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Mariana Monteiro Martins

Comparação de estratégias de construção de poços


PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1221615/CA

marítimos incorporando incertezas

Dissertação de Mestrado

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de


Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção do
Departamento de Engenharia Industrial da PUC-Rio.

Orientador: Prof. Silvio Hamacher


Co-orientador: Prof. Ricardo de Melo e Silva Accioly

Rio de Janeiro
Junho de 2014
Mariana Monteiro Martins

Comparação de estratégias de construção de poços


marítimos incorporando incertezas

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de


PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1221615/CA

Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da


PUC-Rio. Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo assinada.

Prof. Silvio Hamacher


Orientador
Departamento de Engenharia Industrial - PUC-Rio

Prof. Ricardo de Melo e Silva Accioly


Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ
Co-orientador

Prof. Fabricio Oliveira


Departamento de Engenharia Industrial - PUC-Rio

Profa. Gabriela Pinto Ribas


Departamento de Engenharia Industrial - PUC-Rio

Prof. José Eugenio Leal


Coordenador Setorial do Centro Técnico Científico - PUC-Rio

Rio de Janeiro, 27 de junho de 2014


Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total
ou parcial do trabalho sem autorização da universidade, da
autora e do orientador.

Mariana Monteiro Martins


Graduou-se em Engenharia de Produção na PUC-Rio em
2005. Atualmente trabalha como Engenheira de Produção
na Petrobras.

Ficha Catalográfica

Martins, Mariana Monteiro

Comparação de estratégias de construção de


PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1221615/CA

poços marítimos incorporando incertezas / Mariana


Monteiro Martins; orientador: Silvio Hamacher, co-
orientador: Ricardo de Melo e Silva Accioly.– 2014.
102 f.: il. (color.) ; 30 cm

Dissertação (mestrado)–Pontifícia Universidade


Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Engenharia
Industrial, 2014.
Inclui bibliografia

1. Engenharia Industrial – Teses. 2. Construção


de poços marítimos. 3. Construção sequencial. 4.
Construção seriada. 5. Abordagem probabilística. 6.
Incerteza. 7. Indicadores. I. Hamacher, Silvio. II. Accioly,
Ricardo de Melo e Silva. III. Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro. Departamento de Engenharia
Industrial. IV. Título.

CDD: 658.5
Agradecimentos

Ao professor Silvio Hamacher, orientador da dissertação, por todo suporte e


ensinamentos durante o período da dissertação;

Ao co-orientador Ricardo Accioly, que contribuiu incessantemente para este


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trabalho com ensinamentos, principalmente em construção de poços e estatística;

À Petrobras, pelo incentivo para elaboração desta pesquisa;

À Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro;

Aos meus pais e irmãos, pelo incentivo e apoio;

Ao meu marido, Bruno Leonardo, pela paciência e apoio incondicional.


Resumo

Martins, Mariana Monteiro; Hamacher, Silvio (orientador); Accioly,


Ricardo de Melo e Silva (co-orientador). Comparação de Estratégias de
Construção de Poços Marítimos Incorporando Incertezas. Rio de
Janeiro, 2014. 102p. Dissertação de Mestrado - Departamento de
Engenharia Industrial, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Esta pesquisa apresenta uma comparação entre duas estratégias de


construção de poços marítimos, sequencial e seriada, de forma a entender suas
características e ressaltar suas diferenças, impactos e desafios. Além disso, para
inserir o contexto de incerteza nessas operações, foi acrescentada uma análise
de risco para cada uma das estratégias de perfuração e completação de poços.
Um estudo de caso com dados reais de um campo de petróleo foi desenvolvido
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de forma a analisar os resultados e comparar questões sobre duração da


campanha dos poços, entrada dos poços em produção, troca de fluidos e ajustes
da sonda. Essas mesmas questões foram analisadas após acrescentar
distribuições de probabilidade aos cronogramas das estratégias sequencial e
seriada e aplicar a simulação de Monte Carlo. Os resultados mostraram a
relevância de se avaliar novas formas de sequenciamento das atividades de
poços a fim de reduzir o tempo total levado para construção de poços marítimos.

Palavras-chave
Construção de poços marítimos; construção sequencial; construção
seriada; abordagem probabilística; incerteza; indicadores.
Abstract

Martins, Mariana Monteiro; Hamacher, Silvio (advisor); Accioly, Ricardo


de Melo e Silva (co-advisor). Comparison of Different Strategies for
Offshore Well Construction Incorporating Uncertainty. Rio de Janeiro,
2014. 102p. MSc. Dissertation - Departamento de Engenharia Industrial,
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

This research presents a comparison between two different strategies of


offshore well construction, one sequential and another in batch. This analysis
aims to understand the characteristics of these two strategies, their impacts on
some results and challenges. Besides, to understand how uncertainties affect
these operations, a risk analysis was incorporated to each one of the strategies.
A case study with real data from an oil field was developed in order to analyze
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the results and to compare issues, as total well campaign duration, production
ramp up, fluid exchange and drilling rig adjustments. These same issues were
analyzed after adding probability distribution in each strategy´s schedules and
realizing a Monte Carlo simulation. The results showed the importance of
evaluating different types of sequencing well activities seeking to reduce total well
construction duration.

Keywords
Offshore well construction; sequential drilling; batch drilling; probabilistic
approach; uncertainty; indicator.
Sumário

1 Introdução 12
1.1. Objetivos da Pesquisa 14
1.1.1. Objetivo Geral 14
1.1.2. Objetivos Específicos 14
1.1.3. Motivação 15
1.2. Encaminhamento da Pesquisa 15

2 Desenvolvimento das Atividades de Construção de Poços 17


2.1. Atividades de Perfuração 17
2.2. Atividades de Completação 22
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2.3. Recursos e Logística 25


2.3.1. Sonda Marítima 26
2.3.2. Logística 27
2.4. Incertezas e Riscos no Contexto de Construção de Poços Marítimos 28
2.4.1. Conceitos Gerais de Incertezas e Riscos 28
2.4.2. Análise de Incertezas e Riscos em Construção de Poços 31

3 Estratégias de Construção de Poços 33


3.1. Construção Sequencial dos Poços 34
3.2. Construção de Poços Seriada 36
3.2.1. Conceito e Características Gerais 36
3.2.2. Considerações Sobre a Perfuração Seriada 41
3.3. Considerações Sobre as Duas Estratégias 46

4 Metodologia para Comparação das Estratégias Considerando Análise


de Risco 52
4.1. Criação de Cronograma 52
4.2. Identificação dos Riscos 53
4.3. Análise de Risco 55
4.3.1. Análise Qualitativa 55
4.3.2. Análise Quantitativa 56
4.3.3. Simulação de Monte Carlo 58
5 Modelagem do Estudo de Caso 65
5.1. Premissas Gerais 65
5.2. Característica dos Dados 67
5.3. Sequenciamento das Atividades 68
5.4. Considerações para a Análise de Riscos 69
5.5. Modelagem do Cronograma 71

6 Análise de Resultados 74
6.1. Resultados Determinísticos 74
6.1.1. Análise da Duração da Campanha 75
6.1.2. Análise de Troca de Fluidos 76
6.1.3. Análise de Ajuste da Sonda 77
6.1.4. Análise de Entrada dos Poços em Produção (Ramp Up) 78
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6.2. Simulação de Monte Carlo e Resultados 80


6.2.1. Análise de Risco para a Duração da Campanha 81
6.2.2. Análise de Risco para a Entrada dos Poços em Produção (Ramp Up) 83

7 Conclusões e Recomendações 86

8 Referências Bibliográficas 90

Apêndice I – Problemas Típicos da Atividade de Perfuração 96

Apêndice II – Cronogramas Detalhados das Estratégias Sequencial e


Seriada 100
Lista de Figuras

Figura 1 – Metas de Produção de Óleo e LGN da Petrobras 12


Figura 3 – Ilustração do Fluxo do Fluido de Perfuração 18
Figura 4 – Ilustração de Poço Típico e seus Revestimentos 20
Figura 5 – Exemplo de Plataformas conectadas a Riser, BOP e Cabeça do
Poço no Fundo do Mar 21
Figura 6 – Completação Quanto ao Número de Zonas Explotadas 23
Figura 10 – Tipos de Sondas Marítimas 26
Figura 11 – Espectro de Incertezas 29
Figura 12 – Processos de Gerenciamento de Riscos de Projetos 30
Figura 14 – Exemplo de Construção Sequencial dos Poços 35
Figura 16 – Ilustração da Perfuração Seriada da Fase 1 dos Poços 37
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Figura 17 - Ilustração da Perfuração Seriada da Fase 2 dos Poços 38


Figura 18 - Ilustração da Perfuração Seriada da Fase 3 dos Poços 39
Figura 19 - Ilustração da Completação Seriada dos Poços 39
Figura 20 – Exemplo de Relação de Dependência Entre Atividades
Termino-Início 53
Figura 21 – Exemplo de estimativas de duração de atividade sem e com a
incorporação de risco 57
Figura 22 – Etapas para Definição do Modelo 59
Figura 23 – Disposição dos Poços e sua Divisão em Clusters 66
Figura 24 – Ilustração de Poço OHGP 67
Figura 25 – Sequenciamento da Estratégia de Construção Sequencial 68
Figura 26 – Sequenciamento da Estratégia de Construção Seriada 69
Figura 27 – Estrutura de Tópicos do Cronograma da Estratégia Sequencial 72
Figura 28 – Estrutura de Tópicos do Cronograma da Estratégia Seriada 73
Figura 29 – Duração Total do Projeto por Estratégia 75
Figura 30 – Troca de Fluidos 76
Figura 31 – Ajuste da Sonda 77
Figura 32 – Entrada dos Poços em Produção por Estratégia 79
Figura 33 – Distribuições de Probabilidades da Duração do Projeto para as
Estratégias Sequencial (1ª imagem) e Seriada (2ª imagem) 81
Figura 34 – Faixa de Risco da Duração Total do Projeto 82
Figura 35 – Gráficos de Tornado para a Duração do Projeto para as
Estratégias Sequencial (1ª imagem) e Seriada (2ª imagem) 83
Figura 36 – Análise de Risco do Ramp Up de Produção 84
Figura 37 – Gráficos de Tornado para a Entrada em Produção do Poço P1
para as Estratégias Sequencial (1ª imagem) e Seriada (2ª imagem) 85
Figura 38 – Ilustração de Uma Perda de Circulação 96
Figura 39 – Ilustração de uma Perfuração com Problemas de Formações
Pressurizadas 97
Figura 40 – Ilustração de um Colapso do Revestimento 98
Figura 41 – Ilustração dos Dois Tipos de Wash Outs 99
Figura 42 – Quebra da Atividade de Construção de Determinado Poço para
a Estratégia Sequencial 100
Figura 43 – Quebra da Atividade de Construção de Poços para a Estratégia
Seriada 102
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Lista de Tabelas

Tabela 1 – Características das Estratégias e suas Criticidades 46


Tabela 2 – Potencial de Ganho das Estratégias 49
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Introdução

A história do petróleo no Brasil iniciou-se no século XIX. Desde então,


novas descobertas ocorreram, envolvendo a exploração não só em terra, mas
também em águas profundas e ultraprofundas, tornando-se cada vez mais
complexas.
Nos últimos anos essa indústria tem adquirido grande importância para a
economia brasileira, consequência do crescimento dos investimentos em óleo e
gás.
Essa área é intensiva em capital e há a expectativa de aumento de
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produção e investimentos no Brasil devido às novas descobertas do pré-sal, vide


Figura 1. Desta forma é pertinente que haja uma grande preocupação nos custos
de desenvolvimento desses novos campos e que sejam explorados mecanismos
que reduzam esses custos.

Figura 1 – Metas de Produção de Óleo e LGN da Petrobras (Fonte:


Site da Petrobras, 2014)

A área de Exploração e Produção (E&P) do petróleo possui três principais


etapas: exploração, desenvolvimento e produção. A etapa de Exploração busca
identificar e quantificar novas reservas de petróleo. A etapa de Desenvolvimento
engloba todo o planejamento, a definição dos recursos necessários e o
13

desenvolvimento do campo em si para preparação para a produção. Já a


etapa de Produção visa extrair o petróleo, incluindo atividades de manutenção
da produção e de encerramento das atividades de produção.
Na Petrobras, o planejamento de um projeto de desenvolvimento da
produção percorre três fases: Fase de Identificação e/ou Avaliação da
Oportunidade; Fase de Seleção de Alternativas; e Fase de Definição do Projeto
(Projeto Básico). Nas duas primeiras fases, o escopo do projeto é bem
preliminar, se tornando detalhado somente na terceira fase.
Uma vez finalizadas as etapas de planejamento e obtida a autorização do
projeto, é iniciado o desenvolvimento da produção, de acordo com o escopo
definido, nos custos e prazos estimados.
Durante a etapa de desenvolvimento da produção, os poços são
perfurados e completados, a unidade de produção é construída e instalada, e os
sistemas de coleta e escoamento da produção são instalados.
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Segundo Bastos (2008), atualmente, em um projeto típico de


desenvolvimento marítimo de produção, as atividades de poço chegam a
representar 60-70% do custo de investimento total. Grande parte desse
percentual de custo está atrelada ao tempo gasto na execução das atividades de
perfuração e completação dos poços.
Historicamente, o desenvolvimento dos poços é a parte do escopo do
projeto que apresenta os maiores desvios de custo e cronograma, geralmente
associados a riscos geológicos e a complexidade envolvida em cada operação
(Rovina e Borin, 2005).
A entrega sustentável de novas produções com custos razoáveis e o
atingimento dos resultados esperados pela empresa e por investidores são
centrais para a lucratividade e reputação de empresas de E&P (Williamson,
Sawaryn e Morrison, 2006).
Erros nas estimativas de duração dos poços do projeto causarão grandes
impactos não só no custo do projeto, como também postergará a produção
prometida e consequentemente ao fluxo de caixa da empresa.
Então, grande importância deve ser dada aos processos de planejamento
da execução das atividades de poços e de elaboração das estimativas de
duração dos mesmos, visando reduzir o tempo gasto com as atividades de
poços, bem como minimizar os riscos de não atingimento das durações
prometidas.
Para conseguir tais objetivos é importante a análise de diferentes métodos
de construção de poços de forma a aplicar no projeto aquele que trará maiores
14

ganhos para a empresa, ou seja, aquele que implicará em menor tempo de


execução das atividades, mantendo a segurança e as diretrizes corporativas.
Além disso, métodos estatísticos têm sido bastante utilizados para
avaliação de incertezas nas atividades de poços (Zoller, Graulier e Paterson,
2003) e a simulação de Monte Carlo tem crescido bastante quando comparado
aos métodos determinísticos para realização de previsão de poços (Williamson,
Sawaryn e Morrison, 2006).
Com base nessas questões, essa dissertação busca comparar duas
diferentes estratégias de construção de poços, de forma a entender seus
impactos nas durações das atividades de poços. Essa análise levará em
consideração não só os diferentes tipos de sequenciamento das atividades,
como também incertezas que impactem os dois cenários.

1.1.
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Objetivos da Pesquisa

1.1.1.
Objetivo Geral

O principal objetivo desta pesquisa é analisar duas diferentes estratégias


de construção de poços a serem adotadas no desenvolvimento de projetos
marítimos de óleo e gás, considerando fatores e cenários de incerteza
relacionados às atividades e suas respectivas durações.

1.1.2.
Objetivos Específicos

• Apresentar os fundamentos conceituais relacionados às atividades


de construção de poços, bem como os recursos utilizados para
executar tais atividades;
• Definir os conceitos das duas estratégias de construção de poços
que serão analisadas: a sequencial e a seriada;
• Apresentar as metodologias para definição do cronograma e
levantamento de risco a ser utilizada para comparação das
estratégias de construção de poços;
• Desenvolver caso prático para analisar as estratégias discutidas,
avaliando o impacto dos riscos identificados.
15

1.1.3.
Motivação

Nos últimos anos a indústria de petróleo tem adquirido grande importância


para a economia brasileira, consequência do crescimento dos investimentos em
Óleo & Gás. Como essa área é intensiva em capital, e há a expectativa de
aumento de produção e investimentos no Brasil devido às novas descobertas do
pré-sal, é pertinente que haja uma grande preocupação nos custos de
desenvolvimento desses novos campos e que sejam explorados mecanismos
que reduzam esses custos.
Observa-se também o crescimento na utilização de métodos
probabilísticos para avaliação e quantificação de incertezas em todo o processo
dessa indústria, uma vez que as atividades de Exploração e Produção de
petróleo possui um alto grau de risco.
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Uma das áreas de grande importância na indústria de petróleo é a de


poços, que constitui um grande percentual dos investimentos de um projeto. Os
custos das atividades de construção de poços estão, em sua maior parte,
relacionados com a duração das atividades de perfuração e completação dos
poços, devido ao uso de recursos, como sondas, cujas taxas diárias de aluguel
são elevadíssimas.
Assim, a principal motivação desta pesquisa é entender diferentes formas
de sequenciamento das atividades de construção de poços, visando a redução
desses tempos, uma vez que qualquer redução impactará positivamente os
custos do projeto e consequentemente aumentará o Valor Presente Líquido
(VPL) do projeto.
Além disso, de forma a agregar valor a análise, esse estudo também inclui
a análise de riscos de cronograma, evidenciando alguns riscos inerentes as
atividades de poços.

