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Disfunção na

criança
Paralisia Cerebral
Pele Músculos
Articulações
Músculos
Somáticas Motoras

Aferências Sistema Eferências


Nervoso
Central
Vegetativas
Viscerais Glândulas
Órgãos internos Músculo liso
Coração
Motilidade voluntária
Homúnculo
 A Paralisia Cerebral (PC) abrange um grupo de
desordens que afetam a capacidade de
movimento.
 A PC é uma lesão no sistema nervoso central
(cérebro).
 As disfunções causadas pela lesão estão
diretamente relacionadas com a zona do
cérebro que é afetada.
 Significa que nem todas as pessoas com Paralisia
Cerebral têm as mesmas capacidades e
alterações no seu desempenho.
Paralisia Cerebral
 Os primeiros estudos surgiram em 1843, quando o médico
inglês William J. Little, relacionou casos de PC com a hipoxia
péri-natal, ou seja a falta de oxigénio durante o parto,
perspectivando como um síndrome motor causado durante
o mesmo (Araújo, 2006). No entanto foi Sigmund Freud, que
em 1893, utilizou o termo Paralisia Cerebral Infantil, e que
mais tarde foi aceite universalmente pela sua forma
abreviada, para denominar um problema que comprometia
gravemente o movimento (França, 2000).
Definição
 Paralisia Cerebral

“perturbação permanente e não imutável da postura

e do movimento devido a uma disfunção

do cérebro antes que o seu crescimento

e desenvolvimento estejam completos”


 Esta perturbação além de permanente e definitiva não
é evolutiva ou progressiva. Esta perturbação não tem
cura, mas pode evoluir positivamente.

 É predominantemente uma perturbação motora,


podendo surgir durante o período de crescimento
cerebral, não possuindo assim uma relação com o nível
de desenvolvimento mental / cognitivo.

 Em geral acompanha-se de déficits sensoriais e mental,


bem como de crises convulsivas.
 Bobath (1989), que descreve a Paralisia Cerebral como
o resultado de uma lesão ou mau desenvolvimento do
cérebro, de carácter não progressivo, e que existe
desde a infância. Refere também que a lesão afeta o
cérebro quando este ainda é imaturo interferindo com
o desenvolvimento motor normal da criança,
expressando-se em padrões anormais de postura e
movimentos associados a um tónus postural anormal.
 Em 1999 a World Health Organization define Paralisia Cerebral,
como uma consequência de uma lesão estática, ocorrida no
periodo pré, péri ou pós-natal que afeta o Sistema Nervoso
Central em fase de maturação estrutural e funcional. É uma
disfunção predominatemente sensório-motora, envolvendo
distúrbios no tónus muscular, postura e movimentos voluntários.
Esta definição é aceite por vários autores, referindo que a PC é
um conjunto de sintomas disfuncionais resultantes de uma
alteração nas áreas de controlo motor do cérebro.
Epidemiologia
 2:1000 Portugal nados vivos; Escócia: 1,2 para 1000;
Brasil: 6,0 para1000; 2:1000 Austrália; A prevalência
global da PC mantem-se estável desde 1960.

 Especulações de que o aumento da sobrevida dos


prematuros de muito baixo peso causaria um aumento
na prevalência da PC não têm sido confirmados.

 No entanto, a prevalência dos subtipos alterou-se.


 Devido ao aumento da sobrevida de prematuros de
muito baixo peso, a incidência de diplegia espástica
tem aumentado.

 PC Coreoatetóides diminuiram.

 Gestação múltipla aumenta o risco de PC.


 Esta é uma lesão neurológica não progressiva, e pode
ser originada antes, durante e após o nascimento,
manifestando-se numa perda da capacidade
funcional sobre o controlo e o movimento voluntário
(Amengual, 1992; Porretta, 1995; Rosenbaum et al.,
2004).

 Apenas devem ser incluídas no diagnóstico de Paralisia


Cerebral, crianças que adquirem a lesão cerebral até
aos 5 anos de idade. (SCPE, 2000)
Etiologia

 As lesões cerebrais, ou seja, as causas da Paralisia


Cerebral, podem ser devido a factores pré-natais, peri-
natais e pós-natais.
 1. Causas pré-natais:
 Doença cérebrovascular
 Agentes físicos e agentes químicos
 Infecções
 Fatores maternos
 2. Causas péri-natais:
 Anóxia peri-natal
 Hemorragias intra-cranianas
 Alterações metabólicas
 Infecções
 Icterícia precoce
 3. Causas Pós-natais:
 Traumatismos cranianos
 Infecções
 Tumores
 AVC’s
 As causas pré-natais actuam desde a concepção até
ao início do trabalho de parto

 Estas causas são devidas a prematuridade,


incompatibilidade sanguínea, toxoplasmose, meningite,
alcoolismo, anomalias, placentárias (exemplo:
desprendimento da placenta); infecção viral
congénita, diabetes da mãe e exposição a radiações.

