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O MITO DA SANTÍSSIMA TRINDADE

por Artur Felisberto.


La triade religiosa è presente nelle culture di molti popoli molto tempo prima
della comparsa del cristianesimo.(…)
Cercando di portare ordine in una foresta di divinità si riunivano gli Dei in
famiglie normalmente composti da una divinità, il coniuge e il figlio. (…)
Le trinità della mitologia egizia sono diverse, ecco le principali:
Osiride-Iside-Horus (nell'immagine sotto)
Ptah-Sekmet-Nefertem (triade di Menfi)
Amon-Khonsu-Mut (triade di Tebe)
Khnum-Satet-Anuket (triade di Elefantina).

Obviamente que a verdade é bem mais profunda. O cristianismo foi apenas uma de
entre as muitas religiões helenistas que permitiram ultrapassar o paganismo politeísta que,
por força da profunda transformação que a filosofia grega ia produzindo nos espíritos,
começava a ser inaceitável para as mentalidades que se iam formando no caldeirão do
ecletismo e da diversidade social, cultural e civilizacional da pax romana. Poderia o
ocidente ter feito algo muito diferente do que fez muito mais cedo o budismo no extremo
oriente? É difícil responder a esta questão até porque na história não há postulados
hipotéticos precisamente porque a condição científica básica de que as mesmas causas
tendem para os mesmos efeitos não são aplicáveis à diversidade das vicissitudes e
contingências históricas. No entanto, em análises para grades períodos da história humana é
quase seguro que sejam quais forem os caminhos da humanidade esta acabará por se
reencontrar lá onde a razão dos mesmos passos os levarem por caminhos semelhantes. É
óbvio que o ritualismo do budismo actual terá pouco a ver com o que pretendia Buda do
mesmo modo que Jesus Cristo seria seguramente crucificado conciliarmente de novo se
voltasse a pregar o sermão da montanha na praça do Vaticano.
O que existe de fantástico e de quase miraculoso no cristianismo foi precisamente
esta capacidade de apesar de ter nascido em Jerusalém entre judeus apenas para reformar a
lei mosaica e para a salvação messiânica do “povo leito” e, por isso mesmo, em confronto
radical e fanático com o helenismo desde pelo menos o tempo do macabeus e onde
permaneceu até a destruição do segundo templo na mais terrível de todas as guerras da
geopolítica romana no oriente que as da Judeia, Jesus Cristo acabou (não saberemos
cientificamente se premeditadamente ou não) por reformar todo o império romano e
formatar com o cristianismo todo o mundo ocidental posterior mas não foi seguramente nem
o primeiro nem o único reformador que se viu ultrapassado pela própria história e cujos
sonhos e projectos, por serem transcendentes desde a origem, acabaram tanto por ir além
tanto do seu criador quanto foram transformados e adulterados pela própria história.
Nenhum movimento doutrinário nasce puro e permanece inalterável por mais sagrado
que se pretenda na pureza das suas verdades reformadoras pois quanto mais divino se
transforma mais se universaliza e mais se contamina pelo caminho com as verdades do
passado tal como se revitaliza com as verdades que lhe nascem no seio enquanto não forem
de tal monta que o antagonizem e acabem por se autonomizarem. A história das doutrinas é
a da evolução humana: nascem, crescem, amadurecem, tornam-se adultas, mais ou menos
independentes, e reproduzem-se.
O maior de todas a lições que se pode extrair da história do cristianismo (e que os
judeus só modernamente começam a entender) é a de que o crime só compensa desde que
seja maquiavelicamente bem intencionado e universalmente aceite seja na forma dum mito
bem elaborado, seja na forma de uma teoria elegante ou na de uma história que se non è
vero, è ben trovato mas sempre com o apoio do senso comum da maioria dominante ou seja,
no caso da mitologia cristã segundo dogmas conciliares doutrinariamente inatacáveis.
Assim, se é verdade que se fosse hoje o arianismo teria ganho por ser mais lógico, como o
pensou Isaac Newton (secretamente anti-trinitário, apesar de membro do Trinity College de
Cambridge) a verdade é que os ventos da história ainda não estavam preparados para a
primazia da racionalidade e foi assim que por força da divina sabedoria a Santíssima
Trindade venceu!
Les ariens adoptent le point de vue d'Origène, le subordinatianisme, selon
lequel le Fils n'est pas de la même substance que Dieu, lequel est incréé et
intemporel. Si le Fils témoigne de Dieu, il n'est pas Dieu, si le Fils a une position
divine, elle est de moindre importance que celle du Père. Pour Arius, le Père seul est
éternel, le Fils et l'Esprit ont été créés.
Criar coisas não é o mesmo que criar filhos mas ainda assim se os filhos são da
mesma natureza dos pais na espécie humana só participam em metade do património do pai
realidade biológica que era desconhecida no tempo de Aristóteles que acreditava que as
mulheres eram meros vasos ou receptáculos do esperma masculino ou seja, “úteros de
aluguer” dos filhos do patriarcado. Só assim se compreende que o Espírito Santo, que em
grego era Sofia e feminino, tenha passado no ocidente por masculino...ou no mínimo
assexuado. Na verdade, se não fora este estrondoso erro de Aristóteles que mais não era do
que uma submissão da razão filosófica ao senso comum do patriarcado tal como foi o caso
da defesa da escravatura, o Pleroma dos gnósticos teria ficado como a Deusa Mãe
Primordial da Plenitude que gerou o filho primogénito o “deus menino” e sua irmã gémea
Cora. Jesus já era um novo deus de salvação entre os gentios bem antes desta querela porque
os helenistas fabricavam deuses como os deuses antigos geravam quimeras e até os
imperadores tiveram direito à divindade memo em vida! Para os cristãos, o problema era
serem ou não politeístas como os pagãos, ao admitirem que Jesus Cristo era mais um deus,
além do mais numa tradicional trindade típica do politeísmo oriental, particularmente o
egípcio. Este paganismo endémico era sobretudo prevalente a ocidente onde o mistério da
Santíssima Trindade levou mais longe a loucura divina do dogma com o Filioque que é uma
expressão latina que significa “e do Filho” acrescentada pela Igreja Católica Romana ao
credo para explicitar que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho. A Igreja Ortodoxa
considera tal aberração como herética e acredita que o Espírito Santo procedeu apenas do
Pai, ou seja, indirectamente acaba por voltar a dar alguma razão a Ario...até porque já os
evangelhos lha dariam pois até o 4º evangelho sabia que o Pai era maior que o filho porque
era o próprio filho Jesus Cristo quem o dizia:
João 14:28: Ouvistes que eu vos disse: vou e volto para junto de vós. Se me
amásseis, alegrar-vos-íeis de que eu vá para o Pai, pois o Pai é maior do que eu.
Mas as rebeldias de bizâncio nem sempre eram querelas sobre o sexo dos anjos pois
eram frequente e radicalmente conservadoras em termos de proximidade às filosofias
monoteístas em crescimento por todo o mundo oriental.
Theodotus of Byzantium (also known as Theodotus the Tanner and Theodotus
the Shoemaker; flourished late 2nd century) was an early Christian writer from
Byzantium, one of several named Theodotus whose writings were condemned as
heresy in the early church. Theodotus claimed that Jesus was born of the Virgin
Mary and the Holy Spirit as a mortal man, and though later adopted by God upon
baptism, was not himself God until after his resurrection. This doctrine, sometimes
called "Dynamic Monarchianism" or "Adoptionism", was declared heretical by Pope
Victor I, and Theodotus was excommunicated.
Este papa romano de origem Africana é de duvidosa historicidade e pode ter sido um
dos muitos relapsos ou mesmo uma arquigalo da prestigiada família Fulvia banido de Roma
pelo imperador anterior a Heliogabalo, Antonius Pius.
Quer isto dizer que o credo de Niceia foi mais papista do que o papa e torna Jesus
Cristo num mentiroso só para dar crédito ao poderoso papa de Alexandria enlouquecido de
amores serôdios pelo seu secretário, filho adoptivo e futuro papa alexandrino, Anastásio.
Do mesmo modo, a lógica dos trinitaristas esquece que a unidade do pai com o filho
era metaforicamente estendida por Jesus Cristo a todos os crentes e não exclusividade sua.
De certo modo, mesmo nos cultos de morte e ressurreição, o deus salvador sacrifica a sua
divindade para que esta passe a ser partilhada por todos os que participam nos mistérios
iniciáticos.
«Não rogo só por eles, mas também por aqueles que hão-de crer em mim, por
meio da sua palavra, para que todos sejam um só, como Tu, Pai, estás em mim e Eu
em ti; para que assim eles estejam em Nós e o mundo creia que Tu me enviaste. Eu
dei-lhes a glória que Tu me deste, de modo que sejam um, como Nós somos Um.
Eu neles e Tu em mim, para que eles cheguem à perfeição da unidade e assim o
mundo reconheça que Tu me enviaste e que os amaste a eles como a mim. Pai, quero
que onde Eu estiver estejam também comigo aqueles que Tu me confiaste, para que
contemplem a minha glória, a glória que me deste, por me teres amado antes da
criação do mundo. Pai justo, o mundo não te conheceu, mas Eu conheci-te e estes
reconheceram que Tu me enviaste. Eu dei-lhes a conhecer quem Tu és e continuarei
a dar-te a conhecer, a fim de que o amor que me tiveste esteja neles e Eu esteja neles
também.» - João 17.
Claro que o grave foi esta questão ter estalado entre dois rivais hierarquicamente
