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LECTORIUM ROSICRUCIANUM- ESCOLA ESPIRITUAL DA

ROSACRUZ ÁUREA

ALOCUÇÃO: NATAL , A FESTA QUE VOCÊ CELEBRA.

Amigos e amigas,

Poucos dias nos separam das festas natalinas. Gostaríamos de


refletir com todos aqui presentes sobre esse acontecimento
magnifíco, sobre essa festa da Luz, tão mal compreendida pela
humanidade.

Os dias que antecedem o Natal trazem-nos sua atmosfera de


mistério e vida oculta.
A efeméride do Natal já vem sendo celebrada há séculos e é
algumas vezes chamada Festa do Meio do Inverno ( isto para o
hemisfério Norte).

Todo o mundo cristão se está preparando para a celebração do


nascimento do Filho de Deus, esquecendo-se, porém, do
verdadeiro significado de Sua descida ao nosso mundo
degenerado.

Na maioria das grandes cidades, os restaurantes estão


superlotados, os salões de dança repletos e nas ruas formigam as
multidões empolgando-se nas expressões de júbilo generalizado
por ocasião da data.

Na verdade, se uma pessoa mal informada visse todas essas


manifestações de júbilo, pensaria, talvez, que a humanidade estava
participando de uma quermesse gigantesca e ficaria surpresa ao
verificar que se estava celebrando o nascimento da Luz dentro da
corrente do tempo.
As celebrações do Carnaval nada são quando comparadas a esta
festança.
É verdade que nessa ocasião as pessoas não se disfarçam com
indumentárias e máscaras ridículas, exibindo-se num “show” sob
o pretexto de fazer humorismo, mas, circulam, acotovelando-se e
falando em alta voz, envergando seus melhores trajes dentre os
quais emergem seus rostos congestionados em que se reflete
visivelmente a imensa alegria interna de que estão possuídas.
E a pessoa religiosa, aquela que professa internamente uma
religião, afasta-se de tudo isso, sentindo uma tristeza pungente,
porque ali, diante de si, vê seres ignorantes rodopiando a dança de
sua própria morte.

No mundo animal, milhões de seres estão sendo sacrificados em


favor da celebração de um Natal alegre, em favor da quermesse de
Natal. Nuvens imensas de vapor de sangue se elevam aos céus,
vindas de toda parte, proporcionando satisfação ao deus deste
mundo, que com um riso de escárnio conserva firme em suas mãos
as rédeas da direção.

E agora, amigos, aqui está de novo o Natal. O mundo celebra a


descida do Mensageiro do Reino Imutável, e as trevas gargalham
por detrás de sua máscara, pois o homem ainda não conhece o
significado dessa festa.

Por detrás de muitas janelas brilha, mística e pacificamente a luz


daquilo que se pretende seja uma árvore de Natal. As tradicionais
velas de cera que, em tempos passados, eram consideradas
indispensáveis durante as cerimônias ritualísticas, foram
substituídas pela lâmpadas elétricas comerciais, e no alto da árvore
– lá está a figura vulgar da cabeça de um anjo, com as bochechas
infladas, a soprar numa pequena trombeta ou então a estrela dos
magos.
E o Natal não vem de mãos vazias, pois chega o momento da
distribuição dos presentes. A atmosfera de reverência, se é que
ainda existe, é substituída por uma exaltação frenética, pois há o
momento da religião e o momento dos assuntos mundanos. Há um
espaço de tempo medido para a Luz e outro para as trevas, porém
as trevas não estão sendo reconhecidas como tais.

Proporciona-se à Luz uma oportunidade de se manifestar por um


momento, mas terminado isso, ela , a Luz, precisa ausentar-se,
porque mesmo as famílias harmoniosas e religiosas têm outras
coisas de que cuidar.

E ninguém para a fim de pensar que até mesmo a Luz, que ali
desceu, foi submetida à censura do príncipe deste mundo. Dele,
que governa este mundo, e que se interessa em que a verdadeira
Luz divina só encontre o mínimo de oportunidade para entrar na
cabeça e no coração dos seres humanos.

A pessoa que crê está satisfeita, pois celebrou o Natal de modo


verdadeiramente digno. Depois disso, senta-se à mesa do festim e
se regala nos prazeres desta vida maravilhosa.
E o mensageiro gnóstico geme, devido à miséria que seus olhos
contemplam, devido à fraude que está sendo cometida, devido a a
fome que, mais uma vez, está sendo satisfeita com pedras em
lugar do Pão da Vida.