 Rubéola, sífilis, herpes ou hepatite (infecções


embrionária), que resultam em malformações
cerebrais, oculares, auditivas ou cardíacas. A
probabilidade de ocorrência de lesões cerebrais no
parto, que conduzam à paralisia cerebral é maior,
sendo deste modo o parto um período crítico
 Ribeiro (2006) acrescenta ainda como causas a intoxicação
durante a gestação (produtos tóxicos ou medicamentos) e
anóxias (provocadas por falta de oxigenação do feto, devido a
insuficiência cardíaca da mãe, hipertensão, anemia, deficiente
circulação sanguínea e incapacidade dos tecidos do feto em
captar oxigénio).
Fatores péri-natais
 Nos países desenvolvidos tem-se vindo a observar um aumento dos
casos de Paralisia Cerebral, com índices de 1,5 a 2,5 por 1000
nascimentos (Dzienkowskie & Smith, 1996). Segundo Mancini &
Fiúza (2002), estes dados são devidos à melhoria dos cuidados péri-
natais, fazendo com que haja um aumento da sobreviência de
crianças prematuras e de baixo-peso, pois segundo a mesma
autora a presença de disfunções neurológicas ocorre mais nestes
casos, do que em crianças com peso dito normal e de termo.

 As causas péri-natais actuam desde o começo do parto até ao


nascimento do bebé (Moreira, 2000; Araújo, 2006; Ribeiro, 2006).
Fatores Pós-natais

 As causas pós-natais actuam desde o nascimento até à maturação


do sistema nervoso (2-3 anos). Neste período a paralisia cerebral
surge devido a ingestão de substâncias tóxicas, traumatismo
crâneo-encefálico, incompatibilidade sanguínea fetomaterna,
icterícia no recém-nascido (Moreira, 2000; Araújo, 2006) (Ribeiro,
2006), enfermidades metabólicas, desidratações e encefalites ou
meningites Ribeiro (2006) acrescenta ainda acidentes
cardiovasculares, acidentes anestésicos, doenças infecciosas,
tumores cerebrais, convulsões e estados febris muito graves
 Existem dois tipos de PC,

dependendo da localização da lesão:

 Piramidal (espástica)

 Extrapiramidal

 Existe uma sobreposição de ambos

os sintomas e lesões anatómicas.


 O sistema piramidal conduz o sinal para a contração
muscular.

 O sistema extrapiramidal fornece influências


reguladoras sobre a contração.
Distribuição dos tipos de PC
Tipos de paralisia cerebral Freq. da distribuição

 Não espática (tipos  23%


extrapiramidais e mista)

 PC espastica (total)  77%


 Diplegia espástica  21%
 Hemiplegia espástica  21%
 Tetraplegia espástica  23%
Classificação anatómica
Segundo o tipo de tónus muscular
 hipotonia
 hipertonia
 distonia

Segundo a área de envolvimento


 hemiplegia
 diplegia
 tetraplegia
Classificação da PC
PC espástica é caraterizada por, pelo menos duas das
seguintes situações:

 Padrão postural e/ou movimento anormal

 Aumento do tonus (não obrigatoriamente constante)

 Reflexos neonatais exacerbados e mantidos


(patológicos, aumento dos reflexos; hiperreflexia e/ou
sinais piramidais ex: Resposta de Babinski)
Classificação da PC
Qualidade do tonús

PC espástica pode ser classificada de :

 Bilateral - Os membros dos dois lados do corpo estão afetados

 Unilateral - Os membros de um lado do corpo estão afetados

PC ataxica pode ser caracterizada por:

 Padrões posturais e/ou de movimento anormais

 Perda da coordenação muscular, fazendo com que o movimento seja


realizado com força, rítmo e precisão anormal.
Classificação da PC
PC discinética é caracterizada por:

 Padrão postural e/ou de movimento anormal

 Movimentos involuntários, descontrolados, recorrentes e


ocasionalmente esteriotipados

PC discinéticas poderão ainda ser:

