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TROIA II - DESTRUIÇÃO DE TRÓIA OU DE HATUSSA?

Por Artur Felisberto.

O CAVALO DE TRÓIA
Parece assim que um “cavalo de pau” dedicado a Atena Hippias, a Hipona dos
celtas não seria nada que pudesse levantar suspeitas de impiedade. Na verde, pelo
menos Heródoto refere que os troianos do tempo de Xerxes ainda adoravam esta
deusa.
Hipona < KiKona < Kiphiana < *Kiki-Ana > Ash-Ana > Atana > Atena.
On reaching the Scamander, which was the first stream, of all that they had crossed
since they left Sardis, whose water failed them and did not suffice to satisfy the thirst of men and
cattle, Xerxes ascended into the Pergamus of Priam, since he had a longing to behold the place.
When he had seen everything, and inquired into all particulars, he made an offering of a
thousand oxen to the Trojan Minerva, while the Magians poured libations to the heroes who
were slain at Troy. Heródoto - VI.
A fama de artificioso guerreiro devida ao manhoso Ulisses tem pouco de
original pois já fazia parte da tradição enquiana de Hermes e Hefaístos. No entanto,
este episódio táctico tem tanta aparência de naturalidade que dá para desconfiar da sua
tão notória plausibilidade já que nela chega mesmo a haver uma baixa entre os heróis
aqueus numa situação de extremo realismo.
Figura 1: Idealização
em versão arcaica do
“Cavalo De Tróia”.
Claro que esta
representação dos
guerreiros deitando as
suas armas por janelas
abertas no tronco e no
pescoço do cavalo
como se este fora um
autocarro moderno de
dois andares é mais
futuristas do que
realista porque a saída
deveria estar muito
bem disfarçada a nível
da articulação da
mandíbula, e trancada
por dentro.
No entanto esta representação serve para tornar plausíveis as proporções dum objecto
com a forma dum “cavalo de pau”. Nesta representação podem ver-se sete guerreiros dentro
do “Cavalo de Tróia” e outros sete, já equipado, de fora, pelo que a capacidade total do
“Cavalo de Tróia” poderia andar à volta duma dúzia de guerreiros que, visto serem os líderes
tribais dos helenos, seriam suficientemente valentes e disciplinados para uma manobra de
emboscada, típica dum filme de acção do moderno cinema americano.
While the Achaeans were inside the Wooden Horse Helen went round it and called the
names of different Achaean commanders, imitating the voices of each of their beloved wives.
Such artistry is best performed by a child of Zeus: she did it with such a skill that Anticlus
would have answered from the Wooden Horse dark interior, but Odysseus held fast his mouth,
and when he tried to escape the pressure of the hands Odysseus held him harder and Anticlus
lost his breath and died.
Mas até a desconfiança dos troianos parece ser demasiado previsível!
No entanto, há que notar que esta aparece no contexto duma lógica tipicamente
pagã. Se os troianos eram tidos como temerosos dos deuses deveriam ter profetas e
adivinhos que lhes permitissem descobrir o logro do “cavalo de Tróia”! E, de facto,
tiveram esses profetas e adivinhos que nem sequer precisariam de ter verdadeiros dons
divinatórios nem percepção extra-sensorial. Bastar-lhe-ia apenas o despeito relativa a
uma deusa de que não eram sacerdotes e a sensata desconfiança relativamente a tudo o
que pudesse vir duma potência que lhes era nesse momento politicamente rival! De
resto, a suspeita de que já então a rivalidade entre devoções a patronos deferentes seria
possível agiganta-se se nos lembrarmos que estamos possivelmente perante o embrião
duma rivalidade entre dois deuses irmão.
Atena ≡ Artemisa, irmã de Apolo! Ora, poderá ver-se em reflexões sobre
Artemisa que os cultos desta Deusa Mãe se realizavam em santuários que eram
também locais da «águas santas» e centros curativos e sibilinos.

Ver: *KIMA (***)

Assim era em Delos santuário onde se viriam a localizar importantes núcleo de


desenvolvimento médico patrocinados por Apolo que, nem de propósito, os teria
roubado à Deusa Mãe, quiçá na época da «guerra de Tróia».