1.2.
Encaminhamento da Pesquisa

Esta pesquisa possui, além deste capítulo introdutório, mais seis capítulos
descritos a seguir.
O Capítulo 2 apresentará os principais conceitos envolvidos no
desenvolvimento das atividades de construção de poços (atividades de
16

perfuração e completação, recursos e logística), bem como introduzirá alguns


conceitos sobre incertezas e sua existência na indústria de petróleo.
No Capítulo 3 serão detalhadas as duas estratégias de construção de
poços, realizando comparações entre elas e ressaltando suas principais
diferenças.
O Capítulo 4 apresentará a metodologia de gestão de riscos de forma a
incorporá-la na comparação das estratégias de construção de poços.
O Capítulo 5 apresentará a modelagem do estudo de caso a ser aplicado
para comparar as estratégias de construção de poços sequencial e seriada,
detalhando as premissas e considerações utilizadas.
O Capítulo 6 apresentará os resultados da aplicação do estudo de caso,
fazendo-se uma análise comparativa das duas alternativas.
Por fim, no Capítulo 7 serão apresentadas as principais conclusões obtidas
na pesquisa.
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17

2
Desenvolvimento das Atividades de Construção de Poços

O desenvolvimento de um projeto de poços segue o mesmo processo de


implantação de um projeto. Nas fases iniciais o nível de detalhamento é mais
baixo, atingindo o seu maior grau na fase de definição e execução. Durante a
etapa de planejamento é definido o projeto dos poços que farão parte do projeto,
ou seja, é realizado o detalhamento das fases de perfuração e completação.
Esse detalhamento é feito com base em diversas análises e definições, como
por exemplo, análise de geopressões, definição do fluido de perfuração,
quantidade de fases do poço, tipo de revestimento e cimentação adequados, tipo
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de broca, entre outros (Rocha e Azevedo, 2009).


Uma vez finalizado o projeto de poço e endereçadas as questões de
aquisição de materiais e de logística das embarcações necessárias para realizar
o serviço, sendo o projeto como um todo viável economicamente, inicia-se a
execução do mesmo.
Para entender melhor como são executadas as atividades planejadas de
poços em projetos marítimos de desenvolvimento de campos de petróleo e gás,
esse capítulo foi organizado da seguinte forma: As Seções 2.1 e 2.2
apresentarão os conceitos das atividades de perfuração e completação de
poços, respectivamente. A Seção 2.3 detalhará os recursos de materiais, sondas
e embarcações necessários para a construção dos poços e explicará algumas
questões sobre a logística inerente a esse trabalho. Por fim, a Seção 2.4
introduzirá alguns conceitos sobre incerteza e sua ocorrência na indústria de
petróleo.

2.1.
Atividades de Perfuração

Com base no projeto de poço definido para um projeto em específico é


iniciada a perfuração dos poços através de uma sonda.
O poço é dividido em fases, onde cada uma delas é determinada pelo
diâmetro da broca ou do alargador que está sendo utilizado na perfuração
(Rocha e Azevedo, 2009).
18

A definição da quantidade de fases em um poço depende das


características das zonas a serem perfuradas e da profundidade final prevista.
Em geral, para execução de cada fase são necessárias três atividades, conforme
apresentado na Figura 2.

Figura 1 – Etapas de Perfuração de Poços (Fonte: Elaborado pela


Autora, 2014)

Os sistemas de perfuração são classificados quanto à maneira de quebrar


o solo, a rocha ou a formação, podendo ser por percussão (as rochas são
quebradas por percussão de um trado, causando a sua fragmentação por
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esmagamento e os cascalhos são retirados por elevação hidráulica) ou por


rotação (Silva, 2013).
Atualmente é muito comum na indústria a perfuração dos poços por
rotação, que consiste na perfuração das rochas através da rotação e peso
aplicados à broca existente na extremidade da coluna de perfuração. Os
fragmentos da rocha perfurada são removidos continuamente através de um
fluido de perfuração, ou como também denominado, lama. Esse fluido é injetado
por bombas para o interior da coluna de perfuração e retorna à superfície através
do espaço anular formado pelas paredes do poço e a coluna (Thomas, 2001),
vide Figura 3. Ao atingir a profundidade desejada, a coluna de perfuração é
retirada do poço.

Figura 2 – Ilustração do Fluxo do Fluido de Perfuração (Fonte: Silva,


2013)
19

A descida do revestimento ocorre logo após a coluna de perfuração ser


retirada do poço, com diâmetro inferior ao da broca que realizou a perfuração da
fase. O revestimento de um poço é um tubo de aço e representa uma parcela
significativa do custo de um poço, variando de 15% a 20% em projetos marítimos
(Rocha e Azevedo, 2009). Seu objetivo geral é proteger as paredes do poço e
isolar zonas com diferentes pressões e fluidos.
Os revestimentos possuem diversas funções e geralmente são
classificados da seguinte forma (Thomas, 2001):
• Revestimento Condutor: é o primeiro revestimento do poço,
assentado a uma pequena profundidade (10 a 50 m) e é
considerado estrutural, com o objetivo de isolar o poço das zonas
superficiais pouco consolidadas. Alguns métodos de assentamento
desse revestimento são cravação e jateamento. Costuma ser
cimentado em toda sua extensão.
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• Revestimento de Superfície: seu comprimento varia na faixa de


100 a 600 m. Também é considerado um revestimento estrutural e
possui três grandes objetivos: prevenir desmoronamento de
formações inconsolidadas, proteger reservatórios de água e servir
como base de apoio para os equipamentos de segurança de
cabeça de poço e para os demais revestimentos. Costuma ser
cimentado em toda sua extensão.
• Revestimento Intermediário: visa isolar e proteger zonas de
perda de circulação, zonas de alta ou baixa pressão, formações
desmoronáveis, formações portadoras de fluidos corrosivos ou
contaminantes de lama. É cimentado somente na parte inferior.
• Revestimento de Produção: tem a finalidade de abrigar a coluna
de produção, possibilitando que seja iniciada a produção de forma
segura.
• Liner: é uma coluna curta de revestimento, ficando ancorada um
pouco acima da extremidade inferior do último revestimento. O liner
visa cobrir a parte inferior do poço. Em determinados casos o liner
substitui um revestimento intermediário (liner de perfuração) ou um
revestimento de produção (liner de produção).

A Figura 4 apresenta um exemplo de um poço típico com cinco fases, com


diâmetros sendo de 36”, 26”, 17 ½”, 12 ¼” e 8 ½” e revestimentos de 30”, 20”, 13
3/8”, 9 5/8” e 7”, respectivamente.
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Figura 3 – Ilustração de Poço Típico e seus Revestimentos (Fonte:


Rocha e Azevedo, 2009)

Uma vez que o revestimento está assentado, é realizada a cimentação do


poço. Essa cimentação preenche com cimento o espaço anular entre a
tubulação de revestimento e as paredes do poço, com o objetivo de fixar a
tubulação, evitando que haja migração de fluidos atrás do revestimento (Rocha e
Azevedo, 2009).
Após a perfuração de cada fase podem ser realizadas perfilagens, com o
objetivo de avaliar a formação, através de ferramentas que permitam a medição
de algumas propriedades das formações.
Essas operações se repetem até todas as fases do poço estarem
concluídas.
Vale ressaltar que a instalação do condutor pode ser feita pelo método
convencional, ou seja, o revestimento é descido e cimentado após a perfuração
do poço com broca, porém também existem outros métodos de perfuração do
início do poço que têm se tornado comuns atualmente, são eles jateamento,
21

neste caso o condutor é posicionado simultaneamente à perfuração, ou base


torpedo, que é um conjunto pesado que é solto promovendo sua cravação no
solo (Rocha e Azevedo, 2009).
Além disso, a perfuração do inicio do poço é caracterizada pela perfuração
sem retorno do fluido de perfuração para a superfície (geralmente é a própria
água do mar), seguindo com a descida dos revestimentos estruturais. Ou seja,
nesses casos ainda não houve a descida e instalação do blowout preventer
(BOP) através do riser de perfuração, que permite que a lama retorne para a
superfície. Esse conjunto riser e BOP é que estabelece a ligação entre o poço e
a unidade de perfuração, sendo instalado somente após o assentamento do
revestimento de superfície (Rocha e Azevedo, 2009).
O BOP é um conjunto de válvulas instaladas na cabeça do poço que
podem ser fechadas em caso de um influxo dos fluidos provenientes da
formação para dentro do poço, denominado kick. Geralmente essas válvulas são
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operadas hidraulicamente por meio remoto e uma vez fechadas, permite que a
equipe de sonda tenha condições de recuperar o controle do poço.
A Figura 5 ilustra dois exemplos, um com uma plataforma semi-
submersível (esquerda) e outro com navio sonda (direita), apresentando o riser
de perfuração conectado ao BOP e este conectado a cabeça de poço.

Figura 4 – Exemplo de Plataformas conectadas a Riser, BOP e Cabeça


do Poço no Fundo do Mar (Fonte: Rocha e Azevedo, 2009)
22

A atividade de perfuração de poços envolve diversas etapas e operações.


Para um bom planejamento e de forma a garantir que as operações sejam
realizadas conforme o esperado é importante mapear os problemas inerentes à
atividade e tentar quantificar e inserir o impacto desses problemas no projeto
através de uma gestão de riscos. Alguns exemplos de problemas típicos
encontram-se no Apêndice I.

2.2.
Atividades de Completação

Após a finalização da perfuração do poço, a próxima etapa é a


completação, que é a interface entre o reservatório e a superfície, tendo como
objetivo deixa-lo em condições de operar de forma segura e econômica
(Bellarby, 2009).
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A completação consiste em equipar o poço permitindo que ele produza o


fluido desejado (óleo ou gás), ou injete fluidos no reservatório. Ela ocorre através
da instalação de equipamentos dentro e fora do poço, sendo estes responsáveis
pelo controle da vazão dos fluidos, aquisição de dados, elevação artificial, entre
outros (Silva, 2013).
A atividade de completação pode ser classificada de algumas formas,
sendo elas (Thomas, 2001):
• Quanto ao posicionamento da cabeça do poço, podendo ser na
superfície (completação seca) ou no fundo do mar (completação
molhada).
• Quanto ao revestimento de produção, podendo ser a poço aberto (a
perfuração é concluída até a profundidade final sem descida de
revestimento e cimentação, então o poço é colocado em produção
com a zona produtora totalmente aberta), com liner canhoneado1 e
com revestimento canhoneado.
• Quanto ao número de zona explotadas. A completação pode ser
simples (uma única coluna de produção é descida no interior do
revestimento de produção), seletiva (somente uma coluna é
descida, mas ela é equipada de forma a produzir em mais de uma

1
Canhoneio é uma operação em que, por meio de cargas explosivas, são
realizadas perfurações de orifícios no revestimento, cimento e formação adjacente de
forma a estabelecer um canal de fluxo entre a formação e o interior do poço (Fernández,
Pedrosa Junior e Pinho, 2009).
23

zona por vez) ou múltipla (permite produzir simultaneamente duas


ou mais zonas através de duas colunas de produção), conforme
apresentado na Figura 6.
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Figura 5 – Completação Quanto ao Número de Zonas Explotadas


(Fonte: Frydman, 2013)

A completação de um poço envolve diversas operações, podendo destacar


cinco etapas (Thomas, 2001), conforme ilustrado na Figura 7.

Figura 6 – Etapas de Perfuração de Poços (Fonte: Elaborado pela


Autora, 2014)

A primeira etapa é o condicionamento do revestimento de produção, que


consiste nas seguintes atividades: retirar a capa de abandono (caso o poço
tenha sido abandonado após sua perfuração), limpar a cabeça de poço e instalar
o BOP conectando-o diretamente à cabeça de poço, conforme ilustrado na
Figura 8. Assim o poço estará em condições de receber os equipamentos
necessários. Após o condicionamento, o revestimento de produção passa por
testes de estanqueidade e o fluido que se encontra no interior do poço é
substituído pelo fluido de completação.
24

Figura 7 – Descida de Coluna com Broca e Raspador para


Condicionar Revestimento de Produção (Fonte: Frydman, 2013)

A etapa seguinte consiste na avaliação da qualidade da cimentação de


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forma a se comprovar sua vedação. Para avaliação da qualidade da cimentação,


são utilizados perfis acústicos, que medem se o cimento está aderente ao
revestimento e a formação.
Concluída essa etapa, segue-se para o canhoneio da zona de interesse,
que permite a comunicação do interior do poço com a formação produtora,
perfurando o revestimento utilizando cargas explosivas. Essas cargas descem
no poço através de canhões, que são cilindros de aço com furos, conforme
ilustrado pela Figura 9. Esta etapa só ocorre nos poços revestidos, pois se a
completação for a poço aberto, não há canhoneio. Nos poços abertos, em geral,
se utiliza a técnica de gravel pack (Open Hole Gravel Packing – OHGP), que
consiste na descida de um conjunto de telas no poço, depositando areia ou
cerâmica de granulometria conhecida (gravel) entre a tela e a formação, de
forma a obter um pacote compacto que funciona como um filtro de areia, não
permitindo sua entrada para dentro do poço (Barreto et al., 2007). O gravel tem a
função de reter a areia da formação, e a tela de reter o gravel.
25

Figura 8 – Canhoneio (Fonte: Frydman, 2013)


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Com o poço canhoneado, instala-se a coluna de produção. Ela constitui de


tubos metálicos, onde são conectados os demais componentes, e desce pelo
interior do revestimento de produção. É através da coluna de produção que os
fluidos produzidos são conduzidos até a superfície.
Por fim, coloca-se o poço em produção através da redução hidrostática do
fluido de completação a uma pressão menor do que a da formação, podendo ser
feitas de algumas formas, como por exemplo, indução por válvulas de gás-lift,
substituição do fluido da coluna por outro fluido mais leve, entre outros.
Finalizada a completação, instala-se a árvore de natal molhada (ANM)2
suportada pela cabeça do poço, realizando a barreira no topo da coluna de
produção através do controle do fluxo de fluidos na superfície.

2.3.
Recursos e Logística

Esta seção destacará duas questões fundamentais para as atividades de


construção de poços, sendo elas: a sonda que realizará a construção
propriamente dita e a logística por trás das atividades de perfuração e
completação.

2
Árvore de Natal Molhada é um equipamento submarino composto por um
conjunto de válvulas operadas remotamente por acionadores hidráulicos, sensores de
pressão e temperatura. É instalado na cabeça do poço de completação molhada, no leito
marinho (Fernández, Pedrosa Junior e Pinho, 2009).
26

2.3.1.
Sonda Marítima

A perfuração de poços marítimos é realizada através de sondas de


perfuração. Estas podem ser de vários tipos, como por exemplo, plataformas
fixas, plataformas auto-eleváveis (PA) e sondas flutuantes (sonda semi-
submersível – SS e navios sonda – NS), vide Figura 10.
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Figura 9 – Tipos de Sondas Marítimas (Fonte: Thomas, 2001)

Em termos de perfuração, essas sondas possuem um aspecto diferente


com relação ao posicionamento do BOP. Para as plataformas fixas e PAs, o
BOP é posicionado na superfície, enquanto nas SS e NS fica no fundo do mar.
Já com relação à ancoragem das colunas de revestimento, ela é sempre
realizada no fundo do mar para qualquer um dos sistemas, de forma a evitar
sobrecarga na sonda.
Para identificação do tipo de sonda mais adequado ao projeto algumas
condições devem ser analisadas, como lâmina d´água, condições de mar, relevo
do fundo do mar, finalidade dos poços, disponibilidade de apoio logístico, entre
outras (Thomas, 2001).
Essas sondas possuem diversos sistemas, sendo um conjunto de
equipamentos e acessórios utilizados para permitir a perfuração dos poços. De
acordo com Thomas (2001) e Silva (2013), em geral os sistemas são de:
27

elevação de cargas (sistema utilizado para descer e retirar as tubulações do


poço); geração e transmissão de energia para funcionamento da sonda; rotação
da coluna de perfuração (conjunto de equipamentos que permitem a rotação da
coluna de perfuração, a injeção do fluido de perfuração na coluna e a rotação da
broca); circulação de fluidos (equipamentos que permitem a circulação e o
tratamento do fluido de perfuração); posicionamento (ancoragem ou
posicionamento dinâmico); segurança do poço (serve para garantir que o poço
não entre em fluxo possuindo duas barreiras, sendo a primeira o fluido de
perfuração ou de completação e a segunda o sistema de segurança de cabeça
de poço); monitoração (controle das operações e equipamentos através de
painel que visualiza os diversos parâmetros operacionais).

2.3.2.
Logística
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Um projeto de desenvolvimento da produção geralmente engloba mais de


um poço, então deve prever a movimentação da sonda tanto da base terrestre
até o primeiro poço quanto a movimentação entre os poços.
No mar, essa mudança da sonda para a nova locação é conhecida como
DMM (desmobilização, movimentação e mobilização) e consiste na preparação
da sonda para que possa se locomover por intermédio de rebocadores ou por
propulsão própria, seguida de sua movimentação para nova locação (Thomas,
2001).
As sondas devem ter capacidade para estocagem dos revestimentos, bem
como para suportar o peso e o volume dos equipamentos e dos fluidos de
perfuração ou completação (Okstad, 2006).
Durante as operações de perfuração e completação esses consumíveis
vão sendo utilizados, necessitando, portanto de embarcações de apoio para
repor os materiais e fluidos em mar. As embarcações de apoio evitam que a
sonda tenha que se deslocar para a base em terra para reposição desses
materiais.
Em vários casos mais de uma sonda é alocada para execução das
atividades de poços do projeto, necessitando de um maior controle no dia a dia
das operações para não ter interferências entre sondas (Rovina e Borin, 2005).
Portanto, logística é uma questão fundamental que, não sendo bem
planejada, traz complicações, impactando severamente as durações e
consequentemente os custos dos projetos.
28

2.4.
Incertezas e Riscos no Contexto de Construção de Poços Marítimos

As atividades de perfuração e completação de poços marítimos cada vez


mais ocorrem em cenários complexos e dependentes de diversos fatores para
obter sucesso. Então, analisar e desenvolver essas atividades sem pensar nas
incertezas inerentes a essa indústria é um risco alto para as companhias de
petróleo.
Desta forma, esta seção tem como objetivo explicitar a importância da
análise de risco no contexto de construção de poços (Subseção 2.5.2).
Primeiramente serão explicados alguns conceitos gerais sobre incertezas e
riscos em gestão de projetos (Subseção 2.5.1).

