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Índice
1. Descrição das Florestas Públicas Incluídas no Plano Anual de Outorga Florestal.......................... 3
2. A Flona Floresta Nacional do Jamari............................................................................................... 4
2.1. Zoneamento da Flona do Jamari...............................................................................................6
2.2. Descrição da Forma de Acesso.................................................................................................7
2.3. Hidrografia................................................................................................................................8
2.4. Relevo....................................................................................................................................... 9
2.5. Solos..........................................................................................................................................9
2.6. Vegetação................................................................................................................................10
2.7. Infraestrutura...........................................................................................................................12
3. Caracterização do Lote de Concessão Florestal ............................................................................ 13
3.1. Área das Unidades de Manejo................................................................................................ 13
3.2. Categoria de solo nas Unidades de Manejo ........................................................................... 14
3.3. Municípios Abrangidos pelo Lote.......................................................................................... 17
3.4. Dados Gerais de Produção Potencial do Lote.........................................................................17
3.4.1. Potencial Estimado de Produção.....................................................................................18
3.4.2. Potencial comercial estimado por Unidade de Manejo...................................................18
3.5. Viabilidade Econômica...........................................................................................................19
3.6. Áreas de Uso Comunitário e de Conservação........................................................................ 20
3.6.1. Produtos de Uso Tradicional e de Subsistência para Comunidades Locais....................21
3.7. Restrições para o Manejo Florestal na Área........................................................................... 21
3.7.1. Volume Máximo Explorável...........................................................................................21
3.7.2. Ciclo Mínimo de Corte................................................................................................... 21
4. Descrição do Entorno..................................................................................................................... 21
4.1 Caracterização dos Ecossistemas da Zona de Amortecimento ............................................... 21
4.2 Infraestrutura Básica na Área Rural ........................................................................................22
4.3 Socioeconomia e População .................................................................................................. 22
5. Referências citadas......................................................................................................................... 24
APÊNDICE I - Principais Características das Classes de Solos da FLONA do Jamari – RO..........25
APÊNDICE II - Aspectos Gerais das Formações Vegetacionais da FLONA do Jamari.................. 27
O Lote de Concessão e as Unidades de Manejo têm seu potencial de produção estimado, com base
no inventário florestal, e a viabilidade econômica é estabelecida mediante uma análise do seu
potencial produtivo e dos preços praticados em Rondônia. São ressalvadas as áreas destinadas à
uso comunitário e explicado a ralação com as áreas destinadas à conservação. Algumas
características e restrições do manejo florestal são apresentadas.
O documento apresenta ainda uma avaliação das relações das atividades propostas com os
municípios do entorno.
A primeira área proposta para concessão florestal mediante licitação pública e pagamento pelo uso
dos recursos florestais e/ou serviços está localizada dentro da Floresta Nacional do Jamari em
Rondônia. Esta área foi escolhida por já possuir manejo da Flona aprovado pelo IBAMA, boa
infraestrutura de acesso, capacidade técnica e produtiva instalada na região e viabilidade econômica.
O Plano de Manejo da Flona do Jamari (MMA/IBAMA, 2005) definiu o zoneamento ambiental dessa
unidade com base nas unidades de paisagem existentes, no grau de conservação ou perturbação da
área e nas possibilidades e adequações de uso. O zoneamento permite a organização espacial da
área em parcelas, denominadas zonas, que demandam distintos graus de uso e proteção,
contribuindo para que a Unidade cumpra seus objetivos específicos de manejo (IBAMA, 2003).
O Zoneamento da Flona Jamari definiu dez zonas de uso e proteção, identificadas no mapa da
Figura 3, e cujas áreas2 são listadas no Quadro 2.
1 Área considerada neste documento que, segundo o Plano de Manejo da Flona Jamari (MMA/IBAMA, 2005), foi obtida após o
levantamento com equipamentos de maior precisão. A área legal, entretanto, registrada em Certidão de Inteiro Teor, expedida em
02/07/1998, pelo Registro de Imóveis do Primeiro Ofício da Comarca de Porto Velho, sob matrícula no. 034570, livro 2 do Registro
Geral de Imóveis, é de 225.799,7491 ha.
2 As áreas referidas no Plano de Manejo da Flona Jamari (MMA/IBAMA) para cada zona foram reduzidas em 4,08% para eliminar
erros de arredondamento e gerar a área total da Flona.
