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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO TECNOLÓGICO – CTC


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
ECV5513 – Trabalho de Conclusão de Curso II (TCC)

ANÁLISES DE PROPOSTAS DE ESTRUTURAS DE


CONTENÇÃO UTILIZANDO DIFERENTES SOFTWARES

Leonardo Colombarolli Yonamine

Prof. Rafael Augusto dos Reis Higashi

Florianópolis, Novembro de 2019.

1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

Leonardo Colombarolli Yonamine

ANÁLISES DE PROPOSTAS DE ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO UTILIZANDO


DIFERENTES SOFTWARES

Trabalho de conclusão de curso submetido ao curso de graduação em


Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção
do Grau de Engenheiro Civil
Orientador: Prof. Dr. Rafael Augusto dos Reis Higashi.

Florianópolis
2019

2
Yonamine, Leonardo
ANÁLISES DE PROPOSTAS DE ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO
UTILIZANDO DIFERENTES SOFTWARES / Leonardo Yonamine;
orientador, Rafael dos Reis Higashi, .
70 p.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) -


Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico,
Graduação em Engenharia Civil, Florianópolis, .

Inclui referências.

1. Engenharia Civil. 2. Estruturas de contenção. 3. Muro de gravidade. 4.


Muro de flexão. 5. Solo reforçado com Terramesh. I. dos Reis Higashi,
Rafael. II. Universidade Federal de Santa Catarina. Graduação em
Engenharia Civil.
III. Título.

Leonardo Colombarolli Yonamine


3
ANÁLISES DE PROPOSTAS DE ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO UTILIZANDO
DIFERENTES SOFTWARES

Este Trabalho foi julgado adequado como parte dos requisitos para obtenção do Título de
Engenheiro Civil e aprovado, em sua forma final, pela Banca Examinadora.

Florianópolis, Novembro de 2019.

________________________
Prof. Luciana Rohde.
Coordenadora do Curso de Graduação em Engenharia Civil

Banca Examinadora:

Rafael Augusto dos Assinado de forma digital por


Rafael Augusto dos Reis
Reis Higashi:46094342291
Higashi:46094342291 Dados: 2019.12.11 13:33:24 -02'00'
________________________
Prof. Dr. Rafael Augusto dos Reis Higashi.
Orientador
Universidade Federal de Santa Catarina

________________________
Prof.ª Gracieli Dienstmann Dr.ª
Examinadora
Universidade Federal de Santa Catarina

________________________
Gisele Pereira Reginatto
Examinadora
Universidade Federal de Santa Catarina

4
“Kaiba não sabe que a vitória perde todo
significado se não puder compartilhar com
quem você ama, só assim somos vencedores.”
- Yugi (Yu-Gi-Oh)

5
Em homenagem à família Yonamine.

6
AGRADECIMENTOS

A todos os mestres que contribuíram com a minha formação acadêmica e profissional


durante a minha vida.
A minha irmã Ohana e sobrinha Ana Clara por estarem ao meu lado nas horas difíceis.
Aos meus bons amigos Henrique, Welliton, Vitor e Carlos Eduardo, pois sem os quais
minha experiência na faculdade não seria tão gratificante.
Aos bons senhores Jujuba Sensei, Áureo e Salazar sem bigode, que me ensinaram a
satisfação em trabalhar
À Universidade Federal de Santa Catarina e todos os seus professores que sempre
proporcionaram um ensino de alta qualidade.
À Meu orientador Prof. Dr. Rafael dos Reis Higashi pela sua dedicação e paciência
durante o projeto. Seus conhecimentos fizeram grande diferença no resultado final deste
trabalho.
Por último, mas não menos importante aos meus pais, Jackson Kenji e Rosani, que
sempre me incentivaram e apoiaram em todas as áreas da minha vida.

7
RESUMO

Os desastres naturais associados a deslizamentos cada vez mais causam perdas


sociais e econômicas no Brasil. O processo de ocupação urbana descoordenada,
especialmente em áreas de encostas, contribui agravando as consequências desses
desastres. Este trabalho apresenta projetos geotécnicos para a verificação de quatro
estruturas de contenção. Tais estruturas foram desenvolvidas para conter um talude
de 5 metros de altura com uma sobrecarga de 10 kN/m². Para este talude, foram
estudadas quatro alternativas de contenção, sendo essas: muro de gravidade, muro
de flexão, solo reforçado com Terramesh e cortina atirantada. As estruturas devem
garantir segurança de estabilidade quanto ao tombamento, deslizamento,
capacidade de carga da fundação e ruptura global. Para estas verificações neste
trabalho foram utilizadas ferramentas computacionais exclusivas da geotécnica,
sendo essas: Geostudio 2017, Geo 5, e MAC.S.T.A.R.S 2000. Todas possuindo
versão gratuita para estudante.

Palavras Chave: Estruturas de contenção, muro de gravidade, muro de flexão, solo


reforçado com Terramesh, cortina atirantada.

8
ABSTRACT

Natural disasters linked to Earth slop causes lost in the social e economics camps in
Brasil The process of disorganized urbanization, mainly in areas of hillslides, causes
the increase of those disasters. This work presents geotechnical projects of
examination of four types of slope protection structures. Those structures were
elaborated to retain a 5 meters high slope with an overload of 10 kN/m². For this slope
protection, 4 alternatives were studied, those being: gravity wall, cantilever wall,
reinforced soil with Terramesh and anchored wall. Those arrangements shall ensure
stability securance for overturning, sliding, breaking of the foundation soil and global
stability. Those verifications in the present work were made with computational tools
exclusive for geotechnical projects, those been: Geostudio 2017, Geo 5, e
MAC.S.T.A.R.S 2000. All of them with a free student version.

Keywords: Slope protection, gravit wall, cantilever wall, reinforced soil with
Terramesh, anchored wall

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LISTA DE SÍMBOLOS

𝛾 – peso específico
z – profundidade
K – coeficiente de tensão lateral
Ka – coeficiente de tensão lateral no estado ativo
Kp – coeficiente de tensão lateral no estado passivo
𝜎ℎ – tensão horizontal no elemento de solo
𝜎𝑣 – tensão vertical no elemento de solo
E – Empuxo
𝐸𝑎𝑣 e 𝐸𝑎ℎ – componente vertical e horizontal do empuxo de terra.

W – Peso próprio
𝑥1 e 𝑥2 – referentes a posição do baricentro do muro
𝑦1 – posição vertical da aplicação da resultante do empuxo
FS – Fator de segurança
𝑀𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡 – Momento resistente
𝑀𝑠𝑜𝑙𝑖𝑐 – Momento solicitante
Ep – empuxo passivo
Ea – empuxo ativo
𝑝𝑎 – tensão para o estado ativo
𝑝𝑎 – tensão para o estado passivo
S – esforço cisalhante na base do muro
s – atrito solo-muro
B – largura da base do muro

𝑐𝑤 – adesão solo-muro
u – poropressão
𝑠𝑢 – resistência ao cisalhamento não drenado.

𝑞𝑚á𝑥 – capacidade de carga da fundação

𝜎𝑚á𝑥 – tensão normal máxima

10
e – excentricidade

e’ – posição do centro de pressão

B ’ – largura equivalente da base do muro

c’ – coesão do solo de fundação

Nc , Nq , N – fatores de capacidade de carga para método Terzagui-Prandt

11
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 Mortes por deslizamento por estados .............................................................16


Figura 2 Muro de gravidade de concreto ciclópico ........................................................19
Figura 3 Muro de flexão ................................................................................................20
Figura 4 Muro de solo reforçado com de elementos Terramesh system ......................21
Figura 5 Cortina atirantada............................................................................................22
Figura 6 Modelo retangular genérico de muro de gravidade .........................................22
Figura 7 Modelos trapezoidais genéricos de muro de gravidade em concreto ciclópico
............................................................................................................................................23
Figura 8 Modelos trapezoidais genéricos de muro de gravidade em alvenaria de pedra
ou concreto ciclópico ...........................................................................................................23
Figura 9 Modelos de perfil “L”. Tal que “E” é o empuxo em tf/f e “y” é o ponto de aplicação
(braço) .................................................................................................................................24
Figura 10 Modelos de perfil clássico. Tal que “E” é o empuxo em tf/f e “y” é o ponto de
aplicação (braço) .................................................................................................................25
Figura 11 Recomendações de distância do bulbo; distância a superfície crítica; distância
entre tirantes........................................................................................................................26
Figura 12 Recomendação para a distância da fundação ..............................................26
Figura 13 Recomendação para distância entre tirantes ................................................26
Figura 14 Equilíbrio plástico em elemento de solo ........................................................27
Figura 15 Distância d1 para obter ka ............................................................................28
Figura 16 Distância d1 para obter kp ............................................................................28
Figura 17 Cálculo de empuxo proposto por Rankine ....................................................29
Figura 18 Cálculo de empuxo proposto por Rankine ....................................................30
Figura 19 Estabilidade do muro de arrimo: (A) deslizamento; (B) tombamento; (C)
capacidade de carga; (D) estabilidade global ......................................................................32
Figura 20 Atuação dos momentos resistente e solicitante ............................................33
Figura 21 Diagrama para obtenção da tensão máxima no solo ....................................35
Figura 22 Cunha de ruptura Global ...............................................................................36
Figura 23 Sistemas de drenagem – dreno inclinado .....................................................38
Figura 24 Sistemas de drenagem - dreno vertical.........................................................38
Figura 25 Interface do software Geostudio2017, módulo SLOPE/W. ...........................40

