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e identidade negra
Nei Lopes
Bantos, malês
e identidade negra
1ª reimpressão
COORDENADORA DA COLEÇÃO
Nilma Lino Gomes
CONSELHO EDITORIAL
Marta Araújo – Universidade de Coimbra; Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva – UFSCAR;
Renato Emerson dos Santos – UERJ; Maria Nazareth Soares Fonseca – PUC Minas;
Kabengele Munanga – USP
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Tales Leon de Marco
Waldênia Alvarenga Santos Ataíde
REVISOR
Alexandre Vasconcelos de
AUTÊNTICA EDITORA
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e-mail: autentica@autenticaeditora.com.br
Lopes, Nei
ISBN 978-85-7526-215-3
O autor
AO LEITOR.................................................................................... 9
OS MALÊS................................................................................. 11
REFERÊNCIAS.................................................................................... 213
Este livro, desde sua primeira versão, procura mostrar dois aspectos
do preconceito anti-negro embutido na historiografia brasileira anterior à
década de 1970. O primeiro é a exaltação do segmento arabizado da
população cativa, tido como o escol da massa escrava no Brasil, pintado
sempre como altivo e insubmisso, em geral letrado, embora constituindo-
se em ínfima minoria e praticando, como sabemos, um islamismo constan-
temente impregnado de práticas ancestrais negro-africanas, aquelas tidas
como “fetichistas”. O segundo é a negação da importância cultural do
segmento banto na formação brasileira, apesar de sua relevância, pela
anterioridade de sua presença e pelo número vultoso de sua entrada nos
portos brasileiros, por mais de 300 anos, além de sua dispersão forçada
por quase todo o território nacional, em obediência aos sucessivos ciclos
econômicos.
O escravismo brasileiro foi eminentemente banto, como prova a pre-
sença afro-originada principalmente na música, nas danças dramáticas,
na língua, na farmacologia, nas técnicas de trabalho e até mesmo nas
estratégias de resistência aqui desenvolvidas, como nos casos exempla-
res dos quilombos e das irmandades católicas. Mas a historiografia ante-
rior à década de 1970, de um modo geral, procurou negar essa hegemo-
nia. E, a nosso juízo, o fez com um objetivo definido: o de negar importância
à regra, à maioria, mitificando positivamente, de certa forma, apenas a
exceção. Daí, o “negro tu”, sempre submisso e imbecilizado, contrapos-
to ao “malê” ou “mina”, generalizadamente mostrado como rebelde, al-
tivo e letrado.
Essa falácia chegou até nós. E repercutiu seriamente na tentativa de
reconstrução identitária da militância negra a partir da década de 1970. E
BANTOS, MALÊS E IDENTIDADE NEGRA
O autor
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