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Especialização Avançada em Educação e Formação de Adultos

Manual do e-formando

Módulo V

Andragogia vs. Pedagogia

e-Formadora
Fátima Rodrigues

www.webstudy.pt
Índice

OBJETIVOS PEDAGÓGICOS .......................................................................................................................... 4


INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................................... 5
PEDAGOGIA ......................................................................................................................................................... 6
PRINCÍPIOS DA PEDAGOGIA ............................................................................................... 6
Motivação ............................................................................................................... 6
Criatividade ............................................................................................................ 7
Estruturação ........................................................................................................... 8
Exercício ................................................................................................................ 9
Concretização ......................................................................................................... 9
Avaliação e Garantia de Êxito .................................................................................... 9
Variabilidade e Flexibilidade .................................................................................... 10
Diferenciação ........................................................................................................ 10

ANDRAGOGIA ....................................................................................................................................................12
PRINCIPAIS TEÓRICOS ................................................................................................... 14
PRINCÍPIOS DA ANDRAGOGIA ........................................................................................... 14

PEDAGOGIA VS. ANDRAGOGIA .................................................................................................................16


MÉTODOS PEDAGÓGICOS ............................................................................................................................17
ESCOLHA DO MÉTODO ................................................................................................... 17
MÉTODOS PEDAGÓGICOS ................................................................................................ 18
Método Expositivo ................................................................................................. 18
Método Interrogativo ............................................................................................. 19
Método Demonstrativo ........................................................................................... 20
Método Ativo ........................................................................................................ 21

MOTIVAÇÃO DOS ALUNOS ...........................................................................................................................22


DIDÁTICA E TECNOLOGIA ...........................................................................................................................25
UTILIZAÇÃO DAS TICS COMO RECURSOS PEDAGÓGICO NA FORMAÇÃO DE ADULTOS............................ 25
FERRAMENTAS PARA APRESENTAÇÃO MULTIMÉDIA ................................................................... 29
APRESENTAÇÕES EFICAZES.............................................................................................. 32
APRESENTAÇÃO MULTIMÉDIA DE SUCESSO............................................................................ 34

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................................................................47


BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................. 47
WEBGRAFIA................................................................................................................ 47

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“O objetivo do homem deve ser criar e transformar o mundo,
sendo ele o sujeito de sua ação”.
Paulo Freire (1993)

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Objetivos Pedagógicos

Pretende-se que no final deste módulo, os formandos sejam capazes de:

• Conhecer os Princípios da Pedagogia;


• Conhecer os Princípios da Andragogia;
• Diferenciar Pedagogia de Andragogia;
• Caraterizar e conhecer os métodos Pedagógicos;
• Utilizar estratégias de motivação para os alunos;
• Utilizar as Tecnologias didaticamente;
• Conhecer diferentes ferramentas para apresentação Multimédia;
• Criar apresentações eficazes e de sucesso;
• Utilizar o PowerPoint.

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Introdução

No século XXI, vivemos diante de uma economia com mudanças constantes em todas
as áreas, logicamente, quanto mais céleres as mudanças, maior o seu impacto sobre
os estudantes em geral, porque eles têm que se adaptar rapidamente à nova
situação.

Assim, cada vez mais é necessário conduzir o nosso próprio destino e modificar o
ambiente que nos rodeis, sendo fundamental a capacidade de decidir, de mudar, de
reaprender e de aprender a aprender.

A Educação de Adultos é neste cenário um recurso fundamental para a adaptação do


adulto a novas realidades e contextos.

Assim, a Educação de Adultos precisa estimular no estudante o autodidatismo, a


capacidade de autoavaliação e autocrítica, as habilidades profissionais, a capacidade
de trabalhar em equipas. É fundamental enfatizar a responsabilidade pessoal pela
própria aprendizagem e a necessidade e capacitação para a aprendizagem continua ao
longo da vida. Os princípios da andragogia levam em consideração a vivência do
estudante no processo de ensino-aprendizagem.

Neste módulo serão trabalhados os Princípios da Pedagogia e da Andragogia, focando


as suas diferenças. Serão tratados os métodos Pedagógicos, algumas formas de
motivar os alunos, a utilização das Tecnologias didaticamente e diferentes
ferramentas para apresentação Multimédia. Será dada especial importância à
utilização do PowerPoint e cuidados a ter para a criação de apresentações eficazes e
de sucesso.

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Pedagogia

A Pedagogia abrange campo teórico-investigativo da educação, do ensino, de


aprendizagens e do trabalho pedagógico que se realiza na práxis social. As atividades
do profissional nessa área envolvem a docência, a gestão dos processos educativos
em ambientes escolares e não-escolares, e ainda a produção e disseminação de
conhecimentos da área da educação.

O profissional de Pedagogia atua na docência na Educação Infantil, assim como em


Educação Profissional, na área de serviços e apoio escolar, além de em outras áreas
nas quais conhecimentos pedagógicos sejam previstos; atua a nível de gestão
educacional, entendida numa perspetiva democrática, que integre as diversas
atuações e funções do trabalho pedagógico e de processos educativos escolares e
não-escolares, especialmente no que se refere ao planeamento, à administração, à
coordenação, ao acompanhamento, à avaliação de planos e de projetos pedagógicos,
bem como análise, formulação, implementação, acompanhamento e avaliação de
políticas públicas e institucionais na área de educação e atua na produção e difusão do
conhecimento científico e tecnológico do campo educativo.

Princípios da Pedagogia

Motivação

A motivação pode ser inicial ou a longo do percurso. Pode ser intrínseca ou extrínseca,
de aprendizagem (descoberta do Mundo) ou de desempenho (prova do talento
próprio).
Para caracterizar a motivação intrínseca, temos em atenção, a ambição, prazer
criativo, êxito e interesse. Quando falamos em fatores ligados a recompensas, como
por exemplo as classificações das disciplinas, prendas dos pais em caso de êxito, etc,
estamo-nos a referir aos fatores extrínsecos.

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Desmotivação
Muitas vezes ouvimos que os alunos andam desmotivados. Os alunos podem andar
desmotivados por vários motivos: Por exemplo o mundo dos conhecimentos das
disciplinas é-lhes estranho, pouco apelativo, inútil. Por vezes não se identificam com
os valores veiculados pela Escola: ordem, trabalho, esforço.
Outra razão para a desmotivação pode ser a falta de empatia com os professores.
Outras vezes estão concentrados a viver as dinâmicas e problemas da adolescência.
Outro fator de desmotivação é o facto do “ciclo de recompensa” ser muito longo, ou
seja só após anos de estudos obterão os reais benefícios dos estudos: um emprego,
autonomia financeira, integração na sociedade...