12
Figura 26 Interface do software GEO5, módulo muro de arrimo ...................................42
Figura 27 Comparação de FS por métodos de equilíbrio-limite e método dos elementos
finitos ...................................................................................................................................43
Figura 28 Interface do software Mac.S.T.A.R.S 2000 ...................................................45
Figura 29 Perfil longitudinal de distribuição de solos ....................................................49
Figura 30 Representação Gráfica do Caso ...................................................................50
Figura 31 Modelo do problema em situação de corte sem sobrecarga pelo
Geostudio2017. ...................................................................................................................53
Figura 32 Modelo do problema em situação de corte sem sobrecarga pelo GEO5. .....54
Figura 33 Modelo do problema em situação de corte com sobrecarga pelo GEO5. .....54
Figura 34 Possíveis alterações no muro de gravidade pelo GEO5 ...............................55
Figura 35 Dimensões do muro de gravidade (fora do N.A.) dentro da segurança de
estabilidade .........................................................................................................................57
Figura 36 Possíveis alterações no muro de flexão pelo GEO5 .....................................59
Figura 37 Dimensões do muro de flexão com N.A abaixo e dentro da segurança de
estabilidade .........................................................................................................................60
Figura 38 Dimensões do muro de flexão dentro da segurança de estabilidade com N.A
atuante.................................................................................................................................62
Figura 39 Cortina com 2 tirantes CA 50, 25 milímetros de diâmetro, 130 kN, N.A. abaixo
da cortina. Sem atuação da água. .......................................................................................63
Figura 40 Cortina com 2 tirantes CA 50, 25 milímetros de diâmetro, 130 kN, N.A. atua na
cortina ..................................................................................................................................64

13
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 16

2 OBJETIVOS ............................................................................................... 18

2.1 OBJETIVO GERAL: ......................................................................................18


2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:.........................................................................18

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... 19

3.1 ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO ESTUDADAS ..........................................19


3.1.1 MUROS DE PESO OU GRAVIDADE .........................................................19
3.1.2 MUROS DE FLEXÃO .................................................................................20
3.1.3 ESTRUTURAS DE SOLO REFORÇADO COM ELEMENTOS
TERRAMESH SYSTEM ...............................................................................................20
3.1.4 CORTINA ATIRANTADA ............................................................................21
3.2 PRÉ-DIMENSIONAMENTOS DE ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO ............22
3.2.1 MUROS DE GRAVIDADE ..........................................................................22
3.2.2 MUROS DE FLEXÃO .................................................................................24
3.2.3 RECOMENDAÇÕES PARA CORTINA ATIRANTADA ...............................25
3.3 EMPUXO DE TERRA .....................................................................................26
3.3.1 EMPUXO DE TERRA EM MUROS DE CONTENÇÃO PELO MÉTODO DE
RANKINE 28
3.3.2 EMPUXO DE TERRA EM MUROS DE CONTENÇÃO PELO MÉTODO DE
COULOMB ...................................................................................................................30
3.4 ESTABILIDADE DE MUROS DE ARRIMO ....................................................31
3.4.1 SEGURANÇA CONTRA O TOMBAMENTO ..............................................32
3.4.2 SEGURANÇA CONTRA O DESLIZAMENTO ............................................33
3.4.3 CAPACIDADE DE CARGA DA FUNDAÇÃO..............................................34
3.4.4 SEGURANÇA CONTRA A RUPTURA GLOBAL ........................................36
3.5 DRENAGEM ..................................................................................................37
3.6 UTILIZAÇÃO DE SOFTWARES ....................................................................39
3.6.1 GEOSTUDIO 2017 .....................................................................................39
3.6.2 SOFTWARE GEO5 ....................................................................................41
3.6.3 SOFTWARE MAC.S.T.A.R.S 2000 ............................................................44

14
4 MÉTODO ................................................................................................... 47

4.1 DETERMINAÇÃO DO PROBLEMA GEOTÉCNICO ......................................48


4.2 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO PROBLEMA ..........................................50
4.3 CRIAÇÃO DE MODELO SIMULANDO SITUAÇÃO DE CORTE ...................50
4.4 DETERMINAÇÃO DO FATOR DE SEGURANÇA DO TALUDE EM CORTE 51
4.5 PROPOSIÇÃO DE 4 TIPOS DE SOLUÇÕES DE CONTENÇÃO ...................51
4.6 CRIAÇÃO DOS MODELOS PARA AS SOLUÇÕES DE CONTENÇÕES NOS
SOFTWARES GEO5 E MACS.T.A.R.S. ..........................................................................51
4.7 VERIFICAÇÃO DOS FS’S EM 2 CENÁRIOS DIFERENTES DE NÍVEL
D’ÁGUA 52
4.8 RECOMENDAÇÃO DE UMA DAS ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO ..........52

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................... 53

5.1 SITUAÇÃO DO TALUDE EM CORTE............................................................53


5.2 SITUAÇÃO DO TALUDE COM MURO DE GRAVIDADE ..............................55
5.2.1 MURO DE GRAVIDADE COM N.A. ABAIXO DO MURO ...........................55
5.2.2 MURO DE GRAVIDADE COM N.A. NO MEIO DA ESTRUTURA ..............57
5.3 SITUAÇÃO DO TALUDE COM MURO DE FLEXÃO .....................................58
5.3.1 SITUAÇÃO DO TALUDE COM MURO DE FLEXÃO COM N.A. ABAIXO ..59
5.3.2 SITUAÇÃO DO TALUDE COM MURO DE FLEXÃO COM N.A. ATUANTE
61
5.4 SITUAÇÃO DO TALUDE COM CORTINA ATIRANTADA.............................62
5.4.1 CORTINA ATIRANTADA COM N.A. BAIXO...............................................63
5.4.2 CORTINA ATIRANTADA COM N.A. ATUANTE .........................................64
5.5 SITUAÇÃO DO TALUDE TERRAMESH SYSTEM ........................................65
5.5.1 SITUAÇÃO COM N.A. ABAIXO DA CORTINA ATIRANTADA ...................65
5.5.2 SITUAÇÃO DA CORTINA ATIRANTADA COM N.A. ATUANTE ................66
5.6 RESUMO DOS RESULTADOS .....................................................................67

6 CONCLUSÕES E SUGETÕES .................................................................. 68

15
1 INTRODUÇÃO

Acidentes causados devido à instabilidade de talude são desastres tanto naturais quanto
antrópicos, podendo ocasionar grandes danos sociais e materiais. Entre os grandes
acidentes, Caputo (1967) destaca os escorregamentos de taludes de terra durante a
construção do Canal do Panamá e a série de escorregamentos de taludes de ferrovias na
Suécia.

No Brasil, os deslizamentos estão entre as catástrofes naturais de maior ocorrência. A


figura1 apresenta um estudo de número de vítimas fatais decorrentes desse processo entre
1988 e 2015, elaborado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas - IPT (2015).

Figura 1 Mortes por deslizamento por estados


Número de mortos

Fonte: IPT(2015)

Somente em Blumenau/SC estima-se que ocorreram 3 mil deslizamento devido à chuvas


excessivas de 2008 e 2009. O ocorrido se estendeu à outras cidades em Santa Catarina e
Rio Grande do Sul, gerando ameaças de desabamento de casas e árvores. Tais fenômenos
impulsionam o aumento de pesquisas da área geotécnica a fim de impedir suas ocorrências
e defender a segurança e o bem público.

Os métodos de estabilização de solo consistem em garantir condições de equilíbrio ao


maciço impedindo que fenômenos de deslizamento, escorregamento, tombamento e outros
16
ocorram. Em casos em que o solo não é capaz de resistir aos esforços atuantes, faz-se
necessária a adição de reforços com estruturas de contenção para garantir a estabilidade.
Dentre as obras de contenção mais conhecidas estão muros de arrimo, cortinas atirantadas,
terras armadas, gabiões, e aplicações de geotêxtil.

Desta forma, o presente estudo, de acordo com a necessidade de estabilização de


encostas e realização de estruturas de contenções permanentes, busca estudar soluções
para a prevenção de deslizamentos, garantindo a segurança e durabilidade das estruturas

Sendo assim, este estudo visa realizar a análise de estabilidade de um talude com o
emprego de muro de gravidade, muro de flexão, Terramesh e cortinas atirantadas,
verificando qual dessas é a solução de maior viabilidade técnica de uso. Isso é aqui feito
através do uso dos softwares GeoStudio 2017, MacS.T.A.R.S 2000 2.0 e GEO5.

Como resultado obtém-se fatores de segurança para as estruturas citadas e, com isso,
é verficado o poss´´ivel uso ou não de cada tipo de estrutura.

17
2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL:

Verificar a solução mais adequada entre 4 tipos de estrutura de contenção para garantir
a segurança de uma encosta.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

o Verificar e avaliar a segurança do talude em caso mais crítico através do uso de


software.

o Propor soluções para o caso com: muro de gravidade, muro de flexão, solo
reforçado com Terramesh e cortina atirantada. Dimensionar e verificar as
mesmas através de ferramentas computacionais.

o Recomendar solução mais adequada tecnicamente em função dos fatores de


segurança.

18
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Entende-se por estrutura de contenção aquele elemento de parede vertical ou quase


vertical que resiste às solicitações provindas do solo. Logo, o projeto de estruturas de
contenção, assim como qualquer outra estrutura, consiste no dimensionamento da mesma
para atender aos esforços atuantes. Logo, é importante previamente analisar os esforços no
qual a estrutura está submetida (empuxo), para posteriormente verificar se não haverá
problemas quanto a sua estabilidade.

Até meados dos anos 80 o dimensionamento das estruturas de contenção era realizado
manualmente, e utilizado principalmente método do equilíbrio limite. Hoje, o problema pode
ser solucionado com softwares que empregam métodos mais elaborados, como o método
dos elementos finitos. O uso dessas ferramentas computacionais traz benefícios como a
possibilidade de realizar simulações em várias fases da construção, verificar os processos
de tensão-deformação, além de analisar a interação solo-estrutura.

3.1 ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO ESTUDADAS

3.1.1 MUROS DE PESO OU GRAVIDADE

Muros de gravidade (Figura 2) são estruturas corridas e robustas que se opõem aos
esforços impostos pelo seu peso próprio. Podem ser construídos com diversos materiais
como: alvenaria de pedra, concreto ciclópico, gabiões, pré-moldados de concreto armado
(crib walls), sacos de solo-cimento, solo-pneus, bambu. São destinados a conter desníveis
inferiores a 5 metros de acordo com Gerscovich (2016).

