Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Isso acontecia ao mesmo tempo em que seu organismo finalizava um processo digestivo
do dia anterior e clamava o defecar. Concomitantemente, isso em nada diminuiu a
experiência onírica que, de tão forte e ampla, não cessava, só se expandia para
além do mensurável.
Centenas de dias sobrepostos se acumulavam desde que iniciara a longa viagem. Mesmo
com a mente e outros corpos distante, o corpo material de Tsa já sabia
tranquilamente o caminho e os procedimentos para evacuar o digerido, e foi assim
que, semelhando ao dito "cagar e andar", num estado de sonambulismo onírico
pluridimensional Tsa sonhava, sentia e vivênciava todo o inefável criar onírico de
uma floresta ao mesmo tempo em que seu corpo se direcionava ao banheiro. Cagou,
limpou, deu a descarga e voltou a se deitar, sem nada interferir na lisérgica
experiência da sonhadora. Contudo, o contrário se sucedeu.
Conhecido, mais tarde, como Rio do Gorfo, esse caudaloso mostruário galático de
todas as possíbilidades cromáticas de verdes foi se alastrando por caminhos
espaciais, sabe-se lá por quanto tempo, até o momento em que se chocou com a quina
de um dos pilares sustentadores do universo, criando, ao mesmo tempo, o estagnar do
correr infinito do rio e uma movimentação atômica de suas partículas, dando origem
ao borbulhante lago Gorfo Verde.
Desde criança Tsa sonhava com esse Rio/Lago e via no reflexo de suas águas as
várias faces que viria a desenvolver e se envolver ao longo de sua vida, sem saber
que essas águas eram reflexo direto de suas almas, antepassadas e antefuturas.
Dentre os inúmeros sonhos, marcante foi aquele, no qual, um enorme ônibus espacial
- repleto de insumos agrículas, carpinteiros do universo, jardineiros espaciais e
agricultores celestes - colidiu com o já rachado pilar de sustenção do universo,
afundando no lago junto com pó de cimento existencial caído desse pilar.