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Resumo: Durante a graduação é ensinado que as ligações viga-pilar são rígidas, contudo na
prática, essa situação é ideal, o objetivo desse trabalho é investigar essas ligações para saber
qual o funcionamento delas depois de executadas e quais os limites aceitáveis, para isso foi
realizada uma revisão bibliográfica. No presente trabalho são analisadas em quais parâmetros
a variação da rigidez na ligação viga-pilar monolítica de concreto armado pode afetar em um
pilar de extremidade, para isso foi utilizado um programa comercial de cálculo estrutural –
Eberick V10 Basic – para analisar seis pórticos idênticos de concreto armado, compostos por
dois pilares ligados por uma viga, variando-se apenas o percentual do coeficiente que
corresponde a rigidez no engaste (engastamento parcial), posteriormente verificou-se quais
parâmetros foram afetados e o quanto eles foram influenciados por conta dessa mudança.
1
Graduando em Engenharia Civil pelo Centro de Ensino Unificado do Piauí – CEUPI.
E-mail: doswp8@gmail.com
2
Graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Piauí – UFPI, Especialista em Construção Civil
pela AMV Faculdade Integrada e Mestrando em Engenharia de Materiais pelo Instituto Federal do Piauí - IFPI.
E-mail: thyago.camelo@ifpi.com
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1. INTRODUÇÃO
Edifícios produzidos nas décadas de 1990 tinham como parâmetro, estruturas com
mais rigidez em relação as que são projetadas hoje, por apresentar vãos menores e pelo fato de
suas peças terem tamanhos diferentes das atuais, isso se refletia em limitações nos métodos de
análise das estruturas e em uma resistência característica a compressão do concreto com
valores menores. Nessa época, o cálculo era realizado apenas segmentando a estrutura em
elementos, sendo feita a análise de cada seção individualmente, tudo isso era processado “à
mão”, por conta de recursos computacionais limitados, o que dificultava as análises globais,
sabemos que hoje devido a edifícios mais esbeltos e outros tipos de edificações que exigem
métodos de análise de estruturas mais refinados, atuais e sofisticados, sendo assim pode-se ter
diferenças nos resultados de dimensionamentos realizados nas duas diferentes épocas, sendo
interessante fazer esse confronto de resultados (NEVES, 2016).
Diante do exposto, surgiu o seguinte questionamento: Existe relação entre a ligação
viga-pilar e os custos relacionados às estruturas das edificações. Qual o limite em que se
possa definir a relação de rigidez entre a viga e o pilar, de modo a obter a melhor relação entre
custo e segurança. Tem-se como hipótese que existe relação entre viga-pilar e os custos
orçamentários da obra e que a faixa ótima seria o limite do dimensionamento de uma ligação
semirrígidas.
Esse estudo tem o objetivo de acrescentar mais informações a essa área que é
complexa e tem poucos estudos realizados, com isso, também é uma forma de fazer uma
revisão sobre os modelos de análise estruturais que mais se assemelham à nossa realidade e
alguns outros tipos, fazendo-se uma análise comparativa sobre os métodos.
Como objetivo geral analisa-se os limites que a plastificação pode apresentar
tomando-se em conta ligações viga-pilar semi-rígidas, com a intenção de identificar em qual
limite se encontra a faixa ótima de comportamento estrutural a favor da segurança e da
economia.
Como objetivos específicos analisaram-se a influência da rigidez dos nós no
comportamento da estrutura, produzindo análises mais próximas da realidade de projetos
estruturais, gerando simulações numéricas com base em um programa comercial de cálculo
estrutural para uma edificação de concreto armado modificando o valor da rigidez das
ligações viga-pilar na redistribuição de esforços da estrutura e por último, examinar a
importância da consideração da rigidez das ligações viga-pilar na análise de estruturas de
concreto armado.
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2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. Conceitos Iniciais Sobre Rigidez
Para Süssekind (1987) conferimos a rigidez (K) de uma barra com relação a um nó o
valor do momento (M) aplicado no nó em estudo que nele seja capaz de provocar uma
deformação unitária (ᵠ), sendo que o mesmo tenha a capacidade de livre rotação, ele ainda
complementa que o conhecimento da rigidez e do coeficiente de transmissão (coeficiente que
transmite o momento de um nó para o outro) é indispensável ao mecanismo operatório do
método das deformações.
Por meio do Processo de Mohr (princípio da viga conjugada), obteve a determinação
da rigidez absoluta e da rigidez relativa nos dois nós de uma barra bi-engastada (por meio da
utilização dos coeficientes de transmissão). No caso de uma barra engastada – apoiada só foi
possível a determinação da rigidez absoluta e da rigidez relativa apenas no nó engastado,
sendo o momento (em consequência a rigidez) em um nó apoiado igual a zero.
