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Funcional
Robert J. Kohlenberg
Mavis Tsai
ESETec
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Psicoterapia: Analítica
Funcional
Criando Relações Terapêuticas
Intensas e Curativas
Robert J. Kohlenberg
Universidade de Washington
Seattle, Washington
Mavis Tsai
Psicóloga Clínica
Seattle, Washington
T ra d u ç ã o
O r g a n iz a d o r a
Rachel Rodrigues Kerbauy
R eim pressão
ESETe©
Editores Associados
Santo André, 2006
K ohlenberg R obert I. (1 9 9 !)
Psicoterapia Analítica Funcional: Criando Relações Terapêuticas Intensas e
Curativas / Robert J. K ohlenberg e M avis Tsai.
ESETec
Editores Associados
A solicitação de exemplares poderá ser feita à ESETec
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A o s n o sso s p ais
J a c k e B ess K o h len b erg
E d w in e E m ily Tsai,
cu jo a m o r constante, apoio e orgulho
fo ra m o su sten tácu lo de n o ssas lutas e
realizações.
Edição de Língua Portuguesa
N ós nos sentim os profundam ente honrados pela tenacidade dem onstrada por
nossos colegas brasileiros na produção da edição em português do livro Functional
A nalytic Psychotherapy (FAP). Por muito tempo o Brasil tem se destacado na
aplicação da análise do com portam ento aos problem as clínicos, e este livro
p o sic io n a a FA P d entro desse gênero. N ossos colegas b rasileiro s estão
em penhados em várias pesquisas instigantes e no desenvolvim ento da FAP, e
nós tem os um a dívida de gratidão para com eles, pelo trabalho que tiveram na
tradução desse livro. Robert Kohlenberg m antém relações de amizade com quase
todos os que contribuíram para esta tradução e guarda lembranças agradáveis
de m om entos em que estiveram juntos.
Traduzir um livro de psicoterapia analítica funcional (FAP) é um a tarefa
difícil, devido às sutilezas dos conceitos teóricos e à sensibilidade para temas
culturais que se faz necessária. Os tradutores m antiveram contato conosco e
temos a certeza de que eles fizeram um trabalho muito bom. N ós gostaríamos de
agradecer, po r seu trabalho, às seguintes pessoas: Irene Forlivesi pelo prefácio,
R oosevelt Starlingpelo Capítulo 1, Regina C. W ielenskapelo Capítulo 2, M aly
D elitti pelo Capítulo 3, Roberto Alves B anaco pelo Capítulo 4, Fátim a Conte
viii Prefácio
pelo Capítulo 5, Priscila D erdyk pelo Capítulo 6 , M aria Zilah Brandão pelo
Capítulo 7, e Rachel Rodrigues K erbauy pelo Capítulo 8 .
R. J. K.
e
M. T.
Prefácio
Este livro nasceu da experiência acum ulada ao longo de m uitos anos, tratando
e pensando a respeito de nossos clientes. N ós encaram os este trabalho como
um m anual de tratam ento que contem orientações para a criação de relações
terapêuticas que sejam profundas, intensas, significativas e benéficas. Este livro
não é um a coleção de técnicas, m esm o tendo a inclusão de várias delas. Mais do
que isto, nós descrevem os um referencial teórico que pretende servir de guia
para a atividade do terapeuta. Em bora a teoria da qual fazem os uso seja
particularm ente m uito adequada para a nossa proposta, nós perdemos a maioria
do nosso público no m om ento em que m encionam os seu nome. D esta forma, os
próprios alicerces com os quais contam os, podem prejudicar o nosso desejo de
com partilhar a estim ulação intelectual e os nossos insights clínicos.
não tenha notado, mas nós omitimos o nome da teoria). No Capítulo 1, nós
tam bém mostramos como o behaviorism o radical conduz o foco da atenção
para a relação terapeuta-cliente.
Pretendia-se que este livro fosse lido m ais ou m enos na seqüência, mas
isto não é obrigatório. Cada capítulo é praticamente independente do outro,
porque muitos dos conceitos menos conhecidos são retomados, mesmo que eles
já tenham sido apresentados num capítulo anterior. Os temas de conteúdo mais
teórico e abstrato estão contidos nos três prim eiros capítulos, e nos capítulos
seguintes a ênfase m aior é dada à aplicação clínica. Para alguns leitores, iniciar
a leitura por estes capítulos mais clínicos poderia avivar o interesse em examinar
os capítulos teóricos anteriores.. N ós esperamos que, ao percorrer os capítulos e
observar novas formas de aplicação dos conceitos, ocorra um efeito cumulativo
e os conceitos se tornem mais compreensíveis.
Talvez o terceiro capítulo venha a ser o m ais difícil. É a prim eira vez
que são apresentados alguns dos conceitos do com portam ento verbal. Também
é explicado um sistema que analisa o que o cliente diz. Uma ‘saída de emergência’
é oferecida aos leitores que não querem perder tempo no aprendizado do sistema,
ao contrário, querem dirigir-se diretam ente para as principais conclusões.
As emoções e o afeto são fundamentais no processo terapêutico. Contudo,
nós seguimos por um caminho ligeiram ente diferente daquele da m aioria dos
outros sistemas terapêuticos. Concluím os que, por um lado, os sentimentos não
causam os problem as de um cliente nem são os responsáveis pela mudança
terapêutica. M as, por outro lado, a terapia não funciona se os sentimentos não
ocorrem. Este e outros paradoxos são explicados no Capítulo 4, no qual se
espera que a nossa discussão sobre a expressão dos sentim entos traga um a luz
adicional a este tópico polêmico.
Temos uma dívida especial com A nne Uemura, amiga e com panheira
m uito próxima, que passou incontáveis horas revisando cada palavra de nosso
manuscrito e nos ofereceu críticas detalhadas e construtivas.
W illard Day foi uma grande inspiração. Seu trabalho dem onstrou que a
interpretação é um a atividade essencial do behaviorista radical. Seu encanto
pelas novas idéias tomou-se um refugio no qual elas poderiam crescer e prosperar.
R.J.K.
M.T.
Sumário
C apítulo 1
I n t r o d u ç ã o ........................................................................................................... 1
C apítulo 2
A plicação C lín ica d a P sic o te ra p ia A n alítica F u n c io n a l........................... 19
Capítulo 3
S uplem entação: A um en tan do a cap acid ad e do te ra p e u ta p a ra
id en tificar com portam entos clinicam ente relev an tes .......................... 51
Capítulo 4
O Papel de Em oções e L em branças na M u d an ça do C om portam ento..,, 75
Em oções ............................................................................................................... 75
Aprendendo os Significados dos Sentim entos..................................... 78
Sentimentos como Causas de C om portam ento.................................... 80
Expressando se n tim e n to s........................................................................ 82
Evitando sentimentos ............................................................................... 84
Grau de contato com variáveis de c o n tro le ........................................... 85
Capítulo 5
Cogmições e C r e n ç a s ......................................................................................... 107
Capítulo 6
O s e lf ................................................................................................................... 137
Capítulo 7
P sicoterapia Analítica Funcional : U m a poníe entre a Psicanálise
e a T erap ia C o m p o rta m e n ta l....................................................................... . 187
Capítulo §
Reflexões sobre ética, supervisão, pesquisa e tem as cultu rais................ 209
C o n c lu s ã o ............................................................................................................. 228
R e fe rê n c ia s .......................................................................................................... 229
Introdução
Q uando penso naqueles pacientes que eu vi experim entarem um a grande m udança, eu sei
q u e o fogo estav a na relação te ra p ê u tic a ... H avia luta e m edo, proxim idade, am or e
terror- H avia intim idade e afronta, apreensão e vergonha... era uma jornada significativa,
m ais para o paciente que vinha buscar ajuda mas, de fato, para am bos os participantes
Era um processo que percorria todo o desenrolar da terapia e deixava a am bos, paciente
e terap eu ta, alterad o s pela e x p e r i ê n c i a . A relação terap êutica está no próprio centro
da psicoterapia e é o veículo através do qual a m udança terapêutica acontece (G reben,
1981, p. 4 5 3 -4 5 4 )
1
2 Prefácio
P R I N C Í P I O S F I L O S Ó F I C O S D O B E H A V IO R IS M G R A D IC A L
de uma determ inada tradição e têm significado somente dentro desta tradição.
A té m esm o experiências que as pessoas consideram puram ente físicas são, na
verdade, m odeladas pela linguagem e pelas experiências prévias. A dor, por
exem plo, não é simplesmente o disparo de term inações nervosas; é em parte
sensação, em parte ideação tem erosa: um revestim ento de interpretações
envolvendo sensações (Efran eta l., 1988).
Q uando discutimos filosofia com os nossos colegas, talvez possam os concordar prontamente
em que não existe uma única maneira de ver as coisas. M as quando isso toca as nossas próprias
crenças sobre clientes específicos, tendem os a nos apegar com tenacidade às nossas próprias
verdades. Esquecem o-nos de que idéias são fabricadas pelos observadores e, finalmente,
convencem os a nós mesm os de que, de algum modo, elas nos oferecem um diagrama da
realidade... P o r que pensam os que sabem os quando, na verdade, sim plesm ente imaginamos,
construímos, pensamos ou acreditamos? (p. 30).
É importante notar que Skinner faz objeções a coisas que sejam mentais,
não a coisas que sejam privadas. Entretanto, aos eventos privados Skinner não
atribui qualquer outro status distintivo que não seja o da sua privacidade. Eles
provêm do mesm o m aterial dos com portam entos públicos e estão sujeitos aos
mesmos estímulos discriminativos e reforçadores que afetam todos os compor
tamentos. Assim sendo, na visão de Skinner a resposta privada de um cliente
pode ter tanto (ou tão pouco) efeito causal no seu com portam ento subseqüente
como poderia ter um a resposta pública.
Que fatores estão envolvidos em levar 0 falante a falar 0 que ele ou ela
faz? Conhecer de maneira completa 0 que leva a pessoa a falar alguma coisa é
entender o significado do que foi dito no seu sentido mais profundo (Day, 1969).
Por exem plo, para entender o que um a pessoa quer dizer quando ela fala que
acabou de ter um a experiência de estai' fora do corpo, procuraríam os por suas
causas. Prim eiram ente, desejaríamos saber sobre a estimulação que foi experi
m entada no corpo. A seguir, gostaríamos de saber porque um estado corporal
particular foi experim entado como fora do corpo. Desta forma, procuraríamos
causas ambientais na história passada daquela pessoa, incluindo as circunstâncias
que ela encontrou enquanto crescia e que resultaram nela falar “corpo”, “fora
do”, “acabo de ter” e “Eu” (uma descrição de algumas experiências que resultam
em “E u” está apresentada no Capítulo 6). Tão logo saibamos de todos estes
fatores, entenderemos profundamente 0 significado do que ela quis dizer.
S U P O R T E S T E Ó R IC O S D A FA P
das idéias relevantes para a psicoterapia foram publicadas nos anos 50 (Skinner,
195.3, 1957). H á tam bém m uitos profissionais, analistas experim entais do
com portam ento, que estão familiarizados com estes princípios teóricos e que
estão igualm ente interessados no trabalho clínico. É bem possível que o próprio
sucesso da análise experim ental do comportamento em ambientes controlados
(por ex,, hospitais, escolas) tenha im pedido a sua aplicação ao am biente
psicoíerápico, bem menos controlado. O que estamos sugerindo é que os analistas
experimentais do com portam ento foram tão bem sucedidos com um a aplicação
lim itada da teoria que não exam inaram as implicações bem m ais extensas do
behaviorism o radical, relevantes para a psicoterapia de adultos.
R eforçam ento
dado processo e não pode ser identificado independentemente dele. A inda que
um sorvete possa reforçar o comportamento de um a pessoa, poderá não ter
qualquer efeito sobre o com portam ento de uma outra e, portanto, não seria um
reforçador para o comportamento. Além disso, o reforçamento pode atuar sobre
algo que não gostamos. Por exemplo, um dentista que esteja presente no horário
combinado para o nosso atendimento, reforça nosso comportamento de marcar
horários para outros atendimentos, mesmo que o tratamento dentário seja, em si
m esmo, um a experiência desagradável.
ciências do uso de reforçamento arbitrário, ou seja, ele está pedindo uma resposta
estreita - ler o livro-texto - e perdendo de vista a classe de respostas muito mais
ampla de ler, em geral. O reforçamento natural inerente à leitura (tais como os
proporcionados pelas informações, pelo divertimento) reforça uma ampla classe
de respostas, que inclui ler revistas em quadrinhos, resultados de corridas e
tantos outros. Assim, um dos riscos no uso de reforçamento arbitrário é que ele
pode inadvertidam ente interferir com o reforçam ento natural e com a aquisição
do comportamento-alvo.
2 . O com portam ento desejado existe no repertório da pessoal 0
reforçam ento natural inicia com um desempenho já existente no repertório da
pessoa, enquanto o reforçam ento arbitrário não leva em conta, no mesmo grau
do reforçam ento natural, o repertório de com portamentos existente na pessoa.
Tal é o caso quando um a mãe critica a primeira tentativa de sua filha em costurar
um a peça em curva e não leva em conta o seu nível de habilidade em costear. A
utilização da crítica como reforçamento arbitrário fez com que essa mãe falhasse
em ver que a sua filha estava se saindo bem para o nível das suas habilidades
atuais em costura. Por contraste, o reforçamento natural consistiria na apreciação,
po r essa mãe, de uma peça de costura utilizável que a filha conseguiu fazer em
sua prim eira tentativa, desconsiderando a sua aparência.
Obsei-vação
Por estas razões e para os tipos mais sutis de problemas que a psico-
terapia de clientes adultos apresenta, a observação direta e a definição comporta-
mental do problem a e dos comportamentos finais desejados podem ser levadas a
cabo se (a) os com portam entos relacionados ao problem a ocorrem durante a
sessão e desta m aneira podem ser diretamente observados, e se (b) o terapeuta e
os observadores forem cuidadosamente selecionados de forma que eles mesmos
tenham , em seus repertórios, os comportamentos finais desejados para o cliente.
