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Tese - Tipologia e Dimensionamento Estrutural Das Fundações de Torres de Linhas de Alta Tensão em Diferentes Condições Geotécnicas - IST - 2015
Tese - Tipologia e Dimensionamento Estrutural Das Fundações de Torres de Linhas de Alta Tensão em Diferentes Condições Geotécnicas - IST - 2015
Engenharia Civil
Orientador:
Júri
Outubro de 2015
Agradecimentos
Ao meu pai pelo grande apoio, ajuda, motivação e por ser sempre uma inspiração.
À minha mãe pela compreensão, apoio, carinho e por nunca duvidar das minhas capacidades.
Ao Tiago pela paciência ilimitada, por acreditar sempre em mim e por todo o apoio.
À Daniela por me entender como ninguém, por me apoiar sempre e pela amizade infinita.
A toda a minha família, amigos e colegas que de certa forma contribuíram para o meu
percurso.
Resumo
A construção de uma linha de alta-tensão é uma obra que, devido à sua grande extensão,
exige um grande número de sondagens ao terreno de fundação das torres. O terreno
atravessado pode ser muito heterogéneo e uma mesma linha ter necessidades de fundações
muito distintas.
Palavras-chave
Fundações ; Linhas de alta-tensão ; Sapata ; Pregagens ; Tubulão ; Sapata isoladas com
fuste
i
Abstract
The construction of a High Tension Electric Line, due to its large size, requires a large number
of polls to the ground foundation of the towers. The crossed ground can be very heterogeneous
and the same line needs a very different type of foundations.
A complete characterization of soil samples allows the optimization of the choice of the type
of foundation and respective design.
The main types of foundation are (ordering in descending order of soil resistance): nailing,
isolated footing and pad and chimney foundation with circular and rectangular section. However,
for the same type of soil there can be considered different foundation solutions, factors such as
amount of material, skilled labor and specialized equipment influence the choice.
For each type of foundation, there are different design methods. The method based on
principles of stability using coefficients and parameters present in Regulamento de Segurança de
Linhas Eléctricas de Alta Tensão and methods from studies of the soil-foundation interaction
behavior, including Sulzberger, Clouterre and Biarez and Barraud.
In conclusion, when compared the methods of geotechnical studies, the stability design with
coefficients and parameters from Regulamento provides in general safe results.
Key-words
Foundations ; High tension electric line ; Footing ; Nailing ; Pad and chimney
ii
Índice
Resumo ..................................................................................................................................... i
Palavras-chave ...................................................................................................................... i
Abstract .....................................................................................................................................ii
Key-words ..............................................................................................................................ii
1. Introdução ...................................................................................................................... 1
2.3. Fundação por tubulão e fundação por sapatas isoladas com fuste ........................ 14
6. Dimensionamento........................................................................................................ 38
iii
6.1.2. Fundação por sapata única ............................................................................. 40
Conclusão .............................................................................................................................. 71
ANEXO A .................................................................................................................................. I
iv
Índice de figuras
v
Índice de tabelas
Tabela 1 - Cargas nas fundações torre A60D2 30m, valores não majorados ......................... 2
Tabela 2 - Principais tipos de fundação ................................................................................... 4
Tabela 3 - Valores de Ct (Projectos Mecânicos das linhas aéreas de transmissão) [2] ......... 8
Tabela 4 - Valores de k0,3 [5] ................................................................................................ 11
Tabela 5 - Quadro Nº5.1 do Regulamento - Características de terreno para efeitos de cálculo
de fundações [1] .......................................................................................................................... 15
Tabela 6 - Estado de alteração .............................................................................................. 27
Tabela 7 - Estado de fracturação ........................................................................................... 28
Tabela 8 - Classificação segundo índice de RQD ................................................................. 29
Tabela 9 - Avaliação de parâmetro dos solos em função do estudo de compacidade ou
consistência (Bowles, 1997) [9]................................................................................................... 30
Tabela 10 - Amostra S1 ......................................................................................................... 31
Tabela 11 - Classificação amostra S1 ................................................................................... 31
Tabela 12 - Peso específico informação EC1 ........................................................................ 31
Tabela 13 - Peso específico segundo o Regulamento [1] ..................................................... 32
Tabela 14 - Amostra S2 ......................................................................................................... 32
Tabela 15 - Classificação amostra S2 ................................................................................... 32
Tabela 16 - Amostra S3 ......................................................................................................... 33
Tabela 17 - Resultados ensaio SPT ...................................................................................... 33
Tabela 18 - Resultados correlações com NSPT .................................................................... 34
Tabela 19 - Valores adotados para o solo da amostra S3..................................................... 34
Tabela 20 - Classificação camada rochosa amostra S3 ........................................................ 34
Tabela 21 - Tensão admissível ao longo da profundidade .................................................... 35
Tabela 22 - Valores 𝛾𝐺, 𝑗 e 𝛾𝑄, 𝑗 segundo o Quadro A1.2(B) – Valores de cálculo das ações
(STR/GEO) .................................................................................................................................. 37
Tabela 23 - Valores 𝛾𝐺, 𝑗 e 𝛾𝑄, 𝑗 segundo o Quadro A1.2(C) – Valores de cálculo das ações
(STR/GEO) .................................................................................................................................. 37
Tabela 24 - Cálculo esforço axial máximo por pregagem...................................................... 39
Tabela 25 - Dimensões sapata única ..................................................................................... 41
Tabela 26 - Dimensões sapata isolada com fuste ................................................................. 42
Tabela 27 - Dimensões sapata única ..................................................................................... 43
Tabela 28 - Resultados momentos derrubamento e estabilizante ........................................ 44
Tabela 29 - Equivalência de ações ........................................................................................ 44
Tabela 30 - Dados do método de cálculo .............................................................................. 44
Tabela 31 - Dimensões sapata única Método Sulzberger ..................................................... 45
Tabela 32 - Parâmetros do solo considerados ...................................................................... 45
Tabela 33 - Resultados do cálculo dos momentos M1 e M2 ................................................. 46
vi
Tabela 34 - Valores das cargas introduzidas no modelo ....................................................... 47
Tabela 35 - Imagens da representação gráfica dos momentos M11 e M22 ......................... 49
Tabela 36 - Representação gráfica da armadura necessária nas duas direções e nas duas
faces da sapata ........................................................................................................................... 50
Tabela 37 - Valores máximos de armadura ........................................................................... 51
Tabela 38 - Dimensões sapata isolada com fuste ................................................................. 51
Tabela 39 - Parâmetros do solo ............................................................................................. 52
Tabela 40 - Dimensões tubulão ............................................................................................. 53
Tabela 41 - Volume da fundação ........................................................................................... 53
Tabela 42 - Compressão máxima no solo ............................................................................. 54
Tabela 43 - Verificação segurança à tração .......................................................................... 55
Tabela 44 - Verificação de segurança ao derrubamento ....................................................... 55
Tabela 45 - Parâmetros do solo ............................................................................................. 56
Tabela 46 - Dimensões tubulão ............................................................................................. 56
Tabela 47 - Coeficiente Mγ, resultados ábaco da Figura 11 .................................................. 57
Tabela 48 - Cálculo resistência à tração Qft1 ......................................................................... 57
Tabela 49 - Resultados r e R'f................................................................................................ 58
Tabela 50 - Cálculo do fator m ............................................................................................... 59
Tabela 51 - Valores de M ....................................................................................................... 59
Tabela 52 - Cálculo resistência à tração - rutura localizada QftD ........................................... 59
Tabela 53 - Cálculo resistência à tração - rutura generalizada QftF ....................................... 60
Tabela 54 - Resistência à tração total - D>Dc ....................................................................... 60
Tabela 55 - Verificação segurança à tração .......................................................................... 60
Tabela 56 - Comparação dos resultados dos métodos de dimensionamento....................... 61
Tabela 57 - Dimensões sapata isolada com fuste ................................................................. 62
Tabela 58 - Verificação da compressão admissível no solo (metodologia simplificada,
considerando apenas os esforços axiais) ................................................................................... 63
Tabela 59 - Verificação de segurança à tração ..................................................................... 64
Tabela 60 - Raios equivalentes .............................................................................................. 64
Tabela 61 - Coeficiente Mγ retirado do ábaco Figura 11 ....................................................... 65
Tabela 62 - Cálculo resistência à tração profundidade D<Dc ............................................... 65
Tabela 63 - Valor de m ........................................................................................................... 65
Tabela 64 - Cálculo resistência à tração - rutura localizada QftD ........................................... 66
Tabela 65 - Cálculo resistência à tração - rutura generalizada QftF ....................................... 66
Tabela 66 – Resistência à tração total D>Dc ......................................................................... 66
Tabela 67 - Verificação de segurança à tração ..................................................................... 67
Tabela 68 - Comparação dos resultados dos métodos de dimensionamento....................... 67
Tabela 69 - Dimensões sapata única ..................................................................................... 68
Tabela 70 - Tabela resumo das melhores soluções de fundação para cada tipo de terreno
analisado ..................................................................................................................................... 69
vii
Notação
𝐶 Coesão do solo
𝑘𝑠 Coeficiente de reação
𝑉𝑠 Volume de solo
viii
𝛾𝑠 Peso específico do solo
𝜇 Coeficiente de atrito
𝜉 Fator de correlação entre a resistência última e a resistência máxima
𝜎𝑎𝑑𝑚 Tensão admissível do solo
ix
1. Introdução
Uma boa análise das amostras das sondagens e a exploração dos diferentes tipos de
fundação adequadas pode implicar uma diferença significativa ao nível dos custos da construção
das linhas de alta tensão.