Através de seus estudos, ele desenvolveu a tabela que segue abaixo:
Figura 1- Pórtico de ligações rígidas (A), Pórtico de ligações articuladas (B) e Pórtico de
ligações semirrígidas (C).
Fonte: Adaptado de Oliveira (2011).
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Figura 2- Pórtico de ligações rígidas (A), Pórtico de ligações articuladas (B) e Pórtico de
ligações semirrígidas (C).
Fonte: Adaptado de Rodrigues (2015).
Por meio dessas considerações entende-se que os reais comportamentos dos nós dos
pórticos não são de naturezas rígidas, mas sim, semirrígidas, o estudo desse tipo de estrutura é
importante, pois ele interfere diretamente no momento fletor que atua nos pilares, nos efeitos
de segunda ordem e na deslocabilidade horizontal das estruturas.
2.2.4. NBR6118:2014
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3. METODOLOGIA
A pesquisa baseia-se na metodologia de revisão bibliográfica que segundo Marconni e
Lakatos (2003), é a citação das principais conclusões que outros autores chegaram o que
permite salientar a contribuição da pesquisa realizada, demonstrar contradições ou reafirmar
comportamentos e atitudes.
Realizou-se uma revisão das literaturas que se relacionam aos assuntos e que darão
suporte aos estudos da rigidez da ligação viga-pilar em estruturas de concreto armado, esse
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estudo terá como foco a análise estrutural com ligações rígidas, articuladas e semirrígidas.
Posteriormente utilizando simulação computacional e numérica por meio do programa
comercial Eberick V10 Basic, respeitando-se os parâmetros estabelecidos pela NBR
6118:2014. Será feita a modelagem de um pórtico de concreto armado composto por dois
pilares de com dimensões de 30 cm de base e 15 cm de altura (30x 15) e comprimento de
flambagem de 306 cm, ligados por uma viga com medidas de 15 cm de base e 55 cm de altura
(30x 55) e comprimento de 470 cm.
A análise basear-se-á em simular seis pórticos iguais (Figura 5), usando as dimensões
das estruturas descritas acima sendo feita a modificação apenas a rigidez na ligação entre a
viga e o pilar – variando a redução no engaste para nós semirrígidas em 0% (perfeitamente
engastado), 10% e 25% (semirrígido) e 50%, 75%, 100% (perfeitamente articulado).
Nesse estudo, foram utilizados os parâmetros de classe de agressividade ambiental II
com cobrimento para viga(s) e pilar(es) de 3 cm, concreto C25 (fck = 250.000 kgf/cm²),
modulo de elasticidade secante Ecs = 24.150 MPa (Ecs = 24.1500 kgf/cm²), aço de armadura
longitudinal CA-50 e para armadura transversal CA-60, será analisada apenas a combinação
última de carregamentos 1,4 x g, o carregamento majorado usado na simulação foi de 2000
Kn/m (2000 kgf/cm).
essas podem ser identificadas em vigas que não possuem indicação nenhuma no apoio do
pilar. Este tipo de vinculação garante que não haja rotações relativas entre a viga e o pilar no
nó de apoio. Isto é, ambos os elementos apresentarão a mesma rotação naquele ponto, o que
se traduz como uma transferência de momentos da viga para o pilar.
Vinculação semirrígida
Sabe-se que em uma estrutura, após a sua execução, não se garante a totalidade da
rigidez da ligação entre os elementos, sempre existirá certa deformação e fissuração do
elemento. Sendo assim, pode-se considerar uma redistribuição de esforços devido a este
efeito. No caso abaixo, foi aplicada uma redistribuição de 50%.
Vinculação rotulada
As vinculações rotuladas são as mais flexíveis dentre as três, indicando que o
momento que a viga repassa ao pilar é nulo. Isto faz com que o dimensionamento do pilar seja
menos robusto, visto que os momentos agindo sobre ele são menores. Todavia, ao liberar a
rotação da viga nos seus apoios, seus deslocamentos e momentos positivos aumentam. Além
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disso, a perda de rigidez dos pórticos formados por essas vigas pode ter impacto direto na
estabilidade global da edificação. Uma vinculação rotulada será representada com um
semicírculo.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1. Vigas
Nos Gráficos a seguir apresenta-se a influência que a plastificação do engaste, que
representa a variação na rigidez do engaste, nos diversos parâmetros analisados nas
simulações numéricas dos seis pórticos estudados.