Favorecer a motivação
Sendo a motivação fundamental para a aquisição e compreensão de conhecimentos,
torna-se fundamental trabalhar em torno de um aumento de motivação nos alunos.
Assim, o professor deve alimentar a atitude de expectativa dos alunos e não
desenvolver expectativas exageradas. Deve trabalhar na esfera de experiência dos
alunos e oferecer momentos surpreendentes. Outra forma do professor favorecer a
motivação no aluno é utilizar motivação extrínseca apenas raramente e promover a
“alegria no trabalho” correspondendo a interesses espontâneos. Deve também criar
situações com tomada de decisões.
A questão coloca-se no tempo de duração desta motivação conseguida. Para que a
motivação perdure ao longo do tempo, é importante que o professor formule
perguntas pertinentes, e se possível estimular os alunos a formulá-las. O professor
deve ter atenção para administrar bem o tempo e o ritmo, deve evidenciar o êxito
parcial e conservar os resultados parciais e fazer balancos dos êxitos alcançados.
Desenvolver a aula com sequencialidade logica e oferecer uma clara estruturação bem
como permitir o tratamento dos aspetos básicos do tema e de forma interligada
podem ser outras estratégias para manter a motivação ao longo do tempo.

Criatividade
A criatividade é uma capacidade associada à produção de desempenhos e obras
originais, referindo-se a um conjunto complexo de energias produtivas. A criatividade
do aluno coloca em prática a reconstrução do saber, por isso é um dos objetivos mais
importantes do Ensino.

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Para a criatividade, são importantes outros princípios didáticos: motivação, exercício,
diferenciação e individualização.
A criatividade só floresce numa atmosfera livre e aberta, em que os alunos são
considerados como pessoas independentes e eventuais erros são tolerados, aceites
com naturalidade.
Existem alguns fatores que podem inibir a criatividade, como por exemplo a pressão
conformista, as atitudes autoritárias, os comentários trocistas, humilhantes e cínicos
ou a rigidez da personalidade do professor. Também a sobrevalorização das
recompensas, o exagero na procura de rigor ou precisão, a hostilidade face a
personalidades “diferentes “ou a intolerância face a caminhos de solução pouco
habituais podem limitar a criatividade.

Promover a criatividade
Para promover a criatividade é essencial promover a atividade e evitar planos rígidos,
e é benéfica a influência indireta do professor. Acolher sempre de forma positiva as
contribuições, ideias e críticas dos alunos favorecendo assim um clima livre e aberto.
É essencial utilizar trabalho silencioso, apresentações pelos alunos e trabalho de
grupo.

Estruturação

A realidade é complexa e torna-se importante a utilização da abstração, decomposição


e classificação para facilitar a aquisição de conhecimentos.
A ordenação dos conteúdos de aprendizagem em contextos de ordem superior é
também uma mais-valia.
Segundo os conteúdos, a estruturação deve atender à delimitação, concentração no
essencial, decomposição em passos ou fases, concentração pela abstração e
construção de conceitos e regras.
Segundo os métodos a estruturação deve atender ao plano de distribuição dos
conteúdos articulação e ligações cruzadas, análise “anatómica” e atribuição de
recursos como o projetor, ficha de trabalho, materiais, instrumentos, etc.

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Exercício
Os exercícios são um ótimo recurso para consolidar, por meio da repetição, o que se
aprendeu. Permitem uma transferência da memória de curto prazo para a memória de
longo prazo. Os exercícios podem ser trabalhados e elaborados de várias formas,
como por exemplo exercícios sobre um capítulo de um livro, exercícios acompanhados
por tutor, produção de uma apresentação, repetição de tarefas praticas, etc.

Promover o exercício
Para promover o exercício o professor deve realçar a importância do conteúdo a
exercitar, motivar tanto quanto possível de forma intrínseca, referir os restantes
elementos do contexto como ajuda e promover um clima agradável.
Também as associações facilitam a memorização bem como o envolvimento do
máximo de sentidos (ouvir, ver, escrever anotações, realizar atividades praticas).

Concretização

Os alunos não conseguem apreender os conteúdos sob a forma de grande quantidade


de dados, sendo fundamental promover a clareza, permitindo a produção de
associações, a seleção do importante e o reconhecimento das estruturas permanentes
Para favorecer a concretização o professor deve apoiar a capacidade de representação
do aluno com vista à construção dos conceitos.
É importante que a observação funcione como processo ativo a desenvolver pelo
aluno e que haja um envolvimento do máximo de funções dos sentidos. O aluno deve
assim passar por três níveis de experiência; fazer; observar; simbolizar.
A linguagem desempenha um papel importante, pois nomeia os fenómenos e
constitui-os como factos observáveis. Por isso é fundamental tirar partido das
dimensões da linguagem.

Avaliação e Garantia de Êxito

A aprendizagem traz uma mudança de comportamento. Os comportamentos são


observáveis e observados para avaliar o êxito do processo de ensino-aprendizagem.
O principal objetivo da avaliação é verificar o cumprimento dos objetivos.

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O processo é contínuo, interativo e regulado, por isso é necessária retroalimentação
com referência aos objetivos de aprendizagem. Para a realização da avaliação
podemos destacar alguns elementos como por exemplo perguntas sobre as tarefas,
contributos dos alunos, resultados do trabalho individual, de apresentações pelos
alunos, resultados das provas de avaliação, resultados dos trabalhos, desenrolar dos
processos de trabalho, entre outros.
Para que a avaliação seja funcional é necessário que o professor formule para cada
unidade os objetivos de aprendizagem para assim refletir acerca do que devem os
alunos aprender. No fim de cada sessão e unidade, o professor deve procurar
responder às questões: que aprenderam os meus alunos? e em que me baseio para
responder à pergunta anterior?
O professor deve ainda estimar e dimensionar adequadamente o nível de exigência ou
dificuldade, utilizar instrumentos adequados e observar e registar. O resultado de uma
ação de avaliação deve sempre reverter sobre o nosso ensino.

Variabilidade e Flexibilidade

A variabilidade e flexibilidade têm como principais vantagens: evitar o aborrecimento


dos alunos, apoiar a estruturação, alimentar diferentes esferas de desempenho, lidar
bem com situações inesperadas, promover todas as possibilidades de aprendizagem e
respetivas ajudas, contemplar os diversos tipos de aprendizagem e evitar a
“armadilha” de apresentar da mesma forma conteúdos analogamente estruturados.