P re p a ra n d o a generalização
P R O B L E M A S D O C L IE N T E E C O M P O R T A M E N T O S
C L IN IC A M E N T E R E L E V A N T E S
Tudo que um terapeuta pode fazer para auxiliar os clientes ocorre durante
a sessão. Para o behaviorista radical, as ações do terapeuta afetam o cliente
através de três funções de estím ulo: 1) discrim inativa, 2) eliciadora e 3)
reforçadora. U m estímulo discrim inativo refere-se às circunstâncias externas
nas quais certos com portam entos foram reforçados e onde, conseqüentem ente,
tom am -se m ais prováveis de ocorrer. A m aior parte de nosso comportamento
está sob controle discriminativo e é usualmente conhecido como comportamento
v o lu n tá r io (c o m p o rta m e n to o p e ra n te ). U m c o m p o rta m e n to e lic ia d o
19
20 C apítulo 2
1. Uma cliente cujo problem a é não ter amigos e que afirma “não saber
conquistá-los” exibe comportamentos como: evitar contato visual, res
ponder a perguntas falando excessivam ente, de um modo impreciso e
tangencial, tem um a “crise” atrás da outra e exige ser cuidada, fica
A plicação C línica da FAP 21
D urante os estágios iniciais do tratam ento, estes com portam entos não
são observados ou possuem um a baixa probabilidade de ocorrência nas ocasiões
em que ocorre um a instância real do problem a clínico, o CRB1. P or exemplo,
considere um cliente cujo problem a é se afastar e vivenciar sentimentos de baixa
auto-estim a quando “as pessoas não lhe dão atenção” durante conversas ou
outras situações sociais. Este cliente pode dem onstrar um padrão sim ilar de
com portam entos de afastam ento durante um a consulta na qual'o terapeuta não
presta atenção às suas palavras e interrom pe seu discurso antes que term ine de
falar. Prováveis C RB2s para esta situação incluem um repertório de com por
tamento asseitivo que dirigiria o terapeuta de volta para o que o cliente estava
22 Capítulo 2
2.Aprender a dizer o que deseja (ou seja, que suas necessidades são
importantes e merecem atenção). Como ocorre com quase todos os sobreviventes
de abuso sexual, Joanne foi reforçada por dar ao seu pai o que ele desejava, mas
fortemente punida por ter seu próprio desejo. Ela codificou este fato como não
tendo o direito de esperar algo dos outros e aprendeu que “desejar é ruim ” . Eu a
encorajei a desejar- e gradualmente estes CRB2s foram fortalecidos. Deste modo,
tentei reforçar qualquer pedido que eu pudesse, com referência a aspectos como
os téfnas a discutir, a duração e freqüência das sessões e reasseguram entos
verbais. A lém disso, foi explicado a Joanne que suas necessidades eram
importantes e que se eu ou outra pessoa não as preenchessem, ela não deveria se
Aplicação Clínica da FAP 23
4.A ceitar o amor. A pós três anos em terapia comigo (esteve em terapia
por cinco anos, antes de vir m e procurai), Joanne descreveu um problem a da
vida diária de relacionam ento interpessoal. D isse que, bem no fundo, sentia não
saber com o am ar ou com o ser amada. Eu lhe fiz m ais perguntas, buscando
descobrir exatam ente o que ela queria dizer, para elaborar o problem a em termos
com portam entais. Joanne tinha dificuldade para fazê-lo. Tentando saber se isto
ocorria na sessão, perguntei-lhe se conseguiria aceitar m eu am or no m om ento,
ela disse que não, que sentia-se fechada. Em bora fosse um processo privado,
cujas dim ensões fossem difíceis de descrever, julguei que um CRB1 estava
ocorrendo naquele momento.
24 C apítulo 2
T: C o m o é sentir-se fechada?
T: Totalmente fechado?
C: T alv ez 5% aberto.
T: Gostaria que você tentasse abrir até 20% e aceitasse meu amor por você.
Este processo foi mantido, e Joanne relatou ser capaz de “abrir seu
coração” cada vez mais. Eis uma descrição do que ela sentiu durante aquela
sessão: “Tomei coragem para me abrir e deixar o amor entrar. Foi uma mudança
de foco em meu corpo e mente. Ainda que estivesse consciente do m eu medo,
terror e sofrimento causados pelas experiências com m eu pai, enfoquei o que
sentia em relação a você, no presente, em oposição aos meus medos. Deixei que
existissem duas verdades simultâneas: que m eu pai abusou de m im , e que você
era um a pessoa com quem eu podia m e sentir segura e amada. Continuei
afirm ando para m im m esm a que queria abrir espaço para receber o amor. Eu
m antenho a tensão nos meus músculos quando me fecho, principalm ente no
m eu peito, como se o m úsculo ficasse congelado. Então a sensação física de me
abrir é o relaxamento do músculo, respirar m ais profundam ente, deixar o ar
entrar em m eu corpo, sentir a respiração. E como a sensação da abertura de
um a lente em m eu coração.”
A valiação inicial
T É C N IC A T E R A P Ê U T IC A : AS C IN C O R E G R A S
clínico e solicitasse, em seu nome, um a nova receita dos tranquilizantes que lhe
foram prescritos e estavam term inando. Acrescentou que tinha muito medo de
fazê-lo. Tive diversas, e fortes, reações negativas encobertas. Primeiro, não
gostei da idéia por geralm ente desencorajar a m edicação, em benefício dos
m étodos com portam entais. Segundo, pensei que renovar a receita estava sob
responsabilidade de Betty, não minha. Terceiro, imaginei que esta seria uma
chance para a cliente praticar, interagindo com seu m édico, o comportamento
assertivo. P or fim , considerei que telefonar para o m édico é um a tarefa
desagradável, que parecia um a interferência sobre m eu horário. Por outro lado,
em função da R egra 1, sabia que o pedido era, definitivam ente, um CRB2, um
com portam ento assertivo na sessão, dirigido a um a figura m asculina de
autoridade, o qual, até então, estava ausente no repertório de Betty. Estando
ciente disso, concordei em ligar para o médico e cum primentei-a pela expressão
direta ao m e fazer seu pedido.
R e g ra 2 : E v o car C R B s
R e g ra 3: R e fo rç a r CRB2s
Abordagens Diretas
3. Amplifique seus sentim entos para torná-los mais salientes. Por vezes
ajuda adicionar algum com portam ento verbal à reação básica frente ao cliente,
de m odo a garantir ou aumentar a eficiência terapêutica. Em bora a natureza do
reforçador não se m odifique fundam entalm ente ao longo do processo, a
Aplicação Clínica da FAP 35
com seus terapeutas sâo um destes casos. Peck (1978) discutiu muito bem porque
é difícil conceber que um cliente se beneficie do relacionam ento sexual com o
terapeuta:
Abordagens indiretas
1979). U m a analogia com a pesquisa animal pode ilustrar esse princípio. Ratos
foram colocados po r um certo período de tempo em duas caixas experimentais
diferentes nas quais recebiam choques inescapáveis. Em uma das caixas, choques
não contingentes foram m inistrados em intervalos aleatórios. N a outra caixa, o
mesmo número de choques não contingentes foram ministrados, mas cada choque
foi antecedido p o r um a luz de aviso. Quando lhes era dada a possibilidade de
escolher, os ratos invariavelm ente preferiam a condição sinalizada. O m esm o
dado foi obtido com alim ento sinalizado e não sinalizado. As escolhas dos ratos
indicaram que um sinal auxiliou a m elhorar sua experiência. Do mesm o modo,
um a interpretação poderia sinalizar eventos para os humanos.
Por exemplo, um a cliente aprende durante a FAP que a razão pela qual
sente-se, às vezes, rejeitada durante a sessão é função da atenção do terapeuta e
m ais, que esta atenção se relaciona com o quão perturbado ou com pressa o
terapeuta pareça estar no início da sessão. Tal interpretação poderia aum entar a
chance da cliente observar o hum or do terapeuta no início da sessão e afetar
significativam ente a sua experiência frente a um lapso de atenção por parte do
terapeuta. Disso resulta que a cliente estabelece um m elhor contato (ela observa
quão perturbado está o terapeuta) e experiencia a desatenção do terapeuta como
sendo m enos aversíva.
exemplo, “Sempre que lhe pergunto sobre seus sentimentos em relação a mim
[Scf], você muda de assunto [/?]”).
T: E tudo verdade, mas você deixou de lado o fato de que nosso relacionamento é
especial e único e que eu realmente me importo com você. (Eu sabia que este é um
estímulo discriminativo [SW] para o tipo de comportamento de intimidade ausente
em Andi [CRB2] e que evoca a esquiva bem como as dificuldades na manutenção
de relacionamentos de intimidade [CRB1]).
C: Muitas pessoas se importam comigo, mas aquelas características a diferenciam.
(Andi respondeu de uma maneira que me desconsiderou; eu provavelmente estava
Aplicação Clínica da FAP 45
Andi estava visivelm ente chateada com esta reação. Descrevi então
aspectos im portantes da relação funcional “Andi, quando disse que realm ente
m e im portava com você e quis reiterar meus sentim entos, você reagiu de uma
maneira impessoal. Esta reação puniu m eu comportamento de lhe contar o quanto
m e im porto com você e fez com que eu sentisse que m eus sentimentos não eram
relevantes. A cho que sei porque você reagiu deste m odo, você não quer que eu
cultive m eus cuidados e sentim entos positivos com relação a você.”
A ndi discorreu sobre este tem a e descreveu como, em geral, lhe era
difícil escutar m ensagens carinhosas, de elogio ou sintonizadas com seus
sentim entos - um padrão que interfere na aproxim ação de pessoas.
C: Eu sinto que eu não tenho direito de existir. É como se eu não devesse viver,
comigo tudo dá problema. Eu acho que fui covarde como um rato. Quando aprendi
a dirigir eu congelava na minha vez de atravessar um cruzamento. Eu achava que
eu nunca tinha o direito de me meter entre os carros. Isto ainda me é um pouco
traumático, embora eu já tenha melhorado um pouco. De qualquer modo, tudo
isso já me indica que alguma coisa está errada. .Mas e agora? [pausa longa] (A
maior parte destas descrições, especialmente a da encruzilhada, poderia indicar
46 Capítulo 2
seguir, não deveriam ser impedidos de fazê-lo. (Estou fazendo um paralelo entre a
vida diária e a relação cliente-terapeuta apontando a contingência de evitar causar
problemas.)
T: Então, este é um tipo de idéia sobre como eu acho que você funciona. E uma outra
coisa que eu pensei é o quanto parece que eu sou importante para você, você me
tem em alta conta. De fato, acho você maravilhosa e mesmo quando eu me permito
contar isto, minhas palavras não parecem ter algum impacto sobre você. Eu acho
que você não querer conhecer meus pensamentos tem algo a ver com isto. De
alguma maneira você não entra em contato com isto. É teu jeito de ser. Bom, isto
é o que eu penso. (Deste modo teve inicio uma ampliação do comportamento
privado e se introduziu na sessão uma situação de vida diária na qual recebe
feedback positivo e o carinho dos outros sem ser muito influenciada por isto. É
também uma tentativa de redefinir o problema em termos comportamentais, um
comportamento de esquiva difícil de descrever. A interpretação pode ser vista
como uma regra encoberta: “não faz sentido você reagir frente a mim como o fez
em relação à sua mãe”.)
C: Tá bom, considerando que eu deveria acreditar em você e não na minha mãe, eu
não sei como fazer isto. (Seria apropriado fornecer aqui uma interpretação
comportamental de sua experiência de “não saber como fazer isto”, que corresponde
à diferença entre comportamento modelado pela contingência e comportamento
governado por regra, tal como é discutido no Capítulo 5. A interpretação enfatizaria
que o problema não é como acreditar em mim mas sim a emissão e o reforçamento
do novo comportamento de ser assertiva e causar algum problema.)
E X E M P L O D E C A SO C L ÍN IC O
Ti Parece que está acontecendo agora - o seu problema, quero dizer. Nossa relação
começou de maneira legal, muito descontraída e aberta. Você não tinha dificuldade
em me contar sobre seus sentimentos e problemas e eu esperava ansiosamente
por nossas sessões. A forma como nossa terapia começou, se assemelha à forma
como a maioria de seus relacionamentos passados começaram. Então, as coisas
foram se tornando ruins. Você não conseguia expressar em voz alta para Joyce
os seus sentimentos negativos, apesar de termos tentado várias abordagens
terapêuticas. O seu relacionamento terminou. Voeê foi ficando deprimido e menos
aberto em nossas sessões. Isto foi piorando gradualmente até o ponto atual -
você tem muito pouco a dizer e eu estou achando as sessões frustrantes, porque
eu não sei o que fazer para ajudar.
C: É similar ao que aconteceu no passado e eu ando pensando em terminar. (Uma
evidência adicional de que está acontecendo um CRB1.)
T: Então nosso relacionamento está mesmo destinado ao passo final que parece ter
ocorrido tão freqüentemente no passado. Ele chega ao fim deixando um sabor
amargo. (Para uma comparação entre comportamento intra-sessão e na vida
diária, ver Capítulo 3.)
C: Eu me sinto deprimido e mal com isto tudo. É o que sempre acontece e eu me
frustro porque não sei o que fazer.
T: Ótimo, agora você tem uma chance de modificar o nosso relacionamento e não
se sentir mal ou frustrado. Ou você deixa nosso relacionamento terminar como
os outros e você continua infeliz e deprimido ou você pode agir de outro modo e
talvez sentir-se melhor.
C: O que você quer dizer com agir diferente? Eu não sei como fazer isto.
T: Baseado no seu padrão passado, devem existir sentimentos negativos e/ou hostis
em relação a mim.
Ci Tudo o que eu sei é que estou deprimido e quero ajuda porque me sinto mal.
(Esquiva do CRB1.)
T: Você não respondeu à minha pergunta. Eu disse que eu achava que você tinha
50 Capítulo 2
C L A S S IF IC A Ç Ã O B E C O M P O R T A M E N T O V E R B A L
51
52 Capítulo 3
estão pagas. E u não esto u c erta sobre o que a co n tece d e p o is disso, m as eles têm
sid o m u ito bons.
Whitehead disse a ele, “Vamos ver sua resposta ao meu comportamento, quando,
sentado aqui, eu digo ‘nenhum escorpião preto está caindo nessa m esa’ N a manhã
seguinte, Skinner com eçou a escrever Comportamento Verbal - um relato
comportamental sobre a linguagem. N o epilogo desse livro, que levou 23 anos para
ser concluído, Skinner esquematizou os princípios comportamentais nos quais a
afirmação de Whitehead se basearia. Uma das conclusões foi a de que o significado
do “escorpião preto” de Whitehead era behaviorismo. A interpretação de Skinner
derivou-se da sua teoria contextuai do significado, a qual forma o centro da proposta
behaviorista para a linguagem. Uma vez que Skinner, um behaviorista declarado,
usou princípios comportamentais paia revelar o significado oculto de uma declaração
feita 23 anos antes, parece correto argumentar que tal esforço pertence à esfera do
behaviorismo. De fato, o terapeuta se encontra em uma posição mais cômoda que
Skinner para fazer interpretações sobre os relatos do paciente fundamentadas na
teoria comportamental, já que ( 1 ) elas podem ser feitas imediatamente após a
ocorrência dos relatos, (2 ) o terapeuta está em contato mais direto com as
circunstâncias que rodeiam o relato, e (3) o terapeuta continua a interagir com o
cliente, e pode obter informações adicionais que legitimem a sua interpretação.
O S is te m a d a F A P d e C la s s ific a ç ã o d a s R e s p o s ta s d o C lie n te
enquadram aqui: “A ansiedade que estou sentindo agora é parecida com a que
eu sinto conversando com a diretoria.” ; “Você me lembra muito meu p a i” :
“Você é como todos os outros - não se pode confiar em você.” ; “Esse é o único
lugar onde me sinto seguro.”
C la s s ific a n d o o c o m p o r ta m e n to ve rb a l
Resposta do C lien te
Figura 1. Uma classificação das verbalizações do cliente. As flechas em destaque indicam pontos nos quais são feitas as interpretações sutis
Capítulo 3
Supíementação 59
secundários generalizados. Por exemplo, se lhe m ostram uma bola verm elha e
perguntam , “O que é isso?” e você diz, “U m a bola verm elha”, você estaria
’’tateando” pois a form a de sua resposta (“bola verm elha”) é controlada pelo
objeto e é reforçada por um reforçador condicionado generalizado, como “uh-
huh”, “certo”, ou “obrigado”, ou qualquer outra resposta que indique que você
foi com preendido. N ote que a contingência ou reforçador é amplo e geral, ao
passo que o estímulo discriminativo inicial (Sd) é específico.
discussão com seu terapeuta está sob controle de estím ulos localizados 110
ambiente terapêutico (ou seja. um SdT localizado na quadro 7). A mesma cliente
que diz que sua briga com o marido é semelhante à sua discussão com 0 terapeuta
está fazendo um tato sob 0 controle de estímulos localizados na terapia e 110
am biente da vida cotidiana, e é mostrado no quadro 8 (denominado SdTVc).
3. “Eu até mesmo tinha que m arcar a entrevista de modo que não
interferisse com 0 horário da m inha medicação. E isso me fez sentir
estúpida. Eu imaginei 0 que aconteceria se eles soubessem, se eles
soubessem que eu não poderia estar lá ao m eio-dia porque teria que
interromper 0 encontro para tom ar m inha pílula.”