Figura 2 Muro de gravidade de concreto ciclópico

Fonte: Gerscovich (2016)


19
3.1.2 MUROS DE FLEXÃO

Muros de flexão (Figura 3) são estruturas mais esbeltas com seção transversal em forma
de “L” construídos, em geral, em concreto armado. Muros de flexão requerem armadura para
resistirem aos esforços impostos, podendo ser projetados com ou sem contrafortes ou
tirantes.

Se diferenciam dos muros de gravidade não só pela sua seção transversal mais delgada,
mas também por serem estruturas que resistem aos empuxos utilizando parte do peso do
próprio maciço que se apoia na base do “L”.

Possuem a vantagem de ocupar menor volume, sendo ideal para quando há limitação
de espaço. Porém seu custo é mais elevado e se tornam antieconômicos para alturas acima
de 5 a 7 metros.

Figura 3 Muro de flexão

Fonte: Gerscovich (2016)

3.1.3 ESTRUTURAS DE SOLO REFORÇADO COM ELEMENTOS TERRAMESH


SYSTEM

Muros reforçados com Terramesh system (Figura 4) é uma solução criada pela empresa
Maccaferri e consiste uma parede de gabiões associadas a um reforço metálico inserido
dentro do solo. Gabiões são caixas feitas em uma malha hexagonal metálica formada a partir
de torções de fios de aço, enquanto que o reforço associado aos gabiões são malhas com

20
o mesmo padrão formando um único pano fabricado com aço de baixo teor de carbono
revestidos com proteção à corrosão. A aparência final da estrutura é a de um muro de
gabiões.

Figura 4 Muro de solo reforçado com de elementos Terramesh system

Fonte: www.maccaferri.com/br

3.1.4 CORTINA ATIRANTADA

A cortina atirantada (Figura 5) é uma estrutura de contenção que possui uma parede de
concreto armado com tirantes ancorados tracionados por macaco hidráulico até uma carga
definida em projeto. Essa carga no tirante ficará atuando contra a parede, sendo responsável
por vencer o empuxo e garantir a estabilidade do solo.

21
Figura 5 Cortina atirantada

Fonte: Gerscovich (2016)

3.2 PRÉ-DIMENSIONAMENTOS DE ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO

Alguns autores propõem pré-dimensionamentos para diferentes tipos de estruturas de


arrimo. As dimensões para esses pré-dimensionamentos são obtidas através de critérios
empíricos e comparações com projetos já executados.

3.2.1 MUROS DE GRAVIDADE

Para perfil retangular ilustrado pela figura 6, é proposto por Moliterno (1980):

Figura 6 Modelo retangular genérico de muro de gravidade

22
Fonte: Moliterno (1980)

a) Para muros de alvenaria de tijolos: b = 0,40 h.


b) Para muro de alvenaria de pedra ou concreto ciclópico: b=0,30 h.
c) Econômico somente para pequeníssimas alturas.

Para os perfis trapezoidais ilustrados pelas figuras 7 e 8, é proposto por Moliterno (1980):

Figura 7 Modelos trapezoidais genéricos de muro de gravidade em concreto ciclópico

Fonte: Moliterno (1980)

a) Modelo para construção em concreto ciclópico.


b) b0 = 0,14 h
c) b = b0 + h/3

Figura 8 Modelos trapezoidais genéricos de muro de gravidade em alvenaria de pedra ou concreto ciclópico

Fonte: Moliterno (1980)

a) Modelos para construção em alvenaria de pedra ou em concreto ciclópico.

23
b) b = h/3
c) t = h/6
d) d ≥ t
e) Inclinações definidas na figura.

3.2.2 MUROS DE FLEXÃO

São propostos por Moliterno (1980) dois modelos de perfis para muros de flexão. Nas
figuras 9 e 10 consta o pré-dimensionamento dos perfis “L” e “clássico” respectivamente,
caracterizados na bibliografia como muros de arrimo corridos ou contínuos.

Figura 9 Modelos de perfil “L”. Tal que “E” é o empuxo em tf/f e “y” é o ponto de aplicação (braço)

Fonte: Moliterno (1980)

a) Utilizados para alturas até 2,00 m.


b) M = E.y [tf.m]
c) 𝑑0 = 12 √M [cm]
d) 𝑑𝑠 = d0 [cm]
e) 𝑏𝑠 = 0,50.h [m]
f) ℎ𝑠 = 0,08.h [m]

24
Figura 10 Modelos de perfil clássico. Tal que “E” é o empuxo em tf/f e “y” é o ponto de aplicação (braço)

Fonte: Moliterno (1980)

a) Utilizados para alturas entre 2,00 m e 4,00 m.


b) 𝑑0 = 10 cm – concreto com brita nº 2
c) 𝑑0 = 15 cm – concreto com brita nº 3
d) f = 15 cm ou 20cm
e) M = E.y [tf.m]
f) 𝑑𝑖 = 10 √M [cm]
g) 𝑏𝑠 = 0,5.h até 0,6 h
h) r = 1/8 h até 1/6.h
i) ℎ𝑠 = 0,07 h até 0,08 h
j) 𝑑𝑠 ≥ 𝑑𝑖

3.2.3 RECOMENDAÇÕES PARA CORTINA ATIRANTADA

Gerscovich (2016) faz algumas considerações e recomendações quanto ao pré-


dimensionamento de cortinas atirantadas (Figuras 11, 12 e 13). Tais como: distância do
bulbo à superfície de perfuração, distâncias entre bulbos, distâncias entre superfície crítica,
distância entre tirante e fundação.

25
Figura 11 Recomendações de distância do bulbo; distância a superfície crítica; distância entre tirantes

Fonte: Gerscovich (2016)

Figura 12 Recomendação para a distância da fundação

Fonte: Gerscovich (2016)

Figura 13 Recomendação para distância entre tirantes

Fonte: Gerscovich (2016)

3.3 EMPUXO DE TERRA

De acordo com Marangon (2018), o empuxo de terra, que deve ser entendido como a
ação produzida pelo maciço terroso sobre as obras com ele em contato. Exemplos dessa
interação do solo com estrutura são: muros de arrimo, cortinas em estacas pranchas,
cortinas atirantadas e construções em subsolos.

26
A figura 14 apresenta um esquema para o equilíbrio plástico em um elemento de solo,
na qual AB representa uma superfície de solo em equilíbrio com peso específico 𝛾, enquanto
E representa um elemento de areia a uma profundidade z. Os valores de tensão horizontal
e vertical no elemento E são representadas por 𝜎ℎ e 𝜎𝑣 ,os quais são determinados
𝜎ℎ
respectivamente por 𝜎ℎ = 𝛾𝑧 e 𝜎𝑣 = . K é denominado coeficiente de tensão lateral (ou
𝐾

coeficiente de empuxo), que é função do tipo de solo, da história de tensões, etc.

Figura 14 Equilíbrio plástico em elemento de solo

Fonte: Marchetti (2007)

O valor de 𝐾 é obtido com ensaios de compressão axial e pode variar entre os valores
de 𝐾𝑎 e 𝐾𝑝 , dados pelas equações 1 e 2.

ɸ (1)
𝐾𝑎 = 𝑡𝑔2 (450 − )
2

ɸ (2)
𝐾𝑝 = 𝑡𝑔2 (450 + )
2

O uso de 𝐾𝑎 está relacionado ao empuxo ativo, ou seja, quando o solo está empurrando
a estrutura; enquanto que o uso de 𝐾𝑝 está relacionado ao empuxo ativo, ou seja, quando
o solo é empurrado. A relação dos fatores variam de acordo com o deslocamento 𝑑1 para o
afastamento do reaterro representado na figura 15, e para o deslocamento contra o reaterro
representado na figura 16.

27
Figura 15 Distância d1 para obter ka

Fonte: Marchetti (2007)

Figura 16 Distância d1 para obter kp

Fonte: Marchetti (2007)

Os valores de d1 variam de acordo com o tipo de solo, de acordo com a tabela 1:

Tabela 1 Valores de translação para mobilizar o coeficiente lateral para ka e kp

Tipo de solo Valores de d1


Solo sem coesão – areia compactada 0,1% H a 0,2% H
Solo sem coesão – areia fofa 0,2% H a 0,4% H
Solo coesivo rijo – argila 1% H a 2% H
Solo coesivo mole – argila 2% H a 5% H
Fonte: Marchetti (2007)

3.3.1 EMPUXO DE TERRA EM MUROS DE CONTENÇÃO PELO MÉTODO DE RANKINE

É proposto por Rankine o cálculo do empuxo de terra em estruturas de contenção


admitindo que a cunha de solo em contato com a estrutura esteja em estado de plastificação,
ativo ou passivo. No deslocamento da cunha em relação ao resto do maciço são aplicadas

28
análises de equilíbrio dos corpos rígidos. O esquema apresentado por Rankine é
demonstrado pela figura 16.

Figura 17 Cálculo de empuxo proposto por Rankine

Fonte: Marchetti (2007)

Na qual ɸ é o ângulo de atrito do solo, 𝛾 é o peso específico do solo e E é o empuxo. O


valor dos coeficientes de tensão lateral no estado no estado ativo e passivo são dados
respectivamente pelas equações 3 e 4.

𝑲𝒂
𝒄𝒐𝒔𝜷 − √𝒄𝒐𝒔𝟐 𝜷 − 𝒄𝒐𝒔²𝝋 (3)
= 𝒄𝒐𝒔𝜷.
𝒄𝒐𝒔𝜷 + √𝒄𝒐𝒔𝟐 𝜷 − 𝒄𝒐𝒔²𝝋

𝑐𝑜𝑠𝛽 + √𝑐𝑜𝑠 2 𝛽 − 𝑐𝑜𝑠²𝜑 (4)


𝐾𝑝 = 𝑐𝑜𝑠𝛽.
𝑐𝑜𝑠𝛽 − √𝑐𝑜𝑠 2 𝛽 − 𝑐𝑜𝑠²𝜑

Enquanto que as tensões para os estados ativo e passivo são obtidos respectivamente
pelas equações 5 e 6.

