Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
B C
Copyright © Pimenta Cultural, alguns direitos reservados.
Copyright do texto © 2020 os autores e as autoras.
Copyright da edição © 2020 Pimenta Cultural.
Esta obra é licenciada por uma Licença Creative Commons: by-nc-nd. Direitos para esta
edição cedidos à Pimenta Cultural pelo autor para esta obra. Qualquer parte ou a totalidade
do conteúdo desta publicação pode ser reproduzida ou compartilhada. O conteúdo
publicado é de inteira responsabilidade do autor, não representando a posição oficial da
Pimenta Cultural.
Inclui bibliografia.
ISBN: 978-65-86371-31-4 (eBook)
978-65-86371-28-4 (brochura)
CDU: 81
CDD: 801
DOI: 10.31560/pimentacultural/2020.314
___________________________________________________________________________
PIMENTA CULTURAL
São Paulo - SP
Telefone: +55 (11) 96766 2200
livro@pimentacultural.com
www.pimentacultural.com 2 0 2 0
AGRADECIMENTOS
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
As permanências e as mudanças
nas concepções de leitura materializadas
em livros didáticos de português.................................................. 52
Karla Maria Marques Peixoto
Mônica de Souza Serafim
Capítulo 4
Capítulo 6
O ensino de produção
de textos acadêmicos à luz
da Análise do Discurso................................................................ 145
José Wesley Vieira Matos
Maria das Dores Nogueira Mendes
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 11
Capítulo 12
S U M Á R I O
DOI: 10.31560/pimentacultural/2020.314.10-11 10
Esses papéis assumidos e desenvolvidos pela LA encontram
um olhar cada vez mais atento nas pesquisas desenvolvidas dentro
da academia que buscam compartilhar experiências, explorar novos
ângulos de pesquisa sobre o uso da língua e aparar as arestas dos
problemas que ainda afligem a relação língua e sociedade.
S U M Á R I O
11
1
Capítulo 1
OS NOVOS ESTUDOS DO
LETRAMENTO EM CONCEITOS-
CHAVE: ALFABETIZAÇÃO,
ALFABETISMO, LETRAMENTO
(S), MULTILETRAMENTOS,
MULTIMODALIDADE
OS NOVOS ESTUDOS
Lucineudo Machado Irineu
DO LETRAMENTO
EM CONCEITOS-CHAVE:
ALFABETIZAÇÃO, ALFABETISMO,
LETRAMENTO (S), MULTILETRAMENTOS,
MULTIMODALIDADE
DOI: 10.31560/pimentacultural/2020.314.12-24
Resumo:
Este trabalho objetiva discutir, a partir de um enfoque comparatista, a história
dos conceitos de alfabetização, alfabetismo, letramento (s), multiletramentos
e multimodalidade e a implicação dos referidos conceitos para as práticas
contemporâneas de ensino de ensino de línguas, atualizando discussões
publicadas anteriormente (IRINEU; BAPTISTA, 2010).
Palavras-chave:
S U M Á R I O Alfabetização; Alfabetismo; Letramentos; Multiletramentos; Multimodalidade.
13
INTRODUÇÃO
14
uso de tal processo. Durante anos, o conceito de alfabetização então
dominante enfatizou a esfera da codificação (no caso da produção
de textos) e da decodificação (no caso da leitura e da compreensão
de textos) sem contemplar a dimensão das práticas discursivas de
sujeitos alfabetizados/letrados em geral, ou seja, a natureza cultural,
histórica e social das práticas de produção e recepção de textos.
15
o aprendiz a conhecer o alfabeto, a mecânica da escrita/leitura,
a se tornar alfabetizado, alfabetismo pode ser definido como “o
estado ou condição de quem sabe ler e escrever”.
S U M Á R I O
16
Ribeiro (2009) destaca que a palavra “letramento” não se
encontra registrada no dicionário Aurélio, por exemplo, e que o correlato
“letrado” refere-se não só ao indivíduo culto, mas também ao indivíduo
que domina poucos recursos da língua escrita, pois até mesmo as
pessoas tidas como analfabetas podem ser tomadas como letradas,
pois convivem em meios em que a cultura escrita se faz imperativa. A
mesma estudiosa destaca que, ao se reportarem à expressão “graus de
letramento”, Kleiman (1995) e Tfouni (2004) nos dão a oportunidade de
refletir “sobre o conceito de letramento e de repensar sua relação com
o de alfabetização”, pois, quando dizemos que alguém é analfabeto,
queremos dizer que o indivíduo não é capaz de ler e escrever do ponto
de vista técnico” e não que este mesmo indivíduo não protagoniza
práticas de múltiplos letramentos.
17
que circulam em uma sociedade como a nossa, imersa totalmente em
uma cultura letrada, como afirma Rojo (2009, p. 110).
S U M Á R I O
19
EM BUSCA DE RESPOSTAS E REFLEXÕES:
ESCOLA E INCLUSÃO SOCIAL
S U M Á R I O
21
É preciso salientar a importância da autonomia que se espera do
professor para, em sua prática docente, inserir tais discussões em sua
atuação cotidiana, trazendo para a sala de aula o que de fato nossos
alunos leem e escrevem (e não somente o que a escola espera que
eles leiam e escrevam). Talvez seja esse o maior desafio da educação
linguística do novo século.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BATISTA JR., J. R. L.; SATO, D. T. B.; MELO, I. F. (Org.). Análise de discurso
crítica para linguistas e não linguistas. São Paulo: Parábola Editorial, 2018.
BRASIL. Orientações Curriculares para o Ensino Médio: Linguagens,
Códigos e suas Tecnologias. Brasília, Secretaria de Educação Básica, 2006.
S U M Á R I O Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/book_volume_01_
internet.pdf. Acessado em: 20/03/10.
23
_________. Parâmetros Curriculares do Ensino Médio em Debate. Linguagens,
Códigos e suas Tecnologias. Brasília, Secretaria de Educação Média e
Tecnológica, 2004. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/
pdf/02Linguagens.pdf. Acessado em: 20/03/10.
GAYDECZKA, B; KARWOSKI, A. M. Pedagogia dos multiletramentos e
desafios para uso das novas tecnologias digitais em sala de aula no ensino
de língua portuguesa. Linguagem & Ensino, Pelotas, v.18, n.1, p. 151-174,
jan./jun. 2015. Disponível em: http://www.rle.ucpel.tche.br/index.php/rle/
article/view/1308. Acesso em: 28.07.2019.
IRINEU, L. M.; BAPTISTA, L. M. T. R. Do conceito outrora dominante de
alfabetização aos novos estudos do letramento: uma retomada histórica.
In: Costa, W. P. A; Assis, E. G. (Org.) (Org.). Pelos caminhos da linguagem:
diálogos possíveis. 1ed. Distrito Federal: Ícone Editora, 2010, p. 91-100.
_________; CAJÉ, F. A. L. Letramento crítico nas Orientações Curriculares
Nacionais para o Ensino Médio (OCNEM): uma leitura introdutória. IN: IRINEU
et al. (Org.). Espanhol na universidade: pesquisa em língua e em literatura.
Mossoró: UERN, 2013, p. 122-137.
KLEIMAN, A. B. (Org.) Os significados do letramento: uma nova perspectiva
sobre a prática social da escrita. Campinas, SP: Mercado de Letras, 1995.
OLIVEIRA, M. B. F; SZUNDY, P. T. C. Práticas de multiletramentos na escola:
por uma educação responsiva à contemporaneidade, Bakhtiniana, São Paulo,
9 (2): 184-205, Ago./Dez. 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/bak/
v9n2/a12v9n2.pdf. Acesso em: 28.07.2019.
