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AVANÇOS E DESAFIOS DO PNE 2014-2024:


um recorte exploratório das metas de acesso e universalização do ensino
e os desdobramentos no Plano Estadual de educação de Minas Gerais
Saulo Furletti 1

DOI:
Resumo
O presente trabalho, de característica exploratória em bases bibliográficas, apresenta um
cenário panorâmico do Plano Nacional de Educação – PNE 2014-2014, com ênfase nas
ações para sua consolidação desde a Conferência Nacional de Educação – CONAE 2010
até a sua aprovação presidencial. Realiza uma análise nacional e regional das séries
históricas dos indicadores das metas 1, 2, 3 e 5 para, em seguida, fazer um recorte e
concentrar-se na proposta do Plano de Educação do Estado de Minas Gerais – PEE/MG,
analisando a sua tramitação na casa legislativa, a participação popular e como as
estratégias presentes nas metas estão adaptadas para o estado de Minas Gerais.
Considera-se que o quadro formado para consolidar, tanto do PNE quanto do PEE/MG,
possui como relevante desafio a necessidade de articulação e colaboração dos entes
federados. Como resultado do estudo, projeta-se um cenário desafiador para atingir, até
2024, todas as metas fixadas. Entende-se que existirão alguns avanços, porém não é
possível afirmar se serão expressivos.
Palavras-chave: Plano Nacional de Educação. Plano de Educação do Estado de Minas
Gerais. Minas Gerais. Metas.

Introdução

Este trabalho busca traçar um cenário sobre o processo de elaboração do Plano


Nacional de Educação (PNE), tendo como ponto de partida a Conferência Nacional de

1
Doutorando em Educação e Mestre em Ensino de Ciências e Matemática pela Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais (PUC Minas), Especialista em Informática em Educação pela Universidade Federal de Lavras
(UFLA), Licenciado em Matemática pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH). Docente no Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (IFMG), Câmpus Ribeirão das Neves. E-mail:
saulo.furletti@ifmg.edu.br
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Educação de 2010. Para isso, realiza uma análise das séries históricas dos indicadores de
desempenho das metas que visam ao acesso e à universalização do ensino (Metas 1, 2, 3
e 5) e analisa o processo de elaboração do Plano Estadual de Educação do Estado de
Minas Gerais (PEE/MG). O levantamento dos dados concentrou-se nas legislações
vigentes, nos institutos e órgãos de acompanhamento das metas, nos relatórios e nas
publicações sobre o assunto. Assim, este estudo exploratório busca aumentar a
experiência em torno do PNE e dos seus desdobramentos sobre o PEE do Estado de
Minas Gerais. De acordo com Gil (2002) e Trivinos (1987), um estudo exploratório
possibilita o aprimoramento de ideias sobre um tema, com a finalidade de torná -lo, por
meio de uma interpretação, mais claro ao entendimento de pesquisadores.

Nesse ambiente, levanta-se o questionamento sobre a possibilidade de


cumprimento das vinte metas propostas dentro do prazo estabelecido frente às efetivas
ações governamentais realizadas até o período. Para análise, este trabalho limita-se ao
estudo das metas 1, 2, 3 e 5 do Plano Nacional de Educação 2014 -2024, que
estabelecem:

(1) universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para as crianças


de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade e ampliar a oferta de educação infantil
em creches de forma a atender, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das
crianças de até 3 (três) anos até o final da vigência deste PNE; (2)
Universalizar o Ensino Fundamental de 9 anos para toda a população de 6 a 14
anos e garantir que pelo menos 95% dos alunos concluam essa etapa na idade
recomendada, até o último ano de vigência deste PNE; (3) Universalizar, até
2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos e elevar,
até o final do período de vigência deste PNE, a taxa líquida de matrículas no
Ensino Médio para 85%; (5) Alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o
final do 3º ano do Ensino Fundamental (BRASIL, 2014).

A seleção destas metas ocorre pela composição do objeto de trabalho do grupo 1


do fórum técnico que percorrerá o Estado de Minas Gerais para subsidiar a elaboração
do PEE/MG. Esta proposta inicia-se discorrendo sobre o Plano Nacional de Educação de
forma panorâmica até sua aprovação, apontando algumas tensões e desafios existentes
no seu processo de elaboração e os desdobramentos no Estado de Minas Gerais, na
elaboração do seu plano Estadual.
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Um pequeno panorama do PNE

O Plano Nacional de Educação, aprovado pela Lei nº 13.005/2014, com vigência


até 2024, tem como uma de suas funções promover a articulação dos esforços nacionais
em regime de colaboração entre os entes federados e, como objetivo, tornar universal a
oferta obrigatória da educação de 4 a 17 anos. Agregam-se a esse objetivo o aumento do
nível de escolaridade da população, o aumento da taxa de alfabetização, a melhoria da
qualidade da educação básica e superior, o aumento do acesso ao ensino técnico e
superior, a valorização dos profissionais da educação, o aumento dos investimentos em
educação, a redução das desigualdades sociais e a democratização da gestão (BRASIL,
2014).

O percurso para a elaboração do PNE foi precedido por um processo de debate


com a participação da sociedade civil, de agentes públicos, entidades de classe,
estudantes, profissionais da educação e pais/mães (ou responsáveis) pelos estudantes.