0.150
0.100
0.050
0.000
0 10 25 50 75 100
Plastificação do engaste (%)
Percebemos que a profundidade da linha neutral das vigas é maior no meio dos vãos
do que nos nós e nas ligações ela tende a se estabilizar para valores de plastificação entre 75%
e 100%, mesmo com o maior valor de profundidade, no caso para plastificação no engaste de
100%, não ultrapassa 0,25 com isso não é necessária ser feita a análise plástica de acordo com
o que já foi dito no parágrafo acima.
4.1.2. Momentos
O próximo parâmetro examinado foram os momentos tanto os positivos (no meio dos
vãos) quanto os negativos (nos nós/nas ligações).
Momentos
12000.00
10000.00
8000.00
Md (kgf.m)
6000.00
4000.00
2000.00
0.00
0 10 25 50 75 100
Plastificação do engaste (%)
com o gráfico acima podemos inferir que os momentos positivos no meio dos vãos
aumentam à medida que a plastificação do engaste também aumenta e que o contrário
acontece com os momentos negativos nos nós (nas ligações), o que apenas confirma a ideia
apresentada anteriormente no item 2.2, melhor ilustrada na Figura 2.
3.00
2.00
1.00
0.00
0 10 25 50 75 100
Plastificação do engaste (%)
Abertura de Fissuras
0.16
0.14
0.12
Fissuras (mm)
0.10
0.08
0.06
0.04
0.02
0.00
0 10 25 50 75 100
Plastificação do engaste (%)
4.2. Pilares
4.2.1. Momentos
Para os pilares, o primeiro parâmetro estudado foram os momentos resistentes de
cálculo nos dois eixos (Gráfico 5 e Gráfico 6).
O que inferimos é que os momentos resistentes de cálculo são muito maiores no eixo
“y”, e que no eixo “x” os momentos diminuem com o crescimento da variação da
plastificação do engaste, sofrem leve aumento e zeram no intervalo de plastificação de 75 a
100%, entende-se como causa, o fato de ser plano que ocorre a ligação da viga com o pilar.
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Momentos
250.00
200.00
Mrd (kgf.m)
150.00
100.00
50.00
0.00
0.00 10.00 25.00 50.00 75.00 100.00
Plastificação do engaste (%)
Mrd x (kgf.m)
Momentos
6000.00
5000.00
4000.00
Mrd (kgf.m)
3000.00
2000.00
1000.00
0.00
0.00 10.00 25.00 50.00 75.00 100.00
Plastificação do engaste (%)
Mrd y (kgf.m)
O estudo dos momentos resistentes de cálculo tanto no eixo “x”, quanto no eixo “y”,
são de extrema importância, por que esses momentos influenciam diretamente nas taxas de
aço relacionadas aos eixos “x” e “y”, áreas essas que serão mais bem apresentadas no prócimo
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tópico.
Áreas de Aço
12.00
10.00
8.00
As (cm²)
6.00
4.00
2.00
0.00
0.00 10.00 25.00 50.00 75.00 100.00
Plastificação do engaste (%)
As (cm²)
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho analisou a influência da rigidez na ligação viga-pilar em um pilar
de extremidade em estruturas monolíticas de concreto armado variando a redução no engaste
para nós semirrígidas em 0% (perfeitamente engastado), 10% e 25% (semirrígido) e 50%,
75%, 100% (perfeitamente articulado), conforme os itens 14.6.3 e 14.6.4 da NBR 6118:2014.
Por meio do programa de cálculo estrutural Eberick V10 Basic, a partir das análises
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REFERÊNCIAS
ALVA, G. M. S.; FERREIRA, M. A.; EL DEBS, A. L. H. C. Engastamento parcial de
ligações viga-pilar em estruturas de concreto armado. Revista IBRACON de Estruturas e
Materiais, v. 2, n. 4, p.356-379, 2009.
armação de estruturas de concreto armado. Rio de Janeiro, Ed. Interciência, 2007, v.3.
SÜSSEKIND, J. C., 1947 – Curso de análise estrutural – 4. ed. – Porto Alegre : Globo,
1980, Volume III.
LONGO, L. F. ALTO QI – EBERICK, Quando aplicar um nó semirrígido? Artigo. QI
Suporte Online. Disponível em: <https://suporte.altoqi.com.br/hc/pt-
br/articles/115001294234> Acesso em: 16 de novembro de 2018.
ANEXO
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Figura 8 - Vinculação dos nós dos pórticos: 0% (perfeitamente engastado) (A), 10% (B),
25% (C), 50% (D), 75% (E), 100% (perfeitamente articulado) (F).
Fonte: Produzida pelo autor.