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Resumo
Este trabalho tem como objeto as concepções de equipes do Programa de Saúde da Família de Belo Horizonte acerca do usuário, do uso de
drogas e dos problemas relacionados ao abuso e dependência. Analisou-se como estas concepções se articulam a valores políticos, sociais e
morais, com o objetivo de verificar as possibilidades e limitações à adoção de ações de redução de danos direcionadas aos usuários de drogas
no referido programa. Foi realizada uma pesquisa quantitativa descritiva, com uso de questionário aplicado em entrevista face-a-face, numa
amostra de 120 integrantes de equipes de saúde da família (médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e agentes comunitários de
saúde). Dentre os resultados verificados, destacam-se a tendência dos membros do programa de saúde da família à aceitação da proposta de
redução de danos, em contraste com o desconhecimento dos seus fundamentos ideológicos, e a coexistência de valores tradicionais e
emergentes na estruturação das concepções que orientam as práticas direcionadas aos usuários de drogas. Estes resultados confirmam a
potencialidade do programa de saúde da família como espaço propício ao desenvolvimento de ações de redução de danos, ao mesmo tempo
em que revelam a permanência de valores e práticas tradicionais, fundamentadas no ideal de abstinência, o que acaba provocando uma
descaracterização da proposta de redução de danos em seus fundamentos originais.
Abstract
The object of this work concerns the conceptions of Family Health Program Teams, in Belo Horizonte, regarding drug-users and the
problems related to drug abuse and dependence. We analyzed how these conceptions are linked to political, moral and social values, so that
we could verify the possibilities and limitations in setting up strategies, to reduce harmful effects, for the actions of the program. In order to
do so, we performed a quantitative descriptive survey, using a questionnaire in face-to-face interviews, with a sample of 120 members of
family health teams (physicians, nurses, nursing assistants and community health agents). Among the results found, it is important to notice
that: the family health program members tended to accept the reduction of the harmful effects that was proposed, though ignoring its
ideological foundations; that the traditional values coexisted with emergent ones in the structuring of the conceptions that guide the practices
directed to drug users. These results confirm the potential of the family health program as an adequate space for the development of actions
which reduce harmful effects, at the same time that they revealed the permanence of traditional values and practices, based on the ideal of
abstinence, which changed the proposed reduction (of harmful effects) in its original foundations.
Segundo Gilberto Velho (1978), em nossa moral e médica na qual o aspecto de doença é dado
sociedade, o usuário de drogas ou, simplesmente, a de antemão. Essa concepção orienta as práticas e
categoria drogado, compreende uma acusação modelos de tratamento, legitimando os saberes que
1
Mestre em Psicologia Social pela UFMG, professora da PUC-MG, Unidade São Gabriel, Belo Horizonte. Endereço para correspondência:
isabelasq@gmail.com . Este trabalho foi baseado na dissertação de mestrado da autora.
serão tomados como oficiais e excluindo aqueles discurso, fundamental na medida em que fortalece e
que não se mostram adequados. Velho (1978, p.37) justifica as leis repressivas do uso. [...] O contexto
utiliza a noção de sistema de acusação como uma sociocultural é visto como permissivo, e a atual crise
“estratégia mais ou menos consciente de manipular de valores imporia a necessidade de leis duras.
(Acselrad, 2000, p. 177)
poder e organizar emoções, delimitando fronteiras”,
deixando claro que as acusações são criações
Segundo Cruz (2000), apesar do emprego de
específicas de grupos sociais específicos e têm a
recursos astronômicos e da obtenção de resultados
função de demarcar os limites identitários do grupo
medíocres, o modelo jurídico-moral encontra força
através da padronização de um código de emoções
nas parcelas mais conservadoras da sociedade e é
do qual sobrevêm uma visão de mundo e um ethos
freqüentemente utilizado como forma de controle
particulares.
social.
Velho (1997) chama atenção para o fato de que
Já o modelo médico ou de doença identifica o
a relação das sociedades humanas com as drogas
uso de drogas como uma doença biológica/genética
expressa um processo singular de construção social
que requer tratamento e reabilitação. Como aponta
da realidade.
Garcia (1997):
Ainda não se encontrou nenhum grupo em que não
A noção que prevalece é a de que a droga, como um
se registrasse algum reconhecimento de alterações
inimigo externo, é capaz de engendrar
significativas de percepção e relação com o mundo
comportamentos estereotipados. [...] Como um efeito
circundante, seja por que razões for. A utilização de
em si mesmo, uma qualidade do produto, à droga são
substâncias dos mais variados tipos que provoquem
atribuídas capacidades, como a de corromper a
mudança no tipo de consciência e attention à la vie é
moral, entre os adultos, e gerar sentimentos de
uma experiência universalmente disseminada. (p.10)
estranheza entre os adolescentes. (p. 28)
Assim, para compreendermos o uso de drogas
Segundo a autora, essa visão contribui para
dentro de uma modalidade de construção social da
manter os usuários impotentes e desarticulados
realidade devemos lembrar que as representações
diante da possibilidade de prevenir ou reduzir os
que perpassam o imaginário das pessoas a esse
danos decorrentes do uso, uma vez que há o
respeito variam, como aponta Garcia (1997), desde
entendimento de que os danos e riscos a que podem
os “paraísos artificiais” até os “demônios do mal”.