O marco inicial dessa elaboração aconteceu na Conferência Nacional de


Educação no ano de 2010 (CONAE), com o tema central “Construindo o Sistema
Nacional Articulado: O Plano Nacional de Educação, Diretrizes e Estratégias de Ação ”.
Cumpre apontar que esse evento foi um compromisso assumido pelo Ministério de
Educação, no ano de 2008, na Conferência Nacional da Educação Básica.

Estivemos, portanto, diante de um espaço mobilizador e democrático de


diálogo e decisão que teve a finalidade de prosseguir a obra, reconhecer as
heranças, perscrutar suas bases conceituais e materiais, fundamentar e
atualizar a concepção de educação que respondesse aos objetivos e finalidades
apontados pela prática social emancipadora e à pactuação da Constituição
Federal de 1988 (CF) (ABICALIL, 2013, p.13).

As discussões da CONAE 2010 foram precedidas por conferências municipais,


intermunicipais, distritais e estaduais, e o suporte para as discussões se deu por dois
documentos: “Reflexões sobre o Sistema Nacional Articulado de Educação e o Plano
Nacional de Educação”, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (INEP) e “Educação e Federalismo no Brasil”, da Organização das
Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura.

Para atender a todas as particularidades culturais e regionais e aos interesses dos


diversos segmentos, este ambiente configurou-se como um espaço efervescente e rico
em sua diversidade e situações tensionais. Abicalil (2013) consegue, com um jogo de
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palavras, transmitir, respeitando e entendendo as proporções e a temporalidade, a


emoção existente naquele momento:

Não será demasiado lembrar que há uma riqueza vocabular e proximidade


etimológica muito expressiva em torno do verbo conferir: inferir, interferir,
aferir, auferir, diferir, deferir, preferir, proferir, referir. A Conferência
constituiu-se, assim, como um fato social e político que aglutinou, catalisou,
amalgamou a realização de todas essas expressões da sensibilidade humana
motivada pelo mesmo fenômeno: a educação escolar brasileira (ABICALIL,
2013, p.14).

O Sistema Nacional de Educação, que é apresentado por Saviani (2010) como


uma mobilização intencional de serviços educacionais para compor um conjunto
operante, cria um ambiente coerente para o processo educacional, reunindo normas
comuns para todos os entes federados. Nesse sentido, para a sua efetivação como
política pública, torna-se importante e justificável a existência de um plano de ações.

Assim, transparece uma estreita relação entre o Sistema Nacional de Educação e


o Plano Nacional de Educação,

[...] a formulação do Plano Nacional de Educação se põe como uma exigência


para que o Sistema Nacional de Educação mantenha permanentemente suas
características próprias. Com efeito, é preciso atuar de modo sistematizado no
sistema educacional; caso contrário, ele tenderá a distanciar -se dos objetivos
humanos, caracterizando-se especificamente como estrutura (resultado
coletivo inintencional de práxis intencionais individuais) (SAVIANI, 2010, p.
388).

Nesse sentido, a CONAE constituiu-se em “espaço social de discussão, articulando os


diferentes agentes institucionais, da sociedade civil e dos governos, para a construção de um
projeto e de um Sistema Nacional de Educação, como política de Estado” (CONAE, 2010,
p.14).

Os trabalhos realizados apontaram cinco grandes desafios a serem enfrentados pelo


estado e pela sociedade brasileira, que são:

(a)Construir o Sistema Nacional de Educação, responsável pela institucionalização


da orientação política comum e do trabalho permanente do Estado e da sociedade
para garantir o direito à educação.(b)Promover de forma permanente o debate
nacional, estimulando a mobilização em torno da qualidade e valorização da
educação básica, superior e das modalidades de educação em geral, tendo como
princípio os valores da participação democrática dos diferentes segmentos
sociais.(c)Garantir que os acordos e consensos produzidos na CONAE redundem em
políticas públicas de educação, que se consolidarão em diretrizes, estratégias,
planos, programas, projetos, ações e proposições pedagógicas e políticas, capazes de
fazer avançar a educação brasileira de qualidade social.(d)Propiciar condições para
que as referidas políticas educacionais promovam: o direito do estudante à formação
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integral com qualidade; o reconhecimento e a valorização à diversidade; a definição


de parâmetros e diretrizes para a qualificação dos profissionais da educação; o
estabelecimento de condições salariais e profissionais adequadas e necessárias para
o trabalho dos docentes e funcionários; a educação inclusiva; a gestão democrática e
o desenvolvimento social; o regime de colaboração, de forma articulada, em todo o
País; o financiamento, o acompanhamento e o controle social da educação; e a
instituição de uma política nacional de avaliação no contexto de efetivação do
Sistema Nacional de Educação. (e) Indicar, para o conjunto das políticas
educacionais implantadas de forma articulada entre os sistemas de ensino, que seus
fundamentos estão alicerçados na garantia da universalização e da qualidade social
da educação em todos os seus níveis e modalidades, bem como da democratização
de sua gestão. (CONAE, 2010, p. 14-15).