distantes na mais importante cidade do helenismo e onde ficava a biblioteca de Alexandria.
Entre 318 et 325, une polémique locale entre le pape Alexandre d'Alexandrie
et Arius, s'envenime au point que l'empereur Constantin Ier, après avoir constaté
l'impuissance des conciles locaux, prend le parti de réunir un concile œcuménique à
Nicée, qui établira la première version d'une confession de foi.
A questão semântica iria envolver sobretudo uma questão de “razão de estado” e
lógica de autoridade e poder.
A questão ariana resultava duma querela semântica entre conceitos metafísicos ou
seja, a uma das muitas bizantinices sem solução que irão fazer as delícias da decadência
lenta do império romano do oriente. Esta bizantinice em particular resultou em latim no
termo “consubstancialidade” que é suposto ser o correspondente ao termo grego
homoousios, termo original que designa essa realidade.
Mas a Crise Ariana tem mais para nos ensinar sobre o provável conteúdo do texto
que falta no Terceiro Segredo. Uma razão por que os Arianos foram capazes de ser bem
sucedidos por algum tempo, foi terem atacado ― com sucesso um dogma que tinha sido
solene e infalivelmente definido no Concílio de Niceia, em 325 - o dogma de que Cristo é
Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; gerado, não criado,
consubstancial ao Pai. Esta definição solene e infalível está no Credo do Concílio de Niceia,
que dizemos cada Domingo na Santa Missa.
Os Arianos alteraram a definição conseguindo que muitos dos fiéis fizessem pressão
para que ela fosse substituída por uma definição falsa, que não era infalível. Em 336, eles
substituíram a palavra grega Homoousion por outra palavra Homoiousion. A primeira,
Homoousion, significa basicamente consubstancial ao Pai. Ora, para Deus ― Filho ser
consubstancial ao Pai, o Filho tem de ser não só Deus mas o mesmo único Deus com o Pai,
de tal modo que a substância do Pai é a substância do Filho ― mesmo que a Pessoa do Pai
não seja a Pessoa do Filho. Portanto, há três Pessoas em um só Deus ― Pai, Filho, e
Espirito Santo ―, mas há um só Deus, com uma só substância, em três Pessoas distintas. Isto
é o Mistério da Santíssima Trindade. A palavra nova Homoiousion, todavia, significa ― de
substância semelhante à do Pai. Logo, a frase crítica neste dogma ― consubstancial ao Pai -
foi mudada para ― de substância semelhante à do Pai ou ― à semelhança do Pai. -- O
Derradeiro Combate do Demónio, Padre Paul Kramer.
Este termo provém da junção de homos, que significa “o mesmo”, e ousios,
proveniente de ousía, que significa substância ou essência. Assim, o termo tem o
sentido de “da mesma substância, com a mesma essência”. O correspondente em
latim é consubstantialis, do qual deriva o termo em português, consubstancial. No
entanto, podemos entender que tal tradução não exprime perfeitamente o sentido do
termo grego. O vocábulo latino é composto por cum e substantia. Ora, cum, com o
sentido de “com”, simultaneidade, não exprime rigorosamente o mesmo que o grego
homos. Do mesmo modo, substantia pode não corresponder perfeitamente a ousía,
na medida em que cada um dos termos pressupõe determinado sistema ontológico,
que varia conforme a cultura em que se insere.
(…) O termo significa, portanto, que o Filho é da mesma substância (ousía)
do Pai. Além disso, esclarece de que modo se pode entender a relação mútua entre
as duas Pessoas. O Filho é gerado pelo Pai, o que equivale a dizer que não se trata
da produção de algo distinto de Deus, como sucede na criação, em que Deus é causa
eficiente (gerado, não criado, afirma o Credo). Por outro lado, não se pode entender
esta geração divina de modo material, como se o Filho fosse parte do Pai ou tivesse
havido uma divisão da substância divina.
O termo homoousios foi adoptado para exprimir um conceito muito sujeito a
distorções e compreensões defeituosas. Pretendeu-se apresentá-lo como linguagem
rigorosa. No entanto, o vocábulo presta-se a ambiguidade.
O arianismo não fazia mais do que seguir a tradição judaica que negava a existência
da consubstancialidade entre Jesus e Deus, que os igualasse, fazendo do Messias pré-
existente ao nascimento uma criatura verbal da tradição egípcia, embora a primeira e mais
excelsa de todas, que encarnara em Jesus de Nazaré. Então, Jesus seria subordinado a Deus,
e não o próprio Deus. Segundo Ario só existe um Deus Absoluto e Eterno e Jesus é seu
filho…como qualquer um dos filhos de deus da tradição davídica.
Arius naît en Cyrénaïque dans la région des cinq cités[2]. Il étudie sous
l'érudit théologien et martyr Licinius d'Antioche.
A l'âge de 55 ans, il est ordonné diacre en 311 par Pierre d'Alexandrie puis
nommé prêtre par Achille, un éphémère successeur de Pierre. En 314, on lui confie
la communauté chrétienne du nom de Baucalis près du port d'Alexandrie. On lui
atteste un excellent comportement résistant pendant la grande persécution de
Dioclétien et de ses successeurs. Cette persécution commence en 303 et ne se
termine qu'à l'élection de Constantin 1er et l'édit de tolérance de Galère en 311.
Pour la majorité des chrétiens d'alors, Dieu est incorporel et ne peut faire
partie de l'univers matériel. Arius commence, en 312, à professer la thèse suivante,
issue de la théologie de son maître Licinius qui la tient d'Origène: * le Fils est
inférieur au Père, * le Fils a été créé ex nihilo, * ses perfections morales et
personnelles ont conduit Dieu à l'adopter. C'est ainsi que Arius comprend Fils de
Dieu * qu'il est un intermédiaire entre Dieu et les hommes, * que si la perfection
divine est hors de portée de l'homme, celle du Fils peut être atteinte.
Doutrina mais lúcida não poderia haver e se razão existisse na teologia cristã, Ário
seria hoje santo. Pela mais elementar das lógicas um filho não pode ser contemporâneo do
pai. Mesmo que na sucessão metafísica das paternidades hereditárias Deus seja o Primeiro
Pai Eterno, nem gerado nem criado (aristotelismo patriarcal à revelia da tradição da Deusa
Mãe Primordial), o seu filho primogénito teria tido sempre um começo e não poderia ser
eterno. O paradoxo absurdo e ilógico do gerado não criado é uma dos muitos absurdos que
os amores serôdios entre o papa Alexandre e o filho adoptivo Atanasio geraram logo no
começo do triunfalismo cristão.
Pour la majorité des chrétiens d'alors, Dieu est incorporel et ne peut faire
partie de l'univers matériel.
Um geómetra diria que Deus era uma recta e Jesus Cristo um segmento de recta
projectado na mente presciente de Deus desde todos os tempos. Mas até Aristóteles saberia
que ser simultaneamente em acto e em potência é de ordem superior que ser primeiro em
potência e só depois em acto.
Mas o filho de Deus pode ser de natureza divina como o pai mas não é o próprio
Deus Absoluto e Eterno, porque é da mais elementar das lógicas que o filho que nasceu
homem teve um começo e logo não era eterno nem seria absoluto porque se fez homem e
logo condenado ao relativismo termodinâmico da condição do pecado e da morte!
Ao mesmo tempo afirmava que Deus seria um grande eterno mistério, oculto em si
mesmo, e que nenhuma criatura conseguiria revelá-lo, visto que Ele não pode revelar-Se a
Si mesmo.
Os judeus já diziam isto no mandamento que proibia pronunciar o nome inefável de
Deus, que os cristãos acabaram em vão por transformar numa trindade ao gosto politeísta
corrente sendo por isso redundância irrelevante que o historiador H. M. Gwatkin afirme em
seu livro A Disputa Ariana: “O Deus de Ário é um Deus desconhecido, cujo ser se acha
oculto em eterno mistério”.
A teologia de Ario, no contexto da religião professada pelo próprio Jesus evangélico
é de longe a mais correcta mas como se atreveu a enfrentar o papa Alexandre de Alexandria
iria acabar por perder a razão deixando o credo cristão, enredado no complexo mistério da
Santíssima Trindade que nem Santo Agostinho iria entender.
En 314, Le nouvel évêque d'Alexandrie, Alexandre d'Alexandrie et son
secrétaire et fils adoptif Athanase, professent d'autres théories en ce temps où le
débat christologique est animé. La christologie d'Alexandre professe que «Le Fils
est une incarnation du Dieu d'Israël». Sa théorie est assez proche de celles
développées par ceux des gnostiques qu'on finira par nommer docètes.
Em 318 houve uma discussão entre o Bispo Alexandre de Alexandria e Ário, porque
este último acusava Alexandre de Sabelianismo.
Sabelianismo (também conhecido como modalismo) é a crença estabelecida no
Século III de que a Trindade não se configura em três pessoas, mas em modos, ou atributos
de Deus. Ario viu nestas tolices entre papa e secretário uma heresia de Sabelianismo quando
na verdade o senso comum teria visto e calado apenas uma beatice ou mais uma panasquice
bizantina para esquecer.
Ce type de questionnement sur la relation du Père et du Fils ou sur la
conception de la messianité est tout à fait éloignée du judaïsme hellénistique. Il
montre combien les liens se sont distendus; ce phénomène est tout à fait normal dans
la mesure où la dynamique communauté juive d'Alexandrie, celle à laquelle on doit
la Septante, a été détruite par la persécution romaine en 260.
Apesar do carácter de Ario ter sido severamente assaltado pelos seus opositores, Ario
parece ter sido um homem de um carácter ascético, de moral pura, e pessoa de convicções.
Num Concílio que Alexandre convocou de seguida, Ario foi condenado.
