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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA-DTEC
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

ÍTALO JEFFERSON ROCHA TEIXEIRA

ESTUDO COMPARATIVO DE DUAS ALTERNATIVAS PARA


CONTENÇÃO DE TALUDES VERTICAIS: SOLO
GRAMPEADO E CORTINA ATIRANTADA

FEIRA DE SANTANA-BA
2011
ii

ÍTALO JEFFERSON ROCHA TEIXEIRA

ESTUDO COMPARATIVO DE DUAS ALTERNATIVAS PARA


CONTENÇÃO DE TALUDES VERTICAIS: SOLO
GRAMPEADO E CORTINA ATIRANTADA

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em


Engenharia Civil, da Universidade Estadual de Feira de
Santana – UEFS, como parte integrante dos requisitos para
obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. D.Sc. João Carlos Baptista Jorge da Silva

FEIRA DE SANTANA-BA
2011
iii

ÍTALO JEFFERSON ROCHA TEIXEIRA

ESTUDO COMPARATIVO DE DUAS ALTERNATIVAS PARA


CONTENÇÃO DE TALUDES VERTICAIS: SOLO
GRAMPEADO E CORTINA ATIRANTADA

Esta monografia foi julgada e aprovada como parte dos requisitos para a obtenção do
título de Bacharel em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Feira de
Santana.

Feira de Santana, 13 de setembro de 2011.

APROVADA POR:

________________________________________________________
Prof. D.Sc. João Carlos Baptista Jorge da Silva (Orientador)
Universidade Estadual de Feira de Santana

_________________________________________________________
Profª. D.Sc. Maria do Socorro Costa São Matheus (Examinadora)
Universidade Estadual de Feira de Santana

_________________________________________________________
Prof. Areobaldo Oliveira Aflitos (Examinador)
Universidade Estadual de Feira de Santana
iv

Dedico essa monografia a


Jolívia Rocha, pelos valores
morais de amor e respeito.
v

Agradecimentos

Primeiramente a Deus, por toda a força e iluminação concedida nas horas


de dificuldade.

Desejo também expressar minha gratidão ao orientador João Carlos por


todo o estímulo, orientação e experiência passados durante a realização deste trabalho.

Agradeço à professora Socorro, e aos professores João Carlos, Uchoa,


Areobaldo e Carlos Henrique, pelos conhecimentos compartilhados, nas áreas de
geotecnia, geologia, e solos.

Agradeço em especial aos professores Freitas e Carlos Alves, pela


agradável convivência e por todos os conceitos passados.

Agradeço enfim, a todos os professores que fizeram parte da minha


formação ao longo de todo o curso de graduação. Os conhecimentos passados por
vocês não se limitam à sala de aula, ou ao exercício profissional, todas as experiências
compartilhadas, as cobranças e palavras de reflexão passadas, se estendem como
ensinamentos para a vida, formando cidadãos mais conscientes e preparados, e pessoas
de valor.

Agradeço a aqueles de minha família, que me apoiaram ao longo do curso.


em principal a minha mãe, por todo o apoio, dedicação e amor incondicional, que me
permitiram seguir por essa jornada com força e confiança, atravessando os momentos
mais árduos.

Aos meus amigos. Aqueles de longa data, aos quais ainda mantenho em alto
valor todas as histórias vividas. Aos adquiridos ao longo do curso, que espero manter
unidos nessa nova etapa da vida. Aos colegas Luan, Yuri, Rafael, Danillo, Kleber,
Marcello, Saulo, Cleberson, Nivaldo, Beth e todos aqueles que compartilharam dessa
experiência marcante que foi o período de graduação.
vi

Resumo

Técnicas de estabilização de taludes vêm sendo cada vez mais empregadas em


campo, principalmente devido aos elevados valores de mercado para terrenos em grandes
centros urbanos. Cortes verticais e aterros de grandes dimensões, muitas vezes são essenciais
para a implantação de empreendimentos dos mais variados tipos. Com isto, um estudo de
viabilidade técnico-econômica, é o que garante a aplicação da melhor solução para cada caso.
Buscou-se com essa monografia, avaliar a nível teórico duas soluções de contenção para uma
mesma situação de obra. Comparando aspectos funcionais e econômicos de soluções em solo
grampeado e de cortina atirantada. Ambas foram dimensionadas, segundo metodologias
clássicas de dimensionamento, e os parâmetros qualitativos adotados são fruto de estudos
presentes na literatura sobre cada tipo de contenção. O levantamento econômico é apresentado
em função de valores de mercado pertinentes à data de estudo. É apresentado que as duas
modalidades de intervenção, para promover a estabilidade do maciço, possuem vantagens em
setores distintos. Observou-se que o solo grampeado possui um custo de execução
consideravelmente inferior ao da cortina atirantada. No entanto, avaliando o desempenho da
estrutura e as movimentações no maciço contido, a cortina atirantada revela um melhor
comportamento dentre as duas soluções estudadas.

Palavras Chave: Estabilidade de Taludes, Geotecnia, Solo grampeado, Cortina


atirantada.
vii

Abstract

Slope stabilization techniques are being increasingly employed in the field,


mainly due to higher market values for land in urban centers. Vertical cuts and large
landfills are often essential for the construction of projects of all kinds. A study of
technical and economic viability is what ensures the implementation of best solution
for each case. We tried with this work, evaluate theoretically, two containment
solutions for the same situation. Comparing functional and economic aspects of
solutions in soil nailing and anchored wall. Both were designed according to classical
design methodologies, and qualitative parameters adopted are the result of studies in
the literature on each type of solution. The economic survey is based in terms of
market values relevant at the time of study. It is shown that the two types of assistance,
to promote stability of the slope, have advantages by different kinds. It was observed
that soil nailing, has a considerably lower cost of running the anchored wall. However,
evaluating the performance of the structure and the contained soil deformations, the
anchored wall reveals better behavior among the two solutions studied.

Keywords: Slope Stability, Geotechnical Engineering, Soil nailing, ground


anchor wall.
viii

Sumário
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1

1.1 TEMA DE ESTUDO ......................................................................................................... 1

1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 1

1.3 OBJETIVO ........................................................................................................................ 2

1.4 HIPÓTESE......................................................................................................................... 3

1.5 METODOLOGIA.............................................................................................................. 3

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 4

2.1 TALUDES .......................................................................................................................... 4

2.1.1 MOVIMENTOS DE TALUDES .................................................................................... 4

2.1.2 CAUSAS DE MOVIMENTOS DE TALUDES ............................................................. 7

2.2 FATOR DE SEGURANÇA (FS) ....................................................................................... 8

2.3 ANÁLISE DE ESTABILIDADE ...................................................................................... 9

2.3.1 MÉTODOS PARA CÁLCULO DE ESTABILIDADE DE TALUDES ......................... 9

2.3.1.1 MÉTODO DE FELLENIUS ...................................................................................... 10

2.3.1.2 MÉTODO DE BISHOP ............................................................................................. 13

2.4 TIPOS DE CONTENÇÕES ........................................................................................... 14

2.5 CORTINA ATIRANTADA ............................................................................................. 16

2.5.1 O QUE É CORTINA ATIRANTADA .......................................................................... 16

2.5.1.1 COMPONENTES DO TIRANTE.............................................................................. 16

2.5.2 METODOLOGIA EXECUTIVA .................................................................................. 20

2.5.2.1 PREPARO DOS TIRANTES ..................................................................................... 20

2.5.2.2 PERFURAÇÃO.......................................................................................................... 20

2.5.2.3 INSTALAÇÃO E INJEÇÃO DOS TIRANTES ........................................................ 21

2.5.2.4 PROTENSÃO ............................................................................................................ 22


ix

2.5.3 DIMENSIONAMENTO ............................................................................................... 23

2.5.4 MODOS DE RUPTURA .............................................................................................. 29

2.5.5 VANTAGENS E LIMITAÇÕES DO MÉTODO.......................................................... 32

2.6 SOLO GRAMPEADO .................................................................................................... 33

2.6.1 PROCESSO EXECUTIVO .......................................................................................... 36

2.6.1.1 ESCAVAÇÃO............................................................................................................. 37

2.6.1.2 EXECUÇÃO DO CHUMBADOR ............................................................................ 38

2.6.1.3 REVESTIMENTO DA FACE .................................................................................... 41

2.6.2 MODOS DE RUPTURA .............................................................................................. 45

2.6.3 DESLOCAMENTOS.................................................................................................... 49

2.6.4 DIMENSIONAMENTO ............................................................................................... 50

2.6.4.1 MÉTODO ALEMÃO ................................................................................................. 53

2.6.4.2 RESISTÊNCIA AO ARRANCAMENTO.................................................................. 54

2.6.4.3 RESISTÊNCIA A FLEXÃO DO GRAMPO ............................................................. 61

2.6.5 VANTAGENS E LIMITAÇÕES .................................................................................. 62

2.7 COMPARATIVO ENTRE SOLO GRAMPEADO E CORTINA ATIRANTADA.... 65

2.8 DRENAGEM ................................................................................................................... 68

3 ESTUDO DE UM CASO REAL....................................................................................... 71

3.1 INVESTIGAÇÃO DE SUBSOLO E CONSIDERAÇÕES DE PROJETO ............... 71

3.2 AVALIAÇÃO DE ESTABILIDADE .............................................................................. 75

3.2.1 AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................................................ 75

3.3 DIMENSIONAMENTO DE CONTENÇÃO EM CORTINA ATIRANTADA .......... 76

3.3.1 REPRESENTAÇÃO E DETALHES DO PROJETO ................................................... 80

3.4 DIMENSIONAMENTO DE CONTENÇÃO EM SOLO GRAMPEADO ................. 83

3.4.1 ESTABILIDADE DO REFORÇO COMO MURO DE GRAVIDADE ....................... 83


x

3.4.2 DIMENSIONAMENTO DE SOLO GRAMPEADO UTILIZANDO O MÉTODO


ALEMÃO ................................................................................................................................. 84

3.4.3 REPRESENTAÇÃO E DETALHES DO PROJETO ................................................... 89

3.5 ORÇAMENTO ................................................................................................................ 92

4 CONCLUSÃO .................................................................................................................... 94

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 96

Anexo A.................................................................................................................................... 99

A.1 ANÁLISE DE ESTABILIDADE DO TALUDE ESCAVADO. .................................... 99

A.1.1 CUNHA DE DESLIZAMENTO 01: ............................................................................ 99

A.1.2 CUNHA DE DESLIZAMENTO 02: .......................................................................... 101

A.1.3 CUNHA DE DESLIZAMENTO 03: .......................................................................... 103

Anexo B.................................................................................................................................. 105

B.1 CÁLCULO DAS FORÇAS NOS GRAMPOS (MÉTODO DE GÄSSLER). ........... 105

B.1.1 SUPERFÍCIE 01: ........................................................................................................ 105

B.1.2 SUPERFÍCIE 02: ........................................................................................................ 105

B.1.3 SUPERFÍCIE 03: ........................................................................................................ 106


xi

Lista de Figuras
Figura 2.1-Representação gráfica dos movimentos tipo: queda (a), tombamento (b),
escorregamento rotacional, em cunha e planar ou translacional (c1, c2 e c3), espalhamento
(d), corrida lenta de terra, de areia seca e de detritos (e1, e2, e3) e rastejo ou fluência (f)
(TURNER & SCHUSTER, 1996 apud AGUIAR, 2008)........................................................... 6

Figura 2.2: Forças atuantes para um método de fatias (GERSCOVICH, 2009). ..................... 11

Figura 2.3 - Elementos do tirante, NBR 5629 (ABNT, 1996). ................................................. 19

Figura 2.4 –Superfície crítica (FSmin) pelo método de Culmann (GERSCOVICH, 2009). ..... 23

Figura 2.5–Tipos de ruptura em cortina atirantada: (a) Ruptura do tirante; (b) Insuficiência de
ancoragem do bulbo; (c) Insuficiência da protensão no tirante; (d) Baixa rigidez flexural da
cortina; (e) Ruptura por insuficiência do empuxo passivo; (f) Ruptura por rotação-antes da
colocação do primeiro nível de tirante; (g) Baixa capacidade de carga da fundação; (h)
Ruptura por tombamento; (i) Ruptura por cisalhamento; (j) Ruptura global (STROM &
EBELING, 2002 apud MENDES 2010). ................................................................................. 30

Figura 2.6–Ensaios em cortina multiancoradas em solo: rotação ao redor do topo (foto


superior); rotação ao redor da base (foto intermediária); cortina inclinada de 15º com rotação
ao redor da base (foto inferior) (DINA, 1973 apud MORE, 2003). ......................................... 31

Figura 2.7 - Primeira estrutura em solo grampeado na França (CLOUTERRE, 1991 apud
LIMA, 2007). ............................................................................................................................ 34

Figura 2.8 - Construção de estrutura em solo grampeado em escavações com equipamentos


mecânicos (ZIRLIS et al., 1999). ............................................................................................. 36

Figura 2.9 - Escavações em bermas de equilíbrio (LIMA 2007).............................................. 38

Figura 2.10 – Cravação dos grampos pelo processo Hurpinoise (SILVA, 1999). .................... 40

Figura 2.11 – Processo Titan (Dywidag) de instalação do reforço (ORTIGÃO & PALMEIRA,
1992 apud LIMA 2007). ........................................................................................................... 41

Figura 2.12 – Grampos parafusados (CHANCE, 2005 apud LIMA 2007). ............................. 41

Figura 2.13 – Aplicação de concreto projetado sobre superfície de talude com utilização de
tela soldada (LIMA, 2007). ...................................................................................................... 42

Figura 2.14 – Detalhe entre a utilização de tela e fibra (ZIRLIS et al., 1999) ......................... 42

Figura 2.15 – Detalhe típico de revestimento com grama para taludes de solo grampeado
(SOLOTRAT, 2011). ................................................................................................................ 43

Figura 2.16 – Aplicação de revestimento em grama para obra de recuperação de talude com
aplicação de solo grampeado (ALONSO, 2005). ..................................................................... 44
xii

Figura 2.17 - Distribuição de tensões e deslocamentos em taludes grampeados (LAZARTE et


al., 2003 apud LIMA, 2007). .................................................................................................... 45

Figura 2.18 - Esforços axiais na cabeça de um grampo durante as sucessivas fases de


escavação (CLOUTERRE, 1991 apud LIMA 2007). ............................................................... 46

Figura 2.19 – Ideia do mecanismo, preponderando, no grampo, os esforços cisalhantes e


fletores (FEIJÓ, 2007). ............................................................................................................. 47

Figura 2.20 – Modos de ruptura: a) arranchamento dos grampos, b) estrutural do grampo e c)


estrutural da face (FEIJÓ 2007)................................................................................................ 48

Figura 2.21 – Esquema das deformações em taludes grampeados (modificado de BYRNE et


al.,1998 por LIMA 2007).......................................................................................................... 50

Figura 2.22 – Mecanismo de ruptura proposto por Stocker et al. (1979) apud Feijó (2007). .. 53

Figura 2.23 – Ábacos para cálculo da estabilidade de casos padronizados (GÄSSLER &
GUDEHUS, 1981 apud SILVA, 2009). .................................................................................... 54

Figura 2.24 – Esquema de aparato para execução de ensaio de arrancamento (PORTERFIELD


et al., 1994, apud LIMA 2007). ................................................................................................ 55

Figura 2.25 – Resultado de ensaio de arrancamento em solo residual não saturado (FEIJÓ
2007). ........................................................................................................................................ 56

Figura 2.26a – Correlação entre qs com a pressão limite do pressiômetro de Ménard (p1) e
N(SPT), para solos arenosos (LIMA, 2007, adaptado de CLOUTERRE, 1991). .................... 58

Figura 2.26b – Correlação entre qs com a pressão limite do pressiômetro de Ménard (p1) e
N(SPT), para solos argilosos (LIMA, 2007, adaptado de CLOUTERRE, 1991)..................... 59

Figura 2.27 – Detalhe representativo de partes constituintes de chumbador (ZIRLIS, 1999). 60

Figura 2.28 – Analogia do grampo a uma estaca carregada horizontalmente no topo


(MITCHELL & VILLET, 1987, apud FEIJÓ, 2007). .............................................................. 62

Figura 2.29- Mecanismos de transferência de carga (ORTIGÃO & SAYÃO, 2000 apud
LIMA, 2007). ............................................................................................................................ 68

Figura 2.30 – Canaleta trapezoidal em talude de aterro. (DENIT, 2006). ................................ 69

Figura 2.31 – Detalhe esquemático de dreno sub-horizontal profundo (ZIRLIS, 1999).......... 70

Figura 2.32 – Dreno de paramento e barbacã (ZIRLIS, 1999). ................................................ 70

Figra 3.1a – Perfil de sondagem a percussão (SPT), furo nº11 (SENAI/CIMATEC, 2007). ... 73

Figra 3.1b – Perfil de sondagem a percussão (SPT), furo nº12 (SENAI/CIMATEC, 2007). ... 74

Figura 3.2- Representação da locação dos tirantes na face da contenção ................................ 81


xiii

Figura 3.3- Representação em corte da locação e comprimento dos tirantes. .......................... 82

Figura 3.4- Configuração de análise e diagrama de esforços pelo método Alemão, para
θ=40º... ...................................................................................................................................... 86

Figura 3.5 - Representação da locação dos grampos na face da contenção ............................. 90

Figura 3.6 - Representação em corte da locação e comprimento dos grampos ........................ 91

Figura A1 – Cunha de deslizamento 01. ................................................................................... 99

Figura A2 – Cunha de deslizamento 02. ................................................................................. 101

Figura A3 – Cunha de deslizamento 03. ................................................................................. 103

Figura B1 – Análise da superfície de deslizamento 01 (θ=35º) pelo método de Gässler. ...... 107

Figura B2 – Análise da superfície de deslizamento 02 (θ=40º) pelo método de Gässler. ...... 108

Figura B3 – Análise da superfície de deslizamento 03 (θ=45º) pelo método de Gässler. ...... 109
xiv

Lista de Tabelas
Tabela 2.1 - Valores típicos de Fator de segurança pela NBR 11682 (ABNT, 2009). ................ 8

Tabela 2.2 - Características dos métodos de Análise de Estabilidade de Taludes (FREDLUND


& KRAHN, 1977 apud STRAUSS, 1998). .............................................................................. 10

Tabela 2.3 – Valores de coeficiente de ancoragem (Kf), pela NBR 5629 (ABNT, 1996). ....... 27

Tabela 2.4 – Valores típicos de k e deslocamentos verticais e horizontais máximos baseados


em resultados empíricos (CLOUTERRE, 1991 apud LIMA, 2007). ....................................... 49

Tabela 2.5 – Características dos métodos de cálculo em solo grampeado (LIMA, 2007,
adaptado de ABRAMSON et al.,1996). ................................................................................... 52

Tabela 2.6 – Carga de trabalho e arrancamento dos grampos (SILVA, 2006). ......................... 56

Tabela 2.7 – Estimativa da resistência ao cisalhamento no contato solo-grampo, qs


(LAZARTE et al. apud LIMA, 2007). ..................................................................................... 57

Tabela 2.8 – Determinação de qs por correlações empíricas (LIMA, 2007). ........................... 58

Tabela 2.9 – Comparação entre cortina atirantada e solo grampeado ...................................... 65

Tabela 3.1 – Fator de segurança para diferentes superfícies de ruptura. .................................. 75

Tabela 3.2 – Resumo de cálculo de cortinas atirantadas. ......................................................... 76

Tabela 3.3 - (a) Muro delimitado por grampos de 8m; (b) Muro delimitado por grampos de
10m. .......................................................................................................................................... 83

Tabela 3.4 – Tensões nos grampos para diferentes superfícies de ruptura. .............................. 87

Tabela 3.5 – Orçamento para obra de cortina atirantada (adaptado de SUCOP, 2010). ........... 92

Tabela 3.6 - Orçamento para obra de solo grampeado (adaptado de SUCOP, 2010). .............. 93
1

1 INTRODUÇÃO

1.1 TEMA DE ESTUDO

Análise comparativa entre dois métodos de contenção para estabilização de


talude vertical, cortina atirantada e solo grampeado. Avaliando custos, viabilidade
técnica, vantagens e desvantagens de cada solução.