 Distónicas
 Hipocinesia (actividade reduzida, ex movimentos rígidos)

 Hipertonia (tonus usualmente aumentado)

 Coreo-atetósica
 Hipercinésia (actividade aumentada, ex: movimentos amplos)

 Hipotonia (tonus usualmente diminuído)


Classificação da PC
Distribuição do tonus postural:
Tetraplegia
 Envolvimento de todo o corpo, com os membros
superiores da mesma forma que os membros inferiores,
ou mais afectados

Diplegia
 Todo o corpo afetado, os MI mais afetados que os MS.
Os MS têm de estar suficientemente aptos para
fazerem transferência de peso.

Hemiplegia
 Um lado do corpo mais afetado que o outro
Classificação da PC
Classificação da PC

HEMIPLEGIA DIPLEGIA TETRAIPLEGIA


Classificação da PC
 O mais comum é ter uma combinação das diferentes
qualidades de tonus. Uma criança pode ser classificada
como tendo uma tetraplegia espástica moderada, lado
esquerdo pior que o direito, com hipotonia no tronco. Esta
descrição diz aos terapeutas que esta criança é capaz de
mover (hipertonicidade espástica moderada), apresenta
dificuldades posturais contra gravidade (hipotonia do
tronco) e o direito tem maior mobilidade . Isto poderá
querer dizer que existe uma maior hipertonia do lado
esquerdo, devido a reacções associadas.
Classificação da PC
tetraplegia
 Forma mais grave, mais comum

 Todas as extremidades severamente prejudicadas

 Alta associação com a amplitude de movimentos e a


preensão

 Contraturas em flexão dos joelhos e cotovelos

 Tetraplegia espástica atetose , PC mista


Classificação da PC
hemiplegia
Fatores comuns

 Um hemicorpo afetado (pode haver envolvimento oro-


motor e facial)

 Concorrência entre os dois lados do corpo

 O principal fator de incapacidade são as reações


associadas, que interferem com a função

 Equilibram-se e manipulam com o lado não afetado


usando padrões compensatórios de movimento
Classificação da PC
hemiplegia
 O cruzamento da linha média poderá estar alterado ou
não existir
 Não leva as mãos à linha média
 Não leva as mãos à boca
 A coordenação bilateral olho mão poderá estar
perturbada ou ausente
 Exploração do corpo não uniforme
 Como consequência têm dificuldade de perceber o
corpo em 3D
Classificação da PC
hemiplegia
 O centro de gravidade está deslocado devido aos
padrões de movimento tonus postural anormal(distribuição
do peso)
 O centro do corpo não é perceptível como o ponto de
referência
 Dificuldade nas relações espaciais
 Reações de equilíbrio e de retificação são assimétricas
 Falta de variedade dos padrões de movimento ao
levantar-se do chão
 Raramente gatinham, arrastam-se com o rabo no chão
Classificação da PC
hemiplegia
 Os MS na maioria das vezes estão mais envolvido do que os MI.

 As dificuldades de manipulação da mão tornam-se mais evidentes por


volta dos 12 meses.

 Atraso na aquisição da marcha, entre os 18 e os 24m

 Pé equinovarus (deformidade do pé), anda na ponta dos pés devido ao


aumento do tónus

 MS afetados, têm uma postura distónica quando criança corre

 Reflexos aumentados, clonus do tornozelo, sinal de Babinski presente

 1/3 tem convulsões

 Hemisfério cerebral na imagiologia revela atrofia com dilatação laterais


do ventriculo contralateral ao lado afetado
Classificação da PC
diplegia
Características:

 MI mais afetados que os MS

 Maior uso dos MS em detrimento dos MI

 Ausência de dissociação dos MI (um com o outro)

 Ausência de dissociação dos MI com o tronco

 Ausência de dissociação de cinturas


Classificação da PC
diplegia
 Espasticidade bilateral dos MI
 Mais notório quando a criança inicia o gatinhar, tende a deixar uma
perna mais para trás.
 Grave espasticidade, a colocação da fralda é difícil devido ao
excesso de adução dos MI
 Reflexos mantidos, clonus tornozelo
 Postura de MI em tesoura, quando suspensa por axila
 Anda nas pontas dos pés, atrofia muscular por desuso, deficiência de
crescimento dos MI
 desenvolvimento intelectual normal
 Convulsões mínimas
 Imagiologia - leucomalácia periventricular da substância branca.
Classificação da PC
atetose
Atetose ou discinésia englobam:
 Atetose pura
 Atetose com espasticidade