Frente a esses desafios, o Plano Nacional de Educação visa direcionar a


organização das políticas públicas estaduais e municipais e romper com a situação de
fragmentação da gestão educacional no Brasil, promovendo uma estrutura articulada de
avaliação para garantir o direito à formação integral; a consolidação da pesquisa
científica e tecnológica; a superação das desigualdades educacionais; a implementação
de políticas de educação inclusiva; o reconhecimento e a valorização da diversidade, da
educação no campo, quilombola e indígena, articulando o seu desenvolvimento
sustentável; e garantir, ainda, a formação e a qualificação dos profissionais de educação
e uma gestão democrática.

O PNE é uma política pública estratégica para o avanço da qualidade da


educação, existindo, no seu processo de elaboração, tensão em torno de alguns itens
como: o financiamento, a educação especial, a igualdade racial, regional, de gênero e de
orientação sexual, as expectativas de aprendizagem e do Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica (IDEB). Superada essa fase no dia 25 de julho de 2014, após três anos
e meio de tramitação pelo Congresso Nacional, a Presidente Dilma Roussef sancionou o
Plano Nacional da Educação, que define 20 metas e 253 estratégias para a educação, a
serem cumpridas no decênio 2014-2024.

Essa Lei representa um marco importante para a educação brasileira ao


regulamentar o investimento de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) em educação ao
final do decênio e adotar o Custo Aluno Qualidade (CAQ) como parâmetro para o
financiamento da educação de todas as etapas e modalidades da educação básica.
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O PNE e seus desafios

A estrutura organizacional do PNE é composta por duas partes. A primeira é o


corpo da Lei, que traz questões gerais sobre o plano em seus 14(quatorze) artigos que
abordam as diretrizes, as formas de monitoramento e avaliação, a importância da
articulação, as esferas governamentais, a participação da sociedade e os prazos para a
elaboração ou adequação dos planos estaduais e municipais e para a instituição do
Sistema Nacional de Educação. A segunda é formada pelos anexos que apresentam as
metas e as respectivas estratégias para se alcançar cada uma das metas. Fazendo uma
compilação, de acordo com o foco de atuação, temos as metas assim distribuídas:

Quadro 1 – Distribuição das metas de acordo com o foco de atuação


Metas Conteúdo
São estruturantes para a garantia do direito à educação básica
1, 2, 3, 5, 6, 7, com qualidade. Essas metas versam sobre o acesso, a
9, 10 e 11 universalização da alfabetização e a ampliação da escolaridade e
das oportunidades educacionais.

Abordam especificamente a redução das desigualdades e a


4e8
valorização da diversidade.

Tratam da qualidade e da ampliação do acesso à educação


12, 13 e 14
superior e à pós-graduação.

Visam à valorização dos profissionais de educação. São metas


15, 16, 17 e 18
estratégicas para o sucesso de outras metas.

19 Contempla a efetivação da gestão democrática.

20 Define a ampliação de investimentos.


Fonte: Brasil (2014)

O acompanhamento das metas é realizado com prazos específicos para cada uma
delas, embora o processo de avaliação do PNE seja contínuo, realizado pelo INEP, com
publicações a cada dois anos, com início em 25 de julho de 2016, atendendo ao Art. 5º,
§ 2º do PNE que aponta que, a cada 2 (dois) anos ao longo do período de vigência, o
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP)
publicará estudos para aferir a evolução no cumprimento das metas estabelecidas no
anexo da Lei, com informações organizadas por ente federado e consolidadas em âmbito
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nacional, tendo como referência os estudos e as pesquisas de que trata o Art. 4º do PNE,
sem prejuízo de outras fontes e informações relevantes.

O êxito das estratégias presentes no PNE demanda ações conjuntas de Estados,


Municípios e União, assumindo como pressuposto que os avanços no campo educacional
devem promover o fortalecimento das escolas, das universidades, dos institutos de
ensino profissionalizante, das secretarias de educação e das instâncias sociais.

Como apresentado por Saviani (2010), o PNE é uma parte integrante e necessária
para a existência de um Sistema Nacional de Educação com características permanentes
e próprias. Caso contrário, tenderá a um resultado individual, se distanciando dos
objetivos traçados.

Assim, em relação Sistema Nacional de Educação, Cury (2008) aponta a


existência de desafios para sua consolidação, contemplando a virtude da igualdade e a
execução federativa, sendo o primeiro deles a característica de nossa sociedade, já
apontada no Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, em que existe o entendimento
de um sistema social dual, subsidiado por sistemas escolares paralelos.

O segundo desafio diz respeito à descentralização e às relações de poder entre os


entes federados, com a possibilidade de extrapolação dos limites dos seus campos de
autonomia. Assim, o Sistema Nacional de Educação tem a necessidade de buscar uma
organização pedagógica, tensionada pelas relações de poder historicamente consolidadas
desde o Ato Adicional de 1937, que discorre sobre a pluralização dos sistemas de
ensino. Essa situação é mantida na Constituição Federal de 1988, podendo ser
exemplificada pelo Art. 211 que determina que a União, os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios organizarão em regime de colaboração, seus sistemas de ensino.