1.2 JUSTIFICATIVA

Movido pelo rápido crescimento das cidades, em algumas regiões, a


ocupação de áreas de encostas naturais é inevitável e fundamental para a implantação
de empreendimentos ou moradias. Porém, essa ocupação deve ser feita seguindo, ao
máximo, os critérios de segurança estabelecidos por norma. Uma avalição técnica feita
por um engenheiro especialista é essencial, uma vez que se trata de obras de grande
complexidade.

Ocupações urbanas em encostas foram bastante comuns na Europa na Idade


Média. Nesse período, a busca de sítios de implantação que propiciassem segurança,
do ponto de vista militar, valorizava, dentre outros, os topos de colinas ou de
montanhas. A partir desses locais estratégicos, a defesa era facilitada, a visão de
eventuais movimentos inimigos era completa e o acesso ficava dificultado aos
invasores. Desde o período colonial, o Brasil apresenta também inúmeras ocupações
urbanas em encostas. Herança da não distante Idade Média e da tradição de escolha de
sítios elevados para implantação urbana (SILVA, 2006).

As ocupações por moradias sem a adoção de critérios técnicos para a suas


construções, fato muitas vezes observado em residências de famílias mais carentes em
regiões de topografia mais acidentada, podem vir a tornar-se um problema e o
resultado dessas ocupações é um grande número de acidentes, envolvendo
2

escorregamento de encostas. Segundo Oliveira (2010), historicamente, os primeiros


estudos sobre escorregamentos remontam a mais de 2.000 anos, em países como China
e Japão. No Brasil, existem relatos tratando de escorregamentos nas encostas de
Salvador (BA), datados do império (1671). Os acidentes mais recentes, como o
ocorrido no Morro do Bumba no Rio de Janeiro e os desastres naturais em Santa
Catarina e Região Serrana do Rio de Janeiro, chamam atenção para a necessidade de
estudos de estabilidade em cortes geotécnicos de risco. Em geral, escorregamentos
geram graves consequências econômicas e perda de vidas humanas. Tendo em vista
essa situação, é imprescindível a intervenção de obras de engenharia, promovendo
estabilização de taludes em áreas de risco, para que se garanta a segurança e
viabilidade das edificações ou empreendimentos.

O estudo e controle da estabilidade de taludes podem ainda estar


relacionados à construção e recuperação de grandes obras civis, dentre elas podem-se
destacar a construção de rodovias, ferrovias, barragens, loteamentos, etc.

Existem várias soluções para estabilização de taludes, promovendo


resultados satisfatórios quanto à segurança. No entanto, os custos de implantação e o
impacto ambiental gerado são os diferenciais dentre as várias soluções. Esses fatores,
junto à estabilidade do maciço, são os mais importantes a serem observados ao se
propor uma alternativa para cada caso que esteja em estudo.

1.3 OBJETIVO

O objetivo desse trabalho foi o de realizar um comparativo entre dois dos


mais utilizados métodos de estabilização de taludes verticais para grandes alturas,
determinando qual destes apresenta um custo direto menor dentre as situações
propostas.
3

1.4 HIPÓTESE

Existem diferentes soluções de engenharia para contenção de taludes


verticais. Cada uma das soluções é aplicável para determinadas condições. Custos,
impactos ambientais e metodologias executivas são condicionantes para aplicação em
cada caso.

1.5 METODOLOGIA

Este estudo teve como base a revisão de literatura pertinente aos temas
estudados e os valores atuais de mercado, referentes a obras de contenção.

Inicialmente foi feita uma revisão bibliográfica sobre métodos de


verificação de estabilidade de taludes e métodos corretivos. A seguir foi efetuada uma
avaliação de estabilidade de um talude real a partir dos métodos de avaliação
propostos por Fellenius e Bishop. Detectada a necessidade de intervenção, foram
dimensionadas duas soluções em contenções por meio de métodos reconhecidos e
aplicados na prática, por profissionais de engenharia geotécnica, uma em cortina
atirantada e outra em solo grampeado. A partir das soluções obtidas, iniciou-se a
análise de custo de cada tipo de contenção, levando em consideração valores reais e
atuais de custos de serviço, além de ponderações sobre metodologia construtiva e
desempenho. Revelando qual a melhor solução dentre cada critério.
4

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 TALUDES

Talude compreende qualquer superfície inclinada que limita um maciço de


terra, de rocha ou de ambos. Segundo Caputo (1988), podem ser naturais, casos das
encostas ou vertentes, ou artificiais, como os taludes de cortes e aterros.

O ângulo de um talude natural é o maior ângulo de inclinação para um


determinado tipo de solo exposto ao tempo, obtido sem ruptura do equilíbrio do
maciço. Conforme Cardoso (2002), nos solos não coesivos (areias), esse ângulo
praticamente coincide com o ângulo de atrito interno e, nos solos argilosos, devido à
elevada coesão, pode ser até mesmo verticalizado. No entanto, a presença de fissuras
devidas à retração por molhagem e secagem acaba permitindo a entrada de água no
corpo do talude, que leva à sua instabilidade.

Na estabilidade dos taludes, interferem condicionantes relativos aos tipos de


materiais constituintes e aos agentes perturbadores, que podem ser de natureza
geológica, antrópica, geotécnica ou condições ambientais.

Caputo (1988) ressalta que estes condicionantes tornam seu estudo bastante
complexo, abrindo horizontes aos especialistas em geologia aplicada, mecânica dos
solos e mecânica das rochas. Salienta ainda sua importância, devido aos numerosos
acidentes que, com frequência, envolvem perdas humanas e materiais.

2.1.1 MOVIMENTOS DE TALUDES

Na literatura, existem diversas classificações para tipos de movimentos de


taludes, que variam usualmente em razão da velocidade e dos tipos de planos de
ruptura.
5

De maneira generalizada, os tipos de movimento, como mostram as Figuras


2.1(a) a (f), podem ser:

a) Queda: movimento de material através de queda livre abrupta em


encostas muito íngremes e precipícios. O material é geralmente desprendido em blocos
(BRUNSDEN & PRIOR, 1984 apud AGUIAR, 2008).

b) Tombamento: rotação de massa de solo ou rocha em relação a ponto ou


eixo localizado abaixo do centro de gravidade da massa deslocada. O tombamento
pode ser devido a material sobre o talude e, devido à água ou gelo nas fraturas da
massa (TURNER & SCHUSTER, 1996 apud AGUIAR, 2008).

c) Escorregamento ou deslizamento: movimento de massa ao longo de uma


superfície previsível. Os escorregamentos podem ser subdivididos, de acordo com as
superfícies de ruptura, em rotacional, em cunha e planar (BRUNSDEN & PRIOR,
1984 e TURNER & SCHUSTER, 1996 apud AGUIAR, 2008).

d) Espalhamento: movimento de extensão lateral, distribuída em massa


fraturada (BRUNSDEN & PRIOR, 1984 apud AGUIAR, 2008).

e) Corrida: caracteriza-se pelo fato de que a massa, em movimento,


comporta-se como um material viscoso, com os movimentos inter-granulares
predominando em relação aos movimentos de superfície de cisalhamento. São
movimentos extremamente rápidos, com velocidades superiores a 3m/s, ocasionados
pela anulação da resistência ao cisalhamento, em virtude da destruição da estrutura
(BRUNSDEN & PRIOR, 1984 e LACERDA, 2003 apud AGUIAR, 2008).

f) Fluência e rastejo: são movimentos muito lentos. Envolvem, em rochas,


deformações profundas e superficiais contínuas, que resultam em dobramentos e
torções do material. Nos solos, estes movimentos podem ser contínuos, denominados
fluência ou intermitentes, ditos rastejo, que estão relacionados com o regime de chuvas
(LACERDA, 2003 apud AGUIAR, 2008).
6

Figura 2.1-Representação gráfica dos movimentos tipo: queda (a), tombamento (b),
escorregamento rotacional, em cunha e planar ou translacional (c1, c2 e c3), espalhamento
(d), corrida lenta de terra, de areia seca e de detritos (e1, e2, e3) e rastejo ou fluência (f)
(TURNER & SCHUSTER, 1996 apud AGUIAR, 2008).
7

2.1.2 CAUSAS DE MOVIMENTOS DE TALUDES

Conforme a ABGE (1998) apud Horst (2007), os principais condicionantes


dos escorregamentos e processos correlatos na dinâmica ambiental brasileira são:

• Características climáticas, com destaque para o regime


pluviométrico.

• Características e distribuição dos materiais que compõem o substrato


dos taludes, abrangendo solos, rochas, depósitos e estruturas
geológicas.

• Características geomorfológicas, com destaque para inclinação,


amplitude e forma do perfil das encostas.

• Regime das águas de superfície e subsuperfície.

• Características do uso e ocupação, incluindo cobertura vegetal e as


diferentes formas de intervenção antrópica das encostas, como
cortes, aterros, concentração de água pluvial e servida, etc.

De modo geral, escorregamentos ocorrem devido a alterações nos esforços


internos, com aumento no peso global sobre a cunha e/ou a redução da resistência do
solo. De acordo com Caputo (1988), a concomitância desses fatores nas estações
chuvosas ou pouco depois, explica a ocorrência da maioria dos escorregamentos nos
períodos de grande precipitação pluviométrica.
8

2.2 FATOR DE SEGURANÇA (FS)

A desestabilização de um talude ocorre quando as forças tendem a mover o


maciço, superam as forças resistivas, que tendem a manter o talude imóvel. A condição
de estabilidade é definida através do Fator de Segurança (FS), que é avaliado pelo
método das tensões admissíveis, como a razão entre o somatório das forças de
resistência e o somatório da tensão cisalhante ao longo de uma superfície de ruptura.

Teoricamente, valores de FS maiores que 1,0 (um) indicam estabilidade,


valores de FS menores do que 1,0 (um) indicam instabilidade, e valores de FS iguais a
1,0 indicam condições limites de estabilidade, estando em iminência de ruptura.

A segurança de um projeto de engenharia é usualmente avaliada através do


fator de segurança (FS). A adoção de um valor de FS mínimo admissível para uma
determinada obra implica na adoção de um risco calculado ou aceitável.

Sua adoção depende do julgamento e experiências profissionais do


projetista, conjugado com a margem de segurança apropriada, considerando fatores
econômicos e sociais. Devido a isto, para uma dada obra com um determinado
conjunto de dados, diferentes projetistas irão adotar diferentes valores para o Fator de
Segurança.

Na Tabela 2, são apresentados os valores típicos para o FS mínimo como


padrões de avaliação dos parâmetros de segurança, para projetos de taludes, conforme
a NBR 11682 (ABNT, 2009).

Tabela 2.1 - Valores típicos de Fator de segurança pela NBR 11682 (ABNT, 2009).
Grau de Métodos Tensão-deformação
segurança baseados no
necessário equilíbrio-limite
ao local Padrão: fator de Padrão: deslocamento máximo
segurança
mínimo
Alto 1,50 Os deslocamentos máximos devem ser compatíveis com o
Médio 1,30 grau de segurança necessário ao local, à sensibilidade de
Baixo 1,15 construções vizinhas e à geometria do talude. Os valores
assim calculados devem ser justificados.
9

2.3 ANÁLISE DE ESTABILIDADE

A análise de estabilidade por equilíbrio-limite tem uma grande aceitação, que se


deve basicamente a três motivos, segundo Thomaz (1984) apud Horst (2007): à simplicidade
do método, ao nível satisfatório de acurácia dos seus resultados (no que diz respeito à
segurança do maciço) e, o mais importante, à relativa facilidade e baixo custo para se estimar
ou obter os parâmetros de resistência do solo com a precisão necessária para o bom
funcionamento do método.

Existe uma grande variedade de métodos propostos, cuja precisão varia como
função das hipóteses consideradas pelos seus autores, para a solução do equilíbrio estático do
maciço. Esses métodos podem, quanto à forma da superfície, ser divididos em dois grupos,
sendo eles apresentados como métodos para análise de superfícies circulares e métodos para
análise de superfícies quaisquer.

2.3.1 MÉTODOS PARA CÁLCULO DE ESTABILIDADE DE TALUDES

A análise de estabilidade de taludes engloba um conjunto de procedimentos,


visando determinar um valor representativo, que permita quantificar o quão próximo da
ruptura um determinado talude se encontra. Levando em conta para isto, um determinado
conjunto de condicionantes que atuam no mesmo.

Alguns dos métodos mais utilizados, para cálculo de estabilidade por equilíbrio-
limite são descritos a seguir. Estes métodos são diferenciados quanto à forma da superfície de
ruptura considerada, quanto às equações de equilíbrio usadas e quanto às hipóteses sobre as
forças entre as fatias do talude. Estas diferenças estão, de forma simplificada, apresentadas na
Tabela 2.2.
10

Tabela 2.2 - Características dos métodos de Análise de Estabilidade de Taludes (FREDLUND


& KRAHN, 1977 apud STRAUSS, 1998).

Método Circular Não Equilíbrio de Equilíbrio Forças entre Camadas


Circular Momentos de Froças

Talude Infinito X X Paralelo ao talude

Método das Cuhas X X Define inclinação

Resultante paralelo à base


Fellenius X X
de cada fatia

Bishop X X* X Horizontal

Janbu Simpliicado X* X X Horizontal

Lowe e Karafiath X X* X Define inclinação

Spencer X X* X X Inclinação constante

Morgenstern e
X X X X X/E = λ f(x)
Price

Janbu Rigoroso X X X X Define linha de empuxo

Fredlund e Krahm x X X X X/E = λ f(x)

Nota1: E e X são respectivamente as forças horizontais e verticais entre fatias


Nota2: X* significa que o método pode ser adaptado para tal condição

2.3.1.1 MÉTODO DE FELLENIUS

O método de análise de estabilidade proposto por Fellenius, originalmente para


estudar solos saturados, foi ampliado para outros solos e em condições de análise em tensões
efetivas. Conforme Strauss (1998), no método são utilizadas fatias para determinar a
distribuição da tensão normal na superfície de ruptura, importante para a análise com tensões
efetivas. O método satisfaz somente o equilíbrio de momentos, supondo que a resultante das
forças entre fatias é paralela à base. Devido a isto, seu fator de segurança pode ser
subestimado em até 60% segundo Whitman & Bailey (1967) apud Strauss (1998). A Figura
2.2 define as forças atuantes para um problema genérico de estabilidade de talude.
11

Figura 2.2: Forças atuantes para um método de fatias (GERSCOVICH, 2009).

Onde:

W: peso total da fatia de largura b e altura h;

P: força normal total na base da fatia de comprimento l;

Sm: resistência ao cisalhamento mobilizada, sendo uma parcela da


resistência definida por Mohr-Coulomb, onde, Sm=1(c’+(P/l-u).tanφ’)/F;

R: raio ou braço de alavanca associado à força cisalhante mobilizada Sm;

f: distância perpendicular da força normal ao centro de rotação;

x: distância horizontal do centro da fatia ao centro de rotação;

α: ângulo tangente ao centro da fatia com a horizontal;

E: força horizontal entre fatias;

L: subscrito que indica lado esquerdo;

R: subscrito que indica lado direito;

X: força vertical entre fatias;

k: coeficiente sísmico para determinar a força dinâmica horizontal;

e: distância vertical entre o centro de gravidade de fatia e o centro de


rotação.
12

Caso existam carregamentos uniformes na superfície do talude, pode-se


adotar uma camada de solo equivalente sobre o talude com peso e densidade
adequados. Para uma linha de carga, deve-se definir:

L: linha de força (força por unidade de comprimento)

ϖ: ângulo da linha de carga com a horizontal;

d: distância perpendicular da linha de força com o centro de rotação.