Figura 2: «Carros de guerra» conduzidos por deusa aladas da Vitória,


seguramente Atena Nikê.
Sobretudo, haveria que perguntar se os aqueus micénicos poderiam já revelar-se
tão astutos quanto foi Ulisses neste episódio da guerra de Tróia, simultaneamente tão
ímpio quanto temerário! Pois bem, não eram os micénicos os descendentes dos piratas
cretenses de quem os fenícios viriam a herdar mais tarde todas as virtudes e defeitos da
astúcia habitual em comerciantes e marinheiros?
The Hittites used horses to pull chariots, which were also their invention. They were
vehicles with two six-spoked wheels, which carried into battle a driver and a warrior armed
with a lance. The intervention at Kadesh of fourteen hundred chariots constituted a veritable
revolution in military technology which enabled the Hittites to destroy the Egyptian army in a
few hours. It is said that the unexpected speed of the result encouraged the Hittites to start
looting, thus allowing the fleeing Egyptian forces to turn about for a surprise counter-attack.
The battle thus never reached a decisive conclusion. --
E não devemos esquecer que Atena tinha os aqueus, de que os atenienses
seriam o clã mais numeroso, como seus protegidos! O que terá levado os aqueus a
pensar que os troianos iriam raptar esta estátua equestre da deusa Atena de madeira?
Terá sido a convicção de que os hititas troianos seriam um povo tão respeitador das
tradições religiosas (facto que, aliás, podemos comprovar noutros contextos da história
dos hititas) que iriam neste caso acolher na sua cidade esta deusa equestre abandonada
na praia pelos gregos supostamente em fuga?
Ora, terá sido esta a razão que justificou o sacrifício de Ifigénia.

Ver: SACRIFÍCIO DE IFIGÉNIA

A deusa ofendida tinha sido precisamente um heterónimo de Artemisa.


De facto, nesse tempo lendário da guerra de Tróia, Esparta seria ainda
micénica e Menelau, o seu rei, um descendente minóico e sacerdote de Artemisa na
variante que viria a ser a Minerva romana.
Menelau < Min-Erau < Min-Heraw > Minerwa
Em seguida, indo a Esparta e sendo recebido cordialmente por Menelau, raptou-lhe a
esposa Helena e levou-a para Tróia. Diante dessa afronta, toda a Grécia ardeu de indignação.
Um grande exército foi armado e partiu do porto de Áulida com destino a Tróia. Era formado
por cem mil homens sobre 1186 naus, chefiado pelo mais valoroso príncipe de sangue aqueu:
Agamémnon, rei de Argos; o próprio Menelau; o prudente Ulisses, rei de Ítaca; o sábio
Nestor; Aquiles, o mais forte; Ajax Telémon o mais forte depois de Aquiles, Ajax Oileu,
Diomedes, Pátroclo, o amigo íntimo de Aquiles.
Após a morte de seu maior campeão, os gregos resolveram recorrer à astúcia nos seus
esforços para capturarem Tróia, que tinha aguentado o seu cerco por dez longos anos. O
«Cavalo de Madeira» é considerado como sendo ideia de Ulisses, enquanto o artesão
responsável por sua confecção foi Epeios.
Epeo da Élida (en grego 'Epeiós ho Eleíos') foi o filho e sucessor de Endimião, rei da
Élida. Endimião teve cinquenta filhas com a deusa Selene, ou, mais provavelmente, teve três
filhos Paeon, E-peu e E-tolo, e uma filha, Euricida.
Na mitologia grega, Epeu, filho de Pan-opeu, foi o construtor do Cavalo de Tróia.
Epeo < E-pe(us) <= Pan-Ope-(us)
Epeo < E-pe(us) Pa-e-on Pé-on => E-Opha, lit. “templo da Cobra”.
Assim sendo, se Epeu nada tinha a ver com o étimo Epi- de “estar sobre”, a
menos que seja semântica implícita a um altar de cobras, podemos suspeitar que o
“cavalo de Tróia, se não foi a causa pelo menos pode ter sido um reforço para a
fixação do étimo Epi- da elevação decorrente do nome do seu construtor, Epeo, o que,
mais do montar um cavalo cometeu a elevada façanha de construir um bem alto que
onde os aqueus montaram a mais célebre cilada da lendárias ciladas!
Epeios Hipo-eios, lit. “o que monta cavalos”, ou seja, o cavaleiro!
Com um nome tão literalmente concordante com a profissão quem pode
acreditar que grande parte desta epopeia não tenha sido o resultado de múltiplos
equívocos que não terão sido meramente semânticos!
Ao ficar pronto, um grupo composto dos gregos mais corajosos entrou dentro dele,
incluindo o próprio Ulisses e Neoptólemo, filho de Aquiles. O restante das forças gregas
queimou suas cabanas e partiram nos barcos, indo somente, entretanto, até a ilha de Tênedo,
onde aportaram e esperaram. Os troianos, mal podendo acreditar que os gregos tinham se
retirado, espalharam-se pela planície, ficaram maravilhados com o cavalo de madeira e
lembravam uns aos outros onde ficava o acampamento grego.
Logo, alguns pastores encontraram um único grego que tinha sido deixado para trás,
Sinon, que lhes contou que os seus compatriotas quiseram sacrificá-lo para conseguir um vento
favorável para a travessia; tinha conseguido escapar com dificuldade das correntes com as
quais estava preso.
Sinon, lit. «Sinão, o Sr. Sino que tudo canta e reconta»?
Esta história despertou a compaixão dos troianos, de modo que ficaram dispostos a
acreditar no restante de seu relato. Disse que os gregos, acreditando que Atena tinha se
voltado contra eles, tinha decidido velejar de volta e tentar conseguir novamente as graças
divinas que a expedição possuía originalmente. Tinham construído o cavalo para agradar
Atena, e o fizeram deliberadamente grande, de modo que os troianos não pudessem levá-lo
para dentro de suas muralhas. Se o Cavalo entrasse em Tróia, a cidade nunca seria tomada; se
ficasse de fora, os gregos acabariam voltando e arrasariam a cidade até os alicerces.