Surge então a importância de sistematizar os métodos de cálculo dos vários tipos de fundação
aplicáveis a torres de alta tensão para cada tipo de terreno.
Os tipos de fundação mais usuais são a fundação por sapata única, fundação por pregagens,
fundação por tubulão e fundação por sapatas isoladas com fuste. O dimensionamento das
fundações é regulado pelo Regulamento de Segurança de Linhas Eléctricas de Alta Tensão [1],
onde são definidos coeficientes de segurança e alguns dados relativos ao solo.
1
Figura 1 - Fotografia da fundação de uma torre de alta tensão
O presente trabalho, para além da descrição teórica dos métodos de cálculo dos quatro tipos
de fundação, enquadra-se numa situação real. Os dados fornecidos de três amostras de
carotagem são relativos a uma linha de alta tensão em fase de execução. As três amostras S1,
S2 e S3 são representativas de três tipos de solo com características distintas, permitindo assim
explorar os diferentes tipos de fundação em estudo.
Os dados relativos às torres de alta tensão incluem três tipos de torre com diferentes alturas
(Anexo A). As torres são de duplo circuito e transportam 220kV. Adotou-se para o
dimensionamento das fundações a torre com o carregamento mais exigente. A torre analisada é
A60D2 com 30 m de altura, torre de amarração em linha dupla com desvio máximo de 60º. O
carregamento fornecido (Tabela 1) engloba o peso próprio da estrutura e equipamentos, bem
como as ações mais condicionantes a que a estrutura e os cabos estão sujeitos, nomeadamente
o vento, fator muito condicionante. Os dados fornecem o carregamento mais condicionante
distribuído por forças nas três direções por cada pé da torre.
Tabela 1 - Cargas nas fundações torre A60D2 30m, valores não majorados
A60D2
2
2. Descrição dos métodos de cálculo
Neste presente capítulo serão descritos os diferentes métodos de cálculo para cada tipo de
fundação a analisar – sapata única, pregagens, tubulão e sapatas isoladas com fuste.
As fundações dividem-se em dois tipos, fundação única e fundação isolada. A fundação única
é um maciço único aos quais estão ligados os quatro pés da torre, a fundação isolada consiste
em quatro fundações independentes, uma para cada pé da torre.
Nas fundações isoladas dimensiona-se uma fundação para as ações mais condicionantes e
assume-se a construção das quatro com as mesmas dimensões, uma vez que o sentido do vento
e das restantes ações pode variar e por motivos de segurança todas as fundações deverão estar
dimensionadas pelas ações mais condicionantes.
3
Tabela 2 - Principais tipos de fundação
4
2.1. Fundação por sapata única
A fundação por sapata única funciona pelo efeito estabilizante do seu peso próprio. Em termos
de processo construtivo, a construção deste tipo de fundação implica uma grande área de
escavação, pelo que não deverá ser implantada a uma grande profundidade. A ligação estrutura-
fundação é feita por pequenos fustes, as cantoneiras da estrutura prolongam-se até à base da
sapata de forma a transmitir as tensões ao maciço.
𝐵 𝐿 𝐵 𝐿
𝑀𝑑𝑒𝑟 = 2 × 𝐶 × ( − ) − 2 × 𝑇 × ( + ) − (2 × 𝑉𝑙,𝑇 + 2 × 𝑉𝑙,𝐶 ) × 𝐻 (1)
2 2 2 2
5
Em que,
B Largura da sapata;
A Comprimento da sapata;
H Altura da sapata.
A estabilidade do maciço é garantida pelo seu peso próprio, sendo o momento estabilizante
em relação à aresta assinalada dado pela equação ( 2 ).
𝐵
𝑀𝑒𝑠𝑡 = 𝑃𝑃𝑠𝑎𝑝𝑎𝑡𝑎 × ( ) (2)
2
O peso do solo não é considerado na estabilidade por o seu valor não ser significativo, para
além de se tratar de solo de aterro artificial. A sua não consideração está do lado da segurança.
Pelo Artigo 74º do Regulamento de Segurança de Linhas Eléctricas de Alta Tensão [1]
1- As fundações dos apoios deverão ser calculadas tendo e conta as seguintes condições:
a. Nas fundações cuja estabilidade se basear principalmente nas reacções
verticais do terreno deverá considerar-se um coeficiente de segurança ao
derrubamento, a justificar conforme o método utilizado, não inferior a:
i. 1,5 para solicitações normais;
ii. 1,25 para solicitações excepcionais;
𝑀𝑒𝑠𝑡
≥ 1,5 (3)
𝑀𝑖𝑛𝑠𝑡
6
2.1.2. Método de Sulzberger [2]
O método propõe que a resistência do solo é nula à superfície e que cresce proporcionalmente
com a profundidade. Não se consideram as forças de atrito devido à indeterminação da sua
grandeza.
7
Sulzberger defende com base em resultados experimentais que a tensão admissível do
terreno à compressão varia proporcionalmente com a profundidade e é função do tipo de terreno
e grau de humidade.
A comissão Suíça convencionou valores aproximados dos coeficientes de terreno, Ct, sobre
as paredes verticais enterradas a 2m de profundidade, apresentados na Tabela 1.
8
Figura 4 - Reações do terreno
𝐻
𝜎3 = 𝐶𝑡 tan 𝛼 (5)
3
𝜎3
𝜎2 = (6)
3
2𝐶𝑏 𝑃 tan 𝛼
𝜎1 = √ (7)
𝐴
Em que,
Momento de derrubamento
2
𝑀𝑑 = 𝐹 (𝑇 + 𝐻) (8)
3
Momento da ação lateral do solo
𝐴 𝑡3
𝑀1 = 𝐶 tan ∝ (9)
36 𝑡
Momento das cargas verticais
2 𝑃
𝑀2 = 𝑃 𝐵 (0,5 − √ 2 ) ( 10 )
3 2 𝐵 𝐴 𝐶𝑏 tan ∝
Condição de equilíbrio
𝑀𝑑 = 𝑀1 + 𝑀2 ( 11 )
9
Quando 𝑀1/𝑀2 < 1, a acção do terreno é menor que a das cargas verticais, é necessário
considerar-se um fator de segurança K que varia entre 1,0 e 1,5.
𝑀1 + 𝑀2
𝑀𝑑 = , 𝐾 ∈ [1; 1,5] ( 12 )
𝐾
Solos arenosos:
(𝐵 + 0,3)2
𝑘𝑠 = 𝑘0,3 ( 13 )
2𝐵
Solos argilosos:
0,3
𝑘𝑠 = 𝑘0,3 ( 14 )
𝐵
Em que:
10
Tabela 4 - Valores de k0,3 [5]
Solta 8 – 25
Areia seca ou húmida Medianamente compacta 25 – 125
Compacta 125 – 375
Solta 10 -15
Areia saturada Medianamente compacta 35 – 40
Compacta 130 – 150
Rija 12 – 25
Argila Muito rija 25 – 50
Dura >50
11
2.2. Fundação por pregagens
As fundações por pregagens é um tipo de fundação isolada, que apenas pode ser aplicado a
solos com elevada resistência mecânica, sendo apropriado um índice de RQD superior a 50%.