estar sujeitos são engendrados apenas pela
Atualmente, contudo, as opiniões sobre o uso e
substância ingerida, sem considerar outros fatores.
dependência de drogas têm-se baseado
Aqui a ênfase está nos programas de tratamento e
fundamentalmente em dois modelos, que constróem
de prevenção, que procuram remediar o desejo ou a
discursos específicos, baseados na importância que
demanda por drogas por parte do indivíduo.
é dada às variáveis que intervêm no
Objetiva-se então a “redução da demanda”. Para
desenvolvimento da dependência – a substância, o
Marlatt (1999),
indivíduo e o contexto sócio-cultural. São eles: o
modelo jurídico-moral e o modelo médico ou de Apesar da aparente contradição entre encarar o
doença. usuário de drogas como um criminoso que merece
O modelo jurídico-moral que, segundo Marlatt punição e como uma pessoa doente que necessita de
(1999), é expresso exemplarmente na política de tratamento, os modelos de redução da oferta e de
controle de drogas dos Estados Unidos, redução da demanda concordam que o objetivo final
compreende o uso de drogas como um crime que de ambas as abordagens é reduzir e, finalmente,
merece punição e parte do pressuposto de que o uso eliminar a prevalência do uso de drogas,
de drogas ilícitas é moralmente incorreto. Separa concentrando-se principalmente no usuário
drogas lícitas (como o álcool e a nicotina) das (“redução do uso”). (p. 46)
ilícitas e se preocupa com o controle das últimas. O
controle do uso de drogas é baseado na “redução da Assim, segundo Acselrad (2000), na passagem
oferta”, isto é, visa a redução do suprimento de do modelo jurídico-moral para o modelo médico ou
drogas que chega ao país, através da destruição de de doença não há uma transformação real dos
plantações ou carregamentos de drogas, e do valores subjacentes, quais sejam: garantir a
aprisionamento dos traficantes. abstinência e adequar o indivíduo ao
“comportamento desejado”.
Através do discurso jurídico-moral, Como alternativa aos modelos tradicionais –
tradicionalmente, buscou-se, com a punição ou a jurídico-moral e médico/de doença –, a partir de
ameaça de punição, manter o indivíduo afastado do meados da década de 80, um outro modelo ganha
consumo, evitar um comportamento considerado expressividade, impulsionado pelo crescimento do
indesejável. O uso de drogas (ilícitas) é considerado número de infecções pelo HIV entre usuários de
desvio social, crime. A informação sobre os perigos drogas injetáveis na Europa. Este modelo,
decorrentes do uso de drogas ilícitas é, nesse fundamentado na redução dos danos decorrentes do
Para Alba Zaluar (1994), a realidade brasileira Desta forma, o anúncio que a política de
caracterizada por um contexto sócio-econômico no redução de danos faz é o da possibilidade de haver
qual tem-se desenvolvimento econômico de um outras estratégias de abordagem ao uso e abuso de
lado e políticas sociais precárias de outro, drogas que não aquela fundamentada na repressão,
proporciona uma situação tal que favorece o exclusão e associação imediata a problemas
crescimento do consumo de drogas entre as médicos, pois, se pensarmos que tanto a maneira de
parcelas mais pobres da população, uma vez que ver quanto de tratar o usuário de drogas está
“este segmento populacional resulta sendo o mais diretamente relacionada ao lugar que este ocupa na
afetado pelas falhas da escola e do mercado de malha social, fica evidenciado o núcleo de opressão
trabalho em lhe dar esperanças e projetos para o que gira em torno da questão.
futuro” (Zaluar, 1994, p. 11). Como já foi dito acima, muitas vezes os
Zaluar (1994) ressalta o fato de que nestes usuários de classes mais baixas são taxados de
setores mais vulneráveis à ação policial, os efeitos marginais e desviantes, enquanto usuários de
de uma política repressiva às drogas acabam sendo classes altas são vistos como “usuários recreativos”
desastrosos por estimularem a criminalidade de drogas. Importa, a partir disso, pensar em
violenta. Em contrapartida, jovens da classe média abordagens diferenciadas, que levem em
e alta, na maioria das vezes, não chegam a ser consideração as realidades específicas de cada
estigmatizados como problemáticos, anti-sociais ou segmento. Assim, é preciso haver uma abordagem
violentos, apresentando-se muito mais como jovens ao usuário de drogas dos setores de risco que
em busca de diversão ou, quando exageram, jovens considere sua realidade de opressão, submissão e
que necessitam de atendimento por médicos e exposição excessiva ao crime. Tanto para este
clínicas particulares. segmento, quanto para as classes mais
Segundo Zaluar (1994), o hedonismo próprio à privilegiadas, cabe a oferta de uma abordagem que
juventude, somado a fatores sócio-econômicos e conceda ao usuário um espaço de decisão, de
específicos de cada sujeito, pode facilitar a adesão construção de sua história com responsabilidade
às subculturas de uso de drogas ilícitas que não são pessoal e social. Os programas de redução de danos
derivadas de alguma relação intrínseca com a vêm anunciar este espaço de construção de
substância ingerida sendo, antes, o resultado de subjetividade e responsabilidade (capacidade para
processos históricos e de transformações sofridas responder) a partir da utilização da informação
nas últimas décadas. Estas transformações, continua como recurso e do compartilhamento de
a autora, orientações e códigos de conduta.
