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O que é estado de bem-estar social

O Estado de Bem-Estar Social é um modo de organização no qual o Estado se


encarrega da promoção social e da economia.

Ao longo dos séculos, as escolas de pensamento econômico retiraram a participação do


Estado da organização da economia, concedendo grande espaço e influência ao que se
designou como Liberalismo. Este tipo de orientação ideológica que prevê maior
liberdade para o mercado, sem a regulamentação do Estado, vigorou no século XIX,
mas entrou em profunda crise no início do século XX. A Primeira Guerra Mundial,
entre outras coisas, foi resultado da intensa de disputa por mercados trava pelos países
europeus. Encerrando um período de grande desenvolvimento. Pior ainda para a
economia seria a Crise de 1929, decorrente da superprodução que o mercado foi incapaz
de absorver. Até então, estava em pauta a retirada do Estado da regulamentação
econômica, mas a solução da crise foi justamente a retomada do Estado. Defensores do
Liberalismo acreditavam que a intervenção do Estado na economia e o investimento em
políticas sociais eram, na verdade, gastos maléficos para a economia. No entanto, essas
duas medidas reativaram a economia.

A partir da década de 1930, então, expandiu-se o modelo chamado de Estado de Bem-


Estar Social, no qual o Estado é organizador da política e da economia, encarregando-
se da promoção e defesa social. O Estado atua ao lado de sindicatos e empresas
privadas, atendendo às características de cada país, com o intuito de garantir serviços
públicos e proteção à população. Os países europeus foram os primeiros e principais
incorporadores do modelo que agradou os defensores da social-democracia. A principal
referência no continente veio da região escandinava. Até hoje, Noruega, Suécia,
Finlândia e Dinamarca são destaques na aplicação do Estado de Bem-Estar Social e são
países que estão no topo do ranking de melhor Índice de Desenvolvimento Humano.

O Estado de Bem-Estar Social ganhou ainda mais terreno com a inclusão do conceito de
cidadania, propagado após a queda dos regimes totalitários na Europa. Associou-se a
ideia de que os indivíduos são dotados de direitos sociais. O modelo de organização
estatal concede aos indivíduos bens e serviços públicos durante toda a vida. Os direitos
sociais conferem serviços de educação, saúde, seguridade e lazer.

O Estado de Bem-Estar Social é também chamado de Estado Providência e Estado


Social. Foi o modelo predominante nos países ocidentais na segunda metade do século
XX defendendo o desenvolvimento do mercado, porém acompanhado de políticas
públicas e da interferência do Estado na economia para corrigir os erros e proteger a
população. Atualmente, diz-se que o modelo está em crise. O primeiro país a abandonar
o modelo foi a Inglaterra, no governo de Margareth Thatcher. Ela alegou que o Estado
não dispunha mais de recursos para sustentar o Estado de Bem-Estar Social e retirou os
direitos que os cidadãos haviam conquistado no decorrer das décadas. Nasceria, então, o
Estado Neoliberal. A consequência seria o embate entre os dois modelos. Mas o Estado
Neoliberal também já se mostra em crise e políticos e ideólogos de direita e de esquerda
debatem qual modelo seria mais viável. O fato é que a maior parte dos países que
investiram quantidades significativas do Produto Interno Bruto em políticas sociais
possui elevado Índice de Desenvolvimento Humano. No entanto, a relação não é direta,
pois não se trata apenas de investir, mas da maneira como é investido. Outra evidência
que está associada ao investimento em políticas sociais é a redução da pobreza.

No Brasil, houve um esboço de implantação do Estado de Bem-Estar Social nas décadas


de 1970 e 1980. Todavia, o modelo não seria aplicado como investimento produtivo
para sociedade, mas de forma assistencialista. Logo, o que se verificou foi a manutenção
da acentuada desigualdade social, os elevados índices de pobreza e o insucesso no
Índice de Desenvolvimento Humano. O governo do presidente Fernando Henrique
Cardoso, 1994-2002, assumiu o modelo Neoliberal como direcionador do Estado,
fazendo a contraposição. Seu sucessor, Luís Inácio “Lula” da Silva, recuperou as ideias
do Estado Providência, investindo em políticas sociais que resultaram na diminuição
dos índices de pobreza. No entanto, os investimentos em políticas sociais ainda são
pequenos e mal administrados no Brasil.

Fontes:
http://www.iea.usp.br/textos/fioribemestarsocial.pdf
http://www.colegiooficina.com.br/admin/upload/file/aeradosextremos_250720121953.p
df
http://www.portalmodulo.com.br/userfiles/BALAN%C3%87O%20DO
%20NEOLIBERALISMO.pd

Como ocorreu a construção do Estado


Brasileiro? (1808-1831)
Quer saber tudo sobre a Construção do Estado Brasileiro? Dê uma olhada neste
resumo e fique por dentro de tudo para arrasar na sua prova de história!