É também desejável que o solo seja suficientemente consistente de forma a manter a geometria
do furo para a instalação do varão.
Este tipo de fundação é constituído por um fuste devidamente armado, que permite a ligação
das cantoneiras da torre à fundação, e por um maciço de encabeçamento das pregagens, que
garante a distribuição de esforços de tração às pregagens e a distribuição de compressões no
solo. As cantoneiras da estrutura da torre prolongam-se até à base do maciço de forma a
distribuir as tensões.
A resistência das pregagens é garantida pelos três elementos envolvidos, o varão de aço, a
calda de cimento e o solo. Desta forma existem também três tipos de rotura possíveis:
O diâmetro de furação terá de ter em conta o recobrimento necessário dos varões, considera-
se que o diâmetro pode variar entre 75 a 89 mm dependendo das dimensões dos varões, ϕ25
ou ϕ32 mm. O recobrimento apropriado garante maior resistência e maior proteção à corrosão.
12
A execução deste tipo de fundação requer mão-de-obra e equipamento especializado.
Para o dimensionamento das fundações por pregagens considera-se que o esforço axial de
tração máximo suportado por cada pregagem é o menor dos valores entre a resistência axial
máxima do chumbador, 𝑃𝛾 , e a resistência da interface calda-terreno, 𝑇𝑑 .
𝑃𝛾 = 𝑓𝑠𝑦𝑑 × 𝐴𝑝 ( 15 )
O valor máximo (último) da resistência da interface calda-terreno, 𝑇𝑢𝑙𝑡 , é calculado com o valor
médio da resistência unitária última da interface calda-terreno, 𝑞𝑠 , fornecido com base em
ensaios de arrancamento, e com o fator de expansibilidade, α, cujo valor adoptado é de 1,0 (ver
Recommandations Clouterre [4]).
𝑇𝐾
𝑇𝑑 = ( 16 )
𝛾𝑑
𝑇𝑢𝑙𝑡
𝑇𝑘 = ( 17 )
𝜉
𝑇𝑢𝑙𝑡 = 𝜋 × 𝐷𝑑 × 𝛼 × 𝑞𝑠 × 𝐿𝑏 ( 18 )
Em que,
𝐷𝑑 - Diâmetro de furação;
13
2.3. Fundação por tubulão e fundação por sapatas isoladas
com fuste
A fundação por tubulão assemelha-se a uma estaca circular com um alargamento na base, o
que permite uma diferente interação com o solo. A sua construção é realizada de forma
semelhante a uma estaca moldada, com perfuração por trado, com a diferença de na base da
perfuração a máquina abrir uma base de maior diâmetro betonando uma base circular com
maiores dimensões que o resto do fuste. A armadura é colocada como se tratando de uma
estaca. De forma a garantir uma distribuição dos esforços da torre à fundação, a cantoneira do
pé da torre ficará no interior do tubulão a uma profundidade que rondará os 4 m, garantido a
distribuição de esforços e a ligação estrutura-fundação.
A fundação por sapata isolada com fuste trata-se de uma sapata com dimensões mais
reduzidas, relativamente à sapata única anteriormente descrita, que é implantada a uma maior
profundidade, o fuste garante a ligação estrutura-fundação. O fuste tem inclinação igual às
cantoneiras da estrutura da torre, que por sua vez se prolongam até à base da sapata de forma
a distribuir as tensões na sapata. A maior profundidade da sapata permite uma interação com o
solo diferente da sapata única a baixa profundidade. Em termos de processo construtivo, a
escavação deverá ser feita garantindo a verticalidade do talude de escavação de forma a não
interferir na natureza do terreno e não alterando as suas características e resistências
mecânicas.
As fundações por tubulão e sapata com fuste funcionam segundo os mesmos princípios
mecânicos, pelo que seguem os mesmos modelos de cálculo. Este tipo de fundações, quando
submetidas a esforços de tração, mobilizam com a sua base um tronco de cone/pirâmide
(dependendo da geometria da fundação) que contribui para a estabilidade como parte da
fundação.
14
Figura 5 - Tronco de cone/pirâmide com inclinação segundo ângulo β para os dois tipos de fundação
Terreno natural
Areia fina e média até 1mm de diâmetro de grão 1600 30 a 32 200 a 300 8 a 10 20 a 22 60 a 80
(a) Ângulo β, ângulo de inclinação, em relação à vertical, que fazem as superfícies limítrofes do sólido de terreno
que se considera no cálculo das fundações e que têm inicío nas arestas inferiores de todos os lados do maciço.
(b) Força, em decanewtons, necessária para fazer penetrar 1cm no terreno de uma placa normal à força com 1 cm2
de superfície. Os valores indicados são valores do coeficiente de compressibilidade medido numa direcção
horizontal a cerca de 2 m de profundidade.
15
Para verificar a estabilidade da fundação é necessário verificar a segurança à compressão,
tração e derrubamento.
𝐶𝑖 + 𝑃𝑃𝑓𝑢𝑛𝑑 𝜎𝑎𝑑𝑚
𝜎𝑐𝑜𝑚𝑝 = ≤ ( 19 )
𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 1,5
Momento de derrubamento
𝑀𝑑𝑒𝑟𝑟𝑢𝑏 = 𝐹𝑡,𝑚𝑎𝑥 (𝛥 + ℎ) ( 21 )
16
Momento resistente lateral
𝑀𝑅
≥ 1,5 ( 23 )
𝑀𝑑𝑒𝑟𝑟𝑢𝑏
O método de Biarez e Barraud tem apenas em consideração cargas verticais. Uma vez que
a grandeza das cargas verticais na base da torre é muito superior às cargas horizontais,
considera-se aplicável o método.
Em que,
𝑄𝑓𝜑 = 𝑆𝐿 × 𝛾 × 𝐷 × 𝑀𝜑 ( 25 )
𝑄𝑓𝜑 = 𝑆𝐿 × 𝐶 × 𝑀𝑐 ( 26 )
17
𝑄𝑞 – Termo de sobrecarga
𝑄𝑞 = 𝑆𝐿 × 𝑞 × 𝑀𝑞 ( 27 )
𝑄𝑓𝛾 = 𝑆𝐿 × 𝛾𝑆 × 𝐷 × 𝑀𝛾 ( 28 )
Sendo,
𝑆𝐿 = 2𝜋 × 𝑅 × 𝐷 ( 29 )
𝑄𝑓𝑡 = 𝑆𝐿 [𝐶 𝑀𝑐 + 𝛾𝑆 𝐷 (𝑀𝜙 + 𝑀𝛾 ) + 𝑞 𝑀𝑞 ] + 𝑃 ( 30 )
Os parâmetros “M” obtém-se através de ábacos que dependem das características do terreno
em estudo.
De todas as fundações estudadas - estacas, sapatas, placas, sapata e chaminé, será apenas
detalhado o de sapata e chaminé que corresponde à fundação por tubulão e sapata isolada com
fuste.
1ª Categoria – solos argilosos com elevado grau de saturação e ângulo de atrito interno
baixo ϕ ≤ 15°
2ª Categoria – solos arenosos saturados e não saturados e argilosos com baixo grau de
saturação e ângulo de atrito interno alto ϕ > 15°
A superfície de rutura depende ainda do conceito de profundidade critica, Dc. Até atingir a
profundidade critica, a superfície de rutura forma-se desde a aresta superior da sapata até à
superfície do terreno. Quando a profundidade ultrapassa a crítica, o volume de solo mobilizado
não corresponde a toda a profundidade, a rutura é localizada.
18
I. Solos 1ª categoria
A superfície de rutura atinge o nível do terreno para uma profundidade inferior à crítica,
quando é superior à crítica a superfície não atinge o nível do terreno e origina-se um efeito de
sobrecarga ( 𝑞 = 𝛾(𝐷 − 𝐷𝑐 ) ) na região superior ao cone, como se encontra representado no
esquema abaixo.
𝑄𝑓𝑡 = 𝑆𝐿 [𝐶 𝑀𝑐 + 𝛾𝑆 𝐷 (𝑀𝜙 + 𝑀𝛾 ) + 𝑞 𝑀𝑞 ] + 𝑃 ( 31 )
Para sapatas retangulares ou quadradas, adota-se um raio equivalente tal que 𝑅 = 𝑅𝑒 = 𝑝/8,
em que 𝑝 é o perímetro.
