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– A ética protestante e o espírito do capitalismo: 1905

- questões que Weber se coloca: Como se formaram sujeitos capitalistas?

- motivações: quais ações sociais levaram o capitalismo a se consolidar?

- capitalismo é construção social e histórica. Nunca um processo acabado. Está em


constante transformação.

- Weber interroga esses valores, suas origens: Por que o trabalho é importante? Como se
formou histórica e socialmente o trabalho capitalista? Quais motivações ele gera e que
alimentam o capitalismo?

- o capitalismo é, também, uma conduta de vida, que se consolida a partir de ações


sociais.

- em A ética protestante e o espírito do capitalismo Weber parte de dados estatísticos do


início do século XX para perceber que havia uma relação entre cargos mais altos e
pessoas de religiões protestantes.

- as estatísticas são pistas, mas não são o foco da pesquisa, como pra Durkheim.

- ele busca no passado uma forma de conduzir a vida de acordo com a cultura
capitalista.

- a religião seria um dos fatores.

- Questão – p.30: Qual a razão dessa predisposição particularmente forte das regiões
economicamente mais desenvolvidas para uma revolução na igreja?

- Reforma protestante:

- Processo que ocorreu na Europa em que se começou a questionar os valores da Igreja


Católica e o poder do Clero.

- Entre esses valores, estavam a condenação dos gastos excessivos da Igreja e a venda
de perdão pelos pecados.

- Como Weber analisava a Reforma Protestante?

- Para ele, a Reforma foi a substituição de um tipo de dominação eclesiástica (da


instituição da igreja em si) da vida, por outro tipo de dominação que penetrava
todas as formas da vida doméstica e pública em todos os sentidos.

- Igreja católica: punição, mas ao mesmo tempo absolvição dos pecados pela figura de
um padre.

- Calvinismo: dominação se exercerá de outra forma. Mais subjetiva.


Dado importante: diferença entre pais católicos e pais protestantes quanto ao tipo de
ensino superior proporcionariam para seus filhos.

- Destaque para profissões comerciais e industriais – preparação para a vida burguesa


nos negócios.

- diferença entre Católico e protestante – ver p.32-33

- argumento central de Weber - Os protestantes mostraram uma inclinação específica


para o racionalismo econômico.

- a peculiaridade disso deve ser procurada na confissão religiosa e não somente na


situação exterior histórico-política. Portanto, deve ser procurada de forma subjetiva.

- Catolicismo: estranhamento do mundo – não se identificam com esse mundo material


e almejam conquistar o reino dos céus.

- diferença nas confissões: Protestantes confessam direto à Deus. Católicos ao sacerdote

- Católicos : vida não material

- Protestantes: vida assentada em conquistas materiais e especialmente no trabalho. Ver


p. 34

- Católicos: relação forte entre estranhamento do mundo, ascese e devoção eclesial

- Protestantes: participação na vida e aquisição capitalista.

- O espírito do capitalismo

Conceito típico ideal: se trata de um aspecto apreendido em momentos históricos a


partir de uma série de características observadas em diversos contextos como a ascese,
a tendência ao racionalismo econômico.

Se trata de um conceito elaborado à partir da observação da realidade. Ou seja, observa-


se as particularidades históricas em seus contextos, os descreve e analisa e apenas
posteriormente, se elabora o conceito. – Isenção de pressupostos.

Para fazer um delineamento do que considera o espírito do capitalismo, Weber analisa


um texto do Benjamin Franklin – ver p. 42-43-44

- criação de um ethos econômico: aspecto quase identitário que definirá as condutas


racionais econômicas.

- aspecto histórico importante para Weber: capitalismo existiu na China, Antiguidade,


Índia, Babilônia, na Idade Média etc., mas “o que lhe faltava era esse ethos peculiar” –
mais uma vez Weber foca nas particularidades e elabora o tipo ideal.

