movimento em direção a três
figuras. Ao centro, na parte superior,
está o corpo bem contornado de
uma mulher cujo rosto em êxtase
sugere o gozo feminino. Abaixo, de
costas, o tronco de uma mulher
lembrando “O violão de Ingres” de
Man Ray, mostra sua anatomia
interna através de uma fenda aberta
ao olhar penetrante. Sua cabeça
desaparece dissolvida na textura que
envolve o conjunto numa suave
continuidade com a figura acima.
No primeiro plano, dominando o
conjunto, vê-se uma figura
indefinida e sem rosto, quase uma
sombra, o corpo atado ou anulado
por riscos ou fios que o recobrem
quase na totalidade. Três possibili-
dades que se apresentam no
caminho do corpo liberado da
esquerda? Três mulheres? Três
Parcas, onde a terceira é a Morte? O
certo é que, das três figuras,
predomina a mais sombria, a mais
indefinida e mais paralisada, cuja
presença no segundo conjunto traz
de volta, aumentado, o problema da
restrição dos movimentos do
primeiro conjunto.
Olga M. M. C. de Souza Soubbotnik
Capa
sergiocamposart@terra.com.br
ATELIER Av. Uruguai 171/301 Sion
- Belo Horizonte. MG
CEP.: 30.310-300 - Tel.: 31 3223 7204
A capa do artista Sérgio Campos,
criada especialmente para este livro
através de superposição de imagens
de alguns de seus trabalhos,
funciona para o leitor sensível e
atento como uma introdução ao
tema do corpo.
Distinguimos nela seis nus em dois
agrupamentos formados por figuras
femininas e masculinas em posições
e situações diversas. Na primeira
capa e orelha, a figura atada da
esquerda, com suas tentativas de
movimento restringidas pelos fios,
antecede a figura solta, desimpedida
da direita. A representação detal-
hada dos dois corpos contrasta com
a das cabeças que, bastante vaga na
primeira, desaparece na segunda
figura, dando lugar a uma espécie
de auréola deslocada sobre o rosto,
onde se lê o nome do artista. Dois
aspectos sobressaem nesta apresen-
tação: o corpo ganha destaque sobre
a cabeça e encena uma tentativa de
ruptura das suas “fixações”,
figurando uma forma de liberação
das amarras mentais e materiais que
limitam os movimentos do homem.
Perfilam nestas figuras referências a
obras de vários expoentes da pintura
universal: cores dos estudos
anatômicos de Da Vinci, gestos
típicos maneiristas, personagens de
Dali.
Quatro figuras em diferentes planos
compõem o espaço da quarta capa e
segunda orelha. Progredindo da
esquerda para a direita, vemos, em
primeiro lugar, um nu masculino em