𝑝𝑎 = 𝐾𝑎. 𝛾. 𝐻 − 2. 𝐶. √𝐾𝑎 (5)

𝑝𝑝 = 𝐾𝑎. 𝛾. 𝐻 + 2. 𝐶. √𝐾𝑎 (6)

Além disso, uma distância vertical “𝑧𝑐” entre o ponto B e a altura que o empuxo passivo
e ativo se anulam é dada pela equação 7.
29
𝑧𝑐 = 2𝐶/(𝛾. √𝐾𝑎 ) (7)

3.3.2 EMPUXO DE TERRA EM MUROS DE CONTENÇÃO PELO MÉTODO DE


COULOMB

Para o mesmo problema que Rankine, Coulomb propôs uma solução baseado nas
seguintes hipóteses:

a) Solo isotrópico e homogêneo que possui atrito interno e coesão.


b) A superfície de ruptura é uma superfície plana – para simplificação dos cálculos.
c) As forças de atrito são distribuídas uniformemente ao longo do plano de ruptura
e vale 𝑓 = 𝑡𝑔 𝜑, na qual 𝑓 é o coeficiente de atrito.
d) A cunha de ruptura é um corpo rígido.
e) Existe atrito entre o terreno e a parede do muro.
f) Ruptura como um problema em duas dimensões.

Através das quais resultou no seguinte esquema (Figura 18) que seguem a mesma
simbologia que o método de Coulomb nas Equações 8, 9 ,10, 11 e 12.

Figura 18 Cálculo de empuxo proposto por Rankine

Fonte: Marchetti (2007)

30
𝑠𝑒𝑛2 (𝛼 + 𝜑)
𝐾𝑎 = 2
𝑠𝑒𝑛(𝜑 + 𝛿). 𝑠𝑒𝑛(𝜑 − 𝛽) (8)
𝑠𝑒𝑛2 𝛼. 𝑠𝑒𝑛(𝛼 − 𝛿) [1 + √ ]
𝑠𝑒𝑛(𝛼 − 𝛿). 𝑠𝑒𝑛(𝛼 + 𝛽)

𝑠𝑒𝑛2 (𝛼 − 𝜑)
𝐾𝑝 = 2
𝑠𝑒𝑛(𝜑 + 𝛿). 𝑠𝑒𝑛(𝜑 + 𝛽) (9)
𝑠𝑒𝑛2 𝛼. 𝑠𝑒𝑛(𝛼 + 𝛿) [1 − √ ]
𝑠𝑒𝑛(𝛼 + 𝛿). 𝑠𝑒𝑛(𝛼 + 𝛽)

𝑝𝑎 = 𝐾𝑎. 𝛾. 𝐻 − 2. 𝐶. √𝐾𝑎 (10)

𝑝𝑝 = 𝐾𝑎. 𝛾. 𝐻 + 2. 𝐶. √𝐾𝑎 (11)

𝑧𝑐 = 2𝐶/(𝛾. √𝐾𝑎 ) (12)

O valor do ângulo (𝛿) entre o Empuxo e a horizontal é usado em função do ângulo de


atrito (𝜑) com o solo em Marchetti (2010), e é definido pela Equação 13.

2 (13)
𝛿= 𝜑
3

3.4 ESTABILIDADE DE MUROS DE ARRIMO

“Na verificação de um muro de arrimo, seja qual for a sua seção, devem ser investigadas
as seguintes condições de estabilidade: tombamento, deslizamento da base, capacidade de
carga da fundação e ruptura global”, (GERSCOVICH, 2016, página 206). Os movimentos
são ilustrados na figura 19.

31
Figura 19 Estabilidade do muro de arrimo: (A) deslizamento; (B) tombamento; (C) capacidade de carga; (D)
estabilidade global

Fonte: Gerscovich (2016)

Partindo de uma estrutura pré-dimensionada e com as solicitações exigidas à estrutura,


é possível verificar a estabilidade em relação ao terreno da fundação.

3.4.1 SEGURANÇA CONTRA O TOMBAMENTO

Para que o muro não tombe em torno da extremidade externa (ponto A), o momento
resistente deve ser maior do que o momento solicitante. O momento resistente (𝑀𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡 )
corresponde ao momento gerado pelo peso do muro. O momento solicitante (𝑀𝑠𝑜𝑙𝑖𝑐 ) é
definido como o momento do empuxo total atuante em relação ao ponto A. O mecanismo é
ilustrado pela figura 20.

32
Figura 20 Atuação dos momentos resistente e solicitante

Fonte: Gerscovich (2010)

Na qual “W” é o peso próprio, 𝑥1 e 𝑥2 são referentes à posição do baricentro do muro e


𝐸𝑎𝑣 e 𝐸𝑎ℎ são as componentes vertical e horizontal do empuxo de terra.

O coeficiente de segurança contra o tombamento é definido como a razão entre o


momento resistente e o momento solicitante, demonstrada através da Equação 14:

𝑀𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡 𝑊. 𝑥1 + 𝐸𝑎𝑣 . 𝑥2 (14)


𝐹𝑆𝑡𝑜𝑚𝑏 = = ≥ 1,2 𝑎 1,5
𝑀𝑠𝑜𝑙𝑖𝑐𝑖 𝐸𝑎ℎ . 𝑦1

3.4.2 SEGURANÇA CONTRA O DESLIZAMENTO

“A segurança contra o deslizamento consiste na verificação do equilíbrio das


componentes horizontais das forças atuantes, com a aplicação de um fator de segurança
adequado” (GERSCOVICH, 2016, página 211), demonstrada pela equação 15.

∑ 𝐹𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒 𝐸𝑝 + 𝑆
𝐹𝑆𝑑𝑒𝑠𝑙𝑖𝑧𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = = ≥ 1,5 (15)
∑ 𝐹𝑟𝑠𝑜𝑙𝑖𝑐𝑖𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 𝐸𝑎

Onde: Ep = empuxo passivo; Ea = empuxo ativo; S = esforço cisalhante na base do


muro. Quando considerado o empuxo passivo, o mesmo deve ser reduzido por um fator
entre 2 e 3, uma vez que sua mobilização requer a existência de deslocamentos
significativos.

33
O valor de S é calculado pelo produto da resistência ao cisalhamento na base do muro
vezes a largura. Sendo usadas a equação 16 para análise de longo prazo e solo de
permeabilidade alta, e a equação 17 para análise de curto prazo (ɸ=0) e solo de
permeabilidade baixa.


∑ Fverticais (16)
S = B ∗ [ cw +( − u) tan(s)]
B

S = B ∗ su (17)


Onde: s = atrito solo-muro, B = largura da base do muro; 𝑐𝑤 = adesão solo-muro;
∑ 𝐹𝑣𝑒𝑟𝑡𝑖𝑐𝑎𝑖𝑠 = somatório das forças verticais; u = poropressão; 𝑠𝑢 = resistência ao
cisalhamento não drenado.

O deslizamento pela base é, em grande parte dos casos, o fator condicionante. Medidas
como construção de “dente” ou inclinação na base do muro permitem obter aumentos
significativos no fator de segurança. Dessa forma, pode-se considerar a contribuição do
empuxo passivo no somatório de forças resistentes.

3.4.3 CAPACIDADE DE CARGA DA FUNDAÇÃO

É a verificação referente a ruptura e deformações excessivas do terreno de fundação. A


análise geralmente considera o muro rígido e a distribuição de tensões linear ao longo da
base.

A segurança para a capacidade de carga da fundação (𝑞𝑚á𝑥 ) é feita levando em conta


o somatório das forças verticais aplicada com uma excentricidade em relação ao eixo do
muro, criando uma tensão normal máxima (𝜎𝑚á𝑥 ). Nota-se que deve ser feito uma análise
de forma a garantir que não haja tração no solo, visto que o mesmo não suporta tal esforço.

Para evitar a ruptura do solo de fundação do muro, o critério usualmente adotado


recomenda-se FS≥ 2,5, demonstrado pela equação 18:

34
𝑞𝑚á𝑥 (18)
𝐹𝑆𝑐𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 < ≥ 2,5
𝜎𝑚á𝑥

O diagrama (Figura 20) para a obtenção da tensão máxima possui o formato de trapézio,
pois há uma excentricidade entre a resultante “R” e o centro da base. A resultante
normalmente é causada pelo peso da estrutura adicionado com o peso do solo sobre a base
da mesma, além do empuxo. A dimensão maior do trapézio é a tensão máxima (σ1) obtida
pela equação 19, enquanto que menor dimensão do trapézio é a tensão mínima (σ2) obtida
pela equação 21.

Figura 21 Diagrama para obtenção da tensão máxima no solo

Fonte: Gerscovich (2016)

∑ 𝐹𝑣𝑒𝑟𝑡𝑖𝑐𝑎𝑖𝑠 6𝑒 (19)
𝜎1 = (1 + )
𝐵 𝐵

∑ 𝐹𝑣𝑒𝑟𝑡𝑖𝑐𝑎𝑖𝑠 6𝑒 (20)
𝜎2 = (1 − )
𝐵 𝐵

E ainda sabe-se que a excentricidade (e) e a posição do centro de pressão (e’) são
encontradas através das equações 21 e 22:

𝑏 (21)
𝑒= − 𝑒′
2

35
𝛴𝑀𝑜𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠 𝑒𝑚 𝐴 (22)
𝑒′ =
∑ 𝐹𝑣𝑒𝑟𝑡𝑖𝑐𝑎𝑖𝑠

A capacidade suporte (𝑞𝑚á𝑥 ) é calculada pelo método Terzaghi-Prandt para sapatas pela
equação 23:

𝑞𝑚á𝑥 = 𝑐 ′ 𝑁𝑐 + 𝑞𝑠 . 𝑁𝑞 + 0,5. 𝛾𝑓 . 𝐵 ′ 𝑁𝛾 (23)

Onde: B ’ = B - 2e = largura equivalente da base do muro; c’ = coesão do solo de


fundação; f = peso específico do solo de fundação; Nc , Nq , N = fatores tabelados de
capacidade de carga; qs= sobrecarga efetiva no nível da base da fundação (qs = 0, caso a
base do muro não esteja embutida no solo de fundação.).