4. “Se eles descobrissem que estou tom ando tranqüilizantes, eles não
iriam querer me contratar.”
dizemos que alguém “usa” o andar para se deslocar daqui até lá. Evitamos ver o
cliente como “usuário” de uma resposta verbal porque então nos depararíamos com
um a compreensão do que está sendo “usado”. Esse “o quê” que está sendo usado é
a resposta verbal e assim retornamos ao problema original o qual tentamos resolver-
compreender a resposta verbal. Por exemplo, digamos que você esteja tentando
entender as causas de um a ameaça de suicídio. Se você disser que o cliente “usa a
ameaça”, então, temos que compreender as causas do comportamento de “usar”,
bem como as palavras empregadas. Por outro lado, através da nossa perspectiva,
poderíamos dizer que a ameaça poderia ser motivada pela atenção que ela recebe
(um mando, como veremos abaixo) ou ela poderia ser controlada por comportamentos
pré-suicidas (um tato) ou um a combinação dos dois. Além disso, o cliente pode ou não
estar ciente dos fatores controladores e/ou motivadores.
respostas que não podem ser classificadas como tato ou mando. Por exemplo,
quando perguntam “Como você está?”, a resposta “Bem ” geralmente é um
intraverbal, uma vez que ela realm ente não tem nada a ver com os sentimentos
do falante, sendo simplesmente uma resposta apropriada ao conjunto de palavras
“Como está você” (se a resposta “Bem” estiver realm ente demonstrando os
sentimentos do falante então teríamos aí um tato, e não um intraverbal). As
respostas do cliente a questões como “Onde nasceram seus pais?” e “Onde seu
parceiro trabalha?” são intraverbais.
* Um a circunstância possível seria a de que o cliente tem um histórico de nunca ter ganho qualquer coisa de
terceiros sem que haja pedido direta e forçosamente. Assim, apesar da possível ausência de am or e carinho, o
m ando ocorre agora devido à força de m andos em geral.
64 Capítulo 3
ao namorado que irá encontrá-lo para jantar às sexo horas", A resposta “sexo”
é resultado da presença simultânea de estímulos primários evocando a resposta
“seis” e de outros adicionais evocando “sexo”, apesar de aqueles para sexo
serem menos visíveis a um observador externo, A m aior parte das causas
m últiplas, entretanto, são menos dramáticas e não produzem um a distorção tão
óbvia nas respostas. Ao contrário, podem evidenciar porque um comentário em
particular está naquele instante sendo feito, ao invés de outros que também
seriam possíveis. U m a cliente que está sendo estimulada tam bém por suas pre
ocupações sobre os efeitos nocivos da terapia, pode contar as experiências que
teve com um quiropata incompetente na semana anterior. Um outro cliente, com
estimulação adicional por sua raiva pelo terapeuta, pode trazer à tona um inci
dente em que tenha perdido a compostura com sua parceira. Skinner se refere a
esse processo como seleção de respostas e o propõe como alternativa para
justificar porque o cliente ’’escolheu” àquela expressão em particular dentre
tantas outras disponíveis e possíveis.
causas. CRB3 é uma forma especial de tato controlada por estímulos ocorridos
du ran te a sessão te ra p ê u tic a. A m o d elag em de CRB3 com eça com o
encorajam ento pelo terapeuta, de qualquer tato controlado por estím ulos
discriminativos na terapia (TaSdT), e tanto na terapia quanto na vida cotidiana
(.TaSdTVc). Uma comparação entre o com portamento nas sessões versus na
vida cotidiana encaixa-se na categoria de CRB3 que pode ajudar a transferir os
ganhos da terapia para a vida cotidiana.
fazer uma interpretação sutil de um mando disfarçado (quadro 2). E possível que
o cliente não esteja simplesmente “relatando os fatos” como está implícito no tato
óbvio, mas, ao contrário (ou em adição), tenha motivos ocultos (isto é, reforçadores
sutis ou especiais - quadro 9). Os possíveis reforçadores especiais são aqueles
em que o cliente deseja que o terapeuta diga algo como “Que esposa irresponsável
você tem”; “Aqui está a maneira de fazer sua mulher lavar a roupa” ; ou “Isso é
péssimo, num momento em que você já está estressado” . U m possível CRB1
relacionado às motivações ocultas seria “querer que os outros o apoiem em seus
conflitos conjugais e interpessoais, sem que tenha que pedir diretamente.”
dos com portam entos que acom panham este tipo de sentim entos (outros, além
do de falar neles) são CRB1 (ou seja, procurar isolar-se, quebrar coisas,
tentativas de suicídio).
sentim entos positivos; fazer coisas para ajudar ou proteger a pessoa.. No entanto,
estes repertórios com portam entais podem ter sido punidos no passado por meio
de perdas, rejeições ou abandono. Além disso, as limitações da relação terapêutica
(limite de tem po, contato restrito à sessão, etc.) tam bém resultam em punição
para estes “rep ertó rio s de p roxim idade” . Q ualquer que seja a causa, essa
proxim idade é geralm ente um S d aversivo que m otiva o cliente a em itir um
com portam ento que a rem ova. Com o essa esquiva pode ser difícil de detectar
pois m uitos desses com portam entos de proxim idade não ocorrem durante a
sessão, o terapeuta guia-se pelos sentim entos colaterais. Q uando você se sente
próxim o ao cliente, ele se com porta de tal m aneira a facilitar essa proxim idade,
ou ele em ite com portam entos que dim inuem seus sentim entos de proxim idade?
Um a variedade de respostas de esquiva pode resultar no distanciamento, incluindo
tom ar-se crítico, sentir raiva, sentir-se entorpecido p or dentro e sem sentimento
nenhum , dizer que não precisa m ais com parecer às sessões ou fazer comentários
que desm ereçam o valor da relação apenas porque esta é um a relação profissional.
U m prim eiro passo para resolver este problem a está em o cliente aprender a
falar sobre a relação funcional (C RB 3s), com o no exemplo “N este instante eu
estou m e sentindo próxim o a você, estou querendo ficar com você, m as sei que
isso não é possível. Isso m e entristece, então quero afastar você de m im ”.
EMOÇÕES
75
76 Capítulo 4
Neste capítulo, o term o sentir é usado tanto como verbo quanto como
substantivo. Quando usado como um verbo, sentir é uma atividade, um tipo de
ação sensorial, tal qual ver ou ouvir. Quando sua função é a de substantivo,
sentir’ é usado como sinônimo dos termos emoção e afeto. D a mesma forma que
existem objetos que são vistos, o sentir substantivo é o objeto que é sentido,
como em “eu sinto um sentim ento” . Qual é o objeto sentido, entretanto, quando
nos sentimos deprimidos? Outros objetos, como uma casquinha de sorvete, podem
ser vistos, sentidos e provados; ou seja, o objeto (a casquinha de sorvete) pode
ser conhecido de várias m aneiras. Se não estiverm os seguros do que estamos
vendo, podem os prová-lo ou m esm o perguntar a alguém o que ele é. Este não é
o caso quando o objeto é depressão ou ansiedade - nós podem os apenas senti-
las.
N ota do tradutor. N o caso de “feeling” enquanto substantivo, a lingua portuguesa adm ite a tradução
pelos term o s “sen tir” e “ sentim ento” , que tam bém serão u tilizados, dependendo da situação.
Emoções e L em branças na M u d a n ç a do C o m p o rtam en to 77
acordo com as palavras que estão sendo ditas. Q uando nós dizem os a palavra
“alô”, os vários m úsculos necessários para esta tarefa estão num a posição
particular, que então se m odifica conform e continuam os a dizer, “Como vai
você?” De maneira similar, quando estamos comprometidos em comportamentos
operantes e respondentes de estarmos emocionados, há tam bém estados do"corpo
que são correlatos àquelas respostas. Para fins ilustrativos, estes estados
corpó reo s podem inclu ir m udanças na taxa cardíaca, dilatação da pupila,
constrição das v eias, secreções g landulares e contrações m usculares. N a
realidade, o presente estágio do conhecimento impede qualquer medida fisiológica
precisa desses estados. Tudo o que é relevante para nossa discussão é que um a
p esso a sente diferentes estados corpóreos, conhecidos apenas por ela, em
correspondência com em oções diferentes.
tendem os a atribuir a causa aos estados corporais colaterais que são sentidos.
A ssim , a praticante da corrida pode dizer que corre porque aprecia fazer isso.
De m odo semelhante, uma pessoa que está com endo pode dizer que está fazendo
isto porque está com fome. Isto geralm ente significa que os antecedentes c!e
am bos, tanto dos sentim entos colaterais da fom e quanto do comer, nã© são
identificados, e é dado um status causal ao sentimento.
esforçarem -se para elim inar pensam entos e sentim entos, de form a a conseguir
m udar seus com portamentos e ter um a vida melhor. Os esforços dirigidos para
a elim inação de sentimentos, no entanto, são fundam entalm ente errados porque
o problem a não é o sentimento, m as sim os esforços do cliente para m odificar o
sentim ento. O sistem a terapêutico de Hayes, distanciam ento com preensivo, é
um a abordagem inventiva que usa m étodos m etafóricos e experienciais para
enfraquecer o enfoque ineficaz do cliente para resolver problem as.
afetos.. O lado ruim de lim itar a expressão dos sentim entos é que isto causa
problem as nas relações, particularm ente nas intimas.
aprendizado de novos com portam entos durante a FAP não será útil a menos
que o contexto da sessão seja relevante para a vida cotidiana do cliente. Por
exem plo, a abordagem do treino de habilidades sociais para assertividade pode
ou não ser eficiente. Quando isto não acontece, provavelm ente é porque um
novo com portam ento foi aprendido fora do contexto relevante. O u seja, os
clientes foram instruídos para agirem assertivam ente em um contexto diferente
daquele no qual sua assertividade seria necessária. Seguindo as instruções do
terapeuta para serem assertivos, eles estão, de fato, sendo complacentes. Do
ponto de vista da FAP, esses clientes teriam um a chance m elhor de aprenderem
a ser assertivos na vida cotidiana se eles não quisessem fazer o exercício de
asserção e se recusassem a fazê-lo. Assim, é im portante ter o contexto da vida
diária operando durante a sessão, A presença do CRB é o m elhor indicador do
contexto da vida diária. O CRB, por outro lado, estará presente à m edida em
que as variáveis de controle forem acessadas.
aprender novos com portam entos se a situação provocadora de intim idade não
ocorrer durante a sessão.
não era apropriado que ele tivesse por mim sentimentos iguais aos que ele tinha por
outras oessoas de sua vida. Eu estava aberta para a idéia de que não havia
similaridades funcionais entre nossa relação e suas relações fora da terapia, uma
vez que estas pareciam ter melhorado muito, sem que nós tivéssemos enfocado
muito a nossa relação. Mas eu lhe disse que queria que ele explorasse a possibilidade
de que sua esquiva em ter quaisquer sentimentos a meu respeito pudesse significar
que ele estava evitando outras coisas das quais nós não estávamos conscientes.
Começamos a focalizar muito mais a nossa relação, e Jonathan concordou em
prestar maior atenção a qualquer sentimento que tivesse em relação a mim. Ele
começou relatando ter percebido que despertava com sentimentos calorosos a meu
respeito e imediatamente ele os cortava. Eu bloqueei a esquiva de Jonathan mudando
o foco da terapia para os sentimentos e reações dele que eram dirigidos a mim. Isto
o conduziu a ter pensamentos, tais como “Eu não mereço ter bons sentimentos, eu
vou querer coisas de você e vou ficar desapontado, nossa relação ficará cada vez
mais fora do controle, eu me sentirei muito vulnerável”. Nos poucos meses seguintes,
eu o encorajei a m anter-se atento à nossa relação, às formas pelas quais eu
expressava m eu cuidado para com ele, e em como ele cortava seus sentimentos a
m eu respeito. Ele gradualmente passou a ter sentimentos mais intensos dirigidos a
mim, e um dia ele veio e disse, “N a noite passada eu senti essa ligação em meu
corpo e me senti muito bem. Eu não sentia isso há muito, muito tempo [começou a
fic a r choroso] ... desde que eu era garoto... um sentimento de pureza interna,
tirando um peso das minhas costas. Eu era realmente um bom garoto [chora],
simpático, honesto, precavido... E u penso que tenho essa coisa geral, que há alguns
sentimentos que não são legais que eu tenha, como sentimentos carinhosos pela
minha mãe, sentimentos sexuais pelo meu terapeuta, e sentimentos alegres como
de um garoto.” Jonathan também relatou que tinha problemas em atingir o orgasmo
durante o sexo, e o que ele experimentava quando estava próximo ao orgasmo era
similar à maneira como ele evitava ter sentimentos a m eu respeito. Em resumo,
explorar um a área lim itada de esquiva com Jonathan abriu m ais esferas de
experiência para ele do que qualquer um de nós poderia ter imaginado.
L E M B R A N Ç AS
C om ecem os com a noção de que ver seja um com portam ento. Quando
vem os um a tulipa, h á u m a atividade privada ocorrendo. Não podemos descrever
a atividade m uito b em j á que ela é privada e nós não aprendem os como falar
sobre ela. E ntretanto, é o com portam ento privado associado com a atividade
fisiológica que ocorre quando vem os algum a coisa. Porém , a atividade privada
de ver não é a atividade fisiológica. Talvez um a analogia com o falar ajudará a
esclarecer este ponto. F alar é u m com portam ento. Diferente do ver, podem os
descrevê-lo porque ele é público e n ós aprendem os como descrever este tipo de
atividade pública. Sem elhante ao com portam ento de ver, há um a atividade
fisiológica associada ao falar. O posto ao caso do ver, entretanto, o falar não é
um a atividade fisiológica.
com o é o seu quarto de dormir, a pessoa sim plesm ente se em penha no m esm o
com portam ento de ver privado (ou similar) que acontece quando ela está de fato
no quarto. Este ver é parecido com qualquer outro com portam ento voluntário e
sua força reflete sua história de reforçam ento passado. D a m esm a form a que o
v e r sem que o estím ulo esteja presente é similar ao ver quando o estím ulo está
presente, o lem brar-se produzirá funções discrim inativas sim ilares.
Uma segunda e mais importante função do lem brar é que ele ajuda a
reduzir a aversividade dos estímulos que são evitados no presente, e assim ajuda
a aum entar o contato com eles e perm ite a aprendizagem de com portam entos
novos e m ais eficazes. Ou seja, quando os eventos traum áticos são lembrados
de m aneira operante, a aversividade é reduzida através de extinção. N a seqüência,
os estím ulos presentes que até então foram evitados porque eliciavam o ver
respondente, serão agora contatados. Considerando o caso descrito por Zeítle. o
lem brar operante do traum a ajuda porque a aversividade é reduzida. Então,
dim inuiria a probabilidade da relação sexual atual ser aversiva e o contato seria
melhorado porque o ver respondente evocado seria m enos aversivo. O esperado
seria que isto ajudasse diretamente a m elhorar a relação sexual.
IM P L IC A Ç Õ E S C L ÍN IC A S
O f e r e ç a u m a R a c io n a l C o m p o r ta m e n t a l p a r a E n t r a r e m C o n ta to
c o m S e n tim e n to s
E m term os leigos, para um cliente que passou recentem ente pelo fim de
um relacionam ento, nós podem os dizer algo parecido com , “E im portante que
você se deixe entristecer, porque se você evitar pensar, sentir, falar sobre Jesse,
você acabará evitando m uitas coisas, tais com o atividades que vocês faziam
ju n to s o u encontrar novos hom ens, coisas estas que poderiam aflorar quaisquer
sentim entos sobre ele. Evitando todas essas coisas, não é apenas a riqueza da
sua v id a que sofrerá interferência, mas você tam bém não terá oportunidade de
im aginar o que aconteceu de errado e de aprender novas form as de lidar com
alguém p róxim o a você quando problem as sem elhantes aparecerem ” .