 Coreoatetose
 Atetose distónica
Atetose
 A maior parte das crianças com atetose apresentam
tetraplegia, contudo também poderão existir algumas
crianças com hemiplegia que apresentem atetose,
mais usualmente movimentos distónicos. (Bryce and
Murray, 1991)
Atetose

Movimentos involuntários

 Existem 3 tipos fundamentais de movimentos


involuntários.
 Movimentos alternados dos membros

 Espasmos tónicos intermitentes (espasmos distónicos)

 Contracções localizadas irregulares


Atetose
Movimentos alternados dos membros

 Estes movimentos podem acontecer em termos distais ou proximais,


alternando movimentos de flexão/extensão, in/eversão,
prono/supinação. Os movimentos podem parecer bastante
normais e a criança poderá fazer uso destes movimentos para a
função.

 O início do movimento da criança vai despoletar os movimentos


involuntários. Por vezes em repouso, os movimentos podem ser
inexistentes.

 Os movimentos nas articulações proximais são mais notórios e


anormais, uma vez que todo o membros vais ser mobilizado.
Atetose

Espasmos tónicos intermitentes (espasmos distónicos)

Características:

 Frequentemente postura mantida em amplitudes extremas

 Padrões bizarros

 Torção do membros

 A posição da cabeça pode influenciar todo o corpo

 Padrões poderão ser estereotipados


Atetose

Espasmos tónicos intermitentes (espasmos distónicos)

 Os membros poderão manter-se mantidos em posições


extremas, desde apenas alguns segundos a alguns minutos

 As posições poderão ser totalmente assimétricas, ou uma


mistura.

 Existe uma maior propensão para a ocorrência de


deformidades na coluna vertebral.
Atetose

 Contrações localizadas irregulares

 São imprevisíveis e não há um padrão.

 Acontecem mais na face e nas extremidades.

 Movimentos grotescas, exagerados (expressão fica


bastante estranha)
Atetose
 Relativamente rara nos dias de hoje, devido à gestão agressiva de
hiperbilirrubinemia

 Há uma hipermielinazação dos gânglios da base - chamado de


status marmoratus

 A criança inicialmente apresenta sintomas de hipotonia, pobre


controle da cabeça (deixa cair a cabeça), dificuldade de
alimentação, pouco controlo oral (baba-se muito)

 Depois dos 12 meses os movimentos atetoides tornam-se evidentes

 Fala é afetada (arrastada, alterações na modulação), devido ao


envolvimento dos músculos da orofaringe

 A preensão alterada

 Nivel intelectual normal.


 Movimentos atetoides – são movimentos involuntários
que ocorrem nas extremidades do corpo, como mãos,
pés e boca.

 Movimentos coreicos – são movimentos involuntários,


que ocorrem na raiz dos membros, nos ombros por
exemplo.
Coreoatetose

Características principais:

 Tonus postural flutuante entre moderado baixo a normal

 Movimentos involuntários são predominantemente, movimentos


alternados do membros

 Movimento desorganizado e descontrolado

 Alterações na estabilidade proximal, devido a pouca


capacidade de contração agonistas/antagonistas

 Dificuldade de usar combinação de padrões de movimento


(uso de padrões globais)

 Dificuldade em funcionar na linha média


Atetose Distónica
Características principais:

 Tonus flutuante numa grande amplitude – de muito hipertónico a muito


hipotónico

 O tonus altera-se repentinamente e de forma imprevisível e acontece


em forma de espasmos tónicos intermitentes

 Estes espasmos influenciam principalmente as regiões proximais, mas


geralmente afetam o corpo todo. A criança parece ficar presa/
trancada numa posição.

 A criança apresenta grandes dificuldades em estabelecer o controlo


da cabeça e do tronco (devido à flutuação do tonus), existindo pouco
alinhamento e assimetria postural

 A criança apresenta pouco ou nenhum controlo postural e os espasmos


tendem a tirar o equilíbrio da criança

 Grande assimetria pode ser observada juntamente com o RTCA


Hipotonia

Caraterísticas:

 Tónus baixo
 Pouca actividade
 Alerta diminuído
 Entrada dos estímulos sensoriais diminuída
 Contraturas e deformidades podem ser um problema
grave
 Incapacidade de se manter contra gravidade
 Excessivas amplitudes de movimento
 Laxidão ligamentar, hipermobilidade
 Respiração muito superficial, dificuldade na inspiração
e expiração
 Problemas na alimentação
Ataxia (Tremor, Rigidez)

 variedade incomum

 Características das lesões extrapiramidais Quando se


mobiliza o movimento é de tipo roda dentada

 Sempre associada a amplitudes de movimento.

 Principalmente devido à malformação congênita do


cerebelo

 Tremor constante tremor grosseiro grave


Disfunções associadas
Défice cognitivo
 A avaliação da função intelectual em crianças com
certos tipos de envolvimento é difícil, porque a maioria
dos testes normalmente aplicados para avaliar o
desenvolvimento cognitivo requerem respostas verbais e
motoras, e um julgamento baseado apenas nas
impressões iniciais pode levar a uma conclusão incorreta.
 Muitas crianças com disartria grave, a princípio
consideradas como intelectualmente deficientes, a partir
do momento em que puderam comunicar utilizando
meios alternativos, foram reconhecidas como sendo
muito mais capazes intelectualmente do que se supunha.
Há uma grande incidência de alterações cognitivas em
alguns tipos de PC.
 A incapacidade intelectual é mais frequente em crianças
com tetraplegia espástica.
Disfunções associadas
Epilepsia
 Os neurónios estão geram permanentemente impulsos elétricos.
Esta atividade elétrica ocorre, normalmente, de uma maneira
organizada. Quando certos grupos de neurônios entram em
atividade excessiva e hipersincrónica, ou seja, quando vários
neurónios entram em atividade elétrica ao mesmo tempo,
ocorre um distúrbio do funcionamento do SNC. Estes episódios
de descarga elétrica anormal são chamados de crises
epilépticas. Estas crises podem evoluir com hiperextensão e
contrações musculares, perda súbita do tónus muscular, perda
ou alteração temporária da consciência e alteração temporária
do comportamento.
 Uma criança em crise pode apresentar os seguintes sinais:
contrações musculares generalizadas ou localizadas,
movimentos rítmicos com a cabeça, desvio do olhar para cima
ou para o lado, movimentos rápidos de piscar os olhos,
movimentos mastigatórios, ausência de resposta a uma
solicitação
Disfunções associadas
Disfunções Visuais

 Na PC, o estrabismo é frequente. Cataratas (opacidade do


cristalino), coriorretinite (inflamação da coroide e da retina) e
glaucoma (aumento da pressão ocular) são desordens oculares
comuns.

 Aproximadamente 2/3 dos prematuros de baixopeso (<1250g)


desenvolvem algum grau de retinopatia. Nos prematuros, o
oxigênio usado para tratar a síndrome de esforço respiratório pode
alterar o crescimento dos vasos sanguíneos da retina, predispondo
a miopia, estrabismo e glaucoma. Nos casos mais graves, uma
cicatriz fibrosa descola a retina do fundo do olho determinando
perda da visão.
Disfunções associadas
Disfunções Visuais

 O córtex visual é a região do lobo occipital responsável


pela receção e descodificação da informação
enviada pelos olhos. Uma lesão nesta área pode
determinar perda visual que neste caso é chamada de
deficiência visual cortical (DVC). As causas mais
frequentes de DVC são hipóxia, infecções do sistema
nervoso central, traumatismo cranio-encefálico e
hidrocefalia. Os testes eletrofisiológicos completam a
avaliação clínica e podem determinar se a causa da
deficiência visual está nos olhos ou no cérebro.
Disfunções associadas
Deficiência Auditiva

 Algumas crianças com paralisia cerebral têm deficiência auditiva


e o diagnóstico precoce é importante porque no primeiro ano de
vida, a experiência de ouvir a fala humana orienta a formação de
conexões nervosas a nível encefálico relacionadas com a
capacidade de linguagem e comunicação oral. A privação
sensorial, nessa fase, pode comprometer o desenvolvimento
dessas conexões. Alguns estudos em crianças com deficiência
auditiva demonstraram que, mais do que o grau da deficência, o
diagnóstico e a intervenção precoce (marcadamente até os 6
meses de idade) foram o melhor fator prognóstico para a
aquisição da linguagem.
Disfunções associadas
Dificuldades na Alimentação

 Desordens da sucção, mastigação e deglutição são comuns nas


crianças com envolvimento total. Todos estes fatores contribuem
para uma alimentar deficiente. Além disso, muitas crianças com
limitações motoras são mantidas por longos períodos com dietas
próprias para bebés. A oferta repetida de certos tipos de alimento,
tais como, leite e derivados, farináceos ou sumos após os seis
meses de idade pode determinar quadros de anemias carenciais
(principalmente por falta de ferro), desnutrição e infecções de
repetição. A criança desnutrida não cresce normalmente e sua
resposta aos estímulos que promovem o desenvolvimento é
prejudicada.
Disfunções associadas
Disfunções sensoriais

 As crianças com paralisia cerebral têm, muitas vezes,


lesões no lobo parietal – área do cérebro responsável
pela interpretação e uso da informação proveniente
dos sentidos .

 Essas crianças podem ter diversas alterações sensoriais


na receção e interpretação das informações que os
sentidos transmitem ao cérebro (agnosia).

 As dificuldades mais frequentes nas crianças com PC


são as alterações no tato, proprioceção e vestibular.
Disfunções associadas
Disfunções sensoriais

 Estas crianças podem ter dois tipos de deficiências


sensoriais relacionadas com o tato: a hipersensibilidade
tátil (defesa tátil) e a hipossensibilidade tátil.

 Cerca de 50% das crianças com hemiplegia têm


deficiências sensoriais no lado afetado do corpo. Essa
combinação de um déficit motor com um sensorial
pode tornar o movimento duplamente difícil.
Disfunções associadas
Disfunções sensoriais

 Uma criança com alterações sensorimotoras na mão tem


dificuldades de manipulação dos objectos, e dificuldades no
input da informação de forma a saber se a sua preensão é
muito fraca ou muito forte.

 Uma criança com alterações táteis e propriocetivas nos MI tem


alterações no esquema corporal, resultando em dificuldades em
sentir onde estão os pés e que pressão exercem no chão,
podendo causar, insegurança nos seus movimentos.

 As crianças com deficiências sensoriais têm dificuldade em usar


os sentidos para planear os seus movimentos.
Disfunções associadas
Distúrbios de fala

 As crianças com PC têm frequentemente problemas de fala, pois


os mesmos problemas de tónus muscular que dificultam o controlo
dos movimentos do corpo também dificultam o controlo dos
movimentos oro-motores, movimentos dos músculos da mandíbula,
dos lábios, da língua e faciais usados na fala.

 Devido à dificuldade no controlo dos músculos do tronco, também


podem ter pobre controlo respiratório para poderem falarem em
voz alta ou com suficiente clareza para serem compreendidas.

 Os problemas na fala por dificuldade em controlar os movimentos


motores orais chamam-se disartria.
Disfunções associadas
PHDA

 Estima-se que cerca de 20% das crianças com PC tenham


algum tipo de perturbação de hiperatividade e atenção.

 Estas crianças podem ter defice de atenção e apresentar


dificuldades em focar a atenção e na concentração

 Podem passar de uma atividade para outra, antes de dominar


completamente um conceito;

 Têm dificuldade para ouvir e seguir instruções;

 Podem agir sem pensar, por falta de controlo dos impulsos.

 Podem ter dificuldade em se manterem sentadas

 Podem ter labilidade emocional.


Disfunção de desempenho
ocupacional
 Deambulação- exploração do espaço, relação corpo
no espaço e corpo objetos

 AVDs – alimentação, higiene e vestuário

 Brincar – desenvolvimento de competências cognitivas,


percetivas e sócio emocionais

 Aprendizagem escolar
Disfunção de desempenho
ocupacional
 Aconselhamento: ensino parental de treino de AVD’s
como alimentação, transporte, vestir, tomar banho,
brincar, exercícios para normalização do
tónus muscular
 Posicionamento, transferências.
 Equipamentos adaptados andarilhos, CR, dispositivos
para a alimentação, teclados adaptados
 Competências de comunicação, comunicação
aumentativa e alternativa, computadores
especialmente adaptados
Intensidade dos Sintomas
As alterações dos movimentos e da postura, os défices
sensoriais e cognitivos, bem como as convulsões,
dependem de fatores barreira e facilitadores

barreira facilitadores
 O agente causal e a  Fatores protetores
duração de sua ação; placentários e maternos
 A idade gestacional em genéticos
que ocorreu a lesão  Equipamentos
 Más condições de hospitalares para
atendimento durante o monitorização do parto
trabalho de parto;  Qualificação dos
 Maior maturidade fetal; profissionais envolvidos no
 Convulsões neonatais; atendimento perinatal
 Estimulação precoce;

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