Na noite de Natal, a força-luz desce com maior intensidade do


Pleroma, do mundo divino. E devido ao fato de a ordem dialética
estar especialmente predisposta para isso, nessa época é possível
efetuar-se um nascimento da Luz muito mais forte do que em
qualquer outra época do ano.

A Luz e as trevas misturam-se em nosso mundo e, subitamente, as


trevas têm que servir-se de todos os seus poderes para
emparelharem-se e resistirem a essa tremenda Luz, a fim de
certificarem-se de que serão, aparentemente, as vencedoras depois
da festa. Contando os seus rebanhos, elas devem certificar-se de
que todos ainda estão lutando do seu lado. Ninguém desertará ou
poderá fazê-lo.

Para as trevas é necessário que existam essas festas. O ser humano


precisa estar ocupado; é necessário envolvê-lo em assuntos deste
plano terreno, que o conservará acorrentado à terra, de modo que
nenhuma parte dele eleve-se às alturas, à radiação do Pleroma.

E aqueles que devotamente ouvem as palavras da Bíblia, estão


sendo vitimados tanto quanto os que mergulham na excitação do
carnaval natalino, pois quando a radiação da Luz houver
produzido um sentimento interno de melancolia, quando tiver
provocado um desejo súbito de religiosidade, de meditação e de
murmurar uma prece a um deus do qual se esqueceu durante o ano
que finda, há sempre um meio de gratificação oferecida pelo deus
deste mundo.

Essa estranha aspiração mística que se manifesta no mundo é uma


pálida sombra do trabalho que pode ser executado pela Luz.
Estando irremediavelmente preso, o homem somente pode reagir
de modo errado a essa aspiração, não sendo capaz de outra
exaltação que não seja a mística, exuberante, cheia de alegria,
mesmo estando consciente de sua culpa, que procura apagar por
meio de uma prece murmurada. Porém, de qualquer modo, isso
ainda é uma reação.

Que outra razão pode haver para estarem as igrejas repletas de


fiéis na época de Natal? Qual o motivo de serem todos atraídos,
cada qual a seu modo, para a celebração de algo? O homem
decaído lança seu corpo, a prisão de sua mente vazia no
redemoinho das celebrações natalinas que satisfazem os sentidos.
Não existem também muitos outros que se apegam ao Natal
levados por uma estranha nostalgia, a fim de não sentirem uma dor
pungente, a fim de não sentirem a triste solidão? E, não há,
também, muitos que impelidos por intenso anelo, vão às casa de
oração e às reuniões devocionais de seitas religiosas? E, entre eles,
não existem muitos que jamais haviam antes dessa data entrado
numa igreja, em uma casa de oração?

Nas assim chamadas missas natalinas fazem-se oferendas de éter


luminoso, desse éter de luz tão necessário como alimento para
aqueles que desejam manter-se na esfera refletora desta ordem de
emergência. As igrejas, talvez de boa fé, tentam satisfazer esse
desejo de misticismo, e acendem-se velas aos milhares; suas
chamas iluminam graciosamente os santuários adornados, como se
fosse para uma festa grandiosa.

E realmente foi uma festa grandiosa!

E poderá, um dia, tornar-se uma festa magnificente, quando o


povo tiver compreendido internamente o que é celebrado!

O menino Jesus está deitado, envolto em panos, como um


prisioneiro no estábulo de Belém. Maria o concebeu. “Ele entrou
pelo seu ouvido direito”, conforme diziam os cátaros.

Meus amigos, compreendam essa linguagem simbólica!


O nosso órgão de audição é o que nos proporciona a possibilidade
de sermos alertados a fim de permitirmos que Jesus nasça em nós,
um Jesus que deverá ser pregado à cruz, libertando, assim, o
Cristo.

Nós teremos de seguir pelo mesmo caminho que Jesus seguiu,


porquanto, como Maria, só temos em nós a semente, a
possibilidade de nos tornarmos aquela que deu nascimento ao
princípio-luz, ao novo homem.
Ouvindo a mensagem divina: Endireitai as veredas do vosso
Senhor”, poderemos conceber uma criança, envolta em panos. A
criança estará deitada em Belém, no centro, em nosso coração, que
se tornou um estábulo, pois, amigos, todas as nossa paixões e
sentimentos emanam de nosso coração.

