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ALQUIMIA

Prática da Alquimia

A prática alquímica, de maneira extremamente resumida, consiste em pegar a prima materia (matéria-
prima primordial) eliminar as suas impurezas (morte e renascimento), separar seus componentes
(mercúrio e enxofre) e reuni-los novamente (por intermédio do sal) fixando os elementos voláteis,
formando assim a pedra filosofal. Seria como “libertar o espírito por meio da matéria e a própria matéria
por meio do espírito”, ou ainda, fazer do fixo, volátil e do volátil,o fixo, onde não se pode fazer cada
etapa independentemente.

O alquimista é uma peça fundamental nos experimentos e não somente um simples observador. O
experimento e o experimentador constituem uma única coisa na alquimia. Este ponto de vista do
experimentador como participante está agora sendo retomado pela física quântica, alterando o termo
observador para participante. Portanto, mesmo tendo o conhecimento prático do processo, se tiver
perdido a pureza do espírito, a Grande Obra não poderá ser concluída.

Vários alquimistas relatam doze processos, em três etapas ou três obras, para a realização da Grande
Obra que, contudo, não correspondem literalmente aos nomes conhecidos. São eles:

Calcinação - constitui a purificação do primeiro material pelo fogo, sem contudo diminuir seu teor de
água.

Solução ou dissolução - a parte sólida é dissolvida na água, porém é relatado que esta água não
molha a mão. A água pode ser o próprio mercúrio. Esta é uma “dissolução filosófica” em que o solvente
mata os metais, portanto esta fase é um símbolo da morte para os três reinos.

Separação - o mercúrio é separado do enxofre. Fornecendo um calor externo adequado, o mercúrio que
contém o enxofre interno coagula a si mesmo graças a um artificio que constitui um segredo, o secretum
secretorum, que é uma marca divisória entre a alquimia e a química. Este artifício consiste,
metaforicamente, em capturar um raio de sol, condensá-lo, aprisioná-lo em um frasco hermeticamente
fechado e alimentá-lo com o fogo. A terra fica em baixo enquanto o espírito sobe. Esta etapa completa a
primeira obra e quando concluída corretamente pode se ver a formação de uma estrela dentro do
frasco.

Conjunção - o mercúrio e o enxofre são novamente unidos. Toda a operação deve ser realizada no
mesmo recipiente, sendo que nesta fase o frasco é hermeticamente fechado.

Putrefação - o calor mata os corpos e a putrefação ocorre. Aparece uma coloração escura, enegrecida.

Congelamento - nesta fase aparece uma coloração esbranquiçada, um calor brando é quem promove
esta mudança.

Cibação - à matéria seca deve ser adicionado os componentes necessários para alimentá-la.

Sublimação - fase em que o corpo torna-se espiritual e o espírito corporal, ou seja, volatilizar o fixo e
fixar o volátil, sendo que um processo depende do outro e não é possível fixar um sem volatilizar o
outro. Para esta fase é relatado uma duração de quarenta dias. Porém, todo esse processo que se
encerra com a sublimação teve início na conjunção e constitui a segunda obra.

Fermentação - adiciona-se ouro para tornar o já existente mais ativo.

Exaltação - processo semelhante a sublimação, seria uma ressublimação.

Multiplicação - uma quantidade maior de energia é acrescida nesta etapa, porém não é necessariamente
a matéria que aumenta.

Projeção - teste final da pedra em seus usos normais, como a transmutação.

O agente da dissolução é convertido em paciente que sofre a operação na

fase da coagulação. Por isso a operação é comparada a brincadeira de criança de “pular carniça” em que
ora um pula o outro e ora é pulado.

A matéria-prima

Esta primeira matéria que dará origem a pedra filosofal constitui um dos grandes segredos da alquimia.
Normalmente é descrita como algo desprezado, inferior e sem valor. Pode ser encontrado em todos os
lugares, é conhecido por todos, é varrido para fora de casa, as crianças brincam com ele, porém possui o
poder de derrubar soberanos.

