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UNIVERSIDADE POLITÉCNICA

A POLITÉCNICA

INSTITUTO SUPERIOR DE ESTUDOS UNIVERSITÁRIOS DE NAMPULA

Curso: Engenharia Eléctrica – Vespertino


Cadeira: Métodos de Pesquisa
Semestre: I°

Discente: Jorge Carlos Pachuela

Tema do Trabalho: Procedimentos básicos meios técnicos da investigação

O docente:
----------------------------------------
(Rufina Chirungo)
Nampula, 15 de Abril de 2020
Índice
Introdução

Nesta unidade irei buscar e desenvolver o conceito de ciência, pautando os diferentes


períodos científicos percorridos no desenvolvimento histórico da sociedade. Atrelado a
esse olhar geral, reforcei a noção de conhecimento científico e apresentei a
classificação macro da ciência, também procuro explicitar como a ciência se
desenvolve utilizando os pressupostos teóricos de Thomas Kuhn, relacionando com a
noção de campo científico postulado por Pierre Bourdieu, o qual deflagra as relações de
poder e interesse travados pelos cientistas na construção do conhecimento científico.
Ciência

Não há uma definição exacta/clara de ciência, mas o entendimento que se tem dessa está
muito próximo da definição de conhecimento científico. Assim, a ciência é uma forma
de conhecimento que objectiva formular leis que regem os fenómenos. Tais leis
descrevem os fenómenos, são comprováveis por meio de observação/experimentação e
podem prever acontecimentos futuros com base na probabilidade. A partir dos seus
atributos a ciência é caracterizada como uma forma de conhecimento objectivo, racional,
sistemático, geral, verificável e falível. Portanto, diante desses enunciados é possível
distinguir ciência de não ciência (GIL, 2010).

Na visão de Ziman (1979), a ciência é um produto da consciência humana, apresentando


escopo e conteúdo bem definidos, c o m o também praticantes profissionais que
fundamentam suas actividades por meio da avaliação, da crítica, da aprovação e
cooperação. A ciência é “precisa, metódica, académica, lógica e prática” (ZIMAN,
1979, p. 17). Em sua concepção, a ciência é o conhecimento científico publicado,
resultante do consenso da comunidade científica.

Pesquisa Experimental

Neste tipo de pesquisa o investigador analisa o problema, constrói suas hipóteses e


trabalha manipulando os possíveis factores, as variáveis, que se referem ao fenómeno
observado. A manipulação na quantidade e qualidade das variáveis proporciona o
estudo da relação entre causas e efeitos de um determinado fenómeno, podendo-se
controlar e avaliar os resultados dessas relações.

Pesquisa Descritiva não Experimental

Este modelo de pesquisa estuda as relações entre duas ou mais variáveis de um dado
fenómeno sem manipulá-las. A pesquisa experimental cria e produz uma situação em
condições específicas para analisar a relação entre variáveis à medida que essas
variáveis se manifestam espontaneamente em fatos, situações e nas condições que já
existem.
A decisão de se utilizar à pesquisa experimental ou não experimental na investigação de
um problema vai depender de vários factores: natureza do problema e de suas variáveis,
fontes de informação, recursos humanos, instrumentais e financeiros disponíveis,
capacidade do investigador, consequências éticas e outros.

Devem-se avaliar as vantagens e as limitações que apresentam um e outro tipo de


pesquisa. Kerlinger (1985, p. 127) apresenta três vantagens da pesquisa experimental. A
primeira é a fácil possibilidade de manipulação das variáveis isoladamente ou em
conjunto; a segunda é a flexibilidade das situações experimentais que optimiza a
testagem dos vários aspectos das hipóteses; a terceira é a possibilidade de replicar os
experimentos ampliando e facilitando a participação da comunidade científica na sua
avaliação. Como limitações, Kerlinger aponta a falta de generalidade, pois um resultado
evidenciado em uma pesquisa experimental de laboratório nem sempre é o mesmo
obtido em uma situação de campo onde há variáveis muitas vezes desconhecidas ou
imprevisíveis que podem intervir nos resultados. Por esse motivo, os seus resultados
devem permanecer restritos às condições experimentais.

Pesquisa Exploratória

Outro tipo de pesquisa que tem grande utilização, principalmente nas áreas sociais. Nela
não se trabalha com a relação entre as variáveis, mas com o levantamento da presença
das variáveis e de sua caracterização quantitativa ou qualitativa. Seu objectivo
fundamental é o de descrever ou caracterizar a natureza das variáveis que se quer
conhecer.

