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Leitura e Produção de Texto – Profa.

Ana Madalena Fontoura – Aula 3

CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA


PRÓ-REITORIA DE ENSINO

DISCIPLINA Aula 3
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS TEXTOS TÉCNICOS: RESENHA,
RESUMO E RELATÓRIO

CÓDIGO CRÉDITOS TOTAL DE AULAS NO


GINS1007 04 SEMESTRE
80h/a

OBJETIVOS

 Conceituar resenha; sua definição de resenha, bem como as partes que a compõem.
 Conceituar resumo, trabalhar suas características e as técnicas para elaborá-lo.
 Conceituar relatório e trabalhar suas técnicas de execução.

CONTEÚDO

 A resenha, suas características e utilidade.


 O resumo como técnica de estudo.
 Passos para se elaborar eficientemente o resumo de um texto.
 O relatório como registro de uma atividade.

ESTRATÉGIA

Apresentação das principais características da resenha, dos elementos que a compõem e


leitura de resenhas críticas.

Apresentação do conceito de resumo e das técnicas para elaborá-lo.

Apresentação do conceito e técnicas de elaboração de um relatório.

BIBLIOGRAFIA MÌNIMA

ABREU, Antônio Suárez. Curso de redação. São Paulo: Ática, 2005

BECHARA, Evanildo. Gramática escolar da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna,


2002.

CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Gramática reflexiva: texto,


semântica e interação. São Paulo: Atual, 2005.

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TEXTO TÉCNICO: RESENHA


(Material gentilmente cedido pelo professor Márcio Lázaro A. da Silva, com adaptações)

Como um gênero textual, uma resenha nada mais é do que um texto em forma de
síntese que expressa a opinião do autor sobre um determinado fato cultural, que pode ser
um livro, um filme, peças teatrais, exposições, shows etc.
O objetivo da resenha é guiar o leitor pelo emaranhado da produção cultural que
cresce a cada dia e que tende a confundir até os mais familiarizados com todo esse
conteúdo.
Como uma síntese, a resenha deve ir direto ao ponto, mesclando momentos de
pura descrição com momentos de crítica direta. O resenhista que conseguir equilibrar
perfeitamente esses dois pontos terá escrito a resenha ideal.
No entanto, sendo um gênero necessariamente breve, é perigoso recorrermos ao
erro de sermos superficiais demais. Nosso texto precisa mostrar ao leitor as principais
características do fato cultural, sejam elas boas ou ruins, mas sem esquecer de argumentar
em determinados pontos e nunca usar expressões como “Eu gostei” ou “Eu não gostei”.

Tipos de Resenha

As resenhas se subdividem em resenha crítica e resenha descritiva.


A resenha descritiva é mais simples, limitando-se a trazer um resumo da obra em
questão, sem incluir julgamentos de valor. Neste caso, ela é chamada também de sinopse.
A resenha crítica, além do resumo da obra, traz comentários do resenhador,
avaliando pontos positivos e negativos da obra resenhada. Seguem, abaixo, passos ou
“dicas” para a produção de uma resenha completa:
1. Identifique a obra: coloque os dados bibliográficos essenciais do livro,
texto, artigo ou filme que você vai resenhar;
2. Identifique o autor: Cuidado! Aqui você fala quem é o autor da obra
que foi resenhada e não do autor da resenha (no caso, você). Fale brevemente da
vida e de algumas outras obras do autor da obra, seja escritor, diretor ou
pesquisador.
3. Descreva a estrutura da obra: diga sucintamente de que tipo de
material se trata e suas principais características; se for um filme, por exemplo, sua
duração; se for um texto, se se trata de um texto curto ou se há divisão em capítulos,
em seções, ou até, de forma sutil, o número de páginas do texto completo;
4. Descreva o conteúdo: Aqui, faça um resumo do conteúdo do filme ou
texto resenhado;

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5. Analise de forma crítica: Nessa parte, e apenas nessa parte, você


vai dar sua opinião. Argumente apontando aspectos positivos e/ou negativos da obra
Dê asas ao seu senso crítico.
6. Recomende a obra: Você já leu, já resumiu e já deu sua opinião,
agora é hora de analisar se a obra merece ou não ser indicada para que outros
tenham acesso a ela.

Vamos ver como isto se dá na prática analisando o texto que se segue, uma
resenha de um livro.