Figura 3: A morte de
Cassandra às mãos de Aquiles, junto
ao altar de Apolo. Notar que a Figura 4: Cassandra é
representação de Apolo corresponde violentamente arrastada para a morte
a um kauroi o que confirmará diante do paladion. Tal demonstra que
também a suspeita de que todos os este era de facto uma estátua de Atena de
célebres «couros» arcaicos mais não que esta sacerdotisa era uma servidora.
eram de que estátuas deste deus.
Figura 5: Ajax prepara-se para matar Cassandra, junto ao altar de Apolo.
Se existe veracidade na tradição das imagens anteriores, o culto de Atena
andava associado ao culto de Apolo que, em tempos arcaicos, seria supostamente seu
filho. Quem é que hoje em dia iria acreditar numa história tão ingenuamente
inverosímil! Obviamente que bem poucos o que, em boa verdade, levanta a suspeita de
que quase tudo nesta lenda ser um mero enredo de Homero, o grande guionista da saga
da “guerra de Tróia”!
E a prova de que já ao próprio autor não teria passado desapercebida tal
inverosimilhança da patranha do “cavalo de Tróia” é que este não se dispensou de dar
uns laivos de credulidade incluindo na complexa trama do enredo referências a alguns
sépticos de profissão, que sempre os houve tal como o “velho do Restelo” nos lusíadas
de Camões ou ainda hoje no habitual papel de um qualquer político da oposição, tais
como sacerdotes, adivinhos e profetas não fosse alguém ousar a impiedade blasfema
de por em dúvida a sua universal eficácia. Na verdade, tudo aponta para que o regime
religioso dos troianos fosse de facto o mesmo do dos Aqueus.
Sendo assim há que explicar as motivações que terão levados os Aqueus a
construírem um o cavalo para agradar Atena, ou melhor, explicar as razões míticas da
plausibilidade deste engodo! Ora, de facto Atena era entre os gregos a deusa
protectora dos cavalos!
Epona = The ancient Gaulish goddess of horses, mules, and cavalrymen. She was
worshipped throughout entire Gaul, and as far as the Danube and Rome. Her cult was
eventually adopted by the Roman army and they spread her worship wherever they went.
Epona is depicted sitting or lying on a horse, or standing with multiple horses around her.
Her symbol is the Cornucopia ("horn of plenty") which suggests that she could (originally)
have been a fertility goddess. She is also identified with the Celtic goddess Edain (= The
Celtic goddess who is associated with horseback-riding. She is probably equivalent to the
Gaulish goddess Epona) Etain (= Etain (Shining-One) was the triple goddess of the sun,
water, horses, fragrance, beauty, music and the transmigration of souls). Hippona = The
Roman goddess of horses. Her image is derived from the Gallic goddess Epona, whose cult
was adopted by the Roman soldiers. She was a beautiful girl said to have been the offspring of
a man and a mare. Also called Bubona, she was identified with the Greek deity Hippa and
Rhiannon by the Celts. (See: Euippe, Hippa, Poseidon).
As deusas da cornucópia eram deusas da fertilidade e da fortuna por estarem
ligadas aos cultos agrários da Terra, a “Virgem Mãe” primordial da “vida e da
morte” em quase todas as mitologias arcaicas (de que a excepção mais conhecida
parece ser o Egipto)!
Ora Atena, enquanto uma típica deusa guerreira (que foi inicialmente, qual
Tiamat, tão “má como as cobras” do seu aegis!) deve ter pertencido a este grupo de
virgens mães de cultos de morte e ressurreição solar como teria sido o caso de Etain.