Dentre os não iniciados, cada um aposta em um tipo de material tanto do reino animal, vegetal como
mineral. ários utilizaram minérios (especialmente os de chumbo, o cinabre que contém enxofre e
mercúrio, o stibine um raro mineral sulfuroso, a galena que é magnética), cinzas, fezes, barro, sangue,
cabelos. A maioria deles emprega a própria terra, recolhida em local preservado. A terra estaria
impregnada de energia cósmica, com a água que contém.

Esta matéria não está somente no reino do psiquismo, como afirmava Jung, ela tem também sua
expressão no reino material através de um mineral que possui propriedades vegetativas.

Descobrir a matéria-prima não é o principal, mas sim erguê-la a um ponto privilegiado para as operações
subseqüentes. Esta abordagem só será conseguida quando o alquimista deixa de lado a fronteira fictícia
entre os elementos constitutivos de sua personalidade (física e espiritual) e o universo.

Ela normalmente é relacionada ao caos da gênese, a base de todo o processo, que tanto é material como
imaterial.
Para descobrir a matéria-prima mineral o operador e o objeto, observador e o observado, devem estar
unidos. Isto significa se abstrair da visão lógica e desenvolver uma visão intuitiva. Esta visão pode
aparecer após um longo período de reflexão sobre os impasses insolúveis da alquimia, após um estímulo
externo como o barulho do vento, das ondas do mar, do trovão e outros. Caso contrário ela permanecerá
escondida por uma roupagem ou uma casca como o ovo.

O orvalho

O orvalho normalmente é utilizado para umedecer (banhar e nutrir) a matéria-prima. Como se condensa
lentamente e desce da atmosfera está impregnado da energia cósmica. A melhor época de recolher o
orvalho vai do equinócio de primavera ao solstício de verão, pois possui uma maior energia.
Normalmente é recolhido com lençóis estendidos sobre vegetação rasteira sem, no entanto, tocá-la.

As cores da Grande Obra

Nas várias etapas do processo a matéria vai mudando de cor, primeiro aparecendo uma massa
enegrecida, que passa a esbranquiçada e finalmente avermelhada.

A cor negra seria a cor da fase da putrefação, a cor branca se inicia na fase de dissolução e a cor
vermelha constitui a fase final do processo, ou seja, a pedra filosofal. Podem também aparecer cores
intermediárias como o amarelo e mesmo as cores do arco-íris, também chamadas de cores da cauda do
pavão. A observação destas cores é muito importante para saber se a obra está evoluindo de maneira
correta.

Outro indício da conclusão constitui na junção de cristais em forma de estrela na superfície do líquido,
ou um som parecido com o canto de cisnes.

A Temperatura

A temperatura do forno em cada etapa do trabalho deve ser rigorosamente controlada. O aquecimento
deve ser aumentado de forma gradual e bem lenta. A primeira etapa (putrefação) pode durar quarenta
dias e a temperatura desta é compara a do ventre ou do seio materno. Aquecendo-se muito corre o
risco de fracasso ou mesmo de explosão.

Os dois caminhos

Via úmida

A via úmida, como o próprio nome já indica, é realizada com água (do orvalho). Esta via é muito lenta,
podendo durar meses ou anos e oferece menores riscos. As temperaturas nas várias etapas são
consideravelmente menores, tendo em vista que a água ferve a 100 oC. O recipiente utilizado é um
balão de vidro ou cristal (também chamado de ovo filosófico, por seu formato) que suporta bem as
temperaturas requeridas nesta via. Nunca se deve deixar ferver, pois pode haver uma explosão devido
ao aprisionamento de gases no recipiente hermeticamente fechado.

Via seca

Esta via é bem mais rápida, dura apenas sete dias, porém é bem mais perigosa pois pode haver explosão.
Tudo é feito em um cadinho, pequeno recipiente de porcelana aberto em cima com a aparência de um
copo, que resiste a altíssimas temperaturas. Não há adição de água. É raramente relatada e praticada,
porém os alquimistas que a praticaram a consideram com muito mais chances de obter sucesso.