2.4.1.
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Conceitos Gerais de Incertezas e Riscos

Como há diversas definições na literatura sobre os significados de


incerteza e risco e algumas delas são até divergentes, é pertinente destacar as
definições que serão adotadas no decorrer desta dissertação.
Foi adotada a definição do Instituto de Gerenciamento de Projetos (Project
Management Institute - PMI), que é uma das maiores associações para
profissionais de gerenciamento de projeto existentes atualmente.
Segundo a definição do PMI (2013), risco em um projeto é um evento ou
condição de incerteza que, se ocorrer, terá um efeito positivo (oportunidade) ou
negativo (ameaça) em pelo menos um objetivo do projeto, tal como escopo,
tempo, custo e qualidade. Esse risco pode ter uma ou mais causas e, se ocorrer,
pode ter mais de um impacto.
Reforçando a definição acima, para Rollim (2012) existem três tipos de
situações, conforme pode ser visto na Figura 11. No lado esquerdo do espectro,
encontra-se a situação de total incerteza. Neste ambiente o gerente de projeto
não tem qualquer informação sobre o evento em questão (unknown-unknowns),
seja por não ter histórico ou porque não há a menor indicação de ocorrência
daquele evento. Já no lado direito é a situação oposta, de total certeza, onde o
gerente se encontra em um ambiente que contém a informação completa do
evento (knowns).
O caso mais comum é o posicionamento do gerente de projeto na situação
em que ele tem a informação parcial do evento, ou seja, um ambiente com a
29

presença de riscos que ele consegue estimar, com certa precisão, suas
consequências e sua probabilidade de ocorrência (known-unknowns).

Figura 10 – Espectro de Incertezas (Fonte: Rollim, 2012)


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Por natureza, projetos são sujeitos a incertezas. Essas incertezas estão


presentes em todo o ciclo de vida do projeto, porém maior destaque se dá nas
fases antes do início da execução.
Se o sucesso de um projeto é medido em termos de atingimento do custo
prometido, ou do prazo estimado, ou de qualquer outra meta, então os riscos
devem ser definidos e estudados com base nas ameaças ao sucesso desse
planejamento e em suas oportunidades de alavancar o negócio, considerando o
tamanho esperado dos desvios (negativo ou positivo) e de sua probabilidade de
ocorrência (Chapman e Ward, 2003).
Ainda segundo Chapman e Ward (2003), a maioria das atividades de
gerenciamento de projetos está preocupada em gerenciar incertezas desde o
início do ciclo de vida de um projeto. Eles entendem que incerteza se dá em
parte devido à variabilidade das medidas de desempenho, como custos, duração
ou qualidade, além também de ambiguidade associada a diversos fatores, como
falta de dados, detalhes, estrutura para tratar problemas, entre outros motivos.
Para entender melhor como esses riscos impactam determinados
processos, a realização da gestão de riscos (e incertezas) tem se tornado
fundamental. Esse gerenciamento de risco permite a identificação das
consequências indesejáveis ou desejáveis de um evento, permitindo minimizar
os resultados negativos e maximizar os positivos, dando suporte ao processo de
decisão.
30

Segundo o PMI (2013), são seis os processos de gerenciamento de riscos


em projetos, conforme apresentados na Figura 12.

Figura 11 – Processos de Gerenciamento de Riscos de Projetos


(Fonte: Adaptado de PMI, 2013)

O objetivo principal do processo de planejamento do gerenciamento de


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riscos é definir como será o gerenciamento de riscos durante toda a vida útil do
projeto. É neste momento que se decide como os demais processos irão
acontecer.
Já o processo de identificação dos riscos consiste na determinação dos
riscos que irão afetar o projeto, sejam eles oportunidades ou ameaças. Cada
risco identificado deve ter documentado suas características.
A etapa de análise de riscos contempla tanto a realização da análise
qualitativa quanto a quantitativa. O objetivo da análise qualitativa é priorizar os
riscos identificados na etapa anterior, através das combinações de suas
probabilidades e impactos. Já a análise quantitativa visa avaliar os efeitos dos
riscos priorizados em todos os objetivos do projeto, atribuindo números a essa
análise. Essa análise pode ser determinística ou estocástica.
A etapa de planejar respostas aos riscos envolve identificar e
estabelecer ações para alavancar as oportunidades e reduzir as ameaças ao
projeto. No caso de ameaças, essas ações podem ser estabelecidas de forma a
evitar (eliminar) que o evento aconteça, de mitigar, ou seja, diminuir o impacto de
um evento de risco e/ou a sua probabilidade ou até mesmo de aceitar o risco,
aceitando assim suas consequências.
Por último, o processo de monitorar e controlar os riscos visa garantir
que as três etapas anteriores ocorram conforme o planejado, implementando
planos de resposta a riscos, monitorando os riscos identificados e residuais,
identificando novos riscos e avaliando a efetividade do processo em todo o
projeto.
31

Não é objetivo desta dissertação detalhar todo o processo de


gerenciamento de risco e aplicá-lo ao estudo de caso. O foco será dado somente
nas etapas de identificação e análise quantitativa dos riscos, a serem detalhadas
no Capítulo 4.

2.4.2.
Análise de Incertezas e Riscos em Construção de Poços

O desenvolvimento de um campo de petróleo e gás, e, especificamente a


área de construção de poços, requer altos investimentos. Em alguns casos, o
tempo associado às atividades de perfuração e completação representa 70 a
80% do custo total de um poço, devido ao alto custo diário das sondas (Coelho
et al., 2005). Apesar da importância dos custos de poços para a indústria de
petróleo, suas estimativas têm sido um processo impreciso (Leamon, 2006).
Leamon (2006) acredita que essas dificuldades são provenientes da
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unicidade de cada perfuração, uma vez que equipamentos, pessoas, condições


meteorológicas, geologia, falhas, taxas de mercado, lições aprendidas, entre
outros, variam e impactam de diferentes formas os custos dessas atividades.
Todas essas questões constituem incertezas que muitas vezes são
ignoradas ao se planejar um desenvolvimento da produção. Ainda é muito
comum na indústria a utilização de uma abordagem determinística, onde se
pressupõe um conhecimento exato dos valores que irão compor seu projeto.
Porém, com a realidade atual, onde os projetos cada vez mais se
encontram em um cenário complexo, em águas profundas e ultras profundas,
analisar as incertezas inerentes aquele tipo de atividade torna-se fundamental
para o planejamento das empresas e para o sucesso do projeto.
Não é de se espantar que nas últimas décadas, a área de Exploração e
Produção de petróleo vem se preocupando cada vez mais em avaliar e
quantificar as incertezas dos projetos (Accioly, 2005). Afinal de contas, eventos
inesperados vão ocorrer durante as atividades de poços.
Essas incertezas podem ser provenientes de diversas fontes. Na indústria
de petróleo, elas costumam ser técnicas ou operacionais (tempo de perfuração,
produtividade dos poços, volume das reservas, etc), econômicas (preço do óleo,
taxa diária de sondas, entre outros), estratégicas (comportamento do
concorrente) e, ainda, socioambientais (Petrobras, 2013).
Para entender melhor como essas incertezas impactam determinados
processos, é imprescindível a realização de uma análise de risco. Segundo
32

Cunha (2004) e Cunha, Demirdal e Gui (2005), diversos artigos relacionados às


operações de perfuração já foram escritos, onde diferentes aspectos do
processo foram estudos utilizando análise de risco como uma ferramenta auxiliar
no processo de tomada de decisão. A metodologia a ser considerada para
realização de uma análise de risco será abordada no Capítulo 4, adiante.
Apesar de Chapman e Ward (2003) terem ressaltado que, para avaliar
incertezas de um projeto de forma completa, deve-se considerar tanto as
ameaças quanto às oportunidades existentes. No contexto dessa dissertação
serão consideradas somente aquelas de caráter negativo e de natureza
técnica/operacional.
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33

3
Estratégias de Construção de Poços

O investimento na construção de poços é considerado um dos mais altos


na indústria de exploração e produção de petróleo (Leamon, 2006). Como seu
custo está extremamente relacionado com a duração de suas atividades, a
identificação de mecanismos, processos e/ou tecnologias que visem a redução
da duração da campanha dos poços (duração total das atividades de construção
dos poços, desde o primeiro poço até a construção do último poço) é
considerada fundamental.
Segundo Hasle et al. (1996), para minimizar o tempo até a produção total
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esperada para o desenvolvimento do campo, deve ser dada importância para o


sequenciamento das atividades de perfuração e completação dos poços, bem
como para a definição da posição de suas cabeças de poço.
Além disso, outra atividade destacada por Hasle et al. (1996) é a
maximização da utilização das sondas de perfuração, uma vez que são recursos
críticos. Para tal, os autores entendem que deve ser minimizado o tempo de
movimentação da sonda e o tempo que a sonda não está sendo utilizada, além
do tempo que ela está sendo utilizada em atividades que poderiam ser
executadas por outros recursos.
Desta forma, para levar em consideração todas essas questões, a escolha
da estratégia de construção de poços a ser utilizada no projeto é de suma
importância. O objetivo deste capítulo é apresentar duas diferentes estratégias,
detalhando suas características.
Assim, a Seção 3.1 abordará a estratégia de construção de poços
sequencial, onde a perfuração e completação ocorrem poço a poço. A Seção 3.2
explicará a construção de poços seriada, onde a perfuração e a completação
ocorrem por blocos. E, por fim, a Seção 3.3 fará uma comparação entre as
estratégias, ressaltando as principais diferenças.
Vale ressaltar que nem sempre é possível a escolha de uma dessas
estratégias, a depender da complexidade e característica do campo a ser
desenvolvido, bem como o objetivo principal da companhia.
Existem diversos estudos e novas tecnologias que possibilitam a redução
do tempo de construção de poços, porém o foco dessa dissertação será na
34

redução dos tempos através dos diferentes métodos de sequenciamento das


atividades.

3.1.
Construção Sequencial dos Poços

A estratégia de construção sequencial de poços é a forma convencional de


se realizar as atividades de perfuração e completação. É o método mais comum
até hoje e o mais utilizado entre as companhias de petróleo, principalmente em
poços terrestres.
Conforme detalhado no Capítulo 2 desta dissertação, as atividades de
perfuração são quebradas para cada fase existente no poço. E, depois de
realizadas essas fases, o poço é completado.
Essa estratégia consiste na realização dessas atividades de forma
sequencial. Ou seja, as etapas de perfuração por fase (perfuração, revestimento,
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cimentação) e completação são todas feitas, uma em seguida da outra, para o


mesmo poço. Ao finalizar todas as atividades, segue-se para o poço seguinte,
conforme ilustrado na Figura 13.

Figura 1 – Ilustração de Construção Sequencial dos Poços (Fonte:


Elaborada pela Autora)

Para exemplificar, conforme ilustrado na Figura 14, foi criado um projeto


com poços de três fases e a seguir será explicada como ocorrem as atividades
de perfuração e completação dos poços.
35

Figura 2 – Exemplo de Construção Sequencial dos Poços (Fonte:


Elaborada pela Autora)
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Como pode ser visto na figura, as atividades de poços iniciam-se com a


perfuração da primeira fase do primeiro poço, em seguida perfura-se a segunda
fase do mesmo poço, desce o BOP e perfura a última fase do poço. Uma vez
finalizada a etapa de perfuração, é começada a completação, sendo finalizada
com a retirada do BOP e instalação da ANM. Concluída a construção do primeiro
poço, se a Unidade de Produção (UEP) já estiver em sua locação, o poço já
poderá ser interligado à plataforma e começar a produção. Se não estiver, o
poço deve ser temporariamente abandonado até que a UEP esteja pronta para
recebê-lo.
Em seguida, a sonda é desmobilizada e movimentada para o segundo
poço para realizar as mesmas atividades. E assim segue até finalizar a
construção do último poço daquele projeto de desenvolvimento da produção.
Para executar essas atividades nessa sequência, a sonda de perfuração
deve ser constantemente equipada com recursos de forma a atender as
necessidades de materiais em cada fase, repetindo-se esses requerimentos para
cada poço.
Além disso, cabe observar que é necessária a descida e retirada do BOP
para cada poço, resultando em tempos de manobra altos.
A principal vantagem dessa estratégia é a entrada mais rápida dos poços
em produção, uma vez que cada poço é finalizado antes de começar as
atividades no poço seguinte. Para o desenvolvimento de um campo de petróleo,
que requer altos investimentos, a entrada dos poços em produção o quanto
36

antes é extremamente importante, pois, além de significar o retorno desses


investimentos, em determinados casos pode viabilizar o projeto.
Outra grande vantagem é a flexibilidade de se mudar o posicionamento
dos poços ainda não perfurados, uma vez que eles ainda não estão
comprometidos, para buscar o posicionamento ótimo que permita uma maior
eficiência de recuperação do óleo e ou gás, trazendo assim maior valor ao
projeto.

3.2.
Construção de Poços Seriada

A estratégia de construção de poços em série tem sido vista como uma


alternativa à estratégia de construção sequenciada, devido as suas
possibilidades de redução de tempo na campanha dos poços.
Porém, ainda não é bastante utilizada, pois esse método de
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sequenciamento das atividades depende de algumas características do projeto e


por isso nem todos conseguem adotar essa estratégia. Essas questões serão
explicadas adiante, mas antes é necessário entender o que consiste uma
construção de poços seriada.

3.2.1.
Conceito e Características Gerais

De forma geral, essa estratégia consiste em executar as fases dos poços


em blocos, reduzindo custos operacionais através da repetição de tarefas em
modo sequencial com uma sonda preparada unicamente para essa operação
(Valdez e Fleece, 2005).
É importante destacar que a definição de quais blocos serão perfurados
em série depende da análise de cada projeto individualmente, contemplando
suas restrições e os possíveis benefícios. A Figura 15 ilustra alguns tipos de
combinações possíveis de divisão de blocos para a construção seriada.
37

Figura 3 – Algumas Combinações Possíveis Para Construção de


Poços Seriada (Fonte: Elaborada pela Autora)

Para exemplificar um caso de construção em série onde cada bloco é uma


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fase, um projeto com apenas três poços e cada um com três fases será
explicado através das Figuras 16, 17, 18 e 19.

Figura 4 – Ilustração da Perfuração Seriada da Fase 1 dos Poços


(Fonte: Elaborada pela Autora)

Conforme pode ser visto na Figura 16, na construção em série a


perfuração é separada por fases. Em todos os casos citados nesta subseção, lê-
se “perfuração” como sendo as atividades de perfuração, revestimento e
cimentação da fase em questão. Então, primeiramente a sonda perfura a
primeira fase (condutor) de todos os poços do projeto. Como as atividades da
sonda neste momento estão focadas na primeira fase, a sonda precisa ser
equipada com recursos destinados somente a essa fase.
Em seguida, a sonda é preparada para começar a perfuração da segunda
fase (superfície) e movimenta-se por todos os poços executando somente esta
fase, conforme pode ser visto na Figura 17.
38

Figura 5 - Ilustração da Perfuração Seriada da Fase 2 dos Poços


(Fonte: Elaborada pela Autora)

Finalmente, uma vez acabada a segunda fase, inicia-se a terceira fase


também com a preparação da sonda para realização de tal etapa. O bloco
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apresentado na Figura 18 consiste na perfuração somente da terceira fase


(neste caso é o revestimento de produção, mas se fosse um poço com quatro
fases, essa fase seria a intermediária) de todos os poços.
Uma observação importante neste momento é a questão do BOP. Antes
de iniciar a perfuração deste bloco é necessária a descida e instalação do BOP
ao primeiro poço. Uma das características básicas dessa estratégia de
construção de poços é a proximidade que uma cabeça de poço tem que ter das
outras (essa questão será melhor explicada mais adiante), de forma a permitir
que o BOP seja movimentado debaixo da água entre esses poços,
economizando em tempo de manobra. Para tanto, é necessário que cada poço
seja temporariamente abandonado ao se remover o BOP.
39

Figura 6 - Ilustração da Perfuração Seriada da Fase 3 dos Poços


(Fonte: Elaborada pela Autora)
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Por fim, inicia-se a preparação da sonda para a atividade de completação


dos poços. Este último bloco é apresentado na Figura 19, onde começa a
completação de cada poço. Neste caso também se obtém o ganho de
movimentar o BOP entre os poços debaixo da água. Como o poço estará pronto
para produzir, se a Unidade de Produção estiver na locação, ao invés de
abandonar o poço temporariamente, conforme for finalizando a construção dos
poços, eles já poderão ser interligados a plataforma e sua respectiva produção
poderá ser iniciada.