Ver: CORNUCÓPIA (****) & FORTUNA (****)

XLVII. The present image at Tegea was brought from the parish of Manthurenses, and
among them it had the surname of Hippia (= Horse Goddess). According to their account, when
the battle of the gods and giants took place the goddess drove the chariot and horses against
Enceladus. Yet this goddess too has come to receive the name of Alea among the Greeks
generally and the Peloponnesians themselves. On one side of the image of Athena stands
Asclepius, on the other Health, works of Scopas of Paros in Pentelic marble. --- Paus. 8.47.1
Como se vê não existe uma etimologia imotivada para o nome grego dos
cavalos. Na verdade, etimologicamente assim falando, o «cavalo» (< kaphalo >
Hippola) até poderiam ter tido a mesma origem das cobras (= Grec. ophis).
Thirty stades distant is Thyrides, a headland of Taenarum, with the ruins of a city
Hippola; among them is a sanctuary of Athena Hippolaitis. --- Paus. 3.25.9
Athena Hippolaitis = Atena Artemísia, irmã de Apolo
< de Hippola < Kiph-Pala < *Kiki-Kura > Ishkur > Istar.
Hippia < Ki-phia > Kapha > hauphia > Grec. ophis < Kikikia.
There is also pointed out a place called the Hill of Horses, the first point in Attica, they
say, that Oedipus reached -- this account too differs from that given by Homer, but it is
nevertheless current tradition -- and an altar to Poseidon, Horse God, and to Athena, Horse
Goddess, and a chapel to the heroes Peirithous and Theseus, Oedipus and Adrastus. --- Paus.
1.30.4
At the starting-point for the chariot-race, just about opposite the middle of it, there are
in the open altars of Poseidon Horse-god and Hera Horse-goddess, and near the pillar an altar
of the Dioscuri. [6] At the entrance to what is called the Wedge there is on one side an altar of
Ares Horse-god, on the other one of Athena Horse-goddess. --- Paus. 5.15.6.
Assim sendo teria que ficar explicada a razão da falta de previsão profética dos
troianos perante o logro do “cavalo de Tróia”!
Assim, Cassandra, uma das pitonisas antigas, filha do próprio rei de Tróia, era
uma sacerdotisa troiana de Atena, mas que, por causa duma maldição, nem Lacoonte
lhe poderia confirmar o mesmo parecer profético com base nas mesmas suspeitas que
ele próprio já teria!
Sendo assim, natural seria que esta tivesse uma palavra a dizer sobre o “cavalo
de Tróia” supostamente dedicado a Atena.
Uns poucos troianos desconfiaram do Cavalo e ficaram relutantes em trazê-lo para
dentro das muralhas. A profetisa Cassandra, filha de Príamo, cujo destino era que suas
profecias nunca tivessem crédito, alertou sobre a morte e a destruição que a entrada do Cavalo
traria a Tróia.
Figura 6: Uma das mais dramáticas e bem concebidas criações artísticas da escultura
maneirista do helenismo é precisamente esta estátua do museu do Vaticano relativa à morte de
Laocoonte e dos filhos deste sacerdote troiano. No entanto, se alguma veracidade existiu neste
episódio ele deve ter decorrido dum trágico acidente durante a recolha de cobras necessária aos
rituais terapêuticos dos santuários de Apolo.
Tal como ainda hoje, mas sobretudo então, a credibilidade para predizer o
futuro dependia quase que inteiramente da reputação que os deuses concediam aos
mortais.
Laocoonte, o sacerdote de Poseidon, fincou sua lança contra os flancos do Cavalo, que
ressoou com os tinidos dos homens armados, e declarou que temia os gregos, mesmo quando
eles davam presentes.
Mas, enquanto preparava um sacrifício ao deus que servia, duas grandes serpentes
surgiram do mar e estrangularam primeiro seus dois jovens filhos e a seguir o próprio
Laocoonte, antes de se refugiarem sob o altar de Atena. Com este augúrio, os troianos não
hesitaram mais e começaram a mover o grande Cavalo para dentro de suas muralhas,
derrubando suas fortificações de modo a poder fazê-lo. – 1
The reason of the calamity, which befell Laocoon, is explained by Servius on the
authority of Euphorion. He tells us that when the Greek army landed in the Troad, the Trojans
stoned the priest of Poseidon to death, because he had not, by offering sacrifices to the sea god,
prevented the invasion. Accordingly, when the Greeks seemed to be departing, it was deemed
advisable to sacrifice to Poseidon, no doubt in order to induce him to give the Greeks a stormy
passage. But the priesthood was vacant, and it was necessary to choose a priest by lot. The lot
fell on Laocoon, priest of the Thymbraean Apollo, but he had incurred the wrath of Apollo by
sleeping with his wife in front of the divine image, and for this sacrilege he perished with his
two sons. This narrative helps us to understand the statement of Apollodorus that the two
serpents were sent by Apollo for a sign.