Primeira Etapa: Preparatória

Esta fase, a preparatória, é dedicada a escolha do tema, à delimitação do problema, à


revisão da literatura, construção do marco teórico e construção das hipóteses. Seu
objectivo principal é a que o pesquisador defina o problema que irá investigar. È nesta
etapa que se apresentam as principais dificuldades para o investigador.

A escolha do tema deve estar condicionada à existência de três factores:

 O primeiro é que o tema responda aos interesses de quem investiga.


 O segundo é a qualificação intelectual de quem investiga. O pesquisador deve
usar temas que estejam ao alcance de sua capacidade e de seu nível de
conhecimento.
 O terceiro é a existência de fontes de consulta que estejam ao alcance do
pesquisador. O primeiro passo para constatar sua existência é fazer um
levantamento das publicações que existem sobre o tema nas bibliotecas,
consultando catálogos e revistas especializadas, resenhas e comentários.

Escolher o tema é indicar a área e a questão que se quer investigar. No entanto, apenas a
escolha do tema não diz ainda o que o pesquisador quer investigar. A sua meta, nesta
etapa, é a de delimitar a dúvida que irá responder com a pesquisa. A delimitação do
problema esclarece os limites precisos da dúvida que tem o investigador dentro do tema
escolhido. A simples escolha de um tema deixa o campo da investigação muito amplo e
muito vago. Há necessidade de se estabelecer os limites de abrangência do estudo a ser
efectuado. Isso só é possível quando se delimita com precisão o problema, o que é
conseguido com perguntas pertinentes especificando com clareza as dúvidas. Deve ser
expresso em forma de enunciado interrogativo que contenha no mínimo a relação entre
duas variáveis. Se não manifestar esta relação é sinal que ele ainda não está
suficientemente claro para a investigação.

Para chegarmos ao enunciado devemos antes defini-lo da seguinte maneira:

a. A área ou o campo de observação;

b. As unidades de observação. Dever estar claro quem ou o quê deverá ser objecto
de observação.

c. Apresentar as variáveis que serão estudadas, mostrando que aspectos ou que


factores mensuráveis serão analisados, com a respectiva função empírica.

Para que ocorra essa clareza na delimitação do problema é necessário que o investigador
tenha conhecimento. Ninguém investiga o que não conhece. E a forma mais fecunda
para se obter conhecimento é através da revisão da literatura pertinente ao tema
investigado. O objectivo desta revisão é de aumentar o acervo de informações e do
conhecimento do investigador com as contribuições teóricas já existentes. Lançar-se em
uma pesquisa desconhecendo as contribuições já existentes é arriscar-se a perder tempo
em busca de soluções que talvez outros já tenham encontrado, ou percorrer caminhos já
trilhados com insucesso.

A revisão da literatura é feita buscando-se nas fontes primárias e na bibliografia


secundária as informações relevantes que foram produzidas e que têm relação com o
problema investigado. Pode-se usar como fontes livros, obras publicadas, monografias,
periódicos especializados, documentos e registos existentes em institutos de pesquisa.

Durante a revisão da literatura deve-se executar o registo dessas ideias em fichas,


juntamente com comentários pessoais, com o objectivo de essa documentação
bibliográfica acumular e organizar ideias relevantes já produzidas na ciência.

Concluída a documentação, inicia-se a fase da avaliação e crítica. Nesse momento deve-


se estabelecer o confronte entre ideias consideradas relevantes examinando a sua
consistência, nível de coerência interna e externa e comparando-as entre si. O
importante é notar os pontos positivos e negativos nas teorias analisadas, inter-
relacionando uma com as outras não esquecendo que a crítica tem sempre em vista o
problema investigado. É ela que selecciona o acervo de ideias trabalhadas para a
montagem posterior do quadro de referências teóricas.

Após a crítica se iniciam a ordenação das ideias colectadas, os objectivos da


investigação, as teorias relevantes que o abordam com seus pontos positivos ou
negativos e as hipóteses propostas pelo autor. Esta fase é a de construção, da montagem
e exposição do quadro de referência teórica que será utilizado para a delimitação e a
análise do problema abordado, para a sustentação das hipóteses sugeridas e a construção
das definições que traduzem os conceitos abstractos das variáveis.

Se a pesquisa for bibliográfica, constrói-se o quadro de referência teórica que sustenta


as conclusões.

Se a pesquisa for experimental ou descritiva, a fase seguinte comporta a explicação de


hipóteses, o estabelecimento das variáveis e suas definições empíricas.
Segunda Etapa: Elaboração do Projecto de Pesquisa

A partir da conclusão da etapa preparatória, o investigador pode iniciar a segunda etapa


da investigação, preocupando-se com a elaboração do projecto que estabelece a
sequência da investigação, tendo como curso orientador o problema e o teste das
hipóteses. Sem o projecto o investigador corre o risco de desviar-se do problema que
quer investigar, recolhendo dados desnecessários ou deixando de obter os necessários.