Nesse sentido, importa lembrar que as
são relativas às diferenças nos graus de complicações decorrentes do uso de drogas são
envolvimento ou de relação com a droga e com o muitas vezes superdimensionadas. Como aponta
grupo (se a tomam nas horas de lazer ou diversão Velho (1997),
ocasionais, se ela é central na definição de um estilo
de vida alternativo compartilhado com outras
só uma proporção pequena de usuários de tóxicos
pessoas ou se ela é o eixo na definição da identidade
pode ser definida como toxicômana. A dependência
individual do usuário compulsivo). (p. 13)
e o vício atingem alguns indivíduos dentro de um
universo muito mais amplo e diversificado” (p. 12).
Estas relações de pertencimento “vêm gerar E mais adiante: já há muito se sabe que a maior parte
uma série de atitudes, valores e identidades que não dos usuários das chamadas drogas leves (entre elas a
são necessariamente anti-sociais, desviantes ou maconha) trabalha, tem vida familiar e pode ter
perigosos, nem violentos.” (Zaluar, 1994, p. 11) participação política. (pp. 12-13)
Segundo Zaluar (1994), “as imagens negativas,
os preconceitos, o medo, que, no Brasil, chegam às Assim, em contraste com os defensores do
raias da demonização do viciado, contribuem modelo que associa uso de drogas à doença, o
decisivamente para a cristalização de uma modelo de redução de danos “aceita o fato concreto
subcultura marginal que, muitas vezes, chega a de que muitas pessoas usam drogas e apresentam
adquirir tons agressivos e anti-sociais” (p.12). outros comportamentos de alto risco e admite que
Resulta disso a dificuldade de muitos usuários em visões idealistas de uma sociedade livre de drogas
encontrar atendimento médico quando vêm a ter não têm quase nenhuma chance de tornarem-se
problemas concretos decorrentes do uso de drogas e realidade” (Marlatt, 1999, p. 46)
sob esta perspectiva a implantação de programas de A proposta de educação para a autonomia, isto
redução de danos apresenta-se como uma é, apoiar o sujeito em sua capacidade de reflexão e
alternativa que prioriza a inserção dos usuários na promover com ele formas de desenvolver esta
rede de saúde, oferecendo-se como um espaço de capacidade, vem fazer frente às medidas
individualização, isto é, de autonomia e de auto- repressoras e proibicionistas, colocando-se na
realização. contramão das tentativas de controle do sujeito.
Tem-se então, como aponta Acselrad (2000), uma implementação de estratégias de redução de danos
alternativa à interferência do Estado na vida privada no âmbito dos serviços de saúde, mais
como forma de superação dos problemas, uma vez especificamente aqui, nas ações do Programa de
que reconhece ser ineficaz pretender erradicar, a Saúde da Família (PSF), esbarram nas concepções
partir de uma relação de poder autoritária, uma que os trabalhadores das equipes de saúde têm
prática que tem raízes na história pessoal e social. acerca do uso e dos problemas relacionados ao
Nesse sentido, Acselrad (2000) aponta que “a abuso e dependência de drogas. A hipótese em
educação sobre drogas na perspectiva da redução de questão neste trabalho é de que os trabalhadores da
danos, não tem a pretensão de impedir a própria saúde compartilham visões preconceituosas acerca
experiência do uso” (p.166). E mais adiante afirma: do uso de substâncias, sendo, pelo lugar que
“Compreendendo que a decisão do uso se dá no ocupam no tecido social, importantes transmissores
espaço privado, que ela é, portanto, pessoal, aposta- do código de valores em voga.
se na consciência crítica, na responsabilidade de Segundo Bravo (2002), “cada modelo social é
cada um diante de si mesmo” (Acselrad, 2000, p. produtor de ideologias que têm a função de
167). produzir dispositivos institucionais que legitimam e
Segundo Acselrad (2000), a abstinência deixa justificam contradições de natureza política geradas
de ser o objetivo proposto de forma geral para todos na vida social”. Para este autor as políticas em
e, ao contrário do discurso moral e legal que saúde mental são conseqüência de fenômenos
identifica qualquer tipo de uso ao uso dependente e estruturais organizadores das relações sociais.
afirma ser o usuário um “doente”, a proposta da Qualquer tentativa de reformulação destas políticas
educação para a autonomia considera possível acarreta uma discussão ampla do modelo social que
haver uso não dependente, com riscos que, sem as possibilitou. Assim, ao propor uma alternativa às
dúvida, devem ser conhecidos e enfrentados. Nesse abordagens tradicionais, a proposta de redução de
sentido Acselrad (2000) lembra que “são raros os danos apresenta-se como “representante dessa
programas que esclarecem as diferentes formas de revolução político-ideológica referente aos usuários
uso da droga: experimental, ocasional, habitual, de drogas, na medida em que está centrada na
dependente – este último sem dúvida de difícil reinserção social dos usuários, como sujeitos de
tratamento. São raros os que esclarecem que nem direitos e deveres” (Bravo, 2002, p. 46)
todo uso significa alteração do estado de saúde” É interessante observar que, no Brasil, a
(p.171). política governamental referente ao uso de drogas é
A redução de danos também compreende uma bastante ambígua. Ao mesmo tempo em que
ênfase nos direitos e nas responsabilidades assume as ações de redução de danos como
humanas. Segundo Wodak (1998), na Holanda os alternativas a serem consideradas na abordagem aos
usuários de drogas injetáveis (UDI) já vem sendo usuários de drogas, impõe o tratamento
referidos em alguns documentos oficiais como compulsório a quem é “flagrado” fazendo uso de
“cidadãos holandeses que consomem drogas”, o substâncias ilegais. Ora, impor a entrada no
que confere aos usuários mais respeito, embora tratamento é uma ação orientada pelo ideal de um
exija mais deles em relação ao seu papel frente à mundo sem drogas, inspirador das políticas de
sociedade. Já nos Estados Unidos a terminologia abstinência. Em concordância com o Conselho
mais comumente utilizada com relação aos UDI é Federal de Psicologia (CFP), concordamos que a
“pessoas que abusam das drogas” (p. 58). Para idéia de “justiça terapêutica”, ao preconizar a
Wodak (1998), “no âmbito da redução de danos a naturalização de tratamentos compulsórios, entra
terminologia procura tornar sólidos os vínculos em conflito com a tendência atual nas práticas de
entre o consumo de drogas lícitas e ilícitas”, não saúde no âmbito da dependência química, que
fazendo sentido, por isso, “diferenciar a morbidade definem que a vontade e o desejo de se tratar é
e a mortalidade que afetam alguém que injeta fundamental para a eficácia do tratamento. Assim,
heroína das de alguém que fuma cigarros de tabaco,
quando se sabe que ambos estão sob riscos de O modelo de “Justiça Terapêutica” estabelece uma
lesões graves à sua saúde e a dos demais”. Sendo escolha logicamente questionável, entre a
assim, continua, “qual seria a razão para se referir a penalização e uma prática terapêutica clínica
um deles como fumante e ao outro como ‘pessoa compulsória, colocando o usuário de substâncias
psicoativas lícitas ou ilícitas propenso a ser tratado
que faz uso abusivo de drogas’?” (p. 58). Wodak como ser humano inválido ou incapaz, que perdeu a
(1998) ainda faz uma pergunta fundamental para o razão e, por conseguinte, sua cidadania. A “Justiça
trabalho que ora desenvolvemos: “Por que Terapêutica” acentua as desigualdades sociais, sem
pesquisadores e clínicos aceitam essa terminologia questionamento adequado do contexto sócio-político
pejorativa e não científica?” (p.58). e cultural do uso, abuso e dependência, configurando
Estas perguntas vêm de encontro à reflexão uma opção por uma política de repressão e
posta neste trabalho, qual seja, de que a aceitação e criminalização. (CFP, 2002)
Também observa-se a presença do modelo recursos, valores, conflitos, culturas e relações entre
moral-criminal nos programas de prevenção ao uso as pessoas. O trabalho efetivo com as pessoas em
de drogas nas escolas ministrados por policiais seu território revela diversas formas de sofrimento,
militares (Acselrad, 2000). Esta ambigüidade em de desassistência, de processos que transformam as
relação à política oficial de abordagem ao uso de diferenças em desigualdade e em exclusão social
drogas será determinante de contradições no (Brasil, 2003).
interior das instituições de tratamento, Cada equipe do PSF é composta, em princípio,
configurando a presença simultânea de práticas por um médico, um enfermeiro, dois auxiliares de
tradicionais e práticas de redução de danos, com enfermagem e de quatro a seis agentes comunitários
estas últimas tendendo a ser executadas a partir da de saúde (ACS). Outros profissionais – a exemplo
filosofia da abstinência, sendo esvaziadas dos seus de dentistas, assistentes sociais e psicólogos –
pressupostos originais. poderão ser incorporados às equipes ou formar
A redução de danos deve pois ser equipes de apoio, de acordo com as necessidades e
compreendida em sua dimensão complexa que, de possibilidades locais.