No entanto, Ario tinha a seu favor o senso comum teológico dominante e numerosos
apoiantes e a disputa espalhou-se desde Alexandria por todo o Oriente. Ao mesmo tempo,
Ario encontrou refúgio e o apoio de Eusébio de Cesareia.
Para restabelecer a união entre os cristãos, o Imperador Constantino I convocou o
Primeiro Concílio de Niceia em 325, onde a doutrina de Arius acabou por ser condenada
como herética.
Ario foi expulso mas a sua excomunhão foi anulada pela influência do Bispo Eusébio
de Nicomédia em 328 no mesmo ano em que Atanásio se tornou Bispo de Alexandria. Em
335 Ario seria supostamente reabilitado. Ele declarou-se de acordo em subscrever a doutrina
de Niceia, que ele tinha recusado anteriormente. Mas antes de poder receber a comunhão em
Constantinopla, morreu subitamente supostamente envenenado, segundo uma herança
imperial que iria ser a pratica corrente entre papado como forma de apressar a eliminação
dos indesejáveis.
Obviamente que Ario foi a primeira vítima da política triunfal do cristianismo
imperial que de ora em diante iria pautar a prova da verdade cristã de acordo com as razões
de estado, política religiosa esta que iria triunfar de forma extrema e violenta na Inquisição.
Alexandre est le métropolite de la seule région qui alors comprend plusieurs
évêques et de nombreuses communautés. Alexandrie est également la ville la plus
prospère de l'empire romain. Il convoque donc un premier concile régional qui
réunit sa centaine d'épiscopes en 318. Arius y est immanquablement excommunié
après avoir été enjoint de signer une profession de foi qui correspondait à une
rétractation totale de sa théologie.
A solução encontrada pelo concílio de Niceia, ao mesmo tempo que dava razão ao
orgulhoso papa Alexandrino, iria caucionar a legitimidade da razão de estado sobre a
autoridade da razão que iriam ser a marca do absolutismo real do ocidente até a revolução
francesa e degenerar em monstruosidades como foram a Inquisição e a futura infalibilidade
papal, mas que iria sair muito cara ao cristianismo porque terá sido aqui que começou a
derrocada do império romano. O trinitarismo só teve adeptos entre os poderosos sem
escrúpulos e entre os beatos da corte. Pelo contrario o arianismo era popular e espalhou-se
livremente fora do império sobretudo entre os godos que passaram a ter razões de peso para
invadirem barbaramente o império do ocidente que acabaram por fazer cair e criar a
condições de instabilidade política que iriam minar o império visigótico e os reinos vândalos
do norte de África preparando o terreno para o triunfo do islamismo que iria fazer agonizar
a Europa e o império bizantino até ao começo das descobertas ibéricas.
Os cristãos, por terem surgido do sonho impossível de “povo eleito”, saíram de
Niceia com o credo na boca a encobrir a falta de razão aprendendo a serem no ocidente, os
maiores mestres do malabarismo teológico, da astúcia doutrinária e da política moderna.
Os judeus, sobreviventes da diáspora, abdicaram do projecto messiânico, sem nunca
terem tido a necessidade de o admitir em público nem de rejeitar o essencial da lei mosaica
por não terem sido convidados a isso por nenhum imperador romano judaizante e por terem
substituído na prática o sacerdócio pelo rabinato.
Mas, os cristãos, ao aceitarem o legado de Constantino receberam também a
obrigação de acolherem o que tinha que ser salvo no império romano.
Desde logo a tríade capitolina na forma da Santíssima trindade.
A troco da conversão massiva do império os cristãos aceitaram a obrigação tácita de
manter a coesão do que restava da pax romana engolindo sapos e lagartos do paganismo e
todos os velhos deuses que ainda tinha poder no subconsciente do império, particularmente
os que mais se assemelhavam ao cristianismo com os quais já vinha a conviver desde que
Paulo deus conta que Roma era uma das cidades onde o cristianismo tinha crescido mais
rapidamente, apesar de mal ter começado a pregação aos gentios.
7 A todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados santos: Graça e
paz de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. 8 Primeiramente dou graças ao
meu Deus por Jesus Cristo, acerca de vós todos, porque em todo o mundo é famosa
a vossa fé. -- EPÍSTOLA DE S. PAULO AOS ROMANOS.
Obviamente que os santos de Roma eram judeus essénicos e possivelmente prosélitos
praticantes de muitas das variantes helenistas de cultos de salvação e mistérios pascais de
morte e ressurreição particularmente os de origem egípcia iniciados nos cultos de Ísis e os
de origem maniqueísta relacionados com Mitra e no fundo todos os diversos e variados
cultos sobreviventes da Grande Deusa Mãe mediterrânica e de “deus menino” salvador do
mundo! A primeira herança temporal foi o legado do Vaticano aos papas seguramente que
por uma massiva conversão dos sacerdotes do templo da Magna Mater ao culto da Virgem
Maria, a Mãe de Deus.
Sabemos que Paulina, esposa de Praetextato foi iniciada nos cultos de Cibele e
Charles W. Hedrick suspeita que esta família esteve ligada aos cultos orientais e que por
isso mesmo faria parte do colégio de augures pontifícios de que iminentes elementos da
família teriam sido Arquigalos da Grande Deusa Mãe frígia.
Sabemos que a tradição do celibato sacerdotal foi sempre quase um dogma no
catolicismo ocidental e que a passagem evangélica “Nem todos são capazes de entender
esta doutrina: só entendem aqueles a quem Deus dá entendimento. Porque há pessoas que
não se casam porque são eunucos de nascença, ou por outros foram feitos eunucos; e há
também aquelas que se abstêm do casamento por amor do Reino dos Céus. Quem puder
entender, que entenda!” (Mt 19, 10-12) deve ter sido uma interpolação tardia porque os
judeus cristãos da primitiva igreja de Jerusalém, ebionitas e nazorenos, considerariam uma
desgraça tal coisa! “Um homem que não tem sua mulher nem mesmo é homem” (Talmude
Babilônico, Jabamot 63 a).
Na verdade as referências mais antigas a um evangelho de Mateus em hebraico
reportam-se também a estes judeus cristãos ainda partidários do respeito da tora para os
quais Jesus seria o messias prometido mas não um deus e que teria vindo para completar e
melhora a lei, abolindo os sacrifícios do templo, mas não para abolir a lei, ou seja, a tradição
dos bons costumes judeus. Santo Irineu (> 202 d. C) refere: [Os ebionitas] utilizam
unicamente o evangelho segundo São Mateus e recusam o apóstolo Paulo, chamando-o
apóstata da Lei. (Adv. haeres. I 26,2). À época do concílio de Niceia, Eusebio de Cesareia
(> 339) referia: “E há alguns que quiseram incluir entre estes escritos (cuja canonicidade é
discutida) o evangelho segundo os hebreus, que é o maior encanto dos judeus que
receberam Cristo”. (Hist. Eccl. III 25).
Sempre que se fazem referências comparadas a esta versão do evangelho de Mateus é
para referir o que aquela versão hebraica refere e nunca para dizer o que ela omite sendo
assim impossível confirmar se estaria ou não na versão original hebraica a referência ao
celibato e aos eunucos. Existe no entanto uma referência cátara quase textual aos versículos
de Mt. 19, 10-12.
[Evangelio cátaro del Pseudo-Yohanan] Y pregunté al Señor: ¿Cómo sucede
que todos reciben el bautismo de Yohanan, pero que no todos reciben tu bautismo? Y
el Señor me contestó: Porque sus obras son malas, y porque no llegan todos a la luz.
Los discípulos de Yohanan se casan, pero los míos no se casan, y son como
emisarios del cielo. Y yo dije: Si es pecado casarse, lo le conviene al hombre
contraer matrimonio. Y el Señor replicó: Sólo pueden comprender esa palabra
aquellos a quienes ha sido dado comprenderla. Porque hay eunucos que han
salido tales del vientre de sus madres. Y hay eunucos a quienes han hecho tales los
hombres. Y hay eunucos que se han castrado a sí mismos a causa del Reino del
Señor.
Assim, é quase seguro que estes versículos em Mateus não são originais e devem ser
uma interpolação tardia de origem gnóstica, obviamente que posterior a Ireneu porque este
caçador de heresias gnósticas a teria farejado facilmente. Quando é que elas terão entrado
neste canónico não se sabe mas possivelmente na mesma altura em que o 4º evangelho
começou a ser aceite sem reservas como canónico. A passagem de 1 Timóteo 4.1-3
adverte contra aqueles que, nos últimos dias, criticarão o casamento.
1 Timóteo 4: 1Mas o Espírito expressamente diz que em tempos posteriores
alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de
demônios, 2pela hipocrisia de homens que falam mentiras e têm a sua própria
consciência cauterizada, 3proibindo o casamento, e ordenando a abstinência de
alimentos que Deus criou para serem recebidos com acções de graças pelos que
são fiéis e que conhecem bem a verdade; 4pois todas as coisas criadas por Deus são
boas, e nada deve ser rejeitado se é recebido com acções de graças; 5porque pela
palavra de Deus e pela oração são santificadas.
Alguns movimentos gnósticos posteriores realmente condenaram o
casamento, mas movimentos tradicionais fizeram o mesmo, reflectindo
uma preocupação de alguns com os interesses espirituais sobre a
sexualidade. O próprio Paulo é a esse respeito contraditório:
1 Coríntios 7: 1Ora, quanto às coisas de que me escrevestes, bom seria que o
homem não tocasse em mulher; 2mas, por causa da prostituição, tenha cada homem
sua própria mulher e cada mulher seu próprio marido. 3O marido pague à mulher o