Idealm ente, a resposta do terapeuta a dem onstrações de emoção deveria
ser n a tu ra lm e n te reforçadora. É im provável que u m terap eu ta que tenha
94 Capítulo 4
A u m e n te o C o n tr o le P r iv a d o d e S e n tim e n to s
expressar sentim entos. A lém disso, que ele tivesse descrito em tom m onótono
como um colega de trabalho o traiu. Nós o encorajaríamos a reviver a experiência,
descrevendo detalhes da traição. N ossa esperança é que este recontar dos detalhes
possa evocar os estados corpóreos de raiva. N ós tam bém o observaríam os
cuidadosam ente para tentar encontrar qualquer sinal de raiva. Então seria dito a
ele “ Se isto acontecesse para m im , eu estaria com m uita raiva, e parece que
você deve estar experim entando alguma raiva neste m om ento”. Depois de alguns
eventos terapêuticos sim ilares nos quais o cliente é incitado especificam ente
para tatear a raiva, a especificidade das dicas deve ser gradualm ente retirada. O
objetivo é fazer com que os estados corpóreos privados do cliente ganhem controle
sobre seus relatos de raiva.
Â.5i!B6iit6 3 E x p r e s s ã o d e S e n tim e n to s p e lo T e r a p e u ís
C; [enquanto criança] Eu tinha muita vergonha de ser pobre, de não ter nada. Minha
mãe me humilhava por ser bêbada e por partir toda vez que estava bêbada. Ninguém
era saudável o suficiente para ser agradável. Não havia nunca qualquer segurança,
lugares bons. Eu até via você da mesma forma que eu costumava ver as pessoas
que tentavam ser legais. Não é real, eu não estou segura, as pessoas não são capazes
de cuidar das outras. Isto sim é verdade. É perigoso demais confiar. No meu íntimo,
eu sinto que não é seguro.
T: Certamente não foi seguro durante o seu crescimento. Com referência à minha
delicadeza não ser real, na semana passada eu pedi a você que tentasse sentir o
meu carinho e você disse que sentiu angústia.
C: Sim, pontadas de angústia, uma invasão nos meus limites. Este é o último soldado
que não se rendeu porque a guerra ainda continua. Como aqueles caras que você
encontra rastejando entre as árvores, ainda armados dez anos depois que a guerra
terminou. Para sobreviver a todos aqueles abusos, este é o último vestígio, a crença
de que o mundo ainda é ruim. Eu não sei como fazer as pessoas me amarem. Este
é o segredo - eu não sei como fazer isto.
T: Você pode começar prestando atenção na suavidade da minha voz, nos meus ollios,
no toque das minhas mãos, quando eu falo com você, e a pensar sobre todos os
momentos especiais que nós tivemos trabalhando juntas todos estes anos.
C: Minha sensação é que, se você realmente me conhecer, você não vai gostar de
mim.
C: É.
T: (Eu me coloquei sentada diretamente em frente a ela e pedi que ela olhasse nos meus
olhos enquanto eu falava.) Evelyn, quando eu penso em você tenho sentimentos de
Emoções e Lem branças na M u d an ça do C om p ortam en to 97
afeição e amor no meu coração. Você é muito especial para mim. Você sobreviveu a
tantos traumas, e você é uma pessoa maravilhosa e talentosa. Eu tenho estima por
você e quero o melhor para você. Eu considero um verdadeiro privilégio que você
tenha se mostrado tão vulnerável para mim. que você tenha me deixado saber quem
você é. e que me tenha sido permitido ver você mudar e florescer neste tempo.
C: [começando a chorar] É difícil pra mim me permitir acreditar em você. Como é que
ninguém disse isso antes para mim?
D izer a E velyn o que eu sentia por ela íeve pelo m enos quatro funções.
A prim eira, deu a ela um a oportunidade para aprender, através de exemplo,
como expressar sentim entos de carinho. Segunda, eu bloqueei sua esquiva da
m inh a expressão p o r interm édio de fazê-la experim entar a aceitação dos
sentim entos de carinho vindos de um a outra pessoa num a relação próxim a
(CRB2), Terceira, dar a ela inform ações sobre os m eus sentim entos me tom a
m ais vulnerável a ela. Isto aum entou sua capacidade para predizer o m eu
comportamento e em conseqüência sentir-se mais segura na relação. Finalmente,
dizer-lhe os m eus sentim entos positivos em relação a ela, ajudariam E velyn a
desenvolver auto-tatos m ais positivos, tais com o “E u sou um a sobrevivente, eu
sou especial, eu sou m aravilhosa, eu sou talentosa” . Estes auto-tatos poderiam
ajudar da m esm a m aneira que a terapia cognitiva faz algumas vezes (ver Capítulo
5 para um a interpretação com portam ental deste fenôm eno).
M e lh o r e o C o n ta t o d o C lie n te c o m V a r iá v e is d e C o n tr o le
R e a p r e s e n te o estím u lo a v e rsiv o
E ste é u m exem plo no qual p o d e-se dizer que u m sentim ento causou um sintom a; ou seja, o sintoma
(d o r d e c a b e ç a ) e ra u m e sta d o c o rp ó re o q u e era o re s u lta d o d ire to de ou tro e sta d o c o rp ó re o
(e v o c ad o p e la a v e rsiv id a d e q u e ela estav a evitando).
100 Capítulo 4
com a lim itação das cham adas telefônicas e com as reações em ocionais que
eram evocadas. Este provou ser o m om ento crucial para m udar a maneira como
ela reagia à rejeição e criou as condições para o desenvolvim ento de outros
repertórios interpessoais m elhorados.
ela se tom ava próxim a poderia desaparecer, que nunca voltaria depois de estar
tem porariam ente separada dela devido a um a viagem ou outra razão qualquer.
Ela sentia que ficaria desolada e não seria capaz de continuar com a sua vida.
N ancy via esses sentim entos com o parte da sua relutância passada e presente
em se tom ar intimamente envolvida. Este problema também interferia nas relações
conform e elas iam se desenvolvendo, p o r causarem a ela tanto um a intensa
tristeza quanto a fuga da situação, quando am eaçada por separação. Ela podia
tam bém relacionar seus m edos a ter sido deixada por um nam orado vários anos
antes.
O julgam ento de N ancy sobre como seus m edos relacionavam -se a seus
problem as de relacionamento é um a descrição de seu comportamento-problema
e das possíveis variáveis de controle (CRB3). Seu relato, entretanto, não constituía
um a real ocorrência do problem a durante a sessão (CRB1). Do ponto de vista
da FAP, as chances de m elhora clínica são aum entadas se os medos e CRBs
associados p ro v o cad o s p ela intim idade realm ente oco rrerem na relação
terapêutica e, em decorrência, fornecerem para o cliente um a oportunidade para
aprender novas form as de responder. A lém disso, um a descrição do seu
com portam ento-problem a e das variáveis de controle, baseadas em um evento
que ocorra durante a sessão, deveria ser mais benéfico do que basear-se apenas
no com portam ento do passado do cliente.
CASO IL U S T R A T IV O
K elly, 24 anos de idade, a m ais nova de três irmãos, veio à terapia com
o p rim e iro a u to r a p re se n ta n d o os seguintes p roblem as: dores de cabeça,
depressão, relacionam entos caóticos, tom ando-se chorosa e com demonstrações
sim ilares de em oção sem qualquer m otivo aparente, e sentindo-se desajeitada,
inadequada, incom petente, sem valor, e sem im portância. Parte de sua história
fam iliar en v o lv eu seu pai abandonando a fam ília quando K elly tinha 8 anos e,
posterio rm en te, encontros com ele a cada 5 anos aproxim adam ente. Ela disse
que não tinha n en h u m sentim ento e poucas lem branças a respeito de seu pai.
Sua histó ria interpessoal é caracterizada por interações sociais com hom ens, a
p a rtir da p ersp ectiv a de ser superior ou inferior à pessoa com quem ela está
falando. U m a pesso a que seja superior a ela pode aceitá-la ou abandoná-la, tem
pou ca co nsideração p o r ela, não a respeita e finalm ente a abandonará. Ela sente
atração p o r h o m en s que são superiores a ela m as, ou evita estar envolvida com
eles o u tem u m a relação passional m as estressante na qual ela se sente sem
forças p ara term inar e sabe que será deixada. D urante os prim eiros quatro m eses
104 C apítulo 4
de FAP, ela esteve distante e mostrou pouco afeto. Quando questionada sobre
o que ela achava que eu sentia ou pensava sobre ela. respondeu. “Como uma
pessoa que você vê muito mas que você nunca pensa nela até que você a veja..
eu não sei como descrever isto, é como se eu existisse sem um a presença”.
Seu sentimento de existir sem presença reflete sua história. Ela não teve
nenhum homem importante que tenha se dedicado a ela, ela foi ignorada na
presença deles. É com preensível que por esta razão ela se sinta desprezível e
sem im portância na presença do terapeuta. A interação continuou:
T: Bem, como você reage a mim? (Esta é uma questão padrão da FAP que tem por
objetivo trazer os tatos sob o controle dos estímulos inerentes à sessão).
C: Eu tenho este tipo de temor reverente. É muito... você é a autoridade e é ótimo que
você esteja olhando por mim. É. Eu não me permito ser colocada numa posição na
qual eu possa ser machucada. Eu penso que é assim, mas parece muito clichê que
eu não confio em ninguém, mas não é tanto isto quanto alguém olhar para mim
pelo que eu sou. Eu sei que algumas vezes eu realmente não me vejo desta maneira
com outras pessoas, você sabe, mas eu me sinto inferior. (A cliente está descrevendo
nossa relação de uma forma que parece similar a como ela se sente em relação a
outros na sua vida diária. Ela evita envolvimento emocional com homens que são
superiores a ela porque senão ela pode ser magoada. Sua descrição é um CRB3. A
resposta é boa do ponto de vista da FAP porque está principalmente sob controle
de estímulos inerentes à sessão.)
T: Agora em nossa relação, como você pode ser magoada por mim?
C: Bem, houve algumas ocasiões em que eu prendi a respiração esperando por você,
e você traz alguma coisa à tona e eu não estou segura para onde isto está se dirigindo.
É como se você fosse dizer “Bem, eu cheguei à conclusão de que eu devo parar de
vê-la, isto não está funcionando”. E, é como se eu estivesse esperando ser dispensada
o tempo todo.
(Kelly começou a chorar neste ponto. Falando sobre nossa relação, ela teve
contato com estímulos evocativos associados a ter sido abandonada. Ela está
tateando seus sentimentos que são evocados na sessão. Devido ao seu abandono
primitivo, ela evita permanecer nesse tipo de situação no cotidiano. Esta esquiva
contribui para os seus problemas de relacionamento. Seu afeto sugere que a relação
cliente-terapeuta fornece uma oportunidade de superar sua esquiva e seu medo
através do contato repetido com o estímulo evocativo, experimentando um resultado
melhor do que no seu passado, e em conseqüência melhorando suas relações na
vida diária.)
(Poucos minutos mais tarde)
Emoções e L em b ran ças na M u d a n ç a do C om portam ento 105
C: É.
T: Então, há um tipo de gatilho emocional aqui e você não está certa do que dispara
o gatilho.
C: Quando eu vi meu pai pela primeira vez desde que eu tinha 15 anos, que aconteceu
quando eu estava com 19 ou 20, eu devo ter chorado por dois dias seguidos. Quero
dizer literalmente baldes de choro, eu não conseguia parar de chorar. Eu até ria
durante o choro e eu pensava.... bom, seja o que for. (Esta é uma lembrança que foi
evocada por eventos ocorridos na sessão que também evocaram respostas similares
àquelas da situação lembrada.)
T: Há um tipo de gatilho emocional aqui que, sem dúvida, foi causado pela sua relação
com seu pai, e que, agora há pouco, surgiu entre nós. Você está convivendo com
uma reação em você que não entende e que não pode antecipar a sua ocorrência.
(Eu estou oferecendo uma inteipretação - Regra 5.)
O prim eiro autor p e d iu a H arriet que m udasse o horário regular de sua sessão
terapêutica, de seg u n d a-feira às 17hs para terça-feira às 15hs. Em bora tenha
concordado, H arriet revelou, várias sem anas m ais tarde, que a m udança lhe
havia causado um a grande quantidade de problem as. Para acomodar a mudança,
ela teve que reorg an izar seus h orários de trabalho e de escola, e seus problem as
atuais de ansiedade e depressão aum entaram . Q uando questionada do porque
n ão recu so u o pedido o u ex p lico u o quanto a m udança seria difícil, H arriet deu
a seguinte explicação. E m b o ra lh e tenha ocorrido contestar, pensou: “M inha
b o a vontade em co n co rd ar m ostra quanto eu m e preocupo com você e, além
disso, eu não q ueria que v o cê se zangasse com igo. E u não posso suportar a
idéia de que pessoas com q u em eu m e im porto fiquem zangadas com igo” .
A ssim com o H an iet, os clientes freqüentemente descrevem e/ou agem de
form a a sugerir um a relação causal entre seus pensamentos e sentimentos e seus
comportamentos (públicos). A visão do terapeuta sobre a natureza da relação causal
entre os pensam entos (ou cognições) e o comportamento (ou ações e sentimentos)
é importante, porque tal visão afeta o que ele diz e faz no decorrer da terapia. Em
nenhum contexto isso é m ais aparente do que nos procedimentos amplamente
usados pela terapia cognitiva. Com o m uitos terapeutas estão familiarizados com os
107
108 Capítulo 5
]Pgi>^Ajpj a fQCNTTTVA
(c) (d)
F ig u ra 2. Paradigm as que m ostram relações e n tr e i (evento antecedente), B (crença ou pensam ento), e C
(comportam ento conseqüente ou sentimento): (a) o pensam ento influencia o com portam ento; (b) o pensa
m ento não tem nenhuma influência no comportamento; (c) o pensam ento tem influência parcial no compor
tamento; e (d) o comportamento influencia o pensamento.
C ognições e Crenças 109
P r o b l e m a s c o m & t e r a p i a c o g n itiv a e o p a r a d ig m a A B C
im plícitas? A té que ponto esta teoria seria relevante para a instrução direta de
Ellis aos clientes p ara que adotem novas crenças? Quais são os princípios teóricos
envolvidos em se atribuir a m udanças cognitivas o resultado das experiências
de avaliação de hipóteses que os clientes realizam em sua vida diária? De que
form a o que o cliente diz sobre cognições e suas respectivas relações a sihtomas
(m etacognição) ajuda a m udar as estruturas? Com o é possível ter terapias
cognitivas que não sejam m etacognitivas (Hollon & Kriss, 1984)? É indiscutível
a eficiência da terapia cognitiva. O que é problem ático é a adequação da teoria
para avaliar os resultados do tratamento. Como foi dito por Silverman, Silverman,
e E ardley (1984, p. 1112), os efeitos clínicos que ocorrem como resultado da
terapia cognitiva estão “esperando pela racional convincente” .
F o r m u l a ç ã o R e v i s a d a d a T e r a p ia C o g n itiv a
' E strutu ras è p ro cesso s não são diferenciados nesse livro porque as distinções entre eles não afetam nossa
análise.
112 C apítulo 5
Por exem plo. B eck et al. (1979) declarou que “as intervenções cognitivas e
com p o rtam en tais [utilizadas] p a ra m o d ificar pensam entos são as m esm as
em pregadas p ara m u d ar as suposições ocultas” (p. 252). O que diferencia os
procedim entos de tratam ento clínico de produtos daqueles que são utilizados
para o tratam ento das estruturas, é que este último deve ser primeiramente inferido
(p, ex., o cliente deve abstrair ou deduzir a existência da estrutura). Mas, uma
vez identificada tal estrutura, ela é abordada através dos m esm os métodos
terapêuticos utilizados n a m odificação dos produtos. Direcionados pela teoria a
m udar um a entidade não com portam ental (a estrutura im plícita), enquanto se
encontram lim itados a trabalhar com o com portam ento (produtos) do cliente, os
terapeutas cognitivos ficam num a posição insustentável. Essa dificuldade teórica
em m odificar os esquem as e a ligação tênue entre a teoria e a explicação de
com o ocorre a m udança, têm sido considerados um dilem a por H ollon e Kriss
(1984, p. 46-48). Em bora eles e outros psicólogos cognitivos, tais como Guidano
e L io tti (1983), estejam trabalhando p ara achar m aneiras de sair deste dilema, a
questão é se soluções satisfatórias estão sendo ou podem ser desenvolvidas.