acordo com Bravo (2002), O PSF consiste, então, em um modelo de
atenção centrado na lógica da vigilância à saúde e
excede a simples concordância discursiva com qualidade de vida, dirigido à família e à
alguns de seus princípios (a troca de seringas, por comunidade, e inclui desde a proteção e a
exemplo) para estender-se a uma nova forma de promoção à saúde até o diagnóstico e o tratamento
entender a prática clínica e o lugar do profissional, das doenças.
do paciente e da comunidade no planejamento e na
execução das ações. (p. 50)
Há alguns anos têm sido feitos esforços para
incorporar ações de saúde mental no âmbito do
Segundo Bucher (1997): PSF. Segundo o relatório final da Oficina de
Trabalho para Discussão do Plano Nacional de
Dando ênfase à pessoa do drogadito, tais Inclusão das Ações de Saúde Mental na Atenção
intervenções pretendem legitimar não as práticas Básica (Brasil, 2001), a incorporação de ações de
envolvendo drogas ilícitas, mas as aspirações saúde mental à rede diversificada de serviços do
existenciais à auto-determinação do usuário, PSF contribui para alavancar um novo modelo de
respeitando seus direitos de cidadania, malgrado o atenção descentralizado e de base comunitária,
âmbito de ilegalidade no qual se insere – um dos oferecendo melhor cobertura assistencial dos
maiores estorvos para a sua aproximação e o resgate agravos mentais e maior potencial de reabilitação
da sua dignidade. (p.190) psicossocial para os usuários do SUS. Desta forma,
o Ministério da Saúde pretende contribuir para uma
O PSF no atendimento aos usuários de drogas maior compreensão da realidade em que a família
vive, criando condições para os profissionais
O Ministério da Saúde (MS) criou, em 1994, o atuarem de forma resoluta nas situações de risco
Programa de Saúde da Família (PSF) com o geradoras de sofrimento psíquico. Dentre as ações
propósito principal de reorganizar a prática de propostas inicialmente no Plano Nacional de
atenção à saúde, numa tentativa de substituir o Inclusão das Ações de Saúde Mental na Atenção
modelo tradicional, trabalhando com um conceito Básica (Brasil, 2001), temos a incorporação da
ampliado de saúde que transcendesse as atividades saúde mental nas ações voltadas para: hipertensão,
clínico-assistenciais. Conforme afirma Gonçalves diabetes, saúde da mulher, criança e adolescente,
(2002), o modelo médico assistencial é fruto de idoso, alcoolismo e outras drogas, violência urbana
uma concepção biologicista que “não leva em conta entre outras; acompanhamento de usuários egressos
as relações sociais, culturais, ambientais e de internações psiquiátricas, egressos dos NAPS e
econômicas vivenciadas em um dado espaço de outros recursos ambulatoriais especializados.
geográfico e em determinado tempo histórico da Em sua tese de doutoramento – Cuidados
vida individual e coletiva” (p.26). Assim, o PSF diante do abuso e da dependência de drogas:
surgiu como resultado da elaboração de novas desafio da prática do programa saúde da família –
abordagens que pudessem dar conta da Alda Gonçalves aponta que dentre os transtornos
complexidade dos processos saúde-doença. mentais de maior prevalência encontram-se os
A estratégia do PSF incorpora e reafirma os problemas decorrentes do abuso de álcool e outras
princípios básicos do SUS – universalização, drogas:
descentralização, integralidade e participação da
comunidade – e está estruturada a partir da Unidade Poderíamos afirmar que esse problema –
Básica de Saúde da Família, que trabalha com base compreendido num quadro amplo de agravos e
nos princípios de integralidade e territorialização. A danos que potencializam riscos, vulnerabilizam e
noção de território compreende não apenas uma afetam a saúde, comprometem as relações sociais,
delimitação geográfica, mas um conjunto de familiares e de trabalho, diminuindo a qualidade de
vida individual e coletiva – ocupa o lugar de maior unidade programática de atenção, atuando em uma
prevalência entre os problemas de saúde da base territorial definida e com a proposta de
população. (Gonçalves, 2002, p. 95) desenvolvimento de um trabalho com a
comunidade. Em suas considerações finais,
Esta constatação reforça a necessidade de uma contudo, ainda que tenha constatado a
retomada dos esforços no âmbito das ações de potencialidade do PSF para atuar nas questões
saúde no sentido de buscar novos entendimentos relacionadas ao abuso e dependência de drogas,
acerca da questão do uso de drogas. Neste sentido, conclui que o programa ainda não está preparado
a iniciativa de criar um Plano Nacional de Inclusão para dar respostas políticas e práticas para o
de Ações de Saúde Mental no PSF (Brasil, 2001) enfrentamento da complexidade destas questões.
