educação Física. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde, Universidade de
Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do Sul, RS, Brasil).
3
Doutora em Biologia Celular e Molecular pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Docente do
Departamento de Biologia e Farmácia e do Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde, Universidade de Santa
Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do Sul, RS, Brasil.
4
Doutora em Saúde da Criança e do Adolescente pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Docente do
Departamento de Educação Física e Saúde e do Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde, Universidade de
Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do Sul, RS, Brasil.
Silvia Isabel Rech Franke, Ana Paula Sehn, Diene da Silva Schlickmann, Cézane Priscila Reuter (org.).
Acredita-se que o exercício físico possa atuar na melhora dos perfis clínicos, cardiometa-
bólico e das adipocinas (KHADIR et al., 2014; MENDHAM et al., 2015; TOUATI et al., 2015). No
entanto, o papel do exercício físico nos marcadores inflamatórios e no metabolismo lipídico
ainda não está esclarecido (GONDIM et al., 2015). A partir disso, é possível observar que a
prática de exercício físico está relacionada com os níveis de resistina (JAMURTAS et al., 2015),
principalmente em indivíduos com diabetes mellitus tipo II (ZOUPANOU; RYDSTEDT, 2019) e
que o sedentarismo aumenta esses níveis de resistina (MARCELINO-RODRÍGUEZ et al., 2017).
Diante do exposto, este capítulo tem como objetivo descrever os efeitos do exercício
físico sobre os níveis de resistina.
Sabe-se que o exercício físico exerce diversos benefícios sobre marcadores inflamatórios
por meio da sua função anti-inflamatória, em que previne os danos e as alterações causadas
no perfil das células imunológicas do tecido adiposo. Portanto, o exercício físico atua impe-
dindo a expansão do tecido adiposo e promovendo um perfil celular imune adequado a esse
tecido (LANCASTER; FEBBRAIO, 2014), reduzindo a massa de gordura visceral, a inflamação no
tecido adiposo, a resistência à insulina e o risco de doenças (GLEESON et al., 2011; YU; TSAI;
KUO, 2017) e agindo contra a inflamação sistêmica e vascular local (PINTO et al., 2012; YU; TSAI;
KUO, 2017).
Sugere-se que sejam realizados exercícios resistidos com intensidade moderada, com o
objetivo de melhorar alguns marcadores inflamatórios relacionados com a obesidade, ateros-
clerose e diabetes tipo II. No entanto, mesmo com esses achados, é necessário mais estudos
experimentais e com uma amostra maior para demonstrar a eficácia dessas modalidades de
exercícios na melhoria dessas doenças (YU; TSAI; KUO, 2017). Contudo, por sua função anti-in-
flamatória, o exercício físico é considerado um tratamento não farmacológico muito útil para o
controle de doenças crônicas e inflamatórias (AKBARPOUR, 2013; PINTO et al., 2012; RACIL et
al., 2013; YU; TSAI; KUO, 2017).
Tendo em vista a importância do exercício físico, é fundamental a realização de ações
de saúde que promovam e incentivem a população em geral a praticar exercícios físicos de
forma regular, a fim de reduzir o aparecimento de doenças (GLEESON et al., 2011; LANCASTER;
FEBBRAIO, 2014), principalmente por ser uma prática que é atingível para pessoas de todas as
idades (YU; TSAI; KUO, 2017).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
É sabido que o exercício físico está relacionado com os marcadores inflamatórios, por
sua resposta anti-inflamatória no organismo. No entanto, pouco se sabe sobre os níveis de
resistina em humanos e qual o efeito do exercício físico sobre este marcador. Estudos futuros
devem ser realizados para elucidar a forma como a resistina se manifesta diante do exercício
físico, para melhor entender o seu mecanismo. Com o intuito não só de preencher essa lacuna,
e sim, de poder utilizar essa resposta para trazer alternativas que beneficiem a saúde e o
controle de doenças.
REFERÊNCIAS
AKBARPOUR, Mohammad. The effect of aerobic training on serum adiponectin and leptin levels and in-
flammatory markers of coronary heart disease in obese men. Biology of Sport, [s.l], v. 30, n. 1, p. 21–27,
jan. 2013. ISSN: 0860021X. DOI: 10.5604/20831862.1029817. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.
gov/pmc/articles/PMC3944554/pdf/JBS-30-1029817.pdf. Acesso em: 05 jul. 2019.
ELLOUMI, M. et al. Effect of individualized weight-loss programmes on adiponectin, leptin and resistin
levels in obese adolescent boys. Acta Paediatrica, International Journal of Paediatrics, [s.l], v. 98, n.
9, p. 1487–1493, set. 2009. ISSN: 0803-5253. DOI: 10.1111/j.1651-2227.2009.01365.x. Disponível em: ht-
tps://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1651-2227.2009.01365.x. Acesso em: 05 jul. 2019.
GLEESON, M. et al. The anti-inflammatory effects of exercise: mechanisms and implications for the pre-
vention and treatment of disease. Nature Reviews Immunology, [s.l], v. 11, n. 9, p. 607–610, ago. 2011.
ISSN: 1474-1741. DOI: 10.1038/nri3041. Disponível em: https://www.nature.com/articles/nri3041. Acesso
em: 12 ago. 2019.
GODOY-MATOS, A. et al. Adipocinas: uma visão geral dos seus efeitos metabólicos. Revista Hospital
Universitário Pedro Ernesto, Rio de Janeiro, v. 13, n. 1, p. 54–60, jan./mar. 2014. ISSN: 1983-2567. DOI:
10.12957/rhupe.2014.9806. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistahupe/
article/viewFile/9806/8768. Acesso em: 12 ago. 2019.
GOMES, M. F. P. et al. The effect of physical resistance training on baroreflex sensitivity of hypertensive
rats. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, São Paulo, v. 108, n. 6, p. 539–545, 2017. ISSN: 1678-4170.
DOI: http://dx.doi.org/10.5935/abc.20170065. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abc/v108n6/
0066-782X-abc-20170065.pdf. Acesso em: 13 ago. 2019.
GONDIM, O. S. et al. Benefits of regular exercise on inflammatory and cardiovascular risk markers in
normal weight, overweight and obese adults. PLoS ONE, [s.l], v. 10, n. 10, p. 1–14, out. 2015. ISSN: 1932-
6203. DOI: 10.1371/journal.pone.0140596. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/
PMC4608693/pdf/pone.0140596.pdf. Acesso em: 13 ago. 2019.
JAMURTAS, A. Z. et al. Adiponectin, resistin, and visfatin in childhood obesity and exercise. Pediatric
Letícia de Borba Schneiders, Ana Paula Sehn,Jane Dagmar Pollo Renner,Cézane Priscila Reuter
Exercise Science, [s.l], v. 27, n. 4, p. 454–462, nov. 2015. ISSN: 1543-2920. DOI: 10.1123/pes.2014-0072.
Disponível em: https://journals.humankinetics.com/view/journals/pes/27/4/article-p454.xml. Acesso
em: 13 ago. 2019.
JONES, T. E. et al. Long-term exercise training in overweight adolescents improves plasma peptide YY and
Resistin. Obesity, [s.l], v. 17, n. 6, p. 1189–1195, jun. 2009. ISSN: 1930-739X. DOI: 10.1038/oby.2009.11.
Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3845441/pdf/nihms527813.pdf. Acesso
em: 15 ago. 2019.
KHADIR, A. et al. MAP kinase phosphatase DUSP1 is overexpressed in obese humans and modulated by
physical exercise. American Journal of Physiology-Endocrinology and Metabolism, Québec, v. 308,
n. 1, p. E71–E83, jan. 2014. ISSN: 1522-1555. DOI: 10.1152/ajpendo.00577.2013. Disponível em: https://
www.physiology.org/doi/pdf/10.1152/ajpendo.00577.2013. Acesso em: 10 jul. 2019.
KIM, K. W. et al. Relationship between adipokines and manifestations of childhood asthma. Pe-
diatric Allergy and Immunology, [s.l], v. 19, n. 6, p. 535–540, ago. 2008. ISSN: 1399-3038. DOI:
10.1111/j.1399-3038.2007.00690.x. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/pdf/10.1111/j.
1399-3038.2007.00690.x. Acesso em: 11 jul. 2019.
KUSMINSKI, C. M.; MCTERNAN, P. G.; KUMAR, S. Role of resistin in obesity, insulin resistance and Type
II diabetes. Clinical Science, Reino Unido, v. 109, n. 3, p. 243–256, set. 2005. ISSN: 1470-8736. DOI:
https://doi.org/10.1042/CS20050078. Disponível em: https://portlandpress.com/clinsci/article-abs-
tract/109/3/243/68369/Role-of-resistin-in-obesity-insulin-resistance-and?redirectedFrom=fulltext.
Acesso em: 15 ago. 2019.
LANCASTER, G. I.; FEBBRAIO, M. A. The immunomodulating role of exercise in metabolic disease. Trends
in Immunology, [s.l], v. 35, n. 6, p. 262–269, jun. 2014. ISSN: 1471-4906. DOI: 10.1016/j.it.2014.02.008.
Disponível em: https://www.cell.com/trends/immunology/fulltext/S1471-4906(14)00034-9?_returnUR-
L=https%3A%2F%2Flinkinghub.elsevier.com%2Fretrieve%2Fpii%2FS1471490614000349%3Fshowall%-
3Dtrue. Acesso em: 16 ago. 2019.
MARCELINO-RODRÍGUEZ, I. et al. Inverse association of resistin with physical activity in the general
population. PLoS ONE, [s.l], v. 12, n. 8, p. 1–11, 2017. ISSN: 1932-6203. DOI: https://doi.org/10.1371/
journal.pone.0182493. Disponível em: https://journals.plos.org/plosone/article/file?id=10.1371/journal.
pone.0182493&type=printable. Acesso em: 10 jul. 2019.
MARTINEZ, J. E. et al. Effects of continuous and accumulated exercise on endothelial function in rat aorta.
Arquivos Brasileiros de Cardiologia, São Paulo, v. 108, n. 4, p. 315–322, abr. 2017. ISSN: 1678-4170.
DOI: http://dx.doi.org/10.5935/abc.20170036. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abc/v108n4/
0066-782X-abc-108-04-0315.pdf. Acesso em: 07 jul. 2019.
MENDHAM, A. E. et al. A 12-week sports-based exercise programme for inactive Indigenous Austra-
lian men improved clinical risk factors associated with type 2 diabetes mellitus. Journal of Science
and Medicine in Sport, Sydney, v. 18, n. 4, p. 438–443, jul. 2015. ISSN: 1440-2440. DOI: 10.1016/j.
jsams.2014.06.013. Disponível em: https://www.jsams.org/article/S1440-2440(14)00124-8/pdf. Acesso
em: 25 jul. 2019.
NORTHCOTT, J. M. et al. Adipokines and the cardiovascular system: mechanisms mediating health and
disease. Canadian Journal of Physiology and Pharmacology, [s.l], v. 90, n. 8, p. 1029–1059, maio
2012. ISSN: 1205-7541. DOI: 10.1139/y2012-053. Disponível em: https://www.nrcresearchpress.com/doi/
pdf/10.1139/y2012-053. Acesso em: 10 ago. 2019.
OLIVER, P. et al. Resistin expression in different adipose tissue depots during rat development.
Molecular and Cellular Biochemistry, [s.l], v. 252, n. 1–2, p. 397–400, out. 2003. ISSN: 1573-
Silvia Isabel Rech Franke, Ana Paula Sehn, Diene da Silva Schlickmann, Cézane Priscila Reuter (org.).
OUNIS, O. B. et al. Two-month effects of individualized exercise training with or without caloric restric-
tion on plasma adipocytokine levels in obese female adolescents. Annales d’Endocrinologie, [s.l], v. 70,
n. 4, p. 235–241, set. 2009. ISSN: 0003-4266. DOI: 10.1016/j.ando.2009.03.003. Disponível em: https://
www.em-consulte.com/en/article/225501. Acesso em: 11 ago. 2019.
RACIL, G. et al. Effects of high vs. Moderate exercise intensity during interval training on lipids and adi-
ponectin levels in obese young females. European Journal of Applied Physiology, [s.l], v. 113, n. 10, p.
2531–2540, out. 2013. ISSN: 1439-6327. DOI: 10.1007/s00421-013-2689-5. Disponível em: https://link.
springer.com/article/10.1007%2Fs00421-013-2689-5. Acesso em: 25 jul. 2019.
RODRIGUES, A. C. et al. Moderate continuous aerobic exercise training improves cardiomyocyte contrac-
tility in Β1 adrenergic receptor knockout mice. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, São Paulo, v. 110, n.
3, p. 256–262, mar. 2018. ISSN: 1678-4170. DOI: http://dx.doi.org/10.5935/abc.20180025. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/abc/v110n3/0066-782X-abc-20180025.pdf. Acesso em: 10 ago. 2019.
SILVA, N. I. et al. Adipocinas e sua relação com a obesidade. Estudos Vida e Saúde, Goiás, v. 46, p. 1-14,
set. 2019. ISSN: 1983-781X. DOI: 10.18224/evs.v46i1.7179. Disponível em: http://seer.pucgoias.edu.br/
index.php/estudos/article/view/7179/4190. Acesso em: 02 out. 2019.
SILVEIRA, M. R. et al. Correlação entre obesidade, adipocinas e sistema imunológico. Revista Brasileira
de Cineantropometria & Desempenho Humano, Florianopólis, v. 11, n. 4, p. 466–472, 2009. ISSN:
1980-0037. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/rbcdh/article/view/6254/10916. Acesso
em: 25 jul. 2019.
SMITH, M. M.; MINSON, C. T. Obesity and adipokines: effects on sympathetic overactivity. The Journal of
Physiology, [s.l], v. 590, n. 8, p. 1787–1801, 2012. ISSN: 1469-7793. DOI: 10.1113/jphysiol.2011.221036.
Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3573303/pdf/tjp0590-1787.pdf. Acesso
em: 10 ago. 2019.
TOUATI, S. et al. Exercise training protects against atherosclerotic risk factors through vascular NADPH
oxidase, extracellular signal-regulated kinase 1/2 and stress-activated protein kinase/c-Jun N-terminal
kinase downregulation in obese rats. Clinical and Experimental Pharmacology and Physiology, Chi-
na, v. 42, n. 2, p. 179–185, fev. 2015. ISSN: 0305-1870. DOI: 10.1111/1440-1681.12338. Disponível em:
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/1440-1681.12338. Acesso em: 10 ago. 2019.
YU, M.; TSAI, S. F.; KUO, Y. M. The therapeutic potential of anti-inflammatory exerkines in the treatment
of atherosclerosis. International Journal of Molecular Sciences, [s.l], v. 18, n. 6, p. 1–29, jun. 2017.
ISSN: 1422-0067. DOI: 10.3390/ijms18061260. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/arti-
cles/PMC5486082/pdf/ijms-18-01260.pdf. Acesso em: 11 ago. 2019.
WINTER, S. DE C. N. et al. Impact of a high-intensity training on ventricular function in rats after acute
myocardial infarction. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, São Paulo, v. 110, n. 4, p. 373–380, mar.
2018. ISSN: 1678-4170. DOI: http://dx.doi.org/10.5935/abc.20180036. Disponível em: http://www.scielo.
br/pdf/abc/v110n4/0066-782X-abc-20180036.pdf. Acesso em: 09 ago. 2019.
ZHANG, L.; CURHAN, G. C.; FORMAN, J. P. Plasma resistin levels associate with risk for hypertension
Letícia de Borba Schneiders, Ana Paula Sehn,Jane Dagmar Pollo Renner,Cézane Priscila Reuter
among nondiabetic women. Journal of the American Society of Nephrology, [s.l], v. 21, n. 7, p. 1185–
1191, jul. 2010. ISSN: 1533-3450. DOI: 10.1681/ASN.2009101053. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.
nih.gov/pmc/articles/PMC3152237/. Acesso em: 25 jul. 2019.
ZOUPANOU, Z.; RYDSTEDT, L. W. The mediating and moderating role of affective rumination between
work interruptions and well-being. Work, [s.l], v. 62, n. 4, p. 553–561, maio 2019. ISSN: 1875-9270. DOI:
10.3233/WOR-192890. Disponível em: https://content.iospress.com/articles/work/wor192890. Acesso
em: 11 ago. 2019.
INATIVIDADE FÍSICA E COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO EM CRIANÇAS E
ADOLESCENTES: TERMINOLOGIA E FATORES DETERMINANTES DO ESTILO
DE VIDA E SAÚDE
1 INTRODUÇÃO
A atual realidade sobre os baixos níveis de atividade física é expressa como uma questão
de saúde pública globalizada, pois tem sido apontada como um dos principais fatores desen-
cadeadores de doenças crônicas não transmissíveis (EL-AMMARI et al., 2017; JÁUREGUI et al.,
2014). Praticar atividades físicas pode proporcionar benefícios físicos e mentais, aumentando
o controle e a coordenação dos movimentos e influenciando no controle do peso corporal
ideal, saúde musculoesquelética e cardiovascular e manutenção da saúde cardiometabólica
(ANDERSEN et al., 2006; TAVARES et al., 2014). Todavia, a fim de prevenir o agrupamento de fa-
tores de risco às doenças crônicas e cardiovasculares e alcançar benefícios adicionais à saúde,
torna-se imprescindível atender as recomendações internacionais de atividades e exercícios
físicos (ANDERSEN et al., 2006; JANSSEN; LEBLANC, 2010).
O Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM, 2014) recomenda para indivíduos
saudáveis a realização de exercícios físicos aeróbicos de intensidade moderada durante cinco
vezes por semana por, no mínimo, trinta minutos de duração ou ainda exercícios aeróbicos de
intensidade vigorosa durante três vezes por semana por, pelo menos, vinte minutos de dura-
ção, além da realização de exercícios de fortalecimento muscular na frequência de dois dias
por semana não consecutivos. No entanto, crianças e adolescentes têm demonstrado redução
nos níveis de atividade física, mesmo reconhecendo a importância do papel dessa atividade
no âmbito da promoção da saúde e na prevenção de desfechos clínicos indesejados (ROSSI et
al., 2010).
O processo de urbanização e o surgimento das novas tecnologias de transporte, comu-
nicações, locais de trabalho e entretenimento contribuiram para a mudança dos ambientes
físicos, econômicos e sociais nos quais os seres humanos estão inseridos. Esse processo refle-
tiu diretamente nos padrões nutricionais e no processo de redução de hábitos para um estilo
de vida ativo, associando-se a demandas reduzidas de atividade física (OWEN et al., 2010).
Todavia, não se trata somente dos níveis de atividades físicas, pois até mesmo as pessoas
mais ativas apresentam riscos à saúde se despendem muito tempo com comportamentos se-
dentários (OWEN et al., 2010; SAUNDERS; CHAPUT; TREMBLAY, 2014), ou seja, comportamen-
to sedentário e níveis recomendados de atividades físicas podem coexistir (FARIAS JÚNIOR,
2011). Logo, engana-se quem acredita que inatividade física e comportamento sedentário são
sinônimos na literatura.
A relação entre inatividade física e comportamento sedentário é uma questão associada
às condições precárias de saúde em toda a população, pois ambos estão relacionados com
efeitos deletérios à saúde (MENEGUCI et al., 2015). Diante do exposto, este capítulo tem como
objetivo esclarecer a diferença entre inatividade física e comportamento sedentário e de que
forma o entendimento pode impactar na saúde pública e como ambos afetam o estilo de vida
e a saúde de crianças e adolescentes.
6 O equivalente metabólico (MET) é a medida do gasto energético de determinado indivíduo e equivale à energia que o
indivíduo necessita para desenvolver certa atividade (PATE; O’NEIL; LOBELO, 2008).
João F. de Castro Silveira,Letícia de B. Schneiders, Aline R. Lehnhard,Cézane P. Reuter, Hildegard H. Pohl
7 O Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM, 2014) possui recomendações específicas para a população
infantojuvenil. As recomendações sugerem que crianças e adolescentes devem participar de diversas atividades físicas
adequadas às suas faixas etárias para desenvolver os componentes da aptidão física e benefícios no crescimento ósseo.
Para tal, exercícios físicos aeróbicos de intensidade moderada a intensa devem ser praticados diariamente por, no
mínimo, uma hora de duração, além da realização de exercícios de desenvolvimento muscular na frequência de, no
mínimo, três vezes por semana.
João F. de Castro Silveira,Letícia de B. Schneiders, Aline R. Lehnhard,Cézane P. Reuter, Hildegard H. Pohl
diretamente nos desfechos clínicos de saúde, como síndrome metabólica, obesidade e doen-
ças cardiovasculares (REZENDE et al., 2014). A prática de exercícios físicos pode proporcionar
a diminuição dos fatores de risco para o desenvolvimento dessas doenças, reduzindo as taxas
de morbidade e mortalidade, logo, deve-se incentivar a inserção dessa prática nos ambientes
que crianças e adolescentes estão inseridos com o objetivo de auxiliar na promoção da saúde
e prevenção de doenças (BORFE et al., 2015).
O comportamento sedentário, aliado à inatividade física, representa não apenas um risco
à saúde de crianças e adolescentes, mas também uma questão econômica individual e social.
O aumento da mortalidade pelo sedentarismo e o crescente custo financeiro da saúde apon-
tam a importância de pesquisas que mostrem o impacto desses fatores, com o propósito de
desenvolver ações em políticas públicas que estimulem a prática de atividade física já nos anos
iniciais de vida (MOURA et al., 2018). Portanto, estimular e proporcionar a prática de atividades
física é muito importante para que crianças e adolescentes atinjam os níveis adequados de
atividades físicas, possibilitando uma melhora na qualidade de vida dos jovens e da população
adulta no futuro (DUMITH et al., 2012).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por fim, define-se como comportamento sedentário qualquer atividade que não ultra-
passe o gasto energético de 1,5 METs, enquanto que o termo inatividade física está vinculado a
não atingir os níveis mínimos de atividade física diária de intensidades moderadas a vigorosas.
Diante dessas evidências, percebe-se que a adoção de comportamentos sedentários e níveis
insuficientes de inatividade física são tendências preocupantes à saúde de crianças e adoles-
centes, sendo imprescindível o desenvolvimento de práticas e ações voltadas para fomentar
o hábito de praticar atividades físicas regulares e assegurar o crescimento saudável dessa
população.
REFERÊNCIAS
ACSM. AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Diretrizes do ACSM para os testes de esforço e
sua prescrição. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2014.
ALBERGA, A. S. et al. Overweight and obese teenagers: why is adolescence a critical period? Pediatric
Obesity, [s.l], v. 7, n. 4, p. 261–273, ago. 2012. ISSN: 2047-6310. DOI: 10.1111/j.2047-6310.2011.00046.x.
Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.2047-6310.2011.00046.x. Acesso em:
02 jun. 2019.