que lhe é devido, e do mesmo modo a mulher ao marido. 4A mulher não tem
autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim o marido; e também da mesma sorte
o marido não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim a mulher. 5Não vos
negueis um ao outro, senão de comum acordo por algum tempo, a fim de vos
aplicardes à oração e depois vos ajuntardes outra vez, para que Satanás não vos
tente pela vossa incontinência. 6Digo isto, porém, como que por concessão e não
por mandamento. 7Contudo queria que todos os homens fossem como eu mesmo;
mas cada um tem de Deus o seu próprio dom, um deste modo, e outro daquele.
8
Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu. 9Mas, se
não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se.
Se Paulo aconselha o casamento por concessão é porque entendia que o princípio
ideal seria a castidade que os solteiros deveriam praticar como obrigação, pelo menos
enquanto não se casassem. Ou seja, S. Paulo já era tendencialmente gnóstico em assuntos de
sexualidade e também aqui se aproximava do puritanismo que começava a emergir na
sociedade romana enquanto se afastava cada vez mais da tradição judaica que recomendava
aos homens ter uma mulher, o que pressupunha que poderia ser com casamento ou sem ele.
É duvidoso que o versículo Paulino a respeito dos que viriam 3proibindo o
casamento, seja uma postura parcial contra pregadores concorrentes. Na verdade Paulo
sempre sofreu de excesso de zelo e deverá ter sido um dos iniciadores da intolerância
religiosa que os cristãos herdaram dos judeus. Os gnósticos não seriam a este respeito nem
mais nem mesmo exigentes do que Paulo.
Grande é o mistério do casamento! Pois (sem) ele o mundo (não existiria).
(…)O ser humano tem relação sexual com um ser humano. O cavalo com um cavalo,
um jumento com um jumento. Membros de uma raça geralmente se associam (com)
pessoas da mesma raça. Assim o Espírito se mistura com o Espírito, o pensamento se
relaciona com o pensamento, e a (luz) compartilha (com a luz. Se) nasceres como
um ser humano, será (um ser humano) que te amará. Se te tornares (um espírito),
será o Espírito que se unirá a ti. Se te tornares pensamento, será o pensamento que
se associará contigo. Se te tornares luz, é a luz que compartilhará contigo. Se te
tornares um daqueles que pertencem ao alto, são aqueles que pertencem ao alto que
repousarão em ti. Se te tornares em um cavalo, um jumento, um touro, um cão, uma
ovelha ou qualquer outro animal que estão fora ou em baixo, então, nenhum ser
humano, espírito, pensamento ou luz será capaz de amar-te. Nem os que pertencem
ao alto nem os que pertencem ao interior serão capazes de repousar em ti, e não
terás parte deles. -- Evangelho de Felipe.
Obviamente que o gnosticismo era um cristianismo de eleitos enquanto o paulismo
era um cristianismo de massas. É duvidoso que as diferenças fossem maiores do que as que
costumam haver em momentos fervilhantes de pensamento cheios de diversidades de poder
e saber como era a época pós helenista do império romano em decadência.
No entanto, se hoje em dia é difícil seguir Paulo na sua ética sexual e quase
impossível levar a sério a lógica de Filipe. É que a lógica baseada em premissas retiradas do
senso comum já eram falíveis no tempo de Aristóteles razão pela qual foi fácil rebater o
gnosticismo. Se no tempo de Filipe seria ridículo amar animais nos tempos modernos o
amor por animais de estimação começa a ser um privilégio não apenas de espíritos infantis
como de almas solitárias e de pessoas mal amadas.
O gnosticismo acabou por entrar na Igreja Católica sem que os católicos se
apercebessem disso precisamente quando os templos onde se praticavam outras formas de
mistérios foram fechados e todos tiveram que se converter ao cristianismo vigente mais ou
menos naturalmente introduzindo neste novas ideias e preconceitos que inevitavelmente
vieram fazer parte da ganga estranha e confusa que é a tradição ritual tanto da ortodoxia
como sobretudo do catolicismo. A trindade foi um dos preconceitos teológicos que o
cristianismo teve que herdar do paganismo porque ele fazia parte do senso comum que um
judeu fervoroso nunca seria capaz de entender mas que um gentio nunca iria aceitar de outro
modo. Na medida em que o judaísmo se recusou a tornar gentio e se limitou a aceitar
prosélitos o cristianismo aceitou o desafio de conquistar o império romano pela fé mesmo
ao preço de vir a ser rejeitados pela lei mosaica por ofensa ao primeiro mandamento
mosaico do monoteísta aceitando a Santíssima Trindade através duma espécie de objecção
de consciência baseado num credo paradoxal e rebuscado, arrancado a ferros a vários
concílios mais ou menos ecuménicos e à custa de uma luta constante contra a emergência
inevitável da heresia que iria durar a até tarde no cristianismo.
Dois simples versículos da 1ª carta de S. Paulo aos Coríntios depois de traduzida por
quatro autores podem resultar quatro variantes de interpretações teológicas quase opostas.
5 É verdade que alguns ídolos 5 Segundo muita gente, existe
são considerados deuses, ou no céu uma quantidade de deuses, tanto nos
ou na terra (e há muitos “deuses” e céus como na terra.
muitos “senhores”). 6 Contudo sabemos bem que
6 Mas, para nós há somente há um só Deus, o Pai, a quem
um Deus, o Pai. Todas as coisas pertencem todas as coisas, e que nos
vieram dele e nós vivemos para Ele. fez para sermos dele; e também um
Há também somente um Senhor, só Senhor, Jesus Cristo, que criou
Jesus Cristo. Por Ele todas as coisas igualmente todas as coisas e nos dá
foram criadas e por meio dele nós a vida.
também existimos. Coríntios 8 (O Livro).
Portuguese New Testament:
Easy-to-Read Version (VFL).
5 Pois, mesmo que haja os 5 Pois, ainda que haja também
chamados deuses, quer no céu, quer alguns que se chamem deuses, quer
na terra (como de fato há muitos no céu quer na terra (como há muitos
“deuses” e muitos “senhores”), deuses e muitos senhores),
6 para nós, porém, há um 6 todavia para nós há um só
único Deus, o Pai, de quem vêm Deus, o Pai, de quem são todas as
todas as coisas e para quem vivemos; coisas e para quem nós vivemos; e
e um só Senhor, Jesus Cristo, por um só Senhor, Jesus Cristo, pelo
meio de quem vieram todas as coisas qual existem todas as coisas, e por
e por meio de quem vivemos. ele nós também.
Nova Versão Internacional João Ferreira de Almeida
(NVI-PT). Atualizada (AA).
Para além de se ficar na dúvida sobre a genuinidade da inspiração divina de S. Paulo
a respeito dos vários deuses e senhores do céu e da terra ficamos na dúvida a respeito dos
poderes criativos do Pai em relação a Jesus Cristo.
Possivelmente para os gregos a diferença entre Deus e Senhor seria evidente mas
para um judeu ortodoxo ambos os termos eram sinónimos. No entanto não quer dizer que
sempre tenha sido assim.
O SENHOR disse ao meu Senhor:
Senta-te à minha direita
até que eu faça dos teus inimigos
um estrado para os teus pés”. -- Salmo 110
Senhor era então o rei e senhor da lei! S. Paulo ao falar da carne sacrificada aos
ídolos estava a tentar justificar uma nova lei que era a trazida por Jesus Cristo que passara a
ser o único senhor dos cristãos por mérito do seu auto-sacrifício redentor.
No entanto os textos traduzidos continuam a gerar confusões sobre o conceito de
divindade e senhoria na relação destes com a posse das coisas. De certa forma a religião era
uma espécie de jurisprudência do senso comum a respeito da lei de Deus.
S. Paulo é claro a respeito da existência de um só Deus, o Pai! No entanto, os seus
tradutores já não são claros sobre de quem é a posse das coisas que afinal determina a
senhoria. Os mais tradicionalistas atribuem o poder criador a Deus Pai de quem vêm todas
as coisas e a Jesus Cristo a posse intermediária das coisas “por meio de quem vieram
(existem) todas as coisas” e os mais ousados chegam ao ponto de afirmarem que “por Ele
todas as coisas foram criadas” ou até mesmo “que criou igualmente todas as coisas”. Como
se trata de variantes de tradução não coincidentes ficamos sem saber qual era a pureza
original de S. Paulo que se por um lado se recusava a dar a Jesus Cristo a natureza divina e
logo o poder criador de todas as coisas também não queria abrir mão do poder de senhoria
de Jesus Cristo que para tal teria que ter a posse de todas as coisas bastando obviamente
aceitar que teria sido para ele e por meio dele que as coisas vieram de Deus aos homens pela
nova lei e pelo mérito do auto-sacrifício de Jesus Cristo!
Ce qui frappe dans l'étude de l'antiquité, c'est qu'une grande différence de
figurations, de préceptes, de civilisation, ne s'opposait pas à une grande unité de
pensée des prêtres ou des sages, contacts réciproques et traductions des mythes pour
aboutir, à l'époque hellénistique, au syncrétisme des religions d'Orient et d'Occident
(on pourrait dire la même chose pour l'époque actuelle dominée par des
monothéismes à la fois très ressemblants et attachés à leurs divergences. Pour Lévi-
Strauss le mythe est toujours "dérivé par rapport à d’autres mythes...Il est une
perspective sur une langue autre" p576).
Por processos retóricos defensivos perfeitamente compreensíveis a Igreja Católica e,
de um modo geral, todas as igrejas cristãs têm conseguido educar os seus fiéis na ignorância
dos mistérios das suas origens assim como nas contradições dos seus dogmas
constitucionais.