Os efeitos da submersão parcial do talude e da pressão da água nas fissuras


de tração necessitam de:

A: resultante da pressão de água nas fissuras;

a: distância perpendicular da resultante da pressão da água ao centro de


rotação.

O fator de segurança é dado pela Equação 2.1:

∑ . . . . . ′
∑ . ∑ . ∑ . . .
(Equação 2.1)

Feitas as simplificações propostas por Fellenius, a formulação que


representa a estabilidade do maciço por seu método é dada na Equação 2.2:

∑ . . cos . .# ′$
∑ .% #

(Equação 2.2)
13

2.3.1.2 MÉTODO DE BISHOP

O método de Bishop foi desenvolvido originalmente para uma superfície de


ruptura circular. A hipótese a princípio, leva em consideração o esforço entre fatias e, a
avaliação por meio desse critério, leva o nome método de Bishop Rigoroso (Equação
2.3). Conforme Bishop e Morgenstern (1960), é possível omitir os termos de esforços
horizontais entre fatias, (Xn – Xn-1), com uma perda de precisão de menos de 1%. Tem-
se então, o método chamado Bishop Simplificado (Equação 2.4).

1 % (
)* .+ . 1 ,- # ./ ./01 #$ tan $ 5
∑ .% ( tan ( . tan
1

(Equação 2.3)

Omitindo da Equação 2.3 o termo (Xn – Xn-1), tem-se,

1 % (
)* .+ . 1 ,- # tan ′$ 5
∑ .% ( tan ( . tan ′
1

(Equação 2.4)

São necessárias iterações para a determinação do fator de segurança. Sendo


equações de rápida convergência, com poucas iterações obtém-se uma constância no
valor de FS.
14

2.4 TIPOS DE CONTENÇÕES

Quando o resultado obtido pela avaliação da estabilidade de um talude


remete a valores de fator de segurança inferiores aos exigidos por norma, devem-se
prever intervenções no maciço, de forma a atribuir maior estabilidade ao mesmo. No
caso em que a simples mudança na geometria ou a minimização da ação da água não
são suficientes para remeter à estabilização, uma estrutura de contenção deverá ser
prevista.

As contenções são classificadas, conforme o sistema utilizado para


resistência ao empuxo de terra aplicado, como:

• as que trabalham com peso, como muro de alvenaria de pedra,


gabião, solo-cimento e muro de pneus.

• as que trabalham com ancoragem, caso de solo grampeado, cortina


atirantada e terra armada.

• as que trabalham por ficha, como estacas justapostas.

• sistemas mistos, estacas justapostas com estroncas ou tirantes.

Na escolha de qual tipo de intervenção deve ser aplicada, são enumerados


alguns fatores, dentre eles, como dito por Mendes (2010), o tipo de solo de fundação
bem como o tipo de solo a ser contido, as limitações de espaço e acessos, sobrecarga,
altura da estrutura, tecnologia disponível, qualificação de materiais e mão-de-obra,
além de investimento disponível. A estrutura pode ser de atribuição provisória ou
permanente, sendo necessária essa definição na concepção do projeto, uma vez que os
deslocamentos e diagramas de tensões são variáveis no tempo.

Ainda segundo Mendes (2010), o dimensionamento geotécnico das


estruturas de contenção pode ser realizado segundo métodos discriminados como:

• Métodos clássicos, como as formulações propostas por Rankine,


Coulomb, entre outros, para o cálculo dos empuxos, caracterizados
por se basear apenas nos parâmetros de resistência do solo.
15

• Métodos empíricos, formulações simplificadas advindas de medições


realizadas em modelos reduzidos e em obras.

• Métodos numéricos, destacando-se o Método dos Elementos Finitos,


caracterizado por possibilitar a avaliação do comportamento tensão-
deformação ao longo de todas as etapas da obra.

Não faz parte do escopo do presente trabalho descrever os diversos métodos


de contenção, tendo como foco principal a cortina atirantada e o solo grampeado.
16

2.5 CORTINA ATIRANTADA

Segundo More (2003), a utilização de cortinas atirantadas se constitui na


solução técnica mais adequada, quando se procura conter os elevados esforços
horizontais advindos de escavações de grandes alturas, com um mínimo de
deslocamentos do maciço de solo e das estruturas localizadas nas vizinhanças.

Vários autores apontam que, no Brasil, esta técnica foi pela primeira vez
empregada no Rio de Janeiro em 1957, e que teve grande difusão, devido
principalmente à significativa contribuição do Professor Costa Nunes, sendo
empregada em larga escala a partir de 1966 com a grande enxurrada que assolou o Rio
de Janeiro ocasionando deslizamentos de encostas e instabilidade de blocos de rocha.
Um grande avanço ocorreu também na década de 1970, na implantação das obras do
metrô de São Paulo, com a introdução de ancoragens reinjetáveis com calda de
cimento sob altas pressões (FERREIRA, 1986; MORE, 2003 e MENDEZ 2010).

2.5.1 O QUE É CORTINA ATIRANTADA

Cortinas atirantadas são contenções ancoradas ou acopladas a outras


estruturas mais rígidas. Apresentam pequena deslocabilidade. Em geral, são compostas
por tirantes injetados no solo e solicitados a esforços axiais de protensão, presos na
outra extremidade em um muro de concreto armado, projetado para resistir aos
esforços gerados pela reação do solo ao esforço confinamento exercido pelo conjunto
muro-tirantes.

2.5.1.1 COMPONENTES DO TIRANTE

• CABEÇA

Suporta a estrutura, possuindo os seguintes componentes principais: placa


de apoio, cunha de grau e bloco de ancoragem.
17

A placa de apoio é uma chapa metálica, dimensionada de acordo com a


tensão exercida pelo tirante, que tem função de redistribuir por sobre a estrutura a
tensão de carga de protensão. A utilização dessa chapa visa reduzir o efeito de punsão
sobre a cortina de concreto armado.

A cunha de grau é um elemento empregado para permitir o alinhamento


adequado do tirante em relação a sua cabeça, sendo normalmente constituído por um
cilindro ou chapas paralelas de aço.

Segundo a NBR 5629 (ABNT, 1996), bloco de ancoragem é o conjunto de


peças que prende o tirante na região da cabeça. De acordo com More (2003), na
prática, estas peças podem ser de três tipos: a) porcas, usadas em tirantes de barra onde
existem roscas; b) cunhas, em tirantes com múltiplos fios; c) botões, onde a ponta de
cada fio é prensada num macaco para formar um bulbo com diâmetro maior, para ser
em seguida presa a uma peça de aço, com múltiplos furos de diâmetro praticamente
igual ao dos fios.

• TRECHO ANCORADO

O trecho ancorado de um tirante é a parte encarregada de transmitir ao solo,


por meio das tensões cisalhantes entre bulbo de calda de cimento, e o maciço, os
esforços normais suportados pelo trecho livre. É formado pelo tirante envolto em
injeção de calda de cimento na relação de a/c de 0,5 sob pressão. O número de fases de
injeção e a quantidade de calda injetada é sujeita à experiência do executor ou
operador, sendo em geral aplicadas de 1 a 4 fases de injeção com volume de calda
injetada de 20 a 60 litros por fase de injeção. Os ensaios de arranchamento, realizados
de acordo com as exigências da NBR 5629 (ABNT, 1996), das primeiras ancoragens
da obra devem indicar se deve ou não ser necessário um incremento do número das
fases de injeção inicialmente programadas.

Devido às características mecânicas diferentes, o comprimento necessário


para ancorar o aço na calda de cimento é significativamente menor do que o necessário
para ancorar o bulbo no solo. O aço deve receber uma pintura anticorrosiva, que não
18

prejudique sua aderência com a calda de cimento, e um recobrimento mínimo de 2cm


de calda no contado com terreno. Para solos agressivos, o valor do recobrimento
recomendado é de 3cm, podendo-se utilizar bainhas de proteção no caso de solos
muito agressivos. De modo geral, para que o aço receba um envolvimento completo
pela calda no trecho ancorado, é usual o emprego de espaçadores plásticos a intervalos
de 2 a 3m, que mantêm cada elemento do tirante com o distanciamento mínimo com o
solo e entre elementos vizinhos (MORE, 2003).

• TRECHO LIVRE

A NBR 5629 (ABNT, 1996), que trata da execução de tirantes ancorados no


terreno, define o trecho livre como a parte do tirante entre a cabeça do mesmo e o
ponto inicial de aderência do bulbo de ancoragem, observada na montagem do tirante e
conforme previsto em projeto.

• ELEMTENTO RESISTENTE A TRAÇÃO

Em geral, são utilizados como elementos resistentes a tração:

• Barras de aço, rosqueadas ou nervuradas, em diâmetros usualmente


de 1 ¼” ou de acordo com a necessidade de projeto.

• Fios, que são elementos compostos por barras de aço, de menores


diâmetros, em quantidade determinada de acordo a resistir aos
esforços solicitantes.

• Elementos sintéticos, fabricados de forma a garantir alta resistência a


tração.

É consenso de projetistas e estudiosos da área, que a utilização de


cordoalhas deve ser banida da prática de cortina atirantada, devido aos problemas
gerados pelo efeito de relaxação ao longo do tempo.
19

Na Figura 2.3 podem ser observados os elementos constituintes do tirante.

Figura 2.3 - Elementos do tirante, NBR 5629 (ABNT, 1996).


1 - Cabeça 3 - Perfuração do terreno
1a - Placas de apoio 4 - Bainha
1b - Cunha de grau 5 - Aço, fibra, etc.
1c - Bloco de ancoragem 6 - Bulbo de ancoragem.
2 - Estrutura ancorada

No processo de transferência de carga solo-bulbo, a resistência frontal do


bulbo para efeitos de projeto é geralmente desprezada e a capacidade de carga da
ancoragem é considerada função apenas da sua resistência lateral, cuja mobilização
depende do deslocamento relativo ocorrido entre o bulbo e o solo.

Na prática da engenharia, a capacidade de carga da ancoragem é


considerada diretamente proporcional ao comprimento de ancoragem, mesmo para
aquelas executadas sob-baixas pressões de injeção, utilizando geralmente valores
médios da resistência ao cisalhamento na interface solo-bulbo (MORE, 2003).
20

2.5.2 METODOLOGIA EXECUTIVA

A metodologia cuja eficiência é comprovada pela prática consiste na


seguinte sequência de atividade:

2.5.2.1 PREPARO DOS TIRANTES

Para o uso de tirantes com barras de aço, deve-se preparar o corte de forma
a posicionar as emendas dentro, ou o mais próximo possível do bulbo. Na utilização de
fios, deve ser previsto um comprimento adicional não inferior a um metro, para a
instalação do macaco hidráulico durante a fase de protensão. As cunhas de grau e
placas devem ser tratadas com especial atenção, uma vez que a utilização de placas
pequenas pode causar o puncionamento do concreto e cunhas de grau que não levem à
ortogonalidade da cabeça com o eixo do tirante induzem flexão composta ao aço, que
é crítica em elementos fortemente tracionados (YASSUDA & DIAS, 1998).

A NBR 5629 (ABNT, 1996), determina diferentes tipos de proteção


anticorrosiva, que devem ser empregados ao aço de acordo com características da
obra, quanto ao caráter de permanente ou temporário, e a agressividade do solo.

Devem ser posicionados os acessórios (válvulas de injeção e espaçadores)


de acordo como o apresentado em projeto.

2.5.2.2 PERFURAÇÃO

A locação dos furos, direção e inclinação, determinadas em projeto, devem


ser seguidas rigorosamente. De acordo com a NBR 5629 (ABNT, 1996), qualquer
sistema de perfuração é aceitável, para a execução dos tirantes, desde que o furo
resultante seja retilíneo e com diâmetro, inclinação e comprimento previstos.

Yassuda & Dias (1998) ressaltam que, em rocha sã (matacões ou maciço),


rocha alterada ou solo seco, pode ser feita perfuração com equipamento de
21

rotopercussão, com limpeza do furo com ar comprimido.

Pode ser utilizado lama ou fluido especial para facilitar o processo de


perfuração, desde que inertes ao cimento e aço. A lama pode ser obtida misturando-se
argila gorda e água de circulação ou bentonita industrial (YASSUDA & DIAS, 1998).

2.5.2.3 INSTALAÇÃO E INJEÇÃO DOS TIRANTES

O posicionamento deve ser feito de acordo a não ferir a proteção


anticorrosiva, não deslocar os acessórios (válvulas e espaçadores) e posicionar a
cabeça na altura correta.

• INJEÇÃO EM ESTÁGIO ÚNICO

É executada antes da instalação do tirante. É empregado, principalmente,


em situações onde a aplicação de pressões de injeção não traz vantagens como o
alargamento do bulbo ou a melhoria das características de aderência na interface entre
o maciço e o bulbo. É utilizada uma mangueira para que a calda seja introduzida pelo
fundo do furo. Após posicionar o tirante no furo, é injetado calda de cimento sob
pressão na região do bulbo, em etapas com segmentos de um a três metros (YASSUDA
& DIAS, 1998 e MORE, 2003).

• APLICAÇÃO COM REINJEÇÕES

Um tubo de injeção, usualmente de PVC e em diâmetro de 32 a 40 mm, é


instalado paralelo ao tirante, onde são dispostas válvulas reinjetáveis tipo “manchete”
em locais pré-determinados.

Primeiramente posiciona-se o tirante no furo, que então é preenchido por


calda de cimento, com relação água-cimento de 0,5 em peso. Esta injeção é conhecida
como injeção de bainha. Após a pega do cimento da bainha (cerca de 10 horas) é
aplicada a injeção, com o auxílio de um obturador por dentro do tubo, de maneira
22

individual em cada válvula de manchete. Inicialmente, a pressão exercida deve ser


suficiente para ocasionar a abertura da válvula, sendo em seguida monitorado o
volume de calda injetada e a pressão atuante, até que seja atingida pressão suficiente
para que a calda infiltre-se no solo. Neste ponto, deve-se cessar a pressão no interior
do obturador, ocasionando assim o fechamento da válvula e impedindo o retorno de
calda por dentro o tubo (YASSUDA & DIAS, 1998; e MORE, 2003).

Terminada essa primeira fase de injeção, é feita a lavagem do tubo. Caso


não se atinja a pressão de injeção adequada no estágio de injeção primária, se repete o
processo com novos estágios, tantos quantos necessários, respeitando o tempo de pega
do cimento do estágio anterior (YASSUDA & DIAS, 1998; e MORE, 2003).

2.5.2.4 PROTENSÃO

A norma brasileira NBR 5629 (ABNT, 1996) regulamenta que todos os


tirantes devem ser submetidos a ensaios de prontensão. Sendo esses ensaios
caracterizados como:

• ensaio de recebimento: aplicado a todos os tirantes, onde 10% destes


são levados a cargas de protensão a até 175% da carga de trabalho, e
os demais devem ser levados a 150% da carga de trabalho.

• ensaio de qualificação: aplicado a 1% dos tirantes da obra, com esse


ensaio é verificado a capacidade de carga do tirante e seus
deslocamentos sob carga, calculando seu comprimento livre e
avaliando o atrito ao longo deste comprimento livre (NBR 5629
ABNT, 1996).
23

2.5.3 DIMENSIONAMENTO

• DIMENSIONAMENTO DA FACE

No dimensionamento estrutural é considerada a hipótese de uma laje


cogumelo multi-apoiada.

• ESTUDO DE RUPTURA EXTERNA

Segundo Ferreira (1986), coube ao professor Costa Nunes, desenvolver o


método de estabilização com ancoragens, a partir do estudo de ruptura externa pelo
Método de Culmann.

O método Costa Nunes é descrito por Ferreira (1986), de forma que, dada
uma seção genérica do talude, a superfície de deslizamento é tida por simplificação
como plana e, determinada segundo o método de Culmann. As forças em presença são
indicadas na Figura 2.4.

Figura 2.4 –Superfície crítica (FSmin) pelo método de Culmann (GERSCOVICH, 2009).
24

Para o método, o ângulo de deslizamento crítico é suposto pela Equação


2.5:

9 :
∅78
2

(Equação 2.5)

Sendo:

∅CR: Ângulo formado pela horizontal com plano crítico de deslizamento.

i: Inclinação do talude com a horizontal.

φ: Ângulo de atrito interno do material constituinte do maciço.

Nessa superfície crítica, a expressão que define o Fator de Segurança


mínimo é a Equação 2.6:

B. . cos :
@A/
. % ∅78 :#

(Equação 2.6)

Onde:

FSmin: Fator de segurança mínimo.

C: Coesão do material constituinte do maciço

l: comprimento da linha de maior aclive do plano crítico de deslizamento

P: Somatório de forças atuantes na cunha de deslizamento crítico (Peso


próprio + sobrecarga).

A NBR 5629 (ABNT, 1996) recomenda que o centro de ancoragem no solo


deve ser colocado sobre ou além da superfície de deslizamento, determinada por um
processo consagrado em mecânica dos solos, que ofereça o fator de segurança (FS)
pelo menos igual a 1,50, sem levar em conta as forças de protensão por elas
introduzidas no maciço.
25

Segundo Ferreira (1986), pode-se obter uma superfície de deslizamento que


promova um fator de segurança superior ao FSmin, reduzindo a inclinação da mesma
em ralação a horizontal. Para essa nova superfície, o fator de segurança obtido dar-se o
nome de FSsp, obtido segundo a Equação 2.7:

2. B
. % 9 . G%:
E. F
CD
% 9 ∅ #% ∅ :#
(Equação 2.7)

Onde:

∅': Ângulo formado pela horizontal com o plano de ancoragem.