MEMÓRIA – ricas lembranças de um precioso modo de vida

O Diário de uma garota (Record, Maria Julieta Drummond de Andrade) é um texto


que comove de tão bonito. Nele o leitor encontra o registro amoroso e miúdo dos pequenos
nadas que preencheram os dias de uma adolescente em férias, no verão antigo de 41 para
42.
Acabados os exames, Maria Julieta começa seu diário, anotado em um caderno de
capa dura que ela ganha já usado até a página 49. É a partir daí que o espaço é todo da
menina, que se propõe a registrar nele os principais acontecimentos destas férias para mais
tarde recordar coisas já esquecidas.
O resultado final dá conta plena do recado e ultrapassa em muito a proclamada
modéstia do texto que, ao ser concebido, tinha como destinatária única a mãe da autora, a
quem o caderno deveria ser entregue quando acabado.
E quais foram os afazeres de Maria Julieta naquele longínquo verão? Foram
muitos, pontilhados de muita comilança e de muita leitura: cinema, doce-de-leite, novena, o
Tico-Tico, doce-de-banana, teatrinho, visita, picolés, missa, rosca, cinema de novo, sapatos
novos de camurça branca, o Cruzeiro, bem-casados, romances franceses, comunhão,
recorte de gravuras, Fon-Fon, espiar casamentos, bolinho de legumes, festas de
aniversário, Missa do Galo, carta para a família, dor-de-barriga, desenho de aquarela,
mingau, indigestão... Tudo parecia pouco para encher os dias de uma garota carioca em
férias mineiras, das quais regressa sozinha, de avião.
Tantas e tão preciosas evocações resgatam do esquecimento um modo de vida
que é hoje apenas um dolorido retrato na parede. Retrato, entretanto, que, graças à arte de
Julieta, escapa da moldura, ganha movimentos, cheiros, risos e vida.
O livro, no entanto, guarda ainda outras riquezas: por exemplo, o tom autêntico de
sua linguagem, que, se, como prometeu sua autora, evita as pompas, guarda, não obstante,

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o sotaque antigo do tempo em que os adolescentes que faziam diários dominavam os


pronomes cujo/a/os/as, conheciam a impessoalidade do verbo haver no sentido de existir e
empregavam, sem pestanejar, o mais-que-perfeito do indicativo quando de direito...
Outra e não menor riqueza do livro é o acerto de seu projeto gráfico, aos cuidados
de Raquel Braga. Aproveitando para ilustração recortes que Maria Julieta pregava em seu
diário e reproduzindo na capa do livro a capa marmorizada do caderno, com sua lombada e
cantoneiras imitando couro, o resultado é um trabalho em que forma e conteúdo se casam
tão bem casados que este Diário de uma garota acaba constituindo uma grande festa para
seus leitores.

Marisa Lajolo. In: Jornal da Tarde, 18 jan., 1986

O texto é uma resenha crítica, pois nele a resenhadora apresenta um breve resumo
da obra, mas também faz uma apreciação do seu valor (exemplo, 1º período do 1º parágrafo,
3º parágrafo). Ao comentar a linguagem do livro (6º parágrafo) emite um juízo de valor sobre
ela, estabelecendo um paralelo entre os adolescentes da década de 40 e os de hoje do
ponto de vista da capacidade de se expressar por escrito. No último parágrafo comenta o
projeto gráfico da obra e faz uma apreciação a respeito dele.
A parte descritiva é reduzida ao mínimo indispensável. Apenas o título completo da
obra, a editora e no nome da autora são indicados.
Estamos diante de uma resenha muito bem feita, pois se atém apenas aos
elementos pertinentes para a finalidade a que se destina: informar o público leitor sobre a
existência e as qualificações do livro.

EXERCÍCIO

1. Leia as duas resenhas que se seguem. Você vai notar que, embora se refiram ao
mesmo filme, apresentam vários pontos conflitantes. Por se tratar de um texto de
caráter subjetivo, em que a opinião do autor, embora bem fundamentada, constitui
uma de suas principais bases, é comum que uma mesma obra seja avaliada de
forma totalmente diversa por diferentes resenhadores. A seguir, responda as
questões que se seguem:

TEXTO I:
CLOVERFIELD – MONSTRO (Autor da crítica: Roberto Sadovski)
(Cloverfield, EUA, 2007)

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Diretor: Matt Reeves


Elenco: Mike Vogel, Blake Lively, Lizzy Caplan
Duração: 85 min, Gênero: Ficção Científica; Classificação: 14 anos.