Figura 1: Trindade marítima grega: Anfitrite, Nikê e Poseidon.


Um destes dogmas, o mistério da santíssima trindade é, no campo do monoteísmo,
um paradoxo teológico tão magnificente quanto as pirâmides dos Egipto. Apenas os
recursos duma retórica alexandrina conciliarmente impostos no credo de Niceia (revisto e
ampliado por tantos outros sínodos e concílios posteriores) permitem manter o cristianismo
na esfera das religiões monoteístas. Para quem estiver fora dos limites fidedignos do credo
da religião cristã, a crença na santíssima trindade constituiu uma regressão em direcção ao
politeísmo de todos os povos contra os quais o povo eleito teve que defender,
orgulhosamente só, o seu pretenso direito à exclusividade dos favores divinos.
Claro que a Trindade Cristã consegue ser, no conjunto de todas as trindades
politeístas, muito sui generis pelo seu particular paroxismo patriarcal, machista e misógino.
Formada por um deus Pai, por um deus Filho e por um divino Espírito Santo (de sexo
masculino ou quanto muito neutro ou assexuado) a trindade cristã nunca foi uma Sagrada
Família, como as restantes trindades politeístas, uma vez que lhe falta a deusa Mãe. 1 É
sabido que o divino Espírito Santo é o Senhor que dá a vida, que procede do Pai (e do
Filho, segundo o credo católico) o que, se não fora o pressuposto da sua assexualidade na
teologia cristã, corresponderia a uma estranha e incestuosa sexualidade sagrada!
1
No entanto, houve tríades antigas que não eram sagradas famílias o que pressupões que nem sempre a família foi a
célula social de referência: Há frente do mais antigo panteão romano estavam Júpiter, Marte e Quirino o que faz da
primitiva Roma um quartel sem bordel. Os Tarquínios, que eram mais galantes e respeitadores da mulher, eram
descritos pela lenda como tendo substituído essa tríade por outra com um deus masculino entre mulheres: Júpiter, Juno
e Minerva!
Segundo o confuso Credo de Atanásio
21.O Pai não foi feito, nem gerado, nem criado por ninguém.
22.O Filho procede do Pai; não foi feito, nem criado, mas gerado.
23.O Espírito Santo não foi feito, nem criado, nem gerado, mas procede do Pai e do
Filho.
Obviamente que o Espírito Santo não é uma invenção do nada na teologia Bíblica
porque de outro modo logo se teria notado o carácter anómalo e idólatra do cristianismo
emergente a respeito do Espírito Santo. O próprio judaísmo já conhecia este conceito
teológico quer porque fosse uma reminiscência do politeísmo por onde teria passado na sua
longa e dolorosa evolução desde o paganismo arcaico até ao mais puro dos monoteísmo
modernos iniciado no tempo no mazdeísmo persa quer porque fosse uma simples metáfora
do espírito divino.
In the Old Testament, the Spirit was at work in the creation of the world (Gen. 1) and
in prophecy (Isa. 61:1). In the New Testament, the Spirit was present in the life and works
of Jesus Christ (Mark 1:12) and continues to be present as the Paraclete (advocate) in the
Christian community (John 14:26). The early church saw the descent of the Holy Spirit on
the apostles at Pentecost as the outpouring of divine gifts of holiness, love, prophecy,
healing, and speaking in Tongues. The doctrine of the Holy Spirit was formulated at the
Council of Constantinople in 381.
A teologia deste conceito decorre da consciência prática da importância da respiração
nos seres vivos:
«A diferença mais notável entre os seres sencientes e as coisas mortas, entre os vivos
e os mortos, está na respiração. Tudo o que tem vida, respire mas, o que está morto, não
respira. Áquila, estrangulando alguns camelos e depois pedindo a Adriano que os colocasse
de novo a andar, provou ao imperador que o mundo é baseado em "espírito" (Yer. 41; 77a).
Na maioria das línguas, respiração e espírito são designados pelo mesmo termo. A
respiração vivificante não pode ser de origem terrena, pois nada é encontrado de onde possa
ser retirado. É derivado do mundo sobrenatural, de Deus». -- Enciclopédia Judaica.
E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito
de Deus se movia sobre a face das águas. Génesis 1: 2.
It is probably owing to this fact that the Shekinah is often referred to instead of the
Holy Spirit. It is said of the former, as of the Holy Spirit, that it rests upon a person. The
difference between the two in such cases has not yet been determined. It is certain that the
New Testament has πνεῦμα ἅγιον in those passages, also, where the Hebrew and Aramaic
had "Shekinah"; for in Greek there is no equivalent to the latter, unless it be δόξα (="gleam
of light"), by which "ziw ha-shekinah" may be rendered. Because of the identification of the
Holy Spirit with the Shekinah, πνεῦμα ἅγιον is much more frequently mentioned in the New
Testament than is "Ruaḥ ha-Ḳodesh" in rabbinical literature.
É digno de nota que o Espírito Santo é menos frequentemente referido nos livros
apócrifos e pelos escritores judaicos helenísticos; e essa circunstância leva à conclusão de
que a concepção do Espírito Santo não era proeminente na vida intelectual do povo judeu,
especialmente na diáspora.
No entanto ele passou a ser proeminente no cristianismo pela suspeita de que «após o
advento do Messias, o Espírito Santo será derramado sobre toda a humanidade», o que
explica o fato de que, no Novo Testamento, uma grande importância fpo atribuída ao
Espírito Santo.
There are a number of references to the cessation of the Ru'ah ha-Kodesh from
Israel, some dating it from the end of the First, some from the end of the Second Temple (cf.
Yoma 21b). The most significant passage for the central use of the term as prophetic
inspiration is "When the last of the prophets, Haggai, Zechariah, and Malachi, died, the
Holy Spirit ceased from Israel" (Yoma 9b). -- Encyclopaedia Judaica, Thomson Gale.
«Dentro do judaísmo intertestamental vários desenvolvimentos significativos
moldaram a ideia do "Espírito Santo" como foi entendido nos tempos do Novo Testamento.
Depois que os profetas do AT proclamaram a vinda do Espírito na era messiânica da
salvação, o judaísmo desenvolveu a ideia de que o espírito de profecia cessara dentro de
Israel com o último dos profetas bíblicos»...embora não se entenda muito bem com que
justificação e porquê já que afinal os judeus se mantém até hoje fieis à sus crença na vinda
de um Messias diverso daquele em que os cristãos acreditam.
O Espírito Santo habita apenas entre uma geração digna, e a frequência de suas
manifestações é proporcional à dignidade. Não houve manifestação disso no tempo do
Segundo Templo enquanto houve muitos durante o tempo de Elias. O Espírito Santo
repousou sobre os profetas em graus variados e não descansava sobre eles continuamente,
mas apenas por algum tempo.
Donde, pois, vem a sabedoria, e onde está o lugar da inteligência?
Pois está encoberta aos olhos de todo o vivente, e oculta às aves do céu.
A perdição e a morte dizem: Ouvimos com os nossos ouvidos a sua fama.
Deus entende o seu caminho, e ele sabe o seu lugar.
Porque ele vê as extremidades da terra; e vê tudo o que há debaixo dos céus.
Quando deu peso ao vento, e tomou a medida das águas;
Quando prescreveu leis para a chuva e caminho para o relâmpago dos trovões;
Então a viu e relatou; estabeleceu-a, e também a esquadrinhou.
E disse ao homem: Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e apartar-se do mal é a
inteligência.
Jó 28:20-28.
Na verdade, o que aconteceu foi a conquista inexorável do povo judeu pelos romanos
o que motivou que o remanescente da sua mística religiosa tivesse inevitavelmente que
passar para os gentios e por isso mesmo para os cristãos que deste modo se tornaram mais
dignos de receber o Espírito Santo.
Embora o Espírito Santo seja frequentemente nomeado em vez de Deus, ainda assim
foi concebido como algo distinto. O Espírito estava entre as dez coisas que foram criadas no
primeiro dia. Embora a natureza do Espírito Santo não seja realmente descrita em nenhum
lugar, o nome indica que ela foi concebida como uma espécie de vento que se manifesta
através do ruído e da luz...e que a tradição vulgar dos espiritualistas modernos definiriam
como pura energia positiva.
E levantou-me o Espírito, e ouvi por detrás de mim uma voz de grande estrondo, que
dizia: Bendita seja a glória do SENHOR, desde o seu lugar.
E ouvi o ruído das asas dos seres viventes, que tocavam umas nas outras, e o ruído das
rodas defronte deles, e o sonido de um grande estrondo.
Então o espírito me levantou, e me levou; e eu me fui amargurado, na indignação do meu
Espírito; porém a mão do SENHOR era forte sobre mim.
Ezequiel 3:11-14.