ANDERSEN, L. B. et al. Physical activity and clustered cardiovascular risk in children: a cross-sectional
study (The European Youth Heart Study). The Lancet, [s.l], v. 368, n. 9532, p. 299-304, 2006. ISSN: 0140-
Silvia Isabel Rech Franke, Ana Paula Sehn, Diene da Silva Schlickmann, Cézane Priscila Reuter (org.).
ARAGÃO, D.; LOURENÇO, C. L. M.; SOUSA, T. F. Inatividade física em crianças: uma revisão sistemática
de estudos realizados no Brasil. Revista de Atenção à Saúde, São Caetano do Sul, v. 13, n. 45, p. 87–93,
jul./set. 2015. ISSN: 2359-4330. DOI: 10.13037/rbcs.vol13n45.2873. Disponível em: https://www.resear-
chgate.net/publication/282588859_Inatividade_fisica_em_criancas_uma_revisao_sistematica_de_estu-
dos_realizados_no_Brasil. Acesso em: 07 jul. 2019.
BARBOSA FILHO, V. C.; CAMPOS, W.; LOPES, A. S. Epidemiology of physical inactivity, sedentary be-
haviors, and unhealthy eating habits among Brasilian adolescents. Ciência & Saúde Coletiva, Rio
de Janeiro, v. 19, n. 1, p. 173–194, jan. 2014. ISSN: 1678-4561. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1413-
81232014191.0446. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csc/v19n1/1413-8123-csc-19-01-00173.
pdf. Acesso em: 28 jul. 2019.
BISWAS, A. et al. Sedentary time and its association with risk for disease incidence, mortality, and hospi-
talization in adults: a systematic review and meta-analysis. Annals of Internal Medicine, [s.l], v. 162, n.
2, p. 123–132, jan. 2015. ISSN: 1539-3704. DOI: 10.7326/M14-1651. Disponível em: https://annals.org/
aim/article-abstract/2091327/sedentary-time-its-association-risk-disease-incidence-mortality-hospita-
lization-adults. Acesso em: 28. jul. 2019.
BORFE, L. et al. Estilo de vida, exercício físico e promoção da saúde: uma compreensão interdisciplinar.
In: BURGOS, M. S. et al (org.). Interdisciplinaridade e promoção da saúde na educação básica e no
sistema de saúde. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2015. p. 13-20.
BUENO, D. R. et al. Os custos da inatividade física no mundo: estudo de revisão. Ciência & Saúde Coleti-
va, Rio de Janeiro, v. 21, n. 4, p. 1001–1010, 2016. ISSN 1413-8123. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1413-
81232015214.09082015. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csc/v21n4/1413-8123-csc-21-04-1001.
pdf. Acesso em: 15 jul. 2019.
DESPRÉS, Jean-Pierre. Physical activity, sedentary behaviours, and cardiovascular health: when will car-
diorespiratory fitness become a vital sign? Canadian Journal of Cardiology, [s.l], v. 32, n. 4, p. 505–513,
abril 2016. ISSN: 1916-7075. DOI: 10.1016/j.cjca.2015.12.006. Disponível em: https://www.onlinecjc.ca/
article/S0828-282X(15)01649-9/pdf. Acesso em: 10 jun. 2019.
DING, D. et al. The economic burden of physical inactivity: a global analysis of major non-communicable
diseases. The Lancet, [s.l], v. 388, n. 10051, p. 1311–1324, set. 2016. ISSN: 0140-6736. DOI: https://doi.
org/10.1016/S0140-6736(16)30383-X. Disponível em: https://www.thelancet.com/journals/lancet/arti-
cle/PIIS0140-6736(16)30383-X/fulltext. Acesso em: 13 jul. 2019.
DUMITH, S. C. et al. Predictors of physical activity change during adolescence: a 3.5-year follow-up.
Public Health Nutrition, [s.l], v. 15, n. 12, p. 2237–2245, jun. 2012. ISSN: 1475-2727. DOI: https://doi.
org/10.1093/ije/dyq272. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3501818/pdf/
S1368980012000948a.pdf. Acesso em: 20 jul. 2019.
EKELUND, U. et al. Does physical activity attenuate, or even eliminate, the detrimental association of
sitting time with mortality? A harmonised meta-analysis of data from more than 1 million men and
women. The Lancet, [s.l], v. 388, n. 10051, p. 1302–1310, set. 2016. ISSN: 0140-6736. DOI: https://doi.
João F. de Castro Silveira,Letícia de B. Schneiders, Aline R. Lehnhard,Cézane P. Reuter, Hildegard H. Pohl
EL-AMMARI, A. et al. Level and potential social-ecological factors associated with physical inactivity and
sedentary behavior among Moroccan school-age adolescents: a cross-sectional study. Environmental
Health and Preventive Medicine, [s.l], v. 22, n. 1, p. 1–9, 2017. ISSN: 1347-4715. DOI: 10.1186/s12199-
017-0657-0. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5664796/pdf/12199_2017_
Article_657.pdf. Acesso em: 12 ago. 2019.
FARIAS JÚNIOR, J. C. (In)Atividade física e comportamento sedentário: estamos caminhando para uma
mudança de paradigma? Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, Florianopólis, v. 16, n. 4, p.
279–280, 2011. ISSN: 2317-1634. DOI: https://doi.org/10.12820/rbafs.v.16n4p279-280. Disponível em:
http://rbafs.org.br/RBAFS/article/view/613/619. Acesso em: 02 set. 2019.
FERNANDEZ-JIMENEZ, R. et al. Children present a window of opportunity for promoting health. Journal
of the American College of Cardiology, [s.l], v. 72, n. 25, p. 3310–3319, dez. 2018. ISSN: 1558-3597.
DOI: 10.1016/j.jacc.2018.10.031. Disponível em: http://www.onlinejacc.org/content/72/25/3310. Acesso
em: 20 jul. 2019.
HALLAL, P. C. et al. Global physical activity levels: surveillance progress, pitfalls, and prospects. The Lan-
cet, [s.l], v. 380, n. 9838, p. 247–257, jul. 2012a. ISSN: 0140-6736. DOI: 10.1016/S0140-6736(12)60646-
1. Disponível em: https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(12)60646-1/fulltext.
Acesso em: 11 jul. 2019.
HALLAL, P. C. et al. Physical activity: more of the same is not enough. The Lancet, [s.l], v. 380, n. 9838,
p. 190–191, jul. 2012b. ISSN: 0140-6736. DOI: 10.1016/S0140-6736(12)61027-7. Disponível em: https://
www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(12)61027-7/fulltext. Acesso em: 20 jul. 2019.
JANSSEN, I.; LEBLANC, A. G. Systematic review of the health benefits of physical activity and fitness in
school-aged children and youth. International Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity,
[s.l], v. 7, p. 1–16, 2010. ISSN: 1479-5868. DOI: 10.1186/1479-5868-7-40. Disponível em: https://www.
ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2885312/pdf/1479-5868-7-40.pdf. Acesso em: 02 set. 2019.
JÁUREGUI, A. et al. Active commuting to school in Mexican adolescents: evidence from the Mexican
National Nutrition and Health Survey. Journal of Physical Activity and Health, [s.l], v. 12, n. 8, p.
1088–1095, set. 2014. ISSN: 1543-5474. DOI: 10.1123/jpah.2014-0103. Disponível em: https://journals.
humankinetics.com/view/journals/jpah/12/8/article-p1088.xml. Acesso em: 11 ago. 2019.
OWEN, N. et al. Too much sitting: the population health science of sedentary behavior. Exercise
and Sport Sciences Reviews, [s.l], v. 38, n. 3, p. 105–113, jul. 2010. ISSN: 1538-3008. DOI: 10.1097/
JES.0b013e3181e373a2. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3404815/pdf/
nihms229379.pdf. Acesso em: 20 jul. 2019.
PATE, R. R.; O’NEIL, J. R.; LOBELO, F. The evolving definition of “sedentary”. Exercise and Sports Sciences
Silvia Isabel Rech Franke, Ana Paula Sehn, Diene da Silva Schlickmann, Cézane Priscila Reuter (org.).
Review, [s.l], v. 36, n. 4, p. 173–178, out. 2008. ISSN: DOI: 10.1097/JES.0b013e3181877d1a. Disponível
em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18815485. Acesso em: 14 set. 2019.
REZENDE, L. F. M. et al. Sedentary behavior and health outcomes: an overview of systematic reviews.
PLoS ONE, [s.l], v. 9, n. 8, p, 1-7, ago. 2014. ISSN: 1932-6203. DOI: 10.1371/journal.pone.0105620. Dispo-
nível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4140795/pdf/pone.0105620.pdf. Acesso em:
13 set. 2019.
ROSSI, C. E. et al. Television influence on food intake and obesity in children and adolescents: a system-
atic review. Revista de Nutricão, Campinas, v. 23, n. 4, p. 607–620, jul./ago. 2010. ISSN: 1678-9865. DOI:
http://dx.doi.org/10.1590/S1415-52732010000400011. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/plu-
ginfile.php/197774/mod_resource/content/1/Influ%C3%AAncia%20da%20televis%C3%A3o%20no%20
consumo%20alimentar%20e%20na%20obesidade%20em%20crian%C3%A7as%20e%20adolescentes.
pdf. Acesso em: 02 set. 2019.
SAUNDERS, T. J.; CHAPUT, J. P.; TREMBLAY, M. S. Sedentary behaviour as an emerging risk factor for
cardiometabolic diseases in children and youth. Canadian Journal of Diabetes, [s.l], v. 38, n. 1, p. 53–61,
fev. 2014. ISSN: 1499-2671. DOI: 10.1016/j.jcjd.2013.08.266. Disponível em: https://www.canadianjour-
nalofdiabetes.com/article/S1499-2671(13)01214-8/fulltext. Acesso em: 20 jul. 2019.
SBRN. SEDENTARY BEHAVIOUR RESEARCH NETWORK. Letter to the editor: standardized use of the
terms “sedentary” and “sedentary behaviours”. Applied Physiology, Nutrition, and Metabolism, [s.l],
v. 37, n. 3, p. 540–542, jun. 2012. ISSN: 1715-5320. DOI: 10.1139/h2012-024. Disponível em: https://www.
nrcresearchpress.com/doi/pdf/10.1139/h2012-024. Acesso em: 02 set. 2019.
STABELINI NETO, A. et al. Metabolic syndrome risk score and time expended in moderate to vigorous
physical activity in adolescents. BMC Pediatrics, [s.l], v. 14, n. 1, p. 1–6, fev. 2014. ISSN: 1471-2431. DOI:
10.1186/1471-2431-14-42. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3932015/
pdf/1471-2431-14-42.pdf. Acesso em: 11 ago. 2019.
TREMBLAY, M. S. et al. Sedentary Behavior Research Network (SBRN) - Terminology consensus project
process and outcome. International Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity, [s.l], v. 14,
n. 1, p. 1–17, 2017. ISSN: 1479-5868. DOI: 10.1186/s12966-017-0525-8. Disponível em: https://ijbnpa.
biomedcentral.com/track/pdf/10.1186/s12966-017-0525-8. Acesso em: 02 set. 2019.
VAN DER PLOEG, H. P.; HILLSDON, M. Is sedentary behaviour just physical inactivity by another name?
International Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity, [s.l], v. 14, n. 1, p. 1–8, out. 2017.
ISSN: 1479-5868. DOI: 10.1186/s12966-017-0601-0. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/
articles/PMC5651642/pdf/12966_2017_Article_601.pdf. Acesso em: 20 set. 2019.
SAÚDE MENTAL E INATIVIDADE FÍSICA DE ESCOLARES: UM ALERTA DE
SAÚDE GLOBAL
1 INTRODUÇÃO
1 Mestre em Ciências do Movimento Humano pela Universidade do Estado de Santa Catarina. Doutoranda do Programa
de Pós-Graduação em Promoção da Saúde, Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do Sul, RS, Brasil;
alinelehnhard@gmail.com;
2 Licenciado em Educação Física. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde, Universidade de
Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do Sul, RS, Brasil).
3 Licenciada em Educação Física. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde, Universidade de
Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do Sul, RS, Brasil).
4 Doutora em Saúde da Criança e do Adolescente pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Docente do
Departamento de Educação Física e Saúde e do Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde, Universidade de
Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do Sul, RS, Brasil.
5 Doutora em Biologia Celular e Molecular pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Docente do
Departamento de Educação Física e Saúde e do Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde, Universidade de
Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do Sul, RS, Brasil.
Silvia Isabel Rech Franke, Ana Paula Sehn, Diene da Silva Schlickmann, Cézane Priscila Reuter (org.).
A redução dos níveis de atividade física na idade escolar tem sido considerada uma
questão de saúde pública e um problema de caráter global, pois é atualmente um dos prin-
cipais fatores de risco para doenças cardiometabólicas (EKELUND et al., 2012) e para doen-
ças crônicas não transmissíveis (DIAS; SOUZA; ZAFFALON JUNIOR, 2018). Evidências científicas
descritas por uma revisão sistemática, indicam que a inatividade física cresceu principalmente
nos países mais desenvolvidos (KNUTH; HALLAL, 2009). Diante dessa realidade, sabe-se que a
adoção da prática regular de atividade física e também do exercício físico orientado pode ser
fundamental para a prevenção dessas doenças, bem como para melhor desempenho diário
(DIAS; SOUZA; ZAFFALON JÚNIOR, 2018).
Aline R. Lehnhard,João F. de Castro Silveira,Letícia de B. Schneiders, Cézane P. Reuter, Sílvia I. R. Franke
O sedentarismo tem forte influência sobre a redução dos níveis de atividade física, de-
vido ao avanço das tecnologias que oferecem comodidade no estilo de vida diário e conse-
quentemente afetam a saúde e o bem-estar das pessoas. Assim, um estilo de vida sedentário
aumenta os riscos para o desenvolvimento de doenças (MELO et al., 2016). A fase da infância
e da adolescência é primordial para que os hábitos saudáveis sejam adotados e perdurem
para a vida adulta, atuando na prevenção de doenças (FERRARI JUNIOR et al., 2016). Portanto,
a prática de atividade física regular pode proporcionar melhores condições de saúde durante
os períodos da vida. Seus efeitos são positivos e contribuem para a melhora da capacidade
cardiorrespiratória, da pressão arterial, frequência cardíaca e da oxigenação dos tecidos (SILVA
et al., 2013).
Além dos benefícios citados e amplamente conhecidos, a relação entre atividade física
e saúde mental tem sido investigada. A liberação de neurotransmissores, o fator neurotrófico,
a neurogênese e a alteração do fluxo sanguíneo cerebral são alguns dos conceitos envolvidos
que são descritos na revisão de Deslandes et al. (2009). Mais recentemente, essa relação foi
destacada como um tópico de preocupação e pesquisa, ao nível mundial, principalmente para
a população adolescente e infantil (SALLIS et al., 2016).
A saúde mental, segundo a OMS, não possui uma definição estabelecida, devido a dife-
rentes concepções, ideologias e questões culturais envolvidas. Admite-se que o conceito de
Saúde Mental é mais amplo que a ausência de transtornos mentais. Dessa forma, considera-se
saúde mental a capacidade de administrar a própria vida e as suas emoções dentro de um am-
plo espectro de variações. A partir desse conceito vasto, a OMS criou critérios que compõe a
saúde mental do indivíduo, como: Atitudes positivas em relação a si próprio; integração e res-
posta emocional; autonomia e autodeterminação; percepção da realidade; domínio ambiental
e de competência social (OMS, 2002).
Outro documento que conceitua sobre a saúde mental é a Classificação Estatística Inter-
nacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID 11), atualizado em 2018, o qual
descreve as síndromes (transtornos mentais, comportamentais e de desenvolvimento neuroló-
gico) como distúrbios clinicamente significativos na cognição, regulação emocional e também
no comportamento de um indivíduo, e que acabam por desencadear uma disfunção nos pro-
cessos psicológicos, biológicos ou de desenvolvimento ao funcionamento mental e comporta-
mental das diversas áreas que compõe o ciclo da vida, como prejuízos na vida pessoal, social,
educacional e familiar (OMS, 2018).
Para a avaliação da saúde mental em crianças e adolescentes, diferentes tipos de ques-
tionários são utilizados, visto que cada um possui finalidade específica (identificar problemas
de saúde mental de forma geral; efetuar o diagnóstico psiquiátrico do quadro em questão;
mensurar o desenvolvimento infantil - em menores de três anos; a inteligência; a adaptação
Silvia Isabel Rech Franke, Ana Paula Sehn, Diene da Silva Schlickmann, Cézane Priscila Reuter (org.).
et al., 2015). Sendo assim, a prática de atividades físicas pode estar associada a alterações de
algumas estruturas cerebrais, o que ocasiona a melhora da memória e do controle cognitivo
(BIDZAN-BLUMA LIPOWSKA, 2018).
O aumento da prática de atividades físicas regulares por crianças e adolescentes, inde-
pendente da faixa etária, tem demonstrado relação com a progressão da função cognitiva,
especialmente na memória de trabalho, memória geral e ações cognitivas (BIDZAN-BLUMA
LIPOWSKA, 2018). Os autores supracitados sugerem ainda que possa existir uma influência
do exercício físico nas funções verbais, desempenho ortográfico, compreensão da linguagem
e detecção de erros, e abre uma lacuna em relação a investigações mais profundas do tema,
visto que assim poder-se-ia criar programas mais específicos de treinamento para crianças e
adolescentes, com vínculo não apenas em sua saúde física, mas também com foco na saúde
mental e no desempenho cognitivo.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebemos que a relação entre inatividade física e danos à saúde mental é uma
realidade em crescente expansão, e que hábitos de prática de atividade física regular, desde
a infância, são primordiais para prevenir algumas demências, de modo não farmacológico.
Além de serviços de saúde mental, incluídos na saúde pública, são necessárias outras linhas
de base, como o estímulo à prática regular de atividades físicas, por exemplo, visto que este
seria um dos métodos preventivos mais interessantes economicamente, e que traria outros
benefícios agregados (dos demais sistemas corporais). Portanto, a questão da saúde mental
deve iniciar nas fases de vida mais precoces e crianças e adolescentes devem estar entre os
grupos favorecidos por estas intervenções, considerando os dados mundiais de inatividade
física e baixa qualidade de vida.
REFERÊNCIAS
BIDZAN-BLUMA, I.; LIPOWSKA, M. Physical activity and cognitive functioning of children: a systemat-
ic review. International Journal Environental Research and Public Health, [s.l], v. 15, n. 4, p. 1-13,
abr. 2018. ISSN: 1660-4601. DOI: 10.3390/ijerph15040800. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/
pmc/articles/PMC5923842/pdf/ijerph-15-00800.pdf. Acesso em: 13 jun. 2019.
DESLANDES, A. et al. Exercise and mental health: many reasons to move. Neuropsychobiology, [s.l],
v. 59, p. 191-198, 2009. ISSN: 1423-0224. DOI: 10.1159/000223730. Disponível em: https://www.karger.
com/Article/Abstract/223730. Acesso em: 10 jul. 2019.
Aline R. Lehnhard,João F. de Castro Silveira,Letícia de B. Schneiders, Cézane P. Reuter, Sílvia I. R. Franke
DIAS, P. S. B.; SOUZA, C. H. C.; ZAFFALON JÚNIOR, J. R. Comparação do nível de atividade física e modu-
lação autonômica entre escolares de 12 a 18 anos incompletos. Unoesc & Ciência-ACBS, Joaçaba, v. 9,
n. 2, p. 129-136, jul./dez. 2018. ISSN: 2178-3411. Disponível em: https://portalperiodicos.unoesc.edu.br/
acbs/article/view/16610/pdf. Acesso em: 12 jul. 2019.
DUARTE, C. S.; BORDIN, I. A. S. Instrumentos de avaliação. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v.
22 (supl II), p. 55-58, 2000. ISSN: 1809-452X. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1516-44462000000600015.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbp/v22s2/3800.pdf. Acesso em: 16 jun. 2019.
EKELUND, U. et al. Moderate to vigorous physical activity and sedentary time and cardiometabolic risk
factors in children and adolescents. JAMA – Journal of the American Medical Association, [s.l], v. 307,
n. 7, p. 704-712, fev. 2012. ISSN: 1538-3598. DOI: 10.1001/jama.2012.156. Disponível em: https://www.
ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3793121/pdf/emss-52885.pdf. Acesso em: 10 jul. 2019.
FERRARI JUNIOR, G. F. et al. Fatores associados às barreiras para a prática de atividade física dos ado-
lescentes. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, Florianópolis, v. 21, n. 4, p. 307-316, 2016.
ISSN: 2317-1634. DOI: https://doi.org/10.12820/rbafs.v.21n4p%25p. Disponível em: http://rbafs.org.br/
RBAFS/article/view/7125/pdf. Acesso em: 16 jun. 2019.
KNOCHEL, C. et al. Cognitive and behavioural effects of physical exercise in psychiatric patients.
Progress in Neurobiology, [s.l], v. 96, p. 46-68, jan. 2012. ISSN: 0301-0082. DOI: https://doi.or-
g/10.1016/j.pneurobio.2011.11.007. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/
S0301008211002139?via%3Dihub. Acesso em: 13 jun. 2019.
KNUTH, A. G.; HALLAL, P. C. Temporal trends in physical activity: a systematic review. Journal of Phys-
ical Activity and Health, [s.l], v. 6, n. 5, p. 548-559, 2009. ISSN: 1543-5474. DOI: 10.1123/jpah.6.5.548.
Disponível em: https://journals.humankinetics.com/view/journals/jpah/6/5/article-p548.xml. Acesso em:
12 jul. 2019.
LOPES, C. S. et al. ERICA: Prevalence of common mental disorders in Brasilian adolescentes. Revista de
Saúde Pública, São Paulo, v. 50, n. 14, p. 1-9, fev. 2016. ISSN: 1518-8787. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/
s01518-8787.2016050006690. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v50s1/0034-8910-rsp-
-S01518-87872016050006690.pdf. Acesso em: 10 jul. 2019.
MELO, A. et al. Nível de atividade física dos estudantes de graduação em educação física da Universi-
dade Federal do Espírito Santo. Journal of Physical Education, Maringá, v. 27, n. 1, p. 2723, 2016. ISSN
2448-2455. DOI: http://dx.doi.org/10.4025/jphyseduc.v27i1.2723. Disponível em: http://www.scielo.br/
pdf/jpe/v27/2448-2455-jpe-27-e2723.pdf. Acesso em: 12 jul. 2019.
OMS. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Folha Informativa - Saúde mental dos adolescentes. Se-
tembro de 2018. Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=arti-
cle&id=5779:folha-informativa-saude-mental-dos-adolescentes&Itemid=839. Acesso em 12 set. 2019.
OMS. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. SAÚDE MENTAL: nova concepção, nova esperança. Relató-
Silvia Isabel Rech Franke, Ana Paula Sehn, Diene da Silva Schlickmann, Cézane Priscila Reuter (org.).
PAULA, C. S. et al. Saúde mental na infância e adolescência: revisão dos estudos epidemiológicos bra-
sileiros. In: Lauridsen-Ribeiro E; Tanaka OY, (org). ATENÇÃO EM SAÚDE MENTAL PARA CRIANÇAS E
ADOLESCENTES NO SUS. São Paulo: Hucitec, 2010.