O acesso à sede da Flona se dá apenas por via terrestre. O acesso a partir de Porto Velho é feito
pela BR-364 e, no sentido sul, onde se percorre um trecho de aproximadamente 110 km, e a seguir,
pela RO-452, no sentido leste, percorre-se 13 km em estrada de terra. A partir de Cujubim, o acesso
é feito no sentido oeste, pela C-105 por aproximadamente 78 km de estrada de terra, até a BR-364,
sentido norte, onde são percorridos mais 40 km até a RO-452. Vira-se à direita na RA 452 e percorre-
se mais 13 km em estrada de terra.
A rodovia federal BR-364 encontra-se asfaltada e em bom estado de conservação nesse trecho,
exceto pequenas avarias. A estadual RO-452 recebe constante manutenção, assim como a maior
parte das vias internas de circulação da Flona. Essa manutenção é realizada pela empresa Estanho
de Rondônia S.A. - ERSA (antiga CESBRA S/A).
Em relação à Zona de Manejo Florestal, o acesso à área ZMF3 é o melhor assistido por estradas
dentro da Flona e dista cerca de 15 km da BR-364. A ZMF2 fica mais distante da Rodovia BR-364,
mas possui acessos tanto pelo lado leste - Travessão B-86 quanto pelo oeste em direção a Itapuã. A
ZMF1 é a menos assistida por estradas, pois não possui nenhuma abertura até ela. Já a ZMF 4, a
maior área, possui a maior rede de estradas dentro da Flona, apesar de estarem em péssimas
condições, mas também está próxima a BR-364 no lado oeste, cerca de 4 km.
Existem linhas regulares de ônibus que interligam os municípios mais próximos ao município de
Itapuã do Oeste. O transporte de passageiros é realizado pela Empresa União Cascavel de
Transporte e Turismo Ltda (EUCATUR) e a Expresso Marlin Ltda. O transporte de pessoas que
trabalham na empresa mineradora é restrito a seus funcionários.
Na Flona do Jamari, os ambientes aquáticos encontrados são lóticos (ou seja, de água corrente),
formados pelas bacias dos rios Jacundá, Jamari e Preto do Crespo, como pode ser visto no mapa da
Figura 4. A bacia do rio Jacundá é a principal, cobrindo aproximadamente 79,27% da área. Nesta
bacia, a maioria das drenagens encontra-se bem preservada, constituindo uma importante área para
conservação. Os ambientes lênticos (ou seja, de água parada), hoje encontrados, foram formados a
partir da exploração mineral que ocorre na Unidade de Conservação.
A bacia do Rio Jamari cobre, aproximadamente, 16,86% da área da Flona. O Rio Jamari é um
afluente do Rio Madeira e teve sua hidrologia bastante alterada em função da barragem da Usina
Hidrelétrica de Samuel.
O Rio Preto do Crespo, um dos principais afluentes do Rio Jamari, cobre aproximadamente 3,4% da
área da Flona. O rio está localizado no extremo sul da Unidade de Conservação e tem suas
nascentes situadas fora dos limites da Flona.
Figura 4: Mapa das Bacias Hidrográficas da Flona do Jamari (Fonte: MMA/IBAMA, 2005)
2.5. Solos
Para o Plano de Manejo da Flona do Jamari não foram realizados estudos referentes aos solos da
área. As informações apresentadas no Plano (MMA/IBAMA, 2005) tiveram como base dados
contidos no Atlas Geoambiental de Rondônia (2002) e no Sistema Brasileiro de Classificação de
Solos da EMBRAPA (1999). O mapa apresentado na Figura 6 é baseado na classificação dos solos
constante no documento do Instituto de Terras de Rondônia (ITERON-PLANAFLORO, 1998) e no
Zoneamento Socioeconômico-Ecológico do Estado de Rondônia, do ano 2000 (MMA/IBAMA, 2005).
Conforme o mapa, são seis os tipos de solos, distribuídos em quatro ordens primárias, existentes no
interior da Flona: Regossolos; Solos Concrecionários Distróficos; Latossolos; e Podzólicos Vermelho-
Amarelos Distróficos. As principais características dessas classes de solos são resumidas no
Apêndice I.
2.6. Vegetação
Na Flona do Jamari este tipo vegetacional foi subdividido em cinco formações naturais, sendo
duas de terra firme e três aluviais, ordenadas segundo hierarquia topográfica. As formações de
terra firme - Floresta Ombrófila das Terras Baixas e Floresta Ombrófila Submontana - ocupam
mais de 95% da Unidade, recobrem áreas de relevo variado e diferenciam-se em função das
faixas altimétricas e da topografia em que ocorrem. As formações aluviais - Florestas de Várzea,
Baixio e Buritizal - diferenciam-se em sua fisionomia e florística em função do padrão de
inundação/drenagem a que cada uma está submetida (MMA/IBAMA, 2005). O mapa de
vegetação da Flona é apresentado na Figura 7, e é complementado pelo Apêndice II que
contém uma breve descrição das formações vegetacionais naturais e das áreas antrópicas com
vegetação sucessional.