ENCICLOPÉDIA DA RELIGIÃO – HASTINGS, Vol. 2 pg 377-378-389. “O


batismo cristão era administrado usando o nome de Jesus. O uso da fórmula trinitariana de
nenhuma forma foi sugerida pela história da igreja primitiva; o batismo foi sempre em
NOME do Senhor Jesus até o tempo do mártir Justino quando a fórmula da trindade foi
usada”. Na página Hastings comentando Atos 3:28, diz: “NOME é o antigo sinónimo de
pessoa. Pagamento foi sempre feito em nome de alguma pessoa, referindo-se a propriedade.
Portanto alguém batizado em nome de Jesus torna-se sua propriedade pessoal”.  Nova
Enciclopédia Internacional, Vol. 22 pg 477,   “O termo ‘trindade’ se originou com
Tertuliano, padre da Igreja Católica Romana”.

ENCICLOPÉDIA DE RELIGIÃO E ÉTICA, James Hastings, pg.384. “Não existe


evidência [na história da igreja primitiva] do uso dos três nomes.”Rev. Steve Winter ATOS
4:12 “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome
há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.”

Qual foi a origem da fé no Espírito Santo dos cristãos? Como se viu antes esta fé já
existia no seio da religiosidade judaica com muitas variantes a mais importante das quais era
o profetismo.
O Credo de Jerusalém é uma fórmula baptismal utilizada pelos primeiros
cristãos para confessar a sua fé.
Em sua forma original, dada por Cirilo de Jerusalém, ele diz:
“Eu creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo e no único baptismo de
arrependimento”.
— Aula Catequética 19, Cirilo de Jerusalém. (entre 350 e 386)

Nos tempos mais recentes costuma invocar-se a opinião do papa Bento XVI que a
este respeito escreveu na sua «INTRODUÇÃO AO CRISTIANISMO»:
“A forma básica de nossa profissão de fé tomou forma durante o segundo e terceiro
séculos em conexão com a cerimónia do baptismo. No que diz respeito ao seu local de
origem, o texto veio da cidade de Roma. ”(P. 83)
“Contudo, seu lugar interno de origem é a liturgia, ou mais exactamente, o baptismo.
O rito baptismal fundamentalmente orientava-se pelas palavras de Cristo: "Ide, fazei
discípulos a todos os povos e batizai-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (Mt
28, 19).”

“… A fórmula básica de nossa profissão de fé teve sua formação durante o


curso do segundo e terceiro século EC. em conexão com a cerimônia do batismo. Até
onde se pode relacionar sua origem, o texto vem da cidade de Roma. Provavelmente,
durante o segundo século, e ainda mais no terceiro, a originalidade da simples
fórmula tríplice, a qual simplesmente  utiliza o texto escrito de Mateus 28, foi
alongada no meio da sessão, isso é sobre a questão de crer em Cristo. Aqui, depois de
tudo, o elemento decisivo para o cristianismo estava envolvido e considerou-se
necessário dar-lhe, no âmbito da questão como um breve resumo do que Cristo
significa para os cristãos…” Introdução ao Cristianismo. Capítulo 2, pg 82-82
(Cardeal Joseph Ratzinger)

“(...) A forma básica do nosso símbolo apostólico cristalizou-se no correr do


segundo e terceiro século, em nexo com o rito batismal. Trata-se originariamente de
uma fórmula nascida na cidade de Roma. Contudo, seu lugar interno de origem é a
liturgia, ou mais exatamente, o batismo. O rito batismal fundamentalmente
orientava-se pelas palavras de Cristo: "Ide, fazei discípulos a todos os povos e
batizai-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (Mt 28, 19). De acordo
com esta ordem, o batizando ouvia três perguntas: "Crês em Deus, Pai todo-
poderoso...? Crês em Jesus Cristo, Filho de Deus...? Crês no Espírito Santo...?". A
cada uma das perguntas o batizando respondia: "Creio", sendo, de cada vez,
mergulhado na água. Portanto, a fórmula mais antiga do símbolo realiza-se em
tríplice diálogo e está enquadrada no rito batismal. (...)”