3.4.4 SEGURANÇA CONTRA A RUPTURA GLOBAL

A possibilidade de ruptura do terreno segundo uma cunha de escorregamento ABC


(Figura 22) também deve ser investigada. Para isso, devem ser utilizados os conceitos de
análise da estabilidade geral.

Figura 22 Cunha de ruptura Global

Fonte: Gerscovich (2010)

36
Normalmente essa verificação consiste em se garantir um coeficiente de segurança
adequado à não rotação do corpo formado por ABC ao redor do ponto central de seu próprio
arco. A segurança à essa rotação é demonstrada pela equação 24:

∑ 𝑀𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒 (24)
𝐹𝑆𝑔𝑙𝑜𝑏𝑎𝑙 =
∑ 𝑀𝑟𝑠𝑜𝑙𝑖𝑐𝑖𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒

São recomendado fatores de segurança global maiores que 1,3 para obras provisórias
e maiores que 1,5 para obras permanentes.

Um de métodos de cálculo da segurança contra ruptura global é o método das fatias de


Bishop. O método consiste em dividir a cunha de ruptura em fatias e fazer o equilíbrio das
forças atuantes.

3.5 DRENAGEM

A existência de acúmulo de água dentro do maciço aumenta consideravelmente o


empuxo total sobre a estrutura de contenção. Gerscovich (2016) constatou que o efeito da
água sobre a estrutura de contenção pode ser direto, resultando um aumento do empuxo no
tardoz, ou indireto, reduzindo a resistência ao cisalhamento do maciço.

O efeito direto é de maior intensidade, podendo ser eliminado através de um sistema de


drenagem eficaz. O sistema de drenagem deve fornecer vazão adequada a precipitações
excepcionais e deve ter sua escolha de material feita de modo a impedir qualquer
possibilidade de colmatação ou entupimento.

Os sistemas de drenagem podem ser feitos superficialmente ou no interior do maciço.


Os sistemas superficiais (canaletas transversais, escadas, caixas coletoras, etc.) devem
captar e conduzir a água de toda a bacia de captação da contenção. Os sistemas
subsuperficiais (drenos horizontais e inclinados, filtros granulares, geodrenos, etc.) têm a
função de controlar as magnitudes de pressão de água e captar fluxos de água dentro do
maciço. As figuras 23 e 24 apresentam algumas sugestões de sistemas de drenagem feitas
por Gerscovich (2016).

37
Figura 23 Sistemas de drenagem – dreno inclinado

Fonte: Gerscovich (2016)

Figura 24 Sistemas de drenagem - dreno vertical

Fonte: Gerscovich (2016)

38
3.6 UTILIZAÇÃO DE SOFTWARES

O dimensionamento das estruturas de contenção segue o procedimento das formulas


vistas anteriormente. O processo visto na revisão bibliográfica era feito à mão, porém hoje o
mesmo é feito com ferramentas computacionais que utilizam os mesmos preceitos que o
processo manual, mas com utilização de código computacional.

Para este estudo as ferramentas computacionais utilizadas foram o Geostudio2017, o


Geo5 e o Mac.C.S.T.A.R.S 2000. Os mesmos são revistos neste tópico.

3.6.1 GEOSTUDIO 2017

O GeoStudio 2017 é um pacote de softwares que podem ser usados para a solução de
vários problemas de engenharia, possuindo versão gratuita para estudantes. Ele permite a
integração entre seus programas em múltiplas análises em um único projeto através de uma
interface de fácil uso (Figura 25). Com módulo SLOPE/W do pacote é possível calcular a
estabilidade do talude; isso, através de métodos de equilíbrio-limite como os procedimentos
de Bishop e Morgenstern-Price.

39
Figura 25 Interface do software Geostudio2017, módulo SLOPE/W.

Fonte: Software GeoStudio 2017

O programa foi utilizado por Mendes (2010) para o dimensionamento de uma cortina
atirantada, comparando o resultado do programa com métodos tradicionais como Terzagui
e Peck e Tschenbatorioff. Para a ferramenta computacional foi adotado o módulo SIGMA/W
(analise plana tensão-deformação). O resultado obtido foi que o uso do GeoStudio 2017
mostrou-se eficiente, no entanto, os métodos tradicionais com o uso complementar de
Métodos dos Elementos Finitos permitiu melhores avaliações, principalmente, da fase
executiva da obra.

Mendes (2010) cita que dentre as vantagens do software estão:

 Utilização de modelos mais elaborados;


 Avaliação entre etapas distintas da vida da obra;

40
 Avaliação do comportamento solo, da estrutura e do conjunto solo- estrutura.

Já o trabalho de Kalume (2017) destinou-se a analisar a estabilidade dos taludes de uma


barragem homogênea, construída com material, areia-argilosa, realizando simulações
numéricas nos programas Geostudio e Geo5. O método de equilíbrio limite utilizado foi o
Método de Morgenstern & Price, disponível nessas ferramentas.

O programa Geostudio se mostrou menos conservador que o GEO5 na maioria das


análises realizadas, por esse motivo apresentou fatores de seguranças maiores. O programa
Geostudio gerou um fator de segurança 252,9% menor que o GEO5, além disso, uma
diferença de 2,82% na fase de final de construção a montante.

Outro caso estudado com uso da mesma ferramenta foi o estudo de uma talude
analisado por Andrade (2019). A ruptura deste talude resultou da ocorrência de fortes chuvas
que atingiram a região entre os dias 10 e 11 de março de 2011, que ocasionaram problemas
de instabilidades em encostas naturais e taludes de cortes e aterros, com interdição parcial.
Para os estudos foram realizados dois tipos de análises comparativas de estabilidade,
empregando-se o software GeoStudio – Slope/W

A área de mapeamento estava na faixa costeira oriental do Estado do Rio Grande do


Norte, no contexto da sub-bacia Natal, pertencente à Bacia Pernambuco-Paraíba e Potiguar,
Barbosa.

Durante a realização do estudo de Andrade (2019), foi encontrado uma falha geológica,
provavelmente devido ao início da ruptura do talude. Os dados foram processados no
GeoStudio, módulo Slopw/W e os resultados foram obtidos para os fatores de segurança
calculados pelo mesmo programa. Com os parâmetros obtidos, foi possível perceber que o
talude está em iminência de ruptura.

3.6.2 SOFTWARE GEO5

O GEO5 é um pacote de programas baseado no Método dos Elementos Finitos criado


pela Fine Softwares que fornece a solução para problemas geotécnicos, inclusive para

41
contenções. O programa Verificação de Contenções permite realizar um dimensionamento
avançado de estruturas de contenção (parede de flexão, parede de gabiões, parede de
gravidade, cortinas atirantadas), além de permitir análises das forças atuantes na estrutura,
estabilidades, verificação do perfil superior e verificação da base da parede. Sua interface
demonstrada na figura 26.

Figura 26 Interface do software GEO5, módulo muro de arrimo

Fonte: Software GEO5

O software em questão foi utilizado para análise de estabilidade de falésias de uma


região no Rio Grande do Norte por Souza Júnior (2013). Em sua análise comparativa entre
resultados obtidos pelos métodos baseados no equilíbrio-limite e pelo método dos elementos
finitos, observou-se, na maioria dos casos, coerência nos valores dos fatores de segurança
encontrados, como verificado na figura 27.

42
Figura 27 Comparação de FS por métodos de equilíbrio-limite e método dos elementos finitos

Fonte: Souza Júnior (2013)

Por fim, Souza (2013) conclui que as seções 2 e 3 são instáveis, devido a fatores de
segurança menores que 1,5, independentemente do método utilizado. Sendo a seção 3 a
mais crítica, devida a falta de proteção costeira. O que não ocorre na 2, que possui muro de
arrimo que restringe o acesso de banhistas às áreas adjacentes do pé da falésia.

Outro exemplo foi o trabalho realizado por Silva (2018). O objetivo desse trabalho foi
desenvolver uma planilha eletrônica no Microsoft Office Excel para dimensionar sapatas
isoladas, além disso, utilizar o software GEO5 como método para comparar e validar os
resultados.

Para o desenvolvimento da planilha, foi necessário uma revisão bibliográfica a respeito


das teorias e métodos usados para o processo de dimensionamento de sapatas. Entre as
teorias e métodos utilizados, se destacam a Teoria de Terzaghi, usada para calcular a
capacidade de carga do solo. As análises e comparações dos resultados foram feitos através
de tabelas, por meio delas, foi possível chegar à conclusão que os resultados obtidos pela
planilha são satisfatórios e sempre a favor da segurança. Logo o programa foi satisfatório à
teoria realizada anteriormente do manualmente.

43
O software foi também utilizado no trabalho de Cruz (2017), intitulado “Estudo da
utilização da estrutura de contenção tipo gabião”, que teve como objetivo fazer uma análise
sobre a viabilidade desse tipo de muro, considerando suas características físicas,
comparando-o economicamente com outros muros, e com visitas às obras de gabiões em
Presidente Prudente - SP.

Sua metodologia, foi baseada em livros, tabelas orçamentárias, programas de


dimensionamento e comparativos de custos entre três tipos de muros.

Os resultados, mostraram que em Presidente Prudente, os gabiões foram utilizados


como contenções de taludes próximos a pontes e aterros de terra.

No dimensionamento, mostrou resistência ao empuxo ativo. Já no comparativo de custo,


ele foi o segundo mais econômico. Por fim, chegou-se à conclusão que o muro gabião é
mais vantajoso quando aplicado em taludes com crescimento de vegetação, que ele possuiu
alta resistência e, embora não tenha sido o mais economicamente barato, alguns fatores
influenciam em sua escolha para o uso.

Além disso, o trabalho “Estudo Comparativo De Ferramentas Computacionais Para O


Dimensionamento De Muro De Concreto Armado” de Abdon J.C. Filho(2014), apresenta a
comparação do método manual de cálculo com um software para o dimensionamento de
muro de concreto armado, no caso, o software GEO5.

Os resultados demonstraram que não houve grande discrepância entre esforços


solicitantes calculados pelos métodos analisados, porém, em relação ao software, ao se
adotar alguns critérios internacionais, houve uma variação significativa na quantidade de aço
e concreto utilizada.

3.6.3 SOFTWARE MAC.S.T.A.R.S 2000

O programa Mac.S.T.A.R.S 2000 foi desenvolvido pela equipe do departamento técnico


da Maccaferri para verificação de estabilidade de solos reforçados, que conferem
estabilidade de taludes usando unidades de reforço capazes de absorver as tensões de
tração (Macgrids). O software é disponibilizado gratuitamente após cadastro no site da

44
empresa. Os resultados dos cálculos e análises não serão realísticos no caso da utilização de
outros tipos de materiais que não os pré-definidos pelo programa.

Através de uma interface de fácil entendimento (figura 28), é necessário definir desenhos
da seção do muro, terrapleno, fundação, sobrecargas externas e nível d’água. Com isso, os
resultados obtidos consistem nos cálculos de empuxo e verificações de segurança em um
relatório.

Figura 28 Interface do software Mac.S.T.A.R.S 2000

Fonte: Software Mac.S.T.A.R.S 2000

O software usa métodos que fazem referência a métodos de Equilíbrio Limite, métodos
de Rankine e Coulomb, além de do método de Bishop para a verificação da ruptura global.
O programa foi utilizado por Cruz (2017) em seu estudo de suscetibilidade a deslizamentos,
no qual foi comparado o resultado obtido pelo mesmo e pelo GEOSLOPE, obtendo
resultados próximos e, com isso, validando o desempenho do software.

Barbosa (2018), usa o software em seu trabalho “Rotina para análise de estabilidade de
taludes via software Mac.S.T.A.R.S. 2000.”. No qual, através de rotinas para soluções de
casos hipotéticos é demonstrada a facilidade na operação do software, ressaltando que o

45
mesmo faz os cálculos e análises com a precisão dos dados nele inseridos. As rotinas
apresentadas abrangem soluções já disseminadas na área e outras propostas pela
desenvolvedora Maccaferri.

No trabalho são apresentados três modelagens de taludes com cinco possíveis soluções
para a estabilização dos mesmos. O foco é dado na rotina de inserção de dados no
programa, partindo-se do princípio de que o usuário já estará munido das informações
geológicas necessárias.

O que pode se observar no desenvolvimento do trabalho foi a acessibilidade que o


software proporcionou. Uma poderosa ferramenta que possibilita a análise de sistemas de
contenção existentes, taludes em seu estado natural e principalmente permite conceituar
soluções diferentes para um mesmo problema, permitindo a elaboração de um projeto futuro
da maneira mais eficiente possível.

Aguiar (2018) propôs, com o auxílio do software Mac.S.T.A.R.S, mapear as áreas


suscetíveis a deslizamentos rotacionais na microbacia do Ribeirão Baú - Ilhota/SC. Para isso
foram obtidos os dados preexistentes da região. Esses dados foram, como exemplo, mapas
prévios da região de estudo, parâmetros geotécnicos do solo, obtidos com base nos
resultados do ensaio de cisalhamento direto em laboratório de amostras coletadas em
campo
.
Os resultados foram então validados conforme trabalhos anteriores realizados na
mesma área de atuação. Conclui-se que as modelagens computacionais representam uma
boa ferramenta para tentar reproduzir o real comportamento do solo de uma região, contudo
a realização de caracterizações e investigações em campo são de grande relevância para
identificar áreas e condições especificas que acarretam em instabilidades de encostas.

46
4 MÉTODO

Para o desenvolvimento do presente trabalho o seguinte diagrama de tarefas é seguido:

47
4.1 DETERMINAÇÃO DO PROBLEMA GEOTÉCNICO

Primeiramente, através de uma seção transversal de uma região em Florianópolis (figura


29) levantado por Santos (1997), foi proposto um corte até uma profundidade de 5 metros
na região de Argila Siltosa Avermelhada no terreno. Os índices físicos do solo em questão
também foi estudado por Santos (1997) e estão resumidos na tabela 2.

48
Figura 29 Perfil longitudinal de distribuição de solos

Fonte: Santos (1997)

49
Tabela 2 Índices físicos e Parâmetros do solo

Peso Teor de
Índice de Coesão
Solo Específico umidade ɸ (graus)
vazios (kN/m²)
Natural (kN/m³) (%)
Argila Siltosa
16,4 36,2 1,417 19 26
Avermelhada
Fonte: Santos (1997)

4.2 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO PROBLEMA

Para o caso, além do peso próprio do solo e presença da água, uma sobrecarga
distribuída colabora com o empuxo. Foi adotado uma sobrecarga de 10 kN/m², segundo
recomendação de Marzionna (1988). Definido o problema, foi possível representa-lo (Figura
30). Nessa etapa, as escalas horizontal e vertical foram corrigidas para um valor equivalente,
além disso a escala do esquema foi diminuída de modo a aproximar da região em estudo.

Figura 30 Representação Gráfica do Caso

Fonte: Elaboração Própria

4.3 CRIAÇÃO DE MODELO SIMULANDO SITUAÇÃO DE CORTE

A seção foi simulada com seus respectivos parâmetros no software GeoStudio 2017,
porém foi analisado sem sobrecarga, visto que será aplicada posteriormente a implantação

50
da contenção. Através do módulo SLOPE/W do programa, foi utilizado o método das fatias
de Morgenstern-Price para analisar a estabilidade global do talude, buscando possíveis
cunhas de ruptura. Para isso, foi necessário definir domínios que definem onde a cunha de
deslizamento pode iniciar próximo a crista e finalizar próximo ao pé do talude. O mesmo
caso foi modelado no GEO5 para possíveis comparações.

4.4 DETERMINAÇÃO DO FATOR DE SEGURANÇA DO TALUDE EM CORTE

O fator de segurança do talude foi definido pela cunha com maior suscetibilidade de
ocorrência, ou seja, com menor fator de segurança. Nesta etapa foi possível refinar o
resultado aumentando o número de fatias na cunha de ruptura. O resultado esperado deste
software para essa etapa foi o estabelecimento do fator de segurança, geometria da cunha
e relatório de informações da análise. Para todos os fatores de segurança foi requerido o
valor mínimo de 1,5 por questões discentes.

4.5 PROPOSIÇÃO DE 4 TIPOS DE SOLUÇÕES DE CONTENÇÃO

Para fatores de segurança menores que 1,5 é necessário reforço do maciço. Para este
estudo foi desenvolvido soluções com muro de gravidade, muro de flexão, cortina atirantada
e solo reforçado com Terramesh. Para o pré-dimensionamento dessas estruturas, será
levado em conta as observações feitas na revisão bibliográfica.

4.6 CRIAÇÃO DOS MODELOS PARA AS SOLUÇÕES DE CONTENÇÕES NOS


SOFTWARES GEO5 E MACS.T.A.R.S.

Para a verificação do muros de gravidade, do muro de flexão e da cortina atirantada foi


utilizado o software GEO5. Para isso, foi necessário criar um modelo simulando o caso,
inserindo a geometria do terreno, sobrecarga, perfil geológico, capacidade de carga do solo
e nível de água; ainda foi necessário inserir a geometria e o material dos muros verificados.
No caso da cortina atirantada foi ainda necessário a definição da carga máxima de trabalho
permanente, o que ocorre em função do tipo de tirante (tabela 3).

Tabela 3 Quadro de Tirantes de monobarra de aço

Tipo de Diâmetro nominal da Carga máxima de trabalho


Tipo de seção
aço barra (mm) permanente (kN)
CA 50 A Plena 25 130
51
CA 50 A Plena 32 200
Reduzida com
CA 50 A 25 81
Rosca
Reduzida com
CA 50 A 32 160
Rosca
Fonte: Adaptado Gerscovich (2016)

Para a verificação e dimensionamento do solo reforçado com Terramesh foi usado o


software MacS.T.A.R.S da Maccaferi. Da mesma forma como feito anteriormente, para este
software foi necessário a simular o problema com sua respectiva geometria, propriedades
do solo, superfície piezométrica e sobrecarga. Para a definição de uma solução, há blocos
de geometria pré-determinada em função do disponibilizado pela Maccaferi, sendo somente
necessário determinar o comprimento do reforço, posicionamento dos blocos, e material de
enchimento dos gabiões

4.7 VERIFICAÇÃO DOS FS’S EM 2 CENÁRIOS DIFERENTES DE NÍVEL D’ÁGUA

Os programas fizeram verificações de deslizamento, tombamento, capacidade de carga


e estabilidade global, fornecendo seus respectivos fatores de segurança. Isso foi feito para
2 diferentes níveis de água, um abaixo da base da estrutura e um no meio da estrutura
(altura 2,5 metro); um cenário corresponde a um bom funcionamento da drenagem enquanto
o outro demonstra alguma falha no mesmo.

Essa etapa foi repetida de modo a satisfazer fatores de segurança maiores que 1,5,
otimizando a solução, ou seja, foram feitas iterações mudando dimensões e materiais
propostos no item 4.5.

4.8 RECOMENDAÇÃO DE UMA DAS ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO

Por último foi dada uma recomendação de uma das estruturas para o problema em
questão. O fator de escolha é simplesmente técnico, ou seja, a estrutura com fatores de
segurança mais adequados. Vale ressaltar a importância do uso das mesmas normas e
análises entre os programas, de modo a comparação ser mais precisa.

52
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste item será demonstrado a obtenção das dimensões e parâmetros de cada uma das
estruturas de contenção propostas. Além disso, é explicado os porquês das mudanças
realizadas durante o dimensionamento.

5.1 SITUAÇÃO DO TALUDE EM CORTE

Modelada a situação sem a sobrecarga no GeoStudio (Figura 31), e aumentado o


número de fatias, foi obtido um valor convergente para 1,22 para estabilidade global. Esse
valor não está de acordo com a segurança (menor que 1,5).

Figura 31 Modelo do problema em situação de corte sem sobrecarga pelo Geostudio2017.

Fonte: Elaboração Própria no Geostudio2017

A mesma situação sem a sobrecarga foi modelada no GEO5 (Figura 32), a estabilidade
global convergiu para 1,31 com o aumentar do número de fatias. Valor também abaixo de
1,5.

53
Figura 32 Modelo do problema em situação de corte sem sobrecarga pelo GEO5.

Fonte: Elaboração Própria no GEO5.

Foi modelado a situação em corte do talude com a sobrecarga pelo GEO5 (Figura 33),
o valor da estabilidade global convergiu para 1,13. Igualmente abaixo de 1,5.

Figura 33 Modelo do problema em situação de corte com sobrecarga pelo GEO5.

Fonte: Elaboração Própria no GEO5

54
5.2 SITUAÇÃO DO TALUDE COM MURO DE GRAVIDADE

Para a verificação do muro de gravidade foi usado o software GEO5 no módulo “Gravity
Wall”. Nele é possível fazer alterações nas dimensões “k1”, “k2”, “k3” e “k4” (Figura 34).

Figura 34 Possíveis alterações no muro de gravidade pelo GEO5

Fonte: software GEO5

Após inserido o solo proposto no software, essas alterações de dimensões foram feitas
até chegarem a valores de fatores de segurança próximos a 1,5 para o tombamento,
deslizamento, capacidade de carga e ruptura global. Isso foi feito tanto para um nível de
água abaixo das estruturas de contenção quanto para à altura média das estruturas (2,5
metros), como descrito no item 4.7.

5.2.1 MURO DE GRAVIDADE COM N.A. ABAIXO DO MURO

As tentativas de variações e seus respectivos fatores de segurança estão dispostos na


tabela 4. Para essa estrutura decidiu-se optar por concreto C20. Para capacidade de carga
do solo foi estimado um valor de 160 kPa.

55
Tabela 4 1ª linha de iterações, dimensões e FS dos muros de gravidade fora do N.A.

Fator de segurança
k1 k2 k3 k4
Iteração nº Capacidade de Ruptura
(m) (m) (m) (m) Tombamento Deslizamento
Carga Global
1 0,8 5,0 0,2 1,0 5,34 16,83 1,11 2,14
2 0,4 5,0 0,1 0,9 2,18 4,71 0,76 2,11
3 0,4 5,0 0,1 0,7 1,93 6,21 0,65 2,09
Fonte: Elaboração própria baseada no GEO5

Não é recomendado usar a dimensão “k4” menor do que 0,14 da altura do muro (0,7
metro). Logo a solução foi aumentar o valor da capacidade de carga para o solo para 200
kPa, e refeito os cálculos de FS.

Tabela 5 2ª linha de iterações, dimensões e FS dos muros de gravidade fora do N.A.

Fator de segurança
k1 k2 k3 k4
Iteração nº Capacidade de Ruptura
(m) (m) (m) (m) Tombamento Deslizamento
Carga Global
4 0,8 5,0 0,2 1,0 5,34 16,83 1,39 2,14
5 0,4 5,0 0,1 0,9 2,18 4,71 0,95 2,11
6 0,4 5,0 0,1 0,7 1,93 6,21 0,65 2,09
Fonte: Elaboração própria baseada no GEO5

Já como não foi obtido valor satisfatório, foi decidido aumentar a capacidade de carga
(tabela 6) até um resultado aceitável, já que a segurança da mesma é a única abaixo de 1,5.

Tabela 6 3ª linha de iterações, dimensões e FS dos muros de gravidade fora do N.A.

Capacidade Fator de segurança


Iteração k1 k2 k3 k4
de carga Capacidade Ruptura
nº (m) (m) (m) (m) Tombamento Deslizamento
(kPa) de Carga Global
7 210 0,8 5,0 0,2 1,0 2,18 4,71 1,46 2,14
8 215 0,8 5,0 0,2 1,0 2,18 4,71 1,49 2,14
9 215 0,8 5,0 0,2 1,0 2,18 4,71 1,53 2,14
Fonte: Elaboração própria baseada no GEO5

O muro de gravidade que passou na segurança à estabilidade possui as dimensões da


figura 35, os fatores de segurança da tabela 7, concreto C20 e capacidade de carga do solo
de 220 kPa.

56
Figura 35 Dimensões do muro de gravidade (fora do N.A.) dentro da segurança de estabilidade

Fonte: elaboração própria no software GEO5

Tabela 7 Fatores de segurança do muro de gravidade fora do N.A.

Fator de segurança
Capacidade de Ruptura
Tombamento Deslizamento
Carga Global
2,18 4,71 1,53 2,14
Fonte: Elaboração própria baseada no GEO5

5.2.2 MURO DE GRAVIDADE COM N.A. NO MEIO DA ESTRUTURA

As tentativas de variações e seus respectivos fatores de segurança estão dispostos na


tabela 8. Para essa estrutura decidiu-se optar por concreto C20. Para capacidade de carga
do solo foi estimado um valor de 160 kPa.

57
Tabela 8 1ª linha de iterações, dimensões e FS dos muros de gravidade com N.A atuante

Fator de segurança
k1 k2 k3 k4
Iteração nº Capacidade de Ruptura
(m) (m) (m) (m) Tombamento Deslizamento
Carga Global
1 0,4 5 0,2 1 1,36 4,1 0,3 1,82
2 0,4 5 0,4 1,1 1,52 3,82 0,4 1,81
Fonte: Elaboração própria baseada no GEO5

Já como não foi obtido valor satisfatório, foi decidido aumentar a capacidade de carga
(tabela 9) até um resultado aceitável, já que a segurança da mesma é a única abaixo de 1,5.

Tabela 9 2ª linha de iterações, dimensões e FS dos muros de gravidade com N.A atuante

Capacidade Fator de segurança


Iteração k1 k2 k3 k4
de carga Capacidade Ruptura
nº (m) (m) (m) (m) Tombamento Deslizamento
(kPa) de Carga Global
3 300 0,4 5 0,4 1,1 1,52 3,82 0,73 1,81
4 350 0,4 5 0,4 1,1 1,52 3,82 0,88 1,81
5 600 0,4 5 0,4 1,1 1,52 3,82 1,51 1,81
Fonte: Elaboração própria baseada no GEO5

De acordo com a NBR-6122, valores comuns para capacidade de carga de argilas


variam entre 100 kPa e 300kPa, a cima disso tende a romper ou recalcar. Logo para esse
situação esse projeto não é viável.

5.3 SITUAÇÃO DO TALUDE COM MURO DE FLEXÃO

Para a verificação do muro de flexão foi usado o software GEO5 no módulo “Cantilever
Wall”. Nele é possível fazer alterações nas dimensões “k”, “h”, “h1”, “xx”, “v2 e “s2” (Figura
36).

58
Figura 36 Possíveis alterações no muro de flexão pelo GEO5

Fonte: software GEO5

Após inserido o solo proposto no software, essas alterações de dimensões foram feitas
até chegarem a valores de fatores de segurança próximos a 1,5 para o tombamento,
deslizamento, capacidade de carga e ruptura global. Isso foi feitos para um nível de água
baixo e um médio, como descrito no item 4.5.7.

5.3.1 SITUAÇÃO DO TALUDE COM MURO DE FLEXÃO COM N.A. ABAIXO

As tentativas de variações e seus respectivos fatores de segurança estão dispostos na


tabela 10. Para essa estrutura decidiu-se optar por concreto C20. Para capacidade de carga
do solo foi estimado um valor de 160 kPa.

Tabela 10 1ª linha de iterações, dimensões e FS dos muros de flexão com N.A abaixo.

Fator de segurança
Iteração h1 xx v2 s2
k (m) h (m) Capacidade Ruptura
nº (m) (m) (m) (m) Tombamento Deslizamento
de Carga Global
1 0,2 5 1 0,6 3 0 4,44 3,16 1,43 2,15
2 0,2 5 1 0,3 2 0 2,45 2,11 1,18 2,10
3 0,15 5 1 0,15 1,8 0 2,21 1,89 1,16 2,09
Fonte: Elaboração própria baseada no GEO5

Já como não foi obtido valor satisfatório, foi decidido aumentar a capacidade de carga
até um resultado aceitável (tabela 11), já que a segurança da mesma é a única abaixo de
1,5.

59
Tabela 11 2ª linha de iterações, dimensões e FS dos muros de flexão com N.A abaixo.

Capacidade Fator de segurança


Iteração k h h1 xx v2 s2
de carga
nº (m) (m) (m) (m) (m) (m) Capacidade Ruptura
(Kpa) Tombamento Deslizamento
de Carga Global
4 180 0,2 5 1 0,3 2 0 2,45 2,11 1,33 2,10
5 185 0,2 5 1 0,3 2 0 2,45 2,11 1,37 2,10
6 195 0,2 5 1 0,3 2 0 2,45 2,11 1,44 2,10
7 200 0,2 5 1 0,3 2 0 2,45 2,11 1,48 2,10
8 205 0,2 5 1 0,3 2 0 2,45 2,11 1,52 2,10
Fonte: Elaboração própria baseada no GEO5

O muro de flexão que passou na segurança à estabilidade possui as dimensões da figura


37, fatores de segurança da tabela 12, concreto C20 e capacidade de carga do solo de 205
kPa.