N ão é surpreendente, portanto, que a real prática básica de terapia pareça, pela
necessidade, ater-se apenas aos produtos.
C omportamento subseqüente
M ando
M odelado por
contingências
Tato
F ig u r a 3. Tipos de com portam ento verbal que po d em ou não influenciar um com portam ento subseqüente. O
tato a si m esm o e o m ando a si m esm o, os quais influenciam o com portam ento subseqüente, conduzem a um
sub-conjunto de com portam entos governados p o r regras (área som breada).
114 Capítulo 5
A R E V I S Ã O F A P D O A -> B - > C
esses co m portam entos foram fortalecidos, na m aior parte das vezes, sem a
no ssa consciência do processo. E xperiências conscientes (a serem discutidas
m ais tarde) têm um p apel im portante, m as diferente daquele do comportamento
que foi d iretam en te m o d e la d o p o r contingências. N o entanto, o fato de a
e x p e riê n c ia c o n s c ie n te s e r m a is d ire ta m e n te se n tid a do que os fefeitos
inconscientes do refo rçam en to , p o d e facilm ente levar à falta de atenção sobre
estes últim os.
T a to s e M a n d o s : D o is T ip o s d e C o m p o rta m e n to V erb al
De acordo com a posição analítica com portam ental, tatos e m andos são
aprendidos da m esm a m aneira pela qual quaisquer outros comportamentos
tam bém o são. Assim , quando e como nós apresentamos os tatos e os mandos
varia de pessoa para pessoa, dependendo de suas experiências particulares. Para
ter um exemplo de com o o tato é adquirido, considere um a criança que aprende
a dizer “cam inhão” ao ver um caminhão passar porque foi desta m aneira que o
pai ou m ãe o descreveu. A criança é reforçada diretamente (“está certo, aquilo
é um cam inhão”) e indiretam ente como quando “cam inhão” entra em outros
contextos ( a criança diz, “Eu quero um caminhão” ou “Me dê aquele caminhão”).
D a mesma forma que alguém aprende a descrever objetos inanimados ou eventos
passados, tais como “Choveu terça-feira passada”, tam bém aprende a descrever
o com portam ento presente e experiências passadas de outras pessoas e de si
mesmo. Um hom em que se aproxim a da cadeira do dentista e diz, “Isso vai doer
e eu estou com m edo” está provavelm ente fazendo um tato (1) que resulta de
experiências passadas de ser m achucado por dentistas, (2) de seus sentimentos
de m edo (ver Capítulo 4 para um a visão com portam ental de sentim entos e do
que é “sentido”), e (3) de um a predição de como ele vai reagir quando estiver na
cadeira.
Até esse ponto, o tato e o m ando que nós discutimos foram ditos em voz
alta para outra pessoa. Se ditos em voz alta ou a si m esm o, não importa. Nós
sabem os que tato e m ando tam bém ocorrem quando a única pessoa que ouve a
descrição ou o pedido é o falante. Do nosso ponto de vista, tato e m ando a si
mesmo é funcionalmente o mesmo que tato e mando em voz alta quando nenhuma
outra pessoa está presente. Esses dois casos diferem principalmente na intensidade
da resposta. Nós estamos particularm ente interessados no tato e m ando a si
mesmo, pois isso é tam bém conhecido como pensamento. Assim, nossa definição
de pensam ento é tato e m ando a si m esmo.
“ Fique de boca fechada". “ Saia da cam a”, e “ Faça agora". Não fica ião claro
porque isso seria pensado ou dito em voz alta quando não há ninguém por perto.
Tatos e m andos g eneralizados que não têm influência em com portam entos
subseqüentes
considera esse com portam ento sem elhante àquele de gritar com hom ens para
fazê-los ir em bora, mantido tam bém por reforçam ento acidental decorrente de
as nuvens irem embora.
T a to s e m a n d o s g e n e r a liz a d o s q u e in flu e n c ia m c o m p o r ta m e n to s
su b s e q ü e n te s
A té este ponto, olham os o pensam ento como um com portam ento que
não entra na corrente causal de eventos que leva a C. Agora irem os exam inar as
circu n stâ n c ias n as quais tato e m ando a si m esm o podem te r um efeito
co n sid eráv el no com p o rtam en to subseqüente. A ntes disso, no entanto, é
im portante esclarecer um problem a sem ântico envolvendo a palavra causa.
Psicólogos cognitivistas e behavioristas radicais querem dizer coisas diferentes
quando se referem a causa. Para o psicólogo cognitivista, o efeito do pensamento
de alguém no seu com portam ento representa um tipo de relação causal (seja
parcial, de contribuição, ou outro). O teim o causa sim plesm ente significa que
se considera que os pensam entos trazem um a m udança no comportamento. Para
o behaviorista radical, o term o causa é lim itado aos efeitos das contingências.
O s m esm os efeitos que são cham ados causais pelos cognitivistas, isto é, os
efeitos do pensam ento sobre o com portam ento que se segue, são reconhecidos,
m as são descritos diferentem ente pelos behavioristas radicais.
subserviente. Fazer essas interpretações para a cliente (Regra 5) não era útil
nesse ponto de sua terapia e somente evocaria mais hostilidade. As interpretações
eram úteis, entretanto, quando feitas a mim mesmo, O tato sobre mim mesmo me
ajudou a descobrir um jeito de responder à hostilidade de uma maneira terapêutica.
A m aioria das interações humanas são bem complicadas, e o modo como alguém
faz o tato (rotula, categoriza, ou classifica) de um a situação pode ajudar a
determ inar uma reação efetiva.
pedidos feitos por outras pessoas (não importa o quão inocentes) como uma
prova de seu amor por elas. Ela poderia ter aprendido isso, quando criança, de
sua mãe narcisista que, freqüentem ente, precisava de afirm ações de amor, e que
fazia perguntas com segundas intenções. Por exemplo, quando sua mãe perguntava,
“Você gostou da torta que fiz para você?”, a pergunta tinha pouco a ver com o
gosto da torta. Ao invés, o que ela realm ente queria dizer era, “Você me ama e
aprecia o que eu faço? Se não, eu vou ficar deprim ida e vou m e retrair.”
C o m p o rta m e n to G o v e rn a d o P o r R e g ra s
Iremos agora discutir a relação entre regras, com portam ento governado
por regras, tato sobre si m esm o e m ando a si mesmo. N ós estam os introduzindo
esse tópico porque a literatura sobre regras e com portam ento governado por
regras (Skinner, 1969; Zettle & H ayes, 1982) é relevante para nosso conceito
da relação pensam ento/com portam ento e esclarece questões futuras.
Cognições e Crenças 123
E s t r u t u r a s C o g ni t i v a s e C o m p o r t a m e n t o M o d e l a d o p o r Contingências
outras pessoas significativas podem ter um impacto importante no que o cliente diz
ou faz. A despeito da orientação teórica, é aceito que o reforço é um fator a ser
relativam ente considerado, em algum momento. A pesar disto, os terapeutas
cognitivistas, em suas análises teóricas, parecem ter um a fobia pelo termo
reforçamento. Hollon e Kriss (1984) nem sequer fizeram um a referência casual a
isso. Sim ilarm ente, no caso descrito por Jacobson (1989), as operações de
reforçamento foram descritas, mas este termo não foi usado. Mesmo Wessells
(1982), numa elegante defesa da psicologia cognitiva, lamentou que os cognitivistas,
infelizmente, negligenciaram o papel das contingências ao explicar o comportamento.
A negligência aò papel das contingências provavelm ente ocorreria em
um a análise do caso de H arriet feita por terapeutas cognitivistas. Partindo da
perspectiva deles, o consentim ento de H arriet teria ocorrido por causa de suas
estruturas cognitivas subjacentes, e as estruturas são vistas como entidades que
têm existência independente do com portam ento. D adas essas afirmações, a
explicação cognitivista das ações de H arriet e dos m étodos necessários à sua
m udança precisaria de algo além de um a sim ples razão para o com portam ento
e para sua m udança. Não é necessário dizer que a explicação da FAP para as
ações de Harriet envolve comportamentos e intervenções clínicas que são descritas
em term os de m udança de com portam ento.
IM P L IC A Ç Õ E S C L ÍN IC A S D A V ISÃ O D A FA P S O B R E AS
CRENÇAS
F o calizan d o o p e n sam en to a q u i e a g o ra
de controle relevantes. Assim , sem pre que possível, nós recom endam os focar
o pensam ento, a crença, e os outros com portam entos relevantes que ocorram
na sessão . F req ü en tem en te o co rrem o p o rtu n id ades de m o d elar B s m ais
adaptativos na m edida em que os pensamentos disfuncionais do cliente aparecem
na relação cliente/terapeuta. Por exem plo, considere que o problem a de H arriet
seja do tipo A -> B —>C. Então, o consentim ento de H airiet ocorre porque ela
pensou que isso m ostraria o quanto ela se importava, e porque ela pensou que,
fazendo o contrário, evocaria a raiva do terapeuta. Esses são exem plos de Bs
ocorrendo dentro do contexto da relação. Tais pensam entos de H airiet poderiam
ter sido desafiados e reinterpretados de im ediato, e um novo com portam ento
poderia te r sido, então, fortalecido.
que o cliente poderia estar cultivando secretam ente tais idéias, ao invés de falar
sobre elas com o terapeuta, tam bém sugere a ocorrência do problem a clínico
do cliente, isso é, ele pode não estar sendo direto ou assertivo durante a sessão,
formulação A —>C,e que. ao mesm o tem po, relacionasse a resposta que Christina
apresentou a m im ao contexto de sua história (R egra 5). A lém disso, a
interpretação precisava ser em pática - livre de solicitações - , então eu escrevi
um poema:
D epressão
Devastada e exaurida
pelas atrocidades da vida
afogando em minha vergonha
presa em uma caverna escura e úmida
sem esperança de escapar
uma criança aos gritos dentro de mim
morrendo para ser abraçada
morrendo.
E u enviei o poem a com essa nota: “Cliristina, eu não sei como te alcançar
quando você está deprim ida. Esse poem a é um a tentativa de m e conectar com
você, de v er o m undo através de seus olhos. E u te amo querida. Tenha força” .
E la m e respondeu dizendo que esta era um a das m elhores coisas que alguém já
havia feito p o r ela.
D urante sua infância, Christina foi tratada como sendo sem valor; isto
é, ela desenvolveu o com portam ento modelado p o r contingências de cuidar dos
outros, m esm o que isso a prejudicasse (esse com portamento é consistente com a
noção de que ela p rópria não tinha valor). Ela se sentiu, agiu e se descreveu
como sendo sem valor. De acordo com o nosso modelo, ela desenvolveu o autotato
“E u não tenho valor” (A —>B—>C). E u aceitei seus pensam entos de não ter valor
com o sendo autotatos que decorrem de seu passado e sua experiência de si
m esm a. A ssim , eu não usei a lógica para convencer Christina de que sua crença
era in c o rre ta e então m u d á-la p ara ver-se com o um a pessoa de “v alor” ,
especialm ente porque ela já sabia todos os argumentos lógicos. E u tam bém não
tratei a autocrítica de “sem valor” de Christina com o se fosse um a hipótese que
precisava ser testada e rejeitada. Ao invés, eu me concentrei em fortalecer aqueles
repertórios que são característicos de um a pessoa de “valor”. Esse procedim ento
vinculava reag ir a ela com o sendo um a pessoa de “valor” por um longo período
de tem po, considerando e reagindo seriam ente a todos os seus pensam entos e
idéias, tratando-a com preocupação e respeito, usando o tem po e energia que
são devidos a u m a p esso a de “valor” . O poem a foi consistente com essa
abordagem .
para um cliente com este tipo de problem a A —>C deveria ser m ais na linha da
“ e x p e riê n c ia e m o c io n a l c o rre tiv a ” d e fe n d id a p o r a lg u n s te ra p e u ta s
psicodinamicamente orientados.
O utra possibilidade é que clientes, aos quais é erroneam ente dito que
seus problem as são controlados por pensam entos precedentes e não por um a
história de reforçam ento, podem gastar m uito tem po trabalhando em seus
pensam entos e se excluindo de experienciar o m undo real. Por exem plo, veja o
caso de um a mulher cujos medos de rejeição provêm de experiências pré-verbais
com um a m ãe psicótica. Suas reações à rejeição são im ediatas e inconscientes.
E m ais importante para essa cliente ser exposta a um a variedade de experiências
interpessoais que não sejam seguidas pelas conseqüências extremas que ela
experienciou com sua mãe, do que engajar-se em longas argum entações lógicas
sobre desistir da idéia irracional “Eu preciso ser am ada por todo mundo o tempo
todo”.
C og n içõ es e Crenças 133
Por exemplo, convencer Harriet de que ela pode suportar a raiva poderia
ser visto como um a solicitação encoberta ou uma instrução implícita do terapeuta
para que ela agisse diferentemente. M udanças no com portam ento de H arriet
seriam então o resultado do seguimento de tais instruções ou do comportamento
governado por regras. M elhoras clínicas significativas ocorrerão se o seu novo
com portam ento for naturalm ente reforçado em sua vida diária. Esse processo
fica mais óbvio quando a terapia cognitiva envolve instruções abertas e explícitas
ao cliente para a m udança do com portam ento. Por exemplo, B eck et al. (1979)
encorajou clientes a agirem contra suas suposições porque esta é a “maneira
mais poderosa de m udá-las” (p. 264). Em bora Beck tenha preferido ver essa
intervenção como m udança de um a cognição (uma suposição), isso tam bém
pode ser visto como sendo o terapeuta formulando um a regra para o cliente que,
ao segui-la, realiza um a exposição de seu com portam ento às contingências que
podem fortalecer diretam ente o seu novo com portam ento. E ssa ênfase em
construir um novo com portam ento é consistente com a FAP.
IL U S T R A Ç Ã O D E C A S O
137
138 Capítulo 6
Com eçarem os por dem onstrar as dim ensões do s e lf que serão incluídas
n e ste re la to . N o sso m o d e lo irá e x p lic a r, a p a rtir de um a ab o rd ag em
com poitam ental, as características essenciais dessas descrições não patológicas,
bem com o das patológicas.
E m tem po, a única exceção foi Skinner, que fez inúmeras análises
teóricas do s e l f {1953, 1957) e contribuiu com um a base para um trabalho sob
a ótica behaviorista. N ossa intenção é desenvolver as noções postuladas por
Skinner e ex p lo rar suas im plicações clínicas. H á pelo m enos duas razões pelas
quais u m esforço deve ser feito neste sentido. Prim eiro, os problem as do cliente
descritos em term o s de desordens do s e lf parecem ser im portantes e aparecem
constantem ente. U m a indicação disso está na literatura sobre este assunto, dentro
da p sican álise m o d ern a, psicologia do s e lf e relações objetais. Segundo, o
fenôm eno do s e lf parece ser parte da experiência hum ana e os clientes geralmente
descrevem seus p roblem as em term os do seu self.
por uma criança pequena para se referir ao seu self). Por propósitos ilustrativos,
entretanto, concentrarem os nossa discussão no “E u ” genérico. Nossa abordagem
para o entendimento do “E u ’' com algum as sutis variações, se aplicaria tanto para
os sinônimos de “E u” quanto a outros term os equivalentes. Assim, nossa análise
do “Eu” pode ser vista com o um protótipo para a análise de outras respostas
verbais associadas ao self. D esta m aneira, o entendim ento do “Eu” em particular
parece contem plar uma larga faixa de experiências do self. A especificação dos
estímulos que se referem ao “E u ” tam bém ajuda a en xergam os a natureza do
estímulo que geralm ente controla a experiência do self.