Uma outra via seca também relatada é a diretíssima, que seria quase instantânea durando apenas três
dias. Esta seria realizada a partir da emanação de um tipo de energia na forma de raio diretamente no
cadinho e no corpo do alquimista. Porém seria extremamente perigosa podendo até mesmo fazer
desaparecer o corpo do alquimista.
roda do Ano é dividida em 12 signos, que para os Alquimistas significavam também 12 processos pelas
quais a mente passaria a cada ciclo de rotação da Terra ao redor do Sol. Os elementos alquímicos, que
correspondiam tanto a compostos químicos quanto a conteúdos psicológicos, passariam por estes
processos, se alterando a cada um deles e mudando suas características, reagindo entre si e se
transmutando um no outro.

Imagem: tabela periódica antiga no Instituto de Química da UFRJ.

Como todo bom estudante de exatas e engenheiro químico, sempre tive paixão por ficar no laboratório
passando horas e horas “moldando a realidade”, transmutando moléculas de menor valor em outras
mais complexas. Por isso, ao pensar nas correlações alquímicas, comecei a pensar em algumas reações
que já fiz, e estabelecer associações. Tudo fez muito sentido! Por isso, nesse texto, vou compartilhar com
vocês algumas relações interessantes entre as reações alquímicas e os processos mentais.

Aliás, a química (que derivou da alquimia) não é tão complicada quanto parece. Vem comigo que eu
explico.

Imagem: substâncias químicas em uma bancada de laboratório de Química Analítica.

Calcinação (Áries)

A calcinação é um processo exotérmico que ocorre a altíssimas temperaturas, geralmente sob baixas
concentrações de oxigênio. Esta falta de oxigênio faz com que algumas reações interessantes ocorram,
chegando-se a formas altamente reativas do composto que foi calcinado. A temperatura é o catalisador
da reação, e faz com que o próprio composto inicie seu processo de calcinação.

Me lembro de quando colocamos mármore e conchas em um forno a cerca de 500°C no laboratório, e


ao retirarmos vimos que as pedrinhas de mármore e as conchas estavam esponjosas. Ao tocarmos o
mármore e as conchas, eles se desfizeram imediatamente, deixando apenas um pó — CaO ou cal. O CaO
nesta forma é chamado “cal viva”, e ao longo dos dias este composto vai reagindo com a água do ar
gerando Ca(OH)2 ou “cal extinta”, uma forma mais estável.

Imagem: conchas calcinadas sob Microscópio Eletrônico de Varredura (MeV).


A nível mental, o processo de calcinação corresponde a uma destruição de tudo o que é ilusório, e com
isso também uma destruição das próprias proteções e amarras mentais do alquimista. Esse processo
começa de dentro para fora, possivelmente catalisado pelo ambiente que está revolto, e é normal que
neste período o alquimista se isole, desmarque compromissos e busque tempo para si. Nos dias que
seguem, a mente tende a ficar vulnerável, reativa, e o alquimista pode se isolar, restabelecer suas
proteções, ou então se tornar agressivo como forma de auto-defesa. O processo de calcinação coincide
com o início do ano astrológico, e pode ser uma oportunidade para começar do zero, apenas com o
cerne da mente, abandonando o que não serve mais. Tudo o que resta do processo de calcinação é
aquilo que era firme, perene, e a partir daí se pode reconstruir a psiquê. Aquilo que ruiu deve ser
abandonado, pois não sobreviveu ao processo.

Congelamento (Touro)

O congelamento, na alquimia antiga, refere-se a qualquer processo capaz de espessar as substâncias que
estavam em estado líquido ou gasoso, tornando-as mais grossas ou viscosas. O processo pode envolver
redução na temperatura ou o uso de algum agente espessante, que pode estar presente na mistura
inicial ou ser adicionado posteriormente. A forma final pode ser inclusive um sólido.

A feitura do gesso é um exemplo simples de congelamento, onde a mistura inicial é fluida e quase
líquida, enquanto o bloco formado ao final é duro e resistente, embora seja leve.

