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Resumo
O presente trabalho, de característica exploratória em bases bibliográficas, apresenta um
cenário panorâmico do Plano Nacional de Educação – PNE 2014-2014, com ênfase nas
ações para sua consolidação desde a Conferência Nacional de Educação – CONAE 2010
até a sua aprovação presidencial. Realiza uma análise nacional e regional das séries
históricas dos indicadores das metas 1, 2, 3 e 5 para, em seguida, fazer um recorte e
concentrar-se na proposta do Plano de Educação do Estado de Minas Gerais – PEE/MG,
analisando a sua tramitação na casa legislativa, a participação popular e como as
estratégias presentes nas metas estão adaptadas para o estado de Minas Gerais.
Considera-se que o quadro formado para consolidar, tanto do PNE quanto do PEE/MG,
possui como relevante desafio a necessidade de articulação e colaboração dos entes
federados. Como resultado do estudo, projeta-se um cenário desafiador para atingir, até
2024, todas as metas fixadas. Entende-se que existirão alguns avanços, porém não é
possível afirmar se serão expressivos.
Palavras-chave: Plano Nacional de Educação. Plano de Educação do Estado de Minas
Gerais. Minas Gerais. Metas.
Introdução
1
Doutorando em Educação e Mestre em Ensino de Ciências e Matemática pela Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais (PUC Minas), Especialista em Informática em Educação pela Universidade Federal de Lavras
(UFLA), Licenciado em Matemática pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH). Docente no Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (IFMG), Câmpus Ribeirão das Neves. E-mail:
saulo.furletti@ifmg.edu.br
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Educação de 2010. Para isso, realiza uma análise das séries históricas dos indicadores de
desempenho das metas que visam ao acesso e à universalização do ensino (Metas 1, 2, 3
e 5) e analisa o processo de elaboração do Plano Estadual de Educação do Estado de
Minas Gerais (PEE/MG). O levantamento dos dados concentrou-se nas legislações
vigentes, nos institutos e órgãos de acompanhamento das metas, nos relatórios e nas
publicações sobre o assunto. Assim, este estudo exploratório busca aumentar a
experiência em torno do PNE e dos seus desdobramentos sobre o PEE do Estado de
Minas Gerais. De acordo com Gil (2002) e Trivinos (1987), um estudo exploratório
possibilita o aprimoramento de ideias sobre um tema, com a finalidade de torná -lo, por
meio de uma interpretação, mais claro ao entendimento de pesquisadores.
O acompanhamento das metas é realizado com prazos específicos para cada uma
delas, embora o processo de avaliação do PNE seja contínuo, realizado pelo INEP, com
publicações a cada dois anos, com início em 25 de julho de 2016, atendendo ao Art. 5º,
§ 2º do PNE que aponta que, a cada 2 (dois) anos ao longo do período de vigência, o
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP)
publicará estudos para aferir a evolução no cumprimento das metas estabelecidas no
anexo da Lei, com informações organizadas por ente federado e consolidadas em âmbito
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nacional, tendo como referência os estudos e as pesquisas de que trata o Art. 4º do PNE,
sem prejuízo de outras fontes e informações relevantes.
Como apresentado por Saviani (2010), o PNE é uma parte integrante e necessária
para a existência de um Sistema Nacional de Educação com características permanentes
e próprias. Caso contrário, tenderá a um resultado individual, se distanciando dos
objetivos traçados.
competitivo, que põe em risco o pacto federativo sob a figura da colaboração recí proca e
seus potenciais avanços” (CURY, 2008, p. 1203). Gouveia e Souza apontam que:
Cabe apontar que o PNE é uma política pública que apresenta a relação na forma
de colaboração dos entes federados como uma de suas demandas para consolidação.
Frente a isso, é importante que a sua elaboração seja articulada e coerente às realidades
regional e nacional. Para evitar obstáculos na sua execução, é fator relevante ultrapassar
os tempos de gestão e os mandatos parlamentares.
A base para análise se dá pelas séries históricas das metas, com os indicadores
nacionais e do Estado de Minas Gerais. Cabe apresentar, desde já, que ambas as séries
mantêm um desenvolvimento semelhante nos períodos temporais analisados. Assim, a
análise dos gráficos será realizada de forma conjunta, para evitar a duplicidade de
informações.
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Recortando os dados dos últimos 10 anos desta meta, obrigatória desde 2016,
podemos observar que a série histórica demonstra ligeira tendência de crescimento, mas,
para atingir o percentual de 100% de crianças de 4 a 5 anos na escola , é necessário
avançar quase 10 pontos percentuais em apenas dois anos. Destaca-se que, em nenhum
biênio dessa série, esse fato ocorreu.