γ: Peso específico aparente do material constituinte do maciço.

O fator de segurança adicional ou fator de melhoria FSsp que se deseja


impor a contenção é definido por norma como já citado no presente trabalho, de 1,50.
Dessa forma, é possível definir, por meio de iterações, ângulo ∅' do plano de
ancoragem.

Determina-se a força de ancoragem necessária para promover o aumento


das forças resistivas, de forma a obter o FSsp adequado, pela Equação 2.8. Com isto,
dimensiona-se a quantidade e espaçamento dos tirantes, bem como, o comprimento do
bulbo de ancoragem.

J 1 % ∅78 :#
. .
H/I
J G% K :#

(Equação 2.8)

Onde:

λ: é a relação entre os fatores de segurança Fsp e FSmin.

β: ângulo formado pelos tirantes com o plano crítico de deslizamento.


26

• DIMENSIONAMENTO DO TIRANTE

Pela NBR 5629 (ABNT, 1996), o material constituinte dos tirantes deve
estar de acordo com as NBR 7480, NRB 7482, NBR 7483. Os esforços solicitantes nos
tirantes devem ser calculados de acordo com métodos consagrados na mecânica dos
solos, levando em consideração a deslocabilidade da estrutura de contenção, o número
de níveis de tirantes e a sequência executiva.

A seção dos tirantes deve ser calculada a partir do esforço máximo a que ele
é submetido, tomando-se como tensão admissível:

a) No caso de tirantes permanentes (Equação 2.9):

LHM@ . 0,9
NO
1,75
(Equação 2.9)
b) No caso de tirantes provisórios (Equação 2.10):

LHM@ . 0,9
NO
1,50
(Equação 2.10)
Onde:

LHM@ : Tensão admissível

NO : Resistência característica do aço à tração

Não se permitindo seções inferiores a 50mm².


27

• DIMENSIONAMENTO DO BULBO DE ANCORAGEM

A determinação do comprimento e seção transversal da ancoragem deve ser


feita experimentalmente por meio dos ensaios básicos e de qualificação, sendo
indicada para estimativas preliminares, as expressões:

a) Resistência à tração (T) para solos arenosos (Equação 2.11),

U L′V . W. X YZ

(Equação 2.11)

Onde:

L′V : Tensão efetiva no ponto médio de ancoragem

U: Perímetro médio da seção transversal de ancoragem

Kf: coeficiente de ancoragem indicado na Tabela 2.3

Tabela 2.3 – Valores de coeficiente de ancoragem (Kf), pela NBR 5629 (ABNT, 1996).

Compacidade
Solo
Muito
Fofa Compacta
compacta

Silte 0,1 0,4 1,0

Areia fina 0,2 0,6 1,5

Areia média 0,5 1,2 2,0

Areia grossa e pedregulho 1,0 2,0 3,0


28

b) Resistência à tração (T) para solos argilosos (Equação 2.12)

U (. W. X -

(Equação 2.12)

Onde:

(: Coeficiente redutor da resistência ao cisalhamento

Su: Resistência ao cisalhamento não drenado do solo argiloso

i) Para Su ≤ 40kPa, α=0,75.

ii) Para Su ≥ 100kPa, α=0,35.

iii) Entre estes dois valores, interpolar linearmente.

c) Ancoragem em rocha:

A resistência a tração (T) deve ser considerada o menor dos seguintes


valores

i) 1/30 da resistência à compressão simples da rocha

ii) 1/30 da resistência à compressão simples da argamassa

d) Não aplicável:

i) Solos orgânicos moles;

ii) Aterros ou solos coesivos, com N≤4 do ensaio de SPT;

iii) Aterros sanitários.


29

2.5.4 MODOS DE RUPTURA

O processo de ruptura de uma estrutura de cortina atirantada ocorre de


forma progressiva dos elementos constituintes da estrutura (MENDES, 2010).

Uma das verificações importantes de projeto é a estabilidade da cortina


durante o seu processo executivo. Segundo Mendes (2010), para escavações de cima
para baixo, o comportamento esperado para o maciço até a aplicação do primeiro nível
de tirante é a ocorrência de deslocamento para o interior da escavação e o recalque
junto à superfície. Quando se aplica o tirante na estrutura, ocorre deslocamento no
sentido do maciço, imposto um ponto de ancoragem na estrutura e restringindo a
evolução dos deslocamentos horizontais. Para o segundo nível a ser escavado, a
estrutura, já ancorada, sofre rotação em torno da ancoragem e o maciço sofre novos
deslocamentos horizontais que serão restringidos pelo próximo nível de ancoragens.
Durante o processo de execução da obra, o maciço e a estrutura sofrem uma
combinação de movimentos rotacionais e translacionais, o que faz com que as
deformações e o diagrama de tensões sejam variáveis.

Ao passo da estrutura já finalizada, a ocorrência da ruptura pode ser de


forma a apresentar deformações excessivas, ruptura global e ruptura dos elementos
constituintes. Como a estrutura é uma combinação de elementos dependentes das
tensões mobilizadas em cada um, a falha de qualquer elemento pode leva-la ao
colapso.

Os diferentes tipos de rupturas para cortinas podem ser observadas nas


Figuras 2.5 e 2.6, analisadas a partir de ensaios de laboratório em modelo reduzido.
30

(a) (b) (c)

(d) (e)

(f) (g) (h)

(i) (j)

Figura 2.5–Tipos de ruptura em cortina atirantada: (a) Ruptura do tirante; (b) Insuficiência de
ancoragem do bulbo; (c) Insuficiência da protensão no tirante; (d) Baixa rigidez flexural da
cortina; (e) Ruptura por insuficiência do empuxo passivo; (f) Ruptura por rotação-antes da
colocação do primeiro nível de tirante; (g) Baixa capacidade de carga da fundação; (h)
Ruptura por tombamento; (i) Ruptura por cisalhamento; (j) Ruptura global (STROM &
EBELING, 2002 apud MENDES 2010).
31

Figura 2.6–Ensaios em cortina multiancoradas em solo: rotação ao redor do topo (foto


superior); rotação ao redor da base (foto intermediária); cortina inclinada de 15º com rotação
ao redor da base (foto inferior) (DINA, 1973 apud MORE, 2003).
32

2.5.5 VANTAGENS E LIMITAÇÕES DO MÉTODO

A cortina atirantada oferece uma série de vantagens como solução de


contenção, principalmente, para taludes que apresentem elevadas cargas de
solicitantes. Alguns exemplos de vantagens oferecidas pela cortina atirantada são:

• Não oferece tensões elevadas na base.

• Os tirantes trabalham ativamente, devido à protensão, suportando


esforços com um mínimo de deslocamentos da estrutura.

• Todos os tirantes são ensaiados individualmente, o que fornece uma


segurança quanto à qualidade da execução.

• É capaz de suportar elevadas cargas de solicitação, contendo taludes


com grandes alturas.

• Pode ser empregados em diversas situações, como na contenção de


taludes de corte ou de aterro e contenção de blocos de rocha.

O método também apresenta algumas limitações, como:

• Os tirantes, muitas vezes, necessitam de grandes comprimentos, o


que, nas grandes cidades, pode gerar a necessidade de penetrar em
terreno vizinho.

• As pressões exercidas pelo processo de injeção de ancoragem podem


ocasionar deformações, como o levantamento do terreno, o que
oferece risco a construções vizinhas.

• Devido a baixa densidade de tirantes empregados, a falha de um


elemento pode ocasionar elevadas solicitações aos demais.
33

2.6 SOLO GRAMPEADO

A técnica de solo grampeado classifica-se como uma intervenção de reforço


de solo “in situ”. Consiste na introdução de elementos semirrígidos resistentes a flexão
composta, denominados grampos, que podem ser barras de aço, barras sintéticas de
seção cilíndrica ou retangular, micro estacas, ou em casos especiais estacas. Os
grampos são posicionados horizontalmente ou inclinados no maciço por processo de
cravação (grampos cravados) ou injeção (grampos injetados) com o objetivo de
introduzir esforços resistentes de tração e cisalhamento (ORTIGÃO et. al., 1993).

Ortigão et al. (1993) relatam que a técnica foi empregada no Brasil de


maneira intuitiva por construtores de túneis em 1970, mas que esta experiência bem
sucedida não foi devidamente divulgada. Em 1972, foi empregada pela primeira vez na
França com o nome de sol cloué (TOUDIC, 1975 apud ORTIGÃO et al. 1993).

O método foi sendo estudado a partir de 1975, através de convênios entre


governos, universidades e empresas na França, Alemanha e Estados Unidos. A partir
de 1979, passou a ser tema específico de congressos internacionais e simpósios,
quando iniciou sua divulgação por meio de trabalhos publicados.

A obra realizada na França, na cidade de Versalhes em 1972, trava-se de um


talude ferroviário, sendo uma estrutura temporária com alta densidade de grampos
curtos, com comprimentos de 4 a 6m. O solo era constituído de arenito de
Fontainbleau (φ’=33º a 40º e c’=20 kPa). O espaçamento entre grampos foi de 70 cm.
Os reforços foram injetados em furos de cerca de 100 mm de diâmetro em talude de
70º (Figura 2.7) (ZIRLIS, 1988 e LIMA, 2007).
34

Figura 2.7 - Primeira estrutura em solo grampeado na França (CLOUTERRE, 1991 apud
LIMA, 2007).

Em 1976, nos Estados Unidos, foi realizada uma escavação de 13,7m de


profundidade, gerando 2.140m² de talude vertical a ser contido para a instalação do
Hostpital Good Samaritan em Portland, Oregon. O solo era caracterizado por
sedimentos medianamente compactos a compactos de areia fina e silte (φ’=36º a 40º e
c’=20 kPa). Sendo uma obra pioneira, um grande número de instrumentos e estudos
foram executados (ZIRLIS & PITTA, 1992).

De 1986 a 1990, quatro milhões de dólares foram investidos em um


programa de pesquisa denominado Projeto Clouterre numa iniciativa do Ministério
Francês de Transporte. O principal objetivo foi o desenvolvimento de especificações
de projeto de estruturas temporárias ou permanentes, em solo grampeado, na execução
de escavações. Vinte e uma organizações incluindo companhias privadas e laboratórios
de pesquisas públicas participaram diretamente do Projeto Clouterre. Quatro tópicos
importantes foram desenvolvidos (SCHLOSSER et al., 1992 apud LIMA 2007):

• Estado limite de utilização de estruturas em solo grampeado


empregando fatores de segurança parciais;
35

• Estimativas de deformações em estruturas de solo grampeado em


serviço;

• Dimensionamento da face;

• Aspectos relacionados à durabilidade e medidas preventivas contra


corrosão.

• Mais recentemente, em 2002, surgiu o Projeto Clouterre II, cujos


principais objetivos foram avaliar:

• Deslocamentos e métodos de cálculo de estruturas em solo


grampeado;

• Comportamento de taludes em solo grampeado submetidos a sismos;

• Dimensionamento da face;

• Resultados de ensaios de arrancamento dos grampos divulgados no


Projeto Clouterre I;

• Desempenho de emboques de túneis reforçados com grampos;

No Brasil, passou-se muito tempo sem a publicação de dados sobre o


sistema, sendo os primeiros a surgir por volta de 1988. No entanto empresas pioneiras
já aplicavam a técnica em emboques de túneis, como do túnel nº 05 do Sistema
Cantareira de abastecimento de água para São Paulo em 1970. Também foi relatada a
utilização em todos os túneis da Rodovia dos Imigrantes em 1972 e em solos
saprolíticos, com alturas de até 26,0m a partir de 1983. (ZIRLIS, 1988).

Os primeiros resultados de estudos em solo grampeado no Brasil tiveram


início com a realização de um projeto executado pela Fundação Geo-Rio em 1992.
Com o intuito de conhecer o comportamento mecânico e a natureza dos esforços
induzidos nos grampos em um talude natural em solo residual não saturado,
tipicamente tropical (PIERK & AZEVEDO, 2009).
36

2.6.1 PROCESSO EXECUTIVO

A construção de uma estrutura de solo grampeado pode ser feita em taludes


naturais ou taludes resultantes do processo de escavação. Não se recomenda a
aplicação da técnica em aterro, por questões construtivas.

Em encostas naturais, ou em taludes onde já fora realizada a etapa de


escavação, os grampos podem ser inseridos em linhas de baixo para cima, com a
aplicação acompanhada da cobertura de argamassa ou concreto projetado, ou outro
tipo de estabilização da face.

A boa prática executiva em reforço de solo grampeado para taludes


resultantes de escavações mecânicas ou manuais preza a realização de fases sucessivas
(realizadas de cima para baixo) de linhas de corte seguida da instalação dos grampos e
estabilização do paramento. (Figura 2.8)

Figura 2.8 - Construção de estrutura em solo grampeado em escavações com equipamentos


mecânicos (ZIRLIS et al., 1999).
37

2.6.1.1 ESCAVAÇÃO

As recomendações usuais, advindas de vários autores para a realização da


etapa de escavação de solos grampeados, são que se realizem escavações em
profundidades variando entre 1 a 2m, em função do tipo de solo. Esta recomendação
visa evitar deformações elevadas na face do talude durante a fase construtiva, mas a
escavação pode ocorrer em maiores profundidades em solos mais resistentes ou em
taludes mais inclinados, desde que analisada a estabilidade da escavação durante o
processo.

O material a ser escavado deve apresentar uma resistência aparente não


drenada ao cisalhamento mínima de 10 kPa, do contrário não se poderá executar esta
escavação. Uma resistência como esta, entretanto, é possível obter na maioria dos
solos argilosos e arenosos, mesmo em areias puras úmidas, devido ao efeito da
capilaridade. Somente em areias secas e sem qualquer cimentação entre grãos, ou em
solos argilosos muito moles este processo dificilmente terá sucesso (ORTIGÃO et. al.,
1993).

Onde possível, é recomendado inclinar a face do talude. Lima Filho (2000)


apud Lima (2007) relata que inclinações de 5º a 10º em relação a vertical, já são
suficientes para se obter significativo ganho na estabilidade geral do conjunto na fase
construtiva e redução da armadura de reforço. Outro procedimento que pode ser
realizado para minorar os deslocamentos do talude em solo grampeado, durante as
etapas construtivas, é a realização de escavação em bermas ou nichos (Figura 2.9)
(ZIRLIS, 1988; ORTIGÃO, 1993 e LIMA 2003).
38

Figura 2.9 - Escavações em bermas de equilíbrio (LIMA 2007).

2.6.1.2 EXECUÇÃO DO CHUMBADOR

A introdução dos grampos pode ser feita na horizontal ou com uma pequena
inclinação que em geral varia no intervalo de 5º a 15º com a horizontal. Em geral é
executada logo após a escavação, porém nada impede que o revestimento da face do
talude seja efetuado antes da inserção dos grampos, caso seja necessário.

A inserção dos grampos no maciço pode ser feita por perfuração ou


percussão, como já mencionado.

A técnica de perfuração conta com equipamentos de fácil manuseio,


pesando entre 25 e 500kg, instaláveis sobre qualquer talude. A depender da
profundidade do furo, do seu diâmetro e da área de trabalho, pode-se optar por
perfuratrizes tipo sonda, ou até perfuratrizes manuais. Quando a condição de trabalho
permite alta produtividade, são utilizadas carretas perfuratrizes sobre esteiras, cujos
pesos variam entre 2000 e 4000kg.
39

Como fluido de perfuração e limpeza do furo pode ser utilizado água, ar ou


lama. Se a opção for por trados, não é necessário o uso de fluidos (PIERK &
AZEVEDO, 2009).

Os furos são feitos em diâmetros que variam de 70 a 120 mm, a critério de


projeto.

As barras são posicionadas no maciço após a execução dos furos, segue-se


então, a injeção de nata de cimento no grampo, na relação água-cimento em torno de
0,5 em peso, ou de argamassa, em pressões baixas, inferiores a 100 kPa, por meio de
tubo removido do furo após o processo de preenchimento. No caso de aplicações
reinjetáveis, é prática comum instalar próximo à barra um ou mais tubos de injeção
perdidos, de polietileno ou similar, com diâmetro de 8 a 15 mm, providos de válvulas a
cada 0,5m, a até 1,5m da boca do furo. A quantidade de tubos depende das fases de
injeção previstas, e deve-se considerar um tubo para cada fase. Recomenda-se que não
se faça a reinjeção, a não ser que haja dois ou mais tubos de injeção perdidos (LIMA
2007).

Deve ser adotado tratamento anticorrosivo com resinas epóxicas ou pintura


eletrolítica sempre que as barras dos grampos forem de feitas de aço. No caso de
barras sintéticas, não há necessidade de tal procedimento sempre que o material for
imune à corrosão. Ao longo das barras, deve ser dispostos elementos centralizadores,
tipicamente a cada 2 ou 3m, para evitar o contato do elemento de reforço com o solo, e
garantir o recobrimento da barra com fluido cimentante.

A técnica de perfuração permite a inserção de grampos de qualquer


comprimento em diversos tipos de solos, necessitando apensas que os furos
permaneçam estáveis.

A técnica por percussão consta na cravação de barras ou perfis metálicos


com o auxílio de martelete pneumático, o que leva a um processo de execução muito
rápido, mas a resistência ao cisalhamento do contato solo-grampo é em geral pequena,
sendo típico valores da ordem de 30 a 40 kPa em solos arenosos. Este processo não
pode ser empregado quando há ocorrência de pedregulhos e é inconveniente no caso
40

de argilas, como as porosas de São Paulo e de Brasília, pois o atrito resultante é muito
baixo. Para esse tipo de técnica as barras ou perfis utilizados não devem passar de 6m
(ORTIGÃO et. al. 1993). Devem ser tomados cuidados no aspecto de proteção contra
corrosão. Em geral, nos elementos cravados, a prevenção é feita adotando-se uma
espessura adicional de recobrimento com resina ou pintura anticorrosiva (LIMA 2007).