Figura 7 - Ilustração da Completação Seriada dos Poços (Fonte:


Elaborada pela Autora)
40

Este exemplo apresenta apenas uma forma de se agrupar os blocos para


execução da construção seriada, porém esses blocos podem ser agrupados de
forma a trazer maiores benefícios ao projeto, conforme comentado
anteriormente. Existem diversas combinações que podem ser feitas, como por
exemplo, construção em série somente nos revestimentos estruturais (fases 1 e
2), série da etapa de completação em conjunto com o bloco da perfuração da
fase de produção, entre outras.
No caso de aplicar a construção seriada para as fases intermediárias e de
produção de um poço, uma característica dessa estratégia de construção de
poços é a necessidade da posição das cabeças de poço estarem perto uma das
outras para obter o ganho da movimentação do BOP. Assim, não será perdido
tempo de sonda, recurso este de alto custo, com manobras de subida e descida
do BOP em cada poço, podendo o equipamento ser deslocado por debaixo da
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água.
Esse agrupamento de cabeças de poço forma o denominado cluster, ou
como também é conhecido, drill center. A formação de clusters ajuda a reduzir o
tempo gasto com deslocamentos da sonda entre os poços. Podem existir
projetos que possuam mais de um cluster. Conforme comentado por Martin,
Walters e Woodard (2010), para o caso de projetos que tenham uma quantidade
considerável de poços é desejável a formação de diversos clusters para fazer
melhor uso dessa estratégia de perfuração. E nesses casos, é recomendável
que a série ocorra de cluster para cluster para minimizar as movimentações de
sonda entre os clusters.
Ainda sobre clusters, segundo os autores, os poços devem ser alocados
de forma a dar flexibilidade para a perfuração seriada, permitindo a
movimentação e acesso da sonda de perfuração a todas as cabeças de poço,
minimizando assim os riscos de operação com a sonda.
Cabe ressaltar que ao realizar a construção em série considerando um só
bloco (apenas um cluster), o tempo total de construção dos poços será mais
rápido do que se existirem diversos clusters, pois reduziria algumas
movimentações de descida e subida de BOP e riser e otimizaria a logística e
utilização de recursos, como o gerenciamento dos fluidos, por exemplo. Porém,
ter diversos clusters trás flexibilidade de reservatório, ou seja, através do
conhecimento adquirido no primeiro cluster, alterações podem ser realizadas nos
demais clusters de forma a obter os melhores resultados.
41

3.2.2.
Considerações Sobre a Perfuração Seriada

Algumas empresas vêm adotando a estratégia seriada em seus projetos e


têm obtido ganhos importantes em sua campanha de poços, e,
consequentemente, em seus custos. Por ser um método ainda não tão comum,
foi realizada uma revisão bibliográfica sobre esse tema e serão destacados
abaixo alguns casos de sucesso e suas considerações.
No caso de Gray, Hall e Mu (1996), foi realizado um programa de
perfuração em série no desenvolvimento do campo de óleo no mar do Sul da
China. A operação seriada consistia em duas fases, sendo a primeira a seção do
condutor (realizada de uma só vez) e a segunda as seções seguintes (feitas em
grupo), que foram perfuradas em conjunto para minimizar a quantidade de
conexões do BOP à cabeça de poço. Inicialmente estavam previstas a
perfuração de apenas 5 poços neste esquema, mas devido a eficiência do
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programa, mais poços também foram perfurados com essa estratégia.


De todo o tempo economizado na duração das perfurações, pode-se
atrelar ao modo de operação seriada a redução de 4,5 dias por poço, e, isso
ocorreu em grande parte pela natureza desse método de operação. Dois pontos
de destaque são:

• O BOP e o riser de perfuração foram manobrados apenas duas


vezes, porém foram utilizados em 10 poços. Ou seja, eles foram
mantidos e movimentados de poço a poço debaixo da água. Isso
representou um ganho de aproximadamente 13 dias de tempo de
sonda.
• Repetição das atividades. Operações similares foram realizadas
diversas vezes levando a um grande entendimento dos
procedimentos e permitindo que todos os membros da equipe se
familiarizassem com a operação.
Para este projeto, os autores Gray, Hall e Mu (1996) também listaram
algumas questões que consideraram fundamentais para aumentar o ganho da
estratégia seriada:

• Realização de um forte planejamento prévio envolvendo equipes de


perfuração, operações, instalações submarinas e contratados.
• Uso de tecnologia apropriada.
42

• Logística eficiente.
• Supervisão efetiva.
• Rápida implantação das mudanças necessárias.

Outro caso refere-se ao artigo de Vizinat et al. (2013), onde é explorado


um estudo de caso sobre perfuração seriada no desenvolvimento de um campo
no Golfo do México. Neste projeto existiam dois drilling centers, separados por
aproximadamente 5 milhas.
Conforme constatado, a rápida evolução da curva de aprendizado de
perfuração permitiu uma redução na fase de jateamento em 75% e aumentou em
30% a taxa de penetração. O programa foi finalizado 31 dias antes do planejado.
Porém, algumas ações realizadas durante a fase de planejamento foram
fundamentais para o sucesso dessa estratégia. Abaixo são abordadas algumas:
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• Logística: teve uma forte ênfase no planejamento da logística


antes do início do projeto. O grupo de planejamento da operação
reuniu as áreas de logística, a cadeia de suprimento global e a
base em terra no início da etapa de planejamento de forma a
garantir que a capacidade logística iria atender a demanda. Apesar
de haver uma quantidade considerável de equipamentos e
materiais a serem movimentados durante a operação em série, o
foco foi dado para os principais consumíveis que são: lama,
revestimento, cimentação e combustível. Esses requerimentos e as
taxas de consumo de cada poço foram comunicados para o grupo
de suporte de logística para garantir a quantidade de barcos e
caminhões necessários.
• Construção e Operação dos Poços: foi definido um espaçamento
mínimo de 75 pés entre os poços de forma a prover um espaço
suficiente para a arquitetura submarina e uma margem de
segurança na operação.
• Modificações na Sonda: Diversas modificações foram realizadas
na sonda visando maximizar a utilização da unidade.
• Envolvimento dos parceiros e da contratada de perfuração para
gerenciamento de riscos e planejamento de contingências.
43

O projeto detalhado por Blikra et al. (2002), apesar de mais simples, pôde
destacar também as vantagens da realização das perfurações dos poços em
série. O projeto englobou 3 poços, realizando seriada nas seções estruturais de
36” (condutor) e 17 ½” (superfície). A distância entre as cabeças de poços foram
delimitadas em 10 m para permitir movimentação da sonda sem problemas com
a ancoragem. Algumas das vantagens dessa operação em série foram:
• Obtenção de uma curva de aprendizado através da perfuração das
mesmas seções três vezes em cada série pela mesma equipe de
perfuração.
• Uso da mesma sonda de perfuração.
• Redução das operações e de custos de logística.
• Perfuração de todas as seções com água do mar, sem necessidade
de mudança da lama.
• Perfuração das seis seções antes da primeira necessidade de
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descida de BOP.
• Devido a proximidade das cabeças de poço, houve redução do
tempo de manobra com o BOP, pois ele foi movimentado em baixo
da água.

Septiantoro, Bujnoch e Welbourn (2005) destacaram em seu artigo alguns


ganhos obtidos com a operação em série no projeto de desenvolvimento do
campo de óleo localizado ao sul do mar de Natuna. O projeto contava com 16
poços a serem construídos antes da chegada da UEP a locação. Em termos de
planejamento, o direcionador principal foi logística, devido à pequena
disponibilidade de espaço na sonda, uma vez que o processo de perfuração
seriada consome materiais em ritmo acelerado. Eles comentam que, apesar da
dificuldade de se estimar o real impacto dessa operação, acreditam que esse
programa possa resultar em uma potencial economia de tempo de
aproximadamente 20% ao ser comparado a um desenvolvimento sequencial.

Outro caso de sucesso a ser citado foi descrito por Valdez e Fleece (2005).
Eles analisaram a estratégia de perfuração seriada no campo de Atlantis no
Golfo do México. Após o programa, 4 poços foram construídos. Seguem abaixo
alguns pontos considerados extremamente importantes:

• Benefício de movimentar o riser/BOP dentro da água.


44

• A coordenação da logística foi considerada a atividade mais crítica


para esse tipo de operação.
• A comunicação efetiva entre a sonda, coordenação de materiais,
equipe em terra e embarcações de suporte também foi considerada
essencial.
• O risco de ocorrência de fluxo de água rasa foi bastante reduzido,
pois a equipe do projeto foi capaz de executar seus planos de
contingência de maneira efetiva.
• Ao desempenhar operações repetidas (curva de aprendizado),
eficiência e melhores práticas puderam ser alcançadas.
• Diversas tecnologias e procedimentos foram desenvolvidos ou
modificados para possibilitar a execução em série.

O artigo de Flannery e Choo (2008) fala sobre Kikeh, um campo no mar do


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sul da China. Esse desenvolvimento havia uma característica diferente, que era
a disposição de 24 poços em um padrão circular. Várias questões como as já
citadas acima se repetem para este caso, como por exemplo, os desafios
logísticos e operacionais, implementações de lições aprendidas e
desenvolvimento de práticas recomendadas, maximização da curva de
aprendizado através de operações repetidas, entre outros. Eles enfatizam que o
sucesso para esse tipo de operação requer uma forte dedicação da equipe, um
planejamento sólido e uma comunicação clara. Além disso, entendem que
materiais, barcos, logística e a sonda são componentes chave para o processo e
possuem igual importância.

O último artigo analisado (Eaton et al., 2005) é sobre o desenvolvimento do


campo de Magnolia no Golfo do México. Esse projeto considerou a perfuração
de 6 poços em zonas com fluxo de água rasa. A utilização da estratégia de
construção de poços em série foi selecionada para a primeira fase do poço por
diversos motivos, e abaixo estão destacados alguns deles:

• O isolamento do fluxo de água rasa (Shallow Water Flow - SWF)


através do revestimento e cimentação da primeira fase antes de
continuar a perfuração dos poços poderia reduzir fortemente o
impacto em custo caso um SWF ocorresse.
45

• As equipes de perfuração rapidamente absorveriam eficiências das


repetições das atividades.
• O risco de ocorrência de um SWF poderia ser reduzido, uma vez
que a equipe da sonda entenderia e endereçaria melhor o plano
proposto em todos os 6 poços no período de um mês se
contrastado com a perfuração em zonas de SWF uma vez a cada 6
a 8 semanas.
• Redução da probabilidade de ocorrência de incidentes de Saúde,
Meio Ambiente e Segurança (SMS), uma vez que as equipes da
sonda estariam mais cientes dos problemas potencias através das
repetições das atividades.

Antes de iniciar o programa seriado, os fatores de sucesso foram


identificados e priorizados. Questões relativas à SMS foram consideradas as
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mais prioritárias e em seguida as prevenções de problemas de SWF durante as


perfurações, revestimento e cimentação.
A sequência de perfuração foi escolhida de forma a minimizar potenciais
colisões e problemas com interferências magnéticas e a perfurar primeiramente
os poços que tenham menores questões de interferência.
Além disso, foi realizado um grande planejamento das embarcações de
suprimento de matérias para a sonda, de forma a evitar tempo perdido por
espera de material.
Procedimentos detalhados foram preparados antes do início das
operações com participação das equipes de engenharia e operação. Esses
procedimentos foram modificados na sonda depois da perfuração de cada poço
de forma a garantir que o aprendizado do poço anterior seria incorporado no
planejamento. Conforme relatado no artigo, os tempos para perfurar e revestir os
poços foram reduzidos em 40% comparando do primeiro ao último poço.

Como pode ser visto, todos esses projetos que executaram a estratégia de
perfuração seriada obtiveram sucesso em sua implantação adotando iniciativas
muito semelhantes. Em resumo, pode-se destacar as iniciativas relacionadas a:
planejamento adequado; operações de logística eficientes; tecnologia e práticas
de perfuração apropriadas; supervisão efetiva; processo eficiente de gestão de
mudanças; comunicação e envolvimento de todos no processo. Essas questões
são refletidas na redução das durações e consequentemente nos custos do
46

projeto, além dos ganhos relativos à curva de aprendizado e à redução do tempo


de manobra.

3.3.
Considerações Sobre as Duas Estratégias

Com base no que já foi exposto sobre as duas estratégias, nesta seção
será feita uma análise comparativa dos dois métodos, evidenciando suas
diferenças em termos de características e ganhos.
As questões identificadas devem ser levadas em consideração ao escolher
a melhor estratégia a ser adotada. Os itens que serão detalhados e suas
criticidades (relacionadas a importância desse item para a obtenção dos
benefícios da estratégia), encontram-se na Tabela 1.
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Tabela 1 – Características das Estratégias e suas Criticidades (Fonte:


Elaborada pela Autora)

ITEM SEQUENCIAL SERIADA

Posicionamento dos Poços

Planejamento

Logística

Supervisão e Envolvimento de Todos

Gestão de Mudança

Coordenação de Recursos Críticos

Com relação ao Posicionamento dos Poços, é claro que quanto mais


próximas as cabeças de poços estiverem entre elas, melhor será para minimizar
o tempo de deslocamento da sonda entre os poços, independente da estratégia
adotada. Entende-se que essa questão é mais importante para a operação em
série, pois é fundamental a formação de um ou mais clusters, de forma a
47

aproveitar a movimentação do riser e BOP por debaixo da água, reduzindo o


tempo de manobra (subida e descida) desses equipamentos nos poços. Esse
ganho não tem como ser obtido na perfuração sequencial, pois para cada poço
essa atividade de descida e subida do BOP deverá ser realizada. Um
desenvolvimento de produção cuja disposição dos poços não permita essa
proximidade das cabeças de poço se torna menos favorável de se utilizar a
estratégia seriada. É importante destacar que além da cabeça de poço, os alvos
de produção também são fixados, o que requer realizar um planejamento que
terá pouca flexibilidade de mudanças, comprometendo a estratégia de
reservatório, ou seja, comprometendo a maximização do fator de recuperação de
óleo.
A atividade de Planejamento é extremamente importante para ambas as
estratégias. Porém, foi ponderado como mais importante para a seriada, uma
vez que qualquer falha no planejamento pode impactar de forma mais severa o
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sequenciamento das atividades em blocos ou não possibilitar o ganho esperado


dessa estratégia. É fundamental o envolvimento de todas as pessoas relevantes
nesta etapa, como a equipe de operação, geólogos, engenheiros de reservatório,
contratados, entre outros (Boodoo, Dwarkah e Rajnauth, 2003).
A Logística também é outro fator considerado de grande importância para
as duas estratégias, pois qualquer problema pode acarretar em tempo perdido
de sonda, recurso este de alto custo. Mas, novamente, no caso do
sequenciamento da perfuração em série, a logística é considerada uma das
peças chave para o sucesso do programa (Boodoo, Dwarkah e Rajnauth, 2003),
uma vez que consome uma grande quantidade de materiais a passos rápidos e
as embarcações de fornecimento devem estar todas sincronizadas para não
impactar as atividades (Septiantoro, Bujnoch e Welbourn, 2005). Ou seja, a
logística é mais dependente da disponibilidade dos recursos no início de cada
fase. Apesar da criticidade, a estratégia seriada tem um efeito positivo na
logística que é a redução das trocas de fluidos e de equipamentos. Na
estratégia sequencial são necessárias trocas destes fluidos e equipamentos a
cada mudança de fase.
A Supervisão das operações, o Envolvimento de Todos durante o
trabalho e a Gestão de Mudanças são considerados mais críticos para a
estratégia seriada. Neste caso, devido às repetições das atividades em um curto
período de tempo, quanto melhor for a comunicação e a retroalimentação do
processo com as lições aprendidas, mais rapidamente a equipe estará pronta
para evitar problemas e/ou melhorar o desempenho das atividades. O ponto a
48

ser destacado é que a estratégia seriada requer uma rápida resposta aos
problemas e uma rápida implementação de mudanças, cooperação,
comunicação e trabalho em equipe, uma vez que terá menos tempo para iniciar
a mesma atividade no poço seguinte (Boodoo, Dwarkah e Rajnauth, 2003).
Já a Coordenação de Recursos Críticos para a entrada dos poços em
produção é mais crítica para a estratégia sequencial. Como nessa estratégia
executa-se a construção poço a poço, conforme for finalizando um poço este já
estará apto a entrar em produção, então alguns materiais críticos para permitir a
produção do poço devem estar sincronizados para chegarem a tempo de não
atrasar a entrada do poço em produção, como por exemplo, uma árvore de natal
molhada. Assim, essa coordenação de solicitação e chegada dos recursos
críticos para a entrada dos poços em produção se torna mais crítica para a
estratégia sequencial, uma vez que os poços serão concluídos mais rapidamente
do que os poços da estratégia seriada, que é feita por blocos. Então para a
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estratégia seriada, permite-se um tempo maior para chegada desses materiais


críticos. Ao dividir os poços em clusters na estratégia seriada, aumenta-se a
criticidade dessa coordenação de recursos críticos, pois os poços vão sendo
finalizados ao fim de cada cluster.
Em resumo, os itens analisados acima têm uma maior criticidade para a
estratégia de construção de poços seriada, com exceção do item de
coordenação de recursos críticos. Apesar disso, vale ressaltar que todas elas
são iniciativas importantes para ambas as estratégias. A questão maior é que
para se obter os ganhos esperados de uma operação em série, se não for dada
a devida atenção a esses pontos, a implantação dessa metodologia pode ser um
fracasso.
Com relação às possíveis vantagens provenientes da aplicação das
estratégias, foi feito um consolidado dos principais indicadores de ganhos,
conforme Tabela 2.
49

Tabela 2 – Potencial de Ganho das Estratégias (Fonte: Elaborada pela


Autora)