Imagem: teste de dureza do gesso após a cura estar completa.

Após a calcinação, a mente estará vulnerável e desprotegida. As energias sutis que estão à volta do
alquimista devem então ser Congeladas na forma de proteções, para que a mente volte a seu estado
mais firme e estável. A psiquê se estabelece para o novo ciclo, reconstruindo a partir do que restou no
processo anterior. Aos poucos, se começam a definir a agenda para o ano astrológico e os objetivos que
serão perseguidos. As raízes para obter o que for desejado começam a ser lançadas.

Fixação (Gêmeos)

A fixação tem como foco transformar compostos gasosos ou voláteis em sólidos que não voltam ao
estado gasoso quando queimados. Em alguns casos pode se referir ao mesmo processo aplicado a
substâncias que antes eram líquidas ou estavam dissolvidas em líquido, desde que o sólido final não
derreta sob aquecimento.
Um exemplo prático desde caso é a precipitação, muito utilizada para reconhecer quais componentes
estão em uma mistura aquosa. Adicionam-se compostos específicos que somente reagem com um íon
ou uma substância, e quando se forma um precipitado ou pó sabe-se que aquele íon estava presente na
mistura.

Imagem: duas misturas aparentemente sem precipitado (primeira e terceira), e duas misturas com
precipitado (segunda e quarta). A quarta mistura contém Urânio, que é utilizado para reconhecer a
presença de Sódio.

O Congelamento foi responsável por reunir as energias que estavam dispersas após a calcinação e
espessá-las, re-estabelecendo proteções e barreiras em torno da mente. Agora, na fixação, novos
conteúdos e conhecimentos são perscrutados, para que possam ser absorvidos. As raízes já foram
lançadas, e os objetivos planejados, mas para chegar nestes objetivos será necessário fixar alguns
conhecimentos novos que o alquimista não possuía. A Fixação é um processo de aprendizado, quando
novos conteúdos são trazidos do entorno para perto do alquimista, na forma de blocos de conhecimento
que ele ainda não possuía.

Dissolução (Câncer)

A dissolução seria o processo inverso da fixação. Neste processo, um composto sólido é dissolvido em
um líquido, transformado em um líquido, dissolvido em um gás ou transformado em um gás, sem uso
expressivo de calor. Sal ou açúcar dissolvidos em água, sem que se possa ver cristais sobrando no copo,
podem ser um exemplo deste processo.

Alguns pós podem ser dissolvidos em solução aquosa, mudando completamente as características
físicas e químicas da água. A água passa a agir como uma solução com propriedades únicas, e não como
uma mistura da água com o composto que foi misturado. Isto é diferente de uma mistura simples, onde
ainda é possível observar características dos dois compostos atuando em conjunto.

Imagem: permanganato de potássio dissolvido em água, formando um líquido violeta que foi utilizado
para testar a permeabilidade do gesso, e que é utilizado para banhos em casos de catapora.

A Dissolução permite que os novos conhecimentos obtidos na Fixação sejam absorvidos pelo alquimista.
Com isso, o alquimista muda, se transforma, e sua mente consciente passa a funcionar de forma
diferente, não apenas como uma soma do que sabia e do que passou a saber, mas sim como uma nova
psiquê integrada aos conteúdos que foram fixados e dissolvidos.

Digestão (Leão)

A digestão consiste na aplicação de temperaturas controladas a uma substância por um longo período de
tempo, fazendo com que o composto sofra alterações em sua estrutura, ou perca apenas as partes que
não forem necessárias para as próximas etapas, deixando-se intactas as partes que serão importantes.
Seria o processo mais brando que envolve calor.

Em laboratórios de química orgânica, a digestão é o processo mais utilizado, uma vez que os
compostos são muito sensíveis a mudanças na temperatura, e para se fazer moléculas complexas é
necessário gerar várias alterações sucessivas na molécula de partida, mas sem que ela se desfaça por
completo. Tive alguns momentos particularmente complicados com esse processo, porque em minha
pesquisa precisava remover uma carboxila (C em ligação dupla com O) de uma molécula que tinha duas.
Temperaturas baixas não removiam nenhuma, e temperaturas altas removiam as duas. Além disso, o
processo durava dois dias.