AVALIAÇÃO 8.5
Crítica
Cloverfield é um filme de monstro. Na tradição de Godzilla ou King Kong, é sobre uma
criatura que ataca Nova York. Ao mesmo tempo, não é: o foco são pessoas que vêem sua
vida abalada por algo extraordinário. Na verdade, não existem grandes novidades no longa
de Matt Reeves. A câmera tremida, carregada por um dos personagens o tempo todo? A
Bruxa de Blair já realizou isso. Fazer suspense com o visual da criatura? Spielberg inventou
o artifício (por necessidade orçamentária, é bem verdade) em Tubarão. Cloverfield é um
clone de filmes de monstro fabricados por todo o mundo. Ainda assim - ou talvez por causa
disso - é uma experiência brilhante, um passeio visceral, claustrofóbico e intenso. Na
primeira cena, já sabemos que Nova York virou poeira. O que é mostrado nos enxutos 75
minutos seguintes é o conteúdo da fita na câmera de Rob Hawkins (Michael Stahl-David),
recuperada no que costumava ser o Central Park. De mudança para o Japão, Rob ganha
festa-surpresa registrada em vídeo por seu amigo, Hud (T.J. Miller), interrompida quando
uma explosão marca a chegada de.... algo a Nova York. Matt Reeves foi esperto ao manter
a ação na câmera carregada por Hud - ou seja, não acompanhamos a reação militar, as
decisões do governo, não há tramas paralelas. A criatura é vislumbrada de relance no
caminho dos protagonistas para fugir de Manhattan. O roteiro entrega o necessário para que
a platéia entenda o que move cada personagem. A ação é na medida para causar o máximo
de impacto. Cloverfield é um clone. Mas, graças ao apuro do produtor JJ Abrams, que
bancou a brincadeira, ele só copiou, e muito bem, o filé.

Retirado do site: (da Revista SET, sobre cinema)


http://www.setonline.com.br/
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TEXTO II:

 CLOVERFIELD – MONSTRO, de Matt Reeves (Cloverfield, EUA, 2007)


Criador do seriado Lost e diretor do revigorante Missão Impossível III, J. J. Abrams
assina a produção desse terror experimental, capaz de deixar insatisfeita boa parte da
platéia. Não faltam motivos para a decepção – seja pelos diálogos toscos, seja nas escuras
cenas de ação, seja pela incômoda câmera trepidante. Mas tudo faz parte de um curioso

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espetáculo radical, comandado por um cineasta estreante. O produtor é explícito em sua


síntese: trata-se de uma mistura de Godzilla com A Bruxa de Blair. Daí, uma única câmera
mostrar a angústia dos moradores de Nova York diante dos estragos provocados por um
monstrengo arrasador. O jovem Hud (T. J. Miller) pilota o equipamento amador para recolher
imagens da festa de despedida do amigo Rob (Michel Stahl-David), de partida para o Japão.
Quando o bichão dá as caras, o cameraman não perde o foco para registrar a destruição de
Manhattan. Com Lizzy Caplan e Jessica Lucas (85 min.). 14 anos.

Retirado da Revista Veja Rio


(Observação: na cotação adotada pela revista, duas estrelas indicam o filme como
“regular”.)

a) Aponte aspectos coincidentes entre os dois textos, momentos em que informações


ou opiniões dos dois críticos coincidam:

b) Agora, aponte divergências entre as visões dos dois críticos.

c) A seu ver, a avaliação negativa dada pelo crítico da Veja ao filme está bem
justificada pela análise que ele faz da obra? Justifique sua resposta.

d) E quanto ao crítico da Set, em sua opinião, os comentários feitos por ele justificam a
nota 8,5 atribuída ao filme? Justifique sua opinião também.

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TEXTO TÉCNICO: RESUMO

Resumo é uma condensação fiel das ideias ou dos fatos contidos no texto. Resumir
um texto significa reduzi-lo ao seu esqueleto essencial sem perder de vista três elementos:
a. cada uma das partes essenciais do texto;
b. a progressão em que elas se sucedem;
c. a correlação que o texto estabelece entre cada uma dessas partes.