19
Figura 8 - Solos 1ª categoria, D<Dc
Para D > Dc, a capacidade de carga à tração é dada pela soma de dois termos:
Qft1 corresponde à ação da sapata fundada a uma profundidade crítica, sendo igual
à expressão utilizada anteriormente.
Qft2 corresponde à resistência provocada pelo fuste até a uma profundidade de D-Dc,
o cálculo é assim semelhante a uma estaca com rutura generalizada, com valor de α
negativo.
Em que,
20
Os coeficientes “M” retiram-se dos ábacos da Figura 13.
21
Para D < Dc é utilizada a expressão geral, os parâmetros Mc, Mφ + Mγ e Mq são calculados
utilizando valores negativos de α, através dos ábacos das Figuras 10 e 11.
𝑄𝑓𝑡 = 𝑆𝐿 [𝐶 𝑀𝑐 + 𝛾 𝐷 (𝑀𝜙 + 𝑀𝛾 ) + 𝑞 𝑀𝑞 ] + 𝑃 ( 35 )
22
Figura 11 – Parâmetro Mγ Solos 2ª categoria, C=0, ϕ > 15º a 20º, D<Dc (Mϕ=0 e Mq=0)
A resistência à tração do conjunto sapata e fuste para uma profundidade superior à crítica é
igual á soma das duas resistências provocadas pelos dois tipos de rutura, a rutura localizada ao
nível da base e a rotura global ao longo do comprimento da chaminé segundo o ângulo α = - ϕ/8.
Em que,
23
Sendo,
1 𝑒
𝑚 =1− sin−1 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑒 < 𝑅 − 𝑅𝑓 ( 38 )
2𝜋 𝑅 − 𝑅𝑓
𝑚 = 0,75 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑒 ≥ 𝑅 − 𝑅𝑓 ( 39 )
Em que,
12𝜋 𝑅𝑓 𝑅𝑓2
𝑀= − 1,6 (1 − 1,9 + 0,9 2 )
𝜋 2 𝑅𝑓 6 𝑅 𝑅 ( 40 )
1 + 6 tan 𝜙 ( − ) + 2 (1 + + tan 𝜙)
4 𝜋 𝑅 𝜋
Para sapata e chaminé com secção retangular é valido considerar M=Mb para qualquer valor
de rácio Bf/B.
4𝜋
𝑀 = 𝑀𝑏 = 𝜋 ( 41 )
1 + tan 𝜑
2
O fuste atua como uma estaca com um ângulo de rutura α = - ϕ/8, a resistência provocada é
calculada pela equação ( 42 ). Os coeficientes Mc, Mφ + Mγ e Mq retiram-se dos ábacos da Figura
13.
𝑄𝑓𝑡𝑓 = 𝑆𝐿 [𝐶 𝑀𝑐 + 𝛾 𝐷 (𝑀𝜙 + 𝑀𝛾 ) + 𝑞𝑜 𝑀𝑞 ] ( 42 )
24
Para sapatas retangulares ou quadrados 𝑅 = 𝑅𝑒 = 𝑝/2𝜋, em que 𝑝 é o perímetro.
O valor da profundidade crítica pode ser determinado pela intersecção das duas curvas que
traduzem a variação da resistência à tração com a profundidade (gráfico da Figura 14). Em
termos de dimensionamento, deverá ser adotado o menor valor de Qft.
25
Figura 14 - Gráfico das curvas Qft1 e Qft2
26
3. Análise das sondagens dos terrenos de
fundação
O primeiro passo para o dimensionamento das fundações é a análise do tipo de solo das
amostras fornecidas, é necessário caracterizar e classificar os maciços.
W1-2
Sinais de alteração apenas nas
W2 Pouco alterado
imediações das descontinuidades
27
2. Estado de fracturação [6]
Classificação da Sociedade Internacional de Mecânica das Rochas (SIMR)
Medianamente Medianamente
20-60 F3 F3
afastadas afastadas
6-20 F4 Próximas
F4-5 Próximas
<6 F5 Muito próximas
O índice RQD proposto por D. Deere em 1964, engloba os dois critérios, o estado de alteração
e o estado de fracturação. A sua determinação é feita pela observação de uma amostra de
carotagem segundo a seguinte fórmula.
28
Tabela 8 - Classificação segundo índice de RQD
0 – 25 Muito fraca
25 – 50 Fraca
50 – 75 Razoável
75 – 90 Boa
90 - 100 Excelente
4. SPT [7]
Com o resultado do ensaio SPT é possível fazer correlações de forma a determinar certos
parâmetros do solo. Estas correlações em forma de tabelas, ábacos ou fórmulas são de origem
empírica, por isso o seu uso é limitado a estudos prévios.
𝑁𝑆𝑃𝑇
𝛾 = [14,0 + ( )] [𝑘𝑁/𝑚3 ] ( 44 )
2,5
𝜙 = 15 + √20 × 𝑁𝑆𝑃𝑇 [ ° ] ( 45 )
29
Ambas as equações são para solos sem presença do nível da água. Nas presentes amostras
verifica-se que não existe nível de água, estando as três amostras de solos completamente não
saturadas.
Compacidade
Características Muito
Muito fofa Fofa Média Compacta
compacta
Densidade
0 0,15 0,35 0,65 0,85 – 1,0
Relativa
SPT 0 4 10 30 50
Φ (°) 25 - 30 27 - 32 30 - 35 35 - 40 38 – 43
γ (tf/m3) 1,12 – 1,60 1,44 – 1,76 1,76 – 2,25 1,76 – 2,24 2,24 – 2,40
Analisando a constituição das amostras de solos, verifica-se que nas três sondagens a
camada superficial é constituída por areia argilosa e as camadas inferiores formadas por siltitos
de diferentes estados de degradação. Ao observar esta informação e as imagens fornecidas
(Anexo A), conclui-se que se trata de siltito argiloso.
Siltito [10]
Este tipo de rocha é considerada rocha branda, o que, para diversos autores, significa um
estado de transição entre um solo e uma rocha. A sua classificação é feita em termos de
propriedades mecânicas e de durabilidade.
30
4.2. Amostra S1
Tabela 10 - Amostra S1
Amostra S1
Fraturas medianamente
F3
Estado de afastadas
fracturação
F4 F5 Fraturas próximas
A informação contida no EC1 [11] para o peso específico dos materiais semelhantes ao solo
em análise apresenta-se na Tabela 12.
Peso específico
(kN/m3)
Areia 14,0 a 19,0
Arenito 21,0 a 27,0
O Regulamento [1] apresenta na Tabela 5 alguns valores para os pesos específicos de solos
genéricos, retirando-se o seguinte valor:
31
Tabela 13 - Peso específico segundo o Regulamento [1]
kg/m3
Com base nesta informação, considerou-se a aproximação pelo lado da segurança do peso
específico de 𝛾𝑠 = 19,0 𝑘𝑁/𝑚3 .
4.3. Amostra S2
Tabela 14 - Amostra S2
Amostra S2
Estado de
F4 Fraturas próximas
fracturação
32
4.4. Amostra S3
Tabela 16 - Amostra S3
Amostra S3
A primeira camada (0,8 – 3,10m) não tem informação do estado de alteração nem fracturação,
o índice de RQD é zero. A informação existente são os resultados do ensaio SPT. O que significa
que esta primeira camada de terreno trata-se de solo não rochoso.
1,0 m 22 7 0 30
2,0 m 12 18 24 30
3,0 m 10 - - 10
O ensaio realizado aos 3,0m não obteve resultados nas 2ª e 3ª fases, o que se justifica pela
proximidade ao estrato rochoso.
Para calcular as correlações com o resultado do ensaio SPT calculou-se a média dos
resultados dos ensaios nas profundidades 1,0 e 2,0m.
33
Tabela 18 - Resultados correlações com NSPT
γ (kN/m3) 18,9
Resultados fórmulas
( 44 )e( 45 )
Φ (°) 30,65
Resultados Tabela 9 -
γ (kN/m3) 17,6 – 2,08
Avaliação de
parâmetro dos solos
em função do
estudo de Φ (°) 30 - 35
compacidade ou
consistência
(Bowles, 1997)
γ (kN/m3) 18,5
Φ (°) 30
34
Tabela 21 - Tensão admissível ao longo da profundidade
Tensão admissível
Profundidade
(kPa)
35
5. Definição de ações e combinações
Considera-se como carga permanente apenas o peso próprio da fundação e o peso do solo.