RAMIRES, V. R. R. et al. Fatores de risco e problemas de saúde mental de crianças. Arquivos Brasileiros
de Psicologia, Rio de Janeiro, v. 61, n. 2, p.1-14, ago. 2009. ISSN: 1809-5267. Disponível em: http://
pepsic.bvsalud.org/pdf/arbp/v61n2/v61n2a12.pdf. Acesso em: 10 jul. 2019.
SALLIS, J. F. et al. Progress in physical Activity over the Olimpic quadrennium. The Lancet. [s.l], v. 388,
n. 10051, p. 1325-36, set.2016. ISSN: 0140-6736. DOI: 10.1016/S0140-6736(16)30581-5. Disponível em:
https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(16)30581-5/fulltext. Acesso em: 10 jul.
2019.
SCHUBERT A. et al. Aptidão física relacionada à prática esportiva em crianças e adolescentes. Revista
Brasileira de Medicina do Esporte, [s.l], v. 22, n. 2, p. 142-146, mar./abril 2016. ISSN: 1806-9940. DOI:
http://dx.doi.org/10.1590/1517-869220162202103473. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbme/
v22n2/1517-8692-rbme-22-02-00142.pdf. Acesso em: 16 jun. 2019.
SILVA, D. A.; DUARTE, M. G. Nível de aptidão física de crianças entre 10 e 12 anos participantes do Pro-
jeto Social Gol de Letra–Craque Da Amazônia. Acta Brasileira do Movimento Humano, Paraná, v. 2, n.
2, p. 58-68, abril/jun. 2012. ISSN: 2238-2259. Disponível em: http://www.periodicos.ulbra.br/index.php/
actabrasileira/article/view/2900/2179. Acesso em: 12 jul. 2019.
SILVA, G. C.; CAVALCANTE NETO, J. L. Saúde mental e níveis de atividade física de crianças escolares. Ca-
dernos de Terapia Ocupacional, São Carlos, v. 25, n. 1, p. 115-124, 2017. ISSN: 0104-4931. DOI: https://
doi.org/10.4322/0104-4931.ctoAO0809. Disponível em: http://www.cadernosdeterapiaocupacional.ufs-
car.br/index.php/cadernos/article/view/1497/822. Acesso em: 12 set. 2019.
SILVA, R. et al. Considerações teóricas acerca do sedentarismo em adolescentes. Pensar a Prática, Goiás,
v. 16, n. 1, p. 212-233, 2013. ISSN: 1980-6183. DOI: 10.5216/rpp.v16i1.16880. Disponível em: https://
www.revistas.ufg.br/fef/article/view/16880/13769. Acesso em: 12 set. 2019.
TOMPOROWSKI, P. D. et al. Exercise and children’s cognition: The role of exercise chacarcteristics and
a place for metacognition. Journal of Sport and Health Science, [s.l], v. 4, p. 47-55, feb. 2015. ISSN:
2213-2961. DOI: 10.1016/j.jshs.2014.09.003. Disponível em: https://www.researchgate.net/publica-
tion/276235142_Exercise_and_children’s_cognition_The_role_of_exercise_characteristics_and_a_place_
for_metacognition. Acesso em: 10 jun. 2019.
WHO. World Health Organization. Dementia: fact sheet N 362. Geneva, Switzerland. 2015. Disponível
em: http://www.who.int/ mediacentre/factsheets/fs362/en/. Acesso em: 29 maio 2019.
SONO, COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO E ATIVIDADE FÍSICA:
RELAÇÃO COM AS DOENÇAS CARDIOMETABÓLICAS NA INFÂNCIA E
ADOLESCÊNCIA
1 INTRODUÇÃO
para a saúde. No entanto, mesmo com esse conhecimento, o tempo despendido na sua prá-
tica está em decadência mundialmente, tanto na população infanto-juvenil quanto na adulta.
(HALLAL et al., 2012). Ainda, mudar o comportamento individual para que se atendam os níveis
mínimos recomendados para saúde é desafiador, principalmente nas populações mais vulne-
ráveis, ou seja, com maiores riscos de problemas de saúde (CHASTIN et al., 2015).
Corroborando com essa ideia, recentemente as abordagens de saúde para promover
estilo de vida saudável tem se centrado em considerar o período completo de 24 horas, ou
seja, o tempo de sono, os níveis de atividade física diárias nas diferentes intensidades (leve,
moderada e vigorosa) e o tempo despendido em comportamentos sedentários. Assim, emerge
dentro de um grupo de pesquisadores da área da atividade física e saúde, a necessidade de
implementação nas ações preventivas que tratam da saúde de crianças e adolescentes, pro-
pondo, portanto, o entendimento do comportamento das crianças de forma integral. Assim,
além da relevância de considerarmos os comportamentos isolados, mais recentemente tem
sido sugerido a importância do cuidado com o comportamento do movimento nas 24 horas
do dia (CHAPUT; OLDS; TREMBLAY, 2018).
Considerando a apresentação exposta, este capítulo pretende apresentar algumas atua-
lizações sobre a relação entre diferentes padrões de sono, o comportamento sedentário e a
inatividade física no desenvolvimento de doenças cardiometabólicas na infância e na adoles-
cência.
72% cumpriram com 1 ou 2 recomendações (CARSON et al., 2017). Em uma perspectiva mais
global, que levou em conta 12 países, apenas 7% das crianças e adolescentes cumpriram com
as recomendações para o sono, comportamento sedentário e atividade física moderada a vi-
gorosa (ROMAN-VIÑAS et al., 2016).
Portanto, conforme mencionado nos estudos acima, as crianças e adolescentes não tem
cumprindo com as recomendações propostas para à saúde, quando se trata do tempo em
comportamento inativo, sedentário e horas de sono. Tais achados justificam as propostas reali-
zadas, e a preocupação na promoção de um dia a dia saudável. Por isso, é importante conside-
rar os fatores que têm se relacionado com estilo de vida, como por exemplo, o sono, que passa
por diversas mudanças na fase da infância e adolescência (MATTHEWS; PANTESCO, 2016), e
ainda, tem apresentado uma alta prevalência de distúrbios já na primeira infância (LIU et al.,
2017).
No entanto, os adolescentes tendem a apresentar, em sua maioria, uma curta dura-
ção do sono e isso pode estar relacionado com as mudanças ocorridas nessa fase, como por
exemplo, uma maior exposição às telas, relacionamentos interpessoais, maior frequência em
festas, turno de estudo (CIAMPO, 2012), maior consumo de alimentos não saudáveis e bebidas
alcóolicas (HOEFELMANN et al., 2015). Por outro lado, com relação às crianças, estudo recente
demonstrou que 58% dormem por um período menor do que o recomendado em dias da
semana (CHIEN; CHEUNG; CHEN, 2019). Também é importante ressaltar que o sono em ex-
cesso pode ser prejudicial, já que aquelas crianças que dormem por longos períodos tendem
a não consumir o café da manhã e até mesmo desenvolver alterações fisiológicas que podem
resultar em depressão, baixo desempenho escolar e ganho de peso (BECKER et al., 2017; SUN
et al., 2019).
Já em relação ao sedentarismo, observa-se que as crianças e os adolescentes estão
despendendo muitas horas em comportamento sedentário, especialmente em frente às te-
las. Alguns aspectos estão relacionados a esse comportamento, como por exemplo o avanço
tecnológico ocorrido nos últimos anos, que favorece o uso de vídeo games, computadores e
celulares. Além disso, questões relacionadas a fatores ambientais, como falta de segurança
para a realização de atividades ao ar livre também favorecem o tempo gasto em frente às telas
(PRADO et al., 2017). Nesse contexto, dados de um estudo de revisão desenvolvido com crian-
ças e adolescentes brasileiros demonstrou que o comportamento sedentário está associado
com menores níveis de atividade física e excesso de peso corporal (GUERRA; FARIAS JÚNIOR;
FLORINDO, 2016) chamando a atenção para as consequências negativas associadas a essa
conduta. Cabe ressaltar que aqui não se faz uma crítica ao avanço tecnológico, e sim ao uso
excessivo que tem alterado o comportamento das crianças e adolescentes na perspectiva de
substituir brincadeiras mais ativas, prática esportivas, atividades em espaços externos, pelo uso
excessivo de computadores, celulares e televisão.
A atividade física é outro fator que deve ser contemplado, em virtude de sua estreita
relação com a saúde. Entretanto, 80% das crianças e adolescentes não atingem a recomen-
dação diária de 60 minutos de atividade física moderada a vigorosa (HALLAL et al., 2012). De
Silvia Isabel Rech Franke, Ana Paula Sehn, Diene da Silva Schlickmann, Cézane Priscila Reuter (org.).
do sono (dormir muito tarde e permanecer sonolento durante o dia), maior exposição às telas,
especialmente à noite, atividades acadêmicas e sociais em excesso, emprego de meio turno e
condição socioeconômica (KAUR; BHODAY, 2017).
Ademais, a relação entre o comportamento sedentário e os fatores de risco cardiometa-
bólicos (EKELUND et al., 2013) pode ser explicada pelas mudanças sociais e ambientais ocorri-
das, como o avanço tecnológico e falta de segurança nos locais públicos destinados à prática
de atividades físicas (PRADO et al., 2017). No estudo Jenkins et al. (2017) observou-se que a
circunferência da cintura é menor para aqueles que apresentam menos horas destinadas a
comportamentos sedentários, comparado aos que despendiam mais horas e essa associação
também pode ser explicada pelo fato dos indivíduos permanecerem muitas horas em compor-
tamento sedentário durante o período da aula.
Além disso, é amplamente reconhecido que a atividade física também está associada
com os fatores de risco cardiometabólicos nessa população (EKELUND et al., 2013). Aliado a
isso, é indicado que crianças e adolescentes que passam maior tempo em atividade física mo-
derada a vigorosa apresentem menores valores de pressão arterial sistólica, glicose e insulina
(JENKINS et al., 2017).
Nesta perspectiva, ao se considerar que o aumento da atividade física pode atenuar os
efeitos negativos do sono insuficiente e do tempo excessivo em comportamentos sedentários
(TREMBLAY; POITRAS, 2016) observa-se que o cumprimento das recomendações das diretrizes
das 24 horas do movimento está relacionado com menores níveis de obesidade, assim como
de diversos fatores de risco cardiometabólicos em crianças (KATZMARZYK; STAIANO, 2017).
Além disso, uma redução no tempo destinado a comportamentos sedentários parece ser be-
néfica para a melhora na quantidade de sono, bem como no desenvolvimento das doenças
cardiometabólicas (JENKINS et al., 2017).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, pode-se considerar que existe uma relação entre o tempo e qualidade de sono,
o comportamento sedentário, a atividade física leve, moderada e vigorosa e as doenças cardio-
metabólicas, já na infância e adolescência. Além disso, é possível perceber uma tendência no
desenvolvimento de pesquisas que estudem esses comportamentos de forma conjunta. Ainda,
estudos que busquem determinar as melhores estratégias e intervenções para o controle e
redução dos fatores de risco cardiometabólicos devem ser estimulados, dessa maneira, parece
ser possível reverter o quadro epidemiológico atual.
Ana P. Sehn, Caroline Brand, Luiza N. Reis, Miguel A. dos Santos Duarte Junior, Anelise R. Gaya
REFERÊNCIAS
ANDERSEN, L. B. et al. Biological cardiovascular risk factors cluster in Danish children and adolescents:
The European youth heart study. Preventive Medicine, [s.l], v. 37, n. 4, p. 363–367, 2003. ISSN: 1096-
0260. DOI: 10.1016/s0091-7435(03)00145-2. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/ar-
ticle/pii/S0091743503001452?via%3Dihub. Acesso em: 27 jul. 2019.
AZADBAKHT, L. et al. The association of sleep duration and cardiometabolic risk factors in a national
sample of children and adolescents: The CASPIAN III Study. Nutrition, [s.l], v. 29, n. 9, p. 1133–1141, set.
2013. ISSN: 0899-9007. DOI: 10.1016/j.nut.2013.03.006. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/
science/article/abs/pii/S0899900713001895?via%3Dihub. Acesso em: 29 jul. 2019.
BECKER, S. P. et al. Intraindividual variability of sleep/wake patterns in relation to child and adoles-
cent functioning: a systematic review. Sleep Medicine Reviews, [s.l], v. 34, p. 94–121, ago. 2017. ISSN:
0899-9007. DOI: 10.1016/j.smrv.2016.07.004. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/
PMC5253125/pdf/nihms804849.pdf. Acesso em: 29 jul. 2019.
CARSON, V. et al. Health associations with meeting new 24-hour movement guidelines for Canadi-
an children and youth. Preventive Medicine, [s.l], v. 95, p. 7–13, fev. 2017. ISSN: 1096-0260. DOI:
10.1016/j.ypmed.2016.12.005. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/
S0091743516304005?via%3Dihub. Acesso em: 30 jul. 2019.
CHAPUT, J. P.; OLDS, T.; TREMBLAY, M. S. Public health guidelines on sedentary behaviour are import-
ant and needed: a provisional benchmark is better than no benchmark at all. British Journal of Sports
Medicine, [s.l], v. 1, p. 1–2, 2018. ISSN: 1473-0480. DOI: 10.1136/bjsports-2018-099964. Disponível em:
https://bjsm.bmj.com/content/early/2018/11/09/bjsports-2018-099964.long. Acesso em: 04 set. 2019.
CHASTIN, S. F. M. et al. Combined effects of time spent in physical activity, sedentary behaviors and
sleep on obesity and cardio-metabolic health markers: a novel compositional data analysis approach.
PLoS ONE, [s.l], v. 10, n. 10, p. 1–37, out. 2015. ISSN: 1932-6203. DOI: 10.1371/journal.pone.0139984.
Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4604082/pdf/pone.0139984.pdf. Acesso
em: 29 jul. 2019.
CHIEN, C.; CHEUNG, P.; CHEN, C. The relationship between sleep duration and participation in home,
school, and community activities among school-aged children. Frontiers in Neuroscience, [s.l], v. 13, p.
1–8, ago. 2019. ISSN: 1663-4365. DOI: https://doi.org/10.3389/fnins.2019.00860. Disponível em: https://
www.frontiersin.org/articles/10.3389/fnins.2019.00860/full. Acesso em: 10 set. 2019.
CLIFF, D. P. et al. Adherence to 24-Hour movement guidelines for the early years and associations with
social-cognitive development among australian preschool children. BMC Public Health, [s.l], v. 17, n.
Suppl 5, p. 207–215, nov. 2017. ISSN: 1471-2458. DOI: 10.1186/s12889-017-4858-7. Disponível em: ht-
tps://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5773906/pdf/12889_2017_Article_4858.pdf. Acesso em:
10 set. 2019.
EKELUND, U. et al. Association of moderate to vigorous physical activity and sedentary time with car-
Silvia Isabel Rech Franke, Ana Paula Sehn, Diene da Silva Schlickmann, Cézane Priscila Reuter (org.).
diometabolic risk factors in children and adolescents. JAMA - Journal of the American Medical Asso-
ciation, [s.l], v. 307, n. 7, p. 704–712, 2013. ISSN: 1538-3598. DOI: 10.1001/jama.2012.156. Disponível em:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3793121/pdf/emss-52885.pdf. Acesso em: 30 jul. 2019.
GRANDNER, M. A. et al. Sleep duration cardiovascular disease and proinflammatory biomarkers. Nature
and Science of Sleep, [s.l], v. 5, p. 93–107, fev. 2013. ISSN: 1179-1608. DOI: 10.2147/NSS.S31063. Dis-
ponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3724567/pdf/nss-5-093.pdf. Acesso em: 10
set. 2019.
GUERRA, P. H.; FARIAS JÚNIOR, J. C. DE; FLORINDO, A. A. Sedentary behavior in Brasilian children and ad-
olescents: a systematic review. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 50, p. 1–9, mar. 2016. ISSN: 1518-
8787. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1518-8787.2016050006307. Disponível em: http://www.scielo.br/
pdf/rsp/v50/0034-8910-rsp-S1518-87872016050006307.pdf. Acesso em: 29 jul. 2019.
HALLAL, P. C. et al. Global physical activity levels: surveillance progress, pitfalls, and prospects. The
Lancet, [s.l], v. 380, n. 9838, p. 247–257, jul. 2012. ISSN: 0140-6736. DOI: 10.1016/S0140-6736(12)60646-
1. Disponível em: https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(12)60646-1/fulltext.
Acesso em: 04 set. 2019.
JENKINS, G. P. et al. Cardiometabolic correlates of physical activity and sedentary patterns in U.S. youth.
Medicine and Science in Sports and Exercise, [s.l], v. 49, n. 9, p. 1826–1833, set. 2017. ISSN: 0195-
9131. DOI: 10.1249/MSS.0000000000001310. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/arti-
cles/PMC5976486/pdf/nihms871995.pdf. Acesso em: 30 jul. 2019.
KATZMARZYK, P. T.; STAIANO, A. E. Relationship between meeting 24-hour movement guidelines and
cardiometabolic risk factors in children. Journal of Physical Activity & Health, [s.l], v. 14, n. 10, p.
779–784, out. 2017. ISSN: 1543-5474. DOI: 10.1123/jpah.2017-0090. Disponível em: https://www.ncbi.
nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5607096/pdf/nihms887415.pdf. Acesso em: 25 set. 2019.
KAUR, H.; BHODAY, H. S. Changing adolescent sleep patterns: factors affecting them and the related
problems. Journal of Association of Physicians of India, [s.l], v. 65, n. 3, p. 73–77, mar. 2017. ISSN:
0004-5772. Disponível em: https://pdfs.semanticscholar.org/762a/d6380a33354a301cb225fa7e3655f-
d6f9066.pdf?_ga=2.169713061.503273930.1578426262-1608549597.1578426262. Acesso em: 04 set.
2019.
LI, L. et al. Sleep duration and cardiometabolic risk among chinese school-aged children: do adipokines
play a mediating role? Sleep, [s.l], v. 40, n. 5, p. 1–9, 2017. ISSN: 1984-0063. DOI: 10.1093/sleep/zsx042.
Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6084742/pdf/zsx042.pdf. Acesso em: 29
Ana P. Sehn, Caroline Brand, Luiza N. Reis, Miguel A. dos Santos Duarte Junior, Anelise R. Gaya
jul. 2019.
LIU, T. Z. et al. Sleep duration and risk of all-cause mortality: a flexible, non-linear, meta-regression of 40
prospective cohort studies. Sleep Medicine Reviews, [s.l], v. 32, p. 28–36, abril 2017. ISSN: 1532-2955.
DOI: 10.1016/j.smrv.2016.02.005. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/
S1087079216000216?via%3Dihub. Acesso em: 20 set. 2019.
MATTHEWS, K. A.; PANTESCO, E. J. M. Sleep characteristics and cardiovascular risk in children and ado-
lescents: an enumerative review. Sleep Medicine, [s.l], v. 18, p. 36–49, fev. 2016. ISSN: 1389-9457. DOI:
10.1016/j.sleep.2015.06.004. Disponível em: 10.1016/j.sleep.2015.06.004. Acesso em: 10 set. 2019.
MELLO, J. B. et al. Physical activity, sedentary time and bone tissue: effects of an 8-months interdisciplin-
ary program with overweight/obese children. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, Florianó-
polis, v. 23, p. 1–7, 2018. ISSN: 2317-1634. DOI: https://doi.org/10.12820/rbafs.23e0053. Disponível em:
http://rbafs.org.br/RBAFS/article/view/13673/10962. Acesso em: 25 set. 2019.
MENDELSON, M. et al. Sleep quality, sleep duration and physical activity in obese adolescents: Effects of
exercise training. Pediatric Obesity, [s.l], v. 11, n. 1, p. 26–32, fev. 2016. ISSN: 1747-7174. DOI: 10.1111/
ijpo.12015. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/pdf/10.1111/ijpo.12015. Acesso em: 30
jul. 2019.
MURA, G. et al. Physical activity interventions in schools for improving lifestyle in european countries.
Clinical practice and epidemiology in mental health : CP & EMH, [s.l], v. 11, n. Suppl 1 M5, p. 77–101,
fev. 2015. ISSN: 1745-0179. DOI: 10.2174/1745017901511010077. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.
nih.gov/pmc/articles/PMC4378026/pdf/CPEMH-11-77.pdf. Acesso em: 29 jul. 2019.
NAYLOR, P. J. et al. An active school model to promote physical activity in elementary schools: action
schools! BC. British Journal of Sports Medicine, [s.l], v. 42, n. 5, p. 338–343, maio 2008. ISSN: 1473-
0480. DOI: 10.1136/bjsm.2007.042036. Disponível em: https://bjsm.bmj.com/content/bjsports/42/5/338.
full.pdf. Acesso em: 04 set. 2019.
PRADO, C. V. et al. Percepção de segurança no bairro e tempo despendido em frente à tela por adoles-
centes de Curitiba, Brasil. Revista Brasileira de Epidemiologia, [s.l], v. 20, n. 4, p. 688–701, 2017. ISSN:
1415-790X. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1980-5497201700040011. Disponível em: http://www.scielo.
br/pdf/rbepid/v20n4/1980-5497-rbepid-20-04-688.pdf. Acesso em: 20 set. 2019.
SALLIS, J. F. et al. An ecological approach to creating active living communities. Annual Review of
Public Health, [s.l], v. 27, n. 1, p. 297–322, abr. 2006. ISSN: 0163-7525. DOI: 10.1146/annurev.publheal-
th.27.021405.102100. Disponível em: https://www.annualreviews.org/doi/pdf/10.1146/annurev.pub-
lhealth.27.021405.102100. Acesso em: 04 set. 2019.
SCHMID, D. et al. Replacing sedentary time with physical activity in relation to mortality. Med-
icine and Science in Sports and Exercise, [s.l], v. 48, n. 7, p. 1312–1319, jul. 2016. ISSN: 0195-
9131. DOI: 10.1249/MSS.0000000000000913. Disponível em: https://insights.ovid.com/crossre-
f?an=00005768-201607000-00012. Acesso em: 10 set. 2019.
Silvia Isabel Rech Franke, Ana Paula Sehn, Diene da Silva Schlickmann, Cézane Priscila Reuter (org.).
SUN, W. et al. Associations of weekday-to-weekend sleep differences with academic performance and
health-related outcomes in school-age children and youths. Sleep Medicine Reviews, [s.l], v. 46, p.
27–53, ago. 2019. ISSN: 1532-2955. DOI: 10.1016/j.smrv.2019.04.003. Disponível em: https://www.scien-
cedirect.com/science/article/abs/pii/S1087079218300649?via%3Dihub. Acesso em: 20 set. 2019.
TREMBLAY, M. .; CARSON, V.; CHAPUT, J. P. Introduction to the Canadian 24-Hour movement guide-
lines for children and youth: an integration of physical activity, sedentary behaviour, and sleep. Applied
Physiology, Nutrition and Metabolism, [s.l], v. 41, n. 1, p. 725–740, jun. 2016. ISSN: 1715-5320. DOI:
10.1139/apnm-2016-0203. Disponível em: https://www.nrcresearchpress.com/doi/pdf/10.1139/apnm-
2016-0203. Acesso em: 25 set. 2019.
TREMBLAY, M. S.; POITRAS, V. J. Integrating physical activity, sleep and sedentary behaviour -- a world
first! WellSpring, [s.l], v. 27, n. 9, p. 1–4, 2016. Disponível em: https://www.centre4activeliving.ca/
news/2016/09/integrating-phys-activit-sleep-sedentary-behaviour/. Acesso em: 10 set. 2019.
VIITASALO, A. et al. The effects of a 2-year individualized and family-based lifestyle intervention on
physical activity, sedentary behavior and diet in children. Preventive Medicine, [s.l], v. 87, p. 81–88,
2016. ISSN: 0091-7435. DOI: 10.1016/j.ypmed.2016.02.027. Disponível em: https://www.sciencedirect.
com/science/article/pii/S0091743516300068?via%3Dihub. Acesso em: 20 set. 2019.
WHEELOCK, K. M. et al. Cardiometabolic risk profile based on body mass index in American Indian chil-
dren and adolescents. Pediatric Obesity, [s.l], v. 12, n. 4, p. 295–303, ago. 2017. ISSN: 2047-6310. DOI:
10.1111/ijpo.12142. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/pdf/10.1111/ijpo.12142. Acesso
em: 29 jul. 2019.
WHITAKER, K. M. et al. Associations of accelerometer-measured sedentary time and physical activity with
prospectively assessed cardiometabolic risk factors: The CARDIA study. Journal of the American Heart
Association, [s.l], v. 8, n. 1, p. 1–11, jan. 2019. ISSN: 2047-9980. DOI: 10.1161/JAHA.118.010212. Disponí-
vel em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6405708/pdf/JAH3-8-e010212.pdf. Acesso em:
20 set. 2019.
III
SEGURANÇA DO PACIENTE E
CAPACIDADE FUNCIONAL
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA TELESSAÚDE: UMA ÚTIL E INOVADORA
FERRAMENTA NA MONITORIZAÇÃO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL
Letícia Welser1
Luciana Tornquist2
Debora Tornquist3
Cézane Priscila Reuter4
1 INTRODUÇÃO
Cada vez mais presentes no cotidiano, as tecnologias digitais na área da saúde se origi-
naram com o objetivo de facilitar as funções operacionais das organizações e otimizar a inte-
ração profissional-paciente (RAY et al., 2019). Além do monitoramento remoto, alguns siste-
mas também fornecem funções de gerenciamento de progresso, comunicação entre as partes
(MORAL-MUNOZ et al., 2019), assim como modelos de prestação de cuidados para triagem,
e autogerenciamento em reabilitação para uma série de condições crônicas (PRABHAKARAN;
AJAY; TANDON, 2019). São ferramentas inovadoras, onipresentes na vida moderna, que abran-
gem infinitas possibilidades. Elas podem auxiliar na educação e serem também utilizadas para
a promoção de bons hábitos em saúde, contribuindo para o autocuidado e empoderamento
do sujeito (FRATICELLI et al., 2016).
As inovações no campo da inteligência artificial (IA) são capazes de alavancar avanços
tecnológicos para melhorar o acesso a dados epidemiológicos e até mesmo fornecer medica-
mentos personalizados de qualidade e acessíveis na atenção primária. Além disso, várias star-
t-ups voltadas à tecnologia em saúde estão entrando nesse mercado em expansão que deve
crescer rapidamente (PRABHAKARAN; AJAY; TANDON, 2019).
Conhecer e monitorar indicadores referentes às doenças crônicas não transmissíveis
(DCNT) ainda são considerados desafios no contexto nacional e global, incluindo as metas de
redução da hipertensão arterial. Dessa forma, desenvolver métodos válidos, de mensuração
fácil e fidedigna e de baixo custo para a população, pode auxiliar na criação e ampliação de
1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde, Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa
Cruz do Sul, RS, Brasil, leticia.welser@bol.com.br
2 Mestre em Promoção da Saúde (UNISC) e Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade
Federal de Pelotas (UFPEL), Pelotas, RS, Brasil.
3 Mestre em Promoção da Saúde (UNISC) e Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade
Federal de Pelotas (UFPEL), Pelotas, RS, Brasil.
4 Doutora em Saúde da Criança e do Adolescente, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Docente do
Departamento de Educação Física e Saúde e do Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde, Universidade de
Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do Sul, RS, Brasil.
Letícia Welser, Luciana Tornquist, Debora Tornquist, Cézane Priscila Reuter
políticas públicas efetivas no combate aos altos índices das DCNT (MALTA et al., 2018). Diante
do exposto, este capítulo objetiva descrever e analisar as tecnologias disponíveis para o moni-
toramento da hipertensão arterial.
A IA é um dos ramos da ciência da computação que tem como objetivo imitar processos
do pensamento humano, formas de aprendizado e armazenamento de conhecimentos. Esse
campo da ciência tem um alto potencial de uso na área da saúde, sendo muito útil para iden-
tificação de novos genótipos e fenótipos em doenças cardiovasculares heterogêneas, como
tipos específicos de hipertensão e síndrome metabólica (KRITTANAWONG et al., 2017).
O progresso na área da saúde é necessário e acontece de forma constante (SANCIPRIA-
NO; BUTTAFARRO, 2018), entrelaçando-se com o avanço na utilização de abordagens de IA
(THIÉBAUT; THIESSARD, 2018). O alcance e o uso dos serviços de telessaúde se expandiram
nas últimas décadas (KUZIEMSKY et al., 2019). O Departamento para o Avanço da Telessaúde
dos Estados Unidos define telessaúde como “o uso de tecnologias de informação e telecomu-
nicações eletrônicas para apoiar cuidados de saúde clínicos de longa distância, educação rela-
cionada à saúde de pacientes e profissionais, saúde pública e administração de saúde” (HRSA,
2019, s/p). As tecnologias incluem videoconferência, internet, imagens de armazenamento e
encaminhamento, streaming de mídia e comunicações terrestres e sem fio (HRSA, 2019).
Monitorar a saúde dos pacientes remotamente usando a tecnologia de IA vem ganhan-
do popularidade há vários anos (O’CONNOR, 2019). Com o advento da internet, o Sistema Úni-
co de Saúde (SUS) criou o Departamento de Informática do SUS (DATASUS), sendo o pioneiro
em sistemas de informação em saúde no Brasil. É uma ferramenta gratuita, criada em 1991,
para tabular os seus próprios dados, com opções de análise estatística, elaboração de mapas
com informações epidemiológicas, na qual é possível selecionar o período e a abrangência
geográfica de interesse. Ao longo de sua implementação foram realizadas adaptações das
potencialidades às necessidades do usuário e à tecnologia emergente (BRASIL, 2019).
Um bom exemplo de como o desenvolvimento da IA é útil é o Programa Telessaúde Bra-
sil Redes. Uma ação nacional que iniciou em 2007 como um projeto piloto visando na melhora
a qualidade do atendimento ao usuário em todos os níveis da atenção à saúde no SUS, que
por meio de ferramentas de tecnologia da informação integra ensino e serviço, oferecendo
melhores condições para promover a Tele-educação e a Tele assistência. Esse programa envol-
ve núcleos em Telessaúde, que estão situados em diversas universidades no país, e tem como
principais metas, além do objetivo central anteriormente citado, otimizar e agilizar a resolu-
bilidade no nível primário de atenção; reduzir os custos e tempos de deslocamento e fixar os
profissionais da saúde em áreas que são de difícil acesso. O programa conta com os serviços
de tele consultoria, Telediagnóstico, Tele-educação e Segunda Opinião Formativa, todos eles a
fim de auxiliar em todas as etapas do processo de atendimento à distância do paciente. Esse
Silvia Isabel Rech Franke, Ana Paula Sehn, Diene da Silva Schlickmann, Cézane Priscila Reuter (org.).
atendimento pode ser realizado de forma síncrona (em tempo real, por chat, web ou videocon-
ferência) ou assíncrona (através de mensagens off-line) (BRASIL, 2019).
A IA é encontrada na maioria das organizações farmacêuticas em vários processos, que
incluem a biotecnologia da produção de medicamentos, seleção e recrutamento de pacientes
para estudos clínicos, estruturação de dados, identificação de coleta de dados de medicamen-
tos e orçamentos. Estima-se uma expectativa de aumento de pessoal à medida que a imple-
mentação da IA se expanda (LAMBERTI et al., 2019).
A maior apreensão da humanidade é que a IA possa se tornar tão sofisticada que virá a
superar as capacidades do cérebro humano e, eventualmente, terá controle sobre as nossas
vidas. No entanto, se conseguirmos lidar com limites éticos, desenvolver medidas de sucesso
e eficácia, tornando as ferramentas de IA disponíveis, fáceis de usar e com utilidade clínica
comprovada, o seu uso trará benefícios sociais (HAMET; TREMBLAY, 2017).
Os problemas de saúde que envolvem a alta taxa de obesidade e, consequentemente, o
aumento nos níveis pressóricos, são de escala global em adultos (PRICE et al., 2018) e também
em populações infantojuvenis (FERREIRA, 2018). O aumento na carga de doenças segue outras
disparidades de saúde generalizadas, associadas à baixa detecção de doenças, falta de cons-
cientização, mau uso de intervenções baseadas em evidências e baixos índices de adesão entre
pacientes com baixo nível socioeconômico (PRABHAKARAN; AJAY; TANDON, 2019).
Muitas empresas de tecnologia, como IBM, Apple e Google estão investindo muito em
análises de cuidados de saúde para facilitar a medicina de precisão, visto a grande ajuda que a
IA pode proporcionar para o controle das doenças (KRITTANAWONG et al., 2017). Neste sen-
tido, a telemonitorização de doenças vem se popularizando e atraindo maior atenção da so-
ciedade, incluindo a comunidade de pesquisa e o mercado comercial (MORAL-MUNOZ et al.,
2019). O papel da IA na prestação remota de cuidados de saúde incluem o uso de tele-avalia-
ção, telediagnóstico, teleinterações e, sobretudo telemonitoramento (KUZIEMSKY et al., 2019).
Sugere-se que existam duas grandes áreas de foco para direções contemporâneas aos
objetivos relacionados. A primeira delas seria a melhoria de qualidade para a prática clínica
existente e prestação de serviços, que inclui a telemonitorização, e em segundo lugar, o desen-
volvimento e apoio de novos modelos de atendimento (KUZIEMSKY et al., 2019). Porém, com
o passar do tempo, além dos vários benefícios que a tecnologia em saúde tem nos propor-
cionado, também surgiram algumas consequências não intencionais, que incluem a atenção
dividida nos atendimentos em saúde e maior documentação nos processos, o que demanda
mais tempo e atenção em preenchimentos digitais (RAY et al., 2019).
3 MONITORIZAÇÃO DA HIPERTENSÃO
BRAUNWALD, 2018). Especialmente por ter essa característica silenciosa, as tecnologias po-
dem vir para auxiliar no controle e diagnóstico de novos casos de hipertensão, como foi de-
monstrado no estudo de Mudgapalli et al. (2016) que investigaram o uso de mensagens de
texto e ligações como forma de auxiliar no controle da pressão arterial (PA). Os resultados
demonstraram boa aceitação entre a amostra estudada, tendo mais da metade afirmando
que pagaria pelo serviço prestado, dada a importância que é o aviso de medição da PA com
determinada frequência.
Estudo de revisão analisou evidências sobre o impacto do telemonitoramento no con-
trole da PA em pacientes com hipertensão, publicadas de 1995 a setembro de 2009, em cinco
bancos de dados: PubMed, CINAHL, PsycINFO, EMBASE e ProQuest. Na análise dos 15 estudos
incluídos, o telemonitoramento da PA resultou em redução dos índices pressóricos em 13
desses estudos. A pressão sistólica decresceu de 3,9 a 13,0 mmHg e a diastólica declinou de
2,0 a 8,0 mmHg nesses estudos. A magnitude de efeito desses resultados é comparável às
observadas em ensaios de eficácia de alguns medicamentos anti-hipertensivos (ABUDAGGA;
RESNICK; ALWAN, 2010).
Diferentes tecnologias de auto mensuração e a auto transmissão da PA utilizadas pelos
pacientes foram relatadas no estudo de revisão de Abudagga, Resnick e Alwan (2010). Con-
forme os autores, os estudos precedentes apresentavam a utilização de um dispositivo de
medição da PA, como um esfigmomanômetro, por exemplo, e a transmissão do valor da PA era
realizada em uma etapa separada, através de linhas telefônicas e dispositivos de ligação. Com
a evolução das tecnologias, os estudos posteriores já apresentavam a utilização de um monitor
de PA, no qual outros dispositivos podiam ser conectados. Os dados eram então transmitidos
através das linhas telefônicas dos pacientes para um servidor. Nos estudos anteriores, os dados
eram recebidos por um sistema acessível aos pesquisadores, que contatavam com prestado-
res dos cuidados primários. Já nos aplicativos apresentados em estudos posteriores, os dados
eram enviados diretamente para sistemas baseados na Web, que permitiam aos prestadores
dos cuidados de saúde acessar e revisar as informações do paciente a partir de qualquer local
com acesso à Internet. A maioria dos sistemas emitia uma mensagem de alerta automatica-
mente quando os valores de PA excediam parâmetros predeterminados e enviava a uma enfer-
meira ou farmacêutico, que já contata os responsáveis pelos cuidados primários ou contatava
diretamente o paciente com dicas de cuidado e/ou instruções para procurar o seu médico.
Uma perspectiva futura que vêm sendo estudada na telemedicina é a técnica de apren-
dizado de máquina (ML). Este é um campo de pesquisa da ciência da computação, medicina e
engenharia que vem sendo utilizado para investigar mecanismos subjacentes e as interações
entre moléculas biológicas em doenças. O ML é normalmente criado a partir das entradas de
dados imputados, como biobancos, questionários, mídias sociais, entre outros, utilizados para
fazer análises exploratórias ou preditivas (KRITTANAWONG et al., 2017). O estudo de Kwong,
Wu e Pang (2018) apresentou uma premissa baseada em uma rede neural artificial, para pro-
por um preditor de pressão arterial sistólica por meio da correlação de variáveis como idade,
índice de massa corporal, nível de exercício físico, nível de consumo de álcool, tabagismo, nível
Silvia Isabel Rech Franke, Ana Paula Sehn, Diene da Silva Schlickmann, Cézane Priscila Reuter (org.).
de estresse e ingestão de sal. A precisão média do modelo de previsão proposto foi superior
a 90%.
Dessa forma, os autores destacam que esta técnica pode ser uma ferramenta eficiente
para analisar o relacionamento entre a PA de uma pessoa e seus fatores de idade e estilo de
vida, oferecendo um valor estimado em uma consulta de telemedicina, por exemplo, e um
valor de referência para comparação, podendo contribuir para o desenvolvimento de um pre-
ditor de PA que possa fornecer alertas precoces para o risco de hipertensão e outras doenças
cardiovasculares. Outra possibilidade de aplicação apresentada pelos autores é a utilização de
um sistema online, no qual a pessoa poderia verificar seu estado de saúde através de um sis-
tema que reuniria todos os dados relevantes e informações relacionadas à saúde dessa pessoa
e forneceria previsões sobre o risco potencial desta desenvolver várias condições, incluindo a
hipertensão arterial (KWONG; WU; PANG, 2018).
Ye et al. (2018) apresentam mais uma possibilidade futura do uso de IA no controle da
hipertensão arterial. Os autores elaboraram um modelo para prever o risco para a hipertensão
no próximo ano, através de um algoritmo de aprendizado de máquina, o XGBoost, projetado
para descobrir padrões estatísticos em um conjunto de dados multidimensionais e de alta
dimensão e capaz de lidar com correlações não lineares e erros aleatórios, nos recursos de
entrada e na variável de saída. Este algoritmo foi elaborado com base em registros eletrônicos
individuais de saúde do paciente, com dados de mais de 1,5 milhão de pessoas do estado de
Maine, nos Estados Unidos, nos anos de 2013 a 2015. Diversos dados foram extraídos desses
registros de saúde, incluindo dados demográficos, resultados de exames laboratoriais e ra-
diográficos, diagnósticos e procedimentos, prescrições de medicamentos, além de variáveis
socioeconômicas. O algoritmo foi adotado no processo de seleção de recursos e na construção
de modelos e através dele foram gerados conjuntos de árvores de classificação e foi atribuída
uma pontuação de risco preditivo final para cada indivíduo. Os escores de risco foram calcula-
dos e estratificados em cinco categorias de risco para receber um diagnóstico de hipertensão
arterial no próximo ano: muito baixo, baixo, médio, alto ou muito alto.
Modelos de previsão de risco como esse apresentado são perspectivas promissoras no
monitoramento e diagnóstico precoce da hipertensão, pois, conforme apontado pelos autores,
esta análise preditiva pode auxiliar aos profissionais da saúde a identificar as populações de
alto risco e auxiliar na prescrição de soluções clínicas de tratamento e na tomada de decisão
do paciente a adesão à intervenção prescrita, podendo também auxiliar na redução dos custos
com saúde (YE et al., 2018).
O uso de algoritmos de IA pode potencialmente ser usado para o monitoramento e
a previsão de hipertensão a partir de diversos parâmetros, porém os algoritmos ainda não
estão bem estabelecidos e validados. Dessa forma, as pesquisas atuais sobre a utilização do
IA ainda estão em desenvolvimento, com boas perspectivas para fins de pesquisa, mas ainda
não prontas para a prática clínica. Em um futuro próximo teremos uma nova era, da medicina
personalizada assistida pela IA, baseada em dados ambientais, comportamentais e de estilo de
vida acumulados pelas mídias sociais e pelo monitoramento das tecnologias (KRITTANAWONG
Letícia Welser, Luciana Tornquist, Debora Tornquist, Cézane Priscila Reuter
et al., 2018).
A mais nova tecnologia disponível e recém-lançada já aponta para este caminho. É a me-
dição da PA através da selfie, método idealizado pela parceria entre a Universidade de Toronto,
no Canadá, e o Hospital afiliado da Universidade de Hangzhou, na China. A luz que a câmera
do smartphone produz é capaz de refletir proteínas perto da porção superficial da pele em di-
ferentes taxas. Uma das proteínas passíveis de ser refletida é a hemoglobina, responsável pelo
transporte de oxigênio no sangue. O dispositivo é capaz de medir pequenas alterações na taxa
da hemoglobina em até 900 fotos produzidas em apenas 30 segundos. A técnica é chamada de
Espectroscopia Óptica Transdérmica e foi transformada em algoritmo, sendo capaz de produzir
leituras 95% das vezes com até 96% de confiabilidade da PA (LUO et al., 2019).
Embora tenham surgido diversas evidências de que a IA é útil para prever e gerenciar a
hipertensão, ainda é necessário transformar os cuidados com a PA e estamos distantes de des-
frutar de todas essas ferramentas inovadoras, devido à falta de dados de consistência, precisão
e confiabilidade da IA no monitoramento da PA. Até o momento, a IA tem sido empregada
principalmente na investigação de fatores de risco para hipertensão e pouco foi utilizada no
gerenciamento da hipertensão, especialmente devido à falta de consistência no desenho dos
estudos e ao pequeno envolvimento médico com a literatura da área de ciência da computa-
ção. Entretanto, as perspectivas futuras apontam o uso da IA como uma ferramenta importante
na tomada de decisões em saúde (KRITTANAWONG et al., 2018).
Seguindo as tendências atuais, em um futuro não muito distante, computadores cog-
nitivos serão padrão nas unidades de saúde e auxiliarão os médicos na tomada de decisões,
quando diagnosticada alguma alteração na saúde do paciente, e também na previsão dos
resultados das terapias nos pacientes. Acredita-se que a IA não será capaz de substituir os
médicos e equipes de saúde, porém é de extrema importância que todos os envolvidos saibam
utilizá-la suficientemente para otimizar seus processos e auxiliar nas várias possibilidades que
são geradas a partir de seu uso. No entanto, algumas questões ainda desafiam e ofuscam o
sucesso desse projeto, de otimizar cuidados por meio da tecnologia, tal como o aprendizado
dos mecanismos e a transição dos padrões atuais para os futuros a serem utilizados (KRITTA-
NAWONG et al., 2017). Há um longo caminho a ser percorrido, dessa forma estudos de larga
escala ainda são necessários para validar as descobertas atuais e aumentar sua adoção pela
comunidade profissional da área da saúde (DAS; TOPALOVIC; JANSSENS, 2018).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ABUDAGGA, A.; RESNICK, H. E.; ALWAN, M. Impact of blood pressure telemonitoring on hyperten-
sion outcomes: a literature review. Telemedicine and e-Health, United States, v. 16, n. 7, p. 830–838,
2010. ISSN: 1556-3669. DOI: 10.1089/tmj.2010.0015. Disponível em: https://www.liebertpub.com/doi/
pdf/10.1089/tmj.2010.0015. Acesso: 08 jun. 2019
DAS, N.; TOPALOVIC, M.; JANSSENS, W. Artificial intelligence in diagnosis of obstructive lung disease:
current status and future potential. Current Opinion in Pulmonary Medicine, United States, v. 24, n.
2, p. 117–123, 2018. ISSN: 1070-5287. DOI: 10.1097/MCP.0000000000000459. Disponível em: https://
insights.ovid.com/crossref?an=00063198-201803000-00004#. Acesso em: 10 jun. 2019
FERREIRA, Sofia. Obesity and hypertension in children: a worldwide problem. Revista Portugue-
sa de Cardiologia, [s.l], v. 37, n. 5, p. 433–434, 2018. ISSN: 2174-2049. DOI: https://doi.org/10.1016/j.
repc.2018.04.006. Disponível em: https://repositorio.hff.min-saude.pt/bitstream/10400.10/2099/1/
Rev%20Port%20Cardiol.%202018.pdf. Acesso em: 10 jun. 2019
FRATICELLI, F. et al. Technology-based intervention for healthy lifestyle promotion in Italian adoles-
cents. Annali dell’Istituto Superiore di Sanita, Italy, v. 52, n. 1, p. 123–127, 2016. ISSN: 00212571. DOI:
Letícia Welser, Luciana Tornquist, Debora Tornquist, Cézane Priscila Reuter
HRSA. Health Resources & Services Administration. 2019. Disponível em: <https://www.hrsa.gov/
rural-health/telehealth/index.html#>. Acesso em: 6 jul. 2019.
KRITTANAWONG, C. et al. Future direction for using artificial intelligence to predict and manage hyper-
tension. Current Hypertension Reports, United States, v. 20, n. 9, p. 75, 2018. ISSN: 1522-6417. DOI:
https://doi.org/10.1007/s11906-018-0875-x. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007%-
2Fs11906-018-0875-x. Acesso em:10 jun. 2019
KUZIEMSKY, C. et al. Role of artificial intelligence within the telehealth domain. Yearbook of Medical
Informatics, Canada, v. 28, n. 1, p. 35–40, 2019. ISSN: 364-0502. DOI. DOI: 10.1055/s-0039-1677897.
Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6697552/pdf/10-1055-s-0039-1677897.
pdf. Acesso em: 08 jun. 2109
KWONG, E. W. Y.; WU, H.; PANG, G. K. H. A prediction model of blood pressure for telemedicine. Health
Informatics Journal, United States, v. 24, n. 3, p. 227–244, 2018. ISSN: 1460-4582. DOI: http://dx.doi.
org/10.1177/1460458216663025. Disponível em: http://hub.hku.hk/handle/10722/229175. Acesso em:
12 jun. 2019
LAMBERTI, M. J. et al. A study on the application and use of artificial intelligence to support drug de-
velopment. Clinical Therapeutics, United States, v. 41, n. 8, p. 1414–1426, 2019. ISSN: 0149-2918.
DOI: https://doi.org/10.1016/j.clinthera.2019.05.018. Disponível em: Acesso em: 15 jun. 2019.
LUO, H. et al. Smartphone-based blood pressure measurement using transdermal optical imaging tech-
nology. Circulation: Cardiovascular Imaging, United States, v. 12, n. 8, p.1-10, 2019. ISSN: 1524-4539.
DOI: doi.org/10.3390/jcm8111827. Disponível em: https://www.mdpi.com/2077-0383/8/11/1827 Acesso
em: 17 set. 2019
MALTA, D. C. et al. Prevalence of arterial hypertension according to different diagnostic criteria, National
Health Survey. Revista Brasileira de Epidemiologia, [s.l], v. 21, n. 1, p. 1–15, 2018. ISSN: 1415-790X. DOI:
10.1590/1980-549720180021.supl.1. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstrac-
t&pid=S1415-790X2018000200419&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 17 set 2019.
MUDGAPALLI, V. et al. Perception of receiving SMS based health messages among hypertensive indi-
viduals in urban slums. Technology and Health Care, Netherlands, v. 24, n. 1, p. 57–65, 2016. ISSN:
09287329 DOI: 10.3233 / THC-151097. Disponível em: https://content.iospress.com/articles/technology-
-and-health-care/thc1097. Acesso em 13 set. 2019
O’CONNOR, Siobhan. Tele-health-monitoring may decrease emergency room visits and hospitalisa-
tion in patients with COPD. Evidence Based Nursing, [s.l], 2019. Disponível em: < doi: 10.1136/eb-
nurs-2019-103080>. Acesso em: 7 nov. 2019.
PRABHAKARAN, D.; AJAY, V. S.; TANDON, N. Strategic opportunities for leveraging low-cost, high-impact
technological innovations to promote cardiovascular health in India. Ethnicity & Disease, [s.l], v. 29, n.
Suppl 1, p. 145–152, 2019. ISSN: DOI:10.18865/ed.29.S1.145. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.
gov/pmc/articles/PMC6428188/pdf/ethndis-29-145.pdf. Acesso em: 01 de out. oct. 2019.
PRICE, A. J. et al. Prevalence of obesity, hypertension, and diabetes, and cascade of care in sub-Saharan
Africa: a cross-sectional, population-based study in rural and urban Malawi. The Lancet Diabetes and
Endocrinology, Netherlands, v. 6, n. 3, p. 208–222, 2018. ISSN: 2213-8587. DOI: 10.1016 / S2213-8587.
Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5835666/pdf/main.pdf. Acesso em: 03
out. 2019
QAMAR, A.; BRAUNWALD, E. Treatment of hypertension: addressing a global health problem. JAMA -
Journal of the American Medical Association, United states, v. 320, n. 17, p. 1751–1752, 2018. ISSN:
0002-9955 DOI: 10.1001 / jama.2018.16579. Disponível em: https://jamanetwork.com/journals/jama/ar-
ticle-abstract/2712551. Acesso em: 07 set. 2019.
RAY, J. M. et al. Six habits of highly successful health information technology: powerful strategies for
design and implementation. Journal of the American Medical Informatics Association, [s.l], v. 26, n.
8–9, p. 749–758, 2019. ISSN: 1067-5027 DOI: 10.1093 / jamia / ocz098. Disponível em: https://academic.
oup.com/jamia/article-abstract/26/10/1109/5527253?redirectedFrom=fulltext. Acesso em: 06 jul. 2019
SANCIPRIANO, G. P.; BUTTAFARRO, M. Artificial intelligence for future MD. Giornale italiano di nefro-
logia: organo ufficiale della Societa italiana di nefrologia, Italy, v. 35, n. 6, p. 126–138, 2018. ISSN:
0393-5590. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30550043. Acesso em: 05 jul. 2019.
THIÉBAUT, R.; THIESSARD, F. Artificial intelligence in public health and epidemiology. Yearbook of med-
ical informatics, Canada, v. 27, n. 1, p. 207–210, 2018. ISSN: 0943-4747
DOI: 10.1055/s-0038-1667082. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/327291183_
Artificial_Intelligence_in_Public_Health_and_Epidemiology. Acesso em 15 jul. 2019.
YE, C. et al. Prediction of incident hypertension within the next year: prospective study using statewide
electronic health records and machine learning. Journal of Medical Internet Research, Canada, v. 20,
n. 1, p. e22, 2018. ISSN: 1438-8871. DOI: doi.org/10.1089/tmj.2010.0015. Disponível em: https://www.
liebertpub.com/doi/full/10.1089/tmj.2010.0015. Acesso em: 15 oct. 2019.
O IMPACTO DA RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA NA SEGURANÇA DA
ASSISTÊNCIA DO PACIENTE
1 INTRODUÇÃO
As infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) são definidas como eventos infec-
ciosos decorrentes de procedimentos relacionados à assistência que não estavam presentes
no momento do atendimento e fora do período de incubação. As IRAS agregam custo ao
cuidado, causando prejuízos financeiros ao sistema de saúde (público e privado), bem como
aumentando tempo de internação e risco de complicações ao paciente, entre elas, resistência
bacteriana (RB) e morte (BRASIL, 1998; JIA et al., 2019).
A resistência bacteriana é a capacidade, principalmente, das bactérias patogênicas su-
portarem a ação dos antimicrobianos (ATM), e atualmente é considerada um problema de
saúde pública mundial. Durante os últimos anos, a assistência à saúde tem enfrentado danos
relacionados ao desenvolvimento de cepas pan-resistentes, que dificulta as decisões terapêu-
ticas. Tais limitações resultam em falha do controle do foco infeccioso, morbidade, mortalidade
e assim todos os custos extras do atendimento, direto e indireto (NOLTE, 2014; TEFERA; FEYISA;
KEBEDE, 2019).
O Antimicrobial Stewardship Program (ASP) tem como objetivo favorecer uma seleção
apropriada de um regime eficaz de drogas ATM, assim como assegurar a melhor dose com sua
melhor via de administração e com menor tempo para iniciar e suspender a terapêutica ins-
tituída. Um bom programa é aquele que é composto por uma equipe engajada, favorecendo
uma discussão com ciência aliada à farmacoeconomia e ética, aumentando a segurança para o
1 Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde, Universidade de Santa Cruz do Sul
(UNISC), Santa Cruz do Sul, RS, Brasil), elianek@unisc.br
2 Farmacêutica. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde, Universidade de Santa Cruz do Sul
(UNISC), Santa Cruz do Sul, RS, Brasil).
3 Doutora em Biologia Celular e Molecular (PUC). Docente do Departamento Biologia e Farmácia e do Programa de Pós-
-Graduação em Promoção da Saúde, Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do Sul, RS, Brasil.
Silvia Isabel Rech Franke, Ana Paula Sehn, Diene da Silva Schlickmann, Cézane Priscila Reuter (org.).
paciente. Deve ser constituída por médicos infectologistas, intensivistas (adulto e pediátri-
co), instituição de saúde), farmacêuticos clínicos, enfermeiros, biomédicos, microbiologistas
e profissionais da tecnologia da informação (TI). Essa equipe de trabalho deve ser apoiada
pela administração hospitalar a fim de desenvolver e conquistar bons indicadores assistenciais
(DROHAN et al., 2019).
O monitoramento da prescrição de ATM e a identificação dos padrões de resistência
locais são cruciais para identificar as oportunidades de melhoria e otimizar as estratégias para
superar as barreiras associadas a todo o processo. É possível afirmar que o controle desse
processo de administração é a única maneira de otimizar o uso de ATM no ambiente hospitalar
e foi definido, mais recentemente, como um conjunto coerente de ações que promovem o uso
de ATM de forma responsável (NASR et al., 2019; WATHNE et al., 2019).
As diretrizes clínicas institucionais são essenciais para guiar a prescrição médica e são um
dos elementos centrais do ASP. Todos esses argumentos regulam o programa de segurança
do paciente com o objetivo essencial de alcançar a confiabilidade da prestação dos cuidados
de saúde, maximizando a recuperação da saúde. Todos os usuários do ambiente hospitalar
atuam como “vetores” que carreiam bactérias potenciais. Os patógenos persistem em super-
fícies (bióticas e abióticas) por longos períodos de tempo, desencadeando o investimento em
medidas preventivas, desafiadoras para as equipes, que serão sentidas na diminuição da dis-
seminação dos mesmos (TAMMA; HOLMES; ASHLEY, 2014). Nesse contexto, o objetivo deste
capítulo foi verificar qual o impacto do controle assistencial na prevenção da resistência aos
ATM e relacionar com a segurança do paciente.
O grupo de trabalho do ASP desenvolve ações que inclui a prevenção da RB, redução de
eventos adversos relacionados ao uso de ATM profiláticos e terapêuticos, otimização de dose,
via e duração da terapia; educação dos profissionais de saúde em relação às melhores práticas
de prescrição, e a difusão de evidências baseadas em diretrizes, procedimentos operacionais e
protocolos (ZUKOWSKI, 2016).
Esse é o momento ideal para a educação interdisciplinar. Devido à abordagem de equipe
que as diretrizes para ASPs reforçam, os profissionais devem estar envolvidos em prol do cui-
dado e segurança do paciente e contribuir com suas experiências. Como por exemplo consta
na Figura 1, o médico escolhe uma terapia empírica inicial com antimicrobiano intravenoso,
a enfermeira avalia o paciente em busca de sinais de melhora, o microbiologista analisa as
amostras laboratoriais e disponibiliza os resultados rapidamente; o farmacêutico sugere mu-
dança de terapia com base nos resultados da cultura, ou valores laboratoriais; então o médico
e farmacêutico discutem a melhor prática clínica relacionada para terapia definitiva. Essas vi-
vências podem melhorar a comunicação, atitudes e condutas para promover o melhor cuidado
Eliane Carlosso Krumennauer , Rochele Mosmann Menezes, Jane Dagmar Pollo Renner
FARMACÊUTICO
TECNOLOGIA DA
MÉDICO
INFORMAÇÃO
ASP
MICROBIOLOGISTA ENFERMEIRO
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BRASIL. Portaria n. 2.616, de 12 de maio de 1998. Expede diretrizes e normas para a prevenção e o
controle das infecções hospitalares. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, seção 1,
13 mai.1998. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/1998/prt2616_12_05_1998.
html. Acesso em: Agosto de 2019.
CASELLI, E. et al. An innovative strategy for the effective reduction of mdr pathogens from the nosocomial
environment. Advances in Experimental Medicine and Biology, United States p. 1-13, 2019. Epub
ahead of print. ISSN: 0065-2598. DOI: https://doi.org/10.1007/5584_2019_399. Disponível em: https://
link.springer.com/chapter/10.1007%2F5584_2019_399. Acesso em: 30 jun. 2019.
CUNHA, C. B.; OPAL, S. M. Antibiotic stewardship strategies to minimize antibiotic resistance while
maximizing antibiotic effectiveness. Medical Clinics of North America, Netherlands, v. 102, n. 5, p. 831-
843, 2018. ISSN: 1557-9859. DOI: 10.1016 / j.mcna.2018.04.006. Disponível em: https://www.sciencedirect.
com/science/article/abs/pii/S0025712518300373?via%3Dihub. Acesso em: 10 jul. 2019.
CUNHA, Cheston. B. Antibiotic stewardship program perspective oral antibiotic therapy for common
infectious diseases. Medical Clinics of North America, Netherlands, v. 102, n. 5, p. 947-954, 2018.
ISSN: 0025-7125. DOI: doi.org/10.1016/j.mcna.2018.05.006. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.
gov/pubmed/30126583 Acesso em: 10 jun. 2019.
DROHAN, S. E. et al. Incentivizing hospital infection control. Proceedings of the National Academy
of Sciences, United States, v. 116, n. 13, p. 6221–6225, 2019. ISSN: 0027-8424 DOI: doi.org/10.1073/
pnas.1812231116. Disponível em: https://www.pnas.org/content/116/13/6221. Acesso em: 27 jun. 2019.
GALLAGHER, J. C. et al. Preventing the post-antibiotic era by training future pharmacists as antimicrobial
stewards. American Journal of Pharmaceutical Education, United States, v. 82, n. 6, p. 1-8, 2018.
ISSN: 1553-6467 DOI: 10.5688/ajpe6770. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/
PMC6116871/. Acesso em: 12 jun. 2019
Eliane Carlosso Krumennauer , Rochele Mosmann Menezes, Jane Dagmar Pollo Renner
HOWELL, C. K.; JACOB, J.; MOK, S. Remote antimicrobial stewardship: a solution for meeting the joint
commission stewardship standard? Hospital Pharmacy, [s.l], v. 54, n. 1, p. 51-56, 2019. ISSN: 0018-
5787 DOI: doi.org/10.1177/0018578718769240. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/
abs/10.1177/0018578718769240. Acesso em 15 jun. 2019.
HSU, Vicent. Prevention of health care - associated infections. American Family Physician, United States,
v. 90, n. 6, p. 357-382, 2014. ISSN: 1532-0650 Disponível em: https://www.aafp.org/afp/2014/0915/p377.
pdf. Acesso em: 30 jun. 2019
KUPER, K. M. et al. The role of electronic health record and “add-on” clinical decisio support systems
to enhance antimicrobial stewardship programs. Infection Control & Hospital Epidemiology, United
Kingdom v. 40, n. 5, p. 501-511, 2019. ISSN: 089923X. DOI: 10.1017/ice.2019.5. Disponível em: https://
www.researchgate.net/publication/332653971_The_role_of_electronic_health_record_and_addon_
clinical_decision_support_systems_to_enhance_antimicrobial_stewardship_programs. Acesso em: 19
ago. 2019
MILLER, P. E. et al. National trends in healthcare-associated infections for five common cardiovascular
conditions. The American Journal of Cardiology, United States, p. 1-19, 2019. ISSN: 1879-1913. DOI:
https://doi.org/10.1016/j.amjcard.2019.06.029. Disponível em: https://www.ajconline.org/article/S0002-
9149(19)30781-7/fulltext. Acesso em: 07 jul. 2019.
NOLTE, O. Antimicrobial resistance in the 21st century: a multifaceted challenge. Protein & Peptide
Letters, United Arab Emirates, v. 21, n. 4, p. 330-335, 2014. ISSN: 1875-5305. 1875-530. DOI: 10.2174
/ 09298665113206660106. Disponível em: http://www.eurekaselect.com/116900/article. Acesso em: 18
oct. 2019.
OURGHANLIAN, C. et al. Pharmacists’ role in antimicrobial stewardship and relationship with antibiotic
consumption in hospitals: na observational multicentre study. Journal of Global Antimicrobial Resistence,
United Kingdom, p. 1-17, 2019. ISSN: 2213-7165. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jgar.2019.07.009.
Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2213716519301754. Acesso em: 15
jul. 2019
PFLANZNER, S. et al. AMS in the ICU: empiric therapy and adherence to guidelines for pneumonia.
BMJ Open Quality, United Kingdom, v. 24, n. 8, p. 1-3, 2019. ISSN: 2399-6641. DOI: 10.1136 /
bmjoq-2018-00055. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6542434/. Acesso
em: 16 ago. 2019.
PARENTE, D. M.; MORTON, J. Role of the Pharmacist in antimicrobial stewardship. Medical Clinics of North
America, Netherlands, v. 102, n. 5, p. 929-936, 2018. ISSN: 1557-9859. DOI: 10.1016 / j.mcna.2018.05.009.
Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0025712518300476?via%3Dihub.
Silvia Isabel Rech Franke, Ana Paula Sehn, Diene da Silva Schlickmann, Cézane Priscila Reuter (org.).
RANJALKAR, J.; CHANDY, S. J. India’s national action plan for antimicrobial resistance – an overview of
the context, status, and way ahead. Journal of Family Medicine and Primare Care, [s.l], v. 8, n. 6, p.
1828–1834, 2019. ISSN: 2249-4863. DOI: 10.4103/jfmpc.jfmpc_275_19. Disponível em: https://www.ncbi.
nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6618210/#!po=65.9091. Acesso em: 12 set. 2019.
TAMMA, P. D.; HOLMES, A.; ASHLEY, E. D. Antimicrobial stewardship: another focus for patient safety? Current
Opinion in Infectious Diseases, United states, v. 27, n. 4, p. 1-8, 2014. ISSN: 0951-7375. DOI: 10.1097 /
QCO.0000000000000077. Disponível em: https://insights.ovid.com/article/00001432-201408000-00009.
Acesso em: 03 de jun. 2019.
TEFERA, G. M.; FEYISA, B. B.; KEBEDE, T. M. Antimicrobial use–related problems and their costs in surgery
ward of Jimma University Medical Center: prospective observational study. PLoS one, United States,
v. 14, n. 5, p. 1-15, 2019. ISSN: 1932-6203. DOI: 10.1371/journal.pone.0216770. Disponível em: https://
www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6524801/. Acesso em: 26 de jun. 2019.
VENTER, H.; HENNINGSEN, M. L.; BEGG, S. L. Antimicrobial resistance in healthcare, agriculture and the
environment: the biochemistry behind the headlines. Essays in Biochemistry, England, v. 3, n. 61, p.
1-10, 2017. ISSN: 0071-1365. DOI: 10.1042 / EBC20160053. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.
gov/pubmed/28258225. Acesso em: 13 ago. 2019.
WATHNE, J. S. et al. The association between adherence to national antibiotic guidelines and mortality,
readmission and length of stay in hospital inpatients: results from a Norwegian multicentre, observational
cohort study. Antimicrobial Resistance and Infection Control, United Kingdom, v. 8, n. 63, p. 1-10, 2019.
ISSN: 20472994. DOI: ttps://doi.org/10.1186/s13756-019-0515-5. Disponível em: https://aricjournal.
biomedcentral.com/articles/10.1186/s13756-019-0515-5. Acesso em: 04 out. 2019.
ZEC, S. et al. Antimicrobial resistance in patients with urinary tract infections and the impact on empiric
therapy in Serbia. Journal of Infection in Developing Countries, Italy, v. 10, n. 10, p. 1065-1072, 2016.
ISSN: 1972-2680. DOI: 10.3855 / jidc.8124. Disponível em: https://jidc.org/index.php/journal/article/
view/27801368/1593. Acesso em: 08 set. 2019.
ZUKOWSKI, Courtney. Meredith. Antimicrobial stewardship and patient safety. AORN Journal, United
States, v. 104, n. 4, p. 354-356, 2016. ISSN: 1878-0369. DOI: 10.1016 / j.aorn.2016.08.002. Disponível em:
https://aornjournal.onlinelibrary.wiley.com/doi/pdf/10.1016/j.aorn.2016.08.002. Acesso em: 23 de ago.
2019.
REUTILIZAÇÃO DE AGULHAS DE ACUPUNTURA E A BIOSSEGURANÇA
DO PACIENTE
1 INTRODUÇÃO
1 Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde, Universidade de Santa Cruz do Sul
(UNISC), Santa Cruz do Sul, RS, Brasil. carinacomc@yahoo.com.br.
2 Médica. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde, Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC),
Santa Cruz do Sul, RS, Brasil.
3 Doutora em Ciências Biológicas – Bioquímica (UFRGS). Docente do Departamento de Biologia e Farmácia e do Programa
de Pós-Graduação em Promoção da Saúde, Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do Sul, RS, Brasil.
4 Doutora em Serviço Social (PUC/RS). Docente do Departamento de Enfermagem e Odontologia e do Programa de Pós-
Graduação em Promoção da Saúde, Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do Sul, RS, Brasil.
Silvia Isabel Rech Franke, Ana Paula Sehn, Diene da Silva Schlickmann, Cézane Priscila Reuter (org.).
Diante do exposto, o presente estudo tem por objetivo refletir sobre a biossegurança na
prática de reutilização de agulhas de acupuntura, uma vez que se trata de um estudo reflexivo
sobre o tema.
A filosofia chinesa antiga teve sua evolução baseada em 3 principais pilares, sendo eles:
a) yin e yang; b) cinco movimentos e c) zang-fu. A teoria do yin e yang é relatada como sendo
dois opostos que se complementam e se sobrepõem, auxiliando no diagnóstico e tratamento
das síndromes diversas; a teoria dos cinco movimentos ou elementos: Madeira, Fogo, Terra,
Metal e Água, relacionando estes fenômenos da natureza ao organismo humano e zang-fu o
qual permite entender formação, função e funcionamento dos órgãos e vísceras, com o intuito
de fazer o diagnóstico e conduzir o tratamento necessário para o restabelecimento da harmo-
Carina Suzana Pereira Corrêa, Clauceane Venzke Zell, Suzane Beatriz Frantz Krug
Sabe-se que a acupuntura tem a sua evolução ao longo de milhares de anos e perma-
nece em constante crescimento, visando estabelecer a circulação da energia nos canais com
intuito de harmonizar o corpo energeticamente, controlando diversos processos relacionados
aos mais diversos sinais e sintomas apresentados. A acupuntura foi bastante desenvolvida pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) como um marco para o desenvolvimento para diversos
documentos e publicações, dentre eles: “WHO Traditional Medicine Strategy 2014-2023” (MA,
2006; YAMAMURA, 2001).
A acupuntura no Brasil data de antes de 1500, conforme comprovação de registros em
que os índios já usavam técnica muito semelhante, utilizando espinhos de animais no corpo.
Já em 1812 os primeiros imigrantes chineses começaram a trazer e aprimorar a técnica no país
e, em 1908, os imigrantes japoneses introduziram a técnica definitivamente no Brasil. Em 1984,
iniciou-se a preocupação pela legalização da terapia, mas apenas em 2003 foi lançado o proje-
to de Lei 1549/03, que disciplina o exercício profissional da Acupuntura, defendendo a prática
multiprofissional (CRF/SP, 2010).
É indiscutível que existe um aumento progressivo pela procura por métodos alternati-
vos como a acupuntura (BIRCH, 2002). A sua popularização vem causando problemas relacio-
nados a sua utilização em relação a casos de infecções adquiridas durante os procedimentos
de inserção de agulhas por profissionais não devidamente qualificados para tal técnica (PI-
MENTA; LEÃO; PIMENTA, 2008).
A acupuntura é considerada uma prática que utiliza uma técnica pouco invasiva, a qual
requer assepsia adequada do local de inserção da agulha no intuito de reduzir ou anular os
riscos de infecção por qualquer microorganismo que possa ser um possível agente infeccioso
(GNATTA; KUREBAYASHI; SILVA, 2013). Essa técnica é de fácil aplicação, tendo uma eficácia e
segurança em relação a analgesia em pacientes submetidos a ela, e em algumas situações
pode ser aplicada para anestesia local e da mesma forma, vem para auxiliar os pacientes que
apresentam resistência à terapia medicamentosa ou reabilitação (GAO et al., 2015).
Silvia Isabel Rech Franke, Ana Paula Sehn, Diene da Silva Schlickmann, Cézane Priscila Reuter (org.).
utilizado, gerando um menor risco ao paciente e reduzindo custos para a saúde da pessoa
atendida, sendo muitas vezes imensuráveis devido aos diversos campos que os danos podem
abranger. Salienta-se, ainda, o uso da técnica correta de lavagem das mãos sempre antes e
após a realização de cada procedimento e cada um dos pacientes no intuito de contribuir para
uma prática adequada e segura (GNATTA; KUREBAYASHI; SILVA, 2013).
O acesso facilitado aos cursos de acupuntura tem popularizado a prática inadequada
da técnica entre a população, aumentando os casos de transmissão de infecções aos pacien-
tes, podendo ser diretamente pela má assepsia da pele ou pela reutilização de agulhas (XU
et al., 2013). De acordo com Bluendell et al. (2011), a contaminação com o uso de agulhas de
acupuntura pode ser decorrente do descarte inadequado e ainda da reutilização das agulhas,
provocando infecções sistêmicas e profundas relacionadas à porta de entrada favorável para
os patógenos podendo causar diversos danos ao organismo.
Os estudos sobre a reutilização de agulhas de acupuntura relatam uma diversidade de
infeções causadas por inúmeros microorganismos disseminados a partir da inserção das agu-
lhas na prática da técnica (JUNG et al., 2011; GNATTA; KUREBAYASHI; SILVA, 2013; YANG HSU;
HUENG, 2014). Os patógenos mais comuns apresentados pelo uso de agulha contaminada são
Staphylococcus aureus com 54% dos casos, Pseudomonas aeruginosa com 12%, Escherichia coli
com 7%, Enterococcus faecalis com 5% e Bacteroides fragilis com 5%. As complicações causadas
por estas bactérias vão desde abscessos até complicações supurativas nos tecidos adjacentes
(YANG, HSU e HUENG, 2014).
Gnatta, Kurebayashi e Silva (2013) dão ênfase às micobactérias, que são as responsáveis
pela maioria das infecções in loco devido ao uso de agulhas de acupuntura contaminadas e
esterilizadas, podendo reativar os microrganismos presentes na pele dos pacientes atendidos
com a técnica.
Observa-se diversos relatos de patologias como: artrites, fasceítes, erisipela e infecções
subcutâneas após a utilização da técnica de acupuntura com agulhas contaminadas, ainda a
ocorrência de traumas cutâneos causados pela perfuração das agulhas contaminadas são fre-
quentes, favorecendo a entrada de bactérias, fungos e até mesmo vírus no tecido subcutâneo
(XU et al., 2013).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
acerca do tema abordado, contribuindo para a descrição dos riscos relacionados ao uso inade-
quado das agulhas de acupuntura.
Considera-se necessário o desenvolvimento de mais estudos envolvendo a biossegu-
rança, abordando as evidências da reutilização das agulhas e dos processos infeciosos e po-
tencializando a garantia de um atendimento de qualidade aos usuários da técnica de acupun-
tura, para que possa ganhar mais notoriedade na saúde, como uma terapia confiável e eficaz.
REFERÊNCIAS
BLUNDELL, L. et al. Compliance with sharps waste standards by a sample of Sydney acupuncture premis-
es. NSW Public Health Bulletin, [s.l], v. 7, p. 149-153, 2011. ISSN: 1834-8610. DOI: 10.1071 / NB10073.
Disponível em: http://www.publish.csiro.au/NB/NB10073. Acesso em 13 jun. 2019.
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Coordenação Geral das Unidades Hos-
pitalares Próprias do Rio de Janeiro. Orientações Gerais para Central de Esterilização. Ministério da
Saúde, Secretaria de Assistência à Saúde, Coordenação Geral das Unidades Hospitalares Próprias do
Rio de Janeiro. Brasília: Ministério da Saúde, 2001. 56p. il. - (Série A. Normas e Manuais Técnicos: n.
108) Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/orientacoes_gerais_central_esteriliza-
cao_p2.pdf.
COSTELLO, E. K. et al. Bacterial community variation in human body habitats across space and time.
Science. United States, v. 326, p. 1694-1697, 2009. ISSN: 1095-9203. DOI: 10.1126 / science.1177486.
Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3602444/. Acesso em: 24 de jun. 2019.
GAO, P. et al. Acupuncture: emerging evidence for its use as an analgesic (review). Experimental Thera-
pies in Medicine, [s.l], v. 9, p. 1577-1581, 2015. ISSN: 1792-0981. DOI: 10.3892/etm.2015.2348. Disponí-
vel em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4471669/. Acesso em: 14 de set 2019.
JUNG, M. Y., et al. Cutaneous Mycobacterium massiliense infection of the sole of the feet. Annals of
Dermatology. South Korea, v. 26, p. 92-95, 2014. ISSN: 1013909. DOI: 10.5021/ad.2014.26.1.92. Dispo-
nível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3956801/pdf/ad-26-92.pdf. Acesso em: 27 de
ago. 2019.
MA, Y.; MA, M.; CHO, Z. H. Acupuntura para controle da dor: um enfoque integrado. São Paulo: Ed.
Roca, 2006.
PEREIRA, M.S.S.; SILVA, B.O.; SANTOS, F. R. Acupuntura: terapia alternativa, integrativa e complementar
na Odontologia. R. CROMG, Belo Horizonte, v. 16, n. 1, p. 19-26, 2015. ISSN: 2357-7835. Disponível em:
revista.cromg.org.br/index.php/RCROMG/article/view/134/186. Acesso em: 12 jul. 2019.
PIMENTA, F. R.; LEAO, L. S. N. O.; PIMENTA, F. C. Avaliação microbiológica de agulhas sistêmicas descartá-
veis de acupuntura. Revista Eletrônica de Enfermagem, [s.l], v. 11, p. 554-562, 2009. ISSN: 1518–1944.
DOI: 10.5216/ree.v11.47108. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fen/article/view/47108/23100.
Acesso em: 14 de set. 2019.
PIMENTA, F. R.; LEAO, L. S. N. O.; PIMENTA, F. C Controle de infecção: um requisito essencial na prática
da acupuntura revisão de literatura. Revista Eletrônica de Enfermagem, [s.l], v. 10, p. 766-774, 2008.
ISSN: 1518–1944. Disponível em: https://www.fen.ufg.br/revista/v10/n3/pdf/v10n3a22.pdf. Acesso em:
12 de jun. 2019.
SONG J. Y., et al. An outbreak of post-acupuncture cutaneous infection due to Mycobacterium abscessus.
BMC Infectious Diseases, United Kingdom, v.13, n.6, p.1-7. 2006. ISSN: 1471-2334. DOI: 10.1186/1471-
2334-6-6. Disponível em: https://www.semanticscholar.org/paper/An-outbreak ofpostacupuncturecuta-
neousinfectionSongSohn/fa26fd1de74055d8019e5e3235530eb1229428ef. Acesso em: 21 de set. 2019.
YAMAMURA, Ysao. Acupuntura tradicional: a arte de inserir. 2. ed. São Paulo: Roca, 2001.
YANG, C. W.; HSU, S. N.; HUENG, D. Y. Serratia marcescens spinal epidural abscess formation following
acupuncture. Internal Medicine, [s.l], v. 53, p. 1665-1668, 2014. ISSN: 1445-5994. DOI: https://doi.
org/10.2169/internalmedicine.53.1620. Disponível em: https://www.jstage.jst.go.jp/article/internalmedi-
cine/53/15/53_53.1620/_pdf/-char/en. Acesso em: 30 set. 2019.
XU, S.; et al. Adverse events of acupuncture: a systematic review of case reports. Evidence-based.
Complementary and Alternative Medicine, United Kingdom, v. 1, p. 1-15, 2013. ISSN: 1472-6882.
DOI: 10.1155 / 2013/581203. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3616356/.
Acesso em: 26 de out. 2019.
VELOCIDADE DA MARCHA COMO PREDITOR DE CAPACIDADE FUNCIONAL
EM CIRURGIA CARDÍACA
1 INTRODUÇÃO
1 Fisioterapeuta. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde, Universidade de Santa Cruz do Sul
(UNISC), Santa Cruz do Sul, RS, Brasil. lilian.abentroth@gmail.com.
2 Fisioterapeuta. Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Hospital Santa Cruz, Universidade
de Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do Sul, RS, Brasil.
3 Doutora em Medicina (Pneumologia) (UFRGS). Docente do Departamento de Educação Física e Saúde e do Programa de
Pós-Graduação em Promoção da Saúde, Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do Sul, RS, Brasil.
Lilian Regina Lengler Abentroth, Litiele Evelin Wagner, Dulciane Nunes Paiva
Define-se CF como a habilidade em realizar tarefas através dos próprios meios, sem
carecer de assistência para desempenhá-las, necessitando de condições cognitivas e motoras
satisfatórias para a sua execução (CORDEIRO et al., 2015). A autonomia funcional é indispen-
sável para a realização de atividades como a de se alimentar, de realizar higiene pessoal, e
de apresentar adequada mobilidade e locomoção, podendo tal capacidade estar reduzida ou
ausente devido a alguns tipos de doenças crônicas, processos traumáticos ou cirúrgicos (COR-
RÊA; CARDOSO, 2017; TORRES et al., 2016). A avaliação pré-operatória da CF requer uma troca
fundamental de informações entre profissionais da saúde, pacientes e seus familiares, pois é
capaz de estimar o risco cirúrgico e permite a discussão sobre resultados futuros, podendo se
tornar uma oportunidade ideal para identificar fatores de risco modificáveis, como a fragilida-
de (WAITE et al., 2017).
A fragilidade é um termo empregado, sobretudo quando se trata de idosos, para des-
crever pacientes mais vulneráveis e fracos. Pode ser definida como a incapacidade de tolerar
eventos estressantes como, por exemplo, cirurgia, refletindo a reserva fisiológica reduzida de
um indivíduo e vulnerabilidade a desfechos adversos (GRAHAM; BROWN, 2017; KIM et al.,
2016). Além disso, a fragilidade tem sido indicada como um marcador confiável de mau prog-
nóstico em pacientes idosos com doença cardiovascular, bem como, associa-se fortemente à
mortalidade e morbidade pós-operatória de CC. Sua avaliação contribui na identificação de
pacientes de alto risco (GRAHAM; BROWN, 2017; KAMIYA et al., 2018).
Pacientes submetidos à CC experimentam dor relacionada a fatores cirúrgicos e apresen-
tam dificuldades na execução de atividades de vida diária nos primeiros dias após a cirurgia.
Além disso, muitos pacientes apresentam fraqueza muscular no período pré-operatório devi-
do seus aspectos clínicos, acentuando essa condição após o procedimento cirúrgico. A dor é
um fator importante na recuperação funcional do indivíduo, pois esta afeta a capacidade de
tossir, espirrar e mover-se adequadamente. O controle adequado da dor após a CC é necessá-
rio para evitar complicações no pós-operatório (MELLO; ROSATTI; HORTENSE, 2014; MENEZES
et al., 2018).
A avaliação da CF é um componente importante na estimativa dos riscos para o desen-
volvimento de maior morbidade e mortalidade após a cirurgia. A deambulação intra-hospita-
lar após a CC pode ajudar a reduzir as complicações pós-operatórias, melhorar o bem-estar,
Silvia Isabel Rech Franke, Ana Paula Sehn, Diene da Silva Schlickmann, Cézane Priscila Reuter (org.).
acelerar a recuperação funcional e reduzir o tempo de internação (MIWA et al., 2017). Apesar
de ser facilmente implementada na prática clínica, não há um consenso de medidas validadas
para a medida da CF, apontando para a necessidade de melhores alternativas e padronizações
dessas avaliações (WIJEYSUNDERA et al., 2018).
escala de Atividades de Vida Diária de Katz avalia as atividades básicas pessoais da vida diária
como tomar banho, vestir-se, ir ao banheiro, realizar a transferência da cama para a cadeira,
continência e alimentar-se (ABELHA et al., 2010).
Outra forma de avaliar a CF é por meio do Teste de Velocidade da Marcha, utilizado prin-
cipalmente em idosos e também em pneumopatas no contexto hospitalar. Consiste em uma
medida acessível e de rápida realização, cujos resultados possibilitam estimar o risco operató-
rio e auxiliar na tomada de decisões, especialmente para a implementação de programas de
reabilitação (AFILALO et al., 2016; KIM et al., 2016; MARTINEZ et al., 2016).
O Teste de Velocidade da Marcha pode ser realizado em qualquer espaço clínico que
possibilite a caminhada em determinada distância e que seja aplicado por um profissional trei-
nado, com a finalidade de detectar o tempo (KAMIYA et al., 2018). A medida é uniformemente
definida como metros/segundo (m/s), independente da duração do percurso. O próprio curso
pode influenciar as medidas de velocidade de caminhada, podendo afetar comparações de
ritmo em estudos usando diferentes metragens, bem como o ambiente que pode influenciar
na resposta do teste. Ambientes domésticos, comparados com pesquisas clínicas, podem vir
a apresentar diferentes resultados (LYONS et al., 2015). Tem-se observado que os protocolos
variam conforme a distância empregada (dois a quarenta metros), porém, apesar de não haver
um protocolo validado, há evidências que os testes de cinco a dez metros produzem resulta-
dos semelhantes, consolidando sua aplicação na prática clínica (LYONS et al., 2015; MIDDLE-
TON; FRITZ; LUSARDI, 2015). Embora cursos mais longos possam fornecer avaliações mais
válidas da velocidade de caminhada em ambientes clínicos, essa distância pode não ser viável
em ambientes domiciliares (LYONS et al., 2015).
Além de predizer o nível de funcionalidade e a condição de saúde do indivíduo, o Teste
de Velocidade da Marcha é considerado o sexto sinal vital, pois estabelece uma percepção da
reabilitação motora; o nível de dependência funcional, fragilidade, incapacidade de mobilidade
e a possibilidade de quedas, predizendo também o declínio cognitivo, risco de institucionaliza-
ção e de hospitalização e de ocorrência de eventos cardiovasculares associados à morbimor-
talidade, demonstrando ser de extrema importância sua avaliação no meio clínico (KAMIYA et
al., 2018; MIDDLETON; FRITZ; LUSARDI, 2015).
Velocidade da Marcha tem sido empregado na avaliação da CF pós CC devido sua capacidade
preditiva, bem como pela sua facilidade de aplicação e por ser bem tolerado pelos pacientes
(AFILALO et al., 2016; KAMIYA et al., 2018). A velocidade da marcha requer pouco espaço, tem-
po, ou treinamento, o que torna uma medida simples e adequada, podendo ser empregada
no meio clínico (KAMIYA et al., 2018). A utilidade do Teste de Velocidade da Marcha é especial-
mente promissora em CC, em que há uma população cada vem mais envelhecida e que está
sujeita ao estresse inerente à cirurgia (AFILALO et al., 2016).
Muito embora o Teste de Caminhada de Seis Minutos seja considerado o teste padrão
ouro utilizado em pacientes submetidos à CC, o estudo desenvolvido por Kamiya et al. (2018)
demonstrou que o Teste de Velocidade da Marcha apresentou capacidade prognóstica seme-
lhante no que tange ao risco de morte por todas as causas em pacientes idosos com doença
cardiovascular. Para Castell et al. (2013), a velocidade da marcha ou o teste Timed-up-and-go
são medidas de rastreamento razoáveis, pois estão altamente correlacionados com o Teste de
Caminhada de Seis Minutos e também sensíveis à fragilidade.
Portanto, os indivíduos que apresentam indicativos de comprometimento da velocidade
da marcha, podem e devem realizar intervenções precocemente ou devem ser encaminhados
para acompanhamento especializado, como para os programas de reabilitação cardíaca (MI-
DDLETON; FRITZ; LUSARDI, 2015). O significado da velocidade da marcha representa relação
com vários desfechos de saúde, o que torna sua utilização importante, com o intuito de mini-
mizar resultados desfavoráveis e também amparar profissionais na execução de uma reabilita-
ção cardíaca segura (KIM et al., 2016; RIBEIRO et al., 2016).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente capítulo evidencia que, diante de várias formas de avaliação da CF, a veloci-
dade da marcha demonstra ser uma medida alternativa segura, de fácil aplicação e confiável
para pacientes submetidos à CC, que além de predizer a funcionalidade do indivíduo, auxilia
no prognóstico de desfechos desfavoráveis a saúde e contribui para o acompanhamento em
longo prazo como forma de avaliar a recuperação pós-operatória. Ressalta-se que o Teste de
Velocidade da Marcha é uma avaliação que fornece uma riqueza de informações sobre os
processos fisiológicos subjacentes e é capaz de predizer resultados importantes em saúde.
Portanto, deve ser incorporado como uma ferramenta de triagem nas avaliações, auxiliando
na tomada de decisão clínica e possibilitando a identificação daqueles que necessitam de
intervenção e acompanhamento especializado. Por se tratar de uma ferramenta de avaliação
relativamente nova no âmbito das CC, há escassez de relatos na literatura, o que aponta para
a necessidade de desenvolvimento de mais estudos a fim de aperfeiçoar sua aplicação e de
contribuir para os cuidados em saúde dos indivíduos cardiopatas.
Lilian Regina Lengler Abentroth, Litiele Evelin Wagner, Dulciane Nunes Paiva
REFERÊNCIAS
ABELHA, F. J. et al. Avaliação da qualidade de vida e mortalidade em pacientes com eventos cardíacos
graves no pós-operatório. Revista Brasileira de Anestesiologia, Brasil, v. 60, n. 3, p. 268-284, 2010.
ISSN: 0034-7094. DOI: 10.1590/S0034-70942010000300006. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/
rba/v60n3/en_v60n3a06.pdf. Acesso em: 10 jun. 2019.
AFILALO, J. et al. Gait speed and operative mortality in older adults following cardiac surgery. JAMA
Cardiology, United States, v. 1, n. 3, p. 314–321, 2016. ISSN: 2380-6591. DOI: 10.1001 / jamacardio.2016.0316.
Disponível em: https://jamanetwork.com/journals/jamacardiology/fullarticle/2521457. Acesso em: 12
jul. 2019.
ALTISENT, O. A-J. et al. Predictors and association with clinical outcomes of the changes in exercise
capacity following transcatheter aortic valve replacement. Circulation, United States, v. 136, n. 7, p.
632-643, 2017. ISSN: 1524-4539. DOI: 10.1161 / CIRCULATIONAHA.116.026349. Disponível em: https://
www.ahajournals.org/doi/full/10.1161/CIRCULATIONAHA.116.026349?url_ver=Z39.88-2003&rfr_
id=ori:rid:crossref.org&rfr_dat=cr_pub%3dpubmed. Acesso em: 26 ago. 2019.
CASTELL, M. V. et al. Frailty prevalence and slow walking speed in persons age 65 and older: implications
for primary care. BMC Family Practice, United Kingdom, v. 14, n. 86, 2013. ISSN: 1471-2296. DOI:
10.1186 / 1471-2296-14-86. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3691628/.
Acesso em: 28 set. 2019.
CORDEIRO, A. L. L. et al. Surgical risk and functionality in patients undergoing heart surgery. International
Journal of Cardiovascular Sciences, [s.l], v. 29, n. 5, p. 385-389, 2016. ISSN: 2177-6024. DOI:
10.5935/2359-4802.20160065. Disponível em: http://www.onlineijcs.org/sumario/29/pdf/v29n5a07.pdf.
Acesso em: 06 jun. 2019.
CORDEIRO, A. L. L. et al. Correlation between length of hospital stay and gait speed in patients submitted
to cardiac surgery. International Journal of Cardiovascular Sciences, [s.l], v. 30, n. 2, p. 123-127,
2017. ISSN: 2359-4802. DOI: 0.5935/2359-4802.20170029. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ijcs/
v30n2/2359-4802-ijcs-30-02-0123.pdf. Acesso em: 08 jun. 2019.
CORRÊA, B.; CARDOSO, D. M. Functional capacity and mental state of patients undergoing cardiac surgery.
Fisioterapia em Movimento, Paraná, v. 30, n. 4, p. 805-811, 2017. ISSN: 1980-5918. DOI: 10.1590/1980-
5918.030.004.AO16. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/fm/v30n4/1980-5918-fm-30-04-805.pdf.
Acesso em: 28 ago. 2019.
GRAHAM, A.; BROWN, C. H. Frailty, aging, and cardiovascular surgery. Anesthesia and Analgesia,
Silvia Isabel Rech Franke, Ana Paula Sehn, Diene da Silva Schlickmann, Cézane Priscila Reuter (org.).
IWATSU, K. et al. Neuromuscular electrical stimulation may attenuate muscle proteolysis after.
Cardiovascular surgery: a preliminary study. The Journal of Thoracic and Cardiovascular Surgery,
United States, v. 153, n. 2, p. 373-379, 2016. ISSN: 1097-685X. DOI: 10.1016 / j.jtcvs.2016.09.036. Disponível
em: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0022-5223(16)31154-0. Acesso em: 10 set. 2019.
KAMIYA, K. et al. Gait speed has comparable prognostic capability to six-minute walk distance in
older patients with cardiovascular disease. European Journal of Preventive Cardiology, England, v.
25, n. 2, p. 212-219, 2018. ISSN: 2047-4881. DOI: 10.1177 / 2047487317735715. Disponível em: http://
journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/2047487317735715?url_ver=Z39.882003&rfr_id=ori:rid:crossref.
org&rfr_dat=cr_pub%3dpubmed. Acesso em: 12 oct 2019.
KIM, H-J. et al. The reliability and validity of gait speed with different walking pace and distances against
general health, physical function, and chronic disease in aged adults. Journal of Exercise Nutrition
& Biochemistry, [s.l], v. 20, n. 3, p. 46-50, 2016. ISSN: 2233-6842. DOI: 10.20463/jenb.2016.09.20.3.7.
Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5067420/pdf/JENB_2016_v20n3_46.pdf.
Acesso em: 03 jun. 2019.
KNOBE, M. et al. The aachen mobility and balance index to measure physiological falls risk: a comparison
with the Tinetti POMA Scale. European Journal of Trauma and Emergency Surgery, Germany, v. 42,
n. 5, p. 537-545, 2016. ISSN: 1863-9933. DOI: 10.1007 / s00068-016-0693-2. Disponível em: https://link.
springer.com/article/10.1007%2Fs00068-016-0693-2. Acesso em: 09 ago. 2019.
LYONS, J. G. et al. Assessing the agreement between 3-meter and 6-meter walk tests in 136 community-
dwelling older adults. Journal of Aging and Health, United States, v. 27, n. 4, p. 594-605, 2015. ISSN:
1552-6887. DOI: 10.1177 / 0898264314556987. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/
articles/PMC4522919/. Acesso em: 05 jul. 2019.
MELLO, L. C.; ROSATTI, S. F. C.; HORTENSE, P. Assessment of pain during rest and during activities in the
postoperative period of cardiac surgery. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Brasil, v. 22, n. 1,
p. 136-143, 2014. ISSN: 1518-8345. DOI: 10.1590/0104-1169.3115.2391 Disponível em: 10.1590/0104-
1169.3115.2391. Acesso em: 19 nov. 2019.
MIDDLETON, A.; FRITZ, S. L.; LUSARDI, M. Walking speed: the functional vital sign. Journal of Aging
and Physical Activity, United States, v. 23, n. 2, p. 314-322, 2015. ISSN: 1063-8652. DOI: 10.1123 /
japa.2013-0236. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4254896/. Acesso em:
16 ago. 2019.
Lilian Regina Lengler Abentroth, Litiele Evelin Wagner, Dulciane Nunes Paiva
MIWA, S. et al. Effects of an ambulation orderly program among cardiac surgery patients. The American
Journal of Medicine, United States, v. 130, n. 11, p. 1306-1312, 2017. ISSN: 1555-7162. DOI: 10.1016 /
j.amjmed.2017.04.044. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6004606/. Acesso
em: 16 jul. 2019.
RIBEIRO, A. L. P. et al. Cardiovascular health in Brasil: trends and perspectives. Circulation, United States,
v. 133, n. 4, p. 422-433, 2016. ISSN: 1524-4539. DOI: 10.1161 / CIRCULATIONAHA.114.008727. Disponível
em: https://www.ahajournals.org/doi/full/10.1161/CIRCULATIONAHA.114.008727?url_ver=Z39.88-
2003&rfr_id=ori:rid:crossref.org&rfr_dat=cr_pub%3dpubmed. Acesso em: 09 jul. 2019.
ROBINSON, T. N. et al. Slower walking speed forecasts increased postoperative morbidity and one-year
mortality across surgical specialties. Annals of Surgery, United States, v. 258, n. 4, p. 582–590, 2013.
ISSN: 1528-1140. DOI: 10.1097/SLA.0b013e3182a4e96c. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/
pmc/articles/PMC3771691/pdf/nihms487137.pdf. Acesso em: 26 ago. 2019.
RODRÍGUEZ-CAULO, E. A. et al. Quality of life, satisfaction and outcomes after ministernotomy versus full
sternotomy isolated aortic valve replacement (QUALITY AVR): study protocol for a randomized controlled
trial. Trials, [s.l], v. 19, n. 1, p. 114-121, 2018. ISSN: 1745-6215. DOI: 10.1186 / s13063-018-2486-x.
Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5816540/pdf/13063_2018_Article_2486.
pdf.Acesso em: 19 set. 2019.
SOCHA, M.; WRONECKI, K.; SOBIECH, K. A. Gender and age-dependent differences in body composition
changes in response to cardiac rehabilitation exercise training in patients after coronary artery bypass
grafting. Annals of Agricultural and Environmental Medicine, [s.l], v. 24, n. 3, p. 517–521, 2017.
ISSN: 12321966. DOI: 10.5604 / 12321966.1230731. Disponível em: file:///C:/Users/User/Downloads/
Gender%20and%20age-dependent.pdf. Acesso em: 09 jul. 2019.
STOICEA, N. et al. Perspectives of post-acute transition of care for cardiac surgery patients. Frontiers in
Cardiovascular Medicine, Switzerland v. 4, n. 70, 2017. ISSN: 2297-055X. DOI: 10.3389/fcvm.2017.00070.
Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5712014/pdf/fcvm-04-00070.pdf.
Acesso em: 13 set. 2019.
TOPPEN, W. et al. Vascular complications in the sapien 3 Era: continued role of transapical approach to
TAVR. Seminars in Thoracic and Cardiovascular Surgery, United States, v. 30, n. 2, p. 144-149, 2018. ISSN:
10430679. DOI: 1 0.1053 / j.semtcvs.2018.02.032. Disponível em: https://www.semthorcardiovascsurg.
com/article/S1043-0679(18)30078-9/pdf. Acesso em: 17 jun. 2019.
TORRES, D. C. et al. Effectiveness of an early mobilization program on functional capacity after coronary
artery bypass surgery: a randomized controlled trial protocol. SAGE Open Medicine, United States v.
4, p. 1-8, 2016. ISSN: 2158-2440. DOI: 10.1177 / 2050312116682256. Disponível em: https://www.ncbi.
nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5354181/pdf/10.1177_2050312116682256.pdf. Acesso em: 09 ago. 2019.
TUCKER, P. R.; EVANS, D. D. Gait speed in the emergency department improving assessment among
older adults. Advanced Emergency Nursing Journal, United States, v. 36, n. 3, p. 209-214, 2014.
ISSN: 19314485. DOI: 10.1097 / TME.0000000000000026. Disponível em: https://insights.ovid.com/
pubmed?pmid=25076396. Acesso em: 15 jun. 2019.
WAITE, I. et al. Home-based preoperative rehabilitation (prehab) to improve physical function and
reduce hospital length of stay for frail patients undergoing coronary artery bypass graft and valve
surgery. Journal of Cardiothoracic Surgery, Italy, v. 12, n. 1, p. 91-94, 2017. ISSN: 1749-8090. DOI:
Silvia Isabel Rech Franke, Ana Paula Sehn, Diene da Silva Schlickmann, Cézane Priscila Reuter (org.).
YAN, W. et al. Long-term non-institutionalized survival and rehospitalization after surgical aortic and
mitral valve replacements in a large provincial cardiac surgery centre. Interactive Cardiovascular and
Thoracic Surgery, United Kingdom, v. 27, n. 1, p. 131-138, 2018. ISSN: 1569-9285. DOI: 10.1093 / icvts
/ ivy018. Disponível em: https://academic.oup.com/icvts/article/27/1/131/4859657. Acesso em: 30 set.
2019.
ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA FUNCIONAL EM PACIENTES SUBMETIDOS A
CIRURGIA CARDÍACA
1 INTRODUÇÃO
As doenças cardiovasculares (DCV) são responsáveis por cerca de 30% das mortes na
população brasileira, sendo de elevada morbidade no Brasil. As cirurgias cardíacas (CC), como
a de cirurgia de revascularização do miocárdio (CRM) e as trocas valvares, são capazes de re-
verter os sintomas e contribuir para o aumento da sobrevida e melhora da qualidade de vida
(ACC/AHA, 2014; MANSUR; FAVARATO, 2012; RIBEIRO et al., 2016). Entretanto, devido à com-
plexidade e grande porte das CC, complicações podem ocorrer advindas da redução da função
pulmonar, do tempo de ventilação mecânica, do procedimento cirúrgico per si, do surgimento
de infecções e da instabilidade hemodinâmica, ocasionando aumento do tempo de internação
(LAIZO; DELGADO; ROCHA, 2010; MEDEIROS; CHALEGRE; CARVALHO, 2017; PEREIRA et al.,
2016). Além disso, o estresse cirúrgico na CC ocasiona perda de massa muscular devido à des-
regulação no metabolismo proteico e limitação da capacidade de exercício e por causa desses
fatores, a degradação proteica é acelerada enquanto a síntese é suprimida, o que leva a uma
perda líquida de proteína no músculo e consequentemente fraqueza muscular persistente em
longo prazo (IWATSU et al., 2017).
Nesse sentido, a estimulação elétrica funcional (EEF) é uma opção terapêutica que não
ocasiona risco hemodinâmico quando comparada ao exercício convencional, além de apre-
sentar baixo custo e segurança. Ainda, reforça-se que a EEF não requer cooperação ativa do
paciente e apresenta efeito sistêmico agudo benéfico sobre a microcirculação do músculo es-
quelético, preservando a síntese de proteínas musculares e se tornando eficaz no tratamento
da atrofia muscular em pacientes que passam por período de inatividade física (DALL’ACQUA
1 Fisioterapeuta. Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Hospital Santa Cruz, Universidade
de Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do Sul, RS, Brasil. liti_wagner95@hotmail.com
2 Fisioterapeuta. Mestre do Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde, Universidade de Santa Cruz do Sul
(UNISC), Santa Cruz do Sul, RS, Brasil.
3 Fisioterapeuta. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde, Universidade de Santa Cruz do Sul
(UNISC), Santa Cruz do Sul, RS, Brasil.
4 Doutora em Medicina (Pneumologia) (UFRGS). Docente do Departamento de Educação Física e Saúde e do Programa de
Pós-Graduação em Promoção da Saúde, Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do Sul, RS, Brasil.
Silvia Isabel Rech Franke, Ana Paula Sehn, Diene da Silva Schlickmann, Cézane Priscila Reuter (org.).
et al., 2017). Dessa forma, a EEF pode ser aplicada no pós-operatório (PO) de CC, podendo
atuar na prevenção da fraqueza muscular, mesmo que os pacientes permaneçam no leito por
um curto período (IWATSU et al., 2017). Diante do exposto, este capítulo objetivou identificar
os efeitos da EEF de quadríceps em pacientes submetidos à CC.
2 CIRURGIA CARDÍACA
ser definida a partir dos exames laboratoriais e angiográficos. A intervenção cirúrgica se torna
indicada quando as abordagens farmacológicas e clínicas não possibilitam a manutenção e o
controle dos sintomas e da saúde dos pacientes (AMORIM; SALINEMA, 2015).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ACC/AHA. Guidelines for the management of patients with valvular heart disease. Circulation, United
States, v. 111, n. 5, p. 84-231, 2014. ISSN: 1524-4539. DOI: 10.1161 / CIRCULATIONAHA.106.176857. Dis-
ponível em: https://www.ahajournals.org/doi/abs/10.1161/CIRCULATIONAHA.106.176857. Acesso em:
19 set. 2019.
AMORIM, T.V; SALIMENA, A. M. O. Processo cirúrgico cardíaco e suas implicações no cuidado com a
enfermagem: revisão e reflexão. HU Revista, Minas Gerais, v. 41, n. 3 e 4, p. 149-154, 2015. ISSN: 1982-
8047. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/hurevista/article/view/2171. Acesso em: 30
jun. 2019.
BRASILEIRO, J. S.; VILLAR, A. F. S. Comparação dos torques gerados por estimulação elétrica e contração
muscular voluntária no músculo quadríceps femoral. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Paulo, v. 4,
n. 2, p. 75-81, 2000. ISSN: 1413-3555. Disponível em: https://docplayer.com.br/14408837-Comparacao-
-dos-torques-gerados-por-estimulacao-eletrica-e-contracao-muscular-voluntaria-no-musculo-quadri-
ceps-femural.html Acesso em: 24 ago. 2019.
CELICHOWSKI, Jan. Mechanisms underlying the regulation of motor unit contraction in the skeletal mus-
cle. Journal of Physiology and Pharmacology, Canada, v. 51, n. 1, p. 17-33, 2000. ISSN: 0867-5910.
Disponível em: http://www.jpp.krakow.pl/journal/archive/03_00/pdf/17_03_00_article.pdf. Acesso em: 10
set. 2019.
CORDEIRO, A. L. L. et al. Tempo de ventilação mecânica e força muscular periférica na pós-cirurgia car-
díaca. International Journal of Cardiovascular Sciences, Rio de Janeiro, v. 29, n. 2, p. 134-138, 2016.
ISSN: 2359-5647. DOI: 10.5935/2359-4802.20160021. Disponível em: http://www.onlineijcs.org/suma-
rio/29/pdf/v29n2a08.pdf. Acesso em: 10 jul. 2019.
DALL’AQUA, A. M. et al. Use of neuromuscular electrical stimulation to preserve the thickness of ab-
dominal and chest muscles of critically ill patients: a randomized clinical trial. Journal of Rehabilitation
Medicine, [s.l], v. 49, n. 1, p. 40-48, 2017. ISSN: 1650-1977. DOI: 10.2340 / 16501977-2168. Disponível
em: file:///C:/Users/User/Downloads/2252.pdf. Acesso em: 06 set 2019.
EIBEL, B. et al. Functional electrical stimulation training on functional capacity and blood pressure vari-
ability in a centenarian woman: case study. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Paulo, v. 15, n. 4, p.
338-341, 2011. ISSN: 1413-3555. DOI: 10.1590/S1413-35552011005000016. Disponível em: http://www.
scielo.br/pdf/rbfis/v15n4/AOP018_11INSci893.pdf. Acesso em: 14 out. 2019.
Silvia Isabel Rech Franke, Ana Paula Sehn, Diene da Silva Schlickmann, Cézane Priscila Reuter (org.).
IWATSU, K. et al. Neuromuscular electrical stimulation may attenuate muscle proteolysis after cardiovas-
cular surgery: a preliminary study. The Journal of Thoracic and Cardiovascular Surgery, United States,
v. 153, n. 2, p. 373-379, 2017. ISSN: 1097-685X. DOI: 10.1016 / j.jtcvs.2016.09.036.. Disponível em: https://
www.jtcvs.org/article/S0022-5223(16)31154-0/pdf. Acesso em: 02 out. 2019.
LAIZO, A.; DELGADO, F. E. F.; ROCHA, G. M. Complicações que aumentam o tempo de permanência na
unidade de terapia intensiva na cirurgia cardíaca. Brasilian Journal of Cardiovascular Surgery, São
Paulo, v. 25, n. 2, p. 166-171, 2010. ISSN: 0102-7638. DOI: 10.1590/S0102-76382010000200007. Disponí-
vel em: http://www.scielo.br/pdf/rbccv/v25n2/en_v25n2a07.pdf. Acesso em: 17 out. 2019.
LAMARCHE, Y. et al. A score to estimate 30-day mortality after intensive care admission following cardiac
surgery. The Journal of Thoracic and Cardiovascular Surgery, United States, v. 153, n. 5, p. 11180-
1125, 2016. ISSN: 097-685X. DOI: 10.1016 / j.jtcvs.2016.11.039. Disponível em: https://www.jtcvs.org/
article/S0022-5223(16)31634-8/pdf. Acesso em: 05 out. 2019.
MACHADO, A. S. et al. Effects that passive cycling exercises have on muscle strength, duration of me-
chanical ventilation, and length of hospital stay in critically ill patients: a randomized clinical trial. Jor-
nal Brasileiro de Pneumologia, Brasilia, v. 43, n. 2, p. 134-139, 2017. ISSN: 1806-3756. DOI: 10.1590/
s1806-37562016000000170. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/jbpneu/v43n2/1806-3713-jbp-
neu-43-02-00134.pdf. Acesso em: 17 out. 2019.
MANSUR, A. P.; FAVARATO, D. Mortality due to cardiovascular diseases in Brasil and in the metropolitan
region of São Paulo: a 2011 update. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Rio de Janeiro, v. 99, n. 2, p.
755-761, 2012. ISSN: 0066-782X. DOI: 10.1590/S0066-782X2012005000061. Disponível em: http://www.
scielo.br/pdf/abc/v99n2/en_aop05812.pdf. Acesso em: 03 out. 2019.
ca. Revista Pesquisa em Fisioterapia, [s.l], v. 3, n. 1, p. 79-91, 2013. ISSN: 2238-2704. DOI:
DOI: 10.17267/2238-2704rpf.v3i1.111. Disponível em: file:///C:/Users/User/Downloads/111-506-1-PB%20
(1).pdf. Acesso em: 05 jul. 2019.
PEREIRA, K. S. M. et al. Complicações cardíacas em cirurgia vascular. Jornal Vascular Brasileiro, São
Paulo, v. 15, n. 1, p. 16-20, 2016. ISSN: 1677-7301. DOI: 10.1590/1677-5449.003515. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/jvb/v15n1/en_1677-5449-jvb-1677-5449003515.pdf. Acesso em: 27 out. 2019.
POFFO, R. et al. Robotic cardiac surgery in Brasil. Annals Cardiothoracic Surgery, China, v. 6, n. 1, p.
17-26, 2017. ISSN: 2304-1021. DOI: 10.21037/acs.2017.01.01. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.
gov/pmc/articles/PMC5293625/pdf/acs-06-01-017.pdf. Acesso em: 04 jul. 2019.
RIBEIRO, A. L. et al. Cardiovascular health in Brasil: trends and perspectives. Circulation, United States,
v. 144, n. 4, p. 422-433, 2016. ISSN: 1524-4539. DOI: 10.1161 / CIRCULATIONAHA.114.008727. Dispo-
nível em: https://www.ahajournals.org/doi/full/10.1161/CIRCULATIONAHA.114.008727?url_ver=Z39.
88-2003&rfr_id=ori:rid:crossref.org&rfr_dat=cr_pub%3dpubmed. Acesso em: 07 jul. 2019
ROTH, G. A. et al. Demographic and epidemiologic drivers of global cardiovascular mortality. The New
England Journal of Medicine, United States, v. 372, p. 1333-1341, 2015. ISSN: 1533-4406. DOI: 10.105/
NEJMoa1406656. Disponível em: https://www.nejm.org/doi/pdf/10.1056/NEJMoa1406656?articleTool-
s=true. Acesso em: 04 ago. 2019
SBRUZZI, G. et al. Effects of low frequency functional electrical stimulation with 15 and 50 Hz on muscle
strength in heart failure patients. Disability and Rehabilitation, United Kingdom, v. 33, n. 6, p. 486-493,
2011. ISSN: 464-516. DOI: 10.3109/09638288.2010.498551. Disponível em: http://www.ppgcardiologia.
com.br/wp-content/uploads/2014/01/Effects-of-low-frequency-functional-electrical-stimulation-with-
-15-and-50-Hz-on-muscle-strength-in-heart-failure-patients.pdf. Acesso em: 03 out. 2019.
1 INTRODUÇÃO
1 Nutricionista. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde, Universidade de Santa Cruz do Sul
(UNISC), Santa Cruz do Sul, RS, Brasil. E-mail: carolinesantosnutri@gmail.com
2 Médica. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde, Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC),
Santa Cruz do Sul, RS, Brasil.
3 Doutora em Medicina (Pneumologia) (UFRGS). Docente do Departamento de Educação Física e Saúde e do Programa de
Pós-Graduação em Promoção da Saúde, Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do Sul, RS, Brasil.
4 Doutora em Biologia Celular e Molecular pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Docente do Depar-
tamento do Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde da Universidade de Santa Cruz (UNISC), Santa Cruz do
Sul, RS, Brasil.
5 Doutora em Biologia Celular e Molecular pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) docente e Coordena-
dora do Programa de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) em Promoção da Saúde da Universidade de Santa Cruz
(UNISC), Santa Cruz do Sul, RS, Brasil.
Silvia Isabel Rech Franke, Ana Paula Sehn, Diene da Silva Schlickmann, Cézane Priscila Reuter (org.).
2 A RESILIÊNCIA E O ENVELHECIMENTO
Fonte: Autor
Silvia Isabel Rech Franke, Ana Paula Sehn, Diene da Silva Schlickmann, Cézane Priscila Reuter (org.).
Além de ser simples, de baixo custo e eficaz na manutenção do estilo de vida saudável,
manter-se ativo proporciona bem-estar em todas as fases da vida. Conforme Rea (2017), algu-
mas doenças comuns no envelhecimento, como a sarcopenia, considerada a perda da massa,
força e função muscular, a síndrome da fragilidade e a autonomia funcional, podem ser preve-
nidas e gerenciadas com a prática regular de exercícios físicos.
Dessa forma, manter-se fisicamente ativo melhora a capacidade física devido às adap-
tações fisiológicas dos sistemas neuromuscular e cardiopulmonar, facilitando a coordenação
dos movimentos, a distribuição de oxigênio e de nutrientes, tornando mais eficazes os pro-
cessos metabólicos (MCPHEE et al., 2016). Sendo assim, o crescente aumento da população
idosa, associado a problemas de saúde e sociais, acarreta em gastos excessivos para o sistema
público de saúde, tornando-se evidente a necessidade da promoção de um estilo de vida sau-
dável associado a estratégias que envolvam a prevenção de doenças no envelhecimento (LEE;
RHYU, 2019).
A nutrição exerce importante papel na prevenção de doenças, por meio dos compostos
fitoquímicos e bio ativos, que são encontrados principalmente em grãos, frutas, vegetais e
alimentos ricos em antioxidantes (ZHANG et al., 2015). Com o avançar da idade, os sistemas
antioxidantes se deteriorizam, contribuindo para o aumento de espécies reativas de oxigênio,
levando ao desequilibrio da homeostase do organismo humano. Dessa maneira, os idosos
apresentam maior vulnerabilidade requerendo porções extras de alimentos ricos em antioxi-
dantes a fim de combater os radicais livres, com a finalidade de promover qualidade de vida e
saúde e atuar na prevenção das DCNT (GARRIDO; TERRÓN; RODRÍGUEZ, 2013).
Sabe-se da importância dos alimentos na prevenção de doenças (REQUEJO; RODRÍGUEZ,
2015). Porém, a WHO (2003) recomenda uma ingestão diária de 400 gramas/dia de frutas e
hortaliças, o que equivale a um consumo de 5 porções diárias desses alimentos. Conforme da-
dos da Vigitel (2018), o Brasil demonstrou uma tendência de aumento do consumo de frutas e
hortaliças, por mulheres de até 64 anos, e o mesmo padrão de consumo se observou conforme
aumentava o nível de escolaridade entre os homens e mulheres, conforme figura 2.
Caroline dos Santos, Maria E. L. S. de Souza, Dulciane N. Paiva, Andréia R. de Moura Valim, Silvia I. R. Franke
Fonte: Autor
O artigo de revisão de Poulose, Miller e Shukitt-Hale (2014) demonstrou que os polife-
nóis e tocoferóis encontrados nas nozes reduzem o estresse oxidativo e a inflamação e auxi-
liam na integridade da membrana neural. Além disso, a inclusão de nozes na dieta beneficiou
a saúde cardiovascular e o declínio cognitivo relacionado à idade. Da mesma maneira, um
estudo de revisão que relacionou o consumo de alimentos ricos em antioxidantes, a substância
eugenol, encontrado no cravo, canela, feijão mungu e café, revelou potencial terapêutico, no
tratamento do câncer e apontou relação nas atividades antioxidantes e pró-oxidantes (BEZER-
RA et al., 2017).
A vitamina C é um antioxidante encontrado em altas concentrações no plasma e nas
células sanguíneas, sendo considerado um protetor chave das macromoléculas de proteína,
lipidios e DNA contra o estresse oxidativo (DUARTE; LUNEC, 2005). Nesse sentido, Franke et al.
(2013) avaliaram a relação entre a ingestão de vitamina C com níveis de hemoglobina glicada
(A1c) e danos primários ao DNA. O estudo concluiu que apesar de não haver uma correla-
ção entre glicose plasmática, hemoglobina glicada e danos no DNA, os níveis de vitamina C
demonstraram uma tendência de sobrevida das células, diminuindo a citotoxicidade. Diante
disso, inserir alimentos in natura, como frutas, verduras e grãos no consumo alimentar da po-
pulação, proporciona ao organismo melhor capacidade antioxidante na prevenção das DCNT
(LOCKE; SCHNEIDERHAN; ZICK, 2018).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BEZERRA, D. P. et al. The dual antioxidant/prooxidant effect of eugenol and its action in cancer devel-
opment and treatment. Nutrients, Switzerland, v. 9, n. 12, p. 1-15, 2017. ISSN: 2072-6643. DOI: 10.3390
/ nu9121367. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5748817/pdf/nutrien-
ts-09-01367.pdf. Acesso em: 07 jun. 2019.
BODAI, B. I. et al. Lifestyle medicine: a brief review of Its dramatic impact on health and survival. The Per-
manente journal, United States, v. 22, n. 17, p. 1-15, 2018. ISSN: 1552-5767. DOI: https://doi.org/10.7812/
TPP/17-025. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5638636/pdf/17-025.pdf.
Acesso em: 17 jun. 2019.
BOUAZIZ, W. et al. Health benefits of aerobic training programs in adults aged 70 and over: a systematic
review. Archives of Gerontology and Geriatrics, Netherlands, v. 69, n. 0, p. 110–127, 2017. ISSN: 0167-
4943. DOI: https://doi.org/10.1016/j.archger.2016.10.012 Disponível em https://www.sciencedirect.com/
science/article/pii/S0167494316301923?via%3Dihub. Acesso em: 13 jul. 2019.
BRASIL, M. DA SAÚDE. Censo Demográfico 2010: características da população e dos domicílios. Insti-
tuto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2011. Disponível em: biblioteca.ibge.gov.br. Acesso em:
13 ago. 2019.
CAMARANO, A. A. et al. Novo Regime Demográfico: uma nova relação entre população e desenvolvi-
mento? Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Brasil, Rio de Janeiro, v.1, n. 2, p. 81-116,
2014. ISSN: 978-85-7811-229-5. Disponível em: file:///C:/Users/User/Downloads/Novo%20regime%20
demogr%C3%A1fico.pdf. Acesso em: 19 set. 2019.
DUARTE, T. L.; LUNEC, J. Review: when is an antioxidant not an antioxidant? a review of novel actions and
reactions of vitamin C. Free Radical Research, United Kingdom, v. 39, n.7, p. 671-86, 2005. ISSN: 1029-
2470. DOI: https://doi.org/10.1080/10715760500104025. Disponível em: https://www.tandfonline.com/
doi/abs/10.1080/10715760500104025. Acesso em: 17 out. 2019.
FAYE, C. et al. Neurobiological mechanisms of stress resilience and implications for the aged population.
Current Neuropharmacology, United Arabe Emirates, v. 16, n. 3, p. 234–270, 2018. ISSN: 1875-6190.
DOI: 10.2174/1570159X15666170818095105. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/arti-
Caroline dos Santos, Maria E. L. S. de Souza, Dulciane N. Paiva, Andréia R. de Moura Valim, Silvia I. R. Franke
FERRARI, T. K. et al. Healthy lifestyle in São Paulo, Brasil. Caderno de Saúde Pública, Brasil, v. 33, n. 1, p.
1–12, 2017. ISSN: 1678-4464. DOI: https://doi.org/10.1590/0102-311X00188015. Disponível em: https://
www.scielosp.org/pdf/csp/2017.v33n1/e00188015/pt. Acesso em: 16 out. 2019.
FRANKE, S. I. R. et al. Vitamin C intake reduces the cytotoxicity associated with hyperglycemia in pre-
diabetes and type 2 diabetes. BioMed Research International, United States, v. 2013, p. 1-6, 2013.
ISSN: 2314-6141. DOI: http://dx.doi.org/10.1155/2013/896536. Disponível em:https://www.hindawi.
com/journals/bmri/2013/896536/. Acesso em 13 jun. 2019.
FREITAS E.V. et al. Avaliação geriátrica ampla. Aspectos práticos. Manual Prático de Geriatria. 2. Ed. Rio
de Janeiro.Guanabara Koogan, v. 1, n. 1, p. 1–19, 2018.
GARRIDO, M.; TERRÓN, M. P.; RODRÍGUEZ, A. B. Chrono nutrition against oxidative stress in aging.
Oxidative Medicine and Cellular Longevity, Egypt, v. 2013, n. 0, p. 1–9, 2013. ISSN: 942-0994. DOI:
http://dx.doi.org/10.1155/2013/729804. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/
PMC3703798/pdf/OXIMED2013-729804.pdf. Acesso em: 27 ago. 2019.
HADLEY, E. C. et al. Report: National Institute on Aging (NIA) workshop on measures of physiologic resil-
iencies in human aging. The Journals of Gerontology: series A, United Kingdom, v. 72, n. 7, p. 980–990,
2017. ISSN: 10795006. DOI: 10.1093/gerona/glx015. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/
articles/PMC5861884/pdf/glx015.pdf. Acesso em: 15 out. 2019.
HARPER, S. Economic and social implications of aging societies. Science, [s.l], v. 346, n. 6209, p. 587–91,
2014. ISSN: 1095-9203. DOI: 10.1126/science.1254404. Disponível em: https://www.researchgate.net/
publication/267733091_Economic_and_social_implications_of_aging_societies. Acesso em: 19 out. 2019.
HUFFMAN, D. M.; SCHAFER, M. J.; LEBRASSEUR, N. K. Energetic interventions for healthspan and resilien-
cy with aging. Experimental Gerontology, Netherlands, v. 86, n. 0, p. 73–83, 2016. ISSN: 0531-5565. DOI:
10.1016/j.exger.2016.05.012. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5133182/
pdf/nihms-809124.pdf. Acesso em: 17 set. 2019.
LAROCCA, T. J.; MARTENS, C. R.; SELOS, D. R. Ageing Research Reviews, [s.l], v. 39, n. 0, p. 106–119, 2017.
ISSN: 1872-9649. DOI: 10.1016/j.arr.2016.09.002. Disponivel em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/arti-
cles/PMC5373983/pdf/nihms823890.pdf. Acesso em: 17 jul. 2019.
LEE, H.-W.; RHYU, H.-S. Antiaging strategy considering physiological characteristics. Journal of Exercise
Rehabilitation, South Korea, v. 15, n. 3, p. 346–350, 2019. ISSN: 2288176X, 22881778. DOI: 10.12965/
jer.1938214.107. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6614765/pdf/jer-15-3-
346.pdf. Acesso em: 13 set. 2019.
LOCKE, A.; SCHNEIDERHAN, J; ZICK, S, M. Diets for Health: Goals and Guidelines. American Family Phy-
sician, United States, v. 97, n. 11, p. 721-728, 2018. ISSN: 1532-0650. Disponível em: https://www.aafp.
org/afp/2018/0601/p721.pdf. Acesso em: 06 jul. 2019.
MCPHEE, J. S. et al. Physical activity in older age: perspectives for healthy ageing and frailty. Biogeron-
tology, Netherlands, v. 17, n. 3, p. 567–80, 2016. ISSN: 1573-6768. DOI: 10.1007/s10522-016-9641-0.
Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4889622/pdf/10522_2016_Article_9641.
pdf. Acesso em: 18 ago. 2019.
Silvia Isabel Rech Franke, Ana Paula Sehn, Diene da Silva Schlickmann, Cézane Priscila Reuter (org.).
PETERS, S. et al. Measurement instruments for quantifying physical resilience in aging: a scoping review
protocol. Systematic Reviews, United States, v. 8, n. 34, p. 1-6, 2019. ISSN: 2046-4053. DOI: https://doi.
org/10.1186/s13643-019-0950-7. Disponível em: https://systematicreviewsjournal.biomedcentral.com/
track/pdf/10.1186/s13643-019-0950-7. Acesso em: 20 jun. 2019.
POULOSE, S. M.; MILLER, M. G.; SHUKITT-HALE, B. Role of walnuts in maintaining brain health with age.
The Journal of Nutrition, Pakistan, v. 144, n. 4, p. 561-566, 2014. ISSN: 1541-6100. DOI: https://doi.
org/10.3945/jn.113.184838. Disponível em: https://academic.oup.com/jn/article/144/4/561S/4571638.
Acesso em: 07 jul. 2019.
PRINCE, M. J. et al. The burden of disease in older people and implications for health policy and prac-
tice. Lancet, [s.l], v. 385, n. 9967, p. 549–62, 2015. ISSN: 1474-547. DOI: https://doi.org/10.1016 /
S0140-6736 (14) 61347-7. Disponível em: https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-
6736(14)61347-7/fulltext. Acesso em: 13 ago. 2019.
REA, I. M. Towards ageing well: Use it or lose it: Exercise, epigenetics and cognition. Biogerontology,
Netherlands, v. 18, n. 4, p. 679–691, 2017. ISSN: 1573-6768. DOI: 10.1007/s10522-017-9719-3. Dispo-
nível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5514203/pdf/10522_2017_Article_9719.pdf.
Acesso em: 20 ago. 2019.
REQUEJO, O. H.; RODRÍGUEZ, C. R. Nutrición y cáncer. Nutricíón Hospitalaria, Sapin, v. 5, n. 72, p. 67–72,
2015. ISSN: 0212-1611. DOI: 10.3305/nh.2015.32.sup1.9483. Disponível em: http://www.nutricionhospi-
talaria.com/pdf/9483.pdf. Acesso em: 13 jul. 2019
SACHS-ERICSSON, N. et al. The influence of prior rape on the psychological and physical health function-
ing of older adults. Aging & Mental Health, United Kingdom, v. 18, n. 6, p. 717–730, 2014. ISSN: 1360-
7863. DOI: 10.1080/13607863.2014.884538. Disponível em: file:///C:/Users/User/Downloads/PriorRape.
pdf. Acesso em: 03 ago. 2019.
TREMBLAY, M. S. et al. Sedentary behavior research network (SBRN) – terminology consensus project
process and outcome. International Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity, United
Kingdom, v. 14, n. 1, p. 75, 2017. ISSN: 1479-5868 DOI: DOI 10.1186/s12966-017-0525-8. Disponível em:
https://ijbnpa.biomedcentral.com/track/pdf/10.1186/s12966-017-0525-8. Acesso em: 10 jul. 2019.
VERAS, R. P.; OLIVEIRA, M. Envelhecer no Brasil: a construção de um modelo de cuidado. Ciência &
Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 23, n. 6, p. 1929–1936, 2018. ISSN: 1678-4561. DOI: http://dx.doi.
org/10.1590/1413-81232018236.04722018. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csc/v23n6/en_
1413-8123-csc-23-06-1929.pdf. Acesso em: 13 ago. 2019
VIGITEL. Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. Esti-
mativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças
crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no distrito federal em 2018. Disponível em: http://www.
rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/10251783/4251816/vigitelbrasil20181.pdf. Acesso em: 18 jul. 2019.
WHO. World Health Organization. Diet, nutrition and the prevention of chronic diseases. Disponível
em: https://www.who.int/dietphysicalactivity/publications/trs916/en/. Acesso em: 19 jul. 2019.
Caroline dos Santos, Maria E. L. S. de Souza, Dulciane N. Paiva, Andréia R. de Moura Valim, Silvia I. R. Franke
ZHANG, Y. J. et al. Antioxidant phytochemicals for the prevention and treatment of chronic diseas-
es. Molecules, Switzerland, v. 20, n. 12, p. 21138–56, 27, 2015. ISSN: 14203049. DOI: 10.3390/mole-
cules201219753. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6331972/pdf/molecu-
les-20-19753.pdf. Acesso em: 13 ago. 2019
MORRER COM DIGNIDADE:
ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO DE SAÚDE NO FIM DA VIDA
Daiana Araújo¹
Letiane de Souza Machado2
Edna Garcia Linhares3
1 INTRODUÇÃO
¹ Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde, Universidade de Santa Cruz do Sul
(UNISC), Santa Cruz do Sul, RS, Brasil. daianadearaujo@yahoo.com.br
² Nutricionista. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde, Universidade de Santa Cruz do Sul
(UNISC), Santa Cruz do Sul, RS, Brasil.
³ Doutora em Psicologia Clínica. Docente do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Promoção
da Saúde, Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do Sul, RS, Brasil.
Daiana Araújo, Letiane de Souza Machado, Edna Garcia Linhares
2018).
rial, urgência e emergência, até a atenção de mais alta complexidade (BRASIL, 2018).
ticos e controvérsias que causam, inclusive temor de processos judiciais nos profissionais de
saúde. Com a aplicação das DAV é possível minimizar esses conflitos, já que a vontade e os
valores do paciente estão claras no documento, o que facilita a tomada das decisões e garante
a autonomia do paciente (DADALTO; TUPINAMBÁS; GRECO, 2014).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com a literatura apresentada, a morte é uma questão subjetiva e ainda faltam
estudos e discussões acerca do que seria uma boa morte, principalmente no Brasil, em que
o tema ainda é negado e pouco discutido. No entanto, é sabido que cabe ao profissional de
saúde abordar o tema com o paciente e a família através de uma comunicação clara, a fim de
conhecer os desejos e necessidades individuais dos pacientes que estão morrendo. A partir
daí, dispor de estratégias como CP, doulas, DAV e evitar a distanásia para que o morrer tenha
significado e não seja permeado de sofrimentos.
REFERÊNCIAS
AZHAR, A.; BRUERA, E. Outcome measurement and complex physical, psychosocial and spiritual ex-
periences of death and dying. Annals of Palliative Medicine, China, v. 7, n. S3, p. S231–S243, 2018.
ISSN: 2224-5839. DOI: 10.21037/apm.2018.07.04. Disponível em: http://apm.amegroups.com/article/
view/20717/20367. Acesso em: 18 jun. 2019.
BALDWIN, Paula. Death Cafés: death doulas and family communication. Behavioral sciences, Basel,
Switzerland, v. 7, n. 2, p. 26, 26 abr. 2017. ISSN: 1099-1743. DOI: 10.3390/bs7020026. Disponível em:
Acesso em: 15 out. 2019.
BRASIL. Portaria No 19, de 03 de janeiro de 2002. Institui, no âmbito do Sistema Único de Saúde, o Pro-
grama Nacional de Assistência à Dor e Cuidados Paliativos. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 2002.
Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2002/prt0019_03_01_2002.html. Acesso
em: 17 jul. 2019.
BRASIL. Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS). 3. ed. Brasília: BRASIL, 2006a. Disponível
em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_promocao_saude_3ed.pdf Acesso em:
17 jul. 2019.
BRASIL. Portaria no 3.150, de 12 de dezembro de 2006. Institui a Câmara Técnica em Controle da Dor e
Cuidados Paliativos. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2006, s. 1, p. 111. Disponível em: http://www.
saude.sp.gov.br/resources/ses/legislacao/2006/dezembro/informe-eletronico-de-legislacao-em-sau-
de-n-237-141206/legislacaofederal/portariams-gmn3.150de12.12.06.pdf. Acesso em: 17 jul. 2019.
BRASIL. Caderno de Atenção Domiciliar: mellhor em casa. Brasília: BRASIL, 2012. Disponível em:
http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/cad_vol1.pdf. Acesso em: 17 jul. 2019.
Daiana Araújo, Letiane de Souza Machado, Edna Garcia Linhares
BRASIL. Portaria no 963, de 27 de maio de 2013. Redefine a Atenção Domiciliar no âmbito do Sistema
Único de Saúde (SUS). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2013, s. 1, p. 30. Disponível em: http://bvsms.
saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt0963_27_05_2013.html. Acesso em: 17 jul. 2019.
BRASIL. Resolução no 41, de 31 de outubro de 2018. Dispõe sobre as diretrizes para a organização dos
cuidados paliativos, à luz dos cuidados continuados integrados, no âmbito Sistema Único de Saúde
(SUS). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2018, s. 1., p. 276. Disponível em: http://www.in.gov.br/web/
guest/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/5152 0746/do1-2018-11-23-resolucao-n-
-41-de-31-de-outubro-de-2018-51520710. Acesso em: 23 jul. 2019.
BUSS, Paulo Marchiori. Promoção da saúde e qualidade de vida. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de
Janeiro, Brasil, , v. 5, n. 1, p. 163–177, 2000. ISSN: 1678-4561. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1413-
81232000000100014. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csc/v5n1/7087.pdf. Acesso em: 13 jul.
2019.
CORPORON, Kathleen. Comfort and caring at the end of life: baylor’s doula program. Baylor Uni-
versity Medical Center Proceedings, [s.l], v. 24, n. 4, p. 318–319, 11 out. 2011. ISSN: 0899-8280.
DOI: 10.1080/08998280.2011.11928748. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/
PMC3205157/pdf/bumc0024-0318.pdf. Acesso em: 18 ago. 2019.
DADALTO, L.; TUPINAMBÁS, U.; GRECO, D. B. Diretivas antecipadas de vontade: um modelo brasileiro.
Revista Bioética, Brasilia, v. 21, n. 3, p. 463–476, 2014. ISSN: 1983-8042. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/
S1983-80422013000300011. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/bioet/v21n3/a11v21n3.pdf. Aces-
so em: 10 out. 2019.
FELIX, Z. C. et al. Eutanásia, distanásia e ortotanásia: revisão integrativa da literatura. Ciência & Saú-
de Coletiva, Rio de Janeiro, v. 18, n. 9, p. 2733–2746, set. 2013. ISSN: 1413-8123. DOI: http://dx.doi.
org/10.1590/S1413-81232013000900029. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csc/v18n9/v18n9a29.
pdf. Acesso em: 08 jun. 2019.
FERREIRA, J. M. G.; NASCIMENTO, J. L.; SÁ, F. C. Profissionais de saúde: um ponto de vista sobre a morte
e a distanásia. Revista Brasileira de Educação Médica, São Paulo, v. 42, n. 3, p. 87–96, 2018. ISSN: 1981-
5271. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1981-52712015v42n3rb20170134. Disponível em: http://www.scie-
lo.br/pdf/rbem/v42n3/1981-5271-rbem-42-3-0087.pdf. Acesso em: 18 jul. 2019.
GOMES, B. M. M. et al. Diretivas antecipadas de vontade em geriatria. Revista Bioética, Brasilia, v. 26, n.
3, p. 429–439, 2018. ISSN: 1983-8034. DOI: 10.1590/1983-80422018263263. Disponível em: http://www.
scielo.br/pdf/bioet/v26n3/1983-8042-bioet-26-03-0429.pdf. Acesso em: 16 out. 2019.
KLAUS, M. H.; KENNELL, J. H.; KLAUS, P. H. The doula book: how a trained labor companion can help you
have a shorter, easier, and healthier birth (3rd Ed.). Boston, MA: Da Capo Press, 2012.
KOVÁCS, Maria Júlia. Instituições de saúde e a morte: do interdito à comunicação. Psicologia: Ciência
e Profissão, Brasil, v. 31, n. 3, p. 482–503, 2011. ISSN: 1414-9893. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1414-
98932011000300005. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pcp/v31n3/v31n3a05.pdf. Acesso em: 19
out. 2019.
LIMA, M. DE L. F.; REGO, S. T. DE A.; SIQUEIRA-BATISTA, R. Processo de tomada de decisão nos cuidados
de fim de vida. Revista Bioética, Brasilia, v. 23, n. 1, p. 31–39, 2015. ISSN: 1983-8034. DOI: http://dx.doi.
org/10.1590/1983-80422015231043. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/bioet/v23n1/en_1983-
8034-bioet-23-1-0031.pdf. Acesso em 17 jul. 2019.
Silvia Isabel Rech Franke, Ana Paula Sehn, Diene da Silva Schlickmann, Cézane Priscila Reuter (org.).
MAY, P. et al. Economics of palliative care for hospitalized adults with serious illness: a meta-analysis.
JAMA Internal Medicine, United States, v. 178, n. 6, p. 820–829, 2018. ISSN: 2168-6114. DOI: 10.1001/
jamainternmed.2018.0750. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6145747/#!-
po=61.1111. Acesso em: 15 ago. 2019.
MORAIS, I. M. et al. Percepção da “morte digna” por estudantes e médicos. Revista Bioética, Brasilia, v.
24, n. 1, p. 108–117, 2016. ISSN: 1983-8042. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/198380422016241112. Dis-
ponível em: http://www.scielo.br/pdf/bioet/v24n1/en_1983-8034-bioet-24-1-0108.pdf. Acesso em: 30
out. 2019.
PLESCHBERGER, S.; WOSKO, P. From neighbour to carer: an exploratory study on the role of non-kin-car-
ers in end-of-life care at home for older people living alone. Palliative Medicine, United States, v. 31, n.
6, p. 559–565, 2017. ISSN: 1557-7740. DOI: https://doi.org/10.1177/0269216316666785. Disponível em:
https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/0269216316666785?rfr_dat=cr_pub%3Dpubmed&url_
ver=Z39.88-2003&rfr_id=ori%3Arid%3Acrossref.org&journalCode=pmja. Acesso em: 23 jul. 2019.
POLETTO, S.; BETTINELLI, L. A.; SANTIN, J. R. Vivências da morte de pacientes idosos na prática médica e
dignidade humana. Revista Bioética, Brasilia, v. 24, n. 3, p. 590–595, 2016. ISSN: 1983-8042. DOI: http://
dx.doi.org/10.1590/1983-80422016243158. Disponível em: http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/
revista_bioetica/article/view/1122/1567. Acesso em: 16 ago. 2019.
RAWLINGS, D. et al. What role do death doulas play in end-of-life care? a systematic review. Health
and Social Care in the Community, United Kingdom, v. 27, n. 3, p. 82-94, 2018. ISSN: 1365-2524. DOI:
https://doi.org/10.1111/hsc.12660. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/
hsc.12660. Acesso em: 26 jul. 2019.
SILVA, José Antonio Cordeiro. O fim da vida: uma questão de autonomia. Nascer e Crescer, [s.l], v.
23, n. 2, p. 100–105, 2014. ISSN: 2183-9417. Disponível em: http://www.scielo.mec.pt/pdf/nas/v23n2/
v23n2a10.pdf. Acesso em: 17 jul. 2019.
WHO - WORLD HEALTH ORGANIZATION. Definition of Palliative Care. 2012. Disponível em: https://
www.who.int/cancer/palliative/definition/en/. Acesso em: 6 jun. 2019.
WHO - WORLD HEALTH ORGANIZATION. Improving access to palliative care [Infográfico]. 2015.
Disponível em: https://www.who.int/ncds/management/palliative-care/Infographic_palliative_care_EN_
final.pdf. Acesso em: 12 jul. 2019.