ITEM SEQUENCIAL SERIADA

Curva de Aprendizado

Tempo de Manobra do BOP

Troca de Fluidos

Ajuste da Sonda

Duração da Campanha

Entrada dos Poços em Produção

Mudança de Posicionamento dos Poços


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Chegada da UEP a Locação

A duas alternativas permitem ganhos relacionados à Curva de


Aprendizado, através do processo contínuo de planejamento, implementação e
avaliação dos resultados de cada poço (Jacinto, 2002). Porém uma vantagem
maior pode ser vista na estratégia de perfuração em série, pois permite um
ganho adicional de conhecimento ao desempenhar repetidas vezes operações
idênticas, melhorando a performance da sonda e a eficiência da equipe (Valdez
e Fleece, 2005). Esse ganho não será obtido na estratégia de perfuração em
sequência, pois a sonda só voltará a executar as atividades semelhantes as já
realizadas em um determinado poço após a finalização do poço anterior.
A redução do Tempo de Manobra do BOP é um ganho específico da
estratégia seriada, pois aproveita a movimentação do riser/BOP por debaixo da
água, reduzindo o tempo de subida e descida desses equipamentos nos poços.
Esse ganho não tem como ser obtido na perfuração sequencial, pois para cada
poço essa atividade de descida e subida do BOP deverá ser realizada.
Outro ganho está relacionado à Troca de Fluidos. Na operação
sequencial, ao se perfurar cada fase é necessária a troca dos fluidos de
50

perfuração ou completação, a depender do caso, e essa atividade será feita em


todos os poços. Então, essa vantagem pode ser obtida na operação seriada,
onde as trocas são reduzidas uma vez que todas as perfurações acontecem por
fase dos poços e, além disso, durante a perfuração de uma mesma fase ou
completação, o fluido é reutilizado, precisando apenas ser tratado.
Semelhante ao ganho relacionado à logística de fluidos, também tem o
ganho relativo ao Ajuste da Sonda. Para cada operação, a sonda deve ser
preparada e ajustada para tal. Como na seriada é feito o mesmo tipo de
operação por fase do poço, esse ajuste na sonda é minimizado, pois não requer
trocas de diferentes materiais e equipamentos dentro do mesmo bloco.
Através dos ganhos obtidos com curva de aprendizado, reduções no
tempo de manobra de determinados equipamentos e nos ajustes da sonda, há
consequentemente um impacto na duração da campanha total dos poços. Então,
pode-se somar aos ganhos relativos à estratégia seriada o ganho de redução da
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Duração da Campanha, o que consequentemente implica em redução do custo


total de poços, uma vez que um percentual grande dos custos de poços está
atrelado a duração das atividades.
Com relação a Entrada dos Poços em Produção, a operação sequencial
é mais favorável se o direcionador do projeto for a entrada mais rápida dos
poços em produção, principalmente no que se diz respeito ao primeiro óleo.
Conforme comentado acima, é de se esperar que a implantação da estratégia de
poços em série reduza a duração de construção total dos poços, porém, como a
perfuração e a completação são realizadas em blocos, os poços demoram mais
a serem completados (último bloco). Sendo assim, eles demoram mais a entrar
em produção. Na estratégia de perfuração sequencial, a medida que se for
finalizando os poços, eles já estarão aptos a entrar em produção. Esse problema
para a estratégia seriada pode ser minimizado ao se quebrar a construção dos
poços em clusters. Assim, os poços vão sendo finalizados ao fim de cada cluster
e não ao final de toda a campanha de poços.
Sobre a Mudança de Posicionamento dos Poços, se a empresa tem
como objetivo maximizar o fator de recuperação de óleo e gás do campo, é
imprescindível que ela tenha flexibilidade para mudar o posicionamento dos
poços, conforme for obtendo mais informações dos poços já finalizados. Desta
forma é mais recomendável perfurar em sequência. Ao fazer seriada, tanto as
cabeças de poços quanto as definições dos alvos de produção dos poços são
fixadas, não permitindo essa flexibilidade. Esse impacto pode ser minimizado na
seriada quando existe mais de um cluster, pois assim os poços podem ser
51

finalizados por cluster e com base nos resultados do primeiro cluster pode-se
alterar o posicionamento dos poços dos demais clusters.
Dependendo do momento de Chegada da UEP à Locação, uma
alternativa torna-se mais favorável à outra. Por exemplo, se existe a
possibilidade de se iniciar a campanha dos poços tendo uma folga até a chegada
da UEP, a questão de entrada rápida dos poços em operação não irá interferir
no tipo de estratégia a ser definida, pois os poços, mesmo que prontos, terão
que ser abandonados temporariamente até a chegada da UEP. Então neste
caso realizar os poços em série não prejudicará os objetivos da Companhia.
Porém, se a UEP estiver pronta no local esperando somente a finalização dos
poços de forma a começar a produção, a estratégia sequencial pode ser a mais
indicada. Então a estratégia a ser adotada deve estar alinhada com a previsão
de chegada da UEP à locação.
Com base nas características e vantagens apresentadas de cada
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estratégia, o projeto deve fazer um balanceamento para identificar aquela que


tem potencial para trazer um melhor resultado, alinhado com os objetivos da
companhia.
Existem também outras iniciativas que são interessantes e trazem
benefícios para ambas as estratégias, mas que não serão abordadas nessa
dissertação, como por exemplo, os ganhos provenientes de utilização de
tecnologias diferentes e mais apropriadas para o tipo de campo a ser
desenvolvido, utilização de sonda alocada especificamente para o projeto e/ou
sonda que tenha dupla atividade, combinação das duas estratégias a depender
da posição ideal dos poços, realização de poço piloto de forma a reduzir as
incertezas nas perfurações, entre outros
52

4
Metodologia para Comparação das Estratégias
Considerando Análise de Risco

Este capítulo tem como objetivo apresentar as noções básicas para


desenvolvimento de um cronograma de forma a permitir as comparações entre
as duas estratégias de construção de poços, bem como detalhar a metodologia
que deve ser utilizada para realizar uma análise de riscos de cronograma.
Assim, esse capítulo está dividido em três seções, sendo a Seção 4.1 com
foco na criação de cronograma, a Seção 4.2 na identificação de riscos e a Seção
4.3 na análise de riscos em si, sendo esta dividida em análise qualitativa e
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quantitativa.

4.1.
Criação de Cronograma

Conforme já comentado, o investimento das atividades de perfuração e


completação de poços é extremamente alto, e grande percentual deste custo
está relacionado à duração das atividades. Assim, para permitir a análise
comparativa entre as duas estratégias de construção de poços, a melhor forma
encontrada foi a criação de dois projetos através de cronogramas. As atividades
para cada projeto serão detalhadas no cronograma e serão definidas suas
ordens lógicas para sequenciamento.
Esses cronogramas serão as bases do processo de análise quantitativa de
risco, portanto é pertinente ter algumas preocupações adicionais no momento de
preparação dos mesmos para cada projeto, são elas (Petrobras, 2014):
• Com exceção da primeira e da última atividade do cronograma,
todas as demais atividades devem ter estabelecidas as relações de
precedência entre elas, de forma que um aumento ou diminuição
na sua duração impacte a data de execução de atividades
posteriores ou mesmo a data de conclusão do projeto.
• O projeto deve conter apenas um marco sem predecessor (o marco
de início de projeto) e um sem sucessor (o marco de término do
projeto), para garantir o fechamento da rede.
53

• As relações de dependência entre as atividades podem ser dos


tipos: término-início (o início da atividade sucessora depende do
término da atividade predecessora), início-término (o término da
atividade sucessora depende do início da atividade predecessora),
término-término (o término da atividade sucessora depende do
término da atividade predecessora) e início-início (o início da
atividade sucessora depende do início da atividade predecessora).
A Figura 20 exemplifica um caso de término-início. É preferencial
que se utilize para o cronograma de risco a relação término-início,
de forma a manter um relacionamento lógico das atividades.
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Figura 1 – Exemplo de Relação de Dependência Entre Atividades


Termino-Início (Fonte: Elaborado pela Autora)

• Os Lags devem ser evitados, pois impossibilitam a representação


dos riscos no período de tempo, e substituídos por atividades. Lags
são modificações de um relacionamento lógico, que gera um atraso
na atividade sucessora.
• As atividades não devem ter restrições de data de início ou término.

Os dois softwares mais comuns atualmente para geração de cronogramas


são Microsoft Project e Primavera.

4.2.
Identificação dos Riscos

O processo de identificação de risco visa mapear os riscos do projeto e


envolve descrever o risco, documentar suas características e entender o
contexto em que ele ocorre.
54

Para as atividades de perfuração e completação dos poços, a etapa de


identificação de risco é considerada relativamente simples, uma vez que
engenheiros dedicados a essas atividades conseguem listar as diversas
situações de incertezas que presenciaram e quais foram as decisões tomadas,
sem necessariamente ter conhecimento de quais poderiam ser as
consequências dos vários resultados possíveis (Cunha, 2004).
Existem diversas formas de se identificar os riscos de um projeto, algumas
delas são listadas a seguir (Rollim, 2012 e PMI, 2013):
• Análise de informação histórica: essa análise pode ser feita
através de listas de verificações com riscos típicos para o projeto,
através de registros de riscos de outros projetos e também pela
Estrutura Analítica de Riscos (EAR), auxiliando na identificação de
onde podem surgir riscos para os projetos.
• Avaliação da documentação do projeto em questão: as
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informações existentes para o projeto em questão também devem


ser estudadas, como por exemplo, Estrutura Analítica do Projeto
(EAP - mapeia todo o trabalho que tem que ser realizado no
projeto), cronograma (contém as restrições de datas), orçamento
(contém as restrições de custos), premissas (fatores ou condições
assumidos como verdadeiros), entre outras.
• Técnicas para geração de ideias: existem algumas técnicas para
aproveitar a experiência e a criatividade dos participantes nesta
etapa do processo, são elas: brainstorming, que consiste em uma
técnica de grupo cujos esforços são feitos para levantar riscos
através de ideias espontâneas, sem qualquer tipo de restrição; a
técnica Delphi, onde os especialistas expressam suas opiniões
isoladamente, evitando que influenciem a opinião de outros;
entrevistas com especialistas das disciplinas do projeto, entre
outros.
• Técnicas para organização de ideias: permitem a identificação de
riscos através da organização das ideias. Duas técnicas utilizadas
são: diagrama de causa e efeito, onde são diagramadas as causas
que impactam um determinado efeito (problema) do projeto e
identificados os riscos que serão agrupados sob essas causas
principais; diagrama de influência, que permite que um grupo de
pessoas identifique, analise e classifique de forma sistemática as
55

causas e efeitos entre várias causas de um risco, de forma a


identificar a causa raiz.

4.3.
Análise de Risco

Uma vez identificados os riscos, transformar esses eventos em


informações é fundamental para a tomada de decisão.
Essas informações serão levantadas frutos de análises de risco, que
podem ser desempenhadas através de análises qualitativas (Subseção 4.3.1)
e/ou quantitativas (Subseção 4.3.2). Além disso, será destinada uma Subseção
(4.3.3) para explicar em detalhes a simulação de Monte Carlo, simulação muito
utilizada na indústria para executar a análise quantitativa.

4.3.1.
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Análise Qualitativa

Ao se realizar alguma das técnicas de identificação de riscos, como


resultado será gerada uma lista contendo diversos riscos. Porém, só devem ser
tratados aqueles que têm maior importância ao projeto.
Então, o processo de análise qualitativa dos riscos tem como objetivo
priorizá-los através das estimativas de probabilidade de ocorrência e das
avaliações do grau de severidade dos impactos dos eventos e outros fatores
como, por exemplo, a janela de resposta e a tolerância da organização para tal
risco (PMI, 2013).
Para esclarecimento, probabilidade de ocorrência refere-se a possibilidade
daquele risco ocorrer no projeto em questão e impacto refere-se ao quanto o
projeto será impactado (negativamente ou positivamente) se o evento de risco
ocorrer (Rollim, 2012).
De acordo com PMI (2013), para realizar essa análise qualitativa, existem
algumas técnicas, tais quais:

• Classificação dos eventos de risco através da combinação de


probabilidade e impacto através de uma matriz. A probabilidade
pode ser definida através de faixas qualitativas de probabilidades
(de muito baixa a muito alta) e um peso a ser utilizado para cada
faixa. A avaliação dos impactos pode ser definida com o auxílio de
56

escalas de impactos atribuindo-se pesos a eles em cada objetivo


do projeto, conforme cada situação ocorra.
• Categorização dos eventos de risco agrupando-os por
características comuns, como por exemplo, pela parte do projeto
que é afetada, pelas causas-raízes, pelo impacto, pela qualidade
dos dados, etc.
• Avaliação da urgência dos riscos. Como os riscos podem ocorrer
durante todo o período de execução do projeto, é importante
analisar o momento que eles potencialmente irão ocorrer, de forma
a identificar suas urgências.
• Julgamento de especialista para avaliar a probabilidade e o impacto
de cada risco e determinar seu posicionamento na matriz de
probabilidade versus impacto.
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4.3.2.
Análise Quantitativa

Uma vez tendo os riscos identificados e priorizados, é iniciada a etapa de


quantificação dos riscos, ou seja, de atribuição de números a eles. O objetivo
principal dessa análise é entender como os riscos mapeados impactam os
resultados do projeto, dando subsídios para tomar a melhor decisão.
Esse processo é fortemente influenciado pelos dados a serem utilizados e
estes podem ser conseguidos de diversas formas, como por exemplo, análise de
dados históricos de projetos semelhantes, avaliação subjetiva, opinião de
especialistas, técnicas de inteligência computacional, entre outros (Jacinto,
2009).
Como pode ser visto em Rollim (2012) e PMI (2013), existem algumas
técnicas usualmente utilizadas para realizar a análise quantitativa de riscos:

• Análise de sensibilidade: variando os dados de entrada verifica-


se a sensibilidade de cada um nos resultados. Essa análise permite
identificar os parâmetros (eventos) que mais impactam nos
resultados e assim aqueles que precisam de maior atenção. Essa
variação dos dados de entrada é estimada considerando casos
pessimistas e otimistas.
• Árvore de Decisão: esse método permite calcular o valor esperado
de um evento futuro considerando as incertezas. O valor monetário
57

esperado de um risco é obtido através da soma dos resultados das


multiplicações das probabilidades e impactos das possíveis saídas
desse evento. A árvore de decisão utiliza um diagrama permitindo
percorrer situações distintas, apresentando as implicações em cada
um dos cenários possíveis.
• Simulação: a quantificação dos riscos através de simulação
utiliza distribuições de probabilidade para avaliar o impacto das
incertezas no projeto. A definição do tipo de distribuição a ser
utilizada para representar cada incerteza deve ser aquela que
melhor ajuste os dados.
Além disso, para cada estimativa deve ser considerada uma faixa
de variação, mesmo não tendo sido identificado nenhum risco, uma
vez que essa variação é inerente à própria estimativa.
Assim, em simulações de cronograma, quando o risco é inserido
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ajustando-se as estimativas de duração das atividades, o risco


impactará a estimativa otimista ou pessimista, a depender se for
uma oportunidade ou uma ameaça. Um exemplo pode ser visto na
Figura 21, onde a atividade original foi representada por uma
distribuição triangular, e, ao aplicar o risco, neste caso positivo e
negativo, a distribuição foi alterada tornando o valor otimista mais
otimista e o pessimista mais pessimista.
O risco também pode ser inserido como um evento probabilístico
dentro do modelo de cronograma, neste caso a localização do risco
no modelo e seu correto sequenciamento são fundamentais.

Figura 2 – Exemplo de estimativas de duração de atividade sem e com


a incorporação de risco (Fonte: Rollim, 2012)
58

Uma das técnicas mais tradicionais para lidar com decisões e análise de
risco sob incerteza é a simulação de Monte Carlo (Coelho et al., 2005). Segundo
Williamson, Sawaryn e Morrison (2006), devido a grande quantidade de
influências incertas ou não conhecidas interferindo nas estimativas de poços,
este método torna-se bastante favorável para aplicação. Desta forma, a análise
quantitativa a ser realizada nesta dissertação será através da simulação de
Monte Carlo, e por isso esse método será mais explorado na Subseção 4.3.3.
É importante ressaltar que, mesmo com as melhores ferramentas de
análise de risco disponível no mercado, os resultados obtidos através da
simulação serão muito dependentes da qualidade dos dados que deram entrada
nesta ferramenta. Então, a etapa de levantamento e análise dos dados é
fundamental e um bom tempo deve ser dedicado a ela para que se possa de fato
confiar nos resultados. Cunha (2004) acredita que esse aspecto é provavelmente
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a razão de não se ter um uso generalizado de análise de risco nas operações de


perfuração.

4.3.3.
Simulação de Monte Carlo

O objetivo desta subseção é explicar o que consiste a simulação de Monte


Carlo, seus pré-requisitos e os conceitos envolvidos. A proposta é apresentar os
conceitos básicos que possibilitem o entendimento e a aplicação no estudo de
caso a ser apresentado no Capítulo 5.
A simulação de Monte Carlo é uma simulação estocástica e consiste em
selecionar aleatoriamente um valor para cada parâmetro de entrada, de acordo
com a distribuição de probabilidade especificada e calcular a saída. Cada grupo
de amostras é denominado iteração. Durante a simulação, uma sucessão de n
iterações ocorre, e em cada caso a saída vai sendo armazenada. Ao término da
simulação, os valores de saída são agrupados e se aproximam de uma
distribuição de probabilidade de possíveis resultados (Peterson, Murtha e
Roberts, 1995).
Essa simulação é muito indicada para modelos cujos componentes
possam ser representados por funções de distribuições de probabilidade (Accioly
e Gonçalves, 2008).
A simulação de Monte Carlo pode ser descrita através de cinco passos,
sendo eles: Definição do Modelo de Análise de Risco; Coleta de Dados;
59

Definição das Distribuições de Entrada do Modelo; Modelagem das


Dependências; e Simulação e Interpretação dos Resultados. Cada etapa será
melhor detalhada com base principalmente no artigo de Williamson, Sawaryn e
Morrison (2006), no livro de Vose (1996) e na apostila de Accioly e Gonçalves
(2008):

a) Definição do Modelo de Análise de Risco


Segundo Vose (1996), um erro muito comum é a tentativa de se construir
um modelo que calcule a média do resultado, ao invés de se criar um modelo
que calcule uma quantidade extensa de cenários e que através destes possibilite
que se calcule a média. Ele ressalta que cada iteração de um modelo de análise
de risco deve ser um cenário que possa efetivamente ocorrer.
Então, para realizar uma simulação de Monte Carlo é fundamental definir o
que se quer analisar, ou seja, as saídas desejadas do modelo e que elas
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representem de fato realidades. Em seguida, deve-se determinar qual é o


escopo da análise e consequentemente quais são as entradas adequadas do
modelo de forma a representar o escopo definido. A Figura 22 ilustra essas
etapas.

