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A liberdade de expressão é um dever ,não quer dizer que o que for expresso é verdadeiro e

inteligente. E um fato, a maioria dos torcedores `saberem bem pouco do que realmente esta
acontecendo em campo, muitos nunca jogaram futebol com gente boa e competitiva e outros
nem sequer vem um jogo inteiro e com adversários diferentes pra compreender o que
realmente é jogar futebol

ESPECIAL: o que a Eurocopa nos mostra de evolução


tática até agora?
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Apenas 2 jogos dos mais de 20 disputados na Eurocopa até agora terminaram


com um placar de mais de 2 gols de diferença. No 1º tempo de Itália e Suécia, 10
dos 19 jogos até então tinham ido para o vestiário com o placar de 0x0. 

Esses fatos nos levam a reflexões sobre o futebol praticado hoje. Estamos falando
da Eurocopa, a competição de futebol mais importante depois da Copa do Mundo.
Se você pensar que boa parte dos jogadores europeus estão ali, e que brasileiros,
uruguaios, argentinos e colombianos jogam sob o mesmo modelo em seus clubes,
a Eurocopa dita tendências e mostra o que há de mais avançado hoje.

O que chama a atenção é a organização das equipes com foco no preenchimento


de espaços. Não faz mais sentido falar em “voltar pra defesa”, já que a
compactação defensiva é tão grande que exige a participação atenta de todos os
11. Defender virou um exercício de diminuir o campo: veja como a Suécia se posta
sem a bola, ocupando um espaço de 25m x 34m em Toulouse. Sabe o que isso
significa? Que a Suécia ocupa um espaço de aproximadamente 15% DO CAMPO!
Com pouco espaço pra jogar, não faz mais sentido pensar na ação do jogador
isolado do resto. O que um camisa 10 faria aí, sem ninguém à sua frente para
receber? Nada. O que um volante de chegada faria, sem ter espaço pra de fato
chegar? Também nada. As ações são coletivas, pensadas e executadas pelos 11.

Se não existem mais funções definidas, o campo está muito curto e não há
espaços, de quem vem a qualidade dos passes no início das jogadas? Isso
mesmo: os zagueiros. Como a marcação começa nos volantes, a zaga fica mais
tempo com a bola...por isso precisa ter qualidade técnica E opções à frente.
Retornando à Itália, veja quem está livre e tem tempo pra cadenciar, pensar...os 3
zagueiros!
Na imagem acima, você nem consegue ver os laterais. Onde estão? A Eurocopa
vem mostrando um papel muito peculiar: os laterais não participam mais da
armação do jogo (como a gente concebe aqui). Eles são os principais
responsáveis por "reabrir" o campo fazendo uma coisa simples: ficam sempre
abertos e nunca saem do lado. É o que se chama de amplitude: dar largura para
que haja jogadores posicionados nas 2 linhas de fundo.

O zagueiro virou meia, o lateral virou ponta..e os atacantes? Pense junto: se o jogo
é pensado de trás pelos zagueiros e os laterais ocupam os lados, o que um
atacante faz? Só sobrou uma parte do campo: por dentro, perto do círculo central.
É o que eles fazem: se movimentam o tempo todo por aquela região, sempre
buscando a bola, tocando no lateral, retornando a bola...
Com os mais rápidos por dentro, a troca de passes precisa ser rápida e letal. Se
alguém infiltra e recebe, sai na cara do gol. E é ainda mais importante não perder o
gol, já que as chances estão cada vez mais raras. A Inglaterra virou contra o País
de Gales assim: tocou rápido a bola e alguém infiltrou livre, deixando a defesa "na
saudade".

Viu como tudo está relacionado? A compactação não surgiu do nada, ela foi fruto
de anos de estudo. Os técnicos passaram a ver que, quanto menos o campo, mais
protegido fica o gol. Outros técnicos passaram a quebrar a cabeça pra saber como
furar isso: aí vem a amplitude, os atacantes por dentro, a intensidade e mais uma
série de conceitos no futebol atual.
 

A Eurocopa parece até futsal. Ou basquete. A evolução do jogo foi pegando


influências de outros países, de técnicos inovadores..o que acontece agora é fruto
de uma evolução que vem desde 1974, com a Holanda, e pegou muito da
marcação por zona de Nereo Rocco, da ultracompactação de Arrigo Sacchi em
1990, do "jogo de posição" de Louis Van Gaal em 1995, do controle de jogo da
Espanha e de Mourinho x Guardiola. Não há como ir contra algo que acontece há
tanto tempo.

Ao mesmo tempo, o número cada vez menor de gols deixou o futebol chato para
muita gente. Sem espaços, lances bonitos, cruzamentos de trivela e dribles
mirabolantes já não existem - afinal, o grande intuito do drible é deixar o marcador
pra trás. Se a marcação é por zona e não mais individual, dar um drible não surte
mais efeito. A qualidade técnica, hoje, ainda é decisiva. Nenhum lance daria certo
sem ela. Mas inteligência, tática e coletivo ganharam importância enorme.

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