RIBEIRO, A. E. Letramento digital: um tema em gêneros efêmeros. Revista da
ABRALIN, v.8, n.1, p. 15-38, jan./jun. 2009. Disponível em: https://revistas.ufpr.
br/abralin/article/view/52433/32273. Acesso: 28.07.19.
ROJO, R. Letramentos múltiplos, escola e inclusão social. São Paulo:
Parábola Editorial, 2009.
SOARES, M. B. Alfabetização e Letramento. São Paulo: Contexto, 2003.
_________. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1998.
SOUZA-SANTOS, B. A Globalização e as Ciências Sociais. São Paulo:
Cortez, 2005.
STREET, B. V. Letramentos sociais: abordagens críticas do letramento no
desenvolvimento, na etnografia e na educação. São Paulo: Parábola, 2014.
24
2
Capítulo 2
LETRAMENTO DIGITAL E
LINGUÍSTICA APLICADA:
INTERFACES POSSÍVEIS
LETRAMENTO DIGITAL
E LINGUÍSTICA
APLICADA:
INTERFACES POSSÍVEIS
DOI: 10.31560/pimentacultural/2020.314.25-51
Resumo:
Neste capítulo, vamos explorar as possíveis interfaces que existem entre os
estudos de Letramento Digital e Linguística Aplicada. Pretendemos construir
um percurso de caráter exploratório-descritivo dos principais conceitos e
premissas com foco na articulação de tais conceitos com as práticas sociais,
as competências e as habilidades específicas que denotam os pressupostos
do letramento digital. Também discutiremos como as práticas de linguagem
afetam a vida social (MOITA LOPES, 2006) dos alunos na atualidade, uma vez
que assumem características hipertextuais das plataformas digitais e das redes
sociais. Para esta discussão, tomamos como pressuposto que professores e
alunos têm letramento digital – uma vez que interagem, integram e se articulam
por meio várias mídias, além de serem leitores de hipertextos e produtores de
gêneros no ambiente digital.
Palavras-chave:
Letramento digital; Práticas sociais; Práticas de linguagem; Hipertexto; Gêneros
S U M Á R I O no ambiente digital.
26
INTRODUÇÃO
28
escola (embora ela seja uma das maiores agências de letramento
em nosso contexto brasileiro), não podem ser desvalorizados ou
alvo de algum preconceito.
LETRAMENTO DIGITAL:
CONHECENDO O PERCURSO
S U M Á R I O
The development of these competencies is fundamental to normal human learning. When
developed, they enable a visually literate person to discriminate and interpret the visible
actions, objects, symbols, natural or man-made, that he encounters in his environment”.
30
Na tentativa de conceituar esse termo, o autor apresenta
traços muito característicos da percepção tradicional de letramento,
quando explicita a discriminação e interpretação de códigos a partir
de competências individuais. Segundo Belshaw, letramentos visuais se
referiam à habilidade de elaborar, compreender e interpretar mensagens
visuais e esta concepção de letramento visual perdurou até 1990. Até
então, nos parece claro que o letramento, adjetivado pelo visual, estava
pautado no letramento dito tradicional, uma vez que também colocava
em relevo a codificação e decodificação de símbolos.
31
nesse mesmo período, houve uma tentativa de equiparar o letramento
computacional com a habilidade de programar, todavia essa ideia não
se sustentou, uma vez que as configurações disponíveis aos usuários
de computador supriam qualquer necessidade de saber programar.
4 No original: “In this phase the computer is seen as a tool that can be applied in education,
S U M Á R I O
work, leisure and the home”.
5 No original: “(...) awareness of the need for more critical, evaluative and reflective approaches”.
32
Literacy Studies6 (doravante NLS). No final da década de 1990, o
conceito de letramento computacional começa a ser questionado e
o termo começa a entrar em desuso. Para Wiley (1996), isso se deve
à forma de abordagem dos estudos de letramento computacional.
Segundo ele, o principal problema com o letramento computacional
foi a supressão entre “letramento” como conhecimento culturalmente
valorizado e “letramento” vinculado às habilidades de leitura e escrita,
a alfabetização. Sobre tal problemática, Belshaw explica que
o conhecimento processual sobre como usar um computador
foi confundido nas definições de ‘letramento computacional’
com a capacidade de usar um computador em atividades
criativas e comunicativas. Ser capaz de usar um computador
para acessar conhecimento e mídia é diferente de usar um
computador para criar conhecimento e mídia. A suposição de
que usar um computador para atingir fins específicos constituía
um letramento começou a ser questionada no final dos anos 90
(BELSHAW, 2011, p. 76).7
6 A denominação New Literacy Studies ou Novos Estudos do Letramento foi cunhada por
Gee (1991) e está relacionado à ‘virada social’ (GEE, 2000), também conhecida como
‘virada sociocultural’ (LANKSHEAR, 1999).
7 No original: “Procedural knowledge about how to use a computer was conflated in
definitions of ‘computer literacy’ with the ability to use a computer in creative and
communicative activities. Being able to use a computer to access knowledge and media
is different from using a computer to create knowledge and media. The assumption that
33
É em substituição ao letramento computacional que, no
percurso histórico, se inaugura um novo (outro!) termo, o letramento
informacional. Embora esse termo tenha sido cunhado na década
de 1970, sua evidência na literatura ganha força na década de
1990, após várias transformações pelas quais esse termo passou,
culminando com o advento do uso da internet em massa no acesso às
informações. Assim, “acessar e utilizar essa informação corretamente
constituiu, para os proponentes do conceito, um novo ‘letramento’”8
(BELSHAW, 2011), que, pelo caráter abrangente de sua conceituação,
foi considerado um ‘termo guarda-chuva’. Assim, Belshaw afirma que
o letramento informacional se desenvolveu para incluir uma dimensão
ética e uma dimensão econômica, ou seja, a informação que agora
está ao alcance de todos precisa ser utilizada de forma ética e as
novas demandas do mercado de trabalho exigem profissionais mais
capacitados, respectivamente.
S U M Á R I O 8 No original: “Accessing and using this information correctly constituted, for proponents of
the concept, a new ‘literacy’”.
34
sociais em determinadas épocas. Essa quantidade de letramentos
vistos até então constitui o que se compreende atualmente como os
novos estudos dos letramentos (GEE, 1996), ou seja, como letramentos
situados em práticas sociais, culturais e históricas mais amplas. Essa
premissa, segundo Moita Lopes (2010, p. 397), nos impossibilita
pensar em letramento no singular, uma vez que os letramentos variam
em função de como os sujeitos entendem o que está ocorrendo nas
práticas sociais tomando como base tanto sua identidade e suas
histórias, como os contextos macro sócio-histórico-culturais em que
estão situados. Por isso, nos parece que os letramentos aqui descritos
não compuseram um conceito robusto que mobilizasse as novas
formas de comunicação no ambiente digital e a ascensão da internet e
das redes sociais, o que fez emergir, talvez, o termo letramento digital.
Veremos, porém, que todos esses outros letramentos se encontram, de
alguma forma, na definição e conceituação de letramento digital dadas
por muitos autores, sobretudo no que se refere aos múltiplos modos
de significação e construção/busca de conhecimento proporcionados
pelas novas tecnologias digitais de informação e comunicação.
LETRAMENTO DIGITAL:
CONHECENDO O CONCEITO
9 No original: “( ) the ability to understand and use information in multiple formats from a wide
range of sources when it is presented via computers”.
S U M Á R I O 10 No original: “(…) the awareness, attitude and ability of individuals to appropriately use digital
tools in order to enable constructive social action”.
36
apropriado para todas as pessoas ou, na verdade, para uma pessoa
durante toda sua vida”11.