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Brasil (%) Minas Gerais (%)
O segundo item da meta, que tem como objetivo alcançar 85% de matrículas
dentro da faixa etária no Ensino Médio, também se caracteriza desafiadora, pois existem
disparidades numéricas entre as regiões brasileiras. Por exemplo, em 2014, a região
sudeste apresenta 70% dos jovens na idade correta no EM, enquanto a norte possui
apenas 51%. Mesmo assim, a análise gráfica configura uma tendência de aproximação
da meta do valor previsto.
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Leitura Escrita Matemática
Os dados para compor os indicadores desta meta são captados pela Avaliação
Nacional da Alfabetização (ANA), que tem seu marco inicial no ano de 2013, sendo o
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Frente a esse quadro, o poder público busca realizar ações vinculadas a três
estratégias da Meta 5, como o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic)
(Estratégia 5.1 do PNE), a Avaliação Nacional da Alfabetização (Estratégia 5.2 do
PNE), o Pronacampo, que apoia a elaboração de material didático específico para a
população do campo e a formação docente (Estratégia 5.5 do PNE).
Segundo Haddad et al. (2011), para alcançar um ensino que prepare o aluno para
assumir mais do que o posicionamento no mercado de trabalho, é importante assumir a
educação como formadora de sujeito com vistas à humanização, emancipação, promoção
humana e consciência transformadora. Nesse sentido, precisamos refletir sobre quais
rumos apontam as políticas públicas em educação. De acordo com Militão, Militão e
Perboni (2011), é necessária a mobilização dos diversos segmentos da sociedade com a
finalidade de assegurar recursos financeiros para investir na melhoria da qualidade da
educação. Segundo Fernandes e Gouveia (2017), a crise política, institucional e
orçamentária que o Brasil atravessa diminui as possibilidades de um esforço para a garantia
do aumento dos recursos financeiros necessários para a educação e demais setores.
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Nesse sentido, no Plano Estadual (MINAS GERAIS, 2015c), temos que a meta 1
complementa o Plano Nacional com as estratégias 1.5 e 1.6, que apresentam o Estado
como colaborador no programa estadual de construção e reestruturação de escolas, bem
como de aquisição de equipamentos, visando à expansão e à melhoria da rede física de
escolas públicas de educação. A estratégia 1.8 apresenta implantar, até o quarto ano de
vigência do PEE, avaliação da educação infantil, a ser realizada a cada 2 (dois) anos,
com base em parâmetros estaduais de qualidade, a fim de aferir infraestrutura física,
quadro de pessoal, condições de gestão, recursos pedagógicos, situação de
acessibilidade, entre outros indicadores relevantes. Destaca-se que essa estratégia
reforça a meta 1.6 existente no PNE, em que as balizas indicadoras são os índices
nacionais de qualidade. Os conteúdos de todas as demais estratégias estão semelhantes
ao que é apresentado no PNE 2014-2024.
Para responder a isso, podemos analisar essa situação por outra lente - que
apresenta um pouco mais de sentido para o aprimoramento preconizado pelo PEE/MG -
se focarmos no Sistema Mineiro de Avaliação e Equidade da Educação Pública
(SIMAVE) pelo seu Programa de Avaliação da Alfabetização (Proalfa) - aplicado
anualmente aos alunos do terceiro ano do ensino fundamental - cuja matriz de referência
vem sendo aprimorada desde 2006, em uma parceria da Secretaria de Estado de
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Meta 1 Meta 2 Meta 3 Meta 5
Gráfico 8 – Participação popular: contribuições para as metas 1, 2, 3 e 5
Fonte: Minas Gerais (2015a)
Considerações Finais
Focando nas ações do Estado de Minas Gerais sobre o Plano Estadual, cabe, neste
momento, um alerta sobre a atual situação em que o mesmo se encontra. É
compreensível na sua construção a necessidade de democratizar as discussões, porém o
Estado não cumpriu os prazos estabelecidos no PNE. Assim, entende-se a necessidade
de maior celeridade sem desconsiderar a atenção necessária a cada uma das etapas e um
incentivo para engajamento da população na sua elaboração. Destaque-se que apenas os
estados de Minas Gerais e do Rio de Janeiro não possuem Planos Estaduais de Educação
aprovados.
Keywords: National Education Plan. Educational Plan of Minas Gerais. Minas Gerais State.
Objectives.
Referências
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