As forças ao nível da base da torre, que foram fornecidas como sendo as resultantes do peso
próprio do conjunto estrutura mais equipamentos juntamente com as ações que atuam na torre,
são consideradas como sobrecarga, uma vez que englobam ações e sobrecargas aplicadas na
estrutura.
Segundo o EC 0, 6.4.2 (3) [12], a verificação aos estados limite últimos é considerada quando
se trata de um estado limite de rotura ou deformação excessiva (STR e/ou GEO), sendo a
condição a verificar:
𝐸𝑑 ≤ 𝑅𝑑 ( 46 )
Em que:
(4) O projecto de elementos estruturais (STR) que não envolva acções geotécnicas deverá ser
verificado utilizando os valores de cálculo das acções indicadas no Quadro A1.2(B).
(5) O projecto de elementos estruturais (sapatas, estacas, muros de caves, etc.) (STR) que
envolva ações geotécnicas e a resistência do terreno (GEO) deverão ser verificado utilizando
uma das três abordagens seguintes:
36
Para uma combinação tal que:
Tabela 22 - Valores 𝛾𝐺,𝑗 e 𝛾𝑄,𝑗 segundo o Quadro A1.2(B) – Valores de cálculo das ações (STR/GEO)
𝛾𝑄,𝑗 1,50 0
Tabela 23 - Valores 𝛾𝐺,𝑗 e 𝛾𝑄,𝑗 segundo o Quadro A1.2(C) – Valores de cálculo das ações (STR/GEO)
𝛾𝑄,𝑗 1,30 0
37
6. Dimensionamento
Com base na caracterização dos três tipos de solo apresentada anteriormente, apresenta-se
para cada amostra de solo as soluções de fundação possíveis. Será dimensionado com maior
detalhe um exemplo de cada tipo de fundação em estudo, associado a um tipo de solo.
Para cada tipo de fundação serão aplicados os métodos de cálculo descritos anteriormente,
dimensionada a armadura e apresentadas as peças desenhadas.
Numa primeira análise, principalmente devido ao elevado índice de RQD, a sugestão mais
apropriada de fundação seria a fundação por pregagens. De forma a poder comparar com outras
soluções serão também estudadas as soluções de fundação por sapata única e de sapatas
isoladas com fuste. A solução de fundação por tubulão não é indicada para este tipo de solo
rochoso.
As fundações por pregagens são aplicáveis a maciços rochosos com RQD superior a 75%, o
que nesta sondagem corresponde a uma profundidade de 5m.
Para os chumbadores foi adotada uma armadura de aço A500 com diâmetro ϕ25 mm. Assim
sendo, a resistência axial por pregagem, Py, é de 213,53 kN.
38
Considerando o esforço axial máximo como o menor dos valores anteriores, a resistência
máxima à tração de cada chumbador é de 213,53 kN.
De forma a garantir uma folga de segurança e por fatores de construção optou-se por
considerar 16ϕ25 pregagens por pé da torre, resultando em uma tração de 143,73 kN por
pregagem.
Pregagens Maciço
Aço A500 Φ25 Betão C30/37
qs Tult
α 1 300 501,40
(kPa) (kN)
fsyd
435 Ap (cm2) 4,91
(MPa) Tk
ξ 1,35 371,41 γd 1,5
(kN)
39
Figura 15 - Esquema planta e corte da fundação por pregagens 16Φ25
Para o cálculo de armadura inferior do maciço foi utilizado um modelo de escoras e tirantes
que considera a compressão e momentos mais desfavoráveis (Anexo B, B.1), o valor da
armadura adotada é de ϕ12//0,10 (11,31cm 2/m).
O dimensionamento de uma fundação por sapata única está condicionado às ações impostas,
não dependendo, numa primeira análise, do solo de fundação – dimensionamento pela
estabilidade (2.1.1). As dimensões que verificam a segurança ao derrubamento pelo método de
cálculo descrito em 2.1.1 são as apresentadas na tabela abaixo.
40
Tabela 25 - Dimensões sapata única
A (m) 12
B (m) 12
H (m) 3
Comparando com a solução anterior, verifica-se que esta acarreta um custo muito superior
em termos de betão.
A segurança à tração para uma fundação de altura total de 3 m não é verificada em ambos
os métodos de cálculo, utilizando o ângulo β do Regulamento [1] (2.3.1) e pelo método de Biarez
e Barraud [3] (2.3.2). O peso do volume de solo mobilizado juntamente com o peso próprio da
fundação não são suficientes para estabilizar o esforço de tração aplicado.
A segurança à tração verifica-se para as dimensões apresentadas na Tabela 26, para os dois
métodos de cálculo.
41
Tabela 26 - Dimensões sapata isolada com fuste
b (m) 1
B (m) 3
a (m) 0,5
h (m) 5
c (m) 1
O ângulo β adotado foi de 20° e o ângulo de atrito ϕ de 30°, valores mínimos estando assim
do lado da segurança.
A fundação teria uma profundidade total de 6 m, o que significa que as escavações teriam de
ser feitas em rocha, o que complica o processo. Por outro lado, a teoria da mobilização de solo
quando a fundação é submetida à tração é aplicada a solos e não a rochas. Desta forma, os
métodos de cálculo utilizados não são representativos da realidade.
42
6.2. Tipo de terreno S2
Considera-se que existem condições de fundação a uma profundidade de 3m (RDQ > 50%),
deste modo, uma fundação por sapata única é uma solução possível, por ser um fundação de
pequena profundidade. Outra solução a ser estudada é a fundação por sapatas isoladas e fuste.
(m)
A 12
B 12
H 3
43
Considerando uma verificação aos estados limites últimos, as cargas da torre introduzidas no
cálculo do momento de derrubamento encontram-se com fator de majoração de 1,5.
𝑀𝑑 [kNm] 38769,36
𝑀𝑒 [kNm] 64800,0
𝑴𝒆
1,67 > 𝟏, 𝟓
𝑴𝒅
Quanto ao arrastamento, tal como esperado não é condicionante uma vez que a força de
atrito, considerando 𝜇 = 0,7, é de 6300 kN, valor 5,69 vezes superior à soma das forças
horizontais mais condicionantes.
𝐹 = 2 × 𝑉𝑙,𝑇 + 2 × 𝑉𝑙,𝐶
𝑀
ℎ=
𝐿 𝐿 𝐹
𝑀 =2×𝑇× +2×𝐶×
2 2
Em que,
M [kNm] 39038,29
F [kN] 1031,65
h [m] 37,84
44
O momento de derrubamento calculado foi de 40757,70 kNm.
(m)
A 11
B 11
H 2,5
Para o cálculo do coeficiente de reação, considera-se o solo como arenoso, uma vez que a
sua aparência e descrição aproxima-se mais do tipo arenoso do que argiloso. Classifica-se o
solo como “areia seco ou húmida medianamente compacta” segundo a Tabela 4, considera-se,
pelo lado da segurança, o coeficiente k0,3 de 25 MN/m 3, recorrendo à fórmula dos solos
arenosos, o coeficiente de reação ks calculado é de 145,10 MN/m3. Adota-se a aproximação de
ks = 140.000 kN/m3 para o coeficiente de reação.
Parâmetros do solo
Ct (kN/m2) 800
ks (MN/m3) 140
Considera-se que o peso próprio do conjunto estrutura mais equipamento, carga vertical P, é
igual à diferença entre as cargas de compressão e tração. Uma vez que o carregamento
fornecido é o mais condicionante, e assim sendo, engloba para além das ações a que a torre
está sujeita, também o peso próprio do conjunto.
Verifica-se nos resultados apresentados na Tabela 33, que a ação do terreno é inferior à ação
das cargas verticais, sendo necessária a introdução de um coeficiente K que varia entre 1 e 1,5.
Por ser mais condicionante, optou-se por considerar 1,5 para o valor de K.
45
Tabela 33 - Resultados do cálculo dos momentos M1 e M2
O material escolhido foi o betão C30/37 pré-definido pela versão do software (v16.0.0),
segundo o EC2. Para a armadura – Rebar, definiu-se os parâmetros considerando um aço A500,
𝑓𝑦 = 435𝑀𝑃𝑎.