O projecto de pesquisa é um plano onde aparecem explícitos os seguintes itens:

a. Tema, problema e justificativa;

b. Objectivos;

c. Quadro de referência teórica

d. Hipóteses, variáveis e respectivas definições empíricas;

e. Metodologia;

f. Descrição do estudo pilota;

g. Orçamento e cronograma;

h. Referências bibliográficas;

i. Anexos.

O projecto é um documento o máximo sintético e objectivo que apresenta os principais


itens que compõem a investigação para uma pré-avaliação de sua viabilidade. Ele tem
dois objectivos: o primeiro é proporcionar ao investigador o panejamento que vai
executar, prevendo os passos e actividades a ser seguidos; o segundo é dar condições
para uma avaliação externa feita por outros pesquisadores.

Para tanto há necessidade de que todos os itens do projecto atendam aos requisitos e
exigências requeridas pela comunidade científica observando os seguintes aspectos:
 Enunciar com clareza o problema, explicitando e definindo as variáveis que
estão presentes no estudo.
 A pertinência das hipóteses deve ser demonstrada pela sua adequação com o
quadro de referência teórica apresentada.
 A revisão bibliográfica deve ser actualizada e englobar a análise das obras
básicas relacionadas ao problema investigado.
 A viabilidade e a pertinência da metodologia proposta para a testagem das
hipóteses devem ser apresentadas.
 Os tipos de análise ou de testes estatísticos também devem ser previstos.
Devem-se explicar os tipos de instrumentos que serão utilizados.
 O detalhamento do orçamento, prevendo as despesas com recursos humanos e
materiais e o cronograma que especifica os prazos para cada fase da
investigação.

Após estar pronto o plano executa-se o estudo piloto com uma amostra que possua
características semelhantes ao elemento estudado. Este estudo poderá fornecer valiosos
subsídios para o aperfeiçoamento dos instrumentos de pesquisa ou para os
procedimentos de colecta de dados.

Terceira Etapa: Execução do Plano

Executado o estudo piloto, se necessário, introduzem-se correcções e se inicia a etapa


seguinte que é a da execução do plano, com a testagem propriamente dita das hipóteses,
com o experimento ou a colecta de dados. Se a pesquisa utilizar entrevistadores há
necessidade de treiná-los previamente visando uniformizar os procedimentos de acção
neutralizando ao máximo a interferência de factores estranhos no resultado da pesquisa.

Executada a fase de colecta, inicia-se o processo de tabulação, com a digitação dos


dados, aplicação dos testes e análise estatística e avaliação das hipóteses. A análise
estatística deve servir para afirmar se as hipóteses são ou não rejeitadas. Através dela
pode-se estabelecer uma apreciação com juízos de valor sobre as relações entre as
variáveis.
Quarta Etapa: Construção do Relatório de Pesquisa

Esta etapa é dedicada à construção do relatório de pesquisa que serve para relatar a
comunidade científica, ou ao destinatário de sua pesquisa, o resultado, procedimentos
utilizados, dificuldades e limitações de sua pesquisa.

Tipos de Relatório de Pesquisa Científica

Os relatórios de pesquisa são tratados na literatura específica com sentidos diversos,


gerando, muitas vezes, ambiguidade de interpretações.

Há relatórios elaborados com fins académicos e com fins de divulgação científica.


Costuma-se incluir como “trabalho científico” diferentes tipos de trabalho: resumos,
resenhas, ensaios, artigos, relatórios de pesquisa, monografias, etc. O adjectivo
“científico” confunde muitas vezes a cientificadas com o cumprimento das normas e
padrões de sua estrutura e apresentação. Convém lembrar que cientificidade nada tem a
ver com normas e padrões.

O que há de comum nestes tipos de trabalho, excepto o resumo e resenha, é que todos
são monográficos, devem versar sobre o problema que foi investigado e desenvolvido
com atitude científica. Investiga-se um problema (mono), e não dois ou vários. Nesse
sentido são todos os relatórios de pesquisa, necessariamente monográficos e científicos,
com uma estrutura básica comum e algumas diferenças ao nível de profundidade da
investigação, da exigência académica em que são desenvolvidos, aos seus objectivos e
aspectos formais tendo em vista a finalidade de sua apresentação.