Figura 3 – Etapas para Definição do Modelo (Fonte: Elaborado pela


Autora)

O modelo deve ser criado de forma a responder todas as questões de


interesse do projeto. Então, além dos itens destacados na Seção 4.1, que
contém alguns requisitos para elaboração do cronograma para análise de risco,
os pontos descritos abaixo também devem ser considerados.
60

Para Williamson, Sawaryn e Morrison (2006), determinar o escopo da


análise envolve entender o que deve ou não ser incluído no escopo, como por
exemplo, mobilização de sonda, preplanejamento, eventos de intervenção em
poços, entre outros. Além disso, devem ser entendidas quais eventualidades
serão incorporadas ou ignoradas no modelo. Talvez riscos de alta severidade,
como por exemplo, a perda total de uma facilidade de produção ou um
maremoto, devam ser excluídos de uma análise econômica por serem
considerados eventos raros (baixa probabilidade de ocorrência), porém devem
ser comunicados para que os tomadores de decisão tenham a noção completa
do mapa de riscos de seu projeto.
Para definir quais as entradas mais adequadas para representar o escopo
deve-se levar em consideração seu nível de detalhe, ou seja, qual a quantidade
mais adequada de quebras para as atividades. No caso de poços, pode-se citar
como exemplo a quebra em três níveis diferentes: por poço (perfuração total do
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poço), por seção (perfuração total de cada fase do poço) e por atividade
(perfuração, revestimento e cimentação). Cada uma tem suas vantagens e
desvantagens e elas devem ser analisadas cuidadosamente. Quanto maior a
quebra do escopo, mais fácil a análise particular de riscos e incertezas, porém
mais suscetível estará a esquecimento de atividades importantes e de problemas
com correlações dos dados (Williamson, Sawaryn e Morrison, 2006).

b) Coleta de Dados
Para realizar a quantificação das incertezas, será necessária uma coleta
de dados. O conjunto de dados a ser utilizado deve ser grande o suficiente para
representar uma gama de desempenhos e resultados e para minimizar os efeitos
de uma amostragem pequena. Os dados possuem uma grande importância para
a representatividade e coerência dessa análise, então esta só deve ser iniciada
quando tiver uma quantidade razoável de dados disponíveis, com qualidade e
organizados de maneira objetiva (Accioly e Martins, 1992).
Além disso, esse conjunto deve incluir características análogas àquelas
que se pretende estimar, para que os resultados possam ser representativos.
Uma vez em posse dos dados, estes devem ser analisados para verificar sua
consistência e neste momento algumas situações devem ser evitadas, conforme
destacado por Williamson, Sawaryn e Morrison (2006).
Deve-se evitar eliminar pontos considerados não usuais, fora da curva
(outliers), especialmente em estimativas de poços, pois esses pontos podem
representar riscos ou oportunidades e merecem ser investigados.
61

Outra questão está relacionada com a seletividade dos dados, onde é


usual do estimador excluir dados resultantes de desempenhos ruins, por
acreditar que esses eventos não irão mais ocorrer. Aqueles resultados
considerados fracos, mas que são representativos, devem sempre ser
considerados no conjunto final de dados.
Adicionalmente, outro ponto a ser evitado, ou no mínimo ter uma maior
atenção, é com relação à definição de metas desafiadoras e sua incorporação
nas estimativas. Ao misturar esses desafios com as previsões dos dados de
entrada do modelo, acaba tornando-os implícitos nos resultados esperados.
Assim, não só isso se transforma em um problema quando as previsões se
tornam otimistas, mas causa certa confusão ao tentar entender como isso
aconteceu.
Para realizar a análise dos dados, existem algumas técnicas gráficas que
permitem uma maior percepção dos dados e a detecção de pontos afastados
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(fora da curva), são elas (Accioly e Gonçalves, 2008): box-plot, histograma e


densidade.
O gráfico box-plot é um gráfico de caixa utilizado para avaliar a distribuição
empírica dos dados, sendo muito útil para identificar pontos afastados, questões
de simetria e noção de dispersão dos dados.
O histograma já é uma forma gráfica que representa os dados agrupados
em frequências (eixo vertical), permitindo analisar seu formato, o ponto médio, a
variação da distribuição, sua simetria e inclusive a presença de pontos
afastados.
O gráfico de densidade é mais adequado para definir um modelo de
probabilidade que represente os dados. Esse gráfico permite a visualização mais
suavizada de como os dados se distribuem.
Finalizada a análise de dados e definido o conjunto que será utilizado na
análise quantitativa, o próximo passo é entender quais distribuições de
probabilidade melhor se ajustam aos dados.

c) Definição das Distribuições de Entrada do Modelo


Os elementos que devem ser modelados e servirão de entrada para a
simulação são as durações das atividades e os eventos probabilísticos.
Segundo Accioly e Gonçalves (2008), no caso da duração das atividades
geralmente são utilizadas distribuições contínuas (qualquer valor pode ocorrer
dentro de limites definidos) cujos insumos são dados históricos e/ou opinião de
especialistas. Conforme comentado na Subseção 4.3.2 (simulação), para cada
62

estimativa deve ser considerada uma distribuição, mesmo não tendo sido
identificado nenhum risco, uma vez que essa variação é inerente à própria
estimativa. A incerteza pode ser inserida no modelo incorporando-a na
distribuição das durações das atividades ou como um evento de risco, que seria
o segundo caso.
No caso de eventos probabilísticos, eles geralmente são modelados
através de distribuições discretas (define-se valores específicos que podem
ocorrer e sua probabilidade de ocorrência), provenientes da análise qualitativa,
histórico de eventos ou opinião de especialistas (Accioly e Gonçalves, 2008).
A aplicação de distribuições torna a incorporação de incertezas muito mais
realista. Porém, para isso é necessário que sejam contempladas no modelo as
distribuições que melhor ajustem e representem os dados. A forma de ajuste de
uma distribuição de probabilidade varia a depender de como foram obtidos os
dados, se por histórico ou por opinião de especialistas.
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No caso de existirem dados históricos, após a realização da análise dos


dados algumas características importantes já são sabidas. Então, neste
momento deve-se escolher uma distribuição que de fato represente os dados
originais. Existem softwares comerciais que realizam esses ajustes, como por
exemplo, o BESTFIT, R, etc.
Segundo Vose (1996), existem diversos métodos desenvolvidos que
permitem a análise da melhor distribuição que se ajusta aos dados, porém duas
são mais utilizadas: critério de Kolmogorov-Smirnov (K-S), adequado para
distribuições contínuas e critério da Qui-Quadrada, comum para distribuições
discretas.
Nestes testes a distribuição teórica é comparada com a distribuição
empírica, obtida através dos dados e como seu cálculo é obtido a partir da maior
distância encontrada entre as duas distribuições, quanto menor seu valor, mais
perto a distribuição teórica aparenta estar se ajustando aos dados, ou seja,
maior sua aderência.
Existem também alguns métodos gráficos que permitem a comparação
entre os dados e a distribuição ajustada. Eles proveem uma visão mais geral dos
erros de uma forma que os testes estatísticos não conseguem e assim permitem
a seleção da melhor distribuição de um jeito mais qualitativo e intuitivo (Vose,
1996). Um exemplo desse gráfico é o Quantil-Quantil (Q-Q).
No caso de não existirem dados históricos e eles serem obtidos através de
opiniões de especialistas, estas estimativas se tornam subjetivas. Assim, além
da incerteza da variável em si, acrescenta-se também a incerteza devido a
63

alguma falta de conhecimento da variável pelo especialista (Vose, 1996). Para


esses casos, existem diversas técnicas que são úteis, são elas distribuições
triangulares, uniformes, BetaPERT, cumulativas, discreta, entre outras.
Existem diversos problemas e cuidados inerentes à definição de
distribuições com especialistas. Essas questões estão bem detalhadas em Vose
(1996) e não serão explicadas nesta dissertação.
Dessas técnicas, uma de grande uso para modelagem de opiniões de
especialistas é a triangular. Ela é de aplicação rápida, simples e de fácil
visualização. Como essas distribuições possuem domínio fechado, deve-se ter
um cuidado maior na definição dos valores mínimo e máximo, pois ao inserir
essa distribuição como entrada na simulação tem-se a certeza que não ocorrerá
nenhum valor abaixo ou acima dos valores mínimo e máximo, respectivamente
(Accioly e Gonçalves, 2008).
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d) Modelagem das Dependências


Um princípio fundamental de uma análise de risco é que os diversos
cenários resultantes da simulação possam ser de fato vistos na vida real. Então
o modelo deve ser capaz de evitar que alguma iteração resulte em algo que não
pode ocorrer fisicamente (Vose, 1996).
Sendo assim, para Vose (1996), uma das restrições que devem ser
observadas no modelo é a existência de interdependências entre seus
componentes de riscos.
A correlação é uma medida do grau de relação entre duas variáveis
aleatórias. A correlação pode ser positiva (índice próximo de 1) e negativa
(índice próximo de -1). Se não houver correlação o índice resultante do cálculo é
zero.
Segundo Vose (1996), existem três razões para existirem correlações
entre os dados, são elas: existência de relação lógica entre as duas ou mais
variáveis; existência de algum fator externo que afeta conjuntamente as
variáveis; e, existência de correlação por acaso quando não existe correlação de
fato.
Para Williamson, Sawaryn e Morrison (2006), problemas de correlação
ocorrem geralmente quando estimativas separadas são agregadas, exemplo
típico em estimativas de diversos poços.
Para identificar a existência de correlação entre os dados existem diversas
medidas, sendo duas delas a de Pearson e a de Spearman. A de Pearson é
mais utilizada quando a dependência entre as variáveis é linear e para cálculo
64

requer somente os dados a serem comparados e a de Spearman pode


representar qualquer tipo de dependência, e além dos dados, requer a ordem
(posto) dos dados quando comparada aos outros valores.
Segundo Accioly e Gonçalves (2008), o empenho em se analisar a
correlação dos dados e considerá-la no modelo deve existir se há o interesse
nos pontos extremos das distribuições finais, pois é nas caudas dessas
distribuições que ocorrem o maior impacto, causando uma maior ou menor
dispersão dos resultados, dependendo se a correlação for positiva ou negativa,
respectivamente.

e) Simulação e Interpretação dos Resultados


Uma vez finalizada as etapas de identificação de quais são as variáveis de
entrada, de definição de suas distribuições e de verificação da existência de
correlação entre os dados, a próxima etapa é a simulação propriamente dita da
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análise de risco de cronograma.


A simulação de Monte Carlo realiza diversas iterações, onde cada uma
delas significa definir uma amostra de valores para cada variável de entrada, que
combinados geram uma saída. Essa simulação requer um número razoável de
iterações de forma a verificar o impacto das incertezas dos dados sobre os
resultados finais, garantindo a convergência das distribuições de saída (Jacinto,
2009), bem como garantindo que os erros das estatísticas sejam pequenos
(Accioly e Gonçalves, 2008).
Geralmente para rodar essa simulação, devido ao número elevado de
cálculos, é usual utilizar alguma ferramenta ou software disponível no mercado.
Softwares genéricos de Monte Carlo têm sido utilizados por diversas
companhias, como por exemplo, Crystal Ball, @Risk, entre outros.
Após o término da simulação diversas análises podem ser feitas com os
resultados de saída. É importante definir quais são os principais indicadores que
devem ser quantificados, como por exemplo: duração total do projeto, data de
entrada dos poços em produção, data de 1º óleo, probabilidade de atingimento
de alguma data esperada, impacto de determinadas atividades em alguma
variável de saída, entre outros.
Em posse desses resultados, estes devem ser analisados de forma
detalhada e rigorosa, para garantir que os mesmos estejam condizentes com a
realidade.
65

5
Modelagem do Estudo de Caso

Esse capítulo visa apresentar o estudo de caso a ser analisado. Para tal, o
capítulo foi dividido da seguinte forma: Seção 5.1 detalhará as premissas
adotadas e o que estará fora do escopo; Seção 5.2 apresentará as
características dos dados coletados de duração dos poços; Seção 5.3 definirá o
sequenciamento estabelecido para construção dos poços nas estratégias
sequencial e seriada; Seção 5.4 explicará as considerações feitas para
realização da análise de risco; e, Seção 5.5 detalhará a estrutura proposta para
os cronogramas das estratégias sequencial e seriada.
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5.1.
Premissas Gerais

Para o desenvolvimento do estudo de caso algumas considerações


deverão ser feitas para delinear o escopo do projeto e para definir seu conteúdo.
Seguem abaixo as premissas que serão adotadas:
• O projeto considerará a utilização de somente uma sonda, do tipo
navio sonda ou semi-submersível. Ela será dedicada ao projeto,
com disponibilidade exclusiva a partir de determinada data inicial e
com capacidade de realizar a perfuração e completação dos poços.
• Outros barcos de apoio que serão utilizados, sem restrições, são:
o SESV, para lançamento de Base Adaptadora de Produção
(BAP)1 e ANM
o Barco de fluidos
o Barco para transporte de materiais
o Barco de estimulação (Operação de Gravel Packing)
• Os fluidos utilizados para perfuração serão água do mar para as
fases 1 e 2 e fluido sintético para as fases 3 e 4.

1
Base Adaptadora de Produção (BAP) é o primeiro equipamento instalado na
cabeça de poço, concebido para alojar o tubing hanger (que sustenta a coluna de
produção), receber e travar a ANM e receber os hubs de conexão das linhas de
produção e de controle, permitindo que o poço esteja em condições de produção
(Fernández, Pedrosa Junior e Pinho, 2009).
66

• Projeto possuirá 6 poços produtores iguais, cada um com 4 fases,


sendo todos com completação a poço aberto, do tipo Open Hole
Gravel Pack (OHGP). O poço ser aberto significa que não há o
último revestimento, sendo assim, o poço só possui 3
revestimentos.
• Os poços serão agrupados em 2 clusters, cada um contendo 3
poços. A disposição dos poços pode ser vista pela Figura 23.
• A lâmina d´água (LDA) a ser considerada será de
aproximadamente 1.890 metros.
• As cabeças de poço dos poços a serem considerados no projeto
estarão fixas.
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Figura 1 – Disposição dos Poços e sua Divisão em Clusters (Fonte:


Elaborado pela Autora)

Além dessas premissas, é importante destacar o que estará fora do


escopo do estudo de caso. Seguem abaixo os principais pontos:
• Os poços serão dispostos de forma arbitrária, sem consideração de
posicionamento ótimo que busque a melhor recuperação de óleo
(melhor estratégia de depleção do campo).
• O estudo não contemplará análise de custo, bem como de VPL.
• Não será considerada na duração das atividades de construção de
poços uma curva de aprendizado, comum na indústria.
67

5.2.
Característica dos Dados

Para elaboração dos cronogramas serão necessários como dados de


entrada do modelo as durações das atividades de construção de poços
marítimos. Para coletar esses dados será preciso definir algumas características,
são elas:
• Serão coletados dados que se assemelham aos poços do caso
base. Os dados serão provenientes de banco de dados
disponibilizado pela Petrobras. Ao todo serão coletados dados de 6
poços da Bacia de Campos.
• Os poços considerados do estudo de caso serão semelhantes, vide
Figura 24:
o OHGP;
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o Horizontais e produtores;
o Brocas de 36”, 17 ½”, 12 ¼” e 8 ½”;
o Revestimentos de 36” (condutor jateado), 13 3/8”
(superfície) e 9 5/8” (intermediário);
o Comprimento até cada fase: sapata do 36” 1.970 m, sapata
do 13 3/8” 2.540 m e sapata do 9 5/8” 3.280 m;
o Profundidade medida final de aproximadamente 4.400 m,
considerando pequenas variações de +/- 20 metros.

Figura 2 – Ilustração de Poço OHGP (Fonte: Adaptado de Bode,


Hartmann e Kenworthy, 2010)
68

5.3.
Sequenciamento das Atividades

A sequência escolhida para perfuração e completação dos poços foi


estabelecida de forma arbitrária, uma vez que os clusters são simétricos. Cada
poço foi denominado Px, onde x vai de 1 a 6.
Para a estratégia de construção dos poços sequencial, o primeiro poço a
ser construído será o P1. Ao perfurar e completar esse poço, o próximo poço a
ser construído será o P2 e assim por diante até finalizar o P6, conforme pode ser
visto na Figura 25.
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Figura 3 – Sequenciamento da Estratégia de Construção Sequencial


(Fonte: Elaborado pela Autora)

Para a estratégia de construção dos poços seriada, a construção se dará


em blocos e por cluster, ou seja, primeiramente os poços P1, P2 e P3, do cluster
A, serão finalizados e em seguida a sonda será deslocada para o cluster B para
construir os poços P4, P5 e P6.
Dentro do cluster A, a sequência de construção dos poços se dará da
seguinte forma (vide Figura 26):
• Perfuração da Fase 1 dos poços, na ordem P1, P2 e P3;
• Perfuração da Fase 2 dos poços, na ordem P3, P2 e P1;
• Perfuração da Fase 3 dos poços, na ordem P1, P2 e P3;
• Perfuração da Fase 4 dos poços, na ordem P3, P2 e P1;
• Completação dos poços, na ordem P1, P2 e P3.
69

Ao finalizar o último poço do cluster A (poço P3), o cluster B será iniciado


pelo poço P4, seguindo a mesma lógica descrita para o cluster A.
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Figura 4 – Sequenciamento da Estratégia de Construção Seriada


(Fonte: Elaborado pela Autora)

5.4.
Considerações para a Análise de Riscos

Uma vez definidas as características da construção dos poços, algumas


considerações devem ser feitas para realização da análise de risco nos
cronogramas das estratégias de construção de poços sequencial e seriada.
A primeira consideração está relacionada com os tipos de riscos que serão
endereçados. Só serão considerados riscos de natureza técnica/operacional e
de caráter negativo.
Além disso, para representar os impactos das incertezas, os riscos serão
inseridos no cronograma ajustando-se as estimativas de duração das atividades.
Para tal, serão utilizados dados históricos de perfuração e completação. Devido
à pequena quantidade de dados, a proposta é que se utilizem distribuições
triangulares, variando os tempos pessimistas e otimistas com base no tempo não
produtivo, também conhecido como NPT (nonproductive time).
O NPT é um tempo improdutivo geralmente relacionado a condições de
mar, dificuldades operacionais (perdas de circulação, problemas com
equipamentos, entre outros) e indisponibilidade de materiais de perfuração e
completação.
70