Promover a variabilidade e flexibilidade


A utilização de diferentes recursos e métodos de ensino e a adoção de um discurso e
mimica variáveis e dinâmicos contribuem para a variabilidade e flexibilidade, assim
como variar as formas sociais e de interação: apresentação pelo professor,
apresentação pelo(s) aluno(s), trabalho silencioso, diálogo, etc.

Diferenciação

A aprendizagem ocorre no cérebro de cada um, sendo um fenómeno individual. O


ensino é massificado, mas todos os indivíduos são diferentes.

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Neste sentido são favorecidos os grupos homogéneos, tendo em conta critérios como
as capacidades, níveis de desempenho, problemas ou interesses dos alunos.
A diferenciação deve ter em conta as condições prévias e atuais dos alunos, como por
exemplo o tipo de aprendizagem, as capacidades cognitivas e intelectuais, as
capacidades logicas, a criatividade, as falhas anteriores de êxito individual, as
carências afetivas e os problemas sociais.

Promover a diferenciação
Para promover a diferenciação é importante definir diferentes objetivos de
aprendizagem, distribuir tarefas diferenciadas, utilizar formas sociais adaptadas
(trabalho de reflexão, trabalho em pares, trabalho individual).
Também a promoção de fases de repetição e reflexão, a seleção adequada de
recursos, a adequação das tarefas em relação ao tempo, a prestação de apoio
diferenciado, à medida das dificuldades de cada aluno ou grupo permitem sem dúvida
a promoção da diferenciação.

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Andragogia

Amélia Hamze diz que: “Andragogia é um caminho educacional que busca


compreender o adulto”. Ou seja, a Andragogia significa, “ensino para adultos”. Para
Knowles (1976, p. 17), andragogia é a “arte e a ciência destinada a auxiliar os adultos
a aprender e a compreender o processo de aprendizagem de adultos”.

A andragogia busca compreender o adulto considerando os aspetos psicológicos,


biológicos e sociais.

Andragogia é a arte de ensinar aos adultos, que não são aprendizes sem experiência,
pois o conhecimento vem da realidade (escola da vida). O aprendizado é factível e
aplicável. Esse aluno busca desafios e soluções de problemas, que farão diferenças
nas suas vidas. Busca na realidade académica realização tanto profissional como
pessoal, e aprende melhor quando o assunto é de valor imediato. O aluno adulto
aprende com seus próprios erros e acertos e tem imediata consciência do que não
sabe e o quanto a falta de conhecimento o prejudica. Precisamos ter a capacidade de
compreender que na educação dos adultos o currículo deve ser estabelecido em
função da necessidade dos estudantes, pois são indivíduos independentes
autodirecionados.

Na Andragogia, a aprendizagem adquire uma particularidade mais localizada no aluno,


na independência e na autogestão da aprendizagem, para a aplicação prática na vida
diária. Os alunos adultos estão preparados a iniciar uma ação de aprendizagem a
partir do momento que se envolvem com a sua utilidade para enfrentar problemas
reais da sua vida pessoal e profissional.

A circunstância de aprendizagem deve caracterizar-se por um “ambiente adulto”,


baseando-se na confrontação da experiência de dois adultos (ambos com experiências
igualadas no procedimento ativo da sociedade),o que faz do professor um facilitador
do processo ensino aprendizagem e do educando um aprendiz, transaluno o
conhecimento numa ação recíproca de troca de experiências vivenciadas, sendo um
aprendizado em mão dupla.

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Na educação de adultos existem relações horizontais, parceiras, entre facilitador e
aprendizes, colaboradores de uma iniciativa conjunta, em que os empenhos de
autores e atores são somados. A metodologia de ensino e aprendizagem fundamenta-
se em eixos articuladores da motivação e da experiência dos aprendizes adultos.

Os alunos adultos aprendem partilhando conceitos, e não apenas recebendo


informações. Desta coexistência e participação nos processos de decisão e de
compreensão podem derivar contornos originais de resolução de problemas, de
liderança, identidades e mudanças de atitudes em um espaço mais significativo.

Na educação de adultos é difícil indicar quem aprende mais: se é o professor ou o


estudante. Na educação convencional o aluno adapta-se ao currículo e na educação de
adultos, o aluno colabora na organização do currículo. A atividade educacional do
adulto é centrada na aprendizagem e não no ensino, sendo o aprendiz adulto agente
de seu próprio saber e deve decidir sobre o que aprender. Os adultos aprendem de
modo diferente de como as crianças aprendem. Portanto é essencial que os métodos
aplicados também sejam distintos. A finalidade é o de propor como o adulto aprende e
não avaliar a sua capacidade de aprendizagem que procede mais da participação em
tarefas, do estudo em grupo e da experiência. O papel do educador é facilitar a
aprendizagem, enfatizando, nesse procedimento, a bagagem de informação trazida
pelos seus educandos.

A educação de adultos relaciona-se com um adulto responsável por si próprio nos


diversos contextos de vida, e por isso a educação de adultos deverá ser através de
situações e não de disciplinas.

Contrariamente, no nosso sistema educativo disciplinas e professores ainda


constituem o centro educativo. Na educação convencional, com a utilização da
pedagogia, é exigido do estudante ajustar-se ao currículo estabelecido; na educação
de adulto, com a utilização da andragogia, o currículo é construído em função da
necessidade do estudante. Assim, todo o adulto se vê envolvido com situações
específicas de trabalho, de lazer, de família, da comunidade, etc.

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As matérias (disciplinas) só devem ser introduzidas quando necessárias. Textos e
professores têm um papel secundário nesse tipo de educação; eles devem dar a
máxima importância ao aprendiz.
Os adultos são conscientes das suas decisões de vida e esperam ser tratados pelos
demais como indivíduos capazes de se autogerir. Esta atenção não pode faltar
também a outros aspetos que se relacionam com o perfil do estudante adulto.

Principais Teóricos

Malcolm Knowles
Autor que desenvolveu a Andragogia. Foi um dos primeiros autores a analisar com
profundidade as diferenças principais entre a pedagogia (ensino de crianças) e a
maneira como o adulto busca o seu conhecimento (andragogia).
Na sua teoria, considera pontos interessantes e bastante atuais que evidenciam o
envolvimento de um aluno no processo de aprendizagem ao incluir a valorização de
experiências já vividas, a forma como o próprio adulto se enxerga dentro de sala de
aula, quais são as expectativas e motivações e como isso se dá na “vida real”, de
volta ao ambiente de trabalho.