Uma técnica alternativa foi desenvolvida na França (LOUIS, 1981 apud


LIMA, 2007), consistindo na cravação por percussão de um tubo de aço, a medida que
se injeta nata de cimento, sob pressão elevada, através da ponta (Figura 2.10). Os
muros assim executados são denominados na França de Hurpinoise, em
reconhecimento ao técnico Hurpin que desenvolveu o método. A pressão de injeção é
superior a 20kPa, destruindo o solo à frente da ponta, facilitando a cravação do grampo
(ORTIGÃO & PALMEIRA, 1992). Este processo, comumente é utilizado em obras
provisórias, em virtude da livre exposição dos reforços à corrosão (Figura 2.10)
(EHRLICH & SILVA, 1992, apud SILVA, 1999).

Figura 2.10 – Cravação dos grampos pelo processo Hurpinoise (SILVA, 1999).

De acordo com Ortigão e Palmeira (1992) apud Lima (2007), a firma


Dywidag Gmbh desenvolveu ainda uma técnica semelhante ao processo de grampos
cravados. A técnica ganhou a denominação comercial de “Titan”. Trata-se de um tubo
de aço ranhurado dispondo de coroa que é introduzido por rotopercussão. Ao final
injeta-se calda de cimento (Figura 2.11).
41

Figura 2.11 – Processo Titan (Dywidag) de instalação do reforço (ORTIGÃO & PALMEIRA,
1992 apud LIMA 2007).

Outras tecnologias estão em desenvolvimento, tais como a execução de


grampos tipo parafusos, feitos com barras de aço de alta resistência, introduzidas no
maciço com o auxílio de uma perfuratriz rotativa ou roto percussiva (Figura 2.12).

Figura 2.12 – Grampos parafusados (CHANCE, 2005 apud LIMA 2007).

2.6.1.3 REVESTIMENTO DA FACE

O revestimento usual, para solos reforçados com grampos, é uma camada


de concreto projetado com malha de tela soldada. Os próprios grampos são utilizados
como suporte para a tela e, em seguida, é aplicada uma camada de concreto projetado
via úmida ou via seca, com espessura, geralmente, de 10cm (Foto 2.13). A partir de
1992, em substituição a tela, algumas empresas passaram a utilizar a adição de fibras
42

metálicas ou sintéticas no concreto, garantindo uma economia de 20 a 40% por metro


quadrado aplicado (Figura 2.14) (ZIRLIS et al., 1999).

Figura 2.13 – Aplicação de concreto projetado sobre superfície de talude com utilização de
tela soldada (LIMA, 2007).

Figura 2.14 – Detalhe entre a utilização de tela e fibra (ZIRLIS et al., 1999)
43

Alguns projetos contam com painéis pré-fabricados, no recobrimento das


faces do talude, dando um melhor acabamento a contenção. Outra alternativa, é a
utilização de blocos pré-fabricados tipo Terrae, que dão um bom acabamento a obra,
facilitam a execução e garantem a drenagem (SARAMAGO et al., 2005; FERREIRA
JR. et. al., 2006, apud LIMA, 2007).

Em taludes com inclinação mais suave, é possível adotar revestimento


vegetal ou grama armada. Algumas empresas chamam essa técnica de Solo
Grampeado Verde ou Solo Grampeado Ecológico, com relatos de aplicações até
mesmo em taludes de inclinação entre 60º e 90º (Figura 2.15 e 2.16).

Figura 2.15 – Detalhe típico de revestimento com grama para taludes de solo grampeado
(SOLOTRAT, 2011).
44

Figura 2.16 – Aplicação de revestimento em grama para obra de recuperação de talude com
aplicação de solo grampeado (ALONSO, 2005).
45

2.6.2 MODOS DE RUPTURA

No dimensionamento de reforços em solo grampeado, é importante analisar


a evolução das tensões durante o processo construtivo.

Com relação à distribuição de tensões nos grampos, à medida que se


prossegue com a escavação, tensões de tração são desenvolvidas nos grampos em
função da descompressão lateral do solo, resultado do processo de escavação. Há um
aumento nas solicitações axiais ao longo dos grampos, em função do prosseguimento
da escavação (Figura 2.17).

Figura 2.17 - Distribuição de tensões e deslocamentos em taludes grampeados (LAZARTE et


al., 2003 apud LIMA, 2007).
46

Segundo Lazarte et al. (2003), os esforços axiais desenvolvidos ao longo do


grampo são máximos após duas fases subsequentes de escavação abaixo da cota
daquele grampo. Os esforços axiais podem aumentar moderadamente (em geral, cerca
de 15%) no intervalo de tempo entre o final da construção e a longo-prazo.

Este carregamento adicional que, em geral, não é calculado, está associado


ao fenômeno de “creep” e deve ser levado em consideração no projeto de taludes
grampeados através da adoção de FS mais conservadores. A influência do fenômeno
de “creep” pode ser verificada através do monitoramento dos esforços atuantes nos
grampos durante a vida útil da obra. A Figura 2.18 ilustra o resultado do
monitoramento das cargas axiais na cabeça de um grampo intermediário na primeira
obra instrumentada na França, onde é possível notar o acréscimo nos valores de tração
(entre as fases 5 e 6) associados ao fenômeno de “creep” (LIMA, 2007).

Figura 2.18 - Esforços axiais na cabeça de um grampo durante as sucessivas fases de


escavação (CLOUTERRE, 1991 apud LIMA 2007).
47

Segundo Feijó (2007), em situações nas quais a orientação da direção dos


grampos tende a corresponder à direção da deformação principal maior, o esforço
dominante ao longo do seu comprimento será basicamente a tensão axial. Essas
tensões se desenvolvem como resultado das restrições, impostas pelos grampos e
parede, às deformações laterais. Para uma escavação, as deformações laterais estão
associadas ao desconfinamento promovido pela retirada de material terroso de suporte,
como consequência do processo executivo. No caso de reforço de uma estrutura já
existente ou de um talude natural, as deformações laterais estão associadas a
movimentações já em curso na estrutura ou no talude.

Por outro lado, numa situação onde se deseja estabilizar um talude natural
com inclinação suave, como apresentado na Figura 2.19, onde a direção da superfície
potencial de ruptura é quase perpendicular à direção dos grampos, os esforços de
cisalhamento e de flexão poderão exercer influência significativa nas análises de
estabilidade. Na Figura 2.20 está representada a distribuição do empuxo passivo ao
longo do grampo, responsável pela mobilização desses esforços (FEIJÓ, 2007).

Figura 2.19 – Ideia do mecanismo, preponderando, no grampo, os esforços cisalhantes e


fletores (FEIJÓ, 2007).
48

(a)

(b)

(c)

Figura 2.20 – Modos de ruptura: a) arranchamento dos grampos, b) estrutural do grampo e c)


estrutural da face (FEIJÓ 2007).
49

2.6.3 DESLOCAMENTOS

Durante a construção e logo após a conclusão da obra, o maciço de solo


grampeado tende a se deformar. Essa deformação é necessária para que haja a
mobilização dos esforços de tração nos grampos. No entanto, deve ser analisada e
monitorada, a fim de evitar danos a construções próximas, que sejam sensíveis a
deslocamentos.

Os resultados de experimentos realizados na França, durante o projeto


Clouterre, colaboraram para definir a ordem da magnitude das extensões e
deformações que ocorrem em taludes de solo grampeado. Conforme ilustra a Figura
2.21, dois parâmetros podem ser definidos:

• δh=deslocamento horizontal máximo no todo da escavação próximo


à face;

• δv=deslocamento vertical máximo no topo da escavação próximo à


face;

A Figura 2.21 apresenta também uma sugestão para a avaliação de um


limite de influêcia (DDEF) afetado pela execução da estrutura em solo grampeado. Este
parâmetro permite checar a distância tolerável, às estruturas existentes, de modo que
estas não sofram recalques diferenciais (Lima, 2007).

A Tabela 2.4 traz valores típicos de deslocamentos em contenções de solo


grampeado.

Tabela 2.4 – Valores típicos de k e deslocamentos verticais e horizontais máximos baseados


em resultados empíricos (CLOUTERRE, 1991 apud LIMA, 2007).
Parâmetro Tipos de solos
Alteração de rocha Solos arenosos Solos argilosos
δh=δv 0,10%H 0,20%H 0,30%H
coeficiente k 0,8 1,25 1,5
Onde: DDEF=k(1-tanη).H
50

Figura 2.21 – Esquema das deformações em taludes grampeados (modificado de BYRNE et


al.,1998 por LIMA 2007).

2.6.4 DIMENSIONAMENTO

No Brasil, apesar da grande divulgação e utilização do método, além dos


inúmeros trabalhos publicados na área, não existe norma vigente para execução,
dimensionamento ou controle de contenções em solo grampeado. Existem, no entanto,
publicações de pesquisadores, que podem ser usada como parâmetro de
recomendações e critérios a serem adotados em projeto e ensaios “in situ”.

De acordo com Zirlis & Pitta (1992), a forma mais correta de se analisar o
solo grampeado, no seu conceito como solução de contenção, é como um grande muro
de gravidade limitado pela dimensão do chumbador. Com essa consideração, deve-se
analisar a estrutura tanto para esforços externos quanto internos. No primeiro caso,
deve resistir sem escorregamento ou afundamento, aos empuxos do solo contido, bem
como conter todos os possíveis planos de escorregamento. A verificação da
estabilidade interna se dará pelo correto dimensionamento dos espaçamentos verticais
51

e horizontais, e o comprimento dos chumbadores, que devem ser suficientes para


estabilizar o volume de solo abrangido. Cada elemento de reforço deverá ser
competente para conter o solo adjacente em equilíbrio, e o conjunto deverá ser capaz
de conter todos os possíveis planos de escorregamento profundos com segurança.
Complementam ainda ressaltando que não são estes isoladamente os elementos que
definirão o projeto. A experiência do executor, o acompanhamento da execução, a
análise da instrumentação e os ensaios do solo, são condicionantes básicos na
definição de um projeto.

Existem diversos métodos de projeto propostos para o dimensionamento do


solo grampeado. De acordo com Lima (2007), os métodos de análise se baseiam em
métodos de equilíbrio limite (Bishop Simplificado, Sarma ou Jambu, por exemplo) e
métodos de análise baseados no comportamento tensão-deformação do maciço
grampeado. As hipóteses adotadas por diferentes métodos são apresentados na (Tabela
2.5).

Conforme Guimarães Filho (1994) apud Zirlis et al. (1999), considera-se


que somente será possível compreender o mecanismo de trabalho do solo grampeado,
e portanto perfeitamente equacioná-lo para as reais condições brasileiras, a partir da
análise dos resultados de campo com ensaios da medição de tensões e deformação em
todos os elementos que compõem o Solo Grampeado.
Tabela 2.5 – Características dos métodos de cálculo em solo grampeado (LIMA, 2007, adaptado de ABRAMSON et al.,1996).

Método Multicritério Alemão Davis Devis Modificado Cardiff Escoamento Cinemático


(Francês)
Stocker et al.
Shen et al. Bridle (1989) e
Schlosser (1982 e (1979) e Gässler Elias e Juran Juran et al.
Referência (1981) Bridle e Barr Anthoine (1990)
1983) e Gudehus, (1990) (1988 e 1990)
(1990)
1981)

Equilíbrio limite – Equilíbrio limite – Teoria do


Equilíbrio limite – Equilíbrio limite – Equilíbrio limite – Análise de
momentos forças escoamento
Análise forças forças forças tensões internas
Estabilidade Estabilidade Estabilidade
Estabilidade global Estabilidade global Estabilidade global Estabilidade local
global global global
Parâmetros do solo Parâmetros do solo Parâmetros do
Parâmetros do solo Parâmetros do solo
(c’, φ’) (c, φ) Parâmetros do solo (c’, φ’)
Parâmetros do solo (c, φ) (c, φ)
Propriedades solo (c, φ)
Força limite nos (c, φ) Força limite nos Parâmetro
do material Força limite nos Força limite nos
grampos grampos Força limite nos adimensional de
pré-definidas Atrito lateral grampos grampos
Rigidez à flexão Rigidez à flexão grampos rigidez à flexão
Atrito lateral Atrito lateral (N)
dos grampos dos grampos
Tração, Tração, Tração,
Solicitações Tração Tração Tração Tração
cisalhamento e cisalhamento e cisalhamento e
nos grampos
flexão flexão flexão
Superfície Circular ou Bilinear Parabólica Parabólica Espiral Espiral
Espiral logarítmica
de ruptura polinomial logarítmica logarítmica
Mecanismo Misto* Arrancamento dos Misto Misto Misto Misto Misto
de ruptura grampos
NA sim não não não não não Sim

Solo sim não não não não não Sim


estratificado
Geometria Face vertical ou Face vertical ou Face vertical ou Face vertical ou Face vertical ou
Qualquer Face vertical
da estrutura inclinada inclinada inclinada inclinada inclinada
*Mecanismo de ruptura misto: ruptura relacionada com o arrancamento dos grampos ou pelo escoamento do aço.
52
53

2.6.4.1 MÉTODO ALEMÃO

Este método foi proposto por Stocker et al. (1979) apud Silva (2009) e
considera, a partir do método de equilíbrio limite, que a estrutura de solo-reforço
comporta-se como um muro de gravidade. Foi desenvolvido, a partir de observações e
resultados de ensaios realizados em modelos de escala reduzida, considerando que a
superfície de ruptura é composta por dois segmentos de reta (bilinear) (Figura 2.22).

Gässler e Guedhus (1981) apud Silva (2009) buscaram avaliar a influência


da variação de cada parâmetro no fator de segurança mínimo. A partir das análises
realizadas, os fatores de segurança mínimos foram calculados e apresentados em
função de outras variáveis, criando-se ábacos que podem auxiliar no dimensionamento
destas estruturas (Figura 2.23).

Figura 2.22 – Mecanismo de ruptura proposto por Stocker et al. (1979) apud Feijó (2007).
54

Figura 2.23 – Ábacos para cálculo da estabilidade de casos padronizados (GÄSSLER &
GUDEHUS, 1981 apud SILVA, 2009).

2.6.4.2 RESISTÊNCIA AO ARRANCAMENTO

A resistência ao arrancamento é um dos parâmetros mais importantes em projetos


de solo grampeado. Essa resistência se desenvolve na interface entre solo e grampo, e é
designada na literatura como tensão qs. O método mais indicado de determinação desse
parâmetro é através do ensaio de arrancamento (“pull out test”), esquematizado na Figura
2.24. Esse ensaio deve ser realizado no local onde se pretende implantar a obra de contenção,
preferencialmente com tecnologia e controle semelhantes aos que serão empregadas durante a
execução do grampo.
55

Figura 2.24 – Esquema de aparato para execução de ensaio de arrancamento (PORTERFIELD


et al., 1994, apud LIMA 2007).

É possível obter a tensão qs pela Equação 2.13:

U@H[ \. ]. H ^C

(Equação 2.13)

Onde:

D: diâmetro do furo;

La: comprimento ancorado atrás da superfície de ruptura;

Tmax: máxima força aplicada

qs: atrito unitário solo X grampo na ruptura.

A analise da relação tensão e deformação no decorrer do ensaio, permite


avaliar qual a carga máxima para qual ocorre ruptura do solo na interface (Figura 2.25)
56

Figura 2.25 – Resultado de ensaio de arrancamento em solo residual não saturado (FEIJÓ
2007).

Na cidade de Salvador, Bahia, foram executados em 2001, ensaios para


obra de reforço em solo grampeado, obtendo valores de resistência a tração nos
grampos da ordem de 47 a 63 kPa. A quantidade de ensaios, no entanto, não foi
significativa para uma representatividade das características do solo da cidade (Tabela
2.6).

Tabela 2.6 – Carga de trabalho e arrancamento dos grampos (SILVA, 2006).

Típicos valores da resistência ao cisalhamento no contato solo-grampo, para


grampos cravados e perfurados, instalados em vários tipos de solos com diferentes
metodologias executivas, são apresentados na Tabela 2.7 (LAZARTE et al., 2003 apud
LIMA, 2007).
57

Tabela 2.7 – Estimativa da resistência ao cisalhamento no contato solo-grampo, qs


(LAZARTE et al. apud LIMA, 2007).
Método
Material Tipo de Solo/Rocha qs (kPa)
Construtivo
Areia/pedregulho 100-180
Silte arenoso 100-150
Perfuração
Silte 60-75
rotativa
Solo residual 40-120
Colúvio (+ finos) 75-150
Areia/pedregulho (pequeno
cobrimento) 190-240
Solos Grampos
Areia/pedregulho (elevado 280-430
granulares/finos cravados
cobrimento) 100-180
colúvio
Silte arenoso (aterro) 20-40
Perfuração a
Silte arenoso 55-90
trado
Silte argilo-arenoso 60-140
Areia 380
“jet grouting”
Areia/pedregulhos 700
Perfuração
Silte argiloso 35-50
rotativa
Grampos
Areia siltosa 90-140
cravados
Solos coesivos “Loess” 25-75
Argila mole 20-30
Perfuração a
Argila rija 40-60
trado
Silte argiloso rijo 40-100
Areia argilosa (calcárea) 90-140

Alguns métodos de estimativa do valor da resistência ao cisalhamento na


interface solo-grampo (qs) podem ser adotados como parâmetros iniciais. No entanto,
diversos autores afirmam que a adoção desses métodos deve ser conjunta com o
58

controle durante a execução por meio de ensaios de arrancamento, para que se


confirme o valor adotado em projeto.