46
Tabela 34 - Valores das cargas introduzidas no modelo
kN/m2
T 170,35
Vl (T) 18,81
Vt (T) 19,39
C 191,12
Vl (C) 19,39
Vt (C) 21,58
Através de uma Load Case definiu-se a combinação de Estados Limites Últimos, atribuindo o
coeficiente 1,0 às cargas permanentes e 1,5 às cargas aplicadas, com o tipo de análise não-
linear. De forma a comparar a diferença entre os dois tipos de análise, definiu-se uma
combinação igual à anterior com o tipo de análise linear.
Uma análise não-linear permite simular o comportamento do solo de não resistir à tração.
Para comparar a diferença entre os dois tipos de análise e de forma a demonstrar a necessidade
de uma análise não-linear para simular o comportamento do solo, apresentam-se de seguida as
imagens das deformadas de ambos os casos.
Figuras 17 e 18 - Deformada análise linear e deformada análise não-linear (fator de escala 1000)
Verifica-se pela observação das duas deformadas que a análise não-linear tem maiores
deslocamentos verticais positivos, o que confirma a representação do comportamento do solo
ao não resistir à tração.
47
Figura 19 - Pressão de contacto análise não-linear [kN/m2]
Observa-se que a análise não-linear apenas apresenta pressão negativa do lado direito e
pressão nula no lado esquerdo, mostrando a aproximação do comportamento do solo, uma vez
que apenas existe pressão de compressão do solo e nenhuma resistência à tração.
Verifica-se pela Figura 20 que apenas existem reações à compressão do solo na área de
compressão da sapata.
É de notar que esta análise com modelos de cascas com 3m de altura é apenas uma
aproximação que pretende estudar de forma geral o comportamento do maciço e do efeito de
compressão do solo.
48
Tabela 35 - Imagens da representação gráfica dos momentos M11 e M22
Y Y
X X
Legenda:
Sentido do momento
49
Tabela 36 - Representação gráfica da armadura necessária nas duas direções e nas duas faces da
sapata
Face
superior
X X
Y Y
Face
inferior
X X
Legenda:
Sentido da armadura
50
Tabela 37 - Valores máximos de armadura
(As/m)max (cm2/m)
b (m) 1
B (m) 3
a (m) 0,5
h (m) 5
c (m) 1
51
6.3. Tipo de terreno S3
O tipo de terreno 3 apresenta-se como o mais fraco em termos de condições mecânicas por
ter o maior grau de degradação da rocha. O seu estado não compacto leva à necessidade da
construção de fundações mais profundas, podendo tirar partido deste estado ao se considerar a
mobilização do solo como parte da fundação. Posto isto, as soluções de fundação por tubulão e
sapata isolada com fuste consideram-se ser as mais indicadas. Contudo, considera-se também
a hipótese de uma sapata única. A solução de fundação por pregagem não é aplicável para este
tipo de solo.
γs (kN/m3) 18,5
Φ (°) 30
β (°) 20
52
Tabela 40 - Dimensões tubulão
d (m) 1,1
D (m) 2,5
h1 (m) 6
h2 (m) 6,5
h (m) 6,7
b (m) 0,5
c (m) 0,2
Δ (m) 0,5
Sendo,
𝜋𝑑 2
𝑉𝑐1 = (ℎ1 ) ( 49 )
4
𝜋𝑏 2
𝑉𝑐2 = (𝐷 + 𝑑 2 + 𝐷. 𝑑) ( 50 )
12
𝜋𝐷2
𝑉𝑐3 = 𝑐 ( 51 )
4
m3
Vc1 5,70
Vc2 1,34
Vc3 0,98
Vc 8,02
O volume total de betão é 8,02 m3, multiplicando pelo valor do peso específico do betão
armado, 25 kN/m3, resulta em um peso e betão armado de 200,51 kN.
53
A carga de compressão máxima é então a soma do peso de betão com a carga de
compressão por pé da torre majorada, 2580,05 kN. A compressão máxima resulta em 285,44
kN, verificando assim a segurança com um coeficiente de 1,5.
Em que,
𝜋ℎ 2
𝑉𝑠1 = [𝐷 + (2ℎ2 . tan 𝛽 + 𝐷)2 + 𝐷. (2ℎ2 . tan 𝛽 + 𝐷)] ( 53 )
12
𝜋𝑑 2
𝑉𝑠2 = ℎ ( 54 )
4 1
𝜋𝑏 2
𝑉𝑠3 = (𝐷 + 𝑑 2 + 𝐷𝑑) ( 55 )
12
O volume de solo estabilizante é de 123,35 m3, o que corresponde a um peso de 2282,06 kN,
sendo o peso específico estimado para o solo de 18,5 kN/m3. A força estabilizante total resulta
da soma do peso próprio do tubulão com o peso do tronco do cone solo mobilizado.
54
Considerando o coeficiente de majoração da força aplicada de tração de 1,5, verifica-se a
segurança à tração.
𝑭𝒆𝒔𝒕 > 𝑻𝒊
Momento derrubamento
2097,75
𝑀𝑑 [kN]
Momento resistente lateral
14825,9
𝑀𝑅 [kN]
𝑴𝑹
7,07 >1,5
𝑴𝒅
O solo da amostra S3 tem um ângulo de atrito ϕ estimado de 30°, através de correlações com
a média dos ensaios SPT no tópico 4.4, o que corresponde a um solo da 2ª categoria.
55
Tabela 45 - Parâmetros do solo
φ (°) 30
α (°) -30
C 0
γ (kN/m3) 18,5
As medidas consideradas são as mesmas que no método anterior, na tabela abaixo estão
indicadas as medidas do tubulão com a terminologia do método.
Rf (m) 0,55
R (m) 1,25
D (m) 6,7
Df (m) 6
b (m) 0,5
c (m) 0,2
A área da superfície do cilindro de raio de base igual à base do tubulão é calculada com a
expressão:
𝑆𝐿 = 2𝜋 × 𝑅 × 𝐷 ( 56 )
56
Figura 22 - Esquema do cilindro de solo
𝑏
𝑃𝑆 = [𝜋 × 𝑅2 × 𝐷 − 𝜋 × 𝑅𝑓 × 𝐷𝑓 − 𝜋(𝑅𝑓2 + 𝑅𝑓 × 𝑐 + 𝑐 2 )] 𝛾𝑠 ( 57 )
3
O coeficiente Mγ é dado pelo ábaco da Figura 11, uma vez que a coesão é igual a 0 e o ângulo
de atrito é maior que 15 e 20°. Adota-se um valor aproximado de 0,6.
𝛷 (°) 30
𝐷
5,36
𝑅
𝐷
𝑀𝛾 (𝜙, ) 0,6
𝑅
𝑄𝑓𝑡1 = 𝑆𝐿 𝛾𝑠 𝐷 𝑀𝛾 + 𝑃 + 𝑃𝑆 ( 58 )
57
ii. Profundidade superior à crítica D > Dc
A superfície de rutura localizada junto à base do tubulão com forma circular tem um raio “r”
cuja expressão para o seu cálculo é a seguinte:
𝑟 = √(𝑅 − 𝑅𝑓)2 + 𝑏 2 ( 59 )
𝑅𝑓′ = 𝑅 − 𝑟 ( 60 )
𝑟 0,86
𝑅𝑓′ 0,39
1 𝑏 𝑐
𝑚 = 1− (sin−1 ( ) + sin−1 ( )) ( 61 )
2𝜋 𝑟 𝑟
58
Tabela 50 - Cálculo do fator m
𝑒 (= 𝑐) 0,2 < 𝑅 − 𝑅𝑓
𝑅 − 𝑅𝑓 0,7
O fator 𝑆𝑢 = 𝑆𝐵 − 𝑆𝐹′ que também integra a expressão da resistência ao nível da base é dado
por:
2
𝑆𝑢 = 𝑆𝐵 − 𝑆𝐹′ = 𝜋(𝑅2 − 𝑅𝑓′ ) ( 62 )
O coeficiente M, tal como referido anteriormente, pode ser calculado a partir da fórmula ( 40
) ou do ábaco da Figura 12. Adotou-se o valor 9,5, pelo lado da segurança.
Tabela 51 - Valores de M
M (fórmula) 9,42
M(ϕ,R'f/R) (ábaco) 13
𝑄𝑓𝑡𝐷 = 𝑆𝑢 . 𝑚 . 𝑀 . 𝛾𝑠 . 𝐷 . tan 𝜙
𝑆 = 2𝜋 × 𝑅𝑓 × 𝐷𝑓 ( 63 )
A determinação do coeficiente (𝑀𝜑 + 𝑀𝛾 ) é feita com o ábaco da Figura 13, em função dos
valores de𝐷𝑓 /𝑅𝑓 = 10,91 e ϕ = 30°, considerando-se o valor aproximado de 0,3.
