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AULA 1: FARMACOLOGIA NA PEDIATRIA
INTRODUÇÃO
Oms: aleitamento materno exclusivo ate os 6 meses e complementado até pelo menos 2 anos
Pediatra frequentemente consultado apesar de não prescrever para nutriz
Conhecimento cientifico é dinâmico e mutável
Estimativa de que 90-99% das mulheres que amamentam vão receber alguma medicação ja na
primeira semana de parto. Uso de medicamentos é uma das principais causas de interrupção
precoce do aleitamento materno.
FARMACOLOGIA E AMAMENTAÇÃO
Fatores relacionados ao leite materno
Maior excreção durante os primeiros dias (células alveolares pequenas e espaço intracelular maior
= facilita transferência de substancias maternas.)
Queda da progesterona apos duas semanas provoca crescimento das células alveolares e
consequente redução da passagem de fármacos.
Fatores relacionados a nutriz
Fatores que reduzem a capacidade de metabolizar ou excretar o fármaco
Fatores relacionados ao lactente:
Idade: barreira hematoencefalica imatura em RN e lactentes jovens, além de desenvolvimento
incompleto dos sistemas de metabolismo e excreção.
Baixo risco (6-18 meses), risco moderado (2-6 meses), alto risco (PMT, RN, lactente instável).
Fatores relacionados ao fármaco:
Via de administração
Transporte transcelular depende de:
o Peso molecular: baixo peso atinge o Leite Materno (LM) mais facilmente
o Grau de ionização: bases fracas estão menos ionizados no plasma e permanecem na forma
ionizada no compartimento lácteo: aumento da concentração no LM (betabloq).
o Ligação a proteína: se baixa afinidade a proteína apresenta maior facilidade para atingir o
comportimento lácteo.
o Lipossolubilidade: atravessam mais facilmente a barreira lipoproteica atingindo o
componente lácteo > leite maduro
o Meia vida: se ação longa maior tempo na corrente sanguínea e no LM.
o Biodisponibilidade oral: se baixa biodisponibilidade sao pouco ou nada absorvidos pelo
lactente, mesmo quando presentes no LM (insulina, omeprazol, heparina).
OU AINDA...
Compatíveis: sem relato de efeitos adversos no lactente.
Provavelmente compatíveis: sem estudos controlados em nutrizes.
o É possível ocorrência de efeitos indesejáveis ou há estudos adversos mínimos e não
ameaçadores.
Possivelmente perigosos: evidencia de risco para o lactente ou para produção de leite.
o Pode ser aceitável o uso: risco X beneficio
Perigosos: risco significativo e documentado para o lactente ou tem alto risco de dano.
o Risco supera qualquer beneficio
o Aleitamento contraindicado durante o uso.
ALGUNS MEDICAMENTOS
Antidepressivos
o Seguros: amitriptilina, citalopram, escitalopram, fluoxetina, imioramina, nortriptilina,
paroxetina, sertralina, sulpiride, venlafaxina.
o Contraindicado: doxepina
Antiepilépticos
o Seguros: carbamazepina, fenitoína, gabapentina, iamotrigna, levetiracetam, fosfenitoina
Hipnoticos e ansiolíticos
o Seguros: midazolam, oxasepam, quazepam, zalepiom, zopiciona.
o Contraindicado: acido gama-aminobutirico
Neurolépticos
o Seguros: olanzapina, quetiapina, risperidona, ziprasodona
Analgesicos antipiréticos
o Seguro: paracetamol
o Uso com cautela: AAS, dipirona
Analgésicos opioides
o Seguros: metadona, propoxifeno, alfentanil...
AINE
o Seguros: cetorolaco, diclofenaco, ibuprofeno, piroxicam
o Contraindicado: leflunomida
Corticóide
o Seguro: metilprednisolona, prednisona, prednisolona
Anti-histaminico
o Seguros: desloratadina, dimenidrinato, difenidramina, fenoxifenadina, hidroxizina,
loratadina
ATB: sem contraindicações
Antifúngicos
o Seguros: cetoconazol, ciotrimazol, fluconazol, itraconazol, miconazol, nistadina, terbinafrina
Antivirais
o Seguros: aciclovir, lavimudina, oseltamivir, valaciclovir
CAMILA RABUSKE LIMBERGER | ATM 2024.1
o Contraindicado: abacavir, delavirdina, didadonisa, efavirenz, entricitabina, etravirena,
nevirapina, ritonavir, zidovudina.