Algumas espécies encontradas na Flona possuem distribuição restrita. Como exemplo, alguns
indivíduos espaçados de Cocoloba-da-folha-grande (Coccoloba sp.), espécie que possui a maior
folha entre as dicotiledônias da Amazônia e do Brasil (Guinnes Book, 1997), são encontrados
em diferentes áreas de floresta secundária dentro da Unidade. A Mungubarana (Huberodendron
swietenoides), também é uma espécie com distribuição restrita a Amazônia Sul-Ocidental,
sendo provavelmente endêmica para a bacia do Rio Madeira.
Algumas espécies têm grande importância econômica, tornando-se muito raras na região, como
a Itaúba (Mezilaurus itauba), o Cedro (Cedrela fissilis), a Macacaúba (Platymiscium duckei) e
Cerejeira (Torresia acreana).
Na Flona do Jamari se encontra um total de 126,28 km de estradas. Destes, 93,41 km são estradas
não-oficiais e 32,86 km são estradas oficiais. Na Zona de Manejo Florestal, foram mapeados 38,57
km de estradas não-oficiais e 21,53 km de estradas oficiais (IMAZON/SFB, 2007)3 (Figura 8).
O Instituto Chico Mendes mantém uma Sede Administrativa com escritório e duas construções que
servem de alojamento e moradia oficial. O escritório foi parcialmente reformado recentemente,
faltando ainda a reforma da parte elétrica e hidráulica. As outras duas construções necessitam de
reparos gerais.
Existe uma rede elétrica da empresa mineradora com energia fornecida pela CERON -Centrais
Elétricas de Rondônia. Quando ocorre falta de energia, esta é gerada por motores diesel da empresa
mineradora. Não há bares ou restaurantes, e as refeições dos funcionários da mineradora são
fornecidas pela própria empresa.
Figura 8: Mapeamento das estradas na Flona do Jamari (escala 1:50.000). (Fonte: IMAZON/SFB,
2007)
3 As estradas foram identificadas e mapeadas com ajuda de imagens de satélite do ano 2007. As estradas foram classificadas em três
categorias: oficiais, não-oficiais e em assentamentos. As estradas oficiais foram as que coincidiram com os mapas de estradas federais
e estaduais do IBGE e DNIT (Departamento Nacional de Infra-Estrutura e Transportes), 2001. As estradas em assentamentos estão
localizadas dentro dos limites dos assentamentos de reforma agrária e projetos de desenvolvimento sustentável (PDS) criados pelo
Incra. As estradas restantes foram classificadas em não-oficiais (IMAZON – SFB, 2007).
Conforme definido na Lei de Gestão de Florestas Públicas, cada lote de concessão deve contar com
pelo menos uma unidade de manejo pequena, uma média e uma grande. No PAOF 2007-2008 são
definidas as seguintes classes de tamanho para as Unidades de Manejo Florestal: pequenas até
20.000 ha; médias com área entre 20.000 e 40.000 ha; e grandes aquelas com mais de 40.000 ha.
Definem-se como constituintes de um único lote para a Floresta Nacional do Jamari, as Unidades de
Manejo apresentadas no Quadro 4. Segundo requisito legal, respeita-se o número mínimo de
unidades de manejo por classe de tamanho e a distribuição espacial das áreas dentro das parcelas
aptas para manejo florestal estabelecidas no zoneamento ambiental da Flona. O resultado é um lote
com uma Unidade de Manejo pequena (em torno de 17 mil ha), uma média (em torno de 33 mil ha) e
uma grande (em torno de 46 mil ha). Essas unidades podem ser observadas no mapa da Figura 9.
Quadro 4: Unidades de Manejo constituintes do lote único de concessões para manejo florestal na
Floresta Nacional do Jamari
Unidades de Manejo Área (ha) Perímetro (m)
A diferença entre a área total da Zona de Manejo (105 mil ha, Quadro 2), e a área efetivamente
destinada para manejo florestal como lote único de concessões (96.361,083 ha, Quadro 4) resulta de
exclusões necessárias para atender as seguintes situações:
(ii) exclusão de área de Plano de Manejo de Produtos Não Madeireiros no extremo noroeste da
Flona;
(iii) exclusão de área de sobreposição com uma unidade de conservação de proteção integral
estadual, a (ESAC São Manuel, localizada na fronteira norte da Flona;
(iv) otimização das linhas poligonais para facilitar a identificação e demarcação da poligonal em
campo.