Lima (2007) efetuou uma avaliação de diferentes métodos empíricos, que


correlacionam o valor de qs com o número de golpes (N) no ensaio de sondagem a
percução (SPT). Os valores obtidos para um solo com N(SPT) de 10 golpes variaram
de forma muito acentuada dentre os valores determinados por cada método (Tabela
2.8), demonstrando necessidade de um número maior de ensaios para que se possa
adotar a correlação que melhor se adapta a realidade do solo estudado.

Tabela 2.8 – Determinação de qs por correlações empíricas (LIMA, 2007).


Referência Correlação Valor de qs para N(SPT)=10
Ortigão (1997) qs= 50 + 7,5 N(SPT) 125kPa
Ortigão et al. (1997) qs= 67 + 60 ln N(SPT) 205kPa
50kPa (argila)
Clouterre (1991) Figura 2.26a e 2.26b
80kPa (areia)
Springer (2006) Springler (2006) 89kPa

Figura 2.26a – Correlação entre qs com a pressão limite do pressiômetro de Ménard (p1) e
N(SPT), para solos arenosos (LIMA, 2007, adaptado de CLOUTERRE, 1991).
59

Figura 2.26b – Correlação entre qs com a pressão limite do pressiômetro de Ménard (p1) e
N(SPT), para solos argilosos (LIMA, 2007, adaptado de CLOUTERRE, 1991).

Zirlis et al. (2003) ressaltam que as análises matemáticas, por meios


eletrônicos ou manuais, não permitem definir previamente por si só qual o projeto
mais seguro ou econômico, quer pelas insuficientes informações do subsolo,
usualmente oferecidas para projeto, quer pela grande dificuldade em simular o
comportamento específico dos solos brasileiros, especialmente dos residuais e dos
sedimentos terciários.

Segundo Ortigão (1997) apud Lima (2007), o desempenho do grampo


quanto à resistência ao cisalhamento no contato solo-grampo, pode ser melhorado com
os seguintes cuidados (Figura 2.27):

• Limpeza do furo: a limpeza do furo durante a perfuração pode ser


realizada a seco (com ar comprimido) ou utilizando água ou outro
fluido na lavagem (com equipamentos rotativos);

• Materiais e fator água-cimento: empregando componentes de calda


de cimento adequados, com fator água-cimento apropriado;
60

• Aditivos: um importante aditivo é o expansor de calda de cimento,


que evita a retração e, consequentemente, a diminuição do atrito.
Outro aditivo é o acelerador de pega, permitindo a mobilização do
reforço em menor tempo;

• Tubo lateral de injeção: a utilização de uma tubulação plástica


lateral de injeção deve ser prática obrigatória, especialmente em
grampos longos com comprimento maior que 3m, pois é essencial
garantir que a calda preencha todo o furo;

• Espaçadores e centralizadores: são dispositivos simples que podem


ser fabricados na própria obra, instalados a cada 2 ou 3m ao longo da
barra de aço. Garantem que a barra seja centrada no furo.

Zirlis et al. (2005) ressaltam que, o item de maior relevância dentre as


causas para queda de arrimo construído pela técnica de solo grampeado, é a má
execução do chumbador, e que a execução de injeções sejam realizadas em no mínimo
3 fases: bainha, primeira fase e segunda fase, para garantir aumento de resistência ao
arrancamento pelo efeito da injeção.

Figura 2.27 – Detalhe representativo de partes constituintes de chumbador (ZIRLIS, 1999).


61

2.6.4.3 RESISTÊNCIA A FLEXÃO DO GRAMPO

As solicitações nos grampos são, na maioria dos casos, os esforços normais.


No entanto, possíveis solicitações transversais ao grampo podem promover o
surgimento de esforços cisalhantes e fletores. Em taludes de inclinações elevadas e
grampos de baixa rigidez, esses esforços são modestos, sendo necessários grandes
deslocamentos para mobiliza-los.

Feijó (2007) orienta que para esse tipo de esforço, as deformações nos
grampos podem ser calculadas considerando os reforços como sendo estacas
solicitadas a carregamento horizontal lateral.

Feijó (2007) ressalta também, que tais solicitações vêm sendo motivo de
discursão entre estudiosos da área de geotecnia a anos, e que o impasse sobre a real
contribuição dos esforços cisalhantes e fletores nos grampos para a estabilidade global
continua sem respostas definitivas.

Na Figura 2.28, um modelo representativo dos esforços locais transversais


no grampo. Tc representa as tensões cisalhantes e M, os momentos fletores. No ponto
O, interseção da superfície de ruptura e grampo, a tensão cisalhante atinge seu valor
máximo (Tc0), correspondente ao momento fletor nulo. Ao contrário, nos pontos A e A’
o momento fletor atinge seu valor máximo e Tc = 0. O comprimento l0 é definido
como sendo a distância entre os pontos O e A.
62

Figura 2.28 – Analogia do grampo a uma estaca carregada horizontalmente no topo


(MITCHELL & VILLET, 1987, apud FEIJÓ, 2007).

2.6.5 VANTAGENS E LIMITAÇÕES

A técnica de solo grampeado apresenta atrativos técnicos e econômicos no


reforço e estabilização de solos. Algumas vantagens que incentivaram o
desenvolvimento da técnica nas últimas três décadas, são as seguintes:

• Baixo custo – No solo grampeado o único elemento estrutural


utilizado para a estabilização são os grampos. A proteção do talude
em concreto projetado ou outro revestimento, como, por exemplo,
revestimentos pré fabricados, proteção superficial com vegetação,
entre outros, têm custos relativamente mais baixos e podem permitir
uma considerável economia em relação às outras soluções
convencionais.

• Equipamentos leves – O solo grampeado pode ser executado


utilizando-se equipamentos leves e de fácil manuseio. Em geral são
utilizadas sondas rotativas de pequeno porte para a execução dos
63

furos e a injeção da calda de cimento se processa, em geral, por


gravidade. O revestimento pode ser aplicado manualmente ou
utilizando-se um equipamento de projeção de concreto.

• Velocidade na execução – Tanto o grampeamento do solo, quanto a


execução do paramento são etapas de rápida execução. Utilizando
equipamentos adequados, como perfuratrizes na introdução dos furos
no maciço e aplicando concreto projetado como revestimento, é
possível se completar uma faixa de aplicação em pouco tempo,
garantido agilidade no andamento da obra.

• Adaptação às condições locais – Devido à utilização de


equipamentos de pequeno e médio porte e ao seu processo executivo,
o solo grampeado é de fácil adaptação a diferentes tipos de
condições geométricas de taludes, como inclinações e sinuosidades.

• Flexibilidade – Essa característica traz vantagens na aplicação em


regiões de atividade sísmica ou em áreas com cargas dinâmicas.

• Possibilidade de estruturas mistas – É possível aplicar a técnica


como solução conjunta com outros tipos de contenção.

Por outro lado algumas limitações devem ser observadas ao se indicar a


aplicação de solo grampeado como intervenção para promover a estabilidade de
taludes dentre elas:

• Presença de nível d’água – O uso da técnica de grampeamento na


presença de água deve estar associado a um eficiente sistema de
rebaixamento permanente do lençol para que se permita a execução.

• Condições de drenagem – Em condições de drenagem inadequada, a


saturação do solo e o aumento da poro-pressão levam a redução do
atrito solo/grampo. Esse fato pode levar grandes perdas de
64

resistência ao cisalhamento, levando a uma situação passível de


escorregamento do chumbador. Assim como, nessas situações podem
ocorrer problemas de durabilidade dos grampos.

• Movimentação lateral e vertical – Devido a sua característica de


flexibilidade, o solo grampeado gera deslocamentos horizontais e
verticais no solo durante e posteriormente ao seu processo executivo.
Estudos mostram que durante a execução da técnica, ocorre no solo
fenômeno semelhante ao de “creep” (rasteja da massa de solo em
velocidades lentas e segundo planos de ruptura não definidos). Esses
deslocamentos variam em geral de 0,30% a 0,50%H, onde H é a
altura de escavação, podem gerar problemas a construções sensíveis
a recalques, sendo de grande importância o acompanhamento dessas
deformações em áreas urbanas ou em outras regiões com a presença
de estruturas vizinhas.

• Condições de solo – Areias sem coesão aparente, solos contendo alta


percentagem de argila, onde o teor de umidade pode aumentar depois
da construção, devido ao possível ingresso de água que acarretaria
uma perda da resistência do solo e, consequentemente, uma
significativa redução da resistência ao cisalhamento solo grampo,
pode dificultar a implantação do solo grampado (BOLTON e
STEWART, 1990 apud LIMA, 2007). Em argilas moles, com LL
maior que 20% e resistência não-drenada (Su) menor que 50kPa, não
se indica este tipo de solução por causa de possíveis movimentações
associadas de fluência (ABRAMSON et al., 1996 apud LIMA,
2007). Entretanto, em estruturas temporárias, a aplicação da técnica
de solo grampeado pode ser eficiente em solos moles (ORAL e
SHEAHAN, 1998 apud LIMA, 2007).
65

2.7 COMPARATIVO ENTRE SOLO GRAMPEADO E CORTINA


ATIRANTADA

As duas técnicas, apesar de possuírem semelhança na aplicação, são bem


diferente quanto ao seu funcionamento. São apresentadas a seguir, as principais
diferenças dentre os dois métodos (Tabela 2.9).

Tabela 2.9 – Comparação entre cortina atirantada e solo grampeado

Cortina atirantada Solo grampeado

Ancoragem de elemento
Reforço do maciço de solo através
Modo de atuação estrutural de contenção através
da inserção de grampos no terreno
de tirantes protendidos

A deformação do solo, devido aos


esforços de empuxo ativo,
O maciço é confinado, passando
Mobilização de mobiliza tensões cisalhantes na
a ser solicitado por empuxo
esforços no solo interface solo-grampo que
passivo
aumentam as tensões resistentes
no maciço

São introduzidos tirantes São introduzidos chumbadores no


Mobilização de ancorados no solo através de uma solo, que aderem no solo ao longo
esforços nos área de contato determinada, de todo o seu comprimento, sendo
elementos sendo solicitados a efeitos de solicitados a esforços de tração e
introduzidos no solo tração devido à carga de proteção cisalhamento provenientes das
exercida mobilizações do maciço

Elemento de impermeabilização e
Elemento estrutural solicitado à
Solicitações na face estabilização contra erosão,
flexão, de concreto armado
usualmente em concreto projetado

Densidade de Em torno de 0,1 a 0,25 unidades Entre 0,5 e 6,0 unidades por metro
elementos por metro quadrado (ZIRLIS & quadrado (ZIRLIS & PITTA,
introduzidos no solo PITTA, 1992) 1992)
66

Tais distinções são apontadas na literatura de forma que:

• Os tirantes são protendidos assim que a estrutura de contenção está


pronta, iniciando seu trabalho sem necessidade de deformação do
maciço. Ao contrário, os chumbadores não são protendidos,
necessitando que o solo se deforme para que iniciem seu trabalho.
Sabe-se, entretanto que estas deformações necessárias são
surpreendentemente muito pequenas para desenvolvimento do atrito
lateral (ZIRLIS & PITTA, 1992).

• As ancoragens são fortemente pré-tensionadas com cargas de 150 a


1000kN, para prevenir deslocamentos da cortina, os grampos sofrem
no máximo uma pequena pre-tensão, da ordem de 5 a 10kN, com a
finalidade exclusiva de garantir a ligação com o concreto projetado,
principalmente em paramentos verticais (ORTIGÃO et al. 1993).

• Os chumbadores aderem ao solo ao longo de todo seu comprimento,


enquanto que os tirantes somente numa extensão pré determinada,
tem-se portanto uma diferente distribuição de tensões no solo
contido (ZIRLIS & PITTA, 1992).

• A densidade de aplicação de cada chumbador na face do talude é


muito superior aos tirantes, entre 0,5 e 6,0 unidades por m², não
induzindo a grandes riscos a falha de uma unidade. A falha de uma
ancoragem injetada pode induzir a um acréscimo de carga em
ancoragens adjacentes de até 65%, visto que sua malha de aplicação
está entre 0,10 e 0,25 unidades por m² (ZIRLIS & PITTA, 1992).

• Medidas de campo em cortinas atirantadas indicam que a máxima


deflecção lateral é geralmente na meia altura da parede de contenção.
No solo grampeado, a máxima deflecção se apresenta no topo.
67

Também, a deformação máxima apresentada pelo solo grampeado é


geralmente muito maior do que a apresentada por cortinas
atirantadas (LAZARTE et al, 2003).

• A grande maioria das cortinas tradicionais tem parede moldada in


loco vertical, pois a concretagem inclinada apresenta problemas
executivos que devem ser evitados. Ao contrário, os muros de solo
grampeado podem facilmente ter paredes inclinadas, acompanhando
a inclinação natural do terreno reduzindo-se escavações e com
vantagens para a estabilidade da obra (ORTIGÃO et al, 1993).

• A face concretada da cortina atirantada tem função estrutural de


transferir ao solo, os esforços de ancoragem dos tirantes. A face dos
reforços em solo grampeado tem função apenas de
impermeabilização e estabilização e controle de erosão.

• Os tirantes são geralmente mais longos (15 a 45m) que os grampos e


deste modo, necessitam de equipamentos mais pesados. O
comprimento dos tirantes em relação aos chumbadores é, em geral,
de 3 a 5 vezes maior (LIMA 2007, ZIRLIS & PITTA, 1999).

• A cortina atirantada apresenta um maior grau de confiabilidade em


função da fixação de critérios para execução e controle através de
ensaios aos quais os tirantes devem ser submetidos (NBR 5629/96).
No caso de solo grampeado, raríssimas vezes os grampos são
testados e, quando o são, o número de ensaios é insignificante em
relação à área estabilizada (FALCONI & ALONSO, 1996 apud
LIMA, 2007);

Os mecanismos de transferência de carga na cortina atirantada e no solo


grampeado, podem ser comparados na Figura 2.29.
68

Figura 2.29- Mecanismos de transferência de carga (ORTIGÃO & SAYÃO, 2000 apud
LIMA, 2007).

2.8 DRENAGEM

A instalação de sistema de drenagem é fundamental para o bom


funcionamento de estruturas de contenção, uma vez que, de forma geral, elas não são
dimensionadas para resistirem ao empuxo de coluna d’água na face do talude.

Como soluções de drenagem para taludes em casos gerais, tem-se:

• Canaletas (de crista e de pé): canais de drenagem superficial


moldadas em loco, com revestimento em concreto, material
betuminoso, pedra argamassada, ou mesmo utilizando o próprio
terreno como base. Canalizam a água escoada de forma horizontal
até um ponto de captação ou descarga (Figura 2.30).

• Descida d’água: drenagem superficial que canaliza a água do topo


talude para uma cota mais baixa. Geralmente construída em degraus
para reduzir a velocidade de escoamento.,
69

• Dreno sub-horizontal profundo (DHP): são elementos que captam as


águas distantes da face do talude antes que nela aflorem. Ao captá-
las, as conduzem ao paramento e despejam em canaletas. Os DHP
resultam da instalação de tubos plásticos drenantes em perfurações
no solo. Os tubos são perfurados e recobertos por manta geotêxtil ou
telas de nylon. São drenos lineares embutidos no maciço, cujos
comprimentos se situam normalmente entre 6,0 e 18,0 metros
(Figura 2.31) (ZIRLIS, 1999).

• Dreno de paramento: São peças que pretendem promover um


adequado fluxo às águas que chegam no paramento do talude.
Usualmente tem-se os agulheiros (barbacãs) e o dreno de paramento.
O dreno tipo barbacã é o resultado da escavação de uma cavidade
com cerca de 40 x 4 0 x 40 cm preenchida com material arenoso e
tendo como saída tubo de PVC drenante, partindo de seu interior
para fora do revestimento com inclinação descendente. Trata-se de
uma drenagem pontual. O dreno de paramento é o resultado da
instalação numa escavação de calha plástica drenante revestida por
manta geotêxtil, dreno fibroquímico, na direção vertical da crista até
o pé do talude (Figura 2.32) (ZIRLIS, 1999).

Figura 2.30 – Canaleta trapezoidal em talude de aterro. (DENIT, 2006).


70

Figura 2.31 – Detalhe esquemático de dreno sub-horizontal profundo (ZIRLIS, 1999).

Figura 2.32 – Dreno de paramento e barbacã (ZIRLIS, 1999).


71

3 ESTUDO DE UM CASO REAL

O presente estudo possui foco em taludes de corte vertical e de altura


elevada, sendo sugeridas como soluções de contenção mais viáveis, por observação
prática, a cortina atirantada e o solo grampeado. Como modelo de cálculo, foi
utilizados métodos clássicos de análise de estabilidade, por sua maior simplicidade
quanto à necessidade de parâmetros e sua satisfatória respeitabilidade comprovada na
prática.

A obra tomada como referência de estudo é uma escavação verticalizada


com altura de dez metros, para a implantação de estacionamento de veículos leves. O
empreendimento ao qual pertence é o complexo da Faculdade de Tecnologia
Senai/Cimatec, em Salvador, Bahia (SENAI/CIMATEC, 2007).

Os projetos apresentados no presente trabalho são de autoria própria, e


basearam-se em formulações matemáticas conceituadas na literatura. Pela não
disponibilidade de ensaios de resistência ao cisalhamento, foram adotados parâmetros
de resistência para o solo com base em associações empíricas com o ensaio de
penetração dinâmica (SPT).