59
Tabela 53 - Cálculo resistência à tração - rutura generalizada QftF
𝑄𝑓𝑡𝐹 = 𝑆𝐿 . 𝛾𝑠 . 𝐷𝑓 . (𝑀𝜑 + 𝑀𝛾 )
A resistência total para a fundação com profundidade superior à crítica é a soma das duas
resistências calculadas anteriormente com o peso próprio do tubulão.
Comparando os valores das resistências para as duas hipóteses, 𝑄𝑓𝑡1 e 𝑄𝑓𝑡2 , verifica-se que
o valor mais condicionante corresponde à segunda hipótese, profundidade superior à critica.
Comparando o valor da resistência 𝑄𝑓𝑡2 com o valor da tração, 𝑇𝑖 , majorada com o fator 𝛾𝑄 = 1,5
, a fundação verifica a segurança à tração.
𝑇𝑖 (kN) 2299,73
𝑄𝑓𝑡2 (kN) 3764,74
𝑸𝒇𝒕𝟐 < 𝑻𝒊
Uma vez que as dimensões da fundação por tubulão referidas anteriormente verificam a
segurança para todas as verificações de todos os métodos de cálculo, adotou-se essas
dimensões para os desenhos de pormenor.
Um facto a verificar é se existe intersecção dos troncos de cone de solo mobilizados pelos
tubulões, uma vez que se consideram dois pés da torre simultaneamente à tração. No esquema
abaixo, verifica-se que para as fundações dimensionadas, considerando o ângulo definido pelo
Regulamento [1], não existe intersecção dos troncos de cone.
60
Figura 24 - Verificação da intersecção dos cones de solo mobilizados
Comparando as forças resistentes de ambos os métodos (ver Tabela 56) verifica-se que o
primeiro método que utiliza o ângulo β do Regulamento [1] apresenta um valor inferior o que
torna este método mais condicionante. Utilizando apenas o método de Biarez e Barraud [3] as
dimensões da fundação poderiam ser menores.
6.3.1.3. Armadura
A armadura adotada para a fundação por tubulão com dimensões acima indicadas é de 12ϕ25
com estribos ϕ8//0,20.
61
6.3.2. Fundação por sapata isolada com fuste
Os métodos de dimensionamento da fundação por sapata isolada com fuste são iguais aos
anteriores para a fundação por tubulão. Desta forma, o dimensionamento será descrito de uma
forma mais abreviada, enfatizando as diferenças.
b (m) 0,8
B (m) 3,0
a (m) 0,5
h (m) 5,0
c (m) 1,0
O volume de betão é de 12,2 m3, o que corresponde a um peso estabilizante de 305,0 kN.
Somando com o valor da carga de compressão majorada do pé da torre, a carga de compressão
máxima é de 2885,05 kN.
62
Tabela 58 - Verificação da compressão admissível no solo (metodologia simplificada, considerando
apenas os esforços axiais)
1
𝑉𝑠 = × ℎ × (𝐵2 + (𝐵 + 2ℎ tan 𝛽)2 + √𝐵2 (𝐵 + 2ℎ tan 𝛽)2 ) − 𝑏 2 × ℎ ( 64 )
3
63
Tabela 59 - Verificação de segurança à tração
𝑭𝒆𝒔𝒕 > 𝑻𝒊
Para este tipo de fundação o derrubamento não é condicionante, desta forma não é
considerado necessário o seu cálculo para o dimensionamento.
64
Tabela 61 - Coeficiente Mγ retirado do ábaco Figura 11
𝛷 (°) 30
𝐷
3,14
𝑅
𝐷
𝑀𝛾 (𝜙, ) 0,45
𝑅
Para esta geometria de sapata com fuste, o fator m calcula-se através da expressão ( 38
), segundo o esquema da Figura 9.
Tabela 63 - Valor de m
𝑒 (= 𝑐) 1 < 𝑅 − 𝑅𝑓
𝑅 − 𝑅𝑓 1,40
𝑆𝑢 = (𝑆𝐵 − 𝑆𝑓 ) = 𝜋(𝑅2 − 𝑅𝑓 2 ) ( 65 )
O coeficiente M, tal como referido anteriormente, para sapatas e chaminés quadradas adota-
se M=Mb, sendo calculado através da equação ( 41 ).
65
Tabela 64 - Cálculo resistência à tração - rutura localizada QftD
𝑄𝑓𝑡𝐷 = 𝑆𝑢 . 𝑚 . 𝑀 . 𝛾𝑠 . 𝐷 . tan 𝜙
𝑆𝑢 𝑚 𝑀 = 𝑀𝑏 𝛾𝑠 𝐷 𝜙
𝑸𝒇𝒕𝑫 3698,51
𝑄𝑓𝑡𝐹 = 𝑆𝐿 . 𝛾𝑠 . 𝐷𝑓 . (𝑀𝜑 + 𝑀𝛾 )
𝑆 𝛾𝑠 𝐷𝑓 (𝑀𝜑 + 𝑀𝛾 )
𝑸𝒇𝒕𝑭 444,0
A resistência total para a fundação com profundidade superior à crítica é a soma das duas
resistências calculadas anteriormente com o peso próprio da fundação sapata com fuste.
𝑄𝑓𝑡𝐷 𝑄𝑓𝑡𝐹 𝑃
𝑸𝒇𝒕𝟐 4447,51
66
Tabela 67 - Verificação de segurança à tração
Ti (kN) 2299,73
𝑄𝑓𝑡1 (kN) 3698,51
𝑸𝒇𝒕𝟏 > 𝑻𝒊
6.3.2.3. Armadura
A armadura inferior da sapata isolada foi dimensionada tendo em conta apenas o esforço de
compressão transmitido à sua base, à semelhança da simplificação utilizada para verificar a
67
tensão admissível do solo. O valor de área de armadura resultante da força de tração
desenvolvida na base da sapata é muito pequeno, considerou-se então razoável adotar uma
armadura de ϕ12//0,10 (11,31 cm 2).
A face superior da sapata isolada está submetida a tensões de tração devido ao peso do solo
do tronco de pirâmide mobilizado. De forma a determinar a armadura necessária, considerou-se
um comportamento de consola em que o solo atua como uma carga uniformemente distribuída
provocando um momento no encastramento, ou seja na ligação da sapata ao fuste. O diagrama
e as expressões utilizadas neste método simplificado de cálculo encontram-se no Anexo B, B.3.
A armadura adotada para a face superior da sapata é também de ϕ12//0,10 (11,31 cm 2).
A (m) 12
B (m) 12
H (m) 3
68
7. Análise de Resultados
Tabela 70 - Tabela resumo das melhores soluções de fundação para cada tipo de terreno analisado
Sapata
Sapata
Pregagens Tubulão isolada com
única
fuste
Terreno S1
Maciço rochoso pouco
degradado
Boa resistência mecânica
Terreno S2
Degradação mediana
Alguma resistência mecânica
Terreno S3
Muito degradado
Solos
Baixa resistência mecânica
Legenda:
Não é aconselhado
Apropriado
Muito apropriado
1. Terreno tipo S1
Para o solo S1 indicou-se como melhor solução a fundação por pregagem, uma vez que
despende menos material, nomeadamente, pouca quantidade de betão e aproveita a resistência
da rocha de fundação. Note-se ainda que esta solução envolve mais tecnologia em termos de
mão-de-obra qualificada e equipamentos específicos e especializados, o que constitui um
potencial inconveniente.
69
Por este motivo também, é essencial um elevado grau de tecnologia para a construção deste
tipo de fundação.
A solução de sapata única implica um grande volume de betão, o que acarreta um elevado
custo. No entanto, este tipo de fundação não implica mão-de-obra muito qualificada e dadas as
grandes dimensões da sapata única, a segurança é visivelmente garantida.
A solução de fundação de sapatas isoladas com fuste para este tipo de solo não faz muito
sentido pela necessidade da escavação de rocha, comparando com a solução por pregagens.
2. Terreno tipo S2
Para o Solo S2 foi indicada como mais apropriada a solução de fundação por sapata única,
embora a fundação de sapata isolada com fuste também seja adequada. O que distingue as
duas soluções é a quantidade de betão necessário e a profundidade de escavação.