representa um passo importante do Ministério da Um dos pontos ressaltados pela autora nesta
Saúde na organização de uma política nacional que conclusão é a constatação de um perfil muito
busque contemplar a questão das drogas de uma diversificado entre os profissionais que compõem
maneira mais efetiva. Além disso, O Ministério da as equipes do PSF no que se refere ao preparo para
Saúde (MS) instituiu, em abril de 2002, no âmbito abordar a questão das drogas, no âmbito individual
do Sistema Único de Saúde (SUS), o Programa e coletivo. O perfil idealizado pelo Ministério da
Nacional de Atenção Comunitária Integrada ao Saúde para os profissionais do PSF prevê a
Usuário de Álcool e Outras Drogas (Brasil, 2002), capacidade de envolvimento com o bem-estar das
a ser desenvolvido de forma articulada pelo comunidades, o que inclui construção de
Ministério da Saúde e pelas secretarias de saúde compromissos, disponibilidade, intimidade e
dos estados e municípios, a partir de algumas estabelecimento de relações de confiança com as
considerações, dentre elas: a) o aumento do mesmas. Tudo isso, segundo Gonçalves, exige um
consumo de álcool e outras drogas entre crianças e aprofundamento de relações que são permeadas por
adolescentes; b) os crescentes problemas dificuldades objetivas (acesso, aceitação,
relacionados ao uso de drogas pela população comunicação) e subjetivas (medo, preconceitos,
adulta e economicamente ativa; c) a contribuição do afetos e desafetos) envolvidas no problema do
uso indevido de drogas (em decorrência do abuso e dependência de drogas e questões
compartilhamento de seringas por usuários de correlatas, como o tráfico e a violência.
drogas injetáveis) para o aumento do número de As conclusões do trabalho de Gonçalves (2002)
casos de doenças como a AIDS e as infecções vêm confirmar que o reconhecimento pelo
causadas pelos vírus da hepatite; d) a necessidade Ministério da Saúde do modelo de redução de
de ampliar a oferta de atendimento a essa clientela danos como uma alternativa de saúde pública aos
na rede do SUS, a partir da reformulação e modelos moral, criminal e de doença que
adequação do modelo de assistência oferecida; e) a caracterizam os tratamentos voltados para os
necessidade de estruturação e fortalecimento de usuários de drogas, não é suficiente por si só. A
uma rede de assistência centrada na atenção adoção de uma nova perspectiva pode esbarrar em
comunitária associada à rede de serviços de saúde e entraves de cunho ideológico, uma vez que a
sociais, que tenha ênfase na reabilitação e aceitação de um modelo de atenção em detrimento
reinserção social de seus usuários; f) a diretriz de outro é decorrente, em grande parte, das
constante na Política Nacional Antidrogas de representações correntes e do imaginário no qual
reconhecer a estratégia de redução de danos sociais cada modelo está inserido.
e à saúde, como intervenção preventiva que deve Partindo destas considerações, nesta pesquisa
ser incluída entre as medidas a serem buscou-se evidenciar as concepções – acerca do
desenvolvidas, sem representar prejuízo a outras usuário, do uso de drogas e dos problemas
modalidades e estratégias de redução da demanda; e relacionados ao abuso e dependência – que
g) as deliberações da III Conferência Nacional de orientam as práticas dos trabalhadores do PSF e o
Saúde Mental, de dezembro de 2001, as quais modo como estas concepções, associadas a valores
recomendam que a atenção psicossocial a pacientes morais e sociais, podem configurar possibilidades e
com dependência e/ou uso prejudicial de álcool e limitações à adoção de estratégias de redução de
outras drogas deve se basear em uma rede de danos nas ações direcionadas aos usuários de
dispositivos comunitários, integrados ao meio drogas.
cultural, e articulados à rede assistencial em saúde
mental e aos princípios da Reforma Psiquiátrica.