3.1 INVESTIGAÇÃO DE SUBSOLO E CONSIDERAÇÕES DE


PROJETO

Foram efetuados ensaios a percussão (SPT), para a caracterização do


subsolo no local (Figura 3.1a e 3.1b). A análise dos resultados obtidos pelos ensaios
demonstra, inicialmente, uma camada de aterro até a profundidade de um metro. Logo
após, se observa uma predominância de solo silte argiloso, variando de duro a rijo,
com presença de areia fina em alguns trechos. Por questões práticas, foi adotada uma
única camada de solo, tendo em vista que a variação entre as camadas presentes é
muito pequena. Não foi encontrado nível d’água nas profundidades de sondagem. O
impenetrável foi atingido na profundidade de 17,38m no furo 11 e a 9,25m no furo 12.
72

Analisando os resultados obtidos nos ensaios de SPT e correlacionando


esses resultados com os parâmetros de resistência do solo (φ,c), por meio de
formulações ou ábacos presentes na literatura (SCHNAID, 2000), com a adoção de
coeficientes de ponderação para o tipo de solo, de 1,5 para φ, e 1,6 para c, devido a
não contemplação de características de solos siltosos por esses métodos. Obteve-se os
seguintes valores,:

I. Solo I (Única camada de solo).


• γ=16 kN/m³ (Peso específico do solo).
• φ=25º (Ângulo de atrito interno do solo).
• c=20 kPa (Força de coesão entre partículas solo).

Devido à finalidade de utilização do talude para a implantação de


estacionamento de veículos leves no seu plano superior, foi determinada sobrecarga de
10kN/m², distribuídos em seu plano superior. Esse valor arbitrado supera o da NBR
6120 (ABNT, 1980), para sobrecargas de estacionamento, que regulamenta um
mínimo de 3kN/m² para estacionamentos, tendo em vista situações mais críticas
durante a fase de execução.
73

Figra 3.1a – Perfil de sondagem a percussão (SPT), furo nº11 (SENAI/CIMATEC, 2007).
74

Figra 3.1b – Perfil de sondagem a percussão (SPT), furo nº12 (SENAI/CIMATEC, 2007).
75

3.2 AVALIAÇÃO DE ESTABILIDADE

Foi inicialmente avaliada a estabilidade do talude quanto a sua situação de


corte, para avaliar a necessidade de intervenção com obra de contenção.

Para determinação do fator de segurança (FS), apresentado pela geometria


proposta em corte, foram utilizados os métodos de Fellenius e Bishop simplificado,
por serem métodos bem difundidos e reconhecidos pelo meio técnico, além de
necessitarem de parâmetros relativamente simples de serem obtidos para que se efetue
a análise. O fator de segurança tomado como o menor possível, foi determinado pela
avaliação de três possíveis superfícies de deslizamento, apresentadas no Anexo A.
(Tabela 3.1).

Tabela 3.1 – Fator de segurança para diferentes superfícies de ruptura.


Análise Coordenada Fellenius Bishop
(x,y,r) Simplificado
1 13,5 10 16,72 0,850 0,721
2 13,5 12 17,75 0,819 0,769
3 16 10 18,87 0,870 0,695
Nota1: as coordenadas tem como referencia o pé do talude

As superfícies de ruptura foram determinadas traçando-se raios passando


pelo pé do talude. As análises foram feitas subdividindo as prováveis superfícies de
ruptura em doze lamelas, espaçadas de forma a obter a melhor distribuição das
mesmas.

3.2.1 AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS

Não se prosseguiram as análises de estabilidade para determinação da


superfície crítica de ruptura, representada pelo menor FS possível, devido aos fatores
de segurança encontrados nas três primeiras análises já representarem a necessidade de
intervenção.
76

O plano de corte, necessário para a implantação do empreendimento,


apresenta fatores de segurança muito abaixo do recomendado pela NBR 11682 (2009),
que seria de 1,5 para a situação em questão. Com isso, a execução de obra de
contenção para tornar o maciço estável é indispensável.

3.3 DIMENSIONAMENTO DE CONTENÇÃO EM CORTINA


ATIRANTADA

O dimensionamento da cortina atirantada foi realizado com base no Método


de Costa Nunes, descrito no item 2.5.3. Observa-se em resumo, os valores obtidos pelo
dimensionamento na Tabela 3.2.

Tabela 3.2 – Resumo de cálculo de cortinas atirantadas.


Superfície de ruptura
H ϒ q i C ϕ φCR l X P Fsmin
(m) (kN/m³) (kN/m²) (graus) (kPa) (graus) (graus) (m) (m) (kN/m)

10 16 10 90 20 25 57,5 11,86 6,37 573,36 0,70


Dados de ancoragem
φ' FSsp λ α β Fanc Fbarra nv sv sh Lb
(graus) (graus) (graus) (kN/m) (kN/m) barras (m) (m) (m)

35,50 1,53 2,15 15,00 72,50 243,92 200 4 2,65 3,25 5,68

O memorial de cálculo, utilizado para confecção da Tabela 3.2 é


apresentado a seguir:

• Ângulo do plano crítico de deslizamento, pela Equação 2.5:

9
∅78
2

(Equação 2.5)

90_ 25_
∅78 57,5_
2
77

• Dimensões da cunha de ruptura (Equação 3.1 e 3.2)

F 10,0
11,86 c
cos 9 ∅78 # cos 32,5_

(Equação 3.1)

. F. d 9 ∅78 # 10. d 32,5_ # 6,37 c

(Equação 3.2)

• Ângulo formado pelos tirantes com a superfície crítica de


deslizamento (β)

Foi adotado o ângulo entre os tirantes e a horizontal (α) como sendo de 15º
para que seja facilitada a execução dos tirantes, de forma a permitir o preenchimento
do furo com nata de cimento para o recobrimento dos tirantes por gravidade. Dessa
forma, aplicando a equação 3.3:

K ( ∅78 15_ 57,5_ 72,5_

(Equação 3.3)

• Forças atuantes na cunha de deslizamento (P), conforme Equação


3.4,

F. . 10 . 6,37
.E ^. . . 16 10 . 6,37 573,36 e/c
2 2

(Equação 3.4)

• Coeficiente de segurança referente à superfície crítica de


deslizamento (FSmin) (Equação 2.6)

B. . cos :
@A/
. % ∅78 :#

(Equação 2.6)

20 . 11,86 . cos 25_


0,70
@A/
573,36 . % 57,5_ 25_ #
78

• Plano de ancoragem dos tirantes (∅’#

A determinação do plano de ancoragem é feita por meio de tentativas, como


já mencionado no presente trabalho.

Com a Equação 2.7,

2. B
% 9 . cos :
E. F
%h
% 9 ∅′#. % ∅′ :#

(Equação 2.7)

sendo FSsp = 1,5 o menor fator de segurança possível, de forma a atender


aos critérios da NRB 5629 (ABNT 1996),

∅′ 35,5_

• Força de protensão necessária, conforme Equação 2.8:

Como FSsp 1,5,

%h 1,50
J 2,15
c9 0,70

(Equação 3.5)

e,

J 1 % ∅78 :#
. .
H/I
J G% K :#

(Equação 2.8)

2,15 1 % 32,5_ #
. 573,36. 243,92 e/c
H/I
2,15 G% 47,5_ #
79

• Cálculo do espaçamento horizontal (sh) entre tirantes

Com o intuito de distribuir o espaçamento entre tirantes, de maneira


uniforme na face da cortina, adotou-se espaçamento vertical (sv) inicial de um metro
em relação ao topo, por questões construtivas, seguido de três faixas espaçadas
igualmente de 2,65m. Dessa forma, obtêm-se quatro tirantes for faixa vertical de
contenção.

A barra adotada para execução dos tirantes foi a ST/55, que apresenta carga
máxima de trabalho de 200kN.

Com isso, o espaçamento é determinado segundo a Equação 3.6,

XHkkH . 200 . 4
%j 3,25 c
XHkkHC

H/I 243,92

(Equação 3.6)

• Cálculo do comprimento de ancoragem dos tirantes

Pela NBR 5629 (ABNT, 1996), para solos coesivos, pode-se adotar, a título
de estimativa, a máxima resistência a tração (T) do solo pela Equação 2.12:

U (. W. H -

(Equação 2.12)

obtendo-se assim, um comprimento mínimo do trecho ancorado de

H l 5,68c
80

3.3.1 REPRESENTAÇÃO E DETALHES DO PROJETO

Com objetivo de facilitar a execução, o comprimento ancorado adotado foi


de 6,0 metros. A fim de prevenir o acumulo de água na face da contenção, devem ser
executados drenos de face, tipo agulheiros conforme representado na Figura 3.2. Pela
não presença de nível d’água na sondagem, e a impermeabilização do plano superior
com a instalação do estacionamento, não há necessidade de drenos profundos na obra.
A drenagem do pavimento deve ser feita de forma que impeça o acúmulo de água no
topo ou no pé da contenção, prevendo canaletas de drenagem.

Os tirantes deverão receber uma proteção contra corrosão, como previsto na


NBR 5629, para situação classe 2, que é recomendada para tirantes permanentes em
meio não agressivo. Deve também, ser executado, os ensaios especificados pela
mesma.

O furo para inserção do tirante deve ser executado no diâmetro de 100 mm


para se caracterizar a resistência estimada no cálculo. No mínimo duas fases de injeção
deverão ser executadas para cada tirante.

Maiores detalhes representados em projeto (Figura 3.2 e 3.3).


Figura 3.2- Representação da locação dos tirantes na face da contenção
81
Figura 3.3- Representação em corte da locação e comprimento dos tirantes.
82
83

3.4 DIMENSIONAMENTO DE CONTENÇÃO EM SOLO


GRAMPEADO

Pela falta de normas vigentes que regulamentem o dimensionamento de


solos grampeados no país, as análises foram feitas com base no método alemão,
adaptado por Gässler (1997) aos parâmetros propostos pelo Eurocode 7.

3.4.1 ESTABILIDADE DO REFORÇO COMO MURO DE GRAVIDADE

Foram determinadas as dimensões do maciço reforçado pelos grampos,


considerando-o como um muro de gravidade e avaliando sua estabilidade.

Com a finalidade de racionalizar o uso das barras, foram analisados muros


cuja base (L) é limitada pelo comprimento dos grampos de oito e de dez metros.

Analisando os esforços segundo métodos clássicos de dimensionamento de


muro de peso, a situação que revela melhor estabilidade é para o muro com grampos
de dez metros (Tabela 3.3).

Tabela 3.3 - (a) Muro delimitado por grampos de 8m; (b) Muro delimitado por grampos de
10m.
Dimensões do Muro Capacidade do muro
H(m) 10,00 A1(m²) 77,27 P(kN) 1236,4
L(m) 7,73 x1(m) 3,86 Ma(kN.m) 1102,1
g(kN/m³) 16 Mr(kN.m) 4777 FS 4,33
Ka 0,37 Xm(m) 3,0 L/3(m) 2,58
Ea kN 330,6 e(m) 0,89 sadm=350
smax(kPa) 270,7 FS 1,29
smin(kPa) 49,3
Vr(kN) 596,5 FS 1,80
(a)
84

Dimensões do Muro Capacidade do muro


H(m) 10,00 A1(m²) 63,59 P(kN) 1545,5
L(m) 9,66 x1(m) 4,83 Ma(kN.m) 1102,1
g(kN/m³) 16 Mr(kN.m) 7464 FS 6,77
Ka 0,37 Xm(m) 4,1 L/3 3,22
Ea kN 330,6 e(m) 0,71 sadm=350
smax(kPa) 230,9 FS 1,52
smin(kPa) 49,3
Vr(kN) 740,7 FS 2,24
(b)

3.4.2 DIMENSIONAMENTO DE SOLO GRAMPEADO UTILIZANDO O


MÉTODO ALEMÃO

Como parâmetros iniciais, o espaçamento vertical adotado entre os grampos


foi de 1,25 metros, e a inclinação dos grampos com a horizontal segundo um ângulo de
15º.

A tensão máxima resistente à tração, fornecida pelo solo, para um


chumbador de diâmetro de 100 mm, de acordo com a Tabela 2.5, em solo semelhante
ao estudado é:

Ts m,k=15,00 kN/m

Esse valor está de acordo também com o recomendado na tabela 2.4.

Sobre as características do solo foram empregados os coeficientes de


ponderação propostos por Gäsller (1997), segundo recomendações o Eurocode 7 e a
norma alemã DIN 1054 para obras de geotecnia.
85

• Ângulo de atrito interno do solo dado na Equação 3.7

:O
:M arctan n p
Eo

(Equação 3.7)

Com

Eo 1,25

tem-se,

:M 20,46_

• Coesão do solo

E7 1,60
BM 12,5

• Peso específico do solo e sobrecarga

Eq 1,30; Es 1,00

^M 13,0 e/c²; EM 16,0 e/c³

O tipo de ruptura estudada foi tomada como bilinear (two-part wedge


failure), a título de estudo preliminar.

Gäsller (1997) identificou, através de análises em laboratório com, obras


executadas em escala reduzida, que a interface vertical de ruptura coincide com a
projeção do comprimento final dos últimos grampos. Com isto, determina que, para a
varredura da situação crítica, apenas a variação do ângulo θ é suficiente.

A situação crítica encontrada foi para um plano de ruptura com ângulo de


inclinação no pé do talude em relação à horizontal (θ) de 40º, Figura 3.4. As outras
possibilidades estudas, estão descritas no Anexo B e em resumo na tabela 3.4.
86

Figura 3.4- Configuração de análise e diagrama de esforços pelo método Alemão, para θ=40º

Como,

vM 274 e/c

) 8,84 7,67 6,51 5,34 4,18 3,01 1,85 0,68# 38,08 c

tem-se pela Equação 3.8:

vM 274 e/c
U@,M 7,20
∑ 38,08 c

(Equação 3.8)
87

Tabela 3.4 – Tensões nos grampos para diferentes superfícies de ruptura.


θ Zd Σl Tm,d=Zd / Σ l
[º] [kN/m] [m] [kN/m/m]
35 118 32,70 3,60
40 274 38,08 7,20 (Maior)
45 294 43,36 6,78

Sobre a resistência de arrancamento necessária, é aplicado um coeficiente


de ponderação recomendado pela DIN 1054, de forma que:

U@,O
Ew 1,40
U@,M

(Equação 3.9)

tem-se,

e/c
U@,O U@,M . Ew 10,08
c

Comparando a tensão resistente necessária, com a tensão resistente


apresentada pelo solo, conforme a Equação 3.10:

^C @,O U@,O . x

(Equação 3.10)

15,00
1,48 c
x
10,08

As tensões de tração geradas no grampo, devido a esse espaçamento,


necessitariam de uma área de aço de seção transversal superior a da barra de 20 mm,
para serem absorvidas sem grandes deformações do aço. A título de economia, é
adotado o espaçamento horizontal como 1,25m, e mantidas barras tipo CA-50, de
diâmetro de 20 mm.
88

Dessa forma, adotando Sh como 1,25 metros, pela Equação 3.11, tem-se:

LM U@,M . x . @H[

(Equação 3.11)

LM 7,20 . 1,25 . 8,84 79,56 e

A tensão de tração no elemento da barra é de 79,56 kN, para o qual, é


suficiente uma barra de aço CA-50 com diâmetro de 20mm.

• Deformação na face

As deformações na face podem ser definidas, segundo os valores sugeridos


pelo projeto Clouterre, apresentados na tabela 2.4, que apontam:

δh δh 0,3%. H 30 mm

A faixa a ser respeitada para construção de edifícios sensíveis a


deslocamentos dessa ordem é de:

D•€• k 1 tan ƒ #. H 15 m
89

3.4.3 REPRESENTAÇÃO E DETALHES DO PROJETO

O furo para a instalação dos chumbadores deve ser executado com diâmetro
de 100mm. A fim de prevenir o acumulo de água na face da contenção, devem ser
executados drenos de face, tipo agulheiros conforme representado. Pela não presença
de nível d’água na sondagem, e a impermeabilização do plano superior com a
instalação do estacionamento, não há necessidade de drenos profundos na obra. A
drenagem do pavimento deve ser feita de forma que impeça o acúmulo de água no
topo ou no pé da contenção, prevendo canaletas de drenagem.

Cada chumbador deve receber o mínimo de duas fases de injeção de calda


de cimento, na proporção de a/c igual a 0,5, em peso. A face do talude deverá ser
recoberta por uma camada de concreto projetado, com tela de armação, na espessura
de 10 cm. Todas as barras de aço devem receber tratamento anticorrosivo e devem ser
posicionados espaçadores a cada dois metros.

Maiores detalhes representados em projeto (Figura 3.5 e 3.6).


Figura 3.5 - Representação da locação dos grampos na face da contenção
90
Figura 3.6 - Representação em corte da locação e comprimento dos grampos

91
92

3.5 ORÇAMENTO

Os valores apresentados no presente orçamento tiveram como base valores


propostos pela SUCOP (2010) (Superintendência de conservação e obras públicas do
Salvador), com levantamento proposto para Junho de 2010 (Tabela 3.5 e 3.6).

No orçamento, não foram quantificados processos inerentes aos dois


métodos, tais como escavação do talude, mobilização de equipamentos, preparação do
canteiro de obras, drenagem superficial e tempo improdutivo.