Figura 7: Ataque dos Aqueus ao templo de Cassandra!


Como testemunho directo temos apenas os vestígios de uma destruição total de Hattusa
pelo fogo. Outros locais anató1icos conheceram a mesma sorte, sem que se possa afirmar se foi
na mesma altura, nem a fortiori obra do mesmo inimigo. A destruição da capital arrastou
consigo o desaparecimento das estruturas políticas, religiosas e administrativas do Império,
mesmo que grupos hititas tenham podido manter-se aqui e ali na Anatolia. O uso da escrita
cuneiforme cessou bruscamente, o que nos priva de documentação escrita.
As raras inscrições hieroglíficas atribuíveis aos sécs. XII-XI não fazem mais do que
atestar a sobrevivência das tradições do grande império anatólico.
É óbvia a contradição deste trecho. Seguramente que tais inscrições terão que
ser criticamente redatadas a menos que se tratem de inscrições tumulares em
localidades isoladas e perdidas no meio da Anatólia ou então fazem parte do chamado
período neo-hitita!
Por outro lado, o inicio do séc. XII foi um período agitado em todo o Próximo
Oriente. A Mesopotâmia e a Síria começavam a sofrer os afeitos das migrações de um povo
nómada, os Arameus. Em Emar, posto avançado hitita no médio Eufrates, o últimos

1
http://blogdamitologiagrega.blogspot.pt/2011/05/guerra-de-troia-ii.html
documentos são datados de 1187. No ano VIII do seu reinado, o faraó da XX dinastia, Ramsés
II, conseguiu esmagar, mas apenas no Delta, os «Povo do Mar». Estes invasores tinham vindo
pelo Sul da Anatólia e pela costa síria, destruindo tudo à sua passagem e pondo fim à
existência de Ugarit. É difícil atribuir-lhes igualmente a destruição do centro do Império
Hitita. Mas este ficou com isso muito provavelmente enfraquecido. Quanto à identificação de
quais foram os que beneficiaram desse enfraquecimento, estamos reduzidos a conjecturas.
Podemos optar entre os Gastas e os Frígios. Os primeiros são provavelmente assinalados no
Aturo oriental por Tiglate-Pileser I da Assíria (1112-l074); o seu passado não deixa de
assinalar expedições destruidoras ao pais hitita. Os segundos teriam vindo dos Balcãs ao
sabor dos movimentos de populações do inicio do séc. XII. Quando se fizer luz de novo sobre a
Anatólia central, vê-los-emos instalados em vez dos Hititas. Homero cita-os entre os aliados
dos troianos. Os arqueólogos detectaram um nível de ocupação frígio no local do que fora
Hattusa.

Figura 8: Ajax prepara-se para matar Cassandra junto ao altar.

“INVASÕES DÓRICAS”
Não terão sido guerrilhas religiosas consequentes a estas perturbações do,
sempre frágil, equilíbrio da dominação político hitita que terão desencadeado a
“Guerra de Tróia” a que se seguiriam reactivamente as “Invasões Dóricas” e, numa
segunda vaga reactiva ou por arrastamento, o fenómeno dos “Povos do Mar” em fuga
a esta invasões?
Afinal, por grande ironia da história, os troianos acabariam por se vingar dos
seus ingratos irmãos micénicos invadindo posteriormente a Grécia tão selvaticamente
quão haviam sido antes destruídos na guerra de Tróia, a menos que a tradição
homérica ande toda ela virada do avesso! Os troianos não seriam mais do que os hititas
que invadiram a Grécia com o nome de Dórios numa das suas muitas incursões e de
temtativas de imposição do domínio do imperio hitita a ocidente!
The Dorians worshipped male gods instead of fertility goddesses and adopted the
Mycenaean gods of Poseidon, Zeus and Apollo, paving the way for the later Greek religious
pantheon.
De facto, Dórios, povos dos montes da Anatólia possivelmente relacionados
com a lendária cidade de Tróia, os crentes e adoradores do deus das tempestades,
Taru dos hattis2.
Dórios < Thorihus < Taur kius > Turcos
> Taru-kiha > Troia < Troy < Truva
< Turwa < *Turka.
Towards the end of the twelfth century BC, the invasion of barbarians originating in the
north-west, the Thracians, put an end to the Hittite Empire. The civilized world was thus
overturned-the so-called Dark Age began.
Ora, não será estranho que o nome da Anatólia (< Ana-Turi-Ka) lit “o céu na
terra do touro” ou a terra do “Touro Celeste” e da «Turquia» pareçam fazer jus ao
nome deste deus? Não se chama Tauro ao maciço rochoso mais importante da
Anatólia? Não eram os troianos da Ásia anatólica? Enfim, não era o nome de Tróia
pouco mais do que uma referência a terra da Turquia na porção da ásia mais próxima
das costa europeias do mar Egeu?
Troy (Truva) located on Hisarlik at Canakale, one of the Turkish city in west of
Dardanels.
Excavations were resumed by Carl W. Blegen, confirming the existence, all told, of nine
levels of cities (Troy I-IX). The first settlements, dating to around 3000 B.C., refers to the
existence of a large fortified structure. The phase known as Troy I lasted about five centuries
and ended with a fire. Troy II, larger and more evolved, was also burned to the ground. Nothing
basically new is revealed in the successive Bronze Age settlements, at least until the phase
known as Troy VI, the period of greatest splendor in the complex vicissitudes of Troy. Around
1300 B.C. a serious earthquake struck the city. It was immediately rebuilt and gave us what we
know as Troy VIIa, identified by scholars as the legendary city described in the Iliad. Tradition
indicates 1184 B.C. as the year in which classic Troy fell, and archaeological evidence also
dates the end of this phase around 1200 B.C., followed immediately by the one known as Troy
VIIb (1200-1100 B.C.). After a long period of abandon, the old location was once more settled
in 700 B.C., when a small village rose on the site of the Bronze Age fortifications. The phase
Troy IX refers to the Hellenistic and Roman periods. After this began a slow but inexorable
period of decadence and degradation which climaxed in the disappearance of the city around
the 5th century A.D. All trace of Troy then vanished and the city, lost and forgotten, survived
solely in the pages of Homer until Schliemann's sensational discovery, which constitutes one of
the fundamental pages in the history of modern and contemporary archaeology.