Podemos dizer que a construção do Estado Brasileiro se iniciou com a vinda da Família
Real para a América Portuguesa em 1808 e o estabelecimento do governo de D. João VI
(o período Joanino) e se desenvolveu ao longo dos anos seguintes, até a abdicação de
D.Pedro I, em 1831.  Nesse resumo falaremos sobre os principais fatores desse período.
Embarcações representando a vinda da Corte Portuguesa para a América, no século XIX.

1. Período Joanino
Antecedentes

Para entender os motivos do estabelecimento da Corte Portuguesa na América é


necessário entender seus antecedentes. O principal deles foi o Bloqueio continental
napoleônco. Esse bloqueio tinha o objetivo de dinamizar a indústria francesa e acabar
com a supremacia de sua principal rival, Napoleão Bonaparte exige que todos os países
europeus deixem de comercializar com a Inglaterra. Quem desobedecesse seu comando,
seria invadido pelo exército francês. Portugal desobedeceu essas exigências devido
a relações amistosas estabelecidas com a Inglaterra e, com isso, D. João VI e a corte
fogem para o Brasil. Essa transferência representou o aumento do domínio inglês sobre
Portugal e o início de um processo de independência do Brasil.
Nesse período, Napoleão Bonaparte governava a França.

Relação entre Portugal e Inglaterra

Como mencionamos, houve uma forte aproximação entre Portugal e Inglaterra após a
chegada da Família Real, como percebido a partir dos Tratado de 1810. Por meio deles,
as mercadorias inglesas entrariam no Brasil pagando as mais baixas taxas, apenas 15%
sobre o valor do produto. Apesar de exportar bastante para o Brasil, por outro lado a
Inglaterra não importava muitos produtos, deixando balança comercial brasileira
deficitária (+ importação/ – exportação).

Principais medidas de D. João VI no Brasil

Durante seu governo, D. João VI realizou uma série de medidas que causaram impacto
na sociedade colonial portuguesa. A primeira delas foi abertura dos
portos, representando o fim do pacto colonial. Além dela, houve a permissão de
manufaturas, que havia sido proibida por D. Maria I, no alvará de 1785; a realização de
reformas urbanas e culturais que ocorreram no Rio de Janeiro para abrigar a Corte
portuguesa, como a criação de instituições de ensino (Escola de Comércio e a Academia
Militar), Imprensa Régia e da Academia de Belas-Artes, marcada pela vinda de artistas
franceses que compuseram a “Missão Artística Francesa”; 0 Transplante do Estado
Português,  caracterizado pela transferência dos principais órgãos da administração do
Estado português para o Brasil (ministérios do Reino, da Marinha e Ultramar). Foi a
chamada “inversão brasileira”, o centro de decisões foi interiorizado no Brasil, deixando
de ser em Portugal; e um dos mais importantes, a elevação do Brasil a Reino Unido a
Portugal e Algarves(1815) devido às pressões do Congresso de Viena.
Debret foi um dos pintores que vieram para o Brasil durante a Missão Artística Francesa.

Revoluções do Período Joanino

As principais revoluções ocorridas durante o Período Joanino foram a Revolução


Pernambucana (1817), movimento com influências iluministas, composto por senhores
rurais e homens livres que se manifestavam contra aos altos impostos gerados pelos
vultuosos gastos da Corte no RJ e que desejavam maior participação política; e
a Revolução Liberal do Porto  (1820), movimento organizado pela burguesia
portuguesa, influenciado pela Revolução Francesa, que exigia o retorno imediato de D.
João VI, a elaboração de uma constituição liberal e um projeto de recolonização para o
Brasil.  Dessa forma, D. João VI foi para Portugal deixando D. Pedro, seu filho, como
príncipe regente no Brasil.

Nesse contexto ocorreu uma cisão política no Brasil: Partido Português (funcionários
públicos, militares e comerciantes portugueses) que concordava com a política das
Cortes de Portugal x Partido Brasileiro (grandes latifundiários) que defendia a
manutenção do liberalismo comercial. O Partido Brasileiro, temendo uma fragmentação
política, se aglutinou em torno de D. Pedro que declarou a Independência do Brasil.
Representação do retorno de D. João VI para Lisboa.

2. Primeiro Reinado
Consolidação da Independência

Representação da Independência do Brasil.

Após a proclamação da Independência do Brasil, ainda foi necessária a sua


consolidação. Alguns historiadores consideram que o processo de independência foi um
“arranjo político” elaborado entre as elites, havendo pouquíssima participação popular.
Além disso, houve ponto de resistência ao processo de emancipação nas regiões do
Norte e Nordeste, mas que foram logo reprimidos pelo governo. Internacionalmente, os
primeiros a reconhecerem a Independência foram os EUA, devido à Doutrina Monroe
(“América para os americanos”).
Primeira Constituição do Brasil

No que se refere a elaboração da primeira carta constitucional brasileira, inicialmente


houve um projeto de Constituição, em 1823. Nele, uma Assembleia Constituinte
composta principalmente por membros do Partido Brasileiro, foi responsável pela
elaboração da primeira Constituição Brasileira. No entanto, devido ao caráter liberal do
projeto, que visava limitar o poder do imperador e a atuação política de portugueses,
acabou sendo recusado por D. Pedro I.