Tabela 3.5 – Orçamento para obra de cortina atirantada (adaptado de SUCOP, 2010).
OBRA:

PLANILHA DE ORÇAMENTO CORTINA


LOCAL:
ATIRANTADA

DATA BASE: JULHO / 2010


DATA: 08/2011
Preços com Encargos Sociais de 132,78% e
BDI: 30%

PREÇO TOTAL
CÓDIGO DISCRIMINAÇÃO UND. QUANT. (R$) (R$)

01.01.00 TIRANTE - - -

01.01.01 Fornec./instalação de tirantes ST /55 m 329,00 139,79 45.990,91


Fornec./instalação de acessórios para protensão de
01.01.02 tirantes un 28,00 283,34 7.933,52

01.01.03 Proteção contra corrosão de tirantes (retoques) m 329,00 2,64 868,56

01.01.04 Injeção de calda de cimento sc 117,60 45,28 5.324,93

01.01.05 Protensão de tirantes un 28,00 166,76 4.669,28

01.01.06 Proteção para cabeça de tirantes un 28,00 35,31 988,68

01.02.00 DRENO - - -

01.02.01 Drenos rasos, ø=40mm un 24,00 14,72 353,28

01.03.00 CORTINA DE CONCRETO ARMADO - - -

01.03.01 Fôrma plana m² 225,00 60,20 13.545,00

01.03.02 Concreto armado p/ estrutura, fck=18MPa m³ 50,00 1.776,53 88.826,50

VALOR TOTAL 168.500,66


93

Tabela 3.6 - Orçamento para obra de solo grampeado (adaptado de SUCOP, 2010).
OBRA:

PLANILHA DE ORÇAMENTO SOLO


GRAMPEADO LOCAL:

DATA BASE: JULHO / 2010


DATA: 08/2011
Preços com Encargos Sociais de 132,78% e BDI:
30%

UND. PREÇO TOTAL


CÓDIGO DISCRIMINAÇÃO QUANT. (R$) (R$)

02.01.00 ESTACA/GRAMPO - - -
Micro estaca (grampo) de ø=4", com barra de aço
de ø= 20 mm e calda de cimento, inclusive pintura
02.01.01 contra corrosão à base de zinco m 1.130,00 62,11 70.184,30

02.02.00 DRENO - - -

02.02.01 Drenos rasos, ø=40mm un 36,00 14,72 529,92


FÔRMA/ AÇO/ CONCRETO/ALVENARIA/
02.02.00 REVEST. PARA CONTENÇÃO - - -

02.02.01 Revest. em concreto projetado, fck=25MPa m³ 23,10 757,42 17.496,40

02.03.00 TELA - - -

02.03.01 Tela TELCON Q61, ou similar m² 220,00 6,18 1.359,60

VALOR TOTAL 89.570,22

Dividindo-se o valor total de cada obra de contenção, pela área de talude


contido, o orçamento gerado mostra que o custo para execução de contenção em
cortina atirantada é de R$ 765,91/m², enquanto que para solo grampeado R$
407,14/m², dentro das condicionantes impostas no presente estudo.

Desses valores conclui-se que, o custo para implantação de reforço em solo


grampeado é equivalente a aproximadamente 53% do valor para execução de
contenção em cortina atirantada.
94

4 CONCLUSÃO

No presente cenário cada vez mais competitivo da construção civil, cada


projeto deve ser otimizado para se conseguir o melhor custo-benefício de cada
alternativa aplicável.

O estudo apresentado mostra que duas soluções diferentes para um mesmo


problema, podem fornecer vantagens por meio de condicionantes distintas, cabendo ao
engenheiro de projeto reconhecer quais destas terão maior utilidade dentro da
realidade de cada empreendimento.

I. ASPECTOS ECONÔMICOS

Uma avaliação econômica direta indica o solo grampeado como melhor


solução para a estabilização do talude estudado, fornecendo uma economia de 53% em
comparação com a obra em cortina atirantada. Em valores, essa economia resulta no
montante de R$ 72.930,44.

II. DESEMPENHO

Os estudos disponíveis na literatura ressaltam que, no solo grampeado, as


deformações na face são de ordens consideráveis para edificações próximas. A área de
influência dessas deformações chega a 15 metros, como mostrado. Pela metodologia
aplicada a cortinas, e pela sua própria filosofia como elemento de contenção, esse
problema não é um condicionante, sendo possível utilizar a área no plano superior do
talude de forma quase que sem restrições, desde que previstas as sobrecargas no
projeto da contenção. Tal realidade retrata uma desvantagem ao solo grampeado que,
em situações de altos valores comerciais para terrenos, uma faixa tão larga de restrição
resulta em uma perda financeira, pela inutilização da área, muitas vezes injustificável
pelo ganho obtido na aplicação da técnica, em detrimento da cortina atirantada.
95

Como o objeto de estudo trata de estacionamento para veículos leves, tais


deformações não implicam em grandes problemas, como seria para os casos de
recalques diferenciais em edifícios. Dessa forma área pode ser utilizada, com ressalva
a maiores cuidados na manutenção do pavimento.

III. PARECER FINAL

Dentre os pontos apresentados, a técnica de solo grampeado mostrou-se


como sendo de melhor custo-benefício, apresentando a vantagem de prover maior
agilidade à obra, por seu método executivo mais simplificado.
96

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99

Anexo A

A.1 ANÁLISE DE ESTABILIDADE DO TALUDE ESCAVADO.

A.1.1 CUNHA DE DESLIZAMENTO 01:

Figura A1 – Cunha de deslizamento 01.

X: 13,5m;

Y: 10m;

FSFELLENIUS= 0,85

FSBISHOP=0,72
BISHOP
1 2 3 4 6 7 5 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Fatia b h α w φ' c' w.sen α u u.b (w - u.b) (w - u.b)tg φ' c'.b (10 + 11) mα1 (12 / 13) mα2 (12 / 15)
(m) (m) (graus) (kN/m) (kN/m) (kN/m²) (kN/m) FS1= 0,72 FS2= 0,72
1 0,3 1,5 84,7 11,2 25 20 11,14 0,00 0,00 11,19 5,22 5,94 11,16 1,36 8,22 1,36 8,22
2 0,3 3,7 77,2 20,8 25 20 20,26 0,00 0,00 20,78 9,69 5,74 15,43 1,17 13,16 1,17 13,17
3 0,3 4,8 73,2 25,8 25 20 24,68 0,00 0,00 25,77 12,02 5,72 17,74 1,10 16,10 1,10 16,11
4 0,3 5,7 70,1 29,9 25 20 28,07 0,00 0,00 29,86 13,92 5,74 19,66 1,05 18,65 1,05 18,66
5 0,3 6,4 67,4 33,3 25 20 30,70 0,00 0,00 33,26 15,51 5,74 21,25 1,02 20,86 1,02 20,87
6 0,3 7,1 64,9 36,2 25 20 32,83 0,00 0,00 36,24 16,90 5,74 22,64 0,99 22,85 0,99 22,86
7 0,3 7,6 62,8 33,8 25 20 30,05 0,00 0,00 33,77 15,75 5,00 20,75 0,97 21,41 0,97 21,42
8 0,3 8,1 61,0 35,7 25 20 31,18 0,00 0,00 35,65 16,62 5,00 21,62 0,95 22,71 0,95 22,72
9 0,3 8,5 59,3 37,4 25 20 32,16 0,00 0,00 37,40 17,44 5,00 22,44 0,94 23,94 0,94 23,95
10 0,3 9,0 57,7 39,1 25 20 32,99 0,00 0,00 39,05 18,21 5,00 23,21 0,92 25,10 0,92 25,11
11 0,3 9,3 56,1 40,6 25 20 33,67 0,00 0,00 40,57 18,92 5,00 23,92 0,91 26,18 0,91 26,19
12 0,3 9,7 54,6 42,0 25 20 34,24 0,00 0,00 42,01 19,59 5,00 24,59 0,90 27,21 0,90 27,22
SOMA= 341,97 Σ= 246,40 Σ= 246,49

FS= 0,721 FS<1,5 Talude INSTAVEL

100
101

A.1.2 CUNHA DE DESLIZAMENTO 02:

Figura A2 – Cunha de deslizamento 02.

X: 13,5m;

Y: 12m;

FSFELLENIUS= 0,819

FSBISHOP=0,77
13,5x12
FELLENIUS
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Fatia b h l α w φ' c' w.sen α w.cos α u u.l (w.cos α - u.l) (w.cos α - ul)tg φ' c'.l (13 + 14)
(m) (m) (m) (graus) (kN/m) (kN/m) (kN/m) (kN/m²) (kN/m)
1 0,3 1,0 2,0 80,4 9,4 25 20 9,28 1,58 0,00 0,00 1,58 0,74 39,40 40,14
2 0,3 2,6 1,3 75,1 17,8 25 20 17,21 4,58 0,00 0,00 4,58 2,13 25,66 27,79
3 0,3 3,7 1,0 71,4 23,7 25 20 22,42 7,56 0,00 0,00 7,56 3,52 20,60 24,12
4 0,3 4,6 0,9 68,3 28,4 25 20 26,40 10,52 0,00 0,00 10,52 4,91 17,80 22,71
5 0,3 5,3 0,8 65,5 32,5 25 20 29,60 13,46 0,00 0,00 13,46 6,28 16,00 22,28
6 0,3 6,0 0,7 63,1 36,1 25 20 32,23 16,36 0,00 0,00 16,36 7,63 14,56 22,19
7 0,3 6,7 0,7 60,8 39,4 25 20 34,40 19,21 0,00 0,00 19,21 8,96 13,60 22,56
8 0,3 7,2 0,6 58,7 42,4 25 20 36,24 22,03 0,00 0,00 22,03 10,27 12,69 22,96
9 0,4 7,8 0,7 56,6 51,5 25 20 43,01 28,38 0,00 0,00 28,38 13,23 13,60 26,83
10 0,4 8,3 0,6 54,4 54,8 25 20 44,58 31,87 0,00 0,00 31,87 14,86 12,90 27,76
11 0,4 8,8 0,6 52,4 57,8 25 20 45,83 35,28 0,00 0,00 35,28 16,45 12,30 28,75
12 0,4 9,3 0,6 50,5 60,7 25 20 46,78 38,61 0,00 0,00 38,61 18,01 11,80 29,81
SOMA= 387,96 SOMA= 317,90

FS= 0,819

BISHOP
1 2 3 4 6 7 5 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Fatia b h α w φ' c' w.sen α u u.b (w - u.b) (w - u.b)tg φ' c'.b (10 + 11) mα1 (12 / 13) mα2 (12 / 15)
(m) (m) (graus) (kN/m) (kN/m) (kN/m²) (kN/m) FS1= 0,77 FS2= 0,77
1 0,3 1,0 80,4 9,4 25 20 9,28 0,00 0,00 9,41 4,39 6,60 10,99 1,31 8,41 1,31 8,41
2 0,3 2,6 75,1 17,8 25 20 17,21 0,00 0,00 17,81 8,30 6,60 14,90 1,19 12,56 1,19 12,57
3 0,3 3,7 71,4 23,7 25 20 22,42 0,00 0,00 23,66 11,03 6,60 17,63 1,12 15,76 1,12 15,76
4 0,3 4,6 68,3 28,4 25 20 26,40 0,00 0,00 28,42 13,25 6,60 19,85 1,07 18,53 1,07 18,53
5 0,3 5,3 65,5 32,5 25 20 29,60 0,00 0,00 32,52 15,16 6,60 21,76 1,04 21,02 1,04 21,02
6 0,3 6,0 63,1 36,1 25 20 32,23 0,00 0,00 36,14 16,85 6,60 23,45 1,01 23,30 1,01 23,30
7 0,3 6,7 60,8 39,4 25 20 34,40 0,00 0,00 39,40 18,37 6,60 24,97 0,98 25,40 0,98 25,40
8 0,3 7,2 58,7 42,4 25 20 36,24 0,00 0,00 42,41 19,78 6,60 26,38 0,96 27,37 0,96 27,37
9 0,4 7,8 56,6 51,5 25 20 43,01 0,00 0,00 51,53 24,03 7,50 31,53 0,95 33,32 0,95 33,32
10 0,4 8,3 54,4 54,8 25 20 44,58 0,00 0,00 54,80 25,55 7,50 33,05 0,93 35,53 0,93 35,53
11 0,4 8,8 52,4 57,8 25 20 45,83 0,00 0,00 57,84 26,97 7,50 34,47 0,92 37,59 0,92 37,59
12 0,4 9,3 50,5 60,7 25 20 46,78 0,00 0,00 60,66 28,28 7,50 35,78 0,91 39,51 0,91 39,52
SOMA= 387,96 Σ= 298,31 Σ= 298,33

FS= 0,769 FS<1,5 Talude INSTAVEL

102
103

A.1.3 CUNHA DE DESLIZAMENTO 03:

Figura A3 – Cunha de deslizamento 03.

X: 16,0m;

Y: 10m;

FSFELLENIUS= 0,87

FSBISHOP=0,69
16x10 FELLENIUS
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Fatia b h l α w φ' c' w.sen α w.cos α u u.l (w.cos α - u.l) (w.cos α - ul)tg φ' c'.l (13 + 14)
(m) (m) (m) (graus) (kN/m) (kN/m) (kN/m) (kN/m²) (kN/m)
1 0,2 1,5 2,9 85,6 8,4 25 20 8,34 0,65 0,00 0,00 0,65 0,30 58,60 58,90
2 0,2 3,5 1,2 79,2 15,9 25 20 15,66 2,98 0,00 0,00 2,98 1,39 24,40 25,79
3 0,2 4,6 0,9 76,0 19,8 25 20 19,22 4,80 0,00 0,00 4,80 2,24 18,80 21,04
4 0,2 5,4 0,8 73,3 22,9 25 20 21,94 6,56 0,00 0,00 6,56 3,06 15,86 18,92
5 0,2 6,1 0,7 71,1 25,5 25 20 24,13 8,28 0,00 0,00 8,28 3,86 14,00 17,86
6 0,2 6,8 0,6 69,0 27,8 25 20 25,99 9,96 0,00 0,00 9,96 4,64 12,80 17,44
7 0,3 7,3 0,6 67,1 32,6 25 20 30,04 12,69 0,00 0,00 12,69 5,92 12,80 18,72
8 0,3 7,9 0,6 65,2 34,9 25 20 31,68 14,62 0,00 0,00 14,62 6,82 11,92 18,74
9 0,3 8,4 0,6 63,5 37,0 25 20 33,07 16,52 0,00 0,00 16,52 7,70 11,20 18,90
10 0,3 8,9 0,5 61,8 38,9 25 20 34,28 18,38 0,00 0,00 18,38 8,57 10,58 19,15
11 0,3 9,4 0,5 60,2 40,7 25 20 35,32 20,20 0,00 0,00 20,20 9,42 10,08 19,50
12 0,3 9,8 0,5 58,7 42,4 25 20 36,25 22,00 0,00 0,00 22,00 10,26 9,64 19,90
SOMA= 315,92 SOMA= 274,86

FS= 0,87

BISHOP
1 2 3 4 6 7 5 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Fatia b h α w φ' c' w.sen α u u.b (w - u.b) (w - u.b)tg φ' c'.b (10 + 11) mα1 (12 / 13) mα2 (12 / 15)
(m) (m) (graus) (kN/m) (kN/m) (kN/m²) (kN/m) FS1= 0,70 FS2= 0,69
1 0,2 1,5 85,6 8,4 25 20 8,34 0,00 0,00 8,36 3,90 4,60 8,50 1,34 6,35 1,34 6,35
2 0,2 3,5 79,2 15,9 25 20 15,66 0,00 0,00 15,94 7,43 4,60 12,03 1,18 10,18 1,18 10,19
3 0,2 4,6 76,0 19,8 25 20 19,22 0,00 0,00 19,81 9,24 4,60 13,84 1,12 12,36 1,12 12,37
4 0,2 5,4 73,3 22,9 25 20 21,94 0,00 0,00 22,90 10,68 4,60 15,28 1,08 14,20 1,07 14,21
5 0,2 6,1 71,1 25,5 25 20 24,13 0,00 0,00 25,51 11,90 4,60 16,50 1,04 15,82 1,04 15,84
6 0,2 6,8 69,0 27,8 25 20 25,99 0,00 0,00 27,83 12,98 4,60 17,58 1,02 17,30 1,02 17,32
7 0,3 7,3 67,1 32,6 25 20 30,04 0,00 0,00 32,61 15,21 5,00 20,21 0,99 20,35 0,99 20,37
8 0,3 7,9 65,2 34,9 25 20 31,68 0,00 0,00 34,89 16,27 5,00 21,27 0,97 21,87 0,97 21,89
9 0,3 8,4 63,5 37,0 25 20 33,07 0,00 0,00 36,97 17,24 5,00 22,24 0,96 23,29 0,95 23,30
10 0,3 8,9 61,8 38,9 25 20 34,28 0,00 0,00 38,90 18,14 5,00 23,14 0,94 24,61 0,94 24,63
11 0,3 9,4 60,2 40,7 25 20 35,32 0,00 0,00 40,69 18,97 5,00 23,97 0,93 25,86 0,93 25,88
12 0,3 9,8 58,7 42,4 25 20 36,25 0,00 0,00 42,40 19,77 5,00 24,77 0,92 27,06 0,91 27,08
SOMA= 315,92 Σ= 219,26 Σ= 219,45

FS= 0,695 FS<1,5 Talude INSTAVEL

104
105

Anexo B

B.1 CÁLCULO DAS FORÇAS NOS GRAMPOS (MÉTODO DE


GÄSSLER).

B.1.1 SUPERFÍCIE 01:

• θ=35º

• Figura B1

vM 118 e/c

) 8,67 7,64 6,01 4,68 3,34 2,01 0,68# 32,73 c

118 e/c
U@,M 3,61
32,73 c

B.1.2 SUPERFÍCIE 02:

• θ=40º

• Figura B2

vM 274 e/c

) 8,84 7,67 6,51 5,34 4,18 3,01 1,85 0,68# 38,08 c

274 e/c
U@,M 7,20
38,08 c
106

B.1.3 SUPERFÍCIE 03:

• θ=45º

• Figura B3

vM 294 e/c

) 8,98 7,96 6,95 5,93 4,91 3,89 1,86# 43,36 c

294 e/c
U@,M 6,78
43,36 c
Figura B1 – Análise da superfície de deslizamento 01 (θ=35º) pelo método de Gässler.

107
Figura B2 – Análise da superfície de deslizamento 02 (θ=40º) pelo método de Gässler.

108
Figura B3 – Análise da superfície de deslizamento 03 (θ=45º) pelo método de Gässler.

109

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