C onceitos B ásicos
3. Bicar a chave é um a unidade funcional, definida como o com portam ento que
ocorre entre o S d e o reforçador. (D iscutirem os isso em m ais detalhes na
seção das unidades funcionais.)
grande de estím ulos que consistem no sinal lum inoso, m ovim entos e barulhos
no ambiente, luz da sala, a orientação do próprio pombo em relação à luz, assim
como à riqueza dos estímulos privados ou internos, tais como atividade fisiológica
e a estim ulação sinestésica que provém do sinal luminoso. Assim, m esm o que o
experim entador possa sentir que a luz é o estím ulo m ais óbvio, pode não o ser
necessariam ente para o pom bo. Entretanto, após repetidas tentativas, a luz se
destaca o suficiente para controlar as reações de bicada na chave, pois é o
elemento do grupo de estímulos que está sempre presente quando os reforçadores
estão em ação.
O Tato
im portância dos pais saberem que o S d está presente, é um aspecto fundam ental
quando a criança estiver aprendendo o “E u” .
Unidades F uncionais
' (N.T.: ju n ç ã o de três palavras em inglês que form am um som único = land o f liberty).
144 Capítulo G
poderia tatear “grande". O m esm o se repete para outros objetos até que seja o
tam anho das coisas que passe a controlar o tato “ grande"'.
Os exem plos citados servem para ilustrar dois métodos pelos quais uma
palavra pode se transform ar em um a unidade fu n cio n al Mós sim plificam os
propositadam ente as experiências de aprendizagem , e as descrevem os de um
m odo estereotipado a fim de clarear o papel dos processos fundam entais
e n v o lv id o s . N ão e sta m o s s u g e rin d o q u e n o ss o s ex em p lo s sejam um a
correspondência direta dos “passos” da criança ao aprender “grande” em seu
próprio am biente natural. N a vida real, dicas, modelos e reforçamento são usados
m ais a esm o e inconsistentem ente. Assim , a palavra “grande” é adquirida
provavelm ente através da combinação de aprendizados separados e da emergência
de grandes unidades e/ou outros processos m enos relevantes à nossa discussão
(por exem plo: aprendizagem de significados através de definições).
Á e m e rg ê n c ia do “E u ” com o u m a p e q u e n a u n id a d e funcional
* N ossa análise do term o “Eu” , tam bém se aplica a “meu” , “m e”, “nom e próprio”, e similares, e assum im os que
estes term os têm um a sobreposição no significado fu n cio n ai
146 Capítulo 6
Me sinto triste
Me sinto mal Sinto
Me sinto feliz
Ouero sorvete
Quero suco Ouero
Quero mamãe
Veio carro
Veio mamãe Veio
Vejo peixe
Eu X coelho
Eu X giz de cera Eu X y
Eu X bebê
(a) Perspectiva
I I
I 1
A
(b) Orientação
(c) Objeto
(d) Ver
>d R Sr
Estímulo Resposta R eforçam ento
D iscrim inativo
Yy
Figura 5. N a parte de cima, os estím ulos privados e públicos se apresentam quando a criança aprende a dizer
“Eu vejo maçã”, incluindo (a) a perspectiva da relação espacial entre a criança e objetos externos, (b) a orientação
como a virada de cabeça e direção dos olhos, (c) um a m açã, e (d) a atividade privada de ver. N a parte de baixò,
(e) os estím ulos discrim inativos, que surgem para controlar a resposta, são as orientações públicas e a maçã.
O s e lf 151
Se “eu vejo” fica sob controle dos estím ulos privados, como sugerimos,
então a resposta “eu vejo m açã” teria um significado diferente de “aquilo é uma
m açã” . O segundo seria unicam ente um a descrição de um estím ulo externo ou,
em term os m ais precisos, um tato controlado pela m açã. N o entanto, “eu vejo
m açã” é agora um a com binação de duas unidades m enores onde “m açã” é um
tato controlado pelo estím ulo público e “eu vejo”, um tato controlado pela
atividade “ver” do falante.
Para ilustrar, vam os assum ir que “eu vejo” em ergiu com o um a unidade
funcional durante o estágio II, depois de considerável experiência com unidades
maiores como “eu vejo bola”, “eu vejo gatinho” e “eu vejo carro” . Neste momento,
tanto os estím ulos públicos quanto os privados estão presentes e podem controlar
a resposta “eu vejo” . Se, então, a criança relata v er um estím ulo imaginado,
com um n a fantasia ou na im aginação infantil, então a criança vê na ausência
dos estím ulos públicos com apenas a presença de estím ulos privados. Os pais
que apoiam a validade de tais experiências, aceitando a fala da criança seriamente,
estão reforçando o controle p o r estím ulos privados. Com o resultado, a criança
irá dizer “eu vejo objeto X ” baseada em sua própria atividade “ver”, que é
privada. Os pais que ridicularizam ou criticam crianças neste aspecto, diminuem
o controle pelos estím ulos privados e a criança irá dizer m ais provavelm ente
“eu vejo objeto X ” baseada apenas nas suas reações de orientação externa e
quando X estiver presente tanto p ara o pai com o p ara a criança.
152 Capítulo 6
Q u a lid a d e s do “ E u ”
Prim eiro, a pessoa que experiencia a borboleta (ou seja, que se coloca
sob o controle do estím ulo da borboleta) pode descrevê-la em term os físicos.
Por exemplo, a pessoa poderia dizer “parece ter dois centímetros de comprimento,
cor preta e am arela e tem asas”. Esses atributos são as características do estímulo
público. A experiência do “E u”, entretanto, ultrapassa os term os físicos. A única
característica do locus é a sua relação com onde acontece a atividade privada de
ver. Assim, a p essoa poderia d escrever a característica física do S d que controla
“Eu” com o a falta de características físicas, tal qual em “Este não é m eu corpo” .
154 Capítulo 6
O locus perm anece constante mesm o que a pessoa cresça e se torne um adulto,
m ude de emprego ou perca peso. O estím ulo controlador do “Eu” e portanto, a
experiência do “Eu” , perm anece constante m esm o que as características físicas
p e s s o a is e a lo c a liz a ç ã o m u d em . E s s a c a ra c te rís tic a é se m e lh a n te à
“descaracterização” da descrição do s e lf feita por Deikman.
a observação de nosso próprio com portam ento tal qual o podem os descrever.
Isso é tam bém entendido com o auto-conhecim ento. A ssim , poderíam os dizer
que tem consciência alguém que diz “Eu vejo um a borboleta”, em oposição a
“A quilo é um a borboleta”. O utros exem plos são, “E u bebo”, “Eu c o i t o ” , e “Eu
digo”, que são tatos do com portam ento público de u m a pessoa, e “Eu escuto”,
“E u quero” e “E u penso”, os quais são tatos de com portam ento privado. Um
relato com portam ental de “níveis m ais altos de consciência” envolveria a
repetição de tatear um tato de um com portam ento privado. Por exemplo, “Eu
m e vejo olhando um a borboleta”, e “E u m e vejo vendo a m im olhando um a
borboleta” .
B E S E N V O L V IM E N T O M A L -A D A P T A T IV Q D A
E X P E R IÊ N C IA D O S E L F
0 S e lf instável ou inseguro
T: Gostaria que pensasse nos objetivos da terapia entre agora e a próxima sessão, e aí
poderemos conversar sobre eles.
C: [Parecendo agitada] Não sei o que você quer dizer com isso.
I: Não tenho uma noção muito clara de onde quer chegar, e queria que você tomasse
um papel mais ativo. Algumas vezes sinto que trabalho muito para tirar você de
dentro de si quando você não quer falar.
C: [Lágrimas rolam de seus olhos, levanta da cadeira e tenta sair do consultório] Não
posso agüentar mais isso. Estou fora.
T: Não, Shelly, você não vai a lugar nenhum. Sente-se e vamosconversar sobreisso.
C. [Soluçando e tendo dificuldades em falar] Eu não achava que algo estivesse eirado. Eu
achei que estivesse melhorando em relação a falar. Não posso fazer o que você quer.
T: Só estou tentando falar sobre formas de fazer a sua terapia melhorar, e você age
como se eu quisesse te mandar embora.
C: É como eu sinto, e vou deixá-la antes que me deixe.
T: Eu estou muito compromissada com meu trabalho com você, Shelly. Nossa relação
não está de forma alguma em risco. Não é essa a questão, Gostaria de poder pedir
para você falar mais ou ter mais iniciativa sem você ameaçar largar a terapia.
D istú rb io s grav es do s e lf
Sds estivessem presentes: (1) o estím ulo que consiste na orientação pública da
criança a um objeto público; ( 2 ) o estím ulo da orientação pública dos pais; e ( 3 )
o estím ulo dos pais não aparentando estarem preocupados, distraídos ou tendo
u m episódio psicótico. Sob essas condições de aprendizado, m uito pouco da
atividade privada de v er controlaria a resposta “eu vejo” . Pelo contrário, ô ver
da criança seria controlado principalm ente pelo hum or e orientação pública dos
pais. Sob essas circunstâncias extrem as, estando os pais presentes, a criança
veria u m peixe apenas se houvesse estím ulos públicos bem claros, consistindo
tanto no peixe quanto n a indicação que os pais vêem o peixe.
O “Eu” que emerge sob essas condições é dependente das dicas fornecidas
pelos pais. Com o resultado, quando os pais estão presentes, o que é visto, sentido,
desejado, gostado, desgostado e assim p o r diante, é dependente das dicas dadas
pelo pai ou mãe. Por exem plo, um conjunto de dicas poderia ser o pai aparentar
estar de bom humor, aberto ao m undo, estar atento ao que está em redor (os
estím ulos públicos) e dar indicações de que os desejos da criança serão atendidos.
E ntão, baseado nas experiências anteriores da criança de “pai de bom hum or”,
um extenso repertório de respostas “eu X ”, tais com o “estou com fom e” e “eu
acabei de ver um pássaro” , aparecerão e serão reforçadas. O “E u” que emerge
nessas condições estará sob controle público; ou seja, o sentido ou experiência
do “E u ” é dependente de dicas dadas pelos pais. E ntretanto, quando o pai ou a
m ãe está com hum or diferente, desatento, disperso ou m esm o alucinado, um
outro repertório “eu X ” é acionado e um a ex periência diferente de “E u ”,
controlada por estím ulos públicos, em erge (p. ex., um a criança que não m ostra
necessidades ou sentim entos, ou que é super sensível às necessidades dos pais).
A s ca te g o ria s d ia g n o stic a s de p erso n a lid a d e b o rd e rlin e e tra n sto rn o de
personalidade m últipla, discutidas abaixo, representam desordens graves do self.
a algum a coisa que estava contida dentro e agora se foi, a presença e ausência
de estím ulos que controlam a experiência do s e lf seria tateado como “vazio”
D e outro lado, m uitas pessoas que têm pouco controle privado sobre o
“E u” consideram quase intolerável estar sozinhas. H ipotetizam os que, além das
166 Capítulo 6
pode ser um bebê com um repertório m uito limitado. Para os clínicos que não
tiveram experiência direta com o Transtorno de Personalidade M últipla, talvez
seja difícil aceitar a n o ção de que um a lter (ou seja. u m a p esso a cuja
individualidade é definida por seu com portamento) pode ser experienciado por
outros (o terapeuta) como pessoa distinta. Ambos os autores tratam clientes
com Transtorno de Personalidade M últipla e podem corroborar com os relatos
de outros clínicos de que o hosi e alters são freqüentem ente experienciados
como indivíduos diferentes. E condizente com o ponto de vista comportamental
que. em muitos casos, são pessoas diferentes.
Prim eiro, o self, no m om ento do traum a, não está com pletam ente sob
controle privado. De certo modo, a teoria do s e l f apresentada neste capítulo é
um a teoria de com o experienciam os nosso s e lf enquanto pessoas individuais,
antes de tudo. Até o instante em que os estím ulos privados controlem o “Eu” ,
algum as características do indivíduo (a personalidade única) não emergem.
E specificam ente, a criança tem um a experiência relativam ente pequena do s e lf
com o (1) contínuo, (2) originador de ações, e (3) um a consciência perm anente
que vê tu d o . P a ra que esses estad o s o c o rra m , os p a is devem refo rç ar
consistentem ente as respostas “eu X ” para que o locus ganhe controle. Antes
desse processo norm al se completar, um a grande variedade de experiências do
s e lf são possíveis.
como os pais geralmente induzem e reforçam esta atividade. A pesar dos adultos
tam bém poderem “participar em ser outra pessoa”, estam os afirm ando aqui
que esta experiência é diferente nas crianças. Como a criança tem um s e lf
m ais m aleável, a experiência é m ais real no sentido de que um conjunto m aior
de atividades “eu X ” pode tam bém ser afetado. O u seja, a criança pode
realm ente experienciar a sensação e a im agem visual de ser grande, forte e ágil
como o B atm an (o cliente com Transtorno de Personalidade M últipla pode na
verdade ver pessoas diferentes quando se olha no espelho, dependendo do
alter presente). Em contraste, o ator adulto está em m aior contato com um
senso estável de s e lf e com experiências visuais que o lem bram que é um a
pessoa com um que está representando o papel de algum a outra.
IM P L IC A Ç Õ E S C L ÍN IC A S
Em clientes com problem as de self, m uito de seu com portam ento está
sob o forte controle de estímulo de terceiros. Parecem ser vigilantes e estão
focados intensam ente no terapeuta, observando cada nuança de sua expressão
facial e inflexão de voz. A pesar de não ser m uito óbvio no início, quase tudo o
que o cliente fala sobre si m esm o e sobre seus sentim entos e pensam entos pode
estar m u ito in flu en ciad o p elo co n tro le d isc rim in a tiv o do terap eu ta. O
procedim ento terapêutico que descreverem os alm eja a perda desse controle
através do encorajam ento e reforçam ento da fala na ausência de sugestões
externas específicas. Em outras palavras, o tratam ento consiste em reforçar os
CRB2s de “eu X ” controlados internam ente, os quais tam bém auxiliariam na
em ergência do controle privado sobre “E u”, ao final.
O s e lf 175
Para ilustrar estes pontos, vam os tom ar um cliente de nom e Terry como
exem plo. D urante os m eses iniciais de terapia com o prim eiro autor, Terry se
concentrou principalm ente em seu tratam ento médico e nos rem édios que usava
para controlar seus sintom as psicossom áticos. Q uando eu form ulava questões
m ais gerais sobre hum or ou qualquer outro estado emocional, Terry ficava ansioso
e bloqueado. Prim eiram ente, eu o ajudava sugerindo um a resposta específica
baseada em estím ulos públicos específicos. P or exem plo, quando um novo e
grave sintom a m édico apareceu, que era sim ilar a um outro que resultou na
m orte de um parente, eu sugeri que Terry estivesse sentindo medo, ou seja, eu
dei um estím ulo público dizendo “m edo” . Isso é m uito parecido com o que os
pais fazem quando concedem aos seus filhos tatos para emoções. N um a fase
in icial do tra ta m e n to , eu fiz m uitas sugestões p arecid as de sentim entos
esp ecífico s p a ra situ açõ es específicas. G radualm ente, nos m eses que se
passaram , a especificidade foi sendo reduzida. M elhor do que continuar a dar
176 Capítulo 6
um sentimento específico, eu lhe dava uma lista para escolher (por exemplo,
dor, medo, raiva, desapontamento, irritação ou frustração). Em outras palavras,
eu estava ainda apontando uma resposta baseada em estím ulo público, mas a
especificidade do estím ulo foi ampliada. T em ’ estava seguro de que não seria
punido por responder, uma vez que lhe era dada um a resposta “aprovada’’ no
primeiro caso, e um a “lista” de respostas aprovadas no segundo. A idéia central
era a de que a estrutura fosse sendo gradualm ente reduzida a fim de perm itir
que mais estím ulos privados ganhassem o controle.
N ossa visão desta tarefa é que ela requer falar com a outra pessoa (o
terapeuta) com um mínim o de sugestões externas provenientes do ouvinte. Sob
essas condições, é possível ao cliente dizer “eu sinto X” ou “eu vejo essa imagem”
sob condições que favorecem o controle pelos estímulos privados. Como podemos
ver no próxim o caso, os clientes com problem as extensivos de s e lf ficam muito
ansiosos e não conseguem realizar esta tarefa, devido a um a falta de estimulação
pública. Eles podem realm ente experim entar “um a perda do s e lf' na ausência
de dicas do terapeuta. Um fenôm eno parecido ocorre quando o terapeuta
com portam ental usa técnicas de relaxam ento ou m editação e sente que seu
cliente fica altam ente ansioso quando a tarefa é m uito desestruturada. Então,
quando usam os a associação livre durante a FAP, são geralm ente empregadas
O self 177
sinto terrível, ou estou me sentindo ruim porque deveria ver alguma coisa.” Veja, o
que estou pedindo para relatar é tudo o que está acontecendo, imagens ou nenhuma
imagem, como se sente e o que diz a si mesmo sobre isso.
(Dando dicas de “Eu X”.)
C: Eu acho que o que está acontecendo é, eu tenho que ser capaz de recuar um pouco,
quero dizer, eu até tento e mesmo assim tenho problemas com isso.
(Fred indica o quão difícil é a tarefa. Eu entendi o comentário em relação a recuar
como sendo um tipo de resposta de consciência do self. Mas também entendi
como um mando disfarçado para que eu recue.)
T: Você está tendo problemas para recuar e me contar sobre isso?
C: Certo, E [pausa], você sabe, ser um observador nessa situação.
T: Então quando seus olhos se fecham é como se você estivesse tendo essa experiência,
e não pode fogir dela, é isso o que está dizendo? Você não pode se ver tendo essa
experiência?
C: Certo,
T: Olc. Você está disposto a fazer isso? Quer continuar com os olhos fechados por 5
minutos e eu não direi nada a você. O que você vai fazer é experimentar o que está
experienciando e depois tentar me dizer sua experiência. Então, pode ficar em
silêncio por 5 minutos de modo a se sentir preparado para isso. Talvez 5 minutos
seja muito tempo; diria 2 minutos. Vamos fazer por 2 minutos. Então, quer tentar
dois minutos?
(Reestruturando a tarefa, Uma vantagem de ver a tarefa como instruções para
evocar respostas privativamente controladas é que o terapeuta pode modificar isso
como bem entender, a qualquer momento, a fim de auxiliar a atingir o objetivo.)
C: Ok. Eu acho [pausa], que parte do problema que tenho, intuitivamente é que não
quero perder o contato com você.
(Esse comentário revela como é importante para Fred ter o feedback de outro, de
modo a realizar a tarefa que supõe-se deveria estar sob controle interno. Note
tam bém que é um CRB3, uma im portante e rara descrição das variáveis
controladoras da esquiva e ansiedade em Fred.)
T: Quando você frca fora de contato, então você fica ansioso?
C: Sim, acho que ficaria pior. Quanto mais durar isso.
T; Faz sentido.-Faz sentido para mim. E para você?
(Faz sentido para mim como um behaviorista radical que tem uma teoria sobre
como pais invalidadores afetam o controle sobre estimulação privada e pública.)
180 C apítuio 6
C: Não muito.
(Quase 5 minutos de conversa)
C : O que significa contar a você? Faz sentido para você, mas não estou muito certo de
que faz sentido para mim.
Ti Bem, tem a ver com o fato de que sou uma pessoa significativa para você. E acho
que isso demonstra um medo básico que você tem em relacionamentos com pessoas
significativas para você. Acho que você necessita ver as reações das pessoas pois
se você confiar apenas na sua impressão, verá tudo de forma errada e estará em
apuros.
(Estou tentando uma interpretação comportamental que descreve os problemáticos
estímulos discriminativos [Sds] incluindo outras pessoas significativas, a história
de reforçamento envolvendo punição para controles privados, e a esquiva de punição
por estar sob controle público.)
Ci É, acho que sim.
T: Eu acho que esse é o jeito de descrever isso em termos que fazem sentido. Mas
saber disso não acho que irá ajudá-lo, acredito que seja inconsciente, Quero dizer,
acho que se sente assim, e acho que isso reflete sua história.
(Aqui estou colocando a interpretação e o “conhecimento” nos seus lugares, como
auxílio no comportamento governado pela regra e reconhecendo a natureza do
problema modelado pelas contingências.)
C: É, eu concordo.
T: Mas eu veria isso como muito importante para você tentar superar esse problema
(a necessidade de estar em contato).
C: É. [Pausa] Estou tentando descobrir um jeito de contornar o problema (a necessidade
de estar em contato). Você sabe, eu acho que estou mais consciente das barreiras.
Estou ficando mais e mais consciente disso. Eu acho que é uma grande barreira,
bem, minha cabeça diz que tenho que refazer o meu caminho em tomo disso ou
descobrir uma solução.
(Fred descreve seu aumento de consciência das experiências privadas da barreira.
A barreira dá uma indicação da intensidade do sentimento gerado pela falta de
estímulo público.)
T: É, era o que eu estava pensando também.
C: Bem, se fizermos isso aos poucos, talvez aumentando o tempo, e depois se eu
explicar o que lembrar, e sem editar depois...
(Aqui está um CRB2 de sugestão de uma solução para a barreira, ao invés de sua
dissociação.)
O s elf 181
Por exemplo, um a cliente, cujo problem a de s e lf exa. que ela não sabia o
que queria e não podia dizer o que queria, pediu ao prim eiro autor para tentar
hipnose, a fim de que descobrisse o que queria. M inha prim eira reação foi negar
e dar a ela as razões pelas quais eu não usava hipnose. Usando m inha inclinação
de rejeitar seu pedido com o um a pista que assinalava a possibilidade de que seu
“querer” estivesse sob controle privado, m inha reação seguinte foi reconhecer
privativam ente que seu pedido era um CRB2. Vendo que isso era algo que ela
realm ente desejava, eu m udei de opinião e concordei em hipnotizá-la.
O utro exem plo pode ser visto no caso da cliente que perdeu sua
identidade quando teve um a intensa relação com um homem. Ela tam bém
desenvolveu um a intensa relação com o prim eiro autor e m e contou sobre suas
experiências paranorm ais. M esm o que eu pessoalm ente não acredite nisso,
O s e lf 183
reconheci seu com portam ento com o CRB2 e prossegui com ela me contando
sobre suas crenças.
Para clientes que não sabem com o se sentem , pode ser im portante, nos
estágios iniciais do tratam ento, serem ajudados pelo terapeuta a descobrir como
se sentem. Fazendo assim , o terapeuta fom ece um a experiência parecida com
a que ocorre no estágio I. Reagindo ao estímulo público, quase da m esm a maneira
que um pai faz quando ensina à criança tatos de sentim entos, o terapeuta auxilia
na construção de tato de sentimento. As sugestões externas usadas pelo terapeuta
poderiam se referir à aparência física do cliente (ou seja, o cliente pode parecer
tenso, cansado, ansioso ou deprim ido). O terapeuta então diz “você parece
cansado” ou “deprim ido” ou seja lá o que for.
mim. Ela sabia que. apesar de a m inha afirm ação ser importante, não permitia
que ela descrevesse os sentim entos com os quais estava entrando em contato.
G radualm ente, ela m e treinou a com binar m inha reafirm ação com a
perm issão para que ela tivesse a oportunidade de explorar seus sentim entos
“Você com certeza não é um a vagabunda, m as conte-m e seus sentim entos e
pensam entos sobre ser um a vagabunda, antes que eu te diga por que eu acho
que não o é ” . “A p esq u isa sobre esquizofrenia indica que se você não a
desenvolveu ainda, é praticamente impossível que o fará. M as deve ser assustador
para você ter este m edo. C onte-m e sobre isso” .
187
188 C apítu lo 7
Transferência
P or exem plo, após chegar tarde, pela prim eira vez, a um encontro, o
cliente poderia antecipar as reações do terapeuta baseado em experiências
passadas que teve com pessoas similares. Em um experimento que visava ilustrar
190 Capítulo 7
Do ponto de vista da FAP, tudo que o cliente faz durante a sessão (diz,
sente, pensa, percebe, etc.) são comportamentos aprendidos que ocorrem devido
a 1) similaridade funcional entre os estímulos presentes durante a sessão e aqueles
que estavam presentes na experiência passada de aprendizagem, e 2) experiência
real durante a terapia. Esses conceitos sobre os com portam entos que ocorrem
d en tro da sessão p o d em e x p lic a r os m esm os fen ô m e n o s que a noção
psicodinâm ica de transferência explica, importantes diferenças conceituais entre
a psicanálise e o behaviorism o apontam , porém , para algum as implicações
clínicas negativas do conceito de transferência.
D eflnindo comportamento-problema
cuidadosa atenção aos com portam entos do tipo edipiano. que ocorrem dentro
da própria sessão. Se os problemas diários da vida do cliente forem desta natureza,
então a sensibilidade do terapeuta em relação a assuntos do tipo edipiano o
levaria à detecção de C R B 1 e poderia ter efeitos clínicos positivos. Inversamente,
efeitos negativos aconteceriam, caso os problem as do cliente não fossem dó tipo
edipiano, e o enfoque do terapeuta em assuntos deste tipo o impedisse de perceber
qualquer outro tipo de CRB.
R eal ou não?
Clinicam ente, nós nos preocupam os com que um terapeuta, que aceita
o aspecto distorcido de realidade da transferência, esteja m enos inclinado a
considerar a possibilidade de que a percepção do cliente é válida, quando ela for
diferente de sua própria percepção. Isso, por sua vez, poderia privar o cliente da
oportunidade de aprender com o processar e resolver u m a situação interpessoal
n a qual cada pessoa tem um a visão diferente, porém justificável, do m undo.
Similarmente, um cliente submisso que tenha um inadequado senso de autocrítica
poderia vir a ser punido p o r ser assertivo quando a sua visão da realidade diferir
da de seu terapeuta. Temos preocupações parecidas quando a validação da
percepção do cliente pode ser essencial para a sua m elhora (ver C apítulo 6). Tal
validação necessária pode ser lim itada ou dificultada pela noção distorcida da
realidade.
Também nos tornam os apreensivos em relação ao fato de que a noção
distorcida da realidade possa inadvertidam ente reforçar um a posição rígida ou
até m esm o autoritária de terapeutas que já tenham propensão a seguir esse
caminho. Junto a essas preocupações, psicanalistas têm expressado outras no
sentido de que terapeutas possam utilizar o conceito de transferência do “não
real” para evitar um envolvim ento real com o cliente (G reenson, 1972). A falta
de um envolvim ento genuíno com o cliente im pede tanto a evocação do CRB
quanto a ocorrência de reforçam ento natural, o que é essencial para um benefício
terapêutico na FAP.
Psicanalistas tam bém reconhecem os problemas relacionados à suposição
de que a visão dos clientes a respeito da realidade seja um a ilusão. Por exemplo,
recentem ente, Gill e H o fím an (1982) pro p u seram um a visão diferente de
transferência, que vem a ser m ais coerente em relação à posição da FAP:
194 Capítulo 7
T ra n sfe rê n c ia e c o m p d rta m e n to a p re n d id o
 Aliança Terapêutica
considerados norm ais ou saudáveis. Assim, um analista que seguisse essa visão
teria o com portam ento governado por regra de exam inar cada reação do cliente
a fim de ver se é problem ática (transferência) ou colaborativa (aliança), e de
estar procurando sem pre por um “bom ” ou por um “m au” com portam ento
Sucessivamente, isso levaria o analista a reagir naturalmente aos comportamentos
classificados com o aliança terapêutica, por meio de reforçam ento positivo,
fortalecendo-os desse modo. N ós vemos isso como um efeito positivo, pois o
terapeuta está respondendo, até certo ponto, de acordo com as maneiras requeridas
pelas Regras 1(Prestar atenção aos CRBs) e 3 (Reforçar CRB2), da FAP.
m om ento com o a FAP discorda dessas suposições, irem os prim eiram ente
contrastá-las com aquelas da teoria das relações objetais, e, então, comparar a
terapia das relações objetais com a FAP. Finalmente, iremos resum ir como a FAP
difere de ambas, psicanálise tradicional e teoria de relações objetais.
Relações Objetais
Os teóricos das relações objetais (Kem berg, 1976; Klein, 1952; Kohut,
1971; Mahler, 1952), embora se considerem psicanalistas, propuseram um a revisão
dos importantes aspectos da teoria psicanalítica tradicional que estão listados
acima. As m aiores diferenças são de que na teoria das relações objetais (1) o
enfoque é dado para run modelo relacional, em que as relações hum anas são
consideradas a “pedra fundamental” ou base da existência; entender como os
relacionam entos são internalizados e como eles se transform am em um a noção
do “s e lf ’ ajuda a tom ar m ais claro o que motiva as pessoas e como elas se vêem;
(2) os elem en to s d a p siq u e co n siste m em e stru tu ra s rela cio n a is (plano
representacional no qual estão as intemalizações de relacionamentos); (3) o período
pré-edipiano é enfatizado; acontecimentos críticos que modelam a vida das pessoas
acontecem dos 5 aos 6 meses; (4) a interação com a m ãe é vista como modelo
para todas as relações subseqüentes, pois essa relação inicial ocupa um grande
espaço dos prim eiros anos da vida da criança, e tam bém por estar tão relacionada
com gratificação emocional e privação; e (5) a psicopatologia se centraliza em
falhas no desenvolvimento do “s e lf’ e em anomalias no processo psicológico de
separação; um a vez que o “se lf’ é construído interpessoalmente, distúrbios mentais
são equivalentes a perturbações nas relações interpessoais (Cashdan, 1988).
A seguir, está a visão da FAP das cinco diferenças entre psicanálise tradicional
e relações objetais: (1) Mudar a ênfase, antes sobre os desejos, para os efeitos do
relacionamento, é mais compatível com a FAP, um a vez que os relacionamentos
podem ser traduzidos m ais facilmente em term os de controle de estímulos e
reforçamento. (2) Embora a FAP evite explicações que destaquem entidades não-
comportamentais, o que é característico de todas as formas de psicanálise, a visão
que as relações objetais têm das estruturas como sendo provenientes de experiências
de relacionamento, as tomam mais prontas paia serem testadas em termos de fatores
externos, do que as estruturas do id, ego e superego. (3) A ênfase dada pelas relações
objetais ao desenvolvimento do comportamento pré-verbal poderia ter alguma relação
com antecedentes que são necessários para o desenvolvimento do comportamento
verbal relacionado ao “se lf’ (discutido no Capítulo 6). U m a análise comportamental
200 C apítulo 7
mais completa do “se lf’ iria então incorporar essas experiências iniciais. No entanto,
como não há nenhum conceito de “estágio critico” na FAJP, tanto o ponto de vista
tradicional quanto o das relações objetais são incompatíveis com a FAP nesse aspecto.