O terceiro desafio caminha no sentido do federalismo colaborativo, como visto no


Art. 211 da Constituição Federal. Esse artigo, em seus parágrafos, explicita que a
Educação Infantil (EI) fica sob a responsabilidade do município e o Ensino Fundamental
(EF) e Ensino Médio (EM), sob a responsabilidade dos estados e do Distrito Federal.
Entende-se, com isso, a coexistência coordenada e descentralizada do sistema
educacional brasileiro a ser enquadrado em um Sistema Nacional. “Tudo isso acaba
gerando, na prática, não um federalismo cooperativo e mais um federalismo
80

competitivo, que põe em risco o pacto federativo sob a figura da colaboração recí proca e
seus potenciais avanços” (CURY, 2008, p. 1203). Gouveia e Souza apontam que:

Talvez, o principal desafio para a construção do Sistema Nacional de Educação está


ancorado no Pacto Federativo. O regime de colaboração, definido pelo artigo 211 da
Constituição Federal, precisa ser repensado para se evitar concorrência e
sobreposição de responsabilidades (GOUVEIA; SOUZA, 2010, p. 802).

Cabe apontar que o PNE é uma política pública que apresenta a relação na forma
de colaboração dos entes federados como uma de suas demandas para consolidação.
Frente a isso, é importante que a sua elaboração seja articulada e coerente às realidades
regional e nacional. Para evitar obstáculos na sua execução, é fator relevante ultrapassar
os tempos de gestão e os mandatos parlamentares.

Para a elaboração e manutenção de políticas públicas, Rodrigues (2010) aponta a


necessidade de atenção no cumprimento das fases (i) Preparação da decisão política, (ii)
Agenda, (iii) Formulação, (iv) Implementação, (v) Monitoramento e(vi) Avaliação.

Assim, independentemente do contexto político, o que foi planejado tem maior


possibilidade de execução de forma completa. Isso cria um ambiente mais favorável para
o sucesso, não só dos planos de educação, mas de todas as políticas públicas. Com isso,
atingimos um novo patamar, deixando para trás as políticas de governo para termos
políticas de Estado.

Nesse contexto, recheado de tensões nos campos políticos, sociais e educacionais ,


o Plano Nacional de Educação, no decênio 2014-2024, busca uma relação colaborativa
dos entes federados para galgar avanços na educação brasileira e, junto a isso, como
parte integradora, avanços para a consolidação de um Sistema Nacional de Educação.

Nesse sentido, os Estados e Municípios devem ser protagonistas em algumas


ações para cumprimento das metas estabelecidas no PNE. Estes deverão atender aos
referenciais nacionais que são apontados no Plano Nacional, com um olhar sobre
particularidades regionais. Nesse cenário, é importante a participação popular em todas
as fases de elaboração.
81

Análise das séries históricas das metas

A base para análise se dá pelas séries históricas das metas, com os indicadores
nacionais e do Estado de Minas Gerais. Cabe apresentar, desde já, que ambas as séries
mantêm um desenvolvimento semelhante nos períodos temporais analisados. Assim, a
análise dos gráficos será realizada de forma conjunta, para evitar a duplicidade de
informações.

Meta 1: “Universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para as


crianças de 4 a 5 anos de idade e ampliar a oferta de educação infantil em creches de
forma a atender, no mínimo, 50% das crianças de até 3 anos até o final da vigência deste
PNE” (BRASIL, 2014).

Essa meta apresenta os seguintes indicadores:

100
95
90
85
80
75
70
2005

2006

2007

2008

2009

2011

2012

2013

2014

2016

Brasil (%) Minas Gerais (%)

Gráfico 1 – Crianças de 4 e 5 anos na escola


Fonte: Observatório do PNE (adaptado)

50

40

30

20

10
2004

2005

2006

2007

2008

2009

2011

2012

2013

2014

2016

Brasil (%) Minas Gerais (%)

Gráfico 2 – Crianças de 0 a 3 anos na escola


Fonte: Observatório do PNE (adaptado)
82

Recortando os dados dos últimos 10 anos desta meta, obrigatória desde 2016,
podemos observar que a série histórica demonstra ligeira tendência de crescimento, mas,
para atingir o percentual de 100% de crianças de 4 a 5 anos na escola , é necessário
avançar quase 10 pontos percentuais em apenas dois anos. Destaca-se que, em nenhum
biênio dessa série, esse fato ocorreu.

Em relação às crianças de 0 a 3 anos na escola, o desafio é ainda maior, pois


atingir 50% de crianças na escola representa aumentar em dois anos, o que não se
constatou como aumento na última década. Ressalte-se que o Plano Nacional de
Educação de 2001-2010 já estabelecia o atendimento de 50% até 2005, e o alcançado,
para esse plano, ficou em torno de 15%.

Meta 2: “Universalizar o Ensino Fundamental de 9 anos para toda a população de


6 a 14 anos e garantir que pelo menos 95% dos alunos concluam essa etapa na idade
recomendada, até o último ano de vigência deste PNE” (BRASIL, 2014).