A escolha de se utilizar distribuições triangulares está baseada no artigo de


Williamson, Sawaryn e Morrison (2006), onde eles explicam a importância de
cada distribuição de entrada ter sua faixa consistente com a faixa de valores a
serem modelados. Eles entendem que com uma quantidade de dados suficiente,
as durações de poços aparentam seguir uma distribuição log-normal. Além
disso, um gráfico de frequência dos percentuais de NPT de um grupo de poços
também pode superficialmente se aproximar de uma distribuição log-normal.
Entretanto, os autores entendem que ao utilizar a distribuição log-normal para
modelar o percentual de NPT deve-se ter atenção, pois essas distribuições
podem adotar qualquer valor entre zero e infinito.
Williamson, Sawaryn e Morrison (2006) destacam que, em geral, devem-se
favorecer os tipos distribuições simples, como por exemplo, distribuições
uniformes e triangulares. Se uma análise rigorosa dos dados for feita, retirando
aqueles casos extremos que não são representativos e tendo evidências de qual
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seria o valor mais provável, a distribuição triangular deve ser escolhida para os
casos que se tem uma amostra pequena de dados.
Com base nisso, os valores a serem considerados no estudo de caso para
as distribuições triangulares equivaleriam aproximadamente aos percentis2 P10,
P50 e P90 de uma distribuição de tempos perdidos, que seriam os valores de
mínimo, mais provável e máximo, respectivamente. Caso a variabilidade seja
pequena é possível se ajustar os valores definidos, mas o que se procurou fazer
é evitar valores muito extremos de NPT. Desta forma, foi considerado razoável a
utilização de valores P10 e P90.
Assim, as seguintes considerações serão feitas:
• Para o valor determinístico das durações dos cronogramas será
utilizado o valor médio das distribuições.
• Para as atividades de completação inferior e superior serão
consideradas as seguintes variações nas durações para a
distribuição triangular:
o Otimista: Tempo Produtivo + NPT mínimo de 15%
o Mais Provável: Tempo Produtivo + NPT de 25%
o Pessimista: Tempo Produtivo + NPT máximo de 40%
• Para as atividades no cronograma relativas à perfuração e DMM
(sem movimentação do BOP no fundo) em ambas as estratégias e
2
Percentil (Pn) é um valor, no qual, por definição, existe uma probabilidade de n%
de um valor escolhido aleatoriamente de uma gama de dados se encontrar abaixo dele.
Por exemplo, falar que o P50 é de X dias significa que 50% das durações encontram-se
abaixo do valor X (Williamson, Sawaryn e Morrison, 2006).
71

preparo da sonda para execução das atividades de perfuração e


completação na estratégia sequencial, as variações nas durações
para a distribuição triangular serão:
o Otimista: Tempo Produtivo + NPT mínimo de 15%
o Mais Provável: Tempo Produtivo + NPT de 25%
o Pessimista: Tempo Produtivo + NPT máximo de 35%
• Especificamente para a estratégia seriada, as atividades de
preparação da sonda e de DMM com BOP no fundo do mar terão
suas durações máximas da distribuição penalizadas de forma
arbitraria para tentar caracterizar os riscos relativos à logística
inerentes à estratégia seriada. O valor foi arbitrado devido à falta de
dados realizados para esse tipo de estratégia. Então para esses
casos as variações nas durações para a distribuição triangular
serão:
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o Otimista: Tempo Produtivo + NPT mínimo de 15%


o Mais Provável: Tempo Produtivo + NPT de 25%
o Pessimista: Tempo Produtivo + NPT máximo de 70%
• Para os tempos de instalação da ANM e da BAP, será utilizada
uma variação de - 43% (mínimo) a + 71% (máximo) do valor mais
provável. Para estes casos em específico, foram analisadas 50
observações, expurgando-se os casos extremos.

5.5.
Modelagem do Cronograma

Para cada uma das estratégias de construção de poços marítimos será


elaborado modelo específico de cronograma. Os cronogramas serão
desenvolvidos no software Microsoft Office Project 2007.
Para a estratégia sequencial foi definida a estrutura de tópicos ilustrada na
Figura 27. Conforme pode ser visto na figura, o cronograma possui uma
atividade de início do projeto (EDT 1.1) e uma de término da campanha de poços
(EDT 1.14), que serão consideradas as atividades de início e fim do projeto,
respectivamente.
72

Figura 5 – Estrutura de Tópicos do Cronograma da Estratégia


Sequencial (Fonte: Elaborado pela Autora)
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As demais atividades do cronograma são os deslocamentos da sonda


entre os poços e a construção de cada poço em si. Como esse modelo de
cronograma é para a estratégia sequencial, cada poço é construído de forma
integral antes de passar para o próximo poço. O detalhamento do cronograma
da estratégia sequencial encontra-se no Apêndice II.
A modelagem do cronograma para a estratégia seriada segue a mesma
lógica, porém alinhada com a construção de poços seriada. A Figura 28
apresenta a estrutura de tópicos para a estratégia seriada.
Conforme pode ser visto na Figura 28, o cronograma também possui uma
atividade de início do projeto (EDT 1.1) e uma de término da campanha de poços
(EDT 1.7), que serão consideradas as atividades de início e fim do projeto,
respectivamente.
73

Figura 6 – Estrutura de Tópicos do Cronograma da Estratégia Seriada


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(Fonte: Elaborado pela Autora)

As demais atividades do cronograma são os deslocamentos da sonda


entre os poços e a construção dos poços.
Diferentemente da estratégia sequencial, a estratégia seriada realiza a
construção dos poços por cluster e por série, realizando primeiramente todas as
perfurações da primeira fase dos poços de um cluster e assim por diante até
finalizar com a completação desses poços. A partir da perfuração da fase 3 dos
poços foi considerado o deslocamento da sonda com o BOP debaixo da água,
além das atividades de abandono temporário dos poços e reentrada da sonda
nos poços. O detalhamento do cronograma da estratégia seriada encontra-se no
Apêndice II.
74

6
Análise de Resultados

O objetivo principal deste capítulo é apresentar os resultados da análise


determinística e da simulação de risco dos cronogramas, comparando as
estratégias de construção de poços marítimos sequencial e seriada.
Com isso, este capítulo foi dividido em duas seções, onde a Seção 6.1
descreverá os resultados determinísticos (médios) das estratégias e suas
análises e a Seção 6.2 apresentará as características da simulação em si e os
resultados das simulações, mostrando o impacto das incertezas nas estratégias
sequencial e seriada.
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6.1.
Resultados Determinísticos

De posse de todas as informações levantadas, das distribuições de


probabilidade a serem empregadas para as diversas atividades e do cronograma
adaptado, calculou-se a duração determinística de cada atividade com base na
duração média de cada distribuição.
Tendo em mãos os cronogramas com as durações médias devidamente
alocadas a cada atividade, diversos resultados podem ser analisados. Essa
análise será feita de forma a correlacionar os resultados obtidos com os
potenciais de ganhos das estratégias sequencial e seriada expostos na Tabela 2
na Seção 3.3 do Capítulo 3.
Relembrando, os indicadores discutidos nessa tabela foram: Curva de
Aprendizado; Tempo de Manobra do BOP; Troca de Fluido; Ajuste da Sonda;
Duração da Campanha; Entrada dos Poços em Produção; Mudança das
Cabeças de Poço, e; Chegada da UEP a Locação.
Com relação à curva de aprendizado, como não foi incorporado nenhum
ganho nos cronogramas devido a essa questão, este quesito não poderá ser
avaliado.
Além do aprendizado, os itens sobre mudança do posicionamento das
cabeças de poços e de chegada da UEP à locação também não poderão ser
75

avaliados, pois estão relacionados com objetivos e/ou restrições da Companhia,


casos esses que não estão sendo considerados no estudo de caso.
As Subseções 6.1.1, 6.1.2, 6.1.3 e 6.1.4 apresentarão os resultados
obtidos relacionados aos demais potenciais de ganhos, que são Duração da
Campanha (entende-se que o ganho do Tempo de Manobra do BOP está
embutido nesse ganho, por isso não será realizada uma análise a parte), Troca
de Fluidos, Ajuste da Sonda e Entrada dos Poços em Produção,
respectivamente.

6.1.1.
Análise da Duração da Campanha

Na Figura 29 pode ser visto que a duração média da campanha de poços


da estratégia sequencial de construção de poços é maior que a duração média
da estratégia seriada.
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Figura 1 – Duração Total do Projeto por Estratégia (Fonte: Elaborado


pela Autora)

Ao comparar a estratégia seriada com a sequencial vê-se que houve uma


redução média de aproximadamente 27 dias. O que era de se esperar devido às
reduções nos tempos de manobra de BOP e ajustes de sonda. Caso seja
utilizada uma sonda com taxa diária em torno de US$500 mil, esse ganho de 27
dias representa uma economia de aproximadamente US$13,5 milhões.
76

A duração média por poço na estratégia sequencial está em torno de 61


dias, enquanto na estratégia seriada essa duração média é de aproximadamente
54 dias, excluindo-se tempos com DMM.

6.1.2.
Análise de Troca de Fluidos

Com relação à questão de troca de fluidos, foi gerado o gráfico da Figura


30 para analisar a quantidade de vezes que é necessária a troca de fluidos
(lama) ao se perfurar e completar os poços.
O objetivo deste gráfico é mostrar a quantidade de vezes que o fluido é
trocado e não a logística dos barcos de transporte de fluidos para cada fase e
nem sobre os benefícios de reutilização do fluido durante a perfuração ou
completação de um bloco na estratégia seriada. Ou seja, a figura não tem a
intenção de analisar a quantidade de vezes que os barcos precisarão fazer o
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transporte do fluido para a fase em questão.

Figura 2 – Troca de Fluidos (Fonte: Elaborado pela Autora)

Nas fases iniciais, de perfuração das fases de condutor e de revestimento


de superfície, o fluido utilizado é a água do mar, então não há necessidade de
troca de fluido, sendo então indiferente para as estratégias sequencial e seriada.
Já para a perfuração das fases 3 e 4 e para a completação a estratégia
sequencial demanda mais trocas do que a estratégia seriada.
77

Na estratégia sequencial são necessárias 6 trocas de fluidos em cada uma


dessas etapas. Isso é explicado porque os poços são construídos
individualmente, então para cada poço o fluido terá que ser trocado novamente.
Como são 6 poços então são 6 trocas.
Já na estratégia seriada, como as etapas de cada poço são construídas
em série, só há a necessidade de troca do fluido de uma mesma fase ao mudar
do cluster A para o cluster B, sendo, portanto 2 trocas para cada etapa.
Desta forma, pode-se perceber que a estratégia seriada requer uma
quantidade menor de vezes de troca de fluidos, sendo necessárias 6 trocas no
total contra 18 trocas da estratégia sequencial.

6.1.3.
Análise de Ajuste da Sonda

A análise de necessidade de ajuste da sonda para cada etapa de um poço


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é análoga a realizada para a análise de troca de fluidos.


O gráfico da Figura 31 foi gerado para analisar a quantidade de vezes que
é necessária a troca de materiais na sonda, entre outras atividades, para a
sonda estar preparada para perfurar/completar a etapa em questão. O gráfico
não tem como objetivo permitir a análise da logística de barcos de transporte de
materiais.

Figura 3 – Ajuste da Sonda (Fonte: Elaborado pela Autora)


78

Para as etapas de perfuração e completação, a sonda deve ser preparada


para receber materiais específicos de cada etapa dessas. Segue abaixo os
principais materiais a serem recebidos por etapa:
• Perfuração Fase 1: materiais de início de poço, broca para
perfuração, coluna de perfuração, revestimento condutor, entre
outros.
• Perfuração Fase 2: broca de diâmetro 17 1/2", coluna de
perfuração, revestimento de superfície, entre outros.
• Perfuração Fase 3: fluido sintético de perfuração, broca de diâmetro
12 1/4", coluna de perfuração, revestimento intermediário, entre
outros.
• Perfuração Fase 4: fluido sintético de perfuração, broca de diâmetro
8 1/2", coluna de perfuração, entre outros.
• Completação: fluido de completação, coluna de produção, material
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de empacotamento, entre outros.

A Figura 31 mostra que em todas as etapas a estratégia sequencial


demanda mais ajustes da sonda do que a estratégia seriada.
Na estratégia sequencial o ajuste da sonda ocorre 6 vezes para cada uma
dessas etapas. Isso é explicado porque os poços são construídos
individualmente, então para cada poço os materiais terão que ser trocados
novamente. Como são 6 poços então são 6 necessidades de ajuste da sonda.
Já na estratégia seriada, como as etapas de cada poço são construídas
em série, só há a necessidade de ajuste da sonda para uma mesma fase ao
mudar do cluster A para o cluster B, sendo, portanto, 2 momentos para cada
etapa.
Desta forma, pode-se perceber que a estratégia seriada requer uma
quantidade menor de vezes de ajuste da sonda, sendo necessárias 10 trocas de
materiais no total contra 30 trocas da estratégia sequencial.

6.1.4.
Análise de Entrada dos Poços em Produção (Ramp Up)

Outra análise importante a ser feita está relacionada a entrada dos poços
em produção, também conhecida como ramp up.
A Figura 32 apresenta para cada estratégia a data de entrada dos 6 poços
em produção.
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Figura 4 – Entrada dos Poços em Produção por Estratégia (Fonte:


Elaborado pela Autora)

Como pode ser observado na figura, o primeiro óleo ocorre primeiramente


para a estratégia sequencial, o que era de se esperar uma vez que o poço P1 da
estratégia seriada só será concluído mais perto do fim do cluster A, enquanto na
estratégia sequencial o poço P1 é construído integralmente antes de passar para
os demais poços. Por isso a diferença entre as datas de primeiro óleo das
estratégias sequencial e seriada é grande, de 22 dias.
Ao verificar as datas de entrada em produção do poço P2 em ambas as
estratégias, nota-se que essa diferença entre as datas diminui, passando para 8
dias. Neste caso, a estratégia sequencial continua sendo mais vantajosa, uma
vez que o poço P2 dessa estratégia entra primeiro em produção do que o da
estratégia seriada.
No final do cluster A, o ganho da estratégia seriada em termos de redução
da duração dos poços já pode ser visto, uma vez que o poço P3 dessa estratégia
entra primeiro em produção do que o poço P3 da estratégia sequencial, com
uma diferença de 4 dias.
Ao passar para o poço P4, a estratégia sequencial voltar a ser melhor do
que a estratégia seriada, pois o poço P4 da estratégia seriada já faz parte do
cluster B, sendo assim, só será finalizado no fim desse cluster. A diferença entre
80

as datas de entrada em produção desse poço é de 17 dias, sendo já um pouco


menor do que a diferença de dias vista na comparação do poço P1.
No poço P5 a estratégia sequencial continua sendo mais vantajosa que a
estratégia seriada, porém a diferença reduz para apenas 4 dias em média.
No final do cluster B, a estratégia seriada volta a ser melhor que a
estratégia sequencial, uma vez que o poço P6 dessa estratégia entra primeiro
em produção do que o poço P6 da estratégia sequencial. A diferença entre as
datas é de 9 dias em média, já maior que aqueles 4 dias de diferença entre as
estratégias no poço P3 onde também se viu essa mudança.
Em resumo, os poços da estratégia sequencial ao serem comparados aos
primeiros poços de cada cluster da estratégia seriada, possuem vantagem uma
vez que entram primeiro em produção. Mas, conforme vai se avançando nos
poços, essa vantagem vai diminuindo, até que em algum ponto as estratégias se
invertem, tornando a estratégia seriada melhor do que a sequencial.
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O estudo de caso só tem 6 poços e foram considerados apenas 2 clusters


para a estratégia seriada, mas pode-se inferir que, se o projeto tivesse mais
poços e pudesse ser dividido em mais clusters, haveria um momento em que a
estratégia seriada seria sempre melhor do que a estratégia sequencial para
todos os poços remanescentes.

6.2.
Simulação de Monte Carlo e Resultados

Antes de iniciar a simulação, devem ser inseridos nos cronogramas os


dados de entrada para cada atividade, que consistem nas distribuições de
probabilidade e seus parâmetros.
Além disso, devem ser definidas as saídas do modelo (outputs). Essas
saídas devem ser colocadas nas variáveis que se deseja analisar, como por
exemplo, as datas de primeiro óleo e de entrada em produção de cada poço e a
duração da campanha de poços como um todo.
Com o modelo pronto, inicia-se a simulação. A simulação será realizada
pelo método de amostragem hipercubo (Hypercube Sampling), utilizando-se o
software @Risk 4.1.4 (Professional Edition). Todas as simulações serão
realizadas com 5.000 iterações.
Foi escolhida a técnica de amostragem hipercubo ao invés do Monte Carlo
por ser mais avançada e eficiente, uma vez que ela evita repetir as amostras já
81

avaliadas antes, requerendo menos loops de simulação para fornecer os


resultados com mesma precisão que o Monte Carlo (Carvalho, 2012).
Ao final da simulação foram gerados diversos resultados a serem
apresentados e analisados nas Subseções 6.2.1 e 6.2.2 a seguir.

6.2.1.
Análise de Risco para a Duração da Campanha

Uma das variáveis de saída do modelo é a duração da campanha das


estratégias sequencial e seriada.
Na Figura 33 são apresentadas as distribuições de probabilidade geradas,
como resultado das diversas iterações da simulação, para a duração total do
projeto nas duas estratégias, sendo a primeira distribuição relativa à estratégia
sequencial e a segunda relativa à estratégia seriada.
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Figura 5 – Distribuições de Probabilidades da Duração do Projeto


para as Estratégias Sequencial (1ª imagem) e Seriada (2ª imagem) (Fonte:
@Risk for Project)

Pela distribuição de probabilidade é possível avaliar diversas estatísticas.