Metodologia
Gonçalves (2002) apresenta a tese de que o
PSF reúne condições que possibilitam a superação
Para consecução deste objetivo, foi realizada
dos problemas relacionados ao abuso e à
uma pesquisa quantitativa com equipes de PSF do
dependência de drogas graças às suas
município de Belo Horizonte. A amostra foi
características básicas: ser um programa voltado
definida seguindo uma representação proporcional
para a atenção básica, que elege a família como
maiores ou menores danos, não considera possível não subordina a dependência ao uso de uma
definir a priori que qualquer uso que se faça de determinada substância, mas ao tipo de uso que se
uma substância trará problemas ao usuário. O fato faz dessa substância. Também pode-se considerar
de 85% dos entrevistados pensarem dessa maneira como posicionamento favorável à adoção da
poderá, então, sob esta perspectiva, causar entraves proposta de redução de danos o fato da maioria dos
de caráter ideológico à aceitação da proposta de entrevistados (62,2%) concordar que se um usuário
redução de danos. Também foi observado que 75% de drogas diminuir a quantidade do uso já poderá
dos membros do PSF acreditam que qualquer uso ser considerado como alguém em tratamento. Esta
que se faça de uma droga leva à dependência, o que concordância reflete uma postura bastante favorável
confirma o que foi dito acima, sobre a à proposta de redução de danos, uma vez que nesta
predominância do modelo de doença. abordagem nem sempre há a exigência de
Com relação ao predomínio do modelo abstinência, sendo aceitas metas intermediárias
jurídico-moral, observou-se que para 70,8% dos como a redução do consumo. Por fim, a maioria dos
membros do PSF que compuseram a amostra deve membros do PSF que compuseram a amostra
haver aumento no combate ao tráfico de drogas (66,7%) pensa que os usuários de drogas têm um
para que haja uma diminuição do consumo. saber adquirido na prática sobre os problemas que
Portanto, somente 29,2% deles vêem o uso de enfrentam e devem colaborar na construção dos
drogas como algo de ordem subjetiva, que reflete projetos e programas de saúde.
características pessoais e contextuais do usuário.
Este dado aponta para uma expectativa de controle Considerações Finais
externo sobre o uso de substâncias, em detrimento
de um trabalho que priorize a educação dos Em primeiro lugar, importa assinalar que o
indivíduos no que se refere ao uso de drogas. elevado percentual de entrevistados que respondeu
Ainda comprovando o predomínio do modelo que adotaria a proposta de redução de danos em seu
moral, observou-se que a maioria dos entrevistados trabalho (75%) diz menos de uma real adesão à
(62,5%) concorda que as pessoas que têm proposta do que de uma disposição dos
problemas decorrentes do uso de álcool e outras entrevistados a concordarem com a adoção de um
drogas estão simplesmente sofrendo as novo direcionamento profissional. Desta forma,
conseqüências de um comportamento incorreto, mostrar-se favorável à adoção da proposta parece
dado que reflete uma atitude moralizante no tocante estar mais relacionado a uma tentativa de
ao uso de drogas. cumprimento de dever profissional do que à
Observou-se que somente 11,7% dos membros concordância com seus pressupostos e valores.
do PSF consideram o usuário de drogas um cidadão Neste sentido, foram observadas incoerências
com direito a ser respeitado em suas escolhas, isto entre os valores políticos, sociais e morais dos
é, não se considera a responsabilização do entrevistados e suas opiniões em relação à adoção
indivíduo e a sua capacidade de se constituir como da proposta de redução de danos. Observou-se que
inventor de sua própria história. Estamos, então, esta proposta é pensada pelos membros do PSF a
diante de concepções sobre drogas que definem a partir do ideal de abstinência, orientador das
predominância dos modelos de abordagem abordagens tradicionais, não havendo uma
fundamentados na abstinência, o que configura uma alteração no modo de conceber o usuário, o uso e os
limitação à adoção da proposta de redução de problemas relacionados ao abuso de substâncias.
danos. Observou-se, no entanto, que os valores dos
Com relação à avaliação da eficácia dos entrevistados não foram suficientes para que – no
tratamentos para a dependência de drogas jogo de forças que define a emissão de uma opinião
oferecidos, a forma de tratamento considerada mais – eles se colocassem contra a adoção da proposta de
eficaz pelos entrevistados foi a participação em redução de danos. Viu-se, por exemplo, que a
grupos de ajuda mútua (como, por exemplo, o AA), maioria expressiva dos entrevistados (75%) acredita
seguida da internação em comunidades ou fazendas que qualquer uso de drogas leva à dependência e/ou
terapêuticas. Estas formas de tratamento traz problemas ao usuário, opinião representativa
fundamentam-se no ideal de abstinência, única das abordagens que visam a abstinência, próprias
meta aceitável dos modelos moral e de doença. dos modelos moral e médico/de doença. No
No que se refere às positividades observadas, entanto, estes mesmos entrevistados mostraram-se
tem-se que para a maioria dos entrevistados favoráveis à adoção da proposta de redução de
(52,9%) a dependência está mais relacionada à danos.
pessoa que usa a droga, não havendo a percepção Pode-se observar a partir disso a coexistência
de que haja uma substância que cause dependência de valores tradicionais, orientadores dos modelos
em todos de forma indiscriminada. Esta percepção moral e médico/de doença, e de práticas próprias do
concorda com o modelo da redução de danos, que modelo de redução de danos, caracterizando um
mosaico de concepções, valores e práticas no qual do prazer: drogas, aids e direitos humanos. Rio
tem-se de um lado a fundação do novo e, de outro, de Janeiro: Editora FIOCRUZ.