Ver: CANIBALISMO (***)

Mas, se Troia foi hitita como se comportaram os espartanos, supostos


descendentes directos dos dórios, na guerra de Troia???
Declarando-a!!!
E por causa do rapto duma mulher de nome helénico, Helena!

2
Os que viriam a dar o nome à «Santa Irmandade de Triana», em Sevilha?
At the time when Thyestes,
Menelaus' uncle was king of
Mycenae, both Menelaus and his
brother Agamemnon, had to leave the
country. (…) Menelaus married
Helen, daughter of Tyndareus or, as
some say, daughter of Zeus. (...)
Menelaus was king of Sparta after
Tyndareus. (...) When Menelaus
learned of the rape of Helen by Paris,
he came to Agamemnon at Mycenae,
and begged him to muster an army
against Troy. He became Leader of
Figura 9: Menelau & Helena. the Lacedaemonians against Troy.

When some time later Menelaus learned, while he was in Crete, that the Trojan seducer
Paris, who had come to Sparta, on leaving the city had stolen his wife Helen and many
treasures, he came, as soon as he could, to his brother Agamemnon at Mycenae, to raise an
army against Troy.

Como sabemos os tesouros estavam sempre guardados nos templos pelo que só
podemos estar perante um mero episódio de invasão bélica da capital do reino
micénico de Esperta onde Helena seria uma deusa lunar, variante de Artemisa, ou
talvez a suprema sacerdotisa desta deusa, levada para a sua capital pelos hititas com o
respectivo clero, segundo o costume oriental de “guerra total” que justificou a
deportação dos sacerdotes judeus de Jerusalém para a Babilónia, de modo a
conquistarem não apenas a terra como o céu dos vencidos.
In Celtic mythology, Elaine (Lily-Maid) was a virgin goddess of beauty and the moon.
She was the matron of road-building and a loveable leader of hosts.
Como se vê, os celtas adoravam Elaine, a virgem dos lírios, uma bela deusa
virgem e lunar como Artemisa cujo nome era uma óbvia variante do nome de Helena.
Seria uma corruptela do mito homérico ou a prova de que Homero inventou esta
história a partir duma relação lendária com o rapto duma deusa com o mesmo nome?
Ora bem, terá sido este bom hábito de acarear os deuses e o clero dos vencidos
que terá sido fatal para os troianos por ter estado na origem do episódio do “cavalo de
Tróia”.
Odysseus invented the construction of the Wooden Horse, which became the ruin of
Troy, and suggested it to the architect Epeius, who felled timber on Ida and constructed the
horse with a hollow interior and an opening in the side. Following the advice of Odysseus they
introduced the best warriors into this dangerous piece of art and after appointing Odysseus
their leader, they engraved on the horse a treacherous inscription: "For their return home, the
Achaeans dedicate this thank-offering to Athena". [Apollodorus, Epitome 5.15]

Ver: EPISTEMOLOGIA HISTÓRICA (***)