Bob Pike e David Kolb: Bob Pike propõe uma série de dinâmicas para que o instrutor
saiba aproveitar os diferentes níveis de conhecimento de cada aluno dentro de um
grupo. Já David Kolb sugere a utilização de experiências como mediadora entre o
aprendizado e a vida real do participante, para consolidar o conteúdo estudado.

Fonte: https://ferdantas.wordpress.com/2009/05/11/pedagogia-x-andragogia-%E2%80%93-
comparacoes/

Princípios da Andragogia

1 – Necessidade de Saber
O adulto tem necessidade de entender o porquê da aprendizagem e qual o ganho que
ele terá, sendo assim fundamental demonstrar os resultados esperados.

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2 – Autoconceito
Os adultos são os responsáveis pelas suas ações e querem ser vistos dessa forma, o
que pode gerar conflito quando a relação professor-aluno o coloca numa posição
passiva. O educador deve criar experiências que ajudem o participante a fazer a
transição de aluno dependente para auto-orientado.

3 – Papel das experiências


Logicamente que um adulto chega à sala de aula com muito mais experiência do que
uma criança. A aprendizagem será muito mais rica e intensa se cada participante
sentir a oportunidade de contribuir no processo. O adulto é a sua experiência de vida,
portanto, negar a sua experiência é negar a pessoa.

3 – Prontidão para aprender


A necessidade gera prontidão! O adulto está sempre mais disposto a aprender as
coisas que necessita para atingir resultados positivos em situações reais de seu dia a
dia. Uma forma de demonstrar isso ao participante pode ser expondo-o a
oportunidades de realizar um grande desempenho ou por meio de coaching.

5 – Orientação para a aprendizagem


Ao contrário da criança que é orientada para o processo de aprendizagem em si, o
adulto tem o foco em sua vida, nas suas tarefas e nos seus problemas. O adulto tem
disposição para aprender o que dá resultado claro e, preferencialmente, imediato.
Dessa maneira, é fundamental demonstrar a aplicação e a utilidade de cada conceito
apresentado.

6 – Motivação
Existem muitos fatores externos que podem ser importantes motivadores (melhores
salários, promoções, etc.), no entanto, os aspetos intrínsecos geram uma motivação
muito mais ativa. Dessa forma, devem ser levados em conta programas que auxiliem
no desenvolvimento de uma maior autoestima, satisfação no trabalho ou qualidade de
vida.

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Pedagogia vs. Andragogia

A andragogia difere da pedagogia se comparada aos modelos pedagógicos


conservadores.

Comparação entre pedagogia e andragogia segundo Malcom Knowles:

Modelo Pedagógico Modelo Andragógico

Os adultos são portadores de uma experiência


A experiência daquele que aprende é que os distingue das crianças e dos jovens. Em
Papel 
 da
considerada de pouca utilidade. O que é numerosas situações de formação, são os
Experiência
importante, pelo contrário, é a experiência próprios adultos com a sua experiência que
do professor. constituem o recurso mais rico para as suas
próprias aprendizagens.

A disposição para aprender aquilo que o Os adultos estão dispostos a iniciar um


Vontade 
 de professor ensina tem como fundamento processo de aprendizagem desde que
Aprender critérios e objetivos internos à lógica compreendam a sua utilidade para melhor
escolar, ou seja, a finalidade de obter êxito afrontar problemas reais da sua vida pessoal e
e progredir em termos escolares. profissional.

A aprendizagem é encarada como um Nos adultos a aprendizagem é orientada para


Orientação 

processo de conhecimento sobre um a resolução de problemas e tarefas com que se
da
determinado tema. Isto significa que é confrontam na sua vida cotidiana (o que
Aprendizagem
dominante a lógica centrada nos desaconselha uma lógica centrada nos
conteúdos, e não nos problemas. conteúdos)

A motivação para a aprendizagem é Os adultos são sensíveis a estímulos da


fundamentalmente resultado de estímulos natureza externa (notas, etc.), mas são os
Motivação
externos ao sujeito, como é o caso das fatores de ordem interna que motivam o
classificações escolares e das apreciações adulto para a aprendizagem (satisfação,
do professor. autoestima, qualidade de vida, etc.)

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Métodos Pedagógicos

Escolha do Método

Para escolher o método pedagógico, segundo o Projeto INFORADAPT (2001-2006),


devemos tem em conta vários critérios.

Tempo Disponível: Refere-se ao tempo de duração da formação. Os métodos ativos


exigem mais tempo mas são mais eficazes. Quando é necessário transmitir muita
informação é preferível recorrer ao método clássico de exposição, recorrendo ou não a
projeções.

Número de participantes: O número de alunos num determinado tempo irá sempre


definir a escolha do método pedagógico. Para um grupo inferior a quinze alunos pode-
se aplicar métodos ativos de simulação enquanto que para grupos muito numerosos, é
necessário recorrer a métodos demonstrativos, como conferências, exposição, etc.
Num exercício de demonstração a duas pessoas, o tempo necessário é o dobro do
necessário para uma pessoa.

Objetivo da formação a executar: A formação pode subdividir-se na aquisição de


conhecimentos, práticas e comportamentos. Quando se pretende transmitir normas,
regulamentos, etc., pode-se recorrer a métodos expositivos acompanhados de
documentação escrita.

Eficácia do método: Um aluno em atitude passiva retém 10% do que lê, 20% do
que ouve, 30% do que vê e 50% do que vê e ouve simultaneamente. Numa atitude
ativa, retém 80% do que diz e 90% do que diz, enquanto faz alguma coisa que se
relacione com a sua atividade.

Orçamento: o valor orçamentado para a ação de formação influencia diretamente a


escolha do método a aplicar.

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Métodos Pedagógicos

Método Expositivo

- Situa-se na área do saber-saber;


Características

- O recetor é essencialmente passivo;


- A “autoridade” é do professor;
- As aulas são coletivas, todos recebem a mesma informação;
- A obtenção de resultados não é homogénea;
- O relacionamento entre alunos e professor é formal.

- Número elevado de participantes;


Vantagens

- Grande quantidade de informação em pouco tempo;


- Necessidade de pouco material pedagógico;
- Iniciativa e controlo por parte do professor.