Esta meta apresenta os seguintes indicadores:

100
99
98
97
96
95
2007
2008
2009
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2022
2023
2024

Brasil (%) Minas Gerais (%)

Gráfico 3 – Crianças de 6 a 14 anos matriculadas no EF


Fonte: Observatório do PNE (adaptado)
83

95
85
75
65
55
45
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2022
2023
2024
Brasil (%) Minas Gerais (%)

Gráfico 4 – Jovens de 16 anos que concluíram o EF


Fonte: Observatório do PNE (adaptado)

O contexto numérico da meta 2 já se configura mais factível para sua


concretização, uma vez que o número de matrículas no Ensino Fundamental, no início
da vigência do PNE, possui valores bem próximos da universalização. Assim, a meta é
elevar em duas décadas dois pontos percentuais, mas isso não exime a necessidade de
ações programadas para garantir a elevação do índice. É importante que Municípios e
Estados apresentem, em seus planos de educação, estratégias coerentes e pautadas em
análise da realidade de seus sistemas de ensino.

Em relação aos concluintes, a série histórica apresenta uma tendência de


crescimento que permite projetarmos o cumprimento da meta até 2024, porém é
necessário entender quais são os fatores que ocasionam a evasão. Como exemplo, em
2014, no estado de Minas Gerais, um em cada cinco alunos deixou a escola antes de se
formar. Outro aspecto relevante é ampliar o olhar sobre a análise da qualidade do ensino
e a sua condição de formação do sujeito para o exercício de sua cidadania plena.

Com esse panorama, as políticas públicas devem proporcionar condições para a


criação e manutenção de um ambiente escolar e um ensino com qualidade que apresente
propostas pedagógicas sintonizadas com o contexto dos sujeitos em sua fase de
adolescência.

Meta 3: “Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de


15 a 17 anos e elevar, até o final do período de vigência deste PNE, a taxa líquida de
matrículas no Ensino Médio para 85%” (BRASIL, 2014). Esta meta apresenta os
seguintes indicadores:
84

100
95
90
85
80
75
70
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2011
2012
2013
2014
2015
2016
Brasil (%) Minas Gerais (%)

Gráfico 5 – Jovens de 15 a 17 anos na escola


Fonte: Observatório do PNE (adaptado)

85
75
65
55
45
35
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2022
2023
2024
Brasil (%) Minas Gerais (%)

Gráfico 6 – Jovens de 15 a 17 anos matriculados no EM: taxa liquida de matrícula


Fonte: Observatório do PNE (adaptado)

É objetivo desta meta o atendimento da totalidade dos jovens de 15 a 17 anos.


Pela interpretação gráfica, observa-se na série histórica, nos dados da última década, que
o crescimento no atendimento não atinge 10 pontos percentuais, enquanto o aumento
esperado para o 1º biênio do PNE supera os 15 pontos percentuais. Assim, é possível
observar o quanto essa proposta é numericamente ambiciosa para o prazo estipulado.
Cabe destacar que o desafio da universalização do ensino obrigatório é imposto pela
Emenda Constitucional nº 59, em seu Art. 2º, parágrafo quarto.

O segundo item da meta, que tem como objetivo alcançar 85% de matrículas
dentro da faixa etária no Ensino Médio, também se caracteriza desafiadora, pois existem
disparidades numéricas entre as regiões brasileiras. Por exemplo, em 2014, a região
sudeste apresenta 70% dos jovens na idade correta no EM, enquanto a norte possui
apenas 51%. Mesmo assim, a análise gráfica configura uma tendência de aproximação
da meta do valor previsto.
85

Cabe ressaltar a existência de um aspecto complicador, pois o ingresso no Ensino


Médio dentro da faixa etária esperada demanda a conclusão do Ensino Fundamental até
16 anos de idade, ou seja, é necessário que a meta 2 seja cumprida e, ainda, vale apontar
a necessidade de reformas curriculares para ressignificar o papel do Ensino Médio e do
Ensino fundamental na vida da criança e do jovem, evitando, assim, a evasão.

Meta 5: “Alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do 3º ano do


Ensino Fundamental” (BRASIL, 2014). Essa meta atende o que preconizam as Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 anos, que determinam que os
três anos iniciais do ensino fundamental devem assegurar a alfabetização, o letramento e
o aprendizado da Matemática. A meta apresenta seguintes indicadores Nacionais e para
o estado de Minas Gerais.

100 90,8 100 100 100


77,8 80,3
65,5 62,7
42,9
50

0
Leitura Escrita Matemática

Brasil (%) Minas Gerais (%) Meta (%)

Gráfico 7 – Crianças do 3º ano do EF com proficiência adequada


Fonte: Observatório do PNE (adaptado)

Em relação a esses temas, de acordo com as indicações dos documentos legais,


segundo o relatório do 1º Ciclo de Monitoramento das Metas do PNE: Biênio 2014 -
2016, esses conceitos são objetos que fomentam a discussão na academia e são
entendidos de formas distintas, complementares e interdependentes no processo de
aquisição da língua escrita. Assim, a alfabetização é entendida como a apropriação do
sistema de escrita, indispensável ao domínio da leitura e da escrita. O aprendizado de
matemática, por sua vez, é conceituado “como um processo de organização das
vivências que a criança traz de suas atividades pré-escolares, de forma a levá-la a
construir um corpo de conhecimentos articulados que potencialize sua atuação na vida
cidadã” (BRASIL, 2012, p. 23).

Os dados para compor os indicadores desta meta são captados pela Avaliação
Nacional da Alfabetização (ANA), que tem seu marco inicial no ano de 2013, sendo o
86

primeiro indicador nacional de alfabetização escolar produzido pelo governo brasileiro.