Naturalmente não está excluída aí a idéia trinitária, relacionada com o


Deus uno e trino. Nas considerações introdutórias tivemos ocasião de ver que o
Credo se originou do tríplice interrogatório batismal sobre a fé no Pai, Filho e
Espírito, que, por sua vez, se baseia na fórmula do batismo, testemunhada e
transmitida em Mateus (28,19). Neste sentido, a forma mais antiga de nossa fé,
com a sua tríplice divisão, apresenta até uma das mais decisivas raízes da imagem
trinitária de Deus. Somente o alargamento paulatino do questionário batismal,
até formar um texto desenvolvido do símbolo, encobriu um tanto a sua estrutura
trinitária. Então, [284] como já foi visto, foi encaixada a história inteira de Jesus,
desde a conceição até ao retorno, formando a parte média do Credo. Com isto
começou-se a encarar também a primeira parte mais do ponto de vista histórico,
relacionando-a essencialmente com a história da criação e com a época pré-
cristã. Com isto se tornava inevitável uma compreensão histórica do texto inteiro;
a terceira parte devia ser compreendida qual prolongamento da história de Cristo
na dádiva do Espírito, isto é, como indicação para o "tempo derradeiro" entre a
vinda e o retorno do Senhor. Com esta evolução, naturalmente, não se suprimiu
sem mais o ponto de vista trinitário, como, pelo contrário, o interrogatório
batismal não pretendia tratar de um Deus transcendente, ausente da história,
mas do Deus voltado para nós. Neste sentido, é característica dos estádios mais
antigos do pensamento cristão uma interferência de visão histórico-soteriológica
e uma reflexão trinitária, que somente mais tarde foi esquecida, com prejuízo
para a coisa, de modo que se chegou a uma divisão entre metafísica teológica de
um Credo, de um lado, e teologia da história, de outro: ambas passaram a
apresentar-se como totalmente alheadas uma da outra. Pratica-se ou especulação
ontológica, ou Teologia antifilosófica da história da salvação, perdendo-se assim,
de modo trágico, a unidade primitiva do pensamento cristão. Em seu ponto de
origem este pensamento não está determinado nem de modo meramente
"histórico-soteriológico", nem puramente "metafísico", mas traz o cunho da
unidade de história e ser.

O seja, basicamente Joseph Ratzinger afirma que o credo apostólico, em sua


formação, sofreu influência das profissões de fé batismais da Igreja, em particular, da
região de Roma, uma vez que os primeiros relatos destas fórmulas de profissão de fé
batismais vêm de Hipólito romano.
Estar à espera que um papa dissesse urbi et orbi que o texto evangélico de Mateus
tinha sido adulterado era o mesmo que pedir ao diabo que renunciasse ao pecado!
No entanto não deixa de ser estranho que as forma ambíguas das traduções que
vieram a ser feitas do seu pensamento, escrito originariamente em alemão, tenham
levantado a questão da falsificação do evangelho de Mateus que agora aparece como feita
propositadamente para legitimar o credo baptismal.
De facto, «os pagãos do século II em diante foram compelidos pelos bispos a aceitar
a Deus Pai, a Seu Filho e ao espírito santo como requisito prévio para serem baptizados.
Não se admira que vários padres da igreja (entre eles os bem conhecidos Atanásio e
Orígenes), naqueles tempos, enviaram cartas a respeito do batismo do pagão. Sendo que os
pagãos estavam acostumados com as diferentes trindades pagãs, aceitaram ser batizados
em nome de uma trindade, Pai, Filho e espírito santo.»

Mesmo que não seja mencionada, com certeza o credo dos apóstolos é a base da fé da
igreja romana e de suas filhas, mas por ser demasiado curto existiu a necessidade de
reajusta-lo, por isso é que nos concílios seguintes ao de Nicéia do ano de 325, ou seja lá por
381, veio a necessidade de definir mais concretamente o dogma principal, motivo pelo qual
o credo apostólico foi alongado e modificado segundo a necessidade da igreja romana. Ai
foi incluído a trindade, mas deixou de ser chamado credo apostólico e passou a ser
conhecido como credo de Atanásio, isto, possivelmente, para honrar os méritos de Atanásio
que foi o primeiro que levantou a bandeira trinitariana. A partir da última parte do século IV
o credo da igreja católica é definitivamente trinitário. Ambas as coisas, a alteração de
Mateus 28: 19 e o credo apostólico são antigos, e possivelmente nunca se saberá o que veio
primeiro: se o alongamento de Mateus na versão grega ou a formulação do credo apostólico,
contudo, ambos são contemporâneos e foram utilizados com força para colocar nos lábios
do Mashiach, palavras que ele nunca pronunciou. Quando apareceu a versão em grego de
Mateus? Possivelmente nunca se saiba, sua investigação não é motivo de interesse da igreja
romana Enem de suas filhas, além de que, Jerônimo claramente expõe que já em seu tempo
era desconhecida a pessoa que o fabricou. Claro que o credo apostólico de maneira alguma
tem as suas bases sobre o escrito hebreu original de Mateus 28: 19 o que já está
demonstrado pelas fontes acima citadas que a ordem de Yahushua aos apóstolos foi a de
fazer discípulos, sem que contenha nenhuma referencia ao batizar, e muito menos a batizar
em nome do Pai, do Filho e do espírito santo. Escrito originalmente por ANDRÉS
MENJÍVAR Tradução e adaptação: Pb. Sérgio – A CONGREGAÇÃO – 10/2012

De qualquer modo, um antropólogo extraterrestre veria no divino Espírito Santo ou a


Suma Teológica do líquido espermático do Pai e do Filho ou então inferiria que estes dois
machos divinos viveriam em solitário concubinato com um deus genitor hermafrodita. De
qualquer modo, o Espírito Santo nunca seria confundido com uma verdadeira deusa Mãe.
Apesar de todas as constantes e sucessivas cedências teológicas da Igreja ao culto mariano,
a Virgem Maria e Nossa Senhora nunca alcançou no céu o estatuto que herdou na terra dos
antigos cultos da fertilidade em honra da (Nossa) Senhora, a Grande Deusa Terra - Mãe. O
cristianismo foi de facto o culminar paroxístico do machismo patriarcal (não falocrata
porque, se misógino, é também assexuado). As relações incestuosas do papa Alexandre
Borgia só não são uma imagem psicanalítica da santíssima trindade porque o filho era uma
bela, mas pouco recatada, rapariga. Quantos filhos de papas e padres (pater(s) > padres >
pais) não vieram ao mundo sem mãe conhecida ou com mães colocadas de forma
secundária no plano da Divina Providência? Esta divina Providência, por exemplo, poderia
ter ocupado o lugar do divino Espírito Santo e a trindade teria passado a família, ou seja a
um politeísmo explícito. O próprio Espírito Santo é suficientemente abstracto e ambíguo
para poder ser chamado de santa Sabedoria (Santa Sófia) ou melhor, divina Sabedoria
(Teosofia). Ora bem, ver-se-á mais adiante que sempre que existe uma classe sacerdotal
forte e organizada é possível a especulação teológica e esta tende sempre para a abstracção
idealista que foi o que aconteceu muito cedo na história dos egípcios na escola de Mênfis.
Porém, ali ainda em tempos de matriarcado a trindade das divinas abstracções tinha à cabeça
a deusa da Verdade e da Sabedoria Maat que poderia ser muito bem traduzida para todos os
efeitos de masculinização como divino Espírito Santo! Porém, os padres conciliares tinham
a consciência dos riscos que correriam ao trilhar nos limites do politeísmo! Poderiam ceder
às fortes pressões da tradição teosófica de que o esoterismo de inspiração egípcia era o mais
poderoso componente no que respeita à Divina Trindade mas não poderiam nunca cair num
politeísmo explícito que o judeu piedoso que era Jesus não aceitaria pensar sequer! 2