S U M Á R I O 11 No original: “(…)it is not sensible to suggest that one specific model of digital literacy will be
appropriate for all people or, indeed, for one person over all their lifetime”.
37
têm letramento digital enquanto os alunos têm, e isso gera uma onda
de exigências na formação docente justamente porque eles mesmos
não se veem com tais habilidades individuais, porque não entendem
que o cerne da definição de letramento digital. Em outras palavras,
se entendêssemos letramento digital como uma prática social de
leitura e escrita12 que utiliza as tecnologias digitais para proporcionar
interação nos meios de comunicação digital, veríamos facilmente que
muitos docentes (senão todos) têm letramento digital. Para isso, basta
compreender que essa prática pode ser desde uma pesquisa em um
buscador on-line qualquer, passando pela construção de um meme e
sua publicação numa rede social, até a programação de um game para
a indústria do entretenimento. Dessa forma o letramento digital seria
definido de forma a contemplar as necessidades sociais emergentes,
inclusive as necessidades no contexto educacional.
12 Estamos compreendendo neste texto leitura e escrita no seu sentido amplo, como
S U M Á R I O processos que estão intimamente ligados a interação com as mais diversas semioses
verbais, imagéticas, sonoras, visuais, hipertextuais, etc.
38
digital seria letrado digitalmente. Outros autores também seguem essa
mesma linha de definição do letramento digital centrado nas práticas
sociais de leitura e escrita (MARCUSHI, 2004; RIBEIRO, 2005). O
entendimento que esses autores têm sobre o letramento digital pode
ter sido motivado pelas restrições de uso do texto escrito na web 1.0.
Nesse período, havia pouca interatividade entre os internautas, os
conteúdos dos sites eram estáticos e havia poucos recursos para dar
dinamicidade aos textos. Com a expansão da web 2.0, a interatividade
entre usuários e a cooperação no ambiente digital impulsionam um
entendimento mais amplo sobre letramento digital.
39
de sobrevivência”. Neste mesmo tom de imprescindibilidade, Dudney,
Hockly e Pegrum (2016, p. 120) são categóricos ao dizerem que os
alunos precisam adquirir tais habilidades do letramento digital para
“sua plena participação no mundo além da sala de aula”, o que nos faz
refletir sobre a que mundo eles se referem e sobre quais alunos, porque
se levarmos o altíssimo índice de analfabetismo funcional brasileiro
e a nossa posição elevada no ranking de acesso as redes sociais13,
veremos que ter letramento digital talvez não garanta a participação
plena no mundo.
13 O Brasil ocupa atualmente o terceiro lugar no ranking de internautas que utilizam a rede,
com mais de 130 milhões de usuários, ou seja, a cada 10 brasileiros conectados, 8 usam o
40
fato de que “os componentes materiais/tecnológicos dos letramentos
são sempre transportados de outros contextos e incorporados, de uma
maneira ou de outra, nas práticas locais”.
É certo que os letramentos digitais desempenham um papel
central nessas reflexões mais recentes, justamente porque eles
permitem estruturar, representar e coordenar o tempo-espaço
“dentro” e “através” de diversas atividades, de formas que
perturbam profundamente a ilusão de unicidade e linearidade
espaciotemporais na qual estão fundadas muitas de nossas
práticas de letramento institucionalizadas, especialmente, as
escolares (BUZATO, 2013, p. 32).
41
2009, p.18). Nesse contexto, o letramento digital e suas implicações
encontram espaço de destaque na LA, pois estão no cerne das mudanças
do mundo contemporâneo. A abrangência dessas mudanças nos leva
à ideia de Rampton (2006) ao referir-se à LA como “um espaço aberto
com múltiplos centros”14 e, portanto, aberto ao letramento digital como
uma possibilidade de investigar as práticas sociais demandadas desse
letramento sob o escrutínio da LA, a qual “deseja, sobremodo, falar ao
mundo em que vivemos” (MOITA LOPES, 2009, p. 19).
42
Figura 1: Resultado da busca pelo termo
‘letramento digital’ no Portal da CAPES
Ano de
Assunto Autor(es) da obra
publicação
Principais concepções do BORGES, Flavia
2016
letramento digital. Girardo Botelho
Identidade de gênero no
2015 BIONDO, Fabiana Poças
ambiente virtual.
Uso das tecnologias digitais
BAPTISTA, Janara
2014 para o ensino e aprendizado
Barbosa
da Língua Inglesa.
Letramento, incluindo práticas
de letramento digital e textos
2014 KLEIMAN, Angela Bustos
multimodais, nas instituições
S U M Á R I O do mundo contemporâneo.
43
Novas Tecnologias da Informação MAFRA, Núbio Delanne
2013 e Comunicação em salas de Ferraz; COSCARELLI,
aula de Língua Portuguesa. Carla Viana
Letramento na era digital RINCK, Fanny;
2013
e questões de plágio. MANSOUR, Léda
Interação virtual entre professores SILVA, Wagner
2012
na universidade pública. Rodrigues
ZART, Lidia
Processo de autoria nas produções Helena Muller;
2012
textuais em ambientes virtuais. FRAGA, Dinorá
Moraes de
SAITO, Fabiano Santos;
Práticas discursivas de professores a
2012 RIBEIRO, Patrícia
partir dos Multiletramentos Digitais.
Nora de Souza
Desenvolvimento teórico-
BUZATO, Marcelo
2011 metodológico no campo dos
El Khouri
estudos do letramento digital.
FREIRE, Fernanda;
Formação de professores à
CAVALCANTI, Marilda;
2011 distância como foco na leitura
KLEIMAN, Angela;
e escrita via internet.
POSSENTI, Sírio
Por esta pesquisa, vemos que, nos últimos anos, não houve
muitas pesquisas sobre o letramento digital no campo da Linguística
Aplicada. Acreditamos que a interface entre LA e letramento digital traga
potenciais contribuições para o campo dos estudos da linguagem,
tendo em vista não só as múltiplas possibilidades epistemológicas de
uso das novas tecnologias digitais, mas também “a compreensão dos
novos letramentos como lugar de ativismo político ou de transgredir
significados cristalizados, aumentando infinitamente os modos e
lugares de ação sociopolítica na vida social” (MOITA LOPES, 2010).
16 Street (1995) considera o letramento sob dois enfoques: o autônomo e o ideológico, sendo
45
LETRAMENTO DIGITAL:
AMPLIANDO A DISCUSSÃO
REFERÊNCIAS
AMORIM, M. A. de. Da tradução/adaptação como prática transcultural: um
olhar sobre o Hamlet em terras estrangeiras. 2016. Tese (Doutorado em
Linguística Aplicada) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, 2016.
S U M Á R I O
47
ARAUJO, J; PINHEIRO, R. C. Letramento digital: história, concepção e
pesquisa. In: GONÇALVES, A. V.; SILVA, W. R.; GOIS, M. L. de S. (Orgs.).
Visibilizar a linguística aplicada: abordagens teóricas e metodológicas.
Campinas – SP: Pontes Editores, 2014.
AVGERINOU, M; ERICSON, J. A review of the concept of Visual Literacy British
Journal of Educational Technology 28(4) pp.280-291, 1997.
BAWDEN, D. Information and digital literacies: a review of concepts. Journal of
Documentation. 57(2), 218–259, 2001.
BAWDEN, D. Origins and Concepts of Digital Literacy. In: C. LANKSHEAR; M.
KNOBEL, Digital Literacies: Concepts, Policies and Practices New York: Peter
Lang Publishing, 2008.
BELSHAW, D. A.J. What is ‘digital literacy’?: a pragmatic investigation.
tese (Doutorado em Educação) – Departamento de Educação, Durham
University, 2011.
BUZATO, Marcelo. Letramento e inclusão: do estado-nação à era das TIC.
DELTA, vol.25, n.1, pp.01-38, 2009.
________. Tecnologia, espaciotemporalidade e educação: contribuições
dos estudos sobre novos letramentos para uma reflexão sobre a EaD e
universidade no Brasil. In: ARAÚJO, J; ARAÚJO, N (orgs.). EaD em tela:
docência, ensino e ferramentas digitais. Campinas, SP: Pontes Editores, 2013.
COSCARELLI, Carla; RIBEIRO, Ana Elisa. Letramento digital: aspectos sociais
e possibilidades pedagógicas. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
DUDENEY, G.; HOCKLY, N.; PEGRUM, M. Letramentos digitais. São Paulo,
Parábola Editora, 2016.
FABRÍCIO, B. F. Linguística aplicada como espaço de desaprendizagem:
redescrições em curso. Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo:
Parábola Editorial, p. 45-65, 2006.
GEE, J.P. Social Linguistics and Literacies: Ideology in Discourses 2nd ed.
London: Falmer Press, 1996.
GILLEN, J.; BARTON, D. Digital literacies: A research briefing by the
technology enhanced learning phase of the teaching and learning
research programme. London Knowledge Lab, Institute of Education,
University of London, 2010.
GILSTER, P. Digital literacy. New York: John Wiley & Sons, 1997.
S U M Á R I O
48
GOMES, C.; PINHEIRO, P. A. Multi/novos letramentos em ambiente digital:
uma análise do Google Search Education. Revista do GEL, v. 12, n. 1, p.
109-138, 2015.
KLEIMAN, Angela B. Os significados do letramento: uma nova perspectiva
sobre a prática social da escrita. Campinas: Mercado de Letras, 1995.
KRESS, G. The profound shift of digital literacies. In: GILLEN, J; BARTON,
D. Digital literacies: a research briefing by the technology enhanced learning
phase of the teaching and learning research programme. London: Literacy
Research Centre, Lancaster University, 2010.
LANKSHEAR, C.; KNOBEL, M. New Literacies: Everyday Practices and
Classroom Learning Maidenhead: Open University Press, 2006.
LANKSHEAR, C.; KNOBEL, M. Digital Literacies: Concepts, Policies and
Practices New York: Peter Lang, 2008.
LIMA, S. C.; LIMA-NETO, V. Panorama das pesquisas sobre letramento digital
no Brasil: principais tendências. In: ARAÚJO, J. C.; DIEB, M. Letramentos na
web: gêneros, interação e ensino (Org.) Fortaleza, Edições UFC, 2009. p.
47-57.
MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais emergentes no contexto da tecnologia
digital. In: ______., L. A; XAVIER, A. C. Hipertexto e gêneros digitais:
novas formas de construção do sentido. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004. p. 13-67.
MARTIN, A. Digital Literacy and the Digital Society. In: C. LANKSHEAR, M.
KNOBEL, Digital Literacies: Concepts, Policies and Practices New York: Peter
Lang, 2008.
______, A. DigEuLit – a European framework for digital literacy: A progress
report Journal of eLiteracy 2(2) pp.130-136, 2005.
MOITA-LOPES, L. P. Os novos letramentos digitais como lugares de
construção de ativismo político sobre sexualidade e gênero. Trabalhos em
Linguística Aplicada, 2010, vol.49, n.2, p 393-417.
_______. Da aplicação de linguística à linguística aplicada indisciplinar. In
PEREIRA, R. C; ROCA, P (orgs). Linguística Aplicada: um caminho com
diferentes acessos. São Paulo: Contexto, 2009.
_______. Uma linguística aplicada mestiça e ideológica: interrogando o
campo como linguista aplicado. In: MOITA LOPES, L. P (Org.) Por uma
linguística aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006, p. 13-43.
S U M Á R I O
49
PENNYCOOK, A. Uma linguística aplicada transgressiva. IN: MOITA LOPES,
LP (Org.). Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola
Editorial, p. 85-105, 2006.
PINHEIRO, A. P. Sobre o Manifesto “a Pedagogy of multiliteracies: designing
social futures” – 20 anos depois. Trab. linguist. apl. 2016b, vol.55, n.2, p.525-530.
PINHEIRO, R. C.; ARAÚJO, J. Letramento Hipertextual: um amálgama de
letramentos demandados em cursos on-line. Trabalhos em Linguística
Aplicada, Campinas, v. 55, n. 2, p. 401-430, 2016a.
RIBEIRO, Ana Elisa. Ler na tela: Letramento e novos suportes de leitura
e escrita. In. C. COSCARELLI; A. E. RIBEIRO. Letramento digital:
aspectos sociais e possibilidades pedagógicas. Belo Horizonte:
Autêntica, pp. 125 – 150, 2005.
SANTOS, L. M. dos A. Panorama das pesquisas sobre TDIC e formação de
professores de língua inglesa em LA: um levantamento bibliográfico a partir
da base de dissertações/teses da CAPES. Revista Brasileira de Linguística
Aplicada, Belo Horizonte, v. 13, n. 1, p. 15-36, 2013.
SOARES, M. Novas práticas de leitura e escrita: letramento na cibercultura.
Educ. Soc., Campinas, v. 23, n. 81, p. 143-160, 2002.
STREET, B. Literacy in theory and practice Cambridge: Cambridge University
Press, 1984.
STREET, B. V. Social Literacies. Critical Approaches to Literacy in Development,
Ethnography and Education. Harow: Pearson, 1995.
________. Os novos estudos do letramento: histórico e perspectivas. In:
MARINHO, M.; CARVALHO, G. T. (orgs.) Cultura Escrita e Letramento, Belo
Horizonte: Editora UFMG, 2010.
TFOUNI, L. V. Letramento e Alfabetização. São Paulo: Cortez, 1995.
RAMPTON, B. Language in late modernity: interaction in an urban school.
Cambridge: Cambridge University Press, 2006.
VAN JOOLINGEN, W. The PISA framework for assessment of ICT literacy.
2004. Disponível em:<http://oei.org.ar/ibertic/evaluacion/sites/default/files/
biblioteca/7_pisa_framework.pdf> Acesso em: 05/07/2019.
VIEIRA, I. L. Tecnologia eletrônica e letramento digital: um inventário da
pesquisa nascente no Brasil. Revista Brasileira de Linguística Aplicada, v. 4,
n. 1, p. 2511-276, 2004.
S U M Á R I O
50
VIRKUS, S. Information literacy in Europe: a literature review. Information
Research, 2003.
WAKS, L. J. Rethinking technological literacy for the global network. In. J.
R. DAKERS (Ed), Defining technological literacy: towards epistemological
framework (pp. 275-273). New York, NY: Palgrave Macmillan, 2006.
WILEY, T.G. Literacy and Language Diversity in the United States. McHenry, IL:
Center for Applied Linguistics and Delts Systems, 1996.
XAVIER, A.C. Letramento digital e ensino. In: SANTOS, C.F.; MENDONÇA,
M. (Org.). Alfabetização e letramento: conceitos e relações. Belo Horizonte:
Autêntica, p. 133-148, 2005.
S U M Á R I O
51
3
Capítulo 3
AS PERMANÊNCIAS E AS
MUDANÇAS NAS CONCEPÇÕES
DE LEITURA MATERIALIZADAS EM
LIVROS DIDÁTICOS DE PORTUGUÊS
AS PERMANÊNCIAS
E AS MUDANÇAS NAS
CONCEPÇÕES DE LEITURA
MATERIALIZADAS EM LIVROS
DIDÁTICOS DE PORTUGUÊS
DOI: 10.31560/pimentacultural/2020.314.52-79
Resumo:
O livro didático apresenta uma multiplicidade de olhares que podem ser
lançados sobre esse objeto de estudo, não podendo ser descontextualizado
de toda a tradição cultural e escolar na qual ele está inserido, uma vez que
ele sofre a influência de diversos eventos anteriores. Cientes desta realidade,
o artigo tem como principal objetivo investigar as capacidades de linguagem
acionadas em atividades de leitura produzidas entre os anos de 1973 a
1998. Para empreender as nossas análises, nos filiamos ao quadro teórico
do Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART, 2009). O nosso corpus é
constituído por atividades de cinco livros didáticos, um por cada década, que
tiveram grande circulação na época. Os resultados sugerem que a maioria
das atividades se ancoram nas concepções mecanicista e psicolinguística de
leitura que se limitam à superfície do texto, não ampliando, efetivamente, as
capacidades de linguagem dos alunos.
Palavras-chave:
S U M Á R I O Livro didático; atividades de leitura; ensino fundamental anos finais.
53
INTRODUÇÃO
55
prescrito ou previsto, que dita as normas e os objetivos da produção e
o trabalho real, constituído pela atividade do sujeito, o modo de operar
esta atividade em um lugar específico numa dada temporalidade,
envolvendo modos operatórios e condições objetivas de trabalho
(FERREIRA, 2000).
56
O conceito de estilo profissional consiste na adaptação do
indivíduo ao gênero da atividade diante de uma determinada situação
de trabalho, sobretudo nas que emergem diante das situações
imprevistas, ou seja, quando o trabalhador precisa arquitetar uma
solução diante de um problema, emergindo das tensões estabelecidas
entre as memórias coletivas e individuais. Os gêneros de atividade,
assim como os gêneros de discurso, são inacabados pois os estilos
individuais transformam os gêneros no momento do agir em função
das circunstâncias, atuando como uma metamorfose de gêneros no
curso do agir.
S U M Á R I O em sala de aula.
57
PARA CONHECER 2: AS CAPACIDADES
DE LINGUAGEM ACIONADAS NOS
LIVROS DIDÁTICOS DE PORTUGUÊS
58
textos nas mais diversas situações de interação. Elas se subdividem
em: capacidade de ação, que diz respeito ao reconhecimento do
contexto de produção do gênero; capacidade discursiva, que está
associada à apropriação de modelos discursivos e a capacidade
linguístico-discursiva, que está associada ao reconhecimento e
à utilização das unidades linguísticas para a construção de um
significado global do texto.
S U M Á R I O
59
Tabela 1: Mecanismos linguísticos acionados
pelas Capacidades de linguagem
Capacidade linguístico-
Capacidade de ação Capacidade discursiva
discursiva
Essa capacidade
Essa capacidade permite que o agente-
articula o gênero à sua produtor mobilize as
base de orientação operações linguístico-
Essa capacidade
discursiva, ou seja, discursivas necessárias
permite que o
ao seu contexto para a produção
agente-produtor
de produção. Esse textual. No modelo de
realize escolhas no
nível possibilita análise do ISD, elas
nível discursivo.
que o agente- são representadas
No modelo de análise
produtor construa pelos: mecanismos
do ISD, são os
representações do de textualização
elementos relacionados
contexto da ação de (mecanismos de
à infraestrutura geral
linguagem, adaptando conexão, coesão nominal
de um texto (plano
sua produção aos e verbal); mecanismos
geral, tipos de discurso
parâmetros do enunciativos
e sequências).
ambiente físico, social (gerenciamento
e subjetivo (o autor das vozes e das
do livro didático). modalizações) e as
escolhas lexicais.
60
AS CONCEPÇÕES DE LEITURA
61
unidirecional de informações em que o estímulo parte do texto para
o leitor. Nessa perspectiva, a decodificação do texto, por parte do
leitor, ocorre através de uma sequência pré-estabelecida de eventos
perceptuais que desencadeiam a percepção de elementos grafofônicos
e a unificação destes elementos que formam as frases.
62
Diferentemente do modelo mecanicista, esse modelo de leitura
adota a perspectiva descendente (top down), cujo fluxo da interpretação
parte de unidades maiores para unidades menores da língua em que
a construção do significado ocorre com base em um processo de
identificação de palavras ou frases a partir das hipóteses formuladas
pelo leitor e das indicações fornecidas pela forma das palavras ou por
antecipações baseadas em predições léxico-semânticas e sintáticas.
63
elementos entram em cena como, por exemplo, os conhecimentos
da língua e de mundo e outras estratégias cognitivas. O processo
de inferência, descrito anteriormente, exerce um papel crucial para a
concepção interacionista de leitura. Para essa concepção de leitura,
sujeito é concebido como um falante/ouvinte real que interage com
o objeto (o texto), considerando o papel do contexto social, das
comunidades heterogêneas e da cultura diversificada.
PROCEDIMENTOS PARA
REALIZAÇÃO DA PESQUISA
65
de 1980, selecionamos a obra Comunicação em língua portuguesa,
edição publicada em 1982, dos anos 1990, selecionamos a obra Entre
palavras, edição publicada em 1998. Na próxima seção, apresentaremos
a análise interpretativa dos nossos dados, realizando um panorama do
contexto histórico em que as obras foram produzidas.
NOSSOS ACHADOS
S U M Á R I O na produção do texto.
66
A partir da análise do manual do professor em questão,
percebemos que grande parte das questões de leitura da obra estão
pautadas no modelo mecanicista de leitura, cuja orientação teórica,
desloca o texto do seu contexto sócio-histórico. Além disso, a grande
maioria das questões de leitura acionam a capacidade linguístico-
discursiva, tratando-se de questões de reconhecimento vocabular, e a
capacidade discursiva, com questões relacionadas à localização das
informações de forma explícita no texto. Vejamos agora o exemplo de
dois blocos de questões que ilustram essa tendência no livro.
Figura 1: Atividades I
68
cuja orientação epistemológica serviu de base para a construção das
atividades mencionadas.
S U M Á R I O
69
AS ATIVIDADES DE 1980
S U M Á R I O
70
Figura 2 – Proposta de predição I
71
embasa essa atividade de leitura, implicando em uma formação
de leitores pouco crítica, interpretando as informações presentes
somente na superfície textual.
72
O bloco de atividades em questão tem como foco a localização
e identificação de informações que se encontram explícitas no texto,
não havendo a construção de um trabalho inferencial para que o leitor
efetivamente interaja com a materialidade linguística. Verificamos que
na questão 1 o autor do LD, sem nenhuma proposta de mediação
anterior que possibilite entradas no texto, solicita que o aluno resuma
o texto lido. Para fazer esse resumo, o aluno, evidentemente, aciona
todas as capacidades de linguagem (ação, discursiva e linguístico-
discursiva), no entanto, uma verdadeira proposta produtiva de leitura
deveria possibilitar a ampliação dessas capacidades o que não
verificamos na atividade analisada.
73
social e político. Percebemos que as atividades não procuram
estimular que o aluno associe as informações encontradas no texto à
sua realidade, permitindo uma real produção de conhecimentos.
AS ATIVIDADES DE 1990
S U M Á R I O
75
A proposta de predição exposta pelo autor do livro Entre palavras
para explorar o trecho da peça Gota d’água, que é o texto em foco,
trazem informações gerais sobre o do texto, situando o gênero de texto
ao qual ele pertence, o enredo e os personagens principais da peça.
A predição é baseada nos conhecimentos que o autor do manual em
questão considera relevante para ser compartilhado com os alunos
sobre o texto. Ao trazer informações prévias o gênero de texto, a
temática principal e os principais personagens, ocorre a mobilização
da capacidade de ação, que, por sua vez, traz à tona as representações
do leitor e do produtor do texto quanto ao contexto de produção.
S U M Á R I O
76
Figura 5: Bloco de Atividades I
CONSIDERAÇÕES FINAIS
PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DO
ENSINO E APRENDIZAGEM DE
ESCRITA EM LÍNGUA PORTUGUESA
PRESSUPOSTOS
TEÓRICOS DO ENSINO
E APRENDIZAGEM
DE ESCRITA EM LÍNGUA
PORTUGUESA
DOI: 10.31560/pimentacultural/2020.314.80-119
Resumo:
Neste capítulo, temos por objetivo introduzir um texto base sobre o ensino
e aprendizagem de escrita em língua portuguesa. A teoria nos propicia a
compreensão de várias nuances envolvidas no ensino e na aprendizagem da
escrita, o que inclui as abordagens de escrita como processo (FLOWER &
HAYES, 1980; SERAFINI, 1995; HAYES, 1996, 2000), para o ensino de gêneros
textuais (DOLZ; SCHNEUWLY, 2004) e colaborativa (LANDOW, 2006; LIMA,
2008; WARD, 2009). Os principais problemas enfatizados na produção escrita,
muitas vezes, vinculam-se apenas às questões de correção e avaliação, no
entanto, as pesquisas já apontam novos caminhos para redimensionar o
ensino e a aprendizagem desta habilidade. Nesse sentido, a escrita como
prática social se configura como determinante para o estabelecimento de
um ensino e aprendizagem significativo, uma vez que parte da necessidade
social imposta pelo mundo letrado. Por conseguinte, isto torna o domínio da
linguagem escrita um processo sempre em evolução.
Palavras-chave:
S U M Á R I O Ensino; Aprendizagem; Escrita; Língua portuguesa.
81
INTRODUÇÃO
S U M Á R I O de monólogos ou diálogos.
83
Ao iniciarmos esta seção, não podemos deixar de lado os PCN17
(1998) ao afirmar que as ações realizadas na disciplina de Língua
Portuguesa devem permitir ao educando o refinamento de habilidades
de leitura e de escrita, de fala e de escuta. Isso coaduna a BNCC18
(2017) no qual o ensino de Língua Portuguesa pauta-se em práticas de
linguagem (de leitura, escrita, oralidade). O ensino de Língua Portuguesa
implica a ampliação contínua de saberes relativos à configuração,
ao funcionamento e à circulação de textos e ao desenvolvimento da
capacidade de reflexão sistemática sobre língua e linguagem.
S U M Á R I O
17 Parâmetros Curriculares Nacionais.
18 Base Nacional Curricular Comum.
84
instâncias sociais. É na escola, por sua vez, que o educando terá contato
com diversos gêneros textuais. Neste contexto, o ensino de Língua
Portuguesa, em suas três etapas da educação básica, oportunizará o
educando a alcançar os meios necessários para dar sentido à escrita
dos textos por ele produzido no transcorrer de sua vida acadêmica.
85
um curriculum vitae ou de uma carta de solicitação de emprego, do
que produzir textos puramente escolares. (BUNZEN, 2006, p.140-151).
S U M Á R I O
86
No entanto, percebe-se ainda, a existência de entraves no
ensino de escrita, ou seja, a falta de um direcionamento para ensinar
os educandos a redigir. Nessa direção, Therezo (2006) torna claro
que a tarefa de ensinar a redigir é um processo lento, que evoca
outro processo, a correção que supõe etapas. Desse modo, para
compreender o ensino de escrita em Língua Portuguesa é preciso
que conheçamos os modelos ou abordagens utilizadas ao longo das
décadas, assunto da seção seguinte.
S U M Á R I O
87
A ABORDAGEM DA ESCRITA COMO PROCESSO
19 Leffa e Irala (2014) afirmam que se a língua estudada é falada na comunidade onde mora o
S U M Á R I O aluno, temos uma segunda língua. Cita como exemplo, o caso do aluno chinês que estuda
português no Brasil.
88
Alguns modelos para a escrita foram desenvolvidos, mas
destacamos o modelo cognitivista de Flower e Hayes desenvolvido em
1980 (apud KATO, 1987) montado a partir de uma análise de protocolos
verbais de redatores proficientes. Acreditamos que este modelo
oferece uma visão bastante complexa dos processos e subprocessos
da escrita (FIGURA 1).
S U M Á R I O
89
prazo20 do autor, ideias essas constrangidas em seu conjunto pelo
contexto da tarefa. As ideias passam para o componente tradução,
que as converte em linguagem escrita. O texto produzido é revisto no
componente revisão que consta de leitura e editoração. Vale ressaltar
que todos esses subprocessos são coordenados pelo monitor, que
prioriza algumas funções como a de gerar e estabelecer metas (KATO,
1987, p. 86-87).
20 A memória de longo prazo, tratada por fulano (MOURÃO-JÚNIOR; FARIA, 2015), como
memória de longa duração (MLD), guarda informações por longos períodos de tempo,
meses, anos ou até mesmo décadas. Nesse sentido, a MLD pode também ser denominada
memória remota. Uma característica importante da MLD é sua capacidade de guardar
informações por tempo indeterminado, bastando, para tanto, que a memória continue a ser
reforçada com o passar dos anos. Por outro lado, a memória de curto prazo, ou de curta
90
capacidade de interpretação dos leitores e dos conhecimentos sobre
padrões de textualidade internalizados pelo escritor.
91
outro lado, os processos mencionados são interrompidos toda vez que
o escritor circula pelas fases do processo.
S U M Á R I O
Fonte: Hayes (2000, p. 10).
92
No contexto da tarefa encontram-se o contexto social e o físico.
O contexto social inclui a audiência, para quem se escreve; e os
colaboradores, outros textos que o escritor pode ler enquanto escreve.
O contexto físico abrange o texto produzido até o momento e o meio
de escrita, como por exemplo, um processador de textos. No que se
refere ao indivíduo, o autor apresenta subgrupos (que se desdobram
em outros elementos) como:
93
reorganização. A revisão foi substituída pela interpretação do
texto; o planejamento por uma maior categorização, a reflexão;
a tradução por um processo de produção de texto mais geral.21
21 There are four major differences between the old model and the new: First, and most
important, is the emphasis on the central role of working memory in writing. Second,
the model includes visual-spatial as well as linguistic representations. Scientific journal,
schoolbooks, magazines, newspapers, ads, and instruction manuals often include graphs,
tables, or pictures that are essential for understanding the message of the text. If we want to
understand many of the texts that we encounter every day, it is essential to understand their
visual and spatial features. Third, a significant place is reserved for motivation and affect in
the framework. As I will show, there is ample evidence that motivation and affect play central
roles in writing processes. Finally, the cognitive process section of the model has undergone
a major reorganization. Revision has been replaced by text interpretation; planning has been
S U M Á R I O submersed under the more general category, reflection; translation has been subsumed
under a more general text production process.
94
computadorizado de contraste”, o escritor geralmente começa
a escrever imediatamente, assim que o tópico é decidido – ou
mesmo ainda antes de este ser decidido.22
22 In pen-and-paper composing, writers often spend a lot of time in intensive planning before
writing to avoid making mistakes or changing their minds about what they want to say and
then having to undertake the tedious chore of rewriting or recopying text already written
down. Under such conditions, pen-and-paper writes may habitually write a paper without
any revision or with only a minimum amount of revision to avoid producing more than
one draft. In sharp contrast to this paper-based mode of composing, the automated text-
generation and revision tools provided on computer, coupled with the malleability of text on
screen or disk, encourage a very different computer-based writing mode […]. In contrasting
S U M Á R I O “computer writing style”, the writer generally begins writing immediately, soon after a topic
is decided – or even before it is decided.
95
esquemas e roteiros, de escrita e de revisão”. A autora agrupa as
atividades próprias do processo de escrita em cinco fases: (i) o pré-
desenvolvimento, que inclui todos os tipos de exercícios, experiências
e atividades cuja finalidade é incentivar a criação, a seleção e a
organização dos fatos e ideias antes de iniciar o rascunho do texto;
(ii) o desenvolvimento propriamente dito, que trata da transformação
das ideias num texto que siga as convenções da língua e do gênero
apropriado; (iii) a seleção de observações e comentários de leitores (o
professor, os colegas, a família); (iv) a revisão, que inclui reelaborações
parciais ou totais de acordo com os comentários recebidos e (v) a
redação, que apresenta o produto final do texto.
S U M Á R I O
97
A ABORDAGEM PARA O ENSINO DE
GÊNEROS: A SEQUÊNCIA DIDÁTICA
98
aluno, as sessões de escrita do texto, as revisões, o acompanhamento
e a avaliação do professor. Como afirmam Martinez et al (2012), a
organização do trabalho do aluno em sequências didáticas permite
a integração do trabalho realizado dentro e fora da sala de aula com
o acompanhamento do professor. Portanto, é possível aliar o trabalho
individual com o grupo e o trabalho colaborativo dos alunos.
99
necessidade do ensino de escrita com uso de sequências didáticas,
uma vez que a sequência didática resulta em diferentes fases no qual
o processo de produção do texto passa a facilitar o trabalho do aluno e
do professor na aprendizagem de escrita em Língua Portuguesa.
S U M Á R I O
100
A produção inicial tem por objetivo uma avaliação prévia, pois
é através dela que o professor observará as dificuldades do aluno e
estabelecerá estratégias e atividades a serem usadas na sequência
didática. Já na etapa dos módulos, que são as atividades e/ou
pesquisas planejadas previamente, tem por objetivo desenvolver as
capacidades dos alunos cujo foco é sanar as dificuldades dos alunos
durante o processo de escrita, por isso, serão utilizados quantos
módulos forem necessários. Por fim, a produção final será comparada
com a produção inicial e avaliada pelo professor, ou seja, esta fase está
relacionada com a análise da qualidade de aprendizagem do aluno.
ESCRITA COLABORATIVA
S U M Á R I O 23 The virtual presence of other texts and other authors contributes importantly to the radical
reconception of authorship, author property and collaboration associated to the hypertext.
101
primeiro caso, o leitor ativo necessariamente colabora com o autor ao
produzir uma versão particular do texto lido, a partir de suas escolhas,
das rotas a seguir na leitura do texto. No segundo caso, a colaboração
acontece quando se compara o escritor com outros escritores, ou seja,
aquele que está escrevendo agora com a presença virtual de todos os
outros escritores da “rede”.
102
ou seja, todas as ações inerentes à realização de uma determinada
atividade. A visão de Campos e Teixeira (2006, p. 3) sobre este tipo de
autoria é, então, apresentada:
[...] a autoria colaborativa constitui uma dinâmica na qual os
envolvidos podem assumir livremente diversas funções em
busca da ampliação do conhecimento, tanto individual quanto
coletivo, a partir de suas próprias experiências, possibilidades
e percepções. Assim, além de exercer um papel de criador
de subsídios, são estimulados a analisar a importância dos
recursos que estão utilizando, bem como explorar diferentes
maneiras de aplicação desses meios dentro da perspectiva que
melhor contemple o objetivo que pretendem alcançar.
103
PERSPECTIVAS NO ENSINO DE ESCRITA
104
Assim, as autoras reafirmam que as necessidades sociais
impostas pelo mundo letrado em que vivemos fazem do domínio da
linguagem escrita um processo sempre em evolução. Aprender a ler
e escrever textos em diferentes gêneros constitui um processo que
inclui todos os níveis de escolarização, não se referindo a uma etapa
específica. A distinção entre propriedades inerentes ao gênero de texto
e propriedades inerentes ao sistema de escrita, ao léxico e à gramática
possibilita ao professor diagnosticar as capacidades dos alunos tendo
em vista esses dois campos diagnósticos. Desta forma, quem poderá
planejar ações didáticas para sanar dificuldades na produção escrita,
as quais envolvam as propriedades inerentes ao gênero de texto, ao
sistema da língua e aos elementos gráficos que se utilizam ao escrever
e as normas de uso desses elementos (NASCIMENTO; ZIRONE, 2009).
105
escrita, deve-se levar em conta a atividade de escrita que deve ser
realizada em etapas, sendo esta desenvolvida gradativamente, e que
exige dedicação. Portanto, para o ensino eficaz da escrita, é necessário
esclarecer para o aluno que o produto final é objetivo por uma série
de operações constituindo cada etapa constitutiva do processo de
escrever tais como: planejamento, tradução de ideias em palavras,
revisão e editoração.
Por seu turno, Oliveira (2010) afirma existir três modos de ver
a escrita. O primeiro deles tem o foco no produto. Essa concepção
dominou a década de 1960 na qual o professor acaba enfocando a
forma, a estrutura, tanto gramatical quanto textual, em detrimento ao
conteúdo do texto a ser escrito pelos alunos. Com a virada pragmática
dos anos 70, surge o enfoque do texto baseado no processo. Dessa
forma, muitos professores passaram a dar ênfase ao processo de
produção textual. No entanto, adota-se uma terceira concepção, ou
seja, a de que a escrita é um processo que se leva a um produto, nesse
viés, há a apropriação de elementos das duas outras concepções para
ajudar os alunos a desenvolverem sua competência textual.
S U M Á R I O
108
Seu pressuposto é de que o conhecimento do
mundo surge gradativamente, em interação
Epistêmica
com o uso da linguagem; escrever sobre
um assunto ajuda-o a compreendê-lo.
A discussão permite ao aluno identificar
Conversacional mais claramente aquilo que quer se
exprimir e a melhor forma de fazê-lo.
109
O aluno deve determinar as técnicas de
Devem usar diferentes
consecução de diferentes tipos de textos,
tipos de texto
o que inclui textos do mundo real.
110
eventuais “erros” de produção e suas possíveis soluções. Para a
autora, correção é o trabalho do professor que visa a reescrita do texto
do aluno, no sentido de chamar a sua atenção para algum problema
de produção. Nesse sentido, a correç ão é o texto que o professor faz
sobreposto ao texto do aluno para falar desse texto.
S U M Á R I O
111
Figura 4: Problemas encontrados em textos de estudantes
S U M Á R I O
112
O estudo de Pécora (2011) corrobora o de Oliveira (2010) e
revela que as dificuldades dos alunos com a escrita se pautam tanto
nos aspectos gramaticais como nos problemas de textualidade. Do
ponto de vista linguístico adotado por Val (1999), um texto será bem
compreendido quando avaliado sobre três aspectos: a) o pragmático,
que tem a ver com seu funcionamento enquanto atuação informacional
e comunicativa; b) o semântico conceitual, de que depende sua
coerência; c) o formal que diz respeito a sua coesão.
113
Diferentemente do trabalho das aulas convencionais de
gramática, que privilegiam as classificações e a correção
linguística, a análise linguística se preocupa em auxiliar os
alunos a dominar recursos linguísticos e a refletir sobre em que
medida certas palavras, expressões, construções e estratégias
discursivas podem ser mais ou menos adequadas ao seu
projeto de dizer, auxiliando na ampliação das capacidades de
leitura e na produção textual dos alunos.
115
REFERÊNCIAS
ACRI, M. C. Escrita colaborativa e letramento digital: coautoria em ambiente
virtual. 2013. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Estudos da
Linguagem) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2013.
ANTUNES, I. Muito além da gramática: por um ensino de línguas sem pedras
no caminho. 3ª Ed. Parábola. São Paulo, 2007.
________. Língua, texto e ensino: outra escola possível. Parábola.
São Paulo, 2009.
ARANDA, J. A. B. A ferramenta wiki no ensino de língua inglesa: uma proposta
de atividade. 2015. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Letras) –
Universidade Estadual Vale do Acaraú, Sobral, 2015.
BARTOLOMAE, D. Writing on the margins: essays on Composition and
Teaching. New York: Palgrave Macmillan, 2005.
BENTO, F. F. Análise de materiais didáticos para o ensino de língua inglesa
à luz de uma abordagem da escrita como processo. 2003. 70f. Trabalho de
Conclusão de Curso (Especialização em Ensino de Línguas Estrangeiras
– Inglês) – Centro de Humanidades, Universidade Estadual do Ceará,
Fortaleza, 2003.
______. A escrita colaborativa no ambiente wiki: uma experiência de
ensino/aprendizagem de língua inglesa. Dissertação (Programa de Pós-
Graduação em Linguística Aplicada) – Universidade Estadual do Ceará,
Fortaleza, 2011.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: 3º e 4º ciclos do Ensino
Fundamental: Língua Portuguesa. Brasília/DF: MEC/SEF, 1998.
______. Base Nacional Comum Curricular: Educação Infantil e Ensino
Fundamental. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Básica, 2017.
BRONCKART, J.P. Gêneros textuais, tipos de discursos e operações
psicolinguísticas. Revista de Estudos da Linguagem, Belo Horizonte, v. 11,
n. 1, p. 49-69, 2003.
BUNZEN, C. Da era da composição à era dos gêneros: o ensino de
produção de texto no ensino médio. In: Buzen, C; Mendonça, M (orgs).
Português no ensino médio e formação do professor. São Paulo. Parábola
Editorial, 2006. p.139-161.
S U M Á R I O
116
CAMPOS, A.; TEIXEIRA, A. criAtivo: um ambiente hipermídia de autoria
colaborativa. Novas Tecnologias na Educação, vol. 4, n. 2, p. 1-10, 2006.
Disponível em: http://alinedecampos.org/publicacoes/criativo_hipermidia_
alinede campos.pdf> Acesso em: 22 jan. 2011.
CAMPS, A et al. Secuencias didácticas para aprender a escribir. GRAÓ.
Barcelona,2003.
CERATTO, T. Studies of computer supported collaborative writing. Implications
for system design. In: BLAY-FORNARINO. et al. Cooperative systems design.
Amsterdam: IOS Press, 2002. p. 139-154.
CORRÊA, M.L.G. Bases teóricas para o ensino de escrita. Linguagem em
(Dis)curso, Tubarão, SC, v.13, n. 3, p.463-480, set/dez.2013.
DOLZ, J.; SCHNEWLY, B. Gêneros e progressão em expressão oral e
escrita – elementos para reflexões sobre uma experiência suíça (francófona),
In: ______.; ______. e col. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas:
Mercado de Letras, 2004. p. 41-70.
______. NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B. Sequências didáticas para o oral
e a escrita: apresentação de um procedimento. In: SCHNEUWLY, B.; DOLZ,
J. e col. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de Letras,
2004. p. 95-128.
DUECK, G. et al. Wiki: web collaboration. New York: Springer, 2006.
FONSECA, F.I. A urgência de uma pedagogia da escrita. MÁTHESIS v.1.
Coimbra,1992. p.223-251.
GARCEZ, L. A escrita e o outro: os modos de participação na construção do
texto. Editora UNB. Brasília, 2010.
HAYES, J.; & FLOWER, L. Identifying the organization of writing processes.
In L. Gregg, & E. Steinberg (Edits.), Cognitive Processes in Writing. Hillsdale,
N.J.: Lawrence Erlbaum, 1980.
HAYES, J. A new framework for understanding cognition and affect in writing.
In: INDRISANO, R.; SQUIRE, J. Perspectives on writing: research, theory and
practice. Newark, DE: International Reading Association, 2000. p. 6-44.
KATO, M. No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística. São Paulo:
Ática, 1987.
LANDOW, G. Hypertext 3.0: critical theory and new media in an era of
globalization. Baltimore: The Johns Hopkins University Press, 2006.
S U M Á R I O
117
KOCH, I. V. As tramas do texto. 2ª ed. Editora Contexto. São Paulo, 2014.
LEFFA, V. J.; IRALA, V. B. O ensino de outra(s) língua(s) na
contemporaneidade: questões conceituais e metodológicas. In: Vilson J.
LEFFA; Valesca B. IRALA. (Orgs.). Uma espiadinha na sala de aula: ensinando
línguas adicionais no Brasil. Pelotas: Educat, 2014, p. 21-48.
MARTINEZ, N A et al. Secuencia didáctica para escritura en colaboración
en un entorno wiki: Propuesta para estudiantes de Enseñanza Secundaria.
Revista española de pedagogia año LXX, nº 253, sep-dic 2012.
MATSUDA, P. Second language writing in the twentieth century: a situated
historical perspective. In: KROLL, B. Exploring the dynamics of second
language writing. Cambridge: Cambridge University Press, 2003. p. 15-34.
MENDONÇA, M. Análise linguística e produção de textos: reflexão em busca
de autoria. Na Ponta do Lápis – ano XII, n. 27.
MOTTA-ROTH, D. The role of context in academic text production and writing
pedagogy. In: BAZERMAN, Charles; BONINI, Adair; FIGUEIREDO, Débora.
(Org.). Genre in a Changing World. Colorado: Clearinghouse, 2009. p. 317-336.
MOURÃO-JÚNIOR, C. A.; FARIA, N. C. Memória. Psychology/Psicologia Reflexão
e Crítica, v. 28, n. 4, p. 780-788, 2015. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/
prc/v28n4/0102-7972-prc-28-04-00780.pdf> Acesso em: 27 jul. 2019.
MURADAS, P. M. A escrita em inglês do gênero “biodata” por meio de
colaboração online em turmas numerosas do ensino médio. Dissertação
(Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos) – Universidade
Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2013.
NASCIMENTO, E.L. ZIRONDI, M.I. Gêneros textuais e práticas de letramento.
In: Gêneros textuais: da didática das línguas aos objetos de ensino.
Nascimento, E. L.(org). Editora Clara Luz. São Carlos – SP, 2009, p.249-288.
NASCIMENTO, Francisco Iací do. Letramento, escrita e lexicografia
pedagógica: uma sequência didática para trabalhar com gírias e dicionário
escolar. Entrepalavras, Fortaleza, v. 7, p. 83-102, jan./jun. 2017.
OLIVEIRA, A. S. Práticas de análise linguística com o auxílio de aplicativos
do google: a virtualização do eu-autobiografia na era digital. Dissertação
(Mestrado Profissional em Letras) – Universidade Federal de Juiz de Fora,
Juiz de Fora, 2015.
OLIVEIRA, L. A. Coisas que todo professor de português precisa saber: a
teoria na prática. São Paulo. Parábola Editorial, 2010.
S U M Á R I O
118
PASSARELLI, L. Ensinando a escrita: o processual e o lúdico. 4ª Ed. Cortez.
São Paulo, 2004.
PÉCORA, A. Problemas de redação. 6ª Ed. Martins Fontes. São Paulo, 2011.
PENNINGTON, M. The impact of the computer in second language writing.
In: KROