Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DE QUIXADÁ-CE/TRT7ª REGIÃO.
Em face da CALÇADOS SENADOR POMPEU LTDA, localizada na Rua Antonio Soares, n° 58,
Bairro do Caracará; Senador Pompeu; Ceará; CEP nº 63600-000, CNPJ Nº04.358.307/0001-10, de
acordo com os fatos e fundamentos jurídicos adiante expostos;
O princípio da isonomia também lhe garante tal súplica, por esta razão, REQUER que lhe seja
concedida a JUSTIÇA GRATUITA.
O reclamante era detentor de uma relação de emprego com a empresa reclamada, relação essa, que
teve início no dia 23/03/2012, e término no dia 08/12/2015, conforme consta o termo de rescisão em
anexo.
Porém, ao se deparar com os documentos que constavam os valores relacionados a suas verbas
rescisórias, percebeu que não estavam contidos os valores referentes aos adicionais de insalubridade e
periculosidade, fato esse que veio a motivar a presente ação, o reclamante também traz à baila que
durante toda a relação empregatícia não recebeu esses adicionais.
Excelência, o reclamante durante todo o contrato de trabalho, laborou em condições insalubres, eis
que mantinha contato permanente com agente físicos e químicos nocivos à saúde, no caso em tela uma
cola extremamente tóxica.
Cumpre registrar ainda, que os EPI's fornecidos pela empresa não eram suficientes para amenizar
os efeitos dos reagentes químicos ao organismo deste ser humano, por exemplo as máscaras faciais que
eram trocadas em três em três dias ou em até espaço de tempo superior a isso, quando na verdade deve ser
trocada diariamente, havendo a inalação diária deste componente insalubre, sem receber o adicional
previsto na legislação trabalhista.
Além disso, como se não bastasse o contato direto que possuía com tais produtos, o promovente
ainda era obrigado a trabalhar próximo a máquinas rústicas e perigosas que facilmente poderiam lhe
causar algum acidente grave ou ceifar sua vida com alguma explosão por ser material inflamável, fato
esse, que veio a motivar a cobrança do adicional de periculosidade que jamais fora pago pela parte
reclamante.
O reclamante e seus colegas de trabalho por várias vezes presenciaram essas máquinas em chamas,
por ser a cola tóxica e estar em contato direto com os fornos que ficam próximos as esteiras em que os
operários labutam, por muitas vezes os próprios funcionários apagaram o fogo com extintores, situações
de extremo risco a vida daqueles operários que trabalham em contato direto com a cola e com os fornos.
V - DO MÉRITO
Como já relatado, o reclamante da presente ação requer da reclamada a inclusão dos adicionais de
insalubridade e periculosidade em suas verbas rescisórias, pedido esse totalmente pertinente.
Inicialmente a cumulação de tais adicionais não era permitido em nosso ordenamento jurídico,
porem com edição do decreto n.º 1.254 de 29/09/1994, em que, em seu artigo 11, alínea b, passou a
permitir a cumulação de tais pedidos levando em consideração os riscos a saúde decorrentes da exposição
simultânea a diversas substâncias ou agentes.
a) (.........................)
Visto isso, a partir da leitura do referido dispositivo, torna-se claro e evidente o pedido do autor,
no sentido em que, já não existe vedação legal que impeça a cumulação dos adicionais de insalubridade e
periculosidade, no sentido em que o trabalho do reclamante era exercido de forma concomitante em
condições insalubres e perigosas.
VI - DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE
A partir da análise do referido dispositivo legal, podemos concluir que o reclamante se adequa
completamente aos requisitos exigidos para se pleitear o adicional em questão, pois estava em contato
direto com agentes nocivos e sem a proteção adequada.
Além disso, cumpre registrar que os EPI's fornecidos pela empresa não eram suficientes para
amenizar os efeitos insalubres ao ser humano, referente ao labor exercido pelo reclamante.
Excelência, o produto tóxico que comprova o direito da parte reclamante de exigir tal adicional é
referente a uma cola da marca QUIMOPREM utilizada para colar sapatos, cola essa que, em sua própria
embalagem, confirma que se trata de um produto tóxico e inflamável, conforme documento em anexo
com toda sua composição química para auxiliar este juízo.
Com isso, diante dos fatos e argumentos relatados, claro está o direito do reclamante em receber
um adicional de insalubridade referente ao serviço anteriormente prestado, direito esse, totalmente
pertinente conforme o julgado supracitado.
Diante do exposto, deve-se destacar ainda que durante os quase 4 (quatro) anos de labor, o
reclamante não veio a receber o adicional de insalubridade que lhe era devido, fato esse, devidamente
comprovado nos documentos em anexo.
Em sendo assim, diante do valor não pago ao reclamante, temos a seguinte tabela explicativa, no
qual a mesma demonstra-se os valores referentes aos adicionais de insalubridade devido ao Autor durante
a vigência do seu contrato de trabalho para com a reclamada que não foram adimplidos:
A partir da análise da tabela supracitada, podemos observar que os valores devidos referentes ao
adicional de insalubridade correspondem a 40% do salário mínimo mensal referente a cada ano, valor esse
multiplicado pela quantidade de messes trabalhados durante o ano.
Portanto, requer o reclamante, que ao analisar as provas e os fatos desta ação, lhe seja concedido o
referido adicional, devendo a empresa demandada pagar o valor de R$ 11.491,00 (Onze Mil,
Quatrocentos e Noventa e Um Reais), relativo a todos os adicionais mensais que lhe são devidos,
conforme já explicado na tabela.
Como já mencionado, o reclamante, exercia claramente uma atividade insalubre, porém, como se
não bastasse, o mesmo era exposto a uma atividade extremamente perigosa.
Ocorre que o Autor trabalhava habitualmente em área de risco acentuado, ao lado de máquinas
perigosas e de difícil manejo, sendo que tais máquinas soltam chamas que podem provocar queimaduras,
bem como explosões caso entrem em contado com os produtos inflamáveis, no caso em tela a cola tóxica
usada nas esteiras, próximo aos fornos.
Note-se que, diante de tais riscos o reclamante jamais recebeu o adicional de periculosidade
previsto em lei.
A Consolidação das Leis Trabalhistas, em seu artigo 193, relata um breve conceito do que seria o
adicional de periculosidade, bem como prevê algumas situações consideradas perigosas, in verbis:
Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma
da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego,
aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco
acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a:
Fazendo um paralelo com o artigo supra, que em relação ao promovente que exercia atividade
laboral para com a reclamada, com contato direto com produtos inflamáveis, bem como, efetuava seu
trabalho próximo a uma máquina que "expulsava" faíscas/chamas que caso entrassem em contato com o
referido líquido inflamável (no caso cola), poderia provocar inúmeras queimaduras ao reclamante, fato
esse que configura claramente o direito da parte Autora em receber o adicional de periculosidade referente
ao labor anteriormente exercido.
Diante do exposto, temos o julgado a seguir que relata a total pertinência do pedido:
Diante dos argumentos utilizados, o reclamante também possui o direito de receber os adicionais
de periculosidade referente ao seu tempo de trabalho, adicional esse que, segundo o § 1º do artigo 194 da
CLT deve ser de 30% sobre o salário hora recebido.
ART 194, § 1, in verbis;
Ora Excelência, a parte dispositiva é clara, bem como dos julgados, sendo de plena conclusão que
o direito do Autor de requerer o pagamento do adicional de periculosidade é totalmente pertinente. Sendo
que, na tabela a seguir consta o valor devido referente ao adicional em comento, com o devido cálculo
para se chegar a esse valor:
ANO VALOR DO AD.PERICULOSIDADE MESSES DE T O T A L
SALÁRIO 30% DO SALÁRIO TRABALHADOS DEVIDO
MENSAL
VALOR
TOATAL
DEVIDO R$
8.617,80
Uma vez constatada a concomitância entre ambos os agentes nocivos, não há nenhuma
razoabilidade na vedação ao acúmulo de ambos os adicionais, sendo que foram devidamente
especificados e justificados na presente ação.
Importante sublinhar que, como fora supracitado, inicialmente a cumulação de tais adicionais não
era permitido em nosso ordenamento jurídico, porem com edição do decreto n.º 1.254 de 29/09/1994, em
que, em seu artigo 11, alínea b, (dispositivo esse devidamente incluso na presente ação) passou a permitir
a cumulação de tais pedidos levando em consideração os riscos a saúde decorrentes da exposição simultâ
nea a diversas substâncias ou agentes, decreto esse incluso pela convenção n.º 155 da OIT.
Com isso, concordando com a possibilidade de cumulação de tais pedidos, temos o ilustre
doutrinador, Raimundo Simão de Melo, que assevera que:
Visto isso, embora não haja, razão alguma para que não sejam cumulados tais adicionais, tal
entendimento não é algo unânime em nossa doutrina e jurisprudência pátria, sendo que, mesmo com a
existência de um dispositivo legal (decreto n.º 1.254 de 29/09/1994, artigo 11, alínea b), permitindo tal
cumulação, bem como acatamento de inúmeros doutrinadores em relação ao tema, tal possibilidade de
cumulação é algo que, erroneamente, é fruto de algumas divergências.
Admitindo a possibilidade que cumulação dos referidos adicionais temos os seguintes julgados:
Sobre a possibilidade da cumulação dos adicionais, temos também a ilustre opinião do Juiz do
Trabalho Titular da 5ª Vara do Trabalho de Canoas e Secretário de Assuntos Legislativos da AMATRA
IV Luiz Antonio Colussi, in verbis:
Os honorários advocatícios alcançam fundamento para sua concessão nos artigos 5º, XVIII,
LXXIV, bem como, nos artigos 8º, inciso V e 133, todos da Constituição da República.
Apesar da CF/88 também ter acolhido o "jus postulandi" das partes no processo judiciário do
trabalho, sua interpretação em relação à assistência judiciária gratuita há de ser efetivada através do
estudo combinado dos referidos dispositivos legais supracitados.
X - DOS PEDIDOS
Custas processuais, despesas emergentes, correção monetária e juros de mora sobre o total da
condenação;
Que ás intimação sejam feitas no endereço de seu procurado no Escritório Oliveira Advocacia e
Consultoria Jurídica à Rua José Carlos Sampaio, n° 314, Centro, na cidade de Senador Pompeu-Ceará;
Provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos, especialmente pelo
depoimento pessoal do representante legal da Ré, sob pena de confissão, oitiva de testemunhas, perícias,
vistorias, juntada de novos documentos e demais provas que se fizeram necessárias, realização de
perícias;
Em caso de indeferimento do pedido de cumulação dos adicionais, o obreiro resguarda seu direito,
esclarecendo que optará pelo que representa maior valor.
Dá-se o valor da causa, para efeitos fiscais a quantia de R$ 20.108,80 (Vinte mil, Cento e Oito
Reais e Oitenta Centavos).
Advogado
OAB/CE n° 29.772