Estrutura dos Relatórios de Pesquisa Científica

Um relatório de pesquisa compreende as seguintes partes:

Elementos pré-textuais:

 Capa;
 Folha de Rosto: contém elementos essenciais à identificação do trabalho;
 Dedicatória: opcional, serve para indicar pessoas a que se oferece o trabalho;
 Agradecimentos: serve para nomear pessoas as quais se deve gratidão, em
função a algum tipo de colaboração no trabalho;
 Abstract: resumo da investigação, destacando as partes mais importantes
 Sumário: fornece a enumeração das principais divisões, sessões e outras partes
do trabalho;
 Lista de Tabelas, Gráficos e Quadros: quando houver deve-se lista-los.

Elementos Textuais:

 Introdução: seu objectivo é situar o leitor no contexto da pesquisa considerando


os seguintes aspectos:
 Problema
 Objectivo
 Justificativa
 Definições
 Metodologia
 Marco Teórico
 Hipóteses
 Dificuldades ou Limitações
 Desenvolvimento: é a demonstração lógica de todo o trabalho de pesquisa;
 Conclusão: ela deve retomar o problema inicial, revendo as principais
contribuições que trouxe a pesquisa e apresentar o resultado final;
 Notas: servem para o autor apresentar indicações bibliográficas, fazer
observações, definições de conceito ou complementações ao texto;
 Citações: são menções, através de transcrição ou paráfrase, das informações
retiradas de outras fontes;
 Fontes Bibliográficas: é o conjunto de elementos que permitem a identificação
das fontes citadas no texto.

Elementos Pós-textuais:

 Apêndice: utilizado para colocar textos ou informações complementares


elaborados pelo autor;
 Anexo: documento não elaborado pelo autor, acrescentado para provar, ilustrar
ou fundamentar o texto.

Estrutura e apresentação

O artigo é uma apresentação sintética. Em forma de relatório escrito, dos resultados de


investigações ou estudos realizados a respeito de uma questão. Seu objectivo é o de ser
um meio rápido de divulgar o referencial teórico, a metodologia, os resultados
alcançados e as principais dificuldades encontradas no processo de investigação ou
análise de uma questão.

O artigo tem a seguinte estrutura:

 Identificação: Título do trabalho, autor e qualificação do autor;


 Abstract: Resumo;
 Palavras-chave: Termos que indicam o conteúdo do artigo;
 Artigo: Deve conter introdução, desenvolvimento e demonstração dos
resultados, conclusão;
 Referências Bibliográficas;
 Anexos ou Apêndices: Quando necessário;
 Data do Artigo.

Apresentação dos relatórios de pesquisa e referências bibliográficas

A finalidade de um relatório de pesquisa é comunicar os resultados obtidos na


investigação. A sua apresentação formal obedecem as normas técnicas padronizadas e a
determinados formalismos a serem seguidos conforme relacionado abaixo.

Distribuição do Texto na Folha

 Paginação: As páginas devem ser numeradas com números arábicos no canto


superior direito da folha, iniciando-se a contagem na folha de rosto;
 Papel, margens e espacejamento: Deve-se usar papel A4 tamanho. Na
distribuição do texto, para páginas capitulares, deixa-se 8 cm de margem
superior entre o texto e a borda e nas demais 3cm. A margem esquerda deve ser
de 3,5 cm e a direita e inferior 2,5 cm.
 Citações: Podem ser em forma de transcrição, ou de paráfrase.

Referências bibliográficas: normas de apresentação

Definições e Localização

São um conjunto de elementos que permitem a identificação de documentos impressos


ou registados em diversos tipos de material, utilizados como fonte de consulta e citados
nos trabalhos elaborados os quais devem seguir as normas da NBR 6023 da ABNT.

Uma referência bibliográfica tem elementos essenciais e complementares. Os essenciais


são os indispensáveis para a identificação das fontes de citações de um trabalho; os
complementares são os opcionais que podem ser acrescentados aos essenciais para
melhor caracterizar as publicações referenciadas.

As referências bibliográficas podem aparecer em diversos em diferentes locais do texto,


em notas de rodapé ou de fim de texto, lista bibliográfica sinalética ou analítica e
encabeçando resumos ou recensões.

Ordem dos Elementos

Os elementos essenciais e complementares devem seguir a seguinte ordem:

1. Autor da publicação;
2. Título do trabalho;
3. Indicações de responsabilidade;
4. Número de edição;
5. Imprenta (Local da edição, editor e ano da publicação);
6. Descrição física, ilustração e dimensão;
7. Série ou colecção;
8. Notas especiais;
9. ISBN.

Normas complementares e gerais de apresentação

A seguir estão às regras e normas gerais que complementam a apresentação,


normalizadas pela NBR 60-23.
Pontuação

Deve-se usar uma forma consistente de pontuação para todas as referências incluídas
numa lista de publicação. Os vários elementos da referência bibliográfica devem ser
separados entre si por uma pontuação uniforme.