3. Terreno tipo S3
As soluções apresentadas como sendo as melhores para o solo S3 foram a fundação por
tubulão e por sapata isolada com fuste, comparando as duas soluções, verifica-se que a sapata
isolada com fuste é mais vantajosa. Tal como referido anteriormente, a armadura da fundação
por tubulão apresenta uma falha com implicações na resistência da fundação a tensões de tração
ao nível da base, o que pode comprometer a segurança. Por outro lado, também o equipamento
utilizado para a perfuração e enchimento de um tubulão é mais especializado.
A fundação de sapata isolada com fuste tem a grande necessidade de se garantir uma
escavação com taludes verticais de forma a não comprometer a formação natural do tronco de
pirâmide de solo.
A solução de sapata única, mais uma vez implica um grande volume de betão, o que
comparando com as hipóteses anteriores para este tipo de solo não compensa.
70
Conclusão
No dimensionamento da fundação por tubulão, 6.3.1, e por sapata isolada com fuste, 6.3.2,
verifica-se que o método de Biarez e Barraud [3] garante um valor de resistência à tração maior
comparando com o método de cálculo que considera o ângulo do solo do Regulamento [1]. Os
estudos experimentais de Biarez e Barraud verificam uma maior resistência à tração ao
considerar diferentes superfícies de rutura dependentes das características do solo.
O dimensionamento das várias fundações aplicável a cada tipo de terreno permitiu concluir
quais as vantagens e desvantagens que a sua construção implica. Na Tabela 70 pode observar-
se quais as opções possíveis e quais as mais indicadas para cada tipo de solo. No entanto,
variáveis como capacidades tecnológicas e preços de materiais são fundamentais na escolha do
tipo de fundações a construir.
Uma completa determinação das características dos solos de fundações é fundamental para
uma minimização de custos de obra, sendo então essencial um número de sondagens
considerável e representativo de toda a extensão da linha de alta-tensão, sem prejuízo da
avaliação local das condições reais.
71
Referências bibliográficas
[3] J. BIAREZ e Y. BARRAUD, “The Use of Soil Mechanics Methods for Adapting Tower
Foundations to Soil Conditions,” CIGRE, Paris, 1968.
72
[16] A. COSTA, Folhas de Apoio às Aulas - Estruturas de Betão II, Instituto Superior
Técnico, 2013/2014.
73
ANEXO A
Dados fornecidos
I
ANEXO B
Cálculos detalhados
XIII
B.1. Cálculo detalhado armadura fundação por pregagens 5.1.1
Esforços actuantes
Excentricidades
𝑀𝑠𝑑,𝑥
𝑒𝑥 =
𝑁𝑠𝑑
𝑒𝑥 0,286
𝑒𝑦 0,318
𝑀𝑠𝑑,𝑦
𝑒𝑦 =
𝑁𝑠𝑑
Área comprimida
𝐵
𝑥 = ( − 𝑒𝑥 ) × 2 x (m) 2,03
2
𝐵
𝑦 = ( − 𝑒𝑦 ) × 2 y (m) 1,96
2
Tensão de compressão
𝑁𝑠𝑑
𝜎= < 𝜎𝑎𝑑𝑚 σ (kN/m2) 689,98 < 𝜎𝑎𝑑𝑚 = 1000 𝑘𝑃𝑎
𝐴
XIV
Cálculo de armaduras
o Armadura inferior do maciço
0,9ℎ
tan 𝛼 =
𝐵
− 0,35𝑎
4
𝐵
𝑅 =𝜎× ×𝑦
2
Afastamento
Nº pregagens Dist à face [m]
af [ m]
16 0,8 0,1
ft 4ft M
143,73 574,93 919,89
𝑎𝑓 𝑎𝑓
𝑀 = 4𝑓𝑡 × + 4𝑓𝑡 × ( + 𝑎𝑓)
2 2
𝑀 fcd [MPa] 20
𝜇=
𝑏 × 𝑑 2 × 𝑓𝑐𝑑 fyd [MPa] 435
𝑑 = ℎ − 𝑟𝑒𝑐 , 𝑟𝑒𝑐 = 0,05 b [m] 2,6
XV
𝜔 = (1 − √1 − 2,42𝜇)/1,21 h [m] 1,0
𝑓𝑐𝑑
𝐴𝑠 = 𝜔 × 𝑏 × 𝑑 × [𝑐𝑚2 ]
𝑓𝑠𝑦𝑑 𝜇 0,0196
𝜔 0,0198
𝐴𝑠 [𝑐𝑚2 ] 22,53
𝐴𝑠 [𝑐𝑚2 /𝑚] 8,67
Φ12//0,10
𝑨𝒔,𝒂𝒅𝒐𝒑𝒕 [𝒄𝒎𝟐 /𝒎]
11,31
o Armadura fuste
𝑇
𝐴𝑠 = [𝑐𝑚2 ] 52,87
𝑓𝑦𝑑
12Φ25
𝑨𝒔,𝒂𝒅𝒐𝒑𝒕 [𝒄𝒎𝟐 ]
58,90
1
Valor de área mínima apenas para efeitos comparativos, origem empírica não é considerado
como uma referência para o dimensionamento.
XVI
B.2. Cálculo detalhado armadura fundação por tubulão 5.3.1.3
𝑇
𝐴𝑠 = 𝐴𝑠 [𝑐𝑚2 ] 52,87
𝑓𝑦𝑑
12φ25
𝑨𝒔,𝒂𝒅𝒐𝒑𝒕 [𝒄𝒎𝟐 ]
58,92
2
Valor de área mínima apenas para efeitos comparativos, origem empírica não é considerado
como uma referência para o dimensionamento.
XVII
B.3. Cálculo detalhado armadura fundação por sapata isolada com fuste
5.3.2.3
Cálculo de armaduras
o Armadura inferior do maciço
𝑑
tan 𝛼 =
𝐵−𝑎
4
𝐶
tan 𝛼 = 2
𝐹𝑡
Força de tração
(igualando as duas expressões de tan 𝛼) Armadura
𝐶(𝐵 − 𝑎) 𝐹𝑡
𝐹𝑡 = [𝑘𝑁] 𝐴𝑠 = [𝑐𝑚2 /𝑚]
8𝑑 𝑦 × 𝑓𝑦𝑑
XVIII
o Armadura superior do maciço
𝑉𝑠𝑜𝑙𝑜 𝐵−𝑏 2
𝛾𝑠 𝑝( )
𝑝= 2 [𝑘𝑁/𝑚] 𝑀= 2
𝐵−𝑏 2
2
fcd [MPa] 20
b [m] 3
𝑀
𝜇= h [m] 1
𝑏 × 𝑑 2 × 𝑓𝑐𝑑
𝑑 = ℎ − 𝑟𝑒𝑐 , 𝑟𝑒𝑐 = 0,05
𝜇 0,0111
𝜔 = (1 − √1 − 2,42𝜇)/1,21
𝜔 0,0112
𝑓𝑐𝑑
𝐴𝑠 = 𝜔 × 𝑏 × 𝑑 × [𝑐𝑚2 ]
𝑓𝑠𝑦𝑑
𝐴𝑠 [𝑐𝑚2 ] 14,68
𝐴𝑠 [𝑐𝑚2 /𝑚] 4,89
Φ12//0,10
𝑨𝒔,𝒂𝒅𝒐𝒑𝒕 [𝒄𝒎𝟐 /𝒎]
11,31
o Armadura fuste
𝑇
𝐴𝑠 = [𝑐𝑚2 ] 52,87
𝑓𝑦𝑑
12Φ25
𝑨𝒔,𝒂𝒅𝒐𝒑𝒕 [𝒄𝒎𝟐 ]
58,90
3
Valor de área mínima apenas para efeitos comparativos, origem empírica não é considerado
como uma referência para o dimensionamento.
XIX
Peças desenhadas
XX
ESC. 1/100
PLANTA DIMENSIONAMENTO
ESC. 1/50
ESC. 1/100
PLANTA DIMENSIONAMENTO
ESC. 1/50
ESC. 1/100
PLANTA DIMENSIONAMENTO
ESC. 1/50
ESC. 1/100
ISOLADAS COM FUSTE
PLANTA DIMENSIONAMENTO
ESC. 1/50
ISOLADAS COM FUSTE