- Professor/ professor não controla a aquisição de conhecimentos;


Desvantagens

- A participação dos alunos é nula;


- A formação não tem em conta fatores como a curiosidade e a
experiência;
- Há pouco contacto entre professor e aluno.

- Definir bem os objetivos;


método
Regras a observar
na execução deste

- Planear e organizar sequencialmente as ideias e os conteúdos;


- Recorrer a técnicas que potenciam a aprendizagem;
- Deve ser-se afirmativo, simples e preciso;
- Devem utilizar-se imagens e exemplos;
- Ter cuidado com a postura, o olhar, a voz;
- Fazer uma síntese no final da exposição.

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Método Interrogativo

- Situa-se na área do saber-saber e saber-fazer;


s
Característica

- Bastante dinâmico e participativo;


- A “autoridade” é do professor;
- Necessidade de ser utilizado conjuntamente com outro método;
- A obtenção de resultados não é homogénea;

- Número elevado de participantes;


Vantagens

- Método dinâmico e participativo;


- Permite o controlo da aprendizagem;
- Boa interação entre alunos e professores;
- As palavras dos alunos têm lugar de relevo.

- Grande participação por parte do professor, para induzir a participação;


Desvantagens

- Não funciona por si só;


- Pode ter resistências por parte de participantes tímidos;
- É necessário uma adaptação das questões à maturação do grupo;
- Exige muito tempo.

- As perguntas devem ser curtas e claras;


método
Regras a observar
na execução deste

- As perguntas devem ser colocadas de forma natural e devem estar


adaptadas aos conhecimentos do grupo;
- As perguntas devem ser para todos os alunos e do geral para o
particular;
- As perguntas têm de ser feitas de acordo com os objetivos de sessão;
- As respostas “sim” e “não” têm ser complementadas.

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Método Demonstrativo

- Situa-se na área do saber-fazer;


Características

- Necessita de mais tempo, quando comparado com o expositivo;


- Funciona sobretudo em grupos pequenos;
- Pressupõe a liderança permanente do professor em todas as tarefas de
demonstração;
- Assenta principalmente na técnica da demonstração.

- Permitir dotar o aluno de um saber-fazer de forma rápida;


Vantagens

- Permite a participação dos alunos, discutindo, dialogando, observando,


realizando;
- Há um contacto e apoio individualizado;
- Adequação ao ritmo do aluno e identificação e correção imediata dos
erros;
- Facilita a avaliação do progresso, através de uma comunicação mútua.
- Não é adequado à formação em grupo;
Desvantagens

- Não há uma necessidade prévia de conhecimento teórico;


- Exige equipamento, material e recursos específicos;
- Pode fazer pouco apelo à imaginação e criatividade;

Momento prévio à ação:


Fases

- Preparar o material e definir os objetivos pedagógicos;


- Organizar e predispor os participantes;
- Informar os participantes dos objetivos;
- Motivar os participantes e explicar como se executa a operação.
Durante a ação:
- Executar e aplicar uma primeira vez, passo a passo;
- Executar uma segunda vez, mais devagar;
- Executar conjuntamente com os alunos;
- Colocar os alunos a executar sozinhos, controlando e supervisionando o
desempenho dos mesmos.
Depois da ação:
- Sintetizar, verificar e esclarecer eventuais dúvidas;
- Comunicar positivamente os resultados atingidos.

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Método Ativo

- Situa-se na área do saber, saber-fazer e saber-fazer;


Características

- O professor estimula, participa, orienta;


- Tem em atenção a pessoa;
- A iniciativa e a imaginação são solicitadas ao aluno;
- É um método dinâmico e participativo;
- Permite uma ótima integração do professor no grupo;
- Permite uma maior motivação por parte do aluno bem como uma
alteração ao nível intelectual, proporcionando uma mudança
comportamental e a introdução de novos hábitos no seu quotidiano.

- Método em que o aluno é o agente ativo e consciente da própria


Vantagens

formação;
- Engloba em si todos os métodos.

- Formação centrada na participação ativa dos alunos.


Desvantagens

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Motivação dos Alunos

Independente da área, disciplina ou região em que ensina ou estuda, qualquer aluno


precisa de motivação para que seja bem-sucedido academicamente. Na educação de
adultos não é diferente e a motivação é fundamental para o sucesso. Além dos fatores
pessoais e profissionais, os estudantes também podem contar com o papel que o
professor desempenha nas suas rotinas escolares para encontrar maior determinação
e manter a disciplina.

Sentimento de controlo: A orientação de um professor é muito importante para que


os objetivos de cada sessão/módulo sejam cumpridos. Mesmo assim, os alunos
devem ter liberdade e algum controle da sua rotina para que não se sintam obrigados
ou prisioneiros. Tais restrições apenas afastam os alunos do prazer da aprendizagem
e dos seus benefícios.

Definição de objetivos: Não saber quais são os objetivos de determinada tarefa ou


conteúdo ensinado é uma fonte de frustração para os estudantes. Informá-los sobre a
utilidade das teorias e dos trabalhos que realizam irá ajudá-los a entender que as
notas não são a única coisa importante nos estudos.

Libertação do ambiente de ameaças: Ninguém consegue realmente aprender se o


que motiva é o medo. É claro que é necessário entender que cada ação é seguida da
sua respetiva consequência, mas isso não significa que se deva procurar controlar os
alunos através de ameaças.

Experiências variadas: Não há apenas uma maneira de aprender, seja qual for a
matéria. Os alunos irão interessar-se por determinado conteúdo na medida em que
forem estimulados por ele. Na busca pela melhor metodologia para cada estudante,
procure oferecer diferentes experiências/ recursos educativos.

Fazer com que se sintam responsáveis: Muito do desinteresse dos estudantes


pode estar relacionado com a falta de responsabilidade que estes sentem em relação
aos seus estudos e ao futuro profissional que terão para si de acordo com os esforços
académicos.
Especialização Avançada em Educação e Formação de Adultos 22
Manual do e-formando - Módulo V
Permitir que trabalhem juntos: Os fóruns de reflexão e análise trazem maior
movimento, interação e dinâmica entre os alunos.

Reconhecer os méritos: De nada adianta os alunos se esforçarem se a dedicação


não for reconhecida pelos professores. A frustração e a falta de incentivo rapidamente
tomarão controlo daquilo que conquistaram até o momento.

Ser motivado: Se não mostrar motivação, os seus estudantes não farão o mesmo
em relação às suas aulas.

Conhecer os alunos: Cada aluno é um individuo cheio de peculiaridades e


características. Não espere os mesmos resultados de todos.