4 Zona de Manejo Florestal do Plano de Manejo da floresta Nacional do Jamari (MMA/IBAMA, 2005).
No Quadro 5 também se inclui um cálculo preliminar das Áreas de Preservação Permanente (APP),
que, na escala trabalhada, estariam representando entre 4,71% (UMF I) e 8,08% (UMF II) das
Unidades de Manejo.
Figura 12: Uso do solo na UMF III do Lote de Concessão Florestal na Flona do Jamari.
(Elaboração: Serviço Florestal Brasileiro)
O inventário florestal da Floresta Nacional do Jamari foi realizado pelo Instituto Brasileiro de
Desenvolvimento Florestal – IBDF, no ano de 1983, tendo como principal finalidade subsidiar o
processo de criação da FLONA (BRASIL, 1983). O objetivo principal do inventário florestal foi
avaliar o potencial produtivo da floresta, por meio de estimativas do volume e do número de
árvores de espécies comerciais.
Embora o inventário florestal tenha sido realizado há quase 25 anos, para áreas que não
sofreram interferência humana, como a exploração madeireira, é aceitável assumir que as
estimativas para volume comercial e número de árvores continuam válidas.
5 Com base na análise de 16 imagens Landsat NDFI, o estudo fez um mapeamento da exploração madeireira e uma interpretação
visual para identificar feições de cicatrizes de exploração florestal, caracterizadas pela presença de pátios de estocagem de madeira,
conectados às estradas (ramais de arraste).
É importante ressaltar que este é o valor mais provável, considerando todas as árvores em pé
das espécies tidas como comerciais pelo Serviço Florestal (Anexo III). A exploração efetiva
deverá levar em conta os critérios de seleção de árvores em função da qualidade de fuste (não
indicados no inventário florestal), diâmetros mínimos de corte, planejamento da exploração
(áreas de preservação permanente), espécies de interesse específico da empresa, e restrições
legais para espécies com baixa densidade (raras) e porta-sementes (Instrução Normativa MMA
No. 05, de 2006).
A aplicação dos critérios acima deverá, ainda, obedecer a limitação da intensidade de corte,
estabelecida em no máximo 30 m3 ha-1, pela IN 05/2006 para PMFS na Amazônia. Este valor
corresponde a 36,2% do volume comercial em pé estimado para a FLONA do Jamari.
Quadro 6: Volume comercial e número de árvores por grupo de espécies comerciais, para
árvores com DAP ≥ 45 cm na Flona do Jamari.
Grupo de Volume Volume
Número de Número de Volume ajustado
Valor -1 Comercial utilizável (IN 5)
Espécies Árvores (N ha ) (m3ha-1)**
Comercial (m3ha-1) - 50%*
1 3 0,81 7,83 3,92 2
2 7 4,35 16,76 8,38 8
3 21 9,88 32,91 16,45 15
4 11 4,68 25,19 12,6 5
Total 42 19,71 82,69 41,35 30
Com base no volume comercial ajustado (Quadro 6) e nas estimativas de área ajustada (Quadro 7),
apresentam-se no Quadro 8 os volumes totais estimados por Unidade de Manejo e grupo de espécie.
Quadro 8 - Volumes totais (m3) estimados por Unidade de Manejo e grupo de espécie
Grupo de UMF I UMF II UMF III
Espécies Total Anual*** Total Anual*** Total Anual***
1 29.204 973 56.097 1.870 78.722 2.624
2 116.815 3.893 224.387 7.479 314.890 10.496
3 219.029 7.301 420.726 14.024 590.419 19.680
4 73.009 2.434 140.242 4.675 196.806 6.560
Total 438.057 14.601 841.452 28.048 1.180.839 39.361
A redução da produção neste período pode ter sido causada pela escassez de fontes de
madeira, devido a fatores como a conversão das florestas para outros usos, com uma perda de
cobertura florestal média de 3 mil km² por ano no período 200-2007 (Inpe, 2007). A escassez de
áreas privadas disponíveis e estocadas pode também ser um fator limitante para a produção
florestal, uma vez que problemas fundiários tem sido uma restrição ao manejo florestal
observada em toda a Amazônia (Sabogal et al., 2006).