E nesse coração, nesse estábulo, deve nascer o anelo pela


realização do caminho de Cristo Jesus. O sumo-sacerdote, nossa
vontade, deve, com humilde reverência, dar as boas vindas à
criança, tal como Simeão o fez no templo. A seguir, nossa vontade
pode então morrer, para colocar-se inteiramente sobre o altar do
sacrifício de todos os desejos terrenos.
Como servo humilde ele cairá de joelhos aos pés do infante
envolto em panos e se confessará pronto para trabalhar na sua
obra.

Somente então o Jesus em nós, tendo feito o sacrificio da vontade


ao Deus altíssimo, poderá caminhar pela senda que conduz ao
Gólgota. Somente então, tendo chegado à máxima mortificação de
nosso ser dialético, poderemos dizer, de nosso imo: Senhor, Deus
absoluto, Pai de meu Eu divino, seja feita a tua vontade”.

Teremos de sorver da taça até a última gota, teremos de suar


sangue. Mas após termos sido pregados à cruz, o Deus que está
dentro de nós se alçará como um Ser de Luz, e aparecerá a todos
aqueles que o reconhecerem, aos seus dicípulos, aos alunos no
caminho, que também desejam seguir pela senda. Estes o verão
com seus olhos internos e se prostrarão diante dele, dizendo:
“Vede, o Senhor ressurgiu. O alvo foi alcançado, realizou-se a
ascensão”.

Quando as palavras, que vem sido pronunciadas através das eras,


tiverem entrado pelo nosso ouvido direito, tornar-nos-emos
alguém que recebeu o toque da Gnosis; então teremos concebido o
infante Jesus que despertará em nosso coração, ele tomará posse
de nosso sangue e controlará nossa personalidade. A estrela de
Belém começará a irradiar por detrás de nosso esterno espargindo
poderosa luz que despertará todos aqueles que, como nós,
trouxerem em si o átomo-semente. Essa luz mudará de cor à
medida que avançarmos pelo caminho, à medida em que o
Homem-Jesus crescer e o Cristo nascer em nós.

É esse, meus amigos, o significado da lenda de Natal, é isso que


os antigos discípulos, os irmãos e irmãs queriam dizer-nos quando
foram chamados para servirem ao mundo na qualidade de
mensageiros.
No entanto, cerca de 2.000 depois dessa mensagem de salvação ter
sido registrada, a humanidade ainda não a compreendeu. Lêem as
palavras como meros sons.

E todos os anos, mais uma vez a mensagem de salvação recebe


nova vida, pelo reforço da descida da força-éter sagrada da esfera
cósmica divina, e a humanidade prontamente reage a ela. Embora
talvez não a compreendamos, essa é a verdadeira razão pela qual
nos encontramos aqui neste templo. Nosso coração anseia por ser
satisfeito, anseia pela descida da Luz, por um nascimento interior.
Desejamos participar da celebração do Natal.

Pois bem, amigos, permitamos então sermos tocados do Alto,


demos ouvidos a esse intenso anseio de nossa alma e ouçamos as
palavras da Rosa-Cruz clássica que tem por único objetivo
produzir um nascimento também em nós.

No entanto, não devemos tentar caminhar sozinhos pela senda de


Jesus, pois o caminho é difícil, muito mais agora do que jamais o
foi. As forças que nos circundam tornaram-se ainda mais
violentas, pois sabem que seu fim está próximo.

Todos nós, como Jesus, queremos subir ao Monte Gólgota;


juntemo-nos, pois, ao grupo dos que , unidos, se apóiam
mutuamente; nós que estamos carregados com o peso das
experiências da vida em nosso microcosmo.

Queremos trilhar o caminho do Gólgota.

Amigos, será que todos temos este mesmo desejo? Será que nossa
vontade, que move nosso ser dialético, está preparada para render-
se? Se reagirmos à mensagem da salvação, isto é prova de que
realmente a desejamos. Caso contrário, isto prova que ainda
estamos atados à nossa vontade dialética que, como sumo-
sacerdote em nosso ser, celebra seus próprios serviços religiosos,
em honra aos deus deste mundo, que ainda é nosso deus.

Não acusamos a ninguém. Mas todos devem saber que o sacrifício


de nossa vontade é o primeiro passo a ser dado para a realização; e
devemos saber também que este primeiro passo é o mais dífícil.
Isto por não termos ainda compreendido quão poderoso é esse
sumo-sacerdote em nós, e o quanto ele apossou-se de todas as
forças de motivação em nosso ser.
Viemos a este templo porque assim o quisemos. Nossa vontade
dialética foi influenciada de fora por duas forças: a Luz e as
trevas. A luz foi vitoriosa e trouxe-nos aqui. Mas, não nos
sentimos, às vezes, internamente inclinados a duvidar de que
estávamos certos em vir até aqui? Não surpreendemos, às vezes,
nossa vontade voltando atrás e tentando fazer-nos deixar este lugar
de serviço? Nossa vontade está sempre sendo influencida pelo
adversário.

Porém, permanecemos em nossa cadeira, porque não podemos


agir de outro modo. Porque estamos cativos, fomos apanhados
pelas vibrações da Luz que desce do Pleroma.
Muitas vezes nossa vontade irá nos tentar, ela nos empurrará para
entre a Luz e as trevas. Caso tenhamos uma forte personalidade,
então as coisas serão ainda mais difíceis para nós.
Essa hesitação de nossa vontade nos fará sofrer e desesperar. Esse
desespero é aquele conhecido por todos os que, pela primeira vez,
entram em contato com a luz gnóstica, e que muitas vezes pode
levar-nos à trair essa Luz.
Não tiverem os cátaros também os seus traidores? Não tiveram
dificuldades com aqueles que, até o último instante, tentaram trair
os irmãos e irmãs? Este impulso de traição deveu-se ao fato de não
terem podido obter a paz de espirito interior, paz esta que se
encontra oculta por detrás da submissão da vontade. Até o último
instante, nossa vontade não quererá render-se. No entanto, algo em
nosso interior deseja ser satisfeito.
Por que Agostinho traiu os maniqueus? Porque mantendo sua
própria vontade e sua mentalidade dialética, foi incapaz de
penetrar no circulo interno da Fraternidade dos maniqueus. Ele
descobriu que, com toda sua cultura e seus estudos sobre o
caminho, essencialmente não conseguira assimilar a mínima
partícula relacionada com o caminho. Devido a sua negligência
em dar o primeiro passo, sacrificando a sua vontade à criança que
trazia dentro de si, não pôde penetrar no âmago da ciência dos
maniqueus, ou seja, a ciência de como seguir o caminho.
E assim, como Herodes, o governador de seu ser dialético, tornou-
se o assassino de seu primogênito, nascido em Belém. Herodes,
impelido pelo ódio, que mais tarde apossou-se de toda sua
personalidade, pretendeu seguir o caminho do assassínio de todos
os primogênitos nascidos em Belém.
Essa é a história, amigos. A história conforme está registrada,
oculta pelo véu do simbolismo, a fim de servir-nos de guia para o
caminho. A verdade está nela oculta, a verdade de todas as eras, e
com uma prece no coração, nós vos suplicamos: Vejam finalmente
essa verdade. Vejam-na e exaltem-na em seu ser, pois, quereria
alguém dentre nós tornar-se um assassino? Um Herodes, que
desperta nossa antipatia quando dele lemos a respeito?
E dizemos a todos: Cada um de nós possui um Herodes em si. Não
permitamos que ele governe nossa terra, pois suas mãos anseiam
por sangue. Quando descobrirmos que Herodes busca matar nosso
primogênito, devemos fugir para o Egito, Devemos fugir, fugir
para o silêncio da autorrendição e da harmonia com nossa
resolução de seguir o caminho, assim como o fez Jesus.
Coloquemo-nos, então, naquele estado de ser, que diz: “Senhor,
aqui estou, que queres que eu faça? E o Senhor nos guiará para a
terra da libertação, e lá criaremos Jesus até que ele alcance a
maturidade, e no batismo ele receba o nome de “Cristo”.
A todos os amigos que entendem essa mensagem, desejamos: Que
todos possam celebrar o verdadeiro Natal, a festa do nascimento
da Luz interior, e que Deus seja com todos, em todas as horas do
dia e da noite.
Amém.

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