Ajudar os alunos a encontrar motivação interior: De nada adiantarão os seus


esforços se os alunos não se interessarem internamente por aquilo que é
apresentado. É preciso que eles estejam motivados internamente para que possam
expressar os seus esforços.

Ajudar os alunos a controlar a ansiedade: Muitos alunos deixam-se controlar pelo


medo e pela ansiedade em provas ou outros desafios académicos e acabam por
desistir mesmo antes de tentar. Ajudá-los a administrar essas emoções é necessário
para que se possam desenvolver.

Determinar metas altas, mas alcançáveis: Não incentivar os seus alunos a fazer o
mínimo é o mesmo que deixá-los desistir. É importante que eles se sintam desafiados,
mas ainda assim saibam que o objetivo pode ser alcançado com dedicação.

Oferecer feedback e oportunidades de evoluir: Limitar-se a criticar o trabalho


dos estudantes não irá motivá-los a fazer melhor da próxima vez. Deverá analisá-los
e avaliá-los de maneira construtiva, de maneira a que possam melhorar nas próximas
oportunidades.

Procurar o progresso: A motivação também pode ser cultivada quando apresenta


aos alunos tudo aquilo que eles já conquistaram até ao momento.

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Manual do e-formando - Módulo V
Tornar as tarefas mais divertidas: Há momentos para tudo, inclusive para a
diversão e a dinâmica. Distribuir esse tipo de experiência ao longo da semana pode
ajudar os seus alunos a ter mais ânimo durante o estudo.

Oferecer oportunidades para o sucesso: Ao perceberem que poderão ser bem-


sucedidos, os alunos estarão mais propensos a se dedicarem para obter o que
desejam.

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Manual do e-formando - Módulo V
Didática e Tecnologia

Utilização das TICs como Recursos Pedagógico na Formação


de adultos

O uso adequado das novas TICs pode proporcionar aos alunos novas maneiras de
aprender, bem como criar novos recursos didáticos, por meio da multimídia, do som,
da imagem, do uso do hipertexto e do trabalho em rede.

Assim, para ser eficaz como ato comunicativo é preciso que ocorra na atividade
pedagógica uma relação interativa, uma união entre professores e alunos, mas para
acontecer essa interação faz se necessário que o conteúdo dessa comunicação seja
algo significativo, isto é, que provoque o interesse e a vontade de ambas às partes em
discutir, refletir, aprofundar, aprender sobre o tema.

Segundo Sobral in Hansen (2013) a Internet, por exemplo, “combina perfeitamente


com os novos rumos da educação por ser adequada à nova relação aluno - professor,
centrada no aluno e na ação deste como sujeito, e que requer do professor que se
torne um companheiro, mais experiente, na jornada do conhecimento”.

Considerando ainda que, cabe à pedagogia selecionar novos métodos de ensino tendo
em vista o desenvolvimento e as capacidades mentais dos alunos, pode-se dizer que é
função da pedagogia estudar e investigar as possibilidades de utilização das TICs no
ensino e na prática docente.

No caso da internet, a mesma permite que o professor aprenda com o aluno,


facilitando a motivação deste, ao mesmo tempo que promove o trabalho em grupo e a
troca dinâmica de informações com os colegas, além de, facilitar a tarefa do
professor, a de guia da aprendizagem, em vez de transmissor do conhecimento, e de
permitir ao aluno um contato mais direto com o mundo, o que, para Sobral in Hansen
(2013), “atende a mais uma necessidade atual: o da experiência direta como
modalidade de aprendizagem mais propícia ao desenvolvimento da capacidade de
resolução criativa de problemas”.

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Essa inserção das novas TICs no processo tradicional de ensino-aprendizagem pode
auxiliar na formação de profissionais comprometidos com sua realidade e
competentes para solucionar problemas criativos, características que, com a
globalização, são cada vez mais requeridas, contudo, debate-se o facto de grande
parte dos não terem conhecimento prévio sobre como se utilizam as novas TICs ou
quais são suas possibilidades em sala de aula.

Torna-se fundamental que o regime disciplinar de estudos por meio de textos escritos
seja substituído por um conhecimento mais aprofundado sobre a utilização e
manipulação de tecnologias educativas.

Sem dúvida é necessária a adequada preparação do professor para o uso do


computador em educação de adultos, e para tal é necessário que os professores se
apropriem dos softwares como recurso pedagógico, e que estejam capacitados para
utilizar o computador como instrumento pedagógico.

Usar os recursos disponibilizados pela tecnologia da informação e comunicação como


ferramenta de apoio pedagógico exige-se do professor desenvolvimento técnico, pois
cabe a ele educar os alunos para a utilização segura e produtiva do universo de
possibilidades oferecido pela rede aberta de comunicação.

O uso das novas TICS gera também um novo desafio para todos os envolvidos no
processo de ensino-aprendizagem como docentes, realizadores, tutores e
coordenadores, independentemente das formas de uso, uma vez que, essas
tecnologias possam vir a ser utilizadas por estudantes em grupo, com professor ou
tutor em situação presencial ou à distância por um estudante solitário, em qualquer
lugar e em qualquer tempo.

Atualmente a possibilidade de acesso ao material disponível em rede aberta, internet,


é fonte inesgotável de recursos de apoio pedagógico. O importante é que o professor
selecione este material.

De acordo com Brunner in Hansen (2013), “o problema para a educação na atualidade


não está onde encontrar a informação, mas como oferecer acesso a ela sem exclusões

Especialização Avançada em Educação e Formação de Adultos 26


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e, ao mesmo tempo, aprender e ensinar a selecioná-la, avaliá-la, interpretá-la,
classificá-la e usá-la”.

“A educação tecnológica deve começar com a preparação do aluno na construção de


uma visão crítica para a prática responsável do livre-arbítrio, condição imprescindível
para o uso seguro da tecnologia disponibilizada, principalmente, pela rede mundial de
computadores”. (GONZAGA JUNIOR in Hansen 2013)

O docente deve criar um ambiente que estimule o pensar, que desafie o aluno a
aprender e a construir conhecimento individualmente ou em parcerias com os colegas,
possibilitando o desenvolvimento da autoestima, do senso crítico e da liberdade
responsável.

Como se pode perceber a inserção das novas tecnologias de informação e


comunicação na escola não se limita apenas à instalação de computadores e de
programas de informática é preciso prever meios de suporte, bem como a adequada
preparação dos professores para as possibilidades de utilização dessas tecnologias em
sala de aula, a fim de gerar resultados e provocar transformações.