O preço da árvore em pé pago na floresta por essas empresas varia de R$ 25,00/ m3, madeira
em pé sem documento de procedência ou plano de manejo florestal, até R$ 55,00/ m3 de
madeira em pé em área com plano de manejo florestal. O preço médio mínimo estabelecido no
processo de concessão foi fixado em R$ 34,00/m3. O valor é mais alto que o valor da madeira
em pé sem documentos, o que se justifica pela segurança juridica dada pelo contrato de
concessão e disponibilização dos dados de inventário amostral. Porém o valor é mais baixo que
o valor da madeira em pé com Plano de Manejo uma vez que o PMFS deve ser preparado pelo
concessionário.
Este retorno se mantêm ainda que considerando outros potenciais custos relacionados ao
contrato de concessão como a implementação de ressalvas ambientais e sociais decorrentes da
proposta vencedora.
A população residente no interior da Flona é composta por uma família tradicional 6 e por
aproximadamente 40 empregados da empresa mineradora atual – ERSA e suas familias,
totalizando cerca de 150 pessoas.
Existem atividades de uso comunitário para extração de produtos florestais em escala bem
reduzida. Na ponta da ZMF3, em Candeias do Jamari, existe uma pequena área de exploração
de açaí que não está na área de Unidade de Manejo Florestal para concessão. Nos limites da
ZMF 1 e 2 com assentamentos situados no Município de Cujubim foram detectadas áreas
pontuais de extração (madeireira e não-madeireira).
6 Família do senhor Benjamim, hoje reduzida a três pessoas após a morte do patriarca há alguns anos.
O manejo florestal deve atender a legislação que disciplina todo empreendimento florestal. A
Instrução Normativa MMA No. 05/2006, estabelece os procedimentos técnicos para elaboração,
apresentação, execução e avaliação técnica de Planos de Manejo Florestal Sustentável nas
florestas primárias e suas formas de sucessão na Amazônia Legal.
Além do respeito às Áreas de Preservação Permanente (APP), outra restrição física para o
manejo florestal na Flona é decorrente dos afloramentos dos Granitos Rondonianos (ver item
2.7). Nessas áreas e seus entornos, a exploração será necessariamente restringida pela
presença das rochas e vegetação particular.
Espécies arbóreas de distribuição restrita e espécies ameaçadas de extinção (ver item 2.7)
representam também uma restrição para a exploração. A Instrução Normativa MMA No. 05, de
2006. estabelece as restrições para as espécies de baixa densidade.
O Plano de Manejo da Flona estabelece como norma para a Zona de Manejo Florestal, a
proibição da introdução de espécies vegetais e animais, bem como a criação e permanência de
animais domésticos (MMA/IBAMA, 2005).
O volume máximo explorável é definido por espécie no Plano Operacional Anual (POA) com
base nos dados do inventário florestal a 100%, expresso em metros cúbicos por unidade de
área (m3/ha) de efetiva exploração florestal, calculada para cada unidade de trabalho (UT) e
respeitando as restrições legais estabelecidas pela Instrução Normativa MMA No. 05, de 2006,
em particular a limitação de 30 m3/ha para o volume total extraído.
O ciclo de corte inicial será de no mínimo 25 anos e de no máximo 35 anos (Instrução Normativa
MMA No. 05, de 2006).
4. Descrição do Entorno
O Município de Itapuã do Oeste possui uma área da unidade territorial de 4.081 km² e
população de 7.905. Para atender a essa comunidade, o serviço de saúde possui hoje apenas
dois estabelecimentos de saúde municipais, sem internação. No que se refere à educação,
existem: dois estabelecimentos de ensino pré-escolar (315 alunos), 10 de ensino fundamental
(2.199) e um de ensino médio (286).7
A população total do Município de Cujubim é de 13.857 habitantes , numa área de 3.864 4.018
km². No que se refere aos serviços de saúde, o município conta com quatro estabelecimentos
de saúde municipais, sem internação. Quanto à educação, no município existem: 01
estabelecimento de ensino pré-escolar (161 alunos), 7 de ensino fundamental (2.123) e 01 de
ensino médio (465).
A maior parte da região do entorno da Flona tem acesso a energia elétrica (64% dos domicílios
desfruta deste recurso, MMA/IBAMA, 2005). Os serviços telefônicos são precários, estando
disponíveis para apenas 14% dos domicílios, todos situados no eixo da BR-364 (MMA/IBAMA,
2005).
7 http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php.
Apesar do esforço do INCRA, a situação fundiária, para a maioria dos agricultores familiares,
especialmente de Itapuã do Oeste, não está definida, pois são apenas posseiros. No estudo
para o Plano de Manejo da Flona, foi detectado que quase 80% dos entrevistados não detinham
títulos definitivos Em Cujubim, exceto a Linha 86, próxima à Unidade, a regularização fundiária
está em melhor situação, onde das 1.726 parcelas localizadas nos assentamentos, 75% já têm
título definitivo. A falta de regularização das terras é geradora de inúmeros problemas, como a
impossibilidade de obtenção de licença para desmatamento e de inclusão e crédito em
programas sociais.