Figura 10: “Rapto de Helena”. Tal como se sugere nesta imagem dum vaso grego o
rapto de Helena estaria longe de ter sido um acto hediondo e violento pois, não só aqui é
representado como uma vulgar cena de casamento, com pleno consentimento de ambos os
envolvidos e apoio dos respectivos acompanhantes, como parece ter tido a bênção do deus do
amor que aparece esvoaçante entre o casal de noivos de mãos dadas! De facto, em sociedades
patriarcais em que os casamentos tendiam a ser intrigas de bastidor e alianças políticas os
casamentos por amor ficavam reservados aos que resultavam de raptos apenas possíveis com a
cumplicidade dos amigos e companheiros dos envolvidos! Ora, por ter havido neste caso uma
subversão do direito patriarcal em proveito do direito natural é que o “rapto de Helena” deixou
de ser um mero caso de «amor contrariado» para ser um caso de geopolítica a pretexto de graves
alterações na prática consuetudinária dos casamentos de conveniência e por “razões de estado”!
The Trojans seem to have had more courage than brains, for in spite of the years'
experince in fighting against the wily Greeks, they tore down the wall and dragged the horse
inside the city. Laocoon, the Trojan priest who tried to warn them not to trust Greeks, was
crushed to death with his two sons by sea serpents sent by that old enemy of Troy, Poseidon.
The Greeks hidden in the horse took the city by night and won the long war.
There is also pointed out a place called the Hill of Horses, the first point in Attica, they
say, that Oedipus reached -- this account too differs from that given by Homer, but it is
nevertheless current tradition -- and an altar to Poseidon, Horse God, and to Athena, Horse
Goddess, and a chapel to the heroes Peirithous and Theseus, Oedipus and Adrastus. --
Pausanias, Description of Greece, 1.30.4.

ENEIAS
A tradição Apolínea, vindas das sumérias terras dos Apkallu, passou incólume
para a cultura clássica quase que seguramente por intermédio dos povos da Anatólia. A
partir desta origem iria chegar aos latinos pela Etrúria, na bagagem de Eneias.
From Troy, we must not forget, came Aeneas, the son of Anchises, Prince of Troy, and
Aphrodite. Aeneas, escaping from the burning city, wandered about the Mediterranean in
search of a secure place. He and his followers fled to Thrace, to many of the Aegean islands
including Crete, to Africa, and finally to Italy. Aeneas, the Trojan from Asia Minor, was the
anchestor of Romulus and Remus, who founded Rome. Coming full circle, the Romans
conquered their founder's old enemy, Greece. MythologyMain
Pois bem, esta inquietante e estranha cumplicidade entre a cultura romana e a
anatólica, permite-nos desconfiar de que a Eneida de Virgílio, um dos mitos
fundadores da cidade de Roma que foi usado, até ao abusivo delírio retórico, pela
política romana, não seria tanto essa «canção do vigário» encomendada pelos Césares
como pretexto subliminar para a legitimação do seu domínio sobre a velha cultura
grega na medida em que esta que passaria a ser encarada, no plano da virtualidade
metafórica, como uma vingança histórica dos descendentes troianos com que os
romanos oportunista e oportunamente assim se identificavam, uma vez que pode bem
ter acontecido que Eneias tenha sido uma figura semi-lendária relacionada com alguns
refugiados da tragédia da derrota na guerra de Tróia.

Figura 11: Eneias, fugindo da destruição de Tróia, transporta às costas Anquises, seu
pai, com destino à Itália! Na verdade estamos perante uma deturpação retórica dum facto que
pode ter sido histórico. Depois dos graves e desastrosos acontecimentos que se sucederam à
queda do império hitita muitos anatólicos terão demandado o ocidente como emigrantes
forçados, precedendo, deste modo, em vários séculos os gregos que criaram a «Magna Grécia»!
Em boa verdade, Eneias, mesmo que filho dum Anquises histórico nunca
poderia ter sido filho de Vénus a não ser enquanto metáfora dum «filho da puta»,
como são afinal e sempre os afortunados «filhos da mãe»! Ora, para que não houvesse
desnecessária ofensa para ninguém a única conclusão lógica a tirar com implicações
éticas seria a que nos permitia chegar à lucidez de que só por pura misoginia de
espírito se poderia ter chegado a esta situação obtusa de os cristão adorarem Cristo, um
filho ilegítimo porque concebido pelo Divino Espírito Santo no seio de Maria, casada
com o carpinteiro José, continuando a vituperar as prostitutas! Na verdade, em todas as
mitologias arcaicas, os filhos divinos da Virgem Mãe foram sempre deuses solares e
filhos da Lua, a deusa dos Amores apaixonados!