As novas TICs têm vindo a mudar a maneira como as pessoas comunicam, obtêm
informação, construem conhecimentos e se relacionam com o mundo, com a natureza
e com as pessoas, despertando novas necessidades e desejos.

As tecnologias atuais permitem o acesso rápido a uma fonte quase que inesgotável de
informação, possibilitando a difusão dos conhecimentos em maior escala e de maneira
mais rápida, ágil e interativa. Para favorecer o processo de aprendizagem e
desenvolver indivíduos competentes, reflexivos e capazes de produzir seu próprio
conhecimento, faz-se necessário um novo papel dos docentes em relação as suas
práticas pedagógicas.

O acesso aos meios de comunicação em massa como os medias e redes sociais


possibilita o acesso rápido às informações, cria interesses a novos tipos de
aprendizagem e muda o papel do professor, que deixa de ser o principal agente

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transmissor de conhecimento, gerando, cada vez mais, uma cobrança de atualização
deste em relação à sua forma de trabalhar, isto é, uma necessidade de inovar.

Neste contexto, o professor deve mudar constantemente suas maneiras de relacionar


com as pessoas, com o conhecimento e com o papel que exerce. Precisa considerar,
antes de tudo, as pessoas enquanto grupos sociais, sua história, seus interesses e o
meio onde estão inseridos.

É possível trabalhar a Didática junto às TICs de forma a favorecer a aprendizagem,


uma vez que ela permite novas maneiras de ter acesso a situações de aprendizagem,
cria novos recursos didáticos por meio da multimídia, do som e da imagem, do uso do
hipertexto, e do trabalho em rede, bem como, provoca o interesse tanto dos alunos
como do professor capacitado em discutir, refletir, aprofundar e aprender sobre um
determinado tema, elementos fundamentais para a construção do processo de ensino-
aprendizagem.

A ação pedagógica instrumentalizada pelas novas tecnologias não se limita na busca


pela melhor transmissão de conteúdo, nem significa informatização do processo de
ensino-aprendizado, mas visa uma transformação educacional, que possibilite a
formação de indivíduos mais críticos, capazes de selecionar, analisar e avaliar as
informações disponibilizadas pelos diversos meios de comunicação, e com autonomia
para construir seu próprio conhecimento.

Assim, é fundamental que haja uma preparação do professor para o uso adequado
das novas tecnologias. Cabe ao professor assumir seu papel de facilitador, reconhecer
os vários recursos tecnológicos que estão a sua disposição e ter a capacidade de
perceção para relacioná-los à sua proposta pedagógica.

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Ferramentas para Apresentação Multimédia

A necessidade de apresentar ideias ou temas de forma organizada, apelativa e


convincente surge nas mais diversas situações. Podemos destacar por exemplo as
empresas, universidades, escolas, centros de formação, entre outros. Na Educação de
Adultos é também fundamental escolher as ferramentas mais adequadas para as
apresentações multimédia.

É certo que a adequada exploração de múltiplos meios de comunicação, multimédia,


traz inúmeras vantagens.

Existem regras que definem a eficácia com que ideias e argumentos podem ser
comunicados:

• Captar a atenção das pessoas;


• Facilitar a compreensão dos conceitos;
• Ser convincente nos argumentos;
• Garantir que recordam a nossa mensagem.

Os programas (software) para construção e comunicação de apresentações


multimédia apresentam as seguintes funcionalidades:

• Apoiam na estruturação, construção e organização dos elementos da


apresentação;
• Permitem a integração de variados recursos multimédia, desde imagens a
vídeos e sons;
• Armazenam a apresentação num suporte de armazenamento;
• Facilitam a modificação e edição da apresentação;
• Fornecem ferramentas para a apresentação dos elementos a um auditório;
• Permitem exportar a apresentação para meios alternativos de comunicação,
como impressões em papel ou páginas na Internet.

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Manual do e-formando - Módulo V
Existem diferentes ferramentas para apresentações multimédia. As aplicações de
instalação local para construção de apresentações eletrónicas de uso mais
generalizado são:

Microsoft Office PowerPoint LibreOffice Impress

OpenOffice Impress Keynote

O Microsoft Office PowerPoint é um software de produção de apresentações com


versões para Microsoft Windows e Mac OS X.

O OpenOffice Impress é um software gratuito disponível para a maioria dos


sistemas operativos.

O LibreOffice Impress, tal como o OpenOffice, está disponível gratuitamente para a


maioria dos sistemas operativos.

O Keynote faz parte do pacote iWorks da Apple.

Existe também a possibilidade de criar apresentações com ferramentas disponíveis


através de um browser da Internet.

Prezi Google Docs

Keynote para iCLoud Office Web Apps

Especialização Avançada em Educação e Formação de Adultos 30


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O Prezi permite criar apresentações de elevado impacto visual através de um sistema
de ampliações dinâmico.

O Keynote para iCloud permite visualizar e editar apresentações num computador


com acesso à internet e uma conta iCloud.

O Google Docs possibilita a visualização e edição online de apresentações através de


uma conta Google.

O Office Web Apps permite, a partir de um computador com acesso à Internet e


uma conta Microsoft, visualizar e editar uma apresentação.

Existe também a possibilidade de visualizar e editar apresentações através de


dispositivos móveis.

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Manual do e-formando - Módulo V
Apresentações Eficazes

Regras que deverá ter em consideração para que possa criar uma apresentação
apelativa e atraente:

• Todas as apresentações devem conter uma capa.


• Deverá ter um ou dois diapositivos com a estrutura da apresentação.
• Deverá seguir essa ordem ao longo da apresentação.

A estrutura da apresentação é fundamental para passar a sua mensagem.

• Deve ser concebida tendo em consideração:


• O que vai dizer?
• Para quem?
• A melhor forma de o fazer?