2
Na verdade, o catolicismo acabou por ceder ao politeísmo em quase tudo. Muitos aspectos rituais são cópias dos
cultos antigos dos mistérios de que o sacramento da comunhão é o mais flagrante! Alguma vez a piedade dum judeu
zeloso imaginaria comer a Deus? O culto dos santos (alguns com nomes directos ou disfarçados de deuses antigos) é
uma forma mitigada de idolatria que no mínimo mantém o culto das imagens sagradas augusta e gloriosamente
enfeitadas nas procissões de quase todas as festas católicas que são a cristianização de ritos pagãos anteriores algumas
ainda com o mesmo nome como é o caso das maias, do dia da espiga e da festa das primícias na quinta feira da
Ascensão!
Figura 2: Trindade Egípcia Horus, filho de Osíris ao centro, e Isis.
Tous les dieux sont trois : Amon, Rê, Ptah ;
ils n'ont pas d'égaux. son nom est caché en Amon,
il est perçu en Rê, et son corps est Ptah.
leurs cités sur terre demeurent à jamais :
Thèbes, Héliopolis et Memphis, pour l'éternité.
(hymne à amon de leyde -1300 avant j.-c.) e200 Khépri le matin, Rê le midi,
Atoum le soir.
Sabe-se que o triângulo sagrado era um símbolo da perfeição divina inspirador
das pirâmides desde o mais antigo Egipto.
A religião egípcia procedeu a grandes reformas organizativas do seu confuso
panteão de que resultou a criação de tríades de sagradas famílias conforme o costume de
cada uma das grandes cidades que eram centros religiosos.
Os Babilónios, segundo Pierre Amiet, acreditavam pelo menos em duas trindades:
na urânica e criadora formada por Anu, deus do céu; no tormentoso e taurino Enlil, do
estado atmosférico e em Enki/Ea, espirito da sabedoria que paira sobra as águas
primordiais, e ainda na trindade astrológica formada pelo deus Sin, a lua; o deus
Shamahs (Xa mash = centro sublime), o Sol e a deusa Innanna/Ishtar, em relação com
o planeta Vénus.
Figura 3. Molde
de cera de uma «sagrada
família» anatólica.
De uma forma mais ou
menos generalizada todos os
politeísmos antigos colocavam à
frente dos seus panteões tríades
familiares, um pouco à imagem e
semelhança da família real
reinante, ideal de todas as
famílias patriarcais, com o
augusto casal real e o precioso
primogénito e príncipe herdeiro!

No volume II do seu livro AS PRIMEIRAS CIVILIZAÇÕES Pierre Lévêque


demonstra que o estudo comparado das religiões dos indo-europeus só não é
decepcionante quando se segue as pisadas da investigação de Georges Dumezil em
direcção à aceitação da universalidade do princípio da trifuncionalidade ainda hoje
corrente no pensamento popular ocidental.3
Three (Worldwide)Pythagoras calls three the perfect number, because it has a
"beginning, middle, and end", and made it a symbol of Deity. A Trinity (means:
threeness) is by no means restricted to the Christian religion. The Brahmins represent
their god with three heads. According to mythology:
1. The world was ruled by three gods [Jupiter/Zeus (heaven),
Neptune/Poseidon (sea), and Pluto/Hades (the underworld)]. [Jupiter is represented
with three-forked lightning (his thunderbolt), Neptune with a trident, and Pluto had a
three-headed dog (Cerberus)].
2. The fountain from which Hylas drew water was presided over by three
nymphs.
3. In Scandinavian mythology we have the "Mysterious Three"; that is, Har
(High), Jafenhar (Equally High), and Thridi (the third), who all sat on three thrones
in Asgard.
4. (Greek) The HORAE were three sisters; Thallo (Spring), Auxo (Summer),
and Carpo (Autumn or Harvest). They were also known as Eunomia (law and order),
Dike (justice), and Eirene (peace).
5. (Greek) The FATES (also called the Moerae or Moirai) were three sisters;
Clotho (the spinner, who spins the thread of life), Lachesis (the measurer, who allots
the lifespan), and Atropos (she who cuts the thread of life).
6. The three Roman "Fates" were called the Parcae.
7. The three Norse "Fates" were called the Norns.
8. (Greek) The GRACES (also known as the Charites) were three sisters;
Aglaia (Splendor), Euphrosyne (Mirth), and Thalia (Good Cheer). They were the
personifications of beauty and charm (daughters of Zeus and the oceanid nymph
Eurynome).
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Diz o povo em abono dos três vinténs que não há duas sem três pois, foi a conta que deus fez!
9. The Roman "Graces" were called the Gratiae.
10. (Greek) The FURIES were three sisters; Tisiphone, Megaera, and Alecto.
Furies (or Erinyes) were goddesses of vengeance. Born from the blood of Uranus,
they punished wrongs committed against blood relatives regardless of the motivation.
They were usually represented as crones with bats' wings, dogs' heads, and snakes for
hair.
11. (Greek) Anius (a son of Apollo) had three daughters; Oeno (goddess of
wine), Spermo (goddess of grain seed), and Elais (goddess of vegetable oil).
12. (Greek) The Harpies are three winged monsters. They are Aello (storm),
Celeno (blackness), and Ocypete (rapid).
13. The Sybylline books are three times three (of which only three have
survived).
14. (Greek) The Muses were three times three.
Como corolário destas afirmações, o politeísmo foi criado para edificação do povo à
imagem e semelhança lógica com a numerosa família colateral dos reis e senhores deste
mundo ou seja como necessidade de justificação dos privilégios sagrados da oligarquia.
Como antinomia desta afirmação, o monoteísmo deveria ser a imagem idealizada duma
sociedade sem classes ou pelo menos sem outra oligarquia que não fora a de uma poderosa e
bem organizada casta sacerdotal, como tendia a ser a civilização dos faraós e o baixo
império romano cristianizado. Dito de outro modo, o monoteísmo se por um lado reflecte
uma visão massificante e igualitarista da sociedade está longe de corresponder a uma forma
de libertação do individuo na medida em que corresponde no âmbito da organização do
poder de estado a um totalitarismo centralista de tipo faraónico, cesaro-papista ou de
qualquer outra forma de poder absoluto de chefe de estado.
De facto, a instituição faraónica tentou o monoteísmo puro com o culto erudito de
Aton no breve reinado de Akeneton porque já tendia há muito para um monoteísmo
mitigado com uma teologia das trindades e sobretudo com a progressiva generalização a
todo o império faraónico do culto místico de Osíris. Foi, alias, este culto osiríaco unificador
e centralizador do poder do estado faraónico que, com a sua corrente mística desenvolvida
pela teologia menfítica, preparou as consciências piedosas para o conceito do Deus supremo
de toda a humanidade porque íntimo e pessoal de todos os homens!
A tendência para por acima das vicissitudes terrenas um deus supremo de toda a
humanidade terá começado pelo conceito do pai benévolo.
Para William Culican no seu Comércio Marítimo “a ideia inteiramente hebraica de
Iavé (Jeová) como pai e criador de toda a Humanidade parece ter sido adaptada da ideia
ugarítica de El, o bondoso pai do panteão da cidade de Ugarit.”
Como é de notar existe diferença entre o conceito genérica de Deus enquanto ente
divino e a entidade particular do Deus dos deuses enquanto deus supremo, nos politeísmos
ou Senhor Absoluto e único Deus, nos monoteísmos (e por isso mesmo género dos géneros
e espécie divina exclusiva em si e de si mesmo)!
No caso dos povos ditos arianos pelo menos, antes de se ter tornado num nome
próprio o nome do deus dos deuses não começou por ser um deus deorum mas, o de Pai dos
deuses. De facto o conceito de deus deorum subjacente às teogonias clássicas pré-cristãs
seria já uma aproximação ao modernismo da época helenística que a necessidade política do
imperialismo romano iria facilitar, para sorte do cristianismo!
Fala-se muito no monoteísmo judeu enquanto singularidade teológica da história
antiga esquecendo as origens e razões desta singularidade e olvidando também as tendências
monoteístas implícitas na evolução de todas as teogonias clássicas. De resto, é bem possível
que todos os deuses tenham derivado de um único deus criador original tanto
etimologicamente como nas tendências teológicas das culturas reveladas pela análise
comparada da mitologia antiga. O problema é que só o deus mais próximo do egoísmo
ciumento do coração dos homens é que foi sempre o deus com mais hipóteses a vir a ser o
deus exclusivo, único e universal da terra prometida, mito que sobreviveu tanto na cultura
judaica como na Azeteca, reservando-se para o deus dos outros o papel de deus menor,
quanto muito filho de deus, vá lá um anjo ou um semideus se não se der o caso de ser o
falso deus dos nossos inimigos!
Claro que o deus local era o único deus nacional e verdadeiro e só a necessidade da
convivência tolerante com poderosos vizinhos debaixo do mesmo deus soberano de
poderosos impérios foi possível criar panteões politeístas e com eles a riqueza léxica dos
dicionários das grandes línguas imperiais.

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