Imagem: eu há 10 anos no laboratório digerindo uma molécula com zinco metálico.

Aqui ocorre o primeiro teste de consistência. A Digestão é uma “prova de fogo” que aquece a psiquê e
degrada lentamente as partes do conteúdo aprendido que não se encaixavam com o resto. É um
processo necessário para que a mente faça sentido como um todo, uma vez que muitos dos
conhecimentos que foram dissolvidos podem ter arestas a serem aparadas antes de atuarem em
uníssono. Neste processo, o alquimista começa também a gerar seus próprios conteúdos mentais e a
criar suas próprias conclusões a partir do que aprendeu nas etapas anteriores. A psiquê integrada aos
conteúdos passa por uma transformação, e o alquimista se torna confiante com a nova visão de mundo
que não só aprendeu, mas criou.

Destilação (Virgem)

A destilação é muito usada para purificar compostos mais voláteis do que o resto da mistura, e separá-
los de outros compostos mais pesados. Obtêm-se apenas os “espíritos” ou compostos “leves” de tudo o
que foi submetido ao processo. Este é o processo utilizado para produzir destilados, como a cachaça e a
vodka. Muitas vezes, porém, o composto de interesse é exatamente o mais pesado, que fica para trás.
A destilação é um processo muito conhecido de purificação. Em alguns casos, porém, é impossível
separar completamente duas substâncias por destilação, uma vez que formam azeótropos. Nesse caso,
um composto é destilado mas arrasta certa quantidade do outro, que tem afinidades consigo. Essa
azeotropia, por outro lado, pode ser muito útil, uma vez que pode-se misturar um solvente no que se
deseja purificar, e este solvente carregará os contaminantes ao ser destilado.

Imagem: aparato de destilação para purificar um composto de interesse.

A destilação permite que os conteúdos absorvidos e criados pela mente do alquimista sejam purificados,
separados do restante para melhor observação e análise. As conclusões inovadoras são recolhidas e
podem ser estudadas, testadas, misturadas com outros conceitos para observarem-se os resultados.
Neste processo, as partes da psiquê que foram degradadas durante a digestão são deixadas para trás, e
podem ser descartadas pois não fazem parte do novo complexo mental. Eram restos e sobras que vieram
junto com o conhecimento aprendido, mas não necessariamente eram importantes, e podem ser
esquecidas.

Sublimação (Libra)

A sublimação ocorre quando um sólido se torna um gás, ou um gás se torna um sólido, em uma só etapa,
sem passar pelo estado físico líquido. Isto ocorre com algumas substâncias, como o iodo e a cânfora, mas
também pode ser utilizado em condições de baixa pressão para outros compostos, como a água (na
forma de gelo), que sai da mistura sem passar pelo estado líquido no processo conhecido como
liofilização.

Os cristais de iodo formam uma fumaça roxa quando aquecidos, e é o experimento mais bonito que já
fiz para as turmas de pré-vestibular comunitário onde dava aula. Porém, não tirei foto desses
experimentos. MAS… Uma vez coloquei um CD no microondas de casa e pude observar a sublimação de
alguns compostos que são responsáveis por magnetizar a superfície do disco.

Imagem: CD no microondas.

Nesta etapa, a nível mental, são avaliados quais os conteúdos psíquicos mais elevados e mais puros que
o magista possui. Estes conteúdos poderão ser extraídos da psiquê diretamente para um estado gasoso,
uma vez que são leves e sutis. O material que foi Sublimado será utilizado nas próximas etapas da
Magnum Opus (Obra-Prima) do alquimista.