Outros pontos/linhas orientadoras para a estruturação de uma apresentação são:


• Clareza
• Facilidade
• Simplicidade
• Relevância do conteúdo
• Coerência
• Tempo suportável

Estrutura de um BOM diapositivo


• Programar a apresentação tendo em consideração que num minuto irá utilizar 1
ou, no máximo, 2 diapositivos.
• A informação deverá ser expressa através de pontos, evitar frases muito
extensas.
• Incluir entre 4 a 5 pontos por diapositivo.
• Usar somente palavras-chave e frases curtas.
• Regra de ouro: 7 palavras por linha e 7 linhas por diapositivo.
• Todos os diapositivos deverão ser identificados com os títulos apresentados na
estrutura da apresentação.
Especialização Avançada em Educação e Formação de Adultos 32
Manual do e-formando - Módulo V
• Abordar um assunto por diapositivo.
• Utilizar imagens sempre que possível e sempre que sejam relevantes.
• Utilizar, para o texto, uma fonte entre 18 e 22 pontos de tamanho e, para o
título, entre 28 e 32 pontos.
• Usar fontes de tamanhos diferentes para os pontos principais e pontos
secundários.
• Usar uma fonte que tenha a certeza que está disponível em todos os
computadores.
• Usar uma cor de letra que contraste nitidamente com o fundo.
• Usar cores para reforçar a lógica de sua apresentação.

Estrutura de um MAU diapositivo


• Usar muito texto por diapositivo.
• Usar texto muito pequeno, pois o público-alvo pode não conseguir ler.
• Usar texto em maiúsculas que é mais difícil de ler.
• Usar estilos de letra que dificultem a leitura.
• Usar cores só para decorar, pois provoca distração e aborrecimento.
• Usar uma cor diferente para cada ponto é desnecessário.

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Apresentação Multimédia de Sucesso

A criação de uma apresentação multimédia de sucesso depende de vários fatores. Não


é fácil verificar quais os fatores mais ou menos importantes. Essa verificação deverá
ser feita por quem cria a apresentação em função do público-alvo para que se dirige,
o tempo disponível e o objetivo a que se propões.

O sucesso de uma apresentação pode ser dividido em duas vertentes, a apresentação


multimédia propriamente dita (número de slides, cores utilizadas, tamanho e
quantidade de texto, contraste, imagens utilizadas, etc.) e a sua prestação na
apresentação (expressão oral, expressão corporal, empenhamento, entusiasmo, etc.).
Neste sentido é importante que antes de iniciar a criação da apresentação se pense na
forma de comunicar a mensagem que se pretende transmitir, ou seja planear a
apresentação.

A estrutura com introdução, desenvolvimento e conclusão, de maneira a que a


apresentação faça sentido é fundamental. A utilização de apresentações multimédia
aumenta o interesse e a atenção do teu público, facilita a transmissão das ideias e a
sua retenção.

É também muito importante respeitar os direitos de autor de todos os recursos


utilizados.

Ao apresentar o trabalho é fundamental, dominar o assunto, de modo a evitar falhas e


hesitações na apresentação e ser minucioso na preparação da apresentação, de forma
a transmitir a informação claramente; ser positivo, não se deixando dominar pelo
medo ou nervosismo, mantendo a confiança e a concentração durante a
apresentação, bem como ser direto e focar-se no tema central, de modo a não se
distrair com assuntos acessórios e demonstrar coerência na apresentação e no
raciocínio, facilitando, assim, a compreensão de quem ouve é também muito
importante.

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PowerPoint

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Reorganizar diapositivos
Normalmente, uma apresentação é constituída por vários diapositivos que são criados
numa sequência lógica.
No entanto, pode acontecer que qualquer altura tenha necessidade de:
Adicionar
Mover
Duplicar
Eliminar

Adicionar diapositivos em branco


No separador 1 Inserir, no grupo Diapositivos, clique no 2 ícone de Novo
Diapositivo.

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Transição entre diapositivos

As transições de diapositivos são os efeitos de animação que ocorrem na


apresentação quando se passa de um diapositivo para o outro.
É possível controlar a velocidade de cada efeito de transição de diapositivos, inserir
áudio e escolher se a transição é acionada automaticamente ou pelo rato/teclado.

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Animação
A animação pode ser aplicada a todos os objetos da apresentação.
Existem vários tipos de efeitos de animação, os quais podem ser adicionados à
entrada, durante a ênfase e à saída do objeto.
Pode adicionar, alterar ou mesmo apagar um efeito e pode trocar a ordem das
animações. Pode também acionar as animações com o rato/teclado ou
automaticamente.

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Manual do e-formando - Módulo V
Ensaiar temporização
O programa de apresentações permite ensaiar uma apresentação e definir o
tempo a atribuir a cada diapositivo, sobretudo quando não tem a certeza do
tempo que demora a sua apresentação.
Pode saber quanto tempo demora a apresentar um diapositivo ou toda a
apresentação.
Aceda ao separador Apresentação de Diapositivos, no grupo Configurar, e
clique em Ensaiar Intervalos.
A apresentação é iniciada e no canto superior esquerdo aparece a barra de
ensaio com vários botões que permitem ver o tempo em cada dispositivo, fazer
pausa, passar para diapositivo seguinte, repetir o ensaio e ver o tempo total da
apresentação.
No final da apresentação pode guardar o tempo.

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Navegação na apresentação
A transição entre os diapositivos pode ser feita de diferentes modos:
➢ Clicando no botão esquerdo do rato
➢ Premindo uma das teclas seguintes:
- Espaço
-N
- Seta para direita e para baixo
- Página abaixo
➢ Utilizando os botões de navegação do ecrã.

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Manual do e-formando - Módulo V
Referências Bibliográficas

Bibliografia

ALVES, Maria et al.Pratic 7/8 – Tecnologias de Informação e Comunicação. Porto:


Porto Editora. 2014.

CUNHA, Djenane Sichieri Wagner. Ensino-aprendizagem e as novas TIC. Material da


Pós-Graduação Lato Sensu em Educação a Distância. Faculdade Interativa COC, 2008.

HANSEN, Adriana et al. Didática e Tecnologia. Revista Inter Atividade, Andralina, SP,
v.1, n.2, 2º sem. 2013.

KENSKI, Vani Moreira. Educação e Tecnologia: O novo ritmo da informação.


Campinas: Papirus, 2007.

Webgrafia

https://pt.wikipedia.org/wiki/Quadro_interactivo
http://webs.ie.uminho.pt/xiigp/at10.pdf
http://sitededicas.ne10.uol.com.br/art_motivacao.htm
https://office.live.com/start/PowerPoint.aspx?ui=pt-BR
http://formacao.fikaki.com/manual/metodos-tecnicas-pedagogicas/
http://www.labssj.com.br/site/st_index.asp?COD_CONTEUDO=71
http://www.educador.brasilescola.com/trabalho-docente/andragogia.htm
http://www.infoescola.com/educacao/andragogia/
https://ferdantas.wordpress.com/2009/05/11/pedagogia-x-andragogia-%E2%80%93-
comparacoes/

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