(4) Na F /J 5, não se dá significado especial ao papel do pai ou da mãe, e não se faz
diferenciação entre o papel desempenhado por país, mães ou babás. O que importa é
a natureza das interações específicas e das contingências.
contexto; isto é, em bora certos com p o rtam en tos de clientes possam ser
problemáticos (CRB1), tam bém é provável que sejam melhoras (CRB2), quando
considerado o repertório atual do cliente. P or exem plo, se um a cliente evitava
relacionamentos por medo de estar sendo muito dependente, então, o surgimento
de um com portam ento de dependência seria realm ente um CRB2 e deveria ser
reforçado nos prim eiros estágios da terapia. O u, se a dependência havia sido
considerada como um CRB 1, então, m elhoras precisam ser modeladas e refor
çadas, e não punidas. U m a m elhora pode ser o fato de o cliente ligar para o
terapeuta um a ou duas vezès por semana, ao invés de quatro ou cinco, ou diminuir
o tem po de suas ligações telefônicas para m enos de dez minutos. U sar a visão
das relações objetais para avaliar o com portam ento como patológico pode levar
à pun ição de com portam entos de depen d ên cia, m esm o quando eles são
considerados avanços.
(1976), que m ostraram que o com portam ento dentro da sessão poderia,
eventualmente, ser útil no processo de terapia comportamental. Goldfiied (1982)
tam bém cham ou a atenção para o relacionamento cliente-terapeuta como aspecto
prim ordial para o entendimento da resistência durante a terapia comportamental.
Essa oportunidade terapêutica, de os problem as do cliente ocorrerem na sessão
terapêutica, foi tam bém reconhecida p o r G oldfiied, que entendia a resistência
com o sendo “ uma benção contraditória pois, ao mesm o tem po em que interfere
no andam ento da terapia, tam bém fornece ao terapeuta am ostras em prim eira
m ão do problem a do cliente” (p. 105). Em bora esses autores reconhecessem a
ocorrência dos problemas do cliente dentro da sessão e sua respectiva contribuição
potencial para o tratam ento, eles tam bém os entendiam como desem penhando
um papel relativam ente m enor dentro dos m étodos de terapia com portam ental.
Assim, essas visões parecem ter rido pouco impacto na área. Ao contrário, quando
terapeutas coinportamentais falam a respeito da relação terapêutica e reconhecem
a sua im portância, eles tipicam ente se referem a tais fatores como “efeitos não-
específicos”, “o uso de um ‘bom relacionam ento’ como base para se obter
cooperação durante o tratam ento” ou “usar o valor de reforçam ento social do
terapeuta para m otivar ou m anter m udanças na vida diária” . M esm o tendo
considerável im portância, essas variáveis não direcionam a atenção para os
comportamentos clinicamente relevantes que ocorrem na sessão terapêutica, como
acontece na FAP.
E ssa diferença de enfoque está clara na revisão de Sw eet (1984) sobre
a ssu n to s de re la c io n a m e n to te ra p ê u tic o a p re s e n ta d o s p o r te ra p e u ta s
comportamentais, que incluem fatores como o impacto do relacionamento, tempo
do terapeuta, e reforçam ento social. N enhum dos estudos revisados m encionou
a im portância dos com portam entos-problem a do cliente que ocorrem durante a
sessão. Algum as vezes esses com portam entos foram ignorados, m esm o tendo
atraído a atenção do terapeuta, com o neste caso exem plificado por Sweet: ele
descreveu um a cliente que estava com m edo de progredir no tratam ento, o que
era m anifestado, em parte, por suas reações negativas perante os elogios do
terapeuta (reforçamento social foi o procedimento empregado). O terapeuta usou
“flo o d in g ” para “superar esse im passe” . Ao citar esse caso como um exemplo
de como superar um a dificuldade técnica, o “medo do sucesso” dentro do processo
terapêutico, Sweet desconsiderou a importância deste fator como um a ocorrência
de um problem a que tinha im pacto significativo em outras áreas da vida do
cliente. A lénfdisso, não foram levados em consideração os benefícios potenciais
que a “superação da dificuldade técnica” poderia ter tido na vida do cliente.
204 C apítulo 7
A pesar das diferenças, dever-se-ia enfatizar que a FAP com plem enta
e sobrepõe-se a outras terapias com portam entais. Uma vez que a terapia
com por-tam ental dem onstrou sua eficácia, ainda é o tratamento escolhido para
intervenção inicial na m aioria das situações. Em contraste, os dados em píricos
que confirm am a eficácia da FAP ainda não foram reunidos. Por essa única
razão, faz sentido tentar a terapia com portam ental como prim eira intervenção
e só depois com plem entar com a FAP, conform e for necessário.
O s m é to d o s da FA P se so b re p õ e m ao s m é to d o s das te ra p ia s
com portam ental e psicanalítica. Para ilustrar essa posição, vam os considerai- o
caso de M elissa, 29 anos, que procurou terapia com o segundo autor por
apresentar depressão recorrente e sentir-se arrasada em função de seu pouco
valor. O seu dia-a-dia não estava funcionando bem , e a sensação era de estar “se
afo g an d o ” . Sem sen tir n en h u m entusiasm o p e la vida, ela co n fesso u ter
considerado a hipótese de suicídio. E la lutou contra questões do tipo: “E u valho
a pena?”, “Consigo m e perdoar?”, “Vale a pena alguém m e amai'?” . N otam os
que ela nunca tinha tido um a relação íntima. Tradicionalm ente, os tratam entos
com portam entais evitam esses problem as pouco específicos e os deixam para
terapeutas psicodinam icam ente orientados. Todavia nós acreditam os que esse
tipo de problem a do cliente pode ser subm etido a u m a análise comportam ental.
evocados som ente por relacionam entos de longa duração. Devido a isso, o
tratam ento tam bém foi longo - eu vi M elissa por um período superior a 5 anos.
A duração do seu tratam ento lembra a duração de tratam entos psicanalíticos,
porém foram usados princípios comportamentais.
Trecho 1
C: Eu estou sempre nervosa perto de você. Eu estou contando a você sobre meus
sentimentos, minha vida; sinto-me nua. Quando não digo nada, me sinto segura.
Quando eu o faço, não sei prever minha reação ou a sua. Eu me preocupo com o
que você irá pensar. (Esse é um CRB2 significativo, uma vez que Melissa raramente
relatava seus sentimentos. Relatos desta natureza são encorajados pela FAP e pela
psicanálise.)
T: Eu me sinto mais próxima de você quando você me deixa saber quem você é. (Eu
estou ampliando uma resposta específica, que é um reforçador natural em potencial.
Apesar de ser geralmente visto como contraterapêutico por psicanalistas, e não
ser normalmente utilizado por terapeutas comportamentais, é recomendável fazer
uso dele, de acordo com as regras da FAP.)
Psicoterapia Analítica Funcional 207
C: Eu nunca senti meus sentimentos tão próximos da superfície antes, nunca os senti
tão intensamente. (A Regra 4 sugere a observação dos efeitos do reforçamento.
Essa resposta parece refletir um resultado imediato dos efeitos reforçadores da
resposta do terapeuta.)
Trecho 2
T: Como será para você não me ver por 4 semanas? (Um enfoque dado ao fato do
terapeuta sair de férias é um procedimento padrão dentro da FAP e da psicanálise.
Embora não seja freqüentemente trabalhado por terapeutas do comportamento, a
FAP oferece uma explicação comportamental para se fazer isso em alguns casos.)
C: Difícil, pois me sinto muito ligada a você. Esse é o único lugar onde posso falar,
chorar, fazer o que quiser. O fato de não te ver por um mês é uma chance para eu
tentar me relacionar mais intimamente com as pessoas de quem eu gosto. (Isto é
um CRB2, uma resposta importante tanto para a FAP quanto para a psicanálise.)
T: Eu também vou sentir saudades. (É permitido fazer isso na FAP, porém não na
psicanálise.)
Trecho 3
Trecho 4
T: Você realmente se abriu para mim, para você mesma e para os outros. Você saiu do
período suicida, e está aprendendo mais sobre o que te coloca e te tira destes estados
de espírito, está correndo mais riscos, aprendendo mais sobre o que você quer, sobre
o que sente e como conversar a respeito desses sentimentos. Você está mais consciente
sobre sua sexualidade. (Essa é uma interpretação que traz aspectos de interesse tanto
para psicanalistas quanto para terapeutas comportamentais. A comparação entre o
comportamento dela dentro da sessão e o comportamento que ocorçe na vida real é
característica-da psicanálise. A ênfase dada ao relacionamento funcional entre o seu
comportamento e o seu humor na vida diária é mais característica da terapia
comportamental. A interpretação da FAP contém elementos de ambos.)
208 C apítulo 7
TEMAS ÉTICOS
209
210 Capítulo 8
P ro c e d a c u id a d o sa m e n te
U m a vez que focalizar o com portam ento que ocorre durante a sessão
intensifica os sentimentos entre cliente e terapeuta, pode acontecer como resultado
um a atração sexual entre os dois indivíduos. Mesmo pensando que discutir esses
sentim entos pode ser um a p o ssib ilid ad e de progresso terapêutico, agir é
contraterapêutico e anti-ético. U m a questão sem elhante existe quando o cliente
tem problemas sexuais. U m terapeuta ingênuo ou “interesseiro” pode argumentar
que, de acordo com os princípios da FAP, a m elhor intervenção seria envolver-
se sexualm ente com o cliente pois os com portam entos clinicam ente relevantes
212 Capítulo 8
O terapeuta, 110 entanto, como membro de uma cultura que contém formas
sutis, e às vezes não tão sutis, de preconceitos e discriminações, pode ter valores
consistentes com essa cultura. Valores se referem aos reforçadores para a pessoa;
isto significa que um terapeuta sexista ou racista pode continuar a reforçar os
Reflexões 213
pode ser contraterapêutico. M ais problem áticos ainda do que dinheiro são outros
reforçadores possíveis para o terapeuta, com o a subserviência do cliente, sua
admiração, civilidade, paquera, m asculinidade, fem inilidade e assim por diante.
S o m e n te p o rq u e e sse s re fo rç a d o re s p o d e ria m se r re s p o n s á v e is p e lo
com portam ento do terapeuta, isto não garante que assim aconteça. N o entanto o-
problem a é difícil de resolver.
SUPERVISÃO BA FAP
Supervisor: Eu estou contente por trabalhar com você. Eu penso que você é realmente
especial, e sinto uma familiaridade e tranqüilidade com você que é raro eu sentir
com uma pessoa que eu não conheço muito bem.
216 C apítulo 8
2.Quando o seu cliente fala de coisas que você pensa que são irrelevantes,
quais tipos de causas m últiplas podem estar operando e que expressam
preocupações do cliente? D e que m odo você pode utilizar seus
sentimentos de raiva e aborrecim ento como estímulos discriminativos
para auxiliá-lo a ser um m elhor terapeuta?
3.Quais são seus sentim entos a m eu respeito? Quais são seus m edos e
expectativas sobre o nosso relacionam ento? (Essas são questões que
se com param às form uladas pelo terapeuta ao cliente.)
5.Eu percebi que você não parece diferente quando seu cliente chora. O
que você sente quando ele está chorando? Quais são seus sentim entos
sobre o choro?
6.Eu gostaria que você fizesse um a lista sobre o que você sente ser
adequado querer no nosso relacionam ento, e o que você considera não
ser adequado querer. (E ssa p ro p o sta é sem elhante àquela que o
supervisando deveria dar ao seu cliente.)
PESQUISA E AVALIAÇÃO
É bem conhecido o com prom etim ento dos behavioristas com a coleta de
dados. Então, a questão que podem os levantar é, “H á um resultado sistem ático
ou processo de coleta de dados no qual a FAP se baseia? Infelizm ente, até o
m om ento, não-há este tipo de dado. A FAP, no entanto, se baseia em inúm eros
dados e estudos de laboratório no que se refere a conceitos básicos como
reforçam ento, esquiva, controle de estím ulo e regras. Porém , nós am pliam os
218 Capítulo 8
O que supõe-se que aconteça e o que realm ente acontece não são a m esm a
coisa. De acordo com Barlow, um pesquisador clínico renom ado, “a pesquisa
clínica influencia pouco ou nada a prática clínica (1981, p. 147). Isso é verdadeiro
m esm o para os terapeutas com portam entais. Com o pode isso acontecer? Nos
últim os trinta anos, nossa disciplina tem tido o objetivo de integrar a ciência e a
prática, e m ilhares de dólares têm sido gastos com estas pesquisas. A raiz do
problem a, de acordo com Barlow, está na lim itação das estratégias de pesquisas
convencionais em pregando pesquisas de com paração entre grupos.
queixas vagas e subjetivas Uma vez que os sujeitos de pesquisa tendem a ter
problemas objetivos e específicos, e as informações sobre os sujeitos individuais
não são disponíveis, o clínico pode não encontrar estudos sobre problemas
encontrados em sua prática. Em um a palavra, as estratégias de pesquisa
convencional produzem informações pouco relevantes para a prática clínica.
Quarto, são feitas descobertas. Por estar envolvido naquilo que acontece
de m om ento a m om ento, no decorrer da terapia, o terapeuta observa os efeitos
de inúm eras intervenções, intencionais ou acidentais, podendo assim fazer
descobertas.
Q uinto, am eaças à validade interna são consideradas. Validade interna
se refere à exclusão das hipóteses alternativas de porque um a intervenção
funciona. P or exem plo, se o terapeuta oferece um a interpretação e o cliente
m elh o ra n as sem anas seg u in tes, a questão d a v alidade interna trata da
p o ss ib ilid a d e de que o u tro s fato res se ja m re sp o n sá v e is p e la m elh o ra.
222 Capítulo 8
Experim entos, através de grupos de controle, são a m aneira mais fácil de excluir
as am eaças à validade interna, m as, como foi discutido anteriorm ente, falta
relevância a eles (validade externa). N ão estam os sugerindo que os terapeutas
digam a si m esm os, “eu agora vou avaliar sistem aticam ente a validade intem a
da m inha interpretação, decidindo pela eliminação das hipóteses contrárias” .
M as, dependendo do treino e da base, o terapeuta pode considerar outros fatores
que podem ter produzido o efeito. Esses fatores podem incluir o que está
acontecendo na vida do cliente no momento, (p.ex., o cliente finalmente encontroa
trabalho) e o efeito atrasado de intervenções anteriores. O terapeuta poderá
basear-se na fidedignidade da informação disponível e talvez perguntar ao cliente
sua opinião de porque ocorreu a m udança. Juntando todas essas inform ações, o
terapeuta decide, com vários graus de confiança subjetiva, se a interpretação e/
o u outros fatores causaram a m elhora.
PROBLEMAS C U L T U R A IS DECORRENTES DA
P E R D A DE COMUNICAÇÃO
m esm os, nós sugerimos que de algum a form a elas podem aum entar o contato
com contingências externas e ocultas. Por exemplo, o ato de meditar é inconsis
tente com muitas das regras-padrão da sociedade que nos separam das contin
g ên cias ocultas. A m editação é contra tais reg ras com o “ sem pre trabalhe
bastante”, “tenha sucesso”, “junte bastante dinheiro”, e “não perca tem po”. Essa
atividade pode ser concebida como a prática da rejeição das regras. As regras
são construídas na sociedade ocidental para perm itir aprendizagem através da
experiência dos outros. N osso sistem a educacional é baseado na disseminação
das regras. No entanto, como Skinner salientou, um dos motivos de tanto do nosso
comportamento ser governado por regras, é que muito do que fazemos foi porque
assim nos disseram. Os reforçadores ocultos podem estar m enos disponíveis.
D esta forma, o m editador quebra o controle das regras que poderiam colocá-lo
num a posição de ter contato com outros reforçadores. A m editação tam bém
poderia perm itir o destaque dos processos corporais, com o digestão e funções
circulatórias e cardíacas, as quais por seu lado colocariam o meditador em melhor
contato com as contingências externas que afetam essas funções.
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210 p o rta m e n to
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235
236 I nd i c e
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