Como retorno, a ANA 2014 aponta a necessidade de avanços numéricos significativos
para atingir a meta proposta, uma vez que as metas colocadas pelo Plano Nacional de
Educação em relação à alfabetização são ambiciosas, se considerados os atuais
resultados das avaliações.

Campos, Esposito e Abuchaim (2013) apresentam argumentos sobre a dificuldade


de se cumprir a meta, devido às deficiências existentes na escola, aos altos índices de
analfabetismo, à grande desigualdade social, cultural e econômica e à grande quantidade
de crianças de 4 a 5 anos que não frequentam a escola.

Frente a esse quadro, o poder público busca realizar ações vinculadas a três
estratégias da Meta 5, como o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic)
(Estratégia 5.1 do PNE), a Avaliação Nacional da Alfabetização (Estratégia 5.2 do
PNE), o Pronacampo, que apoia a elaboração de material didático específico para a
população do campo e a formação docente (Estratégia 5.5 do PNE).

De forma geral, em relação às metas, questiona-se como garantir um padrão


mínimo de qualidade de merenda, transporte, recursos didáticos, formação e valorização
dos profissionais de educação, estrutura física da escola, sistemas de gestão acadêmica e
acessibilidade. Cabe ressaltar que a qualidade está prevista no próprio PNE, quando
apresenta estratégias que abordam a qualidade da educação dentro de um padrão
nacional. Restringindo o foco sobre a escola, Delgado (2012) aponta que políticas
públicas demandam rearticulação dos princípios escolares, devido a uma nova
organização do trabalho, o que resulta em interferências na prática docente e na cultura.

Segundo Haddad et al. (2011), para alcançar um ensino que prepare o aluno para
assumir mais do que o posicionamento no mercado de trabalho, é importante assumir a
educação como formadora de sujeito com vistas à humanização, emancipação, promoção
humana e consciência transformadora. Nesse sentido, precisamos refletir sobre quais
rumos apontam as políticas públicas em educação. De acordo com Militão, Militão e
Perboni (2011), é necessária a mobilização dos diversos segmentos da sociedade com a
finalidade de assegurar recursos financeiros para investir na melhoria da qualidade da
educação. Segundo Fernandes e Gouveia (2017), a crise política, institucional e
orçamentária que o Brasil atravessa diminui as possibilidades de um esforço para a garantia
do aumento dos recursos financeiros necessários para a educação e demais setores.
87

Com esse panorama, de metas ambiciosas e situações desafiadoras, o Estado de


Minas Gerais possui a responsabilidade de elaborar, como primeira ação, o seu Plano
Estadual de Educação, para, em colaboração com a União e os Municípios, avançar na
qualidade da educação para os mineiros.

Desdobramentos do plano estadual de educação de Minas Gerais

O Estado de Minas Gerais possui vigente o Plano Decenal de Educação, aprovado


pela Lei nº 19.481, de 12 de janeiro de 2011 até o ano de 2020, porém, com a aprovação
do PNE (Lei nº 13.005, de 2014), tornou-se necessário que o Distrito Federal, os Estados
e os Municípios reestruturem ou elaboraremos Planos de Educação para atender às
diretrizes do PNE 2014-2024.

Mesmo o Estado de Minas Gerais possuindo um plano de educação aprovado, a


equipe de governo, gestão 2016 - 2019, não fez a opção pela reestruturação do plano em
vigor, por entender que as diretrizes e metas presentes não são compatíveis com o novo
Plano Nacional de Educação.

Assim, em atendimento aos termos da legislação posta pela Lei nº 13.005/2014,


foi enviado à Assembleia Legislativa de Minas Gerais, pelo Governador em exercício,
no dia 17 de setembro de 2015, o projeto de Lei nº 2882/2015, que apresenta a proposta
para o Plano Estadual de Educação de Minas Gerais para o decênio 2015 -2025 (PPE/MG
2015-2015).

O Plano Estadual encontra-se em tramitação na Assembleia Legislativa do


Estado, com um parecer favorável datado do dia 06 de julho de 2016 para o primeiro
turno da Comissão de Constituição e Justiça, que esclarece sobre juridicidade,
constitucionalidade e legalidade do PPE/MG proposto.

Atualmente, o projeto PEE/MG encontra-se aguardando apreciação de pareceres,


ainda no primeiro turno, da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado.
Com esse panorama, o Estado de Minas Gerais não possui um Plano Estadual de
Educação – PPE aprovado que dialogue com o PNE. Mesmo não aprovado, não deixa de
ser relevante a realização de uma análise das Metas 1, 2, 3 e 5 e suas respectivas
estratégias da proposta de PEE enviada ao legislativo.
88

Inicialmente, identifica-se grande semelhança com o PNE. Em síntese, todas as


estratégias do PNE estão listadas no projeto PEE/MG. As alterações para promover a
interlocução local entre os municípios do estado, de certa forma, não são em grande
número, e serão analisadas e apontadas por meta.