Anti-helmínticos
o Seguros: albendazol, praziquantel
Antiarrítmicos
o Seguros: adenosina, disopramida, mexiletina, propafenona, quinidina
o Contraindicados: amiodarona
Fármacos que aumentam a produção láctea e a gente usa bastante no dia-a-dia - Domperidona,
Metoclopramida, Sulpiride
E fármacos que podem suprimir a lactação - estrógenos, ergotamina, levodopa, pseudo-efedrina,
álcool, nicotina, bupropiona, diuréticos, testosterona, Cabergolina (bastante utilizada em pacientes
com HIV).
CAMILA RABUSKE LIMBERGER | ATM 2024.1
PRINCÍPIOS BÁSICOS
Risco/benefícios
Somente orientar suspender aleitamento se evidencia que o fármaco é nocivo ou ausência de
informações.
Avaliar necessidade da terapia.
Orientações sobre segurança.
Preferir sempre um fármaco já estudado.
Preferir fármacos liberados para uso em RN e lactentes.
Preferir terapia tópica ou oral a parenteral
Evitar combinações.
Programar horário de administração conforme pico sanguíneo e horário da amamentação.
Se houver risco, dosar o fármaco na corrente sanguínea do lactente.
Utilizar a medicação por menor tempo possível
Evitar fármacos de ação prolongada – maior dificuldade de excreção pelo lactente.
Se necessária interrupção periódica da amamentação, orientar ordenha e estoque em congelador
por até 15 dias.
Bulas não são confiáveis – consulta em base de dados.
Referências
Uso de medicação e outras substancias pela mulher durante a amamentação
o Sociedade brasileira de pediatria, 2017
Tratado de pediatria sociedade brasileira de pediatria
o 4a ed., volume 1
ASPECTOS GERAIS
Mesmo principio na prescrição de medicamentos porém com mais particularidades e menos dados
de comprovação cientifica.
Uso de fármacos ainda não licenciados para crianças...?
Falta de aprovação diferente contraindicado.
Informações como dosagem, biotransformação, excreção e efeitos adversos normalmente não
estão disponíveis quando o fármaco é colocado no mercado.
Necessidade de normatizar estudos farmacológicos em crianças.
Efeitos terapêuticos e adversos são em geral similares ao dos adultos.
Lactentes têm processos fisiológicos que influenciam na farmacologia e vão se modificando no
primeiro ano de vida.
o Absorção de fármacos depende do tempo de esvaziamento gástrico.
Se a medicação pode ser inativada pelo pH estomacal, não deve ser utilizada.
Transito intestinal rápido: diminuição da absorção entérica.
o PMT tem massa muscular diminuída: absorção errática de fármacos IM.
Crianças apresentam maior quantidade de agua em relação a superfície corporal: alterações de
distribuição.
PMT apresenta menor quantidade de gordura: dificuldade em concentrar fármacos lipossolúveis.
Ligação dos fármacos as proteínas séricas é diminuída: elevação dos níveis plasmáticos.
Fármacos e bilirrubinas competem pela ligação com a albumina
o Aumento da BT pode aumentar a concentração sérica do fármaco.
Biotransformação dificultada: imaturidade dos sistemas enzimáticos hepáticos.
o Atingem nível de eficácia significativa no primeiro mês de vida.
o Atividades dependentes do citocromo P450 e de enzimas de conjugação.
CAMILA RABUSKE LIMBERGER | ATM 2024.1
RN apresenta capacidade reduzida de metabolização: taxas de depuração lenta e prolongada meia-
vida
Excreção retardada: imaturidade do sistema renal
o TFG assemelha-se ao adulto por volta dos 4 meses
Diferenças farmacodinâmicas não muito bem exploradas.
Posologia criteriosamente calculada: peso ou superfície corporal.
o Dose individualizada!
Atentar para apresentação e modo de oferta.
o Suspensões e xaropes que necessitam agitação ou até diluição.
Sólidos apenas se capacidade de deglutir.
Atentar para o sabor dos líquidos.
Priorizar menor volume.
Cuidado com utensílios domésticos (por exemplo tamanho de colheres divergentes)
Ajustar o horário que encaixe melhor na rotina da criança.
Esclarecer a duração do tratamento.
Observar necessidade de conservação em geladeira e desaconselhar a estocagem de
medicamentos.
Interação entre medicamentos e nutrientes.
o Exemplo: aumento na absorção de cefuroxima quando ingerida com alimentos; já a
claritromicina tem absorção retardada.
Adesão mais difícil.
o Compreensão e esforço dos pais.
o Perdas quando o medicamento não é adequadamente deglutido.
Custo: prescrever medicamentos genericamente equivalentes?
Quantidade a ser utilizada.