Muitas pessoas julgam que resumir é reproduzir frases ou partes de frases do texto
original, construindo uma espécie de "colagem". Essa "colagem" de fragmentos do texto
original NÃO É UM RESUMO! Resumir é apresentar, com as próprias palavras, os pontos

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relevantes de um texto. A reprodução de frases do texto, em geral, atesta que ele não foi
compreendido.
Para elaborar um bom resumo, é necessário compreender antes o conteúdo global
do texto. Não é possível ir resumindo à medida que se vai fazendo a primeira leitura.
É evidente que o grau de dificuldade para resumir um texto depende basicamente de
dois fatores:

a. da complexidade do próprio texto (seu vocabulário, sua estruturação sintático-


semântica, suas relações lógicas, o tipo de assunto tratado etc.);

b. da competência do leitor (seu grau de amadurecimento intelectual, o repertório de


informações que possui, a familiaridade com os temas explorados).

Alguns procedimentos para diminuir as dificuldades de elaboração do resumo:

1. Ler uma vez o texto, ininterruptamente, do começo até o fim: sem a noção do conjunto, é
mais difícil entender o significado preciso de cada uma das partes. Essa primeira leitura
deve ser feita com a preocupação de responder à seguinte pergunta: do que trata o texto?

2. Uma segunda leitura é sempre necessária. Mas esta, com interrupções, com o lápis na
mão, para compreender melhor o significado de palavras difíceis (se preciso, recorra ao
dicionário) e para captar o sentido de frases mais complexas (longas, com inversões, com
elementos ocultos), bem como as conexões entre elas;

3. Num terceiro momento, tentar fazer uma segmentação do texto em blocos de ideias que
tenham alguma unidade de significação. Em um texto pequeno, normalmente pode-se
adotar como critério de segmentação a divisão em parágrafos. Quando se trata de um texto
maior (o capítulo de um livro, por exemplo) é conveniente adotar um critério de
segmentação mais funcional, o que vai depender de cada texto. Em seguida, com palavras
abstratas e mais abrangentes, tenta-se resumir a ideia ou as ideias centrais de cada
fragmento.

4. Dar a redação final com suas palavras, procurando não só condensar os segmentos mas
encadeá-los na progressão em que se sucedem no texto e estabelecer as conexões entre
eles.

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Observe como se deu o processo de resumo do texto que se segue:

(Material gentilmente cedido pela professora Maria da Graça Cassano)

Alimentação nas primeira etapas da vida e obesidade


Dra. Maria Cristina Elias (Texto modificado para fins didáticos)

Alguns estudos demonstraram uma correlação entre a obesidade ou o excesso de


peso durante a infância e o surgimento de obesidade na vida adulta.
Pesquisas recentes mostram a importância dos fatores ambientais que pré-
determinam o estado nutricional já em etapas precoces da vida. O modo impulsivo,
desorganizado e indisciplinado de se alimentar pode estar relacionado com práticas
incorretas iniciadas na infância.
É fundamental que hábitos alimentares corretos sejam iniciados desde os primeiros
anos, orientando a criança sobre a importância de uma alimentação balanceada, evitando-
se, assim, práticas que possam predispor à obesidade, tais como: (1) atraso na introdução
de legumes em pedaços, porções de carne, arroz e feijão em grãos; (2) uso de alimentos
como fonte de consolo ou recompensa; (3) tolerância aos modismos na alimentação; (4)
consumo exagerado de balas, bolos, sorvetes, refrigerantes, batata frita, hambúrguer e
salgadinhos.
A alimentação disciplinada e um estilo de vida positivo e ativo são, provavelmente, a
forma mais eficaz de prevenir o excesso de peso em idades posteriores.
164 palavras

Estudos demonstraram a relação existente entre obesidade na vida adulta e excesso


de peso na infância. Fatores ambientais, que favorecem hábitos alimentares equivocados já
na infância, favorecem o excesso de peso em anos posteriores. Por isso, é necessário,
desde os primeiros anos, a introdução de alimentos sólidos e o consumo moderado de
doces, refrigerantes, frituras, além de não se usar alimentos como formas de recompensa. O
excesso de peso na vida adulta pode ser evitado se, desde cedo, optar-se por uma
alimentação saudável, associada a uma vida ativa 88 palavras

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Haveria uma relação entre obesidade na vida adulta e hábitos alimentares


equivocados já na infância. Por isso deve-se, desde os primeiros anos, incentivar a criança
a uma alimentação saudável e sólida na época certa, evitando-se frituras e doces em
excesso ou como recompensa. Cuidados simples assim, associados a uma vida ativa,
contribuem para que se mantenha o peso em equilíbrio sempre.
61 palavras