Com base nas durações mínima, P10, P50, média, P90 e máxima dessas
distribuições das durações da campanha das estratégias sequencial e seriada foi
elaborado o gráfico da Figura 34.
Esse gráfico mostra para cada estratégia, a variação de risco nas durações
do tempo total da campanha. Mesmo inserindo riscos no modelo, para esta
variável a estratégia seriada continua sendo melhor que a estratégia sequencial
em quase toda a sua faixa de variação. A estratégia sequencial só se torna
melhor do que a seriada em uma pequena faixa em torno da duração mínima
quando comparada a duração máxima da estratégia seriada.
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Figura 6 – Faixa de Risco da Duração Total do Projeto (Fonte:


Elaborado pela Autora)

Outra análise de risco importante é a avaliação da sensibilidade da


duração do projeto aos parâmetros de entrada do modelo. Esta análise permite
entender quais são os principais direcionadores das variáveis de interesse.
A Figura 35 apresenta dois gráficos de tornado que ranqueiam as
atividades que mais impactam a duração do projeto para a estratégia sequencial
e seriada
83

Figura 7 – Gráficos de Tornado para a Duração do Projeto para as


Estratégias Sequencial (1ª imagem) e Seriada (2ª imagem) (Fonte: @Risk
for Project)

Para a estratégia sequencial foram listadas as 12 atividades que mais


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impactam a duração do projeto. Em resumo, as atividades que mais impactam


são as relacionadas à instalação e teste de ANM e a de perfuração da fase 4 dos
poços. A atividade de maior impacto é a “Instalação e Teste de ANM” para o
poço 1, onde o aumento de um dia nessa atividade significa um aumento de
0,227 dias na duração do projeto como um todo.
Para a estratégia seriada também foram listadas as 12 atividades de maior
impacto na duração da campanha. Para essa estratégia duas outras atividades
apareceram como mais impactantes, que foram as preparações da sonda para
perfurar a fase 4 para o cluster A e para o cluster B. Esse resultado era esperado
devido a alta duração dessa atividade e sua extensa faixa de risco. Um aumento
de um dia em ambas as atividades representa um aumento de 0,49 dias na
campanha.

6.2.2.
Análise de Risco para a Entrada dos Poços em Produção (Ramp Up)

Outras variáveis de saída do modelo são as datas de término de cada


poço. Dessa forma, é possível avaliar o ramp up de produção entre as
estratégias, considerando a análise de risco.
Através dos resultados obtidos, foi gerado o gráfico da Figura 36 com base
nas datas mínima, P10, P50, média, P90 e máxima, coletadas das distribuições
de probabilidade da entrada de cada poço em produção, em ambas as
estratégias.
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Figura 8 – Análise de Risco do Ramp Up de Produção (Fonte:


Elaborado pela Autora)

Como pode ser visto na Figura 36, as faixas de risco na estratégia


sequencial são menores do que as faixas de risco para a estratégia seriada. Isso
ocorre devido aos riscos logísticos adicionais inseridos em algumas atividades
da construção seriada dos poços.
Os poços P1, P2 e P4, mesmo considerando a variação de risco,
continuam entrando em produção primeiro pela estratégia sequencial.
Os poços P3 e P6, que antes entravam primeiro em produção pela
estratégia seriada, ao considerar a faixa de risco pode-se perceber que as faixas
se cruzam (mais no poço P3 e um pouco menos no poço P6), apesar de
continuar favorável à estratégia seriada.
O poço P5, que na análise determinística entra primeiro em produção pela
estratégia sequencial, pode-se afirmar que essa resposta fica inconclusiva ao se
adicionar riscos no modelo, pois as faixas estão praticamente sobrepostas.
Em resumo, mesmo inserindo os riscos na análise do cronograma, os
resultados não tiveram grandes mudanças, tendo nenhum impacto nos poços
85

P1, P2 e P4, pouco impacto nos poços P3 e P6. O maior impacto foi para o poço
P5, que ficou inconclusivo.
Para entender quais são as atividades de entrada que mais impactam na
entrada de um poço em produção em ambas as estratégias, foi feita uma análise
de sensibilidade, apresentada na Figura 37. A análise será apresentada somente
para um poço, pois a resposta é semelhante nos demais poços.
Assim, a Figura 37 apresenta dois gráficos de tornado que ranqueiam as
atividades que mais impactam na construção de um determinado poço, para a
estratégia sequencial e seriada.
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Figura 9 – Gráficos de Tornado para a Entrada em Produção do Poço


P1 para as Estratégias Sequencial (1ª imagem) e Seriada (2ª imagem)
(Fonte: @Risk for Project)

Na estratégia sequencial, não há interferência das atividades relacionadas


com os demais poços, então para o poço P1, as atividades que mais impactam a
entrada do poço em produção são aquelas mais próximas do fim da construção,
relacionadas com as atividades de perfuração da fase 4 e de completação.
Nota-se que a preparação da sonda para perfurar a fase 4 é a atividade de
maior impacto na data de finalização da construção do poço P1. Neste caso já
se percebe a importância das atividades de perfuração da fase 4 dos poços P2 e
P3, o que era de se esperar, uma vez que estas atividades devem estar
finalizadas para poder seguir a construção do poço P1.
86

7
Conclusões e Recomendações

Uma das principais preocupações existentes em uma empresa que atua no


segmento de óleo e gás é o alto investimento necessário para o
desenvolvimento de projetos de exploração e produção. Além disso, devido às
incertezas inerentes a essa indústria, sejam elas de caráter econômico,
geológicos, de engenharia, entre outros, estimar esse investimento não é trivial.
A avaliação de novas formas de redução do tempo de execução das
atividades de desenvolvimento de campos de óleo e gás, principalmente na
disciplina de poços que absorve o maior percentual do investimento, permite a
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identificação de alternativas que tornem o negócio mais viável.


Essa análise, em conjunto com uma abordagem probabilística para estimar
os custos e prazos de um projeto, permite a obtenção de valores e durações
mais robustas e confiáveis.
Com relação ao sequenciamento das atividades de construção de poços
marítimos, é muito comum na indústria de petróleo a utilização de uma estratégia
de construção sequencial de poços. Porém, na literatura existente foi observado
um grande avanço na implementação de uma estratégia diferente de construção
de poços, denominada seriada. Essa estratégia tem trazido diversos ganhos em
termos de redução das atividades de perfuração e completação dos poços
marítimos, apesar de seus desafios logísticos e de planejamento.
Desta forma, esta dissertação teve como objetivo analisar duas diferentes
estratégias de sequenciamento da perfuração e completação de poços
marítimos, de forma a avaliar aquela com maior potencial de benefícios para o
projeto em termos de redução do prazo de desenvolvimento do campo.
Assim, esta pesquisa se dividiu em duas etapas. A primeira foi a
comparação das estratégias de construção de poços marítimos sequencial e
seriada, destacando suas principais características, questões críticas e
potenciais de ganhos.
A segunda etapa foi a realização de uma análise de risco em ambas as
estratégias para trazer maior veracidade ao modelo e analisar o impacto dos
riscos nas construções sequencial e seriada dos poços.
87

Para desenvolver essas duas etapas e analisar os resultados de um


estudo de caso foram criados dois cronogramas em Microsoft Project, um para a
estratégia sequencial e outro para a estratégia seriada. Para a realização da
análise de risco através de simulação de Monte Carlo foi utilizado o software
@Risk da Palisade.
O estudo de caso foi preparado com dados reais de durações de poços de
um campo de óleo e gás do pós-sal. Os cronogramas foram detalhados de forma
a evidenciar as diferenças entre as duas estratégias em termos de
sequenciamento das atividades de poços. A distribuição definida para as
durações das atividades foi a triangular, devido à pequena quantidade de dados
reais utilizados para gerar as durações. Para o estudo de caso em questão
foram criados 6 poços iguais e dispostos de forma simétrica, criando-se dois
clusters para a estratégia seriada.
A análise determinística dos resultados levou em consideração questões
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como a duração da campanha dos projetos, a análise de troca de fluidos de


perfuração e completação, as necessidades de ajuste das sondas e a entrada
dos poços em produção. Os resultados obtidos corroboraram os potenciais de
ganhos considerados para cada uma das estratégias. Em termos de duração,
eles demonstraram-se favoráveis à estratégia seriada na maioria dos itens, com
exceção do item relacionado à entrada dos poços em produção. O primeiro poço
será sempre completado primeiramente pela estratégia sequencial, já os demais
poços sofrem uma certa variação ao se comparar as estratégias e o benefício da
estratégia é muito dependente do objetivo do projeto para a empresa e do
resultado do VPL impactado devido às diferentes datas de entrada em produção
dos poços.
Ao aplicar os riscos, foram analisados seus impactos em dois itens
específicos, que são a duração da campanha e a entrada dos poços em
produção. No primeiro caso, apesar da faixa de variação, houve pouco impacto
no resultado, mantendo a estratégia seriada melhor do que a estratégia
sequencial em quase toda a sua faixa de variação. Para o segundo item, ao
olhar a análise de risco para a entrada dos poços em produção percebe-se
também que os resultados não tiveram grandes mudanças daqueles
determinísticos, sendo o maior impacto no quinto poço da campanha, pois as
faixas de risco de ambas as estratégias se cruzam não permitindo concluir em
qual estratégia esse poço entrará primeiro em produção.
Desta forma, os objetivos desta dissertação foram alcançados. As
estratégias de construção de poços, sequencial e seriada, foram analisadas e
88

comparadas, foram incorporadas incertezas e foi elaborado um estudo de caso


para entender os benefícios das duas estratégias, principalmente em termos de
impacto na duração das atividades de poços.
Cabe ressaltar que o estudo de caso dessa pesquisa foi bastante
simplificado, contendo apenas 6 poços e diversas questões que não foram
incorporadas na análise. Para uma melhor avaliação dessas alternativas estes
itens devem ser inseridos no desenvolvimento de um trabalho futuro.
Um dos itens não considerados foi a incorporação da curva de
aprendizado na duração das atividades. A estratégia seriada permite um ganho
adicional de performance da sonda e eficiência da equipe através do
conhecimento adquirido ao desempenhar repetidas vezes operações idênticas.
Esse item não foi considerado devido à falta de dados reais que permitissem
identificar essa curva de aprendizado.
Outra questão não analisada foi a necessidade de mudança do
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posicionamento das cabeças de poço dos poços. Esse item depende do objetivo
da empresa com o projeto, permitindo uma flexibilidade no posicionamento das
cabeças de poços de forma a maximizar o fator de recuperação de óleo e gás do
campo. Uma análise adicional para se avaliar essa questão poderia ser a
inclusão das possíveis curvas de produção e dos custos de cada estratégia de
forma a permitir a geração do VPL dos projetos, incluindo na análise de VPL o
impacto da entrada de poços em produção em diferentes momentos.
Como o estudo de caso só compreende as atividades de construção dos
poços, também não foi considerada na análise a data de chegada da UEP à
locação, as chegadas de recursos críticos como dutos para interligar o poço a
plataforma e equipamentos como árvore de natal molhada, o compartilhamento
de recursos, como por exemplo, ter um conjunto de sondas para atender uma
carteira de projetos ao invés de ter uma sonda dedicada para o projeto, entre
outros. Então a incorporação de outros itens no projeto de forma a torna-lo mais
completo e real com as dificuldades do dia a dia pode influenciar nos resultados.
Além dessas questões, outro item a ser melhor desenvolvido é a análise
de risco que pode ser mais rigorosa. Podem ser feitas mais análises de
estresses nas durações, além de tentar inserir riscos mais apropriados a cada
uma das alternativas, incluindo análises diferentes para casos de projetos pós-
sal e pré-sal. Não existem muitos casos reais de construção seriada na
Petrobras que permitissem a identificação de riscos e a construção de
distribuições mais adequadas, principalmente relacionados a logística,
planejamento e gestão de mudanças.
89

Outra análise que pode ser feita é comparação desses resultados com os
resultados de um projeto híbrido, onde são aplicadas ambas as estratégias,
sequencial e seriada.
Por fim, mesmo com as simplificações feitas, pode-se concluir que a
estratégia seriada apresentou melhores resultados em termos de redução da
duração do projeto quando comparada a estratégia sequencial, podendo se
tornar uma excelente alternativa para determinados tipos de desenvolvimentos
de projetos marítimos de óleo e gás.
Para projetos de pós-sal, a estratégia seriada pode vir a se tornar uma
tendência para o desenvolvimento de poços nos projetos futuros. Isso ocorre
devido ao grande conhecimento já adquirido nessas áreas, cujas laminas d´água
não são ultraprofundas e geralmente possuem menos complexidade, permitindo
a aplicação da estratégia seriada sem maiores problemas.
Para projetos do pré-sal, a estratégia seriada pode se tornar uma
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tendência em um futuro próximo para as duas primeiras fases dos poços, que
ainda não requerem a instalação do BOP. Já para as fases seguintes, o fato das
cabeças de poços terem que estar posicionadas pertos uma das outras, para se
obter o ganho da movimentação do BOP por debaixo da água, exige na maioria
das vezes uma trajetória de perfuração mais complexa dos poços, sendo
necessários que eles sejam direcionais e muito inclinados. Trajetórias complexas
de poços para o pré-sal trazem riscos ainda maiores para a construção de
poços, adicionando assim mais risco para uma região que ainda é pouco
conhecida e consequentemente tem muita incerteza. Desta forma, ainda está
muito cedo para afirmar que a estratégia seriada será uma alternativa altamente
viável para o pré-sal.
90

8
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Apêndice I – Problemas Típicos da Atividade de Perfuração

A atividade de perfuração de poços envolve diversas etapas e operações.


Para um bom planejamento e de forma a garantir que as operações sejam
realizadas sem interrupções, é importante atentar para alguns problemas típicos
inerentes a esta atividade:
• Perda de Circulação: ocorre quando não há retorno do fluido para
a superfície, seja porque a pressão de reservatório está abaixo da
pressão hidrostática do fluido, ou seja porque encontrou alguma
zona de perda, conforme ilustrado na Figura 38. Ao ocorrer perda
total de circulação, a velocidade do fluido de perfuração acima da
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zona de perda é zero e os cascalhos tendem a preencher a zona


de perda, ocasionando a prisão da coluna de perfuração (Rocha e
Azevedo, 2009).

Figura 1 – Ilustração de Uma Perda de Circulação (Fonte: Rocha e


Azevedo, 2009)

• Perfuração de Formações Inconsolidadas: como a resistência


coesiva da rocha é muito baixa, a rocha desaba para dentro do
poço (Rocha e Azevedo, 2009).
97

• Prisão de Coluna: ocorre quando a coluna de perfuração fica


presa dentro do poço, podendo ser devido a questões de geometria
do poço, de partículas sólidas no buraco ou por pressão diferencial
entre a formação e o poço (Devereux, 1998).
• Pescaria: “peixe” é o termo utilizado para designar qualquer objeto
estranho que tenha caído, partido ou ficado preso dentro do poço
durante a perfuração, impedindo o prosseguimento normal das
operações. Nesses casos são necessárias operações de pescaria
para conseguir recuperar ou liberar o “peixe” (Thomas, 2001).
• Kick: é a entrada incontrolada do fluido da formação para dentro do
poço. Ocorre quando a pressão de poro da formação excede o
fluido de perfuração. Um kick, quando incontrolável, pode levar a
um blowout, permitindo que o fluido da formação atinja a superfície
(Devereux, 1998).
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• Perfuração de Formações Pressurizadas: ocorre pela mesma


questão explicada no problema de kick, que é quando a pressão de
poros é maior do que a pressão exercida pelo fluido de perfuração.
Neste caso, a força da formação para o poço causa uma falha da
rocha por tração e faz os cascalhos desabarem para dentro do
poço, conforme pode ser visto na Figura 39 (Rocha e Azevedo,
2009).

Figura 2 – Ilustração de uma Perfuração com Problemas de


Formações Pressurizadas (Fonte: Rocha e Azevedo, 2009)
98

• Colapso do Revestimento: ocorre quando há um aumento


acentuado das pressões externas a que o revestimento é
submetido, causando um colapso no revestimento quando este não
suporta esta pressão, conforme pode ser visto na Figura 40 (Rocha
e Azevedo, 2009).
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Figura 3 – Ilustração de um Colapso do Revestimento (Fonte: Rocha e


Azevedo, 2009)

• Formação de Pack Offs: ocorre quando o fluido de perfuração


interage muito com a formação não encapsulando apropriadamente
os cascalhos. Assim, os cascalhos vão formando uma massa que
fecha o anular, podendo causar a prisão da coluna de perfuração
(Rocha e Azevedo, 2009).
• Formação de Wash Outs: existem dois tipos de wash outs. Um
ocorre quando o fluido de perfuração ou a vibração da coluna de
perfuração sobre formações inconsolidadas alargam os poços
(Rocha e Azevedo, 2009). O outro ocorre quando um furo aparece
na coluna de perfuração, ocasionado por erosão, ferramenta
danificada ou rachadura. Este, se não controlado, pode acarretar
em sérios problemas para a coluna de perfuração uma vez que os
fluidos são muito abrasivos e sob alta pressão, facilmente cortarão
o metal (Devereux, 1998). A Figura 41 apresenta os dois tipos de
wash outs.
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Figura 4 – Ilustração dos Dois Tipos de Wash Outs (Fonte: Rocha e


Azevedo, 2009 e Site do Drilling Formula, 2014)
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100

Apêndice II – Cronogramas Detalhados das Estratégias


Sequencial e Seriada

Dentro de cada item de construção de poços do cronograma da estratégia


sequencial, as atividades foram quebradas conforme apresentado na Figura 42,
refletindo as principais atividades de perfuração e completação de poços
marítimos, que são: preparação da sonda para a atividade, perfuração,
revestimento, cimentação, descida e instalação do BOP, completação inferior,
completação superior e instalações de BAP e ANM.
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Figura 5 – Quebra da Atividade de Construção de Determinado Poço


para a Estratégia Sequencial (Fonte: Elaborado pela Autora)

Para o cronograma da estratégia seriada, dentro de cada etapa de


perfuração e completação dos poços de um cluster, as atividades foram
101

quebradas conforme apresentado na Figura 43, refletindo as principais


atividades de perfuração e completação de poços marítimos, que são:
preparação da sonda para a atividade, perfuração, revestimento, cimentação,
descida e instalação do BOP, completação inferior, completação superior,
instalações de BAP e ANM, abandono temporário e corte dos tampões de
abandono e condicionamento dos fluidos.
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Figura 6 – Quebra da Atividade de Construção de Poços para a


Estratégia Seriada (Fonte: Elaborado pela Autora)

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