Separação (Escorpião)

Quando uma dissolução é realizada, pode haver restos ou rejeitos que precisam ser filtrados. A este
processo de separação física se dá simplesmente o nome de “separação”, onde o que não serve é
descartado, deixando para trás aquilo que escolhe-se abandonar. Para que algo seja separado, porém,
deve ser distinguível do que se deseja manter, como um pó imerso em líquido, ou como dois líquidos
que não se misturam.

Após a produção do Biodiesel a partir de óleo de soja, este encontra-se misturado com um pouco do
catalisador, básico. Pode então ser lavado com uma solução ácida bem diluída, para desativação do
catalisador. A mistura de água ácida e Biodiesel se divide em duas fases (como óleo e água), e pode ser
separada.

Imagem: biodiesel e solução ácida, que na presença de detergente ou sabão podem se misturar, mas na
ausência se tornam visualmente distintos. A separação neste caso pode ocorrer colocando-se os dois em
um funil transparente e esperando-se que as fases se separem e estabilizem.

A Separação é um processo importante para que os materiais sublimados estejam disponíveis de forma
pura e individual. São separados os conteúdos que fazem sentido seguirem para a próxima etapa, e o
alquimista procura em sua mente pelos pensamentos que deseja manter e cultivar para o resto da vida.
Aqui está incluída, por exemplo, a “razão de viver” de alguém, ou seu objetivo de vida, o mais
importante dentre os vários objetivos definidos no início do ciclo. Pode parecer um desperdício, mas é
necessário se separar ou desvincular dos conteúdos que não servem ao propósito maior, para que este
propósito seja melhor realizado sem interferências. Estes conteúdos poderão ser resgatados em ciclos
futuros, então não é exatamente uma despedida.

Incineração (Sagitário)

A incineração ou combustão é um processo onde é aplicada uma chama sobre alguma substância, que
entra em combustão ou queima simples. Em outras associações, porém, o signo de Sagitário é
relacionado à ceração, que consiste no aquecimento de um líquido até dissolver um sólido e formar algo
semelhante a uma cera. Em ambos os casos, a temperatura usada é maior do que na digestão e menor
do que na calcinação.
Uma questão interessante da incineração é que, em muitos casos, ela pode ser revertida por meio do
processo conhecido como redução, onde uma corrente de hidrogênio (ou outro composto redutor) é
passada pelo óxido que foi formado, e ele retorna à sua forma anterior. Este é o processo utilizado para
transformar Calcopirita em Cobre, Bauxita em Alumínio e Minério de Ferro em Ferro. Com o tempo,
porém, a oxidação pode ocorrer novamente mesmo sem aquecimento, o alumínio e o cobre viram
zinabre, e o ferro enferruja (a ferrugem se forma mais rápido durante a incineração).

Imagem: análise da redução de um catalisador de óxido de cobre (CuO) formando cobre metálico (Cu)
por reação com hidrogênio. A redução é o processo inverso da oxidação, que ocorre durante a
incineração.

A incineração é uma etapa que envolve fogo, e aqui novamente os conteúdos mentais são colocados à
prova. Se eles passaram por todas as etapas anteriores, não haverá problema, e a incineração apenas irá
purificar ainda mais os conceitos. O alquimista pode passar por dificuldades que coloquem em teste o
que ele diz acreditar. As certezas que continuarem após esta etapa são realmente perenes, pois a
incineração apenas oxidará os pensamentos menos nobres. Pensamentos sublimes e elevados não são
incinerados. Por outro lado, é um momento bom para destruir traumas e complexos que tenham restado
mesmo após a sublimação.

Fermentação (Capricórnio)

O processo de fermentação ou putrefação envolve o uso de agentes biológicos para promover mudanças
em uma substância. Porém, de forma mais geral, pode ser o nome dado a um procedimento usando
ácidos que agem por um longo tempo sobre algum composto. Os ácidos convertem aos poucos a
substância em formas mais simples ou mais basais do composto inicial.

Durante minha iniciação científica, tentei criar esferas de resina que pudesse submeter a algumas
reações. Porém, percebi que dependendo das quantidades de reagentes que usava, elas podiam ficar
muito moles ou duras, derretendo ou quebrando. O meio ácido também as tornava mais quebradiças, e
embora não dissolvesse as esferas diretamente fazia com que quebrassem, após “fermentarem” em
ácido por muito tempo.