a manutenção do antigo, que de certa forma faz Brasil, Ministério da Saúde (2001). Relatório final
oposição ao novo e termina por configurar uma da oficina de trabalho para discussão do plano
descaracterização das novas práticas em seus nacional de inclusão das ações de saúde
fundamentos mais originais. mental na atenção básica. Brasília: Ministério
Soma-se a isso a pressão do socialmente da Saúde.
esperado e o constrangimento dos entrevistados em Brasil, Ministério da Saúde (2002). Portaria nº
ir contra uma proposta governamental, seja ela 816/GM. Brasília: Ministério da Saúde.
reconhecida por eles como algo que venha do Brasil, Ministério da Saúde. Programa saúde da
Ministério da Saúde ou das secretarias – estadual família. Brasília: Ministério da Saúde.
ou municipal – de saúde. Disponível em:
Estas constatações conduzem à conclusão de <http://www.portal.saude.gov.br/saude/visao.cf
que ainda que haja uma “aceitação” da proposta m?id_area=149> Acesso em 17/09/2003.
(afinal, 75% dos entrevistados se disseram Bravo, O. A. (2002). Discurso sobre drogas nas
favoráveis à adoção da RD em seu trabalho), as instituições públicas do DF. Revista Temas em
concepções sobre o usuário, o uso e os problemas Psicologia da SBP, 10(1), 39-52.
decorrentes do abuso tornariam a sua execução Bucher, R. (1997). Descriminação, cidadania e
cheia de vieses que poderiam levá-la a uma ajuda à sobrevivência. In M. Baptista & C.
descaracterização significativa. Inem. Toxicomania: uma abordagem
É importante ressaltar que, apesar da maior multidisciplinar. Rio de Janeiro:
parte dos entrevistados afirmar que adotaria a NEPAD/UERJ: Sette Letras.
proposta de redução de danos em seu trabalho, Conselho Federal de Psicologia (CFP) (2002).
19,9% deles fizeram ressalvas relacionadas à Justiça terapêutica: tratamento não pode ser
necessidade de um processo de implementação punição. Jornal do Federal, Brasília, 14 dez.
gradual e com bases sólidas. Para tanto, esperam Cruz, M.S. (2000). Práticas médicas, toxicomanias
contar com o auxílio de profissionais qualificados, e a promoção do exercício da cidadania. In G.
com um programa de capacitação adequado, Acselrad (org.) Avessos do prazer: drogas, aids
planejamento das ações e suporte governamental: e direitos humanos. Rio de Janeiro: Editora
rede de serviços públicos (sociais e de saúde) e FIOCRUZ.
segurança para a realização do trabalho. Vê-se Garcia, S. I. (1997). Perdas e danos: violência e a
nestas ressalvas um apelo por melhorias nas subjetividade do usuário In M. Baptista & C.
condições de trabalho nos centros de saúde e uma Inem. Toxicomania: uma abordagem
preocupação com a necessidade de segurança, multidisciplinar. Rio de Janeiro:
relacionada ao medo do tráfico e da violência que NEPAD/UERJ: Sette Letras.
circunda o uso de drogas. Gonçalves, A.M. (2002). Cuidados diante do abuso
A partir disso pode-se concluir que limitações e da dependência de drogas: desafio da prática
associadas a questões de ordem prática, que possam do Programa Saúde da Família. 2002. 209 f.
ser resolvidas com planejamento, capacitação, rede Tese (Doutorado em Enfermagem Psiquiátrica)
de serviços associados e suporte governamental são – Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto,
de mais fácil resolução, uma vez que os Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto.
entrevistados, mesmo tendo dificuldades com a Karam, M.L. (2000). Legislação brasileira sobre
proposta, se dispuseram a adotá-la sob as condições drogas: história recente – a criminalização da
acima. Por outro lado, limitações associadas aos diferença. In G. Acselrad (org.). Avessos do
valores do entrevistado demandam soluções mais prazer: drogas, aids e direitos humanos. Rio de
complexas. Uma vez que vão de encontro aos Janeiro: Editora FIOCRUZ.
fundamentos filosóficos da proposta, são de mais Marlatt, G.A. et al. (1999). Redução de danos –
difícil superação, devendo ser resignificadas a partir estratégias práticas para lidar com
de um processo de educação a longo prazo que se comportamentos de alto risco. Porto Alegre:
proponha rever um determinado conjunto de Artes Médicas.
valores e que altere a associação imediata entre uso Olivenstein, C. (1997). Toxicomania, exclusão e
de drogas e marginalidade, crime ou doença. marginalidade. In M. Baptista & C. Inem.
Toxicomania: uma abordagem multidisciplinar.
Referências Rio de Janeiro: NEPAD/UERJ: Sette Letras.
Rodrigues, H. (1998). Cura, culpa e imaginário
Acselrad, G. (2000). A educação para a autonomia: radical em Cornelius Castoriadis: percursos de
a construção de um discurso democrático sobre um sóciobarbaro. Revista Psicologia USP,
o uso de drogas. In G. Acselrad (org.) Avessos 9(2),87-138.