Nesse sentido, no Plano Estadual (MINAS GERAIS, 2015c), temos que a meta 1
complementa o Plano Nacional com as estratégias 1.5 e 1.6, que apresentam o Estado
como colaborador no programa estadual de construção e reestruturação de escolas, bem
como de aquisição de equipamentos, visando à expansão e à melhoria da rede física de
escolas públicas de educação. A estratégia 1.8 apresenta implantar, até o quarto ano de
vigência do PEE, avaliação da educação infantil, a ser realizada a cada 2 (dois) anos,
com base em parâmetros estaduais de qualidade, a fim de aferir infraestrutura física,
quadro de pessoal, condições de gestão, recursos pedagógicos, situação de
acessibilidade, entre outros indicadores relevantes. Destaca-se que essa estratégia
reforça a meta 1.6 existente no PNE, em que as balizas indicadoras são os índices
nacionais de qualidade. Os conteúdos de todas as demais estratégias estão semelhantes
ao que é apresentado no PNE 2014-2024.

A meta 2 do projeto PEE/MG complementa o PNE com a estratégia 3.1, que


versa sobre o estímulo ao acesso à educação infantil em tempo integral, para todas as
crianças de 0 (zero) a 5 (cinco) anos, conforme estabelecido nas Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Infantil. Entende-se relevância nessa ação, pois é um pré-
requisito importante para que as crianças tenham acesso ao ensino fundamental dentro
da faixa etária esperada. Os conteúdos de todas as demais estratégias estão semelhantes
ao que é apresentado no PNE 2014-2024.

A meta 3 do projeto PEE/MG, que objetiva universalizar, até 2016, o atendimento


escolar para toda a população de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos e elevar, até o final
do período de vigência do PNE 2014-2024 (Lei nº 13.005, de 2014), a taxa líquida de
matrículas no ensino médio para 85%, traz como complemento ao PNE a estratégia 3.1,
que visa promover atividades de desenvolvimento e estímulo a habilidades esportivas
nas escolas, interligadas a um plano de disseminação do desporto educacional e de
desenvolvimento esportivo. Vale destacar que essa estratégia é relevante na formação do
indivíduo para sua plenitude cidadã, porém, seguindo a meta 2, julga -se interessante a
89

existência de uma estratégia que estimule o acesso à educação fundamental, pois a


realização do nível anterior é exigência para atender aos objetivos da meta 3.

A estratégia 3.2 do projeto PEE/MG, que versa sobre o programa de renovação


do ensino médio no Estado de Minas Gerais, apresenta a inclusão da participação
popular, quando insere em seu texto o trecho “movimentos sociais e demais
representações da sociedade civil” (MINAS GERAIS, 2015c). Essa reafirmação cria
uma ampliação da mesma estratégia do existente no PNE.

A estratégia 3.3 do projeto PEE/MG, que aponta para a necessidade de o Estado


articular e colaborar com o Ministério da Educação, deixa subentendida a necessidade
do relacionamento entre os entes federados. É preciso atenção para evitar que ocorra
colaboração em um ambiente e competição entre os estados. Esse fato já é apontado
como um desafio para a consolidação de um Sistema Nacional de Educação.

A Meta 5 visa alfabetizar todas as crianças até, no máximo, o final do terceiro


ano do ensino fundamental. A proposta do PEE/MG apresenta a estratégia 5.2, que
aponta a necessidade de aprimorar os instrumentos de avaliação periódicos e específicos
para aferir a alfabetização das crianças. Destaca-se que o PNE apresenta essa mesma
estratégia, substituindo a palavra “aprimorar” por “instituir”. À primeira vista, parece
ser pouco relevante essa troca de palavras, porém, se analisarmos o Plano Decenal
(MINAS GERAIS, 2011) em suas ações estratégicas da educação infantil e do ensino
fundamental, observamos que consta nos itens 1.1.2e 2.1.1 o indicativo de criação de
parâmetros para as habilidades e competências pretendidas nos respectivos segmentos,
ou seja, nesse cenário, não cabe a palavra aprimorar para a estratégia no PEE /MG, e sim
outras, como criar, elaborar ou, como posto no PNE, instituir os instrumentos, pois,
pensando de forma sequencial, é necessário, primeiro, estabelecer quais as habilidades e
competências para, depois, constituir os instrumentos de avaliação para verificar a
alfabetização.

Para responder a isso, podemos analisar essa situação por outra lente - que
apresenta um pouco mais de sentido para o aprimoramento preconizado pelo PEE/MG -
se focarmos no Sistema Mineiro de Avaliação e Equidade da Educação Pública
(SIMAVE) pelo seu Programa de Avaliação da Alfabetização (Proalfa) - aplicado
anualmente aos alunos do terceiro ano do ensino fundamental - cuja matriz de referência
vem sendo aprimorada desde 2006, em uma parceria da Secretaria de Estado de
90

Educação com a Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora. Vale


frisar que a matriz de referência do SIMAVE/Proalfa tem como base a matriz curricular,
e se caracteriza como um conjunto delimitado de habilidades e competências
interpretadas como essenciais para cada etapa de escolaridade avaliada (MINAS
GERAIS, 2015b).

Todas as demais estratégias das metas analisadas apresentam, em seus conteúdos,


muitas semelhanças às presentes no PNE. Vale apontar que no recorte de análise, em
vários trechos, fica evidente a intenção de estabelecer uma relação de colaboração entre
Estado e municípios.

Cumpre-nos destacar que o Plano Estadual de Educação passou por consulta


pública, promovida pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais, até o dia 20 de maio
de 2016, para subsidiar, na sequência, os fóruns técnicos que percorreram as regiões do
Estado.

Com a proposta de objetivar as discussões nos grupos de trabalho dos fóruns


técnicos, o PEE foi subdivido em oito subgrupos de trabalho, que são: Acesso e
universalização; Inclusão educacional, Diversidade e equidade; Qualidade da educação
básica; Educação profissional; Educação superior; Formação e valorização dos profissionais
da educação; Gestão democrática e Articulação entre os sistemas de educação e
financiamento. O documento com propostas gerado por essas discussões será encaminhado à
comissão de Educação, Ciência e Tecnologia.

Como resultado da consulta pública, temos o retorno de 165 (cento e sessenta e


cinco) mensagens identificadas, distribuídas pelas 20 metas. Fazendo um recorte nas
metas 1, 2, 3 e 5, chegamos a um total de 95 contribuições.
91

80 72
70
60
50
40
30
20 13
10 5 5
0
Meta 1 Meta 2 Meta 3 Meta 5
Gráfico 8 – Participação popular: contribuições para as metas 1, 2, 3 e 5
Fonte: Minas Gerais (2015a)

O conteúdo recebido pelas contribuições concentra-se sobre a responsabilidade


da família para com a criança, a condição de uma escola laica, a melhoria da qualidade
da educação, a redução de alunos nas salas de aula, a obrigatoriedade da aula de Língua
Espanhola, a formação continuada para os professores, a construção de um currículo que
atenda às diversidades regionais e culturais e a reformulação das propostas de
alfabetização e letramento (MINAS GERAIS, 2015a).

Considerações Finais

Diante do panorama de desafios, semelhanças e diferenças que são apontados


pelos indicadores de avanços do Plano Nacional de Educação e do Plano de Educação do
Estado de Minas Gerais, é possível compreender melhor o quanto a efetivação desses
planos é importante e estratégica para o desenvolvimento da educação no Brasil. Para
isso, deve-se ressaltar a necessidade de colaboração entre os entes federados.

Nesse sentido, o indicativo de colaboração está presente em vários trechos dos


Planos, ressaltando-se, novamente, o que é apontado por Cury, em data anterior aos
planos, o problema do federalismo colaborativo que, em alguns momentos, pode
configurar-se como competitivo. Caso a competição se concretize, podemos ter um
cenário desfavorável para o desenvolvimento de políticas públicas de Estado.

Sobre as metas analisadas, apontamos o quanto algumas são ambiciosas. Alguns


dos indicadores fixados talvez não sejam alcançados dentro dos prazos estabelecidos,
sem uma grande mobilização nacional, em que a educação tenha um papel prioritário.
92

Focando nas ações do Estado de Minas Gerais sobre o Plano Estadual, cabe, neste
momento, um alerta sobre a atual situação em que o mesmo se encontra. É
compreensível na sua construção a necessidade de democratizar as discussões, porém o
Estado não cumpriu os prazos estabelecidos no PNE. Assim, entende-se a necessidade
de maior celeridade sem desconsiderar a atenção necessária a cada uma das etapas e um
incentivo para engajamento da população na sua elaboração. Destaque-se que apenas os
estados de Minas Gerais e do Rio de Janeiro não possuem Planos Estaduais de Educação
aprovados.

Sobre as estratégias presentes na proposta do PEE/MG, aponta-se a necessidade


de maior regionalização, pois o estado possui uma expressiva quantidade de municípios,
o que aumenta a pluralidade cultural, econômica e social. Em relação à participação
popular na ação realizada pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais, percebe-se
pouca aderência da sociedade em relação a esse tema.

Retornando ao questionamento levantado inicialmente, a respeito da


possibilidade de cumprimento das vinte metas propostas dentro do prazo estabelecido
frente às efetivas ações governamentais realizadas até o momento, podemos, à guisa de
conclusão, ponderar sobre a existência de um cenário desafiador para cumprir, até 2024,
as metas de acesso e universalização do ensino. Entende-se que haverá alguns avanços,
porém não se pode projetar que serão expressivos.

ADVANCEMENTS AND CHALLENGES OF PNE 2014-2024:


an exploratory cutout of the access objectives and universalization of the education and
developments of the State Plan of education of Minas Gerais
Abstract
This paper, of an exploratory characteristic, based on bibliography, shows a panoramic
scenario of the National Education Plan – PNE 2014-2024 emphasizing its action on the
consolidation from the CONAE 2010 to its presidential approval. It carries out a national and
regional analyses of the historical series of the indicators for objectives 1, 2, 3 and 5 and then
concentrates on the Educational Plan of Minas Gerais State proposal – PEE/MG, analyzing its
proceeding in the legislative house and the popular participation and how the strategies
present in the objectives are adapted to Minas Gerais State. It is considered that the situation
formed to consolidate, of the PNE as well as the PEE/MG, has as a relevant challenge, the
necessity of an articulation and collaboration of the federated entities. As a result of this
study, there is a projection of a challenging scenario to achieve all the agreed objectives up to
2024. It is understood that there will be some advances, however, but it’s not possible to say
whether they will be expressive.
93

Keywords: National Education Plan. Educational Plan of Minas Gerais. Minas Gerais State.
Objectives.

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