Figura 14: Mapa do entorno da Flona do Jamari com a localização dos assentamentos do INCRA.
(Elaboração: Serviço Florestal Brasileiro)
No que se refere aos aspectos econômicos, em Cujubim e em Itapuã do Oestea economia gira
em torno da agricultura e da pecuária (bovina de leite e de corte, principalmente em Itapuã do
Oeste). Nas pequenas propriedades, junto com a prática da agricultura de subsistência, com
excedentes vendidos a atravessadores, o produtor mantém a pecuária. Em Cujubim, a extração
de madeira ocupa boa parte da força de trabalho nas tarefas de corte, transporte e
beneficiamento primário nas serrarias que ali funcionam. Em Itapuã do Oeste, a pesca,
praticada especialmente na represa de Samuel, tem alguma expressão econômica. Por se
tratarem de municípios novos, que estão em pleno crescimento, recebendo migrantes, o
comércio também propicia renda para grande número de famílias, bem como os serviços
públicos e privados que também se encontram em expansão.
A fruticultura está também presente nas unidades produtivas do entorno. Existem culturas de
banana, cupuaçu, graviola, manga, abacaxi, guaraná e cacau no município de Cujubim; de açaí
e pupunha em Itapuã do Oeste. Quanto à extração e comercialização de óleos comerciais, foi
identificado um comerciante que declarou produzir em torno de 3.000 litros/mês de óleo de
copaíba em Itapuã do Oeste (MMA/IBAMA, 2005).
5. Referências citadas
Plano Anual de Outorga Florestal 2007/2008. 2007. Relatório Técnico. Serviço Florestal
Brasileiro (SFB). Brasília, DF. 95 páginas.
Latossolos (Latossolos no sistema da Embrapa; Oxisols no Sistema Americano de classificação e Ferrasols no sistema
da FAO)
No Estado de Rondônia foram registradas as seguintes sub-ordens: 1) Latossolos Amarelos - coloração bruno-
amarelado, baixo teor de ferro; 2) Latossolos Vermelho- Amarelos - coloração vermelho-amarelo, teor de ferro
intermediário; e 3) Latossolos Vermelho - coloração vermelho-escuro. Antes essa sub-ordem era conhecida
como Latossolo Vermelho-Escuro, onde o teor de ferro é alto. Os Latossolos Vermelho-Amarelos se
apresentam em maior expressão, em torno de 26%, enquanto os outros dois se apresentam, individualmente,
em 16% no Estado, geralmente encontrados em relevo predominante plano e suave ondulado.
Os Latossolos são solos em avançado estágio de intemperização (bem desenvolvidos), constituídos por
material mineral; normalmente profundos (1 a 2 metros) ou muito profundos (mais de 2 metros), sendo a
espessura do solum raramente inferior a um metro. Variam de fortemente a bem drenados (a água infiltra com
facilidade), não havendo encharcamento, embora ocorram variedades que têm cores pálidas, de drenagem
moderada ou até mesmo imperfeitamente drenados, transicionais para condições de maior grau de gleização.
São, em geral solos fortemente ácidos, com baixa saturação por bases. Ocorrem, todavia, solos com média e
até mesmo alta saturação por bases, encontrados geralmente em zonas que apresentam estação seca
pronunciada, como, também, em solos formados a partir de rochas básicas. A fertilidade natural de baixa a
muito baixa, constitui a principal limitação de uso agrícola, necessitando de correção e adubação, exceto a
subordem Latossolo Vermelho em que predomina fertilidade natural média a alta.
Na FLONA foram encontrados três tipos desta ordem de solos:
Latossolos Vermelho-Amarelos Distróficos: Solos com matiz 5YR ou mais, vermelhos e mais amarelos
que 2,5YR na maior parte dos primeiros 100cm do horizonte B (inclusive BA), com saturação por base
baixa (V < 50%) na maior parte dos primeiros 100cm do horizonte B (inclusive BA). Estes solos são os mais
representados na FLONA, ocorrendo nas ZMF-1, -2 e -3, assim como em parte da Zona de Conservação.
Latossolos Amarelos Distróficos: Solos com matiz mais amarelo que 5YR na maior parte dos primeiros
100cm do horizonte B (inclusive BA), apresentando baixa saturação por base (V < 50%) na maior parte dos
primeiros 100cm do horizonte B (inclusive BA). Ocorre na ZMF-4, na borda este da FLONA.
Latossolos Vermelho-Escuro Distróficos: Solos com matiz 2,5 YR ou mais vermelhos na maior
parte dos primeiro 100cm do horizonte B (inclusive BA), com saturação por base baixa (V <
50%) na maior parte dos primeiros 100cm do horizonte B (inclusive BA).
8 MMA/IBAMA 2005. Plano de Manejo Floresta Nacional do Jamari. Ministério do Meio Ambiente - Instituto Brasileiro de
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Volumes I a V. Brasília, DF.
Classe Regossolos (Neossolos Regolíticos do sistema da Embrapa; Entisols do sistema americano de classificação)
Recobrem áreas de 100 a 160m de altitude, sobre Solos predominantemente latossolos vermelho
relevo suavemente ondulado e dissecado em amarelo, encontrando-se também esparsamente
colinas e cristas do embasamento cristalino. concreções lateríticas e matacões em áreas do
entorno de afloramentos graníticos
Solos profundos e bem drenados, geralmente do
tipo latossolos vermelho amarelo ou podzólicos
vermelho-amarelo de textura argilosa
Características Predominam nas colinas e nos interflúvios tabulares do Terciário, sob solos profundos e bem drenados,
fisionómicas geralmente do tipo latossolos amarelo, latossolos vermelho-amarelo ou podzolicos vermelho-amarelo.
Caracterizam-se pela presença de árvores espaçadas formando um dossel com altura de aproximadamente
40m e grandes árvores emergentes com 45m a 55m.
Compreendem formações adensadas de palmeiras, especialmente o Babaçu (Orbignya martiana), Inajá
(Athalea maripa) e Tucumã (Astrocaryum aculeatumm) ocorrem irregularmente, formando mosaicos nas
florestas com e sem agrupamentos de palmeiras
Espécies Bertholletia excelsa Humb. & Bonpl. Bertholletia excelsa Humb. & Bonpl. (Castanha-do-
emergentes (Castanheira), Cariniana decandra Ducke Pará), Cariniana decandra Ducke (Tauarí), Astronium
(altura>45m; (Tauarí), Eschweilera atropetiolata S.A.Mori lecointei Ducke (Muiracatiara), Sextonia rubra (Mez)
DAP>100cm) (Castanha-vermelha), Qualea paraensis Ducke van der Werrf (Louro-gamela), Copaifera multijuga
mais comuns (Mandioqueira), Dipteryx odorata (Aubl.) Willd. Hayne (Copaíba), Hymenaea reticulata Ducke (Jutaí),
(Cumaru), Dinizia excelsa Ducke (Angelim- Tachigalia cf. plumea Ducke (Tachi), Andira parviflora
vermelho), Hymenolobium sericeum Ducke Ducke (Sucupira-vermelha), Dinizia excelsa Ducke
(Angelim-da-mata), Astronium lecointei Ducke (Angelim-pedra), Hymenolobium excelsum Ducke
(Muiracatiara), Parkia pendula Benth. ex (Angelim-da-mata), Hymenolobium pulcherrimum
Walp.(Visgueiro), Parkia multijuga Ducke Ducke (Sucupira-preta), Parkia multijuga Ducke
(Faveira-arara-tucupi), Enterolobium schomburgkii (Faveira-arara-tucupi), Pseudopiptadenia philostachya
Benth. (Orelha-de-macaco), Anacardium (Benth.) G.P.Lewis & L.Rico (Angelim-falso), Bagassa
giganteum Hancock & Engl. (Cajuí), Bombacopsis guianensis Aubl. (Tatajuba), Brosimum utile (Benth.)
nervosa (Vitt.) Robyns (Munguba-da-mata), (Amapá-amargoso), Helicostylis tomentosa (Poepp. &
Huberodendron swietenoides (Gleason) Ducke Endl.) Rusby (Inharé-folha-miúda), Naucleopsis
(Mungubarana), Schizolobium amazonicum Huber caloneura (Huber) Ducke (Muiratinga),
ex Benth.(Paricá), Caryocar villosum (Aubl.) Pers. Ostheophloeum platyspermum (A.DC.) Warb.
(Piquiá), Caryocar pallidum A.C.Sm. (Piquiarana), (Ucuúba-branca), Erisma bicolor Ducke
Tabebuia incana A. H. Gentry (Ipê-amarelo), entre (Mandioqueira), Qualea grandiflora Mart. (Catuaba)
outras.