Nesse sentido, foi elaborada a constituição outorgada de 1824, que definia que o poder
do Estado seria dividido em 4: Legislativo, Executivo, Judiciário e Moderador. Este
último era exclusivo do Imperador e permitia a intervenção nos outros poderes. O voto
seria censitário e restrito a homens maiores de 21 anos com exceção de escravos e
indígenas. O catolicismo foi declarado religião oficial e a Igreja passou a ser controlada
pelo Estado (regime do padroado).

Charge fazendo referência ao Poder Moderador.

Conflitos do Primeiro Reinado

O reinado de D. Pedro I foi marcado por intensos conflitos, como a Confederação do


Equador, marcada por contestações ao autoritarismo de D. Pedro atrelado a
insatisfações em relação a queda das exportações de açúcar e a situação de miséria da
população que fizeram com que surgisse um movimento de caráter republicano e
federalista em Pernambuco. Liderada por Cipriano Barata e Frei Caneca, a revolta
atingiu outros estados do nordeste como Ceará e Rio Grande do Norte. No entanto, a
adesão de populares enfraqueceu o movimento, que foi repreendido pelo governo
imperial.

Outro importante conflito do Primeiro Reinado foi a Guerra da Cisplatina. A Província


da Cisplatina foi incorporada ao território brasileiro em 1816, por D. João VI. No
entanto, os habitantes da região não sentiam-se identificados com a cultura brasileira e
decidiram-se por um movimento emancipacionista apoiado pela Argentina. Com a
vitória Cisplatina, a imagem do Brasil ficava ainda mais desfavorável e cresciam as
insatisfações populares contra o governo de D. Pedro I devido as inúmeras mortes na
guerra.
Além disso, houve um conflito mais local, que ficou conhecido como a Noite das
Garrafadas, na capital do Império. O assassinato do jornalista Líbero Badaró, opositor
de D. Pedro I, fez com que acirrassem os choques entre partido português e partido
brasileiro. Essa radicalização culminou em conflitos entre os dois partidos, no Rio de
Janeiro.

Crise

Não tardou para que o governo de D. Pedro desse sinais de crise, marcada por fatores
políticos, como as crescentes insatisfações com o forte autoritarismo de D. Pedro I,
percebido através do Poder Moderador, da forte repressão a Confederação do Equador e
a imposição da Constituição de 1824; e por fatores econômicos, como o déficit na
balança comercial brasileira e o aumento dívida externa com as despesas em guerras.

Abdicação de D. Pedro I

Devido as fortes insatisfações, D. Pedro I acabou optando pela abdicação e deixando o


trono para seu filho, Pedro de Alcântara que tinha então apenas 5 anos. Iniciaria um
Governo Regencial até seu filho tivesse idade o suficiente para assumir o trono.

Representação da abdicação de Pedro I.

EXERCÍCIOS

1. (ENEM 2010) Leia o texto:

“Eu, o Príncipe Regente, faço saber aos que o presente Alvará virem: que desejando
promover e adiantar a riqueza nacional, e sendo um dos mananciais dela as manufaturas
e a indústria, sou servido abolir e revogar toda e qualquer proibição que haja a este
respeito no Estado do Brasil”.

(Alvará de liberdade para as indústrias (1º de Abril de 1808). In: Bonavides, P.; Amaral,
R. Textos políticos da História do Brasil. Vol. 1. Brasília: Senado Federal, 2002
(adaptado).

O projeto industrializante de D. João, conforme expresso no alvará, não se concretizou.


Que características desse período explicam esse fato?
a) A ocupação de Portugal pelas tropas francesas e o fechamento das manufaturas
portuguesas.

b) A dependência portuguesa da Inglaterra e o predomínio industrial inglês sobre suas


redes de comércio.

c) A desconfiança da burguesia industrial colonial diante da chegada da família real


portuguesa.

d) O confronto entre a França e a Inglaterra e a posição dúbia assumida por Portugal no


comércio internacional.

e) O atraso industrial da colônia provocado pela perda de mercados para as indústrias


portuguesas.

2. (Fuvest) Qual o papel conferido ao Imperador pela Constituição de 1824?

a) Subordinação ao poder legislativo.

b) Instrumento da descentralização político-administrativa.

c) Chave de toda a organização política.

d) Articulador da extinção do Padroado.

e) Liderança do Partido Liberal.

Fonte

https://descomplica.com.br/artigo/como-ocorreu-a-construcao-do-estado-brasileiro-1808-
1831/4yZ/

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