Estudos associam obesidade a maus hábitos alimentares desde a infância. Somente


uma alimentação saudável associada à prática de exercícios já desde cedo pode evitar o
sobrepeso em idades posteriores
29 palavras

Uma vida ativa e hábitos alimentares saudáveis desde a infância garantem peso
equilibrado e saúde na idade adulta.
18 palavras

PROPOSTA DE EXERCÍCIO:
Compare os resumos e descubra os recursos empregados para que o texto original pudesse
ir sendo reduzido cada vez mais. Que elementos foram retirados? Quais permaneceram?

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TEXTO TÉCNICO: RELATÓRIO

O relatório é um documento em que são registrados os resultados de uma


experiência, um procedimento ou uma ocorrência. É usado tanto no setor público como no
privado. Veja algumas situações em que pode ser usado: um gerente de banco pode
apresentar a seu superior um relatório com o número de contas correntes abertas e
fechadas no mês, empréstimos concedidos, etc.; um grupo de pesquisadores pode
apresentar ao laboratório que os emprega um relatório com os resultados dos experimentos
sobre um novo remédio; e uma comissão de parlamentares designados para investigar uma
denúncia de corrupção pode apresentar um relatório com suas conclusões.
Normalmente, o relatório apresenta as seguintes partes:
1. Título: objetivo e sintético.

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2. De: designa o remetente.


3. Para: refere-se ao destinatário.
4. Assunto: apresenta o objetivo do trabalho.
5. Referências: fontes de consulta.
6. Texto principal: desenvolvimento do relatório.
7. Conclusões: resumo, resultados, constatações, sugestões.

Pode haver também um vocativo, no início, e local e data, no início ou no final.


Também a assinatura e o cargo do remetente podem ser colocados depois do fecho. A
linguagem deve ser clara, objetiva e concisa e, em geral, segue a variedade padrão formal.
Para complementar o texto é possível acrescentar gráfico, tabela, quadro informativo,
descrições, relatos de fatos ou dados numéricos.
Veja estes exemplos.

Texto 1: (relatório de atividade acadêmica)

De: FULANO/GRUPO 1
Para: PROFESSOR DE LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS
Objeto: Leitura do livro Dom Casmurro
Referência: ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo, Klink, 1997.

Texto Principal (Resumo do enredo do romance):

O livro foi publicado em 1900 e é um dos romances mais conhecidos de Machado de


Assis. O personagem principal, Bentinho, é destinado à vida sacerdotal em cumprimento a
uma antiga promessa de sua mãe. No entanto, não permanece no seminário, pois não se
sente atraído pelos rituais católicos. Bentinho se apaixona por uma jovem, Capitu, e com ela
se casa e tem um filho - Ezequiel. Esta criança traz problemas futuros ao casal, já que, com
a morte do seu melhor amigo, Escobar, e com a forma estranha de Capitu despedir-se dele
somados à aparência física de Ezequiel com o defunto, Bentinho sente-se cada vez mais
enciumado. Chega ao ponto de planejar o assassinato de Capitu e seu filho (depois se
suicidaria), mas não tem coragem de concretizar o plano. A tragédia dilui-se na separação
do casal. Ao final do livro, Bentinho parece fechar-se cada vez mais em suas dúvidas,
passando a ser chamado de Casmurro por seus amigos e vizinhos. Põe-se, então, a
escrever um romance sobre sua vida.

Conclusão: Depreendemos a partir desta leitura que esta obra trabalha com a

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psicologia do ser humano, além de revelar uma outra visão da mulher, não aquela vista na
sociedade (semelhante a um anjo), mas à que tem tendências parecidas com as do homem
daquela sociedade novecentista. Há algo ainda a acrescentar: não se pode afirmar, apenas
na experiência de Bentinho, que Capitu realmente o traiu, cabendo ao leitor a sua
condenação ou a sua absolvição.

Texto 2: (relatório de atividade de supervisão)


Timbre da empresa

RELATÓRIO

Para: Newton Chaves - Gerente de vendas


De: Lucas Gontijo - Supervisor de vendas
Assunto: Relatório de visitas a pontos-de-venda
Data: 12 de fevereiro de 2013.

Senhor Gerente:

Envio-lhe, anexo, mapa com os pontos-de-venda visitados e avaliação do nosso


atendimento. Embora cada revendedor seja uma realidade única, há alguns aspectos gerais
que passo a destacar a seguir.

1. Atendimento do vendedor. Essa é a principal deficiência da nossa empresa. Falta


qualificação aos nossos vendedores. Alguns compradores queixam-se do tratamento
que recebem do nosso representante. E as visitas não são feitas obedecendo a
cronograma rigoroso.
2. Nossos produtos. Nossos produtos são de boa qualidade e de grande aceitação pelos
clientes que a eles têm acesso. O problema é exatamente o acesso. A exposição da
nossa linha de artigos é deficiente, sobretudo nos médios e grandes supermercados.
Ocupamos poucas frentes nas prateleiras e quase não temos pontas de gôndolas.
Alguns itens, como o Achocolatado Diet, andam quase sumidos.

3. Recomendações:
 treinar e até, em alguns casos, substituir vendedores;
 intensificar as visitas dos supervisores;
 contratar mais degustadoras;

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 conscientizar o pessoal de todos os níveis das ótimas chances que temos para
crescer muitos pontos na participação das vendas do setor de alimentos enlatados.

Atenciosamente
Lucas Gontijo
Supervisor de Vendas

Relatório é um gênero textual em que se expõem os resultados de atividades


variadas.

Oficina de Produção:
Proposta de elaboração de texto (Relatório)
A partir da proposta abaixo, produza um relatório de acordo com as características textuais
estudadas.

1ª proposta: leia o relatório a seguir.

Timbre
RELATÓRIO

Para: Coordenador da 2ª Coordenadoria Regional de Educação


De: Supervisor de Patrimônio
Assunto: Inspeção de cancha de esportes
Data: 6 de fevereiro de 2006

Senhor Coordenador:

Estive inspecionando, conforme suas orientações, a cancha de esportes da escola


de Ensino Fundamental São Francisco de Assis, com o objetivo de averiguar a veracidade
das denúncias de pais que apontaram falta de condições físicas do local. Afirmaram os
denunciantes que a cobertura ofereceria perigo às crianças e pessoas que normalmente
circulam nas dependências do citado local. Foram apontados também problemas nos
vestiários e sanitários, como falta de chuveiro e deficiência na ventilação e na iluminação.
Vistoriei o local demoradamente em todas as dependências e constatei o seguinte:

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a) Cobertura - A cobertura do imóvel realmente não se encontra em boas condições.


Há várias telhas com rachaduras. A água da chuva (estive no local em dia chuvoso)
invade o ambiente em vários pontos, e inclusive impede a prática de qualquer
esporte ou de Educação Física em dias de chuva. Todavia, não constatei danos
estruturais que possam representar risco à integridade física dos freqüentadores.
Recomendo a substituição das telhas danificadas, sob pena de se deteriorar o
madeirame que suporta o telhado e, aí sim, haveria perigo até de queda da
cobertura.
b) Sanitários - Nos banheiros e vestiários constatei falta de alguns chuveiros,
lâmpadas queimadas e vidraças estilhaçadas. É urgente a substituição das
lâmpadas queimadas, reposição dos chuveiros e substituição das vidraças por
janelas basculantes, o que resolveria, inclusive, o problema da ventilação deficiente.
c) Pintura - Também se faz necessária pintura nova em todas as dependências do
imóvel, pois o aspecto atual chega a ser deprimente.
d) Orçamento - O presente relatório segue às mãos de V. Sa. sem o orçamento
relativo às reformas necessárias, como seria recomendável. Assim estou
procedendo devido à veemência das reclamações, possibilitando, dessa forma, que
seja dada imediata satisfação aos denunciantes e à comunidade. O orçamento
completo já está sendo elaborado. Encaminhá-lo-ei assim que estiver concluído.

Atenciosamente,
Jaime Batista
Supervisor de Patrimônio

Examine as instalações da Universidade e verifique se há consertos a serem


realizados ou a necessidade de alguma reforma (por exemplo: ampliação da cantina,
construção de quadra de esportes etc.).
A partir do modelo, elabore um relatório registrando o resultado da inspeção.
Justifique com explicações ou até mesmo com argumentos variados as requisições de
conserto ou as sugestões de reforma. Lembre-se de adaptar os dados do cabeçalho. O
relatório pode ser dirigido ao Reitor da Universidade ou ao Coordenador de seu curso.

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