Imagem: esfera de polímero quebradiça vista em Microscópio Eletrônico de Varredura (MeV).


A Fermentação é um dos últimos passos da jornada alquímica. Aqui, é realizada uma preparação que
consiste em quebrar conteúdos mentais para a sua forma mais simples — e isto é feito apenas com os
conteúdos que passaram por todas as etapas. Este “retorno ao útero” permite que as verdades
conscientes sejam realmente imbuídas no inconsciente, e a crença, que antes era apenas temporária, se
torna um novo paradigma na vida do alquimista. Ao final da fermentação, a mente possui pequenas
unidades de pensamento que refletem as conclusões finais deste ciclo alquímico.

Multiplicação (Aquário)

A multiplicação é o ato de aumentar alguma substância em tamanho, massa, quantidade ou qualidade.


Pode ser alcançada, por exemplo, quando se coloca um cristal dentro de uma solução supersaturada
com seus componentes. O cristal cresce de tamanho, pois ao entrar na solução ele “mostra” para a
mistura qual deve ser sua forma final, e a mistura então cristaliza em torno dele, formando mais massa
do próprio cristal.

Um exemplo de reação de multiplicação são as polimerizações em cadeia, onde uma molécula reage e
em seguida todas as outras reagem da mesma forma se ligando à primeira. Um dos polímeros que serve
de exemplo e ainda tem grande aumento de tamanho é o poliuretano, uma mistura simples de Poliol e
Diisocianato que pode crescer mais de 100 vezes ao se polimerizar.

Imagem: crescimento de um bolinho de Poliuretano.

Uma vez que as conclusões do ciclo foram gravadas no inconsciente, a mente consciente do alquimista
pode aplicá-las em vários contextos diferentes. Ele passa a ver a vida de outra forma, e agora isso se
torna permanente em sua vida. Tudo o que venha a fazer a partir daqui será pautado pelos novos
pensamentos que foram inseridos na sua psiquê mais profunda. As conclusões simples e basais da
fermentação se desdobram em milhares de pensamentos, todos baseados em sua pureza, firmeza e
exatidão. Aqui, os conhecimentos da jornada podem ser registrados na forma escrita ou explicados de
forma oral. A Pedra Filosofal ou Obra-Prima foi alcançada.

Projeção (Peixes)

Após a manufatura da pedra filosofal, o processo de Projeção seria aquele onde o composto de menor
valor é convertido em algo mais puro e valioso (por exemplo, chumbo se tornando ouro). Porém, de
forma geral, este nome pode ser aplicado a qualquer conversão que aumente o valor de uma substância,
ou que resulte em um elemento mais raro do que aquele de partida.

O ponto alto da minha iniciação científica foi quando consegui ajustar as quantidades de estireno e
divinilbenzeno que me permitiram criar microesferas perfeitas, que depois observei em um microscópio
ótico para realizar a medição. O primeiro composto, sozinho, forma um polímero muito mole (as esferas
podem derreter com a temperatura), enquanto o segundo por si só forma um polímero muito duro (as
esferas podem quebrar com a movimentação e o meio ácido), então o equilíbrio foi importante para o
formato final ser alcançado.

Imagem: resina com pérolas perfeitamente esféricas produzidas por polimerização em suspensão.

A Projeção é o processo mental de se aplicar na vida cotidiana o que foi desenvolvido no ciclo alquímico.
O alquimista não só aplica as conclusões finais em diversos contextos, mas age de acordo com tais
aplicações, mudando toda a sua vida. Por meio da Pedra Filosofal, o Chumbo se torna Ouro. Por meio da
Obra-Prima, a vida de quem a aplicou na prática se torna melhor.

Aqui o alquimista alcança o nível máximo de satisfação no campo da vida que escolheu para trabalhar
neste ciclo, se prepara para os próximos ciclos, e para a nova Calcinação que se aproxima.

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