Emprega-se vírgula entre o sobrenome e o nome do autor (pessoa física) quando


invertido.

Ligam-se por hífen as páginas iniciais e final da parte referenciada, bem como as datas
limites de determinado período da publicação.

Ligam-se por barra transversal os elementos do período coberto pelo fascículo


referenciado.

Indicam-se entre colchetes os elementos que não figuram na obra referenciada.

Empregam-se reticências nos casos em que se faz supressão de parte do título.

Tipos e Corpos

Deve-se usar uma forma consistente de destaque tipográfico para todas as referências
incluídas numa lista ou publicação.

Autor

Indicam-se ou autor físico geralmente com a entrada pelo último sobrenome e seguido
do prenome. Em caso de excepção, consultar as fontes adequadas.

Quando a obra tem até três autores, mencionam-se todos na entrada, na ordem em que
aparecem na publicação. Se há mais de três, após os três primeiros segue-se a expressão
et alii.

Obras constituídas de vários trabalhos ou contribuições de vários autores entram pelo


responsável intelectual.

Em caso de autoria desconhecida, entra-se pelo título, não usando a expressão


“anónimo”.
Obra publicada sob pseudónimo, este deve ser adoptado na referência. Quando o
verdadeiro nome for conhecido, é indicado entre colchetes, depois do pseudónimo.

As obras de responsabilidade de entidade colectivas têm geralmente entrada pelo título,


com excepção de anais do congresso e trabalhos administrativos, legal, etc.

Título

O título é reproduzido tal como figura na obra ou trabalho referenciado, transliterado, se


necessário.

Edição

Indica-se a edição em algarismos arábicos, seguidos de ponto e abreviatura da palavra


edição no idioma da publicação.

Imprenta

Indica-se o local (cidade) da publicação, nome do editor e a data da publicação da obra.

Descrição Física

Aqui se define o número de páginas ou volumes, material especial, ilustrações,


dimensões, séries e colecções.

Notas Especiais

São informações complementares que podem ser acrescentadas ao final da referência


bibliográfica.

COMO CLASSIFICAR PESQUISAS

As pesquisas podem ser classificadas em três grandes grupos: exploratórias, descritivas


e explicativas.

Pesquisas Exploratórias

Tem como objectivo proporcionar maior familiaridade com o problema para torná-lo
mais explícito ou a construir hipóteses. Na maioria dos casos essas pesquisas envolvem:
levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas relacionadas a pesquisa e análise de
exemplos.

Pesquisas Descritivas

Tem como objectivo a descrição das características de determinada população ou


fenómeno ou a relação entre determinadas variáveis.

Pesquisas Explicativas

Tem como preocupação central identificar os factores que determinam ou contribuem


para a ocorrência dos fenómenos. É a que mais aprofunda o conhecimento da realidade,
pois explica a razão, o porquê das coisas.

Instrumentos e técnicas de recolha de dados

O debate acerca do papel do pesquisador e suas técnicas de investigação prepara o


terreno para a discussão das questões envolvidas na colecta de dados. Os passos dessa
colecta incluem recolher informações através de observações e entrevistas, documentos
e materiais visuais, bem como estabelecer protocolos para registar e produzir
informações.

No entanto, os métodos de colecta de dados, que tradicionalmente são baseados em


observações, entrevistas e documentos, agora incluem um vasto leque de materiais,
como sons, e-mails, álbum de recortes e outras formas emergentes. Ademais, como
veremos adiante neste post, as técnicas de recolha de dados possuem conjuntos de
procedimentos bem definidos, dos mais gerais aos mais específicos, todos destinados a
produzir certos resultados na colecta e no tratamento da informação requerida pela
actividade investigativa.

Procedimentos básicos

Os procedimentos básicos de colecta na pesquisa envolvem quatro tipos:

 Selecção: Exame minucioso dos dados. Verificação crítica que tem por
finalidade detectar falhas ou erros, evitando informações confusas, distorcidas,
incompletas, que podem prejudicar o resultado da pesquisa, como a grande
quantidade de dados desordenados e as instruções mal compreendidas;
 Codificação: Operação utilizada para classificar os dados que se relacionam.
Com a codificação, os dados são transformados em símbolos, podendo depois
ser tabelados e contados (atribuição de códigos, números e letras);
 Tabulação: Disposição dos dados em tabelas, quadros e gráficos para facilitar a
verificação das interpelações entre eles.
 Análise: Actividade intelectual que busca dar um significado amplo às respostas,
vinculando-se a outros conhecimentos e teorias. Em outras palavras, trata-se da
exposição e interpretação do significado do material apresentado.