Características As espécies arbóreas que mais Caracterizam-se pela abundância de Formações vegetais pioneiras
fisionómicas – freqüentemente são palmeiras. Nas áreas mais baixas com dominância fisionômica da
Espécies encontradas neste tipo de destacam-se especialmente o Patauá palmeira Buriti (Mauritia flexuosa)
arbóreas mais ambientes são: Tachigalia (Oenocarpus bataua), a Paxiúba-de- e, eventualmente, em cotas mais
comuns velutinosa (Taxi), Leuheopsis escora (Iriartella setigera), Paxiúba altas, das palmeiras Caranã
duckeana Burret, barriguda (Iriartella deltóidea) e o açaí- (Mauritiella aculeata) e o Açaí
Rhodoganalopsis faroensis da-mata (Euterpe precatoria) (Euterpe precatoria)
(Ducke) A.Robyns, Couratari
tenuicarpa A.C.Smith (Tauarí- Entre as espécies arbóreas as mais As veredas de buritis são, via de
da-várzea), Eschweilera comuns são, por família botânica: regra, áreas de baixa diversidade
albiflora (A.P.DC.) Miers (Matá- Annonaceae: Oxandra sp., Envirapreta florística, mas de grande
matá-da-várzea), Qualea (Pseudoxandra obscurinervis Maas), importância ecológica, pois
acuminata (Spruce ex Warm.), Envira-bobó (Rollinia insignis R. protegem mananciais e
Swartzia E.Fries), Envira-do-baixio (Xylopia sp.); nascentes, bem como criadouros
Caesalpiniaceae: Macrolobium para peixes e anfíbios. Abrigam
brachyrachis, Swartzia limbatum Spruce ex Benth; Clusiaceae: também ninhais de diversas aves
dolichopada, Tabebuia barbata Jacareúba (Calophylum brasiliensis aquáticas e servem com sítio de
(Capitarí), Parkia nítida Cambess); Elaeocarpaceae: alimentação para Psitacídeos
(Visgueiro), Macrolobium Ururucurana (Sloanea guianensis
acaciifolium (Araparí), (Aubl.) Benth); Euphorbiaceae: Dima Nas áreas do entorno dos
Macrolobium angustifolium, (Croton sp.), Seringueira (Hevea afloramentos, caracterizadas pela
Macrolobium multijuga, Mabea brasiliensis Muell. Arg), Hieronima presença de solos litólicos,
caudata (Seringai), laxiflora Müll. Arg.; Fabaceae: Uxirana pouco profundos, e nos grotões
Erythroxylum campinense A. (Vatairea guianensis Aub.); rochosos, encontram-se espécies
Amaral Jr., Hevea brasiliensis Hipocrateaceae: Gogó-de-guariba arbóreas, tais como: Morototó
Muell. Arg. (Seringueira), (Salacia insignis A.C.Sm); (Schefflera morototoni), Pimenta-
Caryocar microcarpum (Piquiá- Lecythidaceae: Matá-matá-vermelho de-nambu (Erythroxylum
bravo), Copaifera multijuga, (Eschweilera pedicellata (Rich.) Mori); campinense), Rollinia exsucca,
(Copaíba), Genipa americana Moraceae: Muiratinga (Naucleopsis Acássia (Cassia multijuga), Dima
(Geniparana), Panopsis caloneura (Huber) Ducke), Pama-da- (Croton lanjowensis), Sumaúma-
sessilifolia, entre outras folha-grande (Pseudolmedia sp.); branca (Cochlospermum
Myristicaceae: Ucuuba-do-baixio (Virola orinoccense), Caroba (Jacarandá
pavonis (A.DC.) A.C.Sm.), Ucuúba- copaia), Cedro (Cedrella fissilis),
branca (Osteophloeum platyspermum Cerejeira (Torresia acreana),
(A.DC.) Warb.), Acariquara (Minquartia Cumarú (Dipteyx odorata),
guianensis Aubl.), Abiurana-vermelha Castanha-do-pará (Bertholletia
(Chrysophyllum prieurii A.DC.), Marupá excelsa), Angelim-pedra (Dinizia
(Simarouba amara Aubl.), (Açoita- excelsa), Sumaúma-da-terra-firme
cavalo (Lueheopsis rosea (Ducke) (Bombacopsis sp.) e Mandioqueira
Burret), Catuaba (Qualea grandiflora (Erisma bicolor)
Mart.), entre outras.
Sub-bosque Espécies herbáceas de sub- Composto em grande parte por
bosque são praticamente indivíduos juvenis de árvores do estrato
inexistentes, devido à superior. Entre as herbáceas típicas do
inundação sazonal. sub-bosque, citam-se espécies de
Piper, Calathea, Ischnosiphon, Costus,
Heliconia, Pariana e Selaginela