Figura 37 Dimensões do muro de flexão com N.A abaixo e dentro da segurança de estabilidade

Fonte: elaboração própria no software GEO5

Tabela 12 Fatores de segurança do muro de flexão com N.A abaixo e FS maiores que 1,5

Fator de segurança
Capacidade de Ruptura
Tombamento Deslizamento
Carga Global
2,45 2,11 1,52 2,10
Fonte: Elaboração própria baseada no GEO5

60
5.3.2 SITUAÇÃO DO TALUDE COM MURO DE FLEXÃO COM N.A. ATUANTE

As tentativas de variações e seus respectivos fatores de segurança estão dispostos na


tabela 13. Para essa estrutura decidiu-se optar por concreto C20. Para capacidade de carga
do solo foi estimado um valor de 160 kPa.

Tabela 13 1ª linha de iterações, dimensões e FS dos muros de flexão com N.A atuante

Fator de segurança
Iteração h1 xx v2 s2
k (m) h (m) Capacidade Ruptura
nº (m) (m) (m) (m) Tombamento Deslizamento
de Carga Global
1 0,4 5 1 0,6 3 0 2,59 1,66 1,34 2,49
2 0,3 5 1 0,6 3 0 2,45 1,56 1,35 2,45
Fonte: Elaboração própria baseada no GEO5

Já como não foi obtido valor satisfatório, foi decidido aumentar a capacidade de carga
até um resultado aceitável (tabela 14), já que a segurança da mesma é a única abaixo de
1,5.
Tabela 14 2ª linha de iterações, dimensões e FS dos muros de flexão com N.A atuante

Capacidade Fator de segurança


Iteração k h h1 xx v2 s2
de carga
nº (m) (m) (m) (m) (m) (m) Capacidade Ruptura
(Kpa) Tombamento Deslizamento
de Carga Global
3 170 0,3 5 1 0,6 3 0 2,45 1,56 1,43 2,45
4 175 0,3 5 1 0,6 3 0 2,45 1,56 1,47 2,45
3 178 0,3 5 1 0,6 3 0 2,45 1,56 1,50 2,45
Fonte: Elaboração própria baseada no GEO5

O muro de flexão que passou na segurança à estabilidade possui as dimensões da figura


38, fatores de segurança da tabela 15, concreto C20 e capacidade de carga do solo de 178
kPa.

61
Figura 38 Dimensões do muro de flexão dentro da segurança de estabilidade com N.A atuante

Fonte: elaboração própria no software GEO5

Tabela 15 Fatores de segurança do muro de flexão com N.A atuante

Fator de segurança

Capacidade de Ruptura
Tombamento Deslizamento
Carga Global
2,45 1,56 1,50 2,45
Fonte: Elaboração própria baseada no GEO5

5.4 SITUAÇÃO DO TALUDE COM CORTINA ATIRANTADA

Para a verificação cortina atirantada foi usado o software GEO5 no módulo “Slope
Stabillity”, no qual é possível verificar a estabilidade do maciço com tirantes.

Após inserido o solo proposto no software, foram feitas alterações na posição e cargas
de trabalho dos tirantes até o Fator de Segurança chegar próximo a 1,5 para ruptura global.
Isso foi feito para um nível de água abaixo e um médio, como descrito no item 4.5.7.

62
5.4.1 CORTINA ATIRANTADA COM N.A. BAIXO

A primeira tentativa corresponde a figura 39. A qual demonstra 2 tirantes de 3 metros


igualmente espaçados no solo e com carga máxima de trabalho de 130 kN, sendo esse
tirante correspondente a seção plena de CA 50 com 25 milímetros de diâmetro.

Figura 39 Cortina com 2 tirantes CA 50, 25 milímetros de diâmetro, 130 kN, N.A. abaixo da cortina. Sem atuação
da água.

Fonte: elaboração própria no software GEO5

Resultando em fator de ruptura Global de 1,72 (Tabela 16).

Tabela 16 FS Cortina com 2 tirantes CA 50, 25 milímetros de diâmetro, 130 kN.


Soma de Soma de Momento Momento Fator de
forças ativas forças solicitante Resistente segurança
Passivas Global
48,9 kN/m 87,1 kN/m 393,1 kNm/m 675,9 kNm/m 1,72
Fonte: Elaboração própria baseada no GEO5

Foi verificado o mesmo arranjo porém com o uso de barras CA-50 com seção reduzida
com rosca, 25 milímetros de diâmetro, comprimento de 3 metros e carga máxima de trabalho
de 81 kN. Resultando em fator de segurança 1,65 (tabela 17).

63
Tabela 17 FS Cortina com 2 tirantes CA 50, 25 milímetros de diâmetro, 81 kN. Sem atuação da água
Soma de Soma de Momento Momento Fator de
forças ativas forças solicitante Resistente segurança
Passivas Global
48,9 kN/m 87,1 kN/m 393,1 kNm/m 675,9 kNm/m 1,65
Fonte: Elaboração própria baseada no GEO5

5.4.2 CORTINA ATIRANTADA COM N.A. ATUANTE

Foi analisado a mesma situação do item 5.4.1. Ainda com 2 tirantes de 3 metros i solo e
com carga máxima de trabalho de 130 kN, seção plena de CA 50 com 25 milímetros de
diâmetro (figura 40).

Figura 40 Cortina com 2 tirantes CA 50, 25 milímetros de diâmetro, 130 kN, N.A. atua na cortina

Fonte: elaboração própria no software GEO5

Resultando em fator de ruptura Global de 1,74 (Tabela 18).

Tabela 18 FS Cortina com 2 tirantes CA 50, 25 milímetros de diâmetro, 130 kN. Com atuação da água
Soma de Soma de Momento Momento Fator de
forças ativas forças solicitante Resistente segurança
Passivas Global
53,5 kN/m 92,9 kN/m 393,7,1 kNm/m 684,2 kNm/m 1,74
Fonte: Elaboração própria baseada no GEO5

64
Foi verificado o mesmo arranjo porém com o uso de barras CA-50 com seção reduzida
com rosca, 25 milímetros de diâmetro, comprimento de 3 metros e carga máxima de trabalho
de 81 kN. Resultando em fator de segurança 1,65 (tabela 18).

Tabela 19 FS Cortina com 2 tirantes CA 50, 25 milímetros de diâmetro, 81 kN. Com ação da água
Soma de Soma de Momento Momento Fator de
forças ativas forças solicitante Resistente segurança
Passivas Global
53,5 88,14 939,7 648,7 1,63
Fonte: Elaboração própria baseada no GEO5

5.5 SITUAÇÃO DO TALUDE TERRAMESH SYSTEM

Para a verificação de Terramesh foi usado o software MacS.T.A.R.S. No qual foi possível
verificar sua estabilidade quanto ao tombamento, deslizamento e capacidade de carga.

Após inserido o solo proposto no software, foram feitas mudanças nos arranjo dos
elementos Terramesh até que os Fatores de Segurança chegassem a valores próximos a
1,5. Isso foi feito para um nível de água baixo e um médio, como descrito no item 4.5.7.

5.5.1 SITUAÇÃO COM N.A. ABAIXO DA CORTINA ATIRANTADA

Foi proposto para essa situação 10 blocos de Terramesh de 50 cm de altura, 1 metro de


largura e 1 de comprimento; isso combinado com um reforço Macgrids espaçados
verticalmente a cada metro de altura do talude (Figura 41). O resultado foi de um Fator de
Segurança global de 1,65.

65
Figura 41 Proposta de contenção com reforço de Terramesh. N.A. a baixo da estrutura.

Fonte: Elaboração própria baseada no MacS.T.A.R.S.

5.5.2 SITUAÇÃO DA CORTINA ATIRANTADA COM N.A. ATUANTE

Foi proposto para essa situação 5 blocos de Terramesh de 1X1X1 metro; isso
combinado com um reforço Macgrids espaçados verticalmente a cada metro de altura do
talude, e com o comprimento de 6 metros para dentro do mesmo. O resultado foi de um
Fator de Segurança global de 1,55 (Figura 41)

66
Figura 41 Proposta de contenção com reforço de Terramesh. N.A. a baixo da estrutura.

Fonte: Elaboração própria baseada no MacS.T.A.R.S.

5.6 RESUMO DOS RESULTADOS

Os Fatores de segurança encontrados para cada tipo de estrutura e situação propostas


estão resumidos na tabela 20.

Tabela 20 Resumo dos FS’s

Estrutura de Fator de Segurança


Situação do
Contenção
N.A. Capacidade Ruptura
Tombamento Deslizamento
de Carga Global
Não atua na
2,18 1,53 1,53 2,14
Muro de estrutura
Gravidade Atua na
1,53 3,82 X 1,81
estrutura
Não atua na
2,45 2,11 1,52 2,10
Muro de estrutura
Flexão Atua na
2,45 1,56 1,50 2,45
estrutura
Não atua na
- - - 1,65
Cortina estrutura
Atirantada Atua na
- - - 1,63
estrutura
Não atua na
- - - 1,65
Terramesh estrutura
System Atua na 1,55
estrutura
- - -
Fonte: Elaboração própria

67
6 CONCLUSÕES E SUGETÕES

Visto a preocupante situação que algumas encostas se encontram, o estudo da


Geotecnia nessa área se faz válido. Como foi o exemplo estudado no presente trabalho, há
circunstâncias que a segurança não é garantida, sendo assim necessárias estruturas de
contenção para sustentar esses maciços.

Baseadas em cálculos manuais ou em ferramentas matemáticas mais novas, os


softwares GeoStudio 2017, MacS.T.A.R.S 2000 2.0 e GEO5, foram uteis para o cálculo de
Fatores de segurança no presente trabalho. Assim, foi possível alcançar o objetivo desse
trabalho, fornecendo escolhas de contenção para garantir uma encosta instável.

Somente o muro de gravidade não apresentou adequação quanto ao fator de segurança


para capacidade de carga, não sendo recomendado para o caso em estudo. As outras
estruturas apresentaram resultados positivos, sendo sugerívisl dependo do tipo ocupação,
material disponível, mão de obra disponível, efeito estético, necessidade de tempo entrega
ou custo.

68
REFERÊNCIAS

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6ª edição, 1996.

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