Ver: MITRAS (***)

Na verdade, Anquises não seria senão um nome genérico dos filhos dos
sacerdotes destes refugiados troianos, “filhos dos filhos” de Enki (> Enki-ish-ish)
enquanto Eneias, seria o nome dos sacerdotes de Enki (< En-Ea-ish) ou uma variante
dos Anunaki, filhos de Inana, ou de Ishtar. Claro que, se tal tese pudesse ser
inequivocamente demonstrada, poderíamos declarar que existe neste mito uma
inversão de gerações pois que a entidade mais velha deveria ser Eneias. No entanto, a
posição deste herói, seguramente mítico, pode manter-se a mesma se aceitarmos que
os “filhos dos filhos” seriam netos de hititas e logo, bem poderiam ser crianças
enquianas às costas dos mesmos sacerdotes, filhos do divino “pai Enki”. Porém, o
caminho prosseguido por estes troianos não de todo em todo uma senda aventurosa por
rotas desconhecidas.
On the fall of Ilium, some of the Trojans escaped from the Achaeans, came in ships to
Sicily, and settled next to the Sicanians under the general name of Elymi; their towns being
called Eryx and Egesta.
Fazendo parte, seguramente, de uma das várias colónias da talassocrassia
cretense estes refugiados troianos seriam apenas colonos anatólios desta mesma
cultura marítima que, na insegurança geral do sec. XII a.C., tiveram que demandar as
costas ocidentais. E nem sequer seriam os únicos suspeitos de serem refugiados
troianos pois vários outros se reclamaram também de o serem.
Westward of the river Triton and adjoining upon the Auseans, are other Libyans who
till the ground, and live in houses: these people are named the Maxyans. They let the hair grow
long on the right side of their heads, and shave it close on the left; they besmear their bodies
with red paint; and they say that they are descended from the men of Troy. Heródoto - IV.
The Paeonians, they said, were colonists of the Teucrians from Troy. Heródoto - V.
Alguns foram até à foz do Tibre, na qualidade de tirrénios, tarquínios ou
estruscos.
Tirrénios < Tyranios < Turanios < Trauanos > Troianos.
Tarquínios < *Taur-ki-anos < Traukianos > Trajanos > Tursha
< Turkisha = Ish-Turka > Ex-Truca > Etrusca > Etrúria.
Os Tarquínios seriam assim troianos da realeza que dominou os primórdios de
Roma e que vieram dar origem à civilização e a Etrusca seriam costas sobejamente
conhecidas pelos marinheiros pelágicos da mesma talassocracia cretense.
Ver: APLU (***)

The Pelasgians similarly have links with the Maeonians or Lydians. These people
emigrated, at a date somewhere between 1000 and 800 BC, towards Umbria or Etruria where
they became the Etruscans, as Herodotus records. Neither Indo-Europeans nor Semites, they
can be numbered among the peoples who, a thousand years before, became the Pelasgians.
The Etruscan language, related to that of the Lycians and Lydians, has not yet been
deciphered. The Maeonians had attained a high degree of civilization long before they
emigrated. They brought from Asia the double-headed axe-an emblem of royalty, which
subsequently became the symbol of State used by high-ranking Roman magistrates. (...)
Having annexed Rome at the beginning of the sixth century, the Etruscans provided it with
three kings, of whom the first and the third were called Tarquin.
Tarkhon is the name of an Anatolian god who was worshipped by the
Etruscans. It was Tarquin the Old who ordered the construction of Rome's first drains
(the Cloaca Maxima) which are still in use to this day. Urban drainage was a practice
that the Anatolians learned from the Sumerians. -- Diese Web Seiten wurden vom
Türkischen Generalkonsulat Mainz erstellt.
De facto, no grupo de «Povos do Mar» do reinado de Menetep aparecem os
Tursha, seguramente identificáveis com este grupo étnico que envolve os troianos da
Turquia, e os tirrénios e tarquínios da Etrúria. Do mesmo modo, podemos aceitar
que o estanho deus acima referido com o nome de Tarkhon, ignorado tanto no
panteão clássico dos etruscos como no dos hititas, mais não seria afinal do que o deus
luvita Tarhun(t) (“the Conqueror”) dos cultos taurinos da civilização Egeia que
incluía os povos costeiros em torno de Creta.
Kur-Ki-Antu *Tar-Kau-Antu > Tarhun(t).
*Tar-Ki-Kian > Tar-Ki-Haun > Tarkhon.
Kur Kiki-Anu > Kur-ish-an > Ishkuran.
Dito de outro modo, este grupo de povos seria o núcleo mais arcaico de plágios
péri-mediterrânicos a que os sumérios também teriam pertencido!

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