- Seu foco foi o desenvolvimento de um “espírito do capitalismo MODERNO” na


Europa Ocidental e na America do Norte.
- A Análise da modernidade de Weber é focada então nos seguintes aspectos:

Cultural: subjetividades, ações sociais – Benjamin Franklin

Racionalização econômica

- Aspecto particular desse ethos: “o ser humano em função do ganho como finalidade
de sua vida, não mais o ganho em função do ser humano como meio destinado a
satisfazer as necessidades materiais”

- profissão é dever social nessa conduta capitalista.

- a ordem econômica capitalista é como uma CROSTA cristalizada, difícil de mudar.

- é nesse sentido, que o capitalismo também cria e educa os sujeitos econômicos. Quem
são esses sujeitos econômicos no capitalismo, por assim dizer, os tipos ideais
capitalistas? Os empresários e operários. Em posições distintas, mas vivendo
“contornados” por essa crosta capitalista.

- ele observa que o que importa é que o espírito do capitalismo tenha se tornado de
massa: isso que o torna um problema de pesquisa sociológico, por mais que Weber
não se considerasse sociólogo.

- qual foi o adversário do espírito do capitalismo? Tradicionalismo, sobretudo,


cristão.

- cit. Página 52-53

- importância do trabalho especializado, mais do que o trabalho mal remunerado.

- o salário baixo não rende no trabalho, porque significa trabalho não especializado.
Profissões liberais que cobram muito caro, por exemplo, justificam o seu preço por ser
um trabalho especializado, sobretudo, por que o trabalhador teve que adquirir
conhecimentos específicos para isso.

- disposição de executar o trabalho como fim em si mesmo – vocação, prazer em


trabalhar.

- essa disposição não está dada pela natureza. É preciso ser educado dessa forma para
ver no trabalho uma realização subjetiva. Expressão comum: realização profissional.

- perfil do burguês enquanto agente econômico.

- Tipo ideal do capitalista, ao menos na Alemanha, não é de ostentação, mas mais


comedido no sentido de não aparentar ser rico e desperdiçar o dinheiro.

- riqueza para o típico capitalista é cumprir seu dever profissional. É obter sucesso
profissional.
- para o homem pré-capitalista, isso parece perverso: auri sacra fames – (maldita fome
de ouro) – impulso de obter lucros.

- importante para o Weber: a conduta capitalista que emerge como ação


econômica relacionada à ação religiosa ganha êxito com o passar do tempo, porque
ela se adapta à estrutura do capitalismo e das condutas dos agentes, ultrapassando
os aspectos religiosos. Ou seja, essa conduta existe independente de uma conduta
religiosa. Ela é racionalizada.

- o que caracteriza a economia moderna capitalista é o racionalismo.

- o Protestantismo teria exercido o papel de “fruto prematuro” desse racionalismo.

Ascese e capitalismo

O que é ascese: Conjunto de práticas e disciplinas em torno do comportamento.

Grega: busca da verdade

Religiosa: práticas rígidas de orientação do comportamento, de modo a disciplinar a


moral.

Ascese mundana

Ascese intramundana

Último capítulo – Weber trata do protestantismo ascético, ou seja, do protestantismo


que prega um tipo específico de ascese que terá relação de afinidade com a prática
profissional.

na sociologia de Weber as formas puritanas de protestantismo recebem o rótulo de


‘protestantismo ascético’

- Ele faz isso através de uma análise do puritanismo inglês – cria do protestantismo
calvinista. Interpretação pura da Sagrada escritura e rigidez moral no comportamento –
desde a forma de se vestir, até a conduta sexual.

- Para Weber, o puritanismo oferece um exemplo significativo de como a ascese


profissional se consolida.

- mais grave pecado – perda de tempo

- tempo de vida é precioso e curto para realizar nossa vocação profissional. Perder
tempo com sociabilidade, com sono e coisas supérfluas, é se distanciar dos desígnios de
deus.

- o tempo é precioso e cada hora perdida é trabalho desperdiçado que deveria ser usado
para a Glória de deus.

- futuramente: Time is Money – Benjamin Franklin.


- Evocação ao trabalho duro – hard work . dois motivos para isso:

1 – trabalho evita cair na vadiagem, nos vícios e no mau caminho. O trabalho é um


meio ascético de chegar mais perto de Deus. Inclusive contra as tentações sexuais.
P.144.

2 – Além disso, o trabalho é o fim em si da vida, prescrito por deus. Ou seja,


nascemos para trabalhar. A falta de vontade de trabalhar é a falta da graça divina.

- trabalho – vocação divina, na qual a pessoa deve se constituir subjetivamente. – deve


efetuar uma ascese positiva e operante – com ações e não apenas se resignar ao
chamado divino em uma profissão.

- Nesse sentido, a especialização das profissões propicia trabalho mais qualificado (sinal
de competência) e possibilidade de maior ganho. Especialização e ascese caminham
juntas rumo à racionalização do trabalho – a pessoa se especializa conforme
adquire um comportamento disciplinado e ascético. Isso leva ao maior acúmulo de
dinheiro – fruto do trabalho para deus.

- advertência: não se trata de pensar no trabalho em si, mas no trabalho profissional


racional – isso é exigido por deus. É preciso ter um método para trabalhar. Uma
sistematicidade, inclusive do tempo.

- ou seja, é o processo de realizar o trabalho, para além do seu resultado, que importa.

- outro aspecto importante da profissão: a capacidade dela de dar lucros, é algo válido
para deus.

- Mas a riqueza não é reprovável. É reprovável o uso da riqueza com ócio e hedonismos.
Com os prazeres da vida mundana. Mas o acúmulo de riquezas é, inclusive,
recomendável. Poupar é sempre bem visto, pois é uma forma de mostrar literalmente os
frutos do trabalho para deus.

- a pobreza era sinal de doença e querer ser pobre era querer ser doente – deplorável.

- o aguçamento de uma ascese propícia ao desenvolvimento da idéia de profissão e


competência na sua execução, leva a formação do homem especializado – pequeno
burguês.

- a interpretação de que os lucros são providências divinas, leva a formação do homem


de negócios - burguês.

- em resumo, a ascese se volta contra o inimigo do desenvolvimento de um capitalismo


moderno e de sujeitos capitalistas modernos – o gozo da vida propriamente dita.

- Condenação de gastos com cultura e esportes – supérfluo e apenas gasto pessoal e não
para deus.
- a ascese não é contra a riqueza, mas à favor da riqueza privada e contra a condução
severa dos deveres.

-o comportamento ascético, portanto, é aquele que orienta no direcionamento da vida


profissional, com finalidade de manter uma conduta o mais próxima de deus possível:
àquela que não se apega ao gozo material da vida, tampouco que busca a riqueza como
única forma de viver bem.

- homo economicus moderno.

- dissolução do caráter religioso : quando a tensão pela busca do reino de Deus começou
a se dissolver, tudo começou a caminhar para a intramundanidade utilitária por si só.

- surgira um ethos profissional tipicamente burguês.

- o espírito do capitalismo seria, portanto, resultado do desenvolvimento dessa ascese


racional que deriva da ascese protestante.

- Em Benjamin Franklin – EUA – o aspecto religioso já teria se apagado.

- resumo – p.155

-jaula de ferro – conceito parsoniano, mas Weber o utiliza para dizer que o indivíduo já
nasce nessa jaula de ferro profissional. Na medida em que ele já nasce nessa ordem e
nesse mercado de trabalho, ele é engolfado por essa ordem e essa ordem lhe impõe
normas de seu agir econômico.

- a idéia de jaula de ferro é uma espécie de alegoria da civilização capitalista industrial


moderna.

- perda da liberdade individual.

- Economia e Sociedade , Weber define capitalismo como uma escravidão sem


mestre. Não há, propriamente, uma coerção. Há um sistema de dominação
absoluto e impessoal.

- Weber, portanto, não acredita nos ideais capitalistas, nas afinidades eletivas entre
capitalismo e liberdade e até democracia.

-diálogo com Marx – a analise via espírito não substitui a materialista e nenhuma das
duas pode ser conclusão sobre as coisas. Espírito do capitalismo – tipo ideal e passível
de ser refutado e pensado com outras teorias possíveis.

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