É preciso ressaltar que a validação dos dados de pesquisa ocorre em cada um desses
procedimentos básicos. São eles que vão proporcionar a precisão e a credibilidade dos
resultados de análise.

A tipologia dos dados

Antes de entrar em campo, os pesquisadores planejam sua colecta de dados. A proposta


deve identificar que tipo de dados o pesquisador vai registar e os procedimentos para
registá-los. Como vimos na exposição dos procedimentos básicos, na interpretação de
dados deveremos produzir um resumo verbal ou numérico ou usar métodos gráficos
para descrever as suas principais características. Mas, o método mais apropriado
dependerá da natureza dos dados, em que podemos distinguir dois tipos fundamentais:
os dados qualitativos e os dados quantitativos.

Dados qualitativos: “Os dados qualitativos representam a informação que identifica


alguma qualidade, categoria ou característica, não susceptível de medida, mas de
classificação, assumindo várias modalidades.” (MORAIS, s/d, p. 8). Dados
quantitativos: “Os dados quantitativos representam informação resultante de
características susceptíveis de serem medidas, apresentando-se com diferentes
intensidades, podendo ser de natureza descontínua (ou discreta) ou contínua.”
(MORAIS, s/d, p. 9). Técnicas de recolha de dado

Antes de adestrarmos em cada uma das técnicas que apresentaremos abaixo, é preciso
mencionar que há adequações procedimentais quanto ao tipo de dado, podendo ser
qualitativo/quantitativo ou documental/não-documental. Essas diferenças implicam
processos distintos em uma investigação científica.

Técnicas Não-Documentais
Observação

“A observação é sistematicamente organizada em fases, aspectos, lugares e pessoas,


relaciona-se com proposições e teorias sociais, perspectivas científicas e explicações
profundas e é submetida ao controle de veracidade, objectividade, fiabilidade e
precisão.” (AIRES, 2015, p. 25).

O método de recolha de dados por observação é um método em que o investigador


observa os participantes no seu ambiente natural ou contextos “artificiais” criados para
o efeito, como os laboratórios. É uma estratégia muito valorizada na investigação em
educação, já que nem sempre o que as pessoas dizem que fazem é aquilo que realmente
executa. Este método (ou conjunto de métodos) pode ser utilizado quer em investigação
quantitativa, quer em investigação qualitativa, dependendo do processo utilizado:

Observação Quantitativa: Neste caso, o processo de recolha de dados é completamente


normalizado, tudo é planejadamente regularizado (quem e o que se observa), existindo
grelhas padronizadas de registo, como na utilização de procedimentos de amostragem
ou de ocorrência de determinado comportamento. Tais procedimentos requerem uma
observação estruturada, ou seja, observação em que o observador sabe o que procura e o
que considera importante e para isso utiliza instrumentos técnicos específicos para a
recolha de dados ou dos fenómenos a observar. Estes procedimentos são muito
utilizados, por exemplo, na observação de comportamentos de docentes e aprendizes em
sala de aula.

Observação Qualitativa: Este tipo de abordagem tem um carácter mais exploratório e


aberto no ato do investigador efectuar anotações de campo, ou seja, uma observação
não-estruturada. Nesse caso, o investigador pode assumir papeis diferentes, dependendo
dos objectivos que ele pretende atingir, podendo ser mais ou menos participante nesse
contexto (participante completo, participante-como-observador, observador-como-
participante ou completamente observador). Logo, o observador qualitativo também
pode se envolver em papéis que variam de não-participante até integralmente
participante.

De qualquer forma, o pesquisador escolhe um cenário de seu interesse, para depois


tomar notas sobre comportamentos e actividades das pessoas do cenário escolhido,
fornecendo observações múltiplas durante a realização do seu estudo qualitativo. Para
isso também é utilizado um protocolo ou formulário para registar as informações, que
pode consistir em “uma única página com uma linha divisória no meio para separar as
notas descritivas […].” (CRESWELL, 2007, p. 193). Depois de executado essas duas
fases, há o tratamento dos protocolos recolhidos, que consiste “na reflexão teórica sobre
os aspectos observados, bem como na formulação de conexões entre as diversas
dimensões das realidades observadas.” (AIRES, 2015, p. 25-26).

Entrevista

A entrevista compreende o desenvolvimento de uma interacção de significados em que


as características pessoais do entrevistador e do entrevistado influenciam decisivamente
em seu curso: “A entrevista nasce da necessidade que o investigador tem de conhecer o
sentido que os sujeitos dão aos seus actos e o acesso a esse conhecimento profundo e
complexo é proporcionado pelos discursos enunciados pelos sujeitos.” (AIRES, 2015, p.
29).

Trata-se de um recurso delicado, em que o entrevistador tem de conseguir criar uma


atmosfera de confiança com o entrevistado, caso contrário, os resultados obtidos vão ter
pouca credibilidade. L. Aires menciona três características básicas que podem
diferenciar as entrevistas: “a) as entrevistas desenvolvidas entre duas pessoas ou com
um grupo; b) as entrevistas que abarcam um amplo conjunto de temas (biográficas) ou
que incide em um só tema (monotemáticas); c) as entrevistas que se diferenciam
consoante o maior ou menor grau de predeterminação ou de estruturação das questões
abordadas.” (AIRES, 2015, p. 28).

Nessa última característica incide o fato de a entrevista poder ser atrelada a um método
quantitativo ou qualitativo:

Entrevistas Quantitativas: São entrevistas padronizadas ou estruturadas, que usam


questões fechadas em que o entrevistado tem um protocolo de entrevista que é aplicado
a todos os participantes. Nesse caso, o protocolo de entrevista é muito semelhante a um
questionário, sendo que a principal diferença é que as questões são lidas pelo
entrevistador (típico nas entrevistas presenciais ou telefónicas).

Entrevista Qualitativa: São entrevistas baseadas em perguntas abertas, podendo estas


dividirem-se em 3 tipos: conversação informal (mais ou menos estruturada), guia de
entrevista/semi-estruturada (inclui um protocolo, que não tem de ser aplicado de forma
ordenada), aberta padronizada, em que a formulação das questões pode ser alterada,
bastando para tanto que se extraia as visões e as opiniões dos participantes. Ou seja, não
se trata de um simples registo de falas já que “o papel do entrevistador deve ser
reflexivo, pois a renegociação permanente das regras implícitas ao longo da interacção
conduz à produção de um discurso polifónico.” (AIRES, 2015, p. 32).

O protocolo de entrevista pode incluir os seguintes componentes básicos: “cabeçalho,


instruções iniciais para o entrevistador, as principais questões de pesquisa, instruções
para aprofundar as principais perguntas, questões alternativas para o entrevistador,
espaço para registar os comentários e espaço no qual o pesquisador registar notas
reflexivas.” (CRESWELL, 2007, p. 194).

Questionário

O questionário, um dos métodos mais usados na área dos estudos educacionais, é um


instrumento de recolha de dados por meio de um número limitado de perguntas que são
auto preenchidas pelos participantes. Como muitas questões são mais abstractas e não
podem ser respondidas binariamente, ou seja, por meio de sim e não, foi construída as
escalas de Linkert, em que o sujeito pesquisado pode responder levando em conta os
critérios objectivos e subjectivos dos questionamentos realizados. Normalmente, o que
se deseja medir é o nível de concordância ou não concordância à afirmação. O formato
típico das escalas de Likert é constituído por 5 níveis:

1. Não concordo totalmente


2. Não concordo parcialmente
3. Indiferente
4. Concordo parcialmente
5. Concordo totalmente

Testes

Esta técnica de recolha de dados está relacionada com a investigação quantitativa, uma
vez que os objectivos deste tipo de investigação se concentram principalmente com a
“testagem” de hipóteses e de correlações estatísticas e causais entre fatos. É considerada
uma técnica poderosa, visto que existem inúmeros testes validados, de domínio público,
que permitem a recolha de dados numéricos. O recurso a esta técnica incluem testes,
cujas características apresentam pontos em comum, nomeadamente as medidas
padronizadas, como nos testes de aptidão e de personalidade.

Estudo de Caso

O estudo de caso é um dos mais relevantes métodos de pesquisa qualitativa. Este


recurso consiste em uma pesquisa sobre um determinado indivíduo, família, grupo ou
comunidade que seja representativo de um determinado espaço e tempo, com o intuito
de examinar aspectos variados da vida. Essa modalidade pode ser dividida em várias
etapas como: formulação do problema, definição da unidade-caso, determinação do
número de casos, elaboração do protocolo, colecta de dados, avaliação e análise dos
dados e preparação do relatório. Com relação à colecta de dados, o método de estudo de
caso pode ser considerado o mais completo dentre todos os outros, pois se vale tanto de
dados de pessoas quanto de dados documentais. Assim, são inúmeros os estudos que
podem ser classificados sob essa técnica.

5-Técnicas Documentais

Segundo L. Aires, podemos levantar dois tipos de documentos a serem pesquisados para
a recolha de dados: os documentos oficiais e os documentos pessoais. Os documentos
oficiais proporcionam “informação sobre as organizações, a aplicação da autoridade, o
poder das instituições educativas, estilos de liderança, forma de comunicação com os
diferentes actores da comunidade educativa, etc. Já os documentos pessoais integram as
narrações produzidas pelos sujeitos que descrevem as suas próprias acções,
experiências, crenças, etc.” (AIRES, 2015, p. 42).

História de Vida

A história de vida é um tipo de relato que apresenta um carácter geral e é suscitada pelo
investigador para fazer “uma análise da realidade vivida pelos sujeitos, conhecer a
cultura de um grupo humano ou compreender aspectos básicos do comportamento
humano e das instituições.” (AIRES, 2015, p. 41). As fases mais importantes de análise
da informação são: “1) depois de produzidos e registados, os relatos são transcritos e
analisados; 2) através da leitura do documento, o protagonista corrige, completa e
interpreta a sua narrativa sob a orientação do investigador e a seguir, auto-critica-a.”
(AIRES, 2015, p. 41-42).
Material Audiovisual

A técnica denominada Photovoice, por exemplo, envolve um processo que utiliza


imagens fotográficas captadas pelos participantes da investigação de pessoas com baixo
poder socioeconómico, em que se procura avaliar as necessidades de uma comunidade e
induzir a mudança por meio da veiculação da informação aos responsáveis políticos.
Por meio da documentação sobre o próprio mundo dos participantes torna-se possível
discutir criticamente com os responsáveis políticos as imagens produzidas pelos
participantes, e estes podem assim lançar bases para uma mudança social. O método
Photovoice tem como premissa teórica os pilares da fotografia documental baseada na
comunidade, sobretudo no que se refere à voz e à participação dos vulneráveis.

Análise Documental

A análise documental, segundo L. Aires, nos remete à conexão interactiva de três tipos
de actividades: redução, exposição e extracção de conclusões: “A redução de dados
implica a selecção, focalização, abstracção e transformação da informação bruta para a
formulação de hipóteses de trabalho ou conclusões. A redução de dados realiza-se
constantemente ao longo de toda a investigação. Estes dados podem ser reduzidos e
transformados, quantitativa ou qualitativamente, de forma diferente. Neste último caso,
utilizam-se códigos, resumos, memorandos, metáforas.” (AIRES, 2015, p. 46).

Nesse sentido, a técnica da análise documental é caracterizada por um processo


dinâmico ao permitir representar o conteúdo documental de uma forma distinta da
original, gerando assim um novo documento. Ou seja, essa técnica permite criar uma
informação nova (secundária) fundamentada no estudo das fontes de informação
primária, em um processo que relaciona a descrição bibliográfica, a classificação, a
elaboração de anotações e de resumos, e a transcrição técnico-científica.

Para além dos documentos escritos, esta técnica é também aplicada sobre imagens
(fotografias, pinturas, mapas), sobre áudio (músicas) e sobre documentos audiovisuais
(vídeos). Com as tecnologias da informação e comunicação cada vez mais difundidas na
sociedade, os conteúdos digitais também são documentos utilizados pelos
investigadores. O processo de validação dos dados provenientes desta variada fonte
documental engloba, no entanto, o controle da credibilidade dos documentos e das
informações que eles contêm, chamando a atenção especialmente para as informações
contidas na Internet, onde a questão da autoria, credibilidade e autenticidade é por
muitas vezes difícil de ser estabelecida.

Triangulações de métodos: uma necessidade

Segundo Creswell, a investigação hoje “é menos quantitativa versus qualitativa e mais


sobre como as práticas de pesquisa se posicionam em algum lugar em uma linha
contínua entre as duas.” (CRESWELL, 2007, p. 22). Porém, as estratégias mistas ainda
são menos conhecidas do que as análises quantitativas ou qualitativas.

Creswell afirma que “o conceito de reunir diferentes métodos provavelmente teve


origem em 1959, quando Campbell e Fiske usaram métodos múltiplos para estudar a
validade das características psicológicas. Eles encorajaram outros a empregar seu
‘modelo multimétodo’ para examinar técnicas múltiplas de colecta de dados em um
estudo. Isso gerou outros métodos mistos, e logo técnicas associadas a métodos de
campo, como observações e entrevistas (dados qualitativos), que foram combinadas
com estudos tradicionais (dados quantitativos) ” (CRESWELL, 2007, p. 31).

Conclusão
Bibliografia

ABEYASEKERA, Savitri. Quantitative analysis approaches to qualitative data: why,


when and how. 2000. Available at http://www.reading.ac.uk/ssc/.

CRESWELL, John W. Projecto de pesquisa: métodos qualitativos, quantitativo e misto.


Tradução Luciana de Oliveira da Rocha. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.

AIRES, L. Paradigma qualitativo e práticas de investigação educacional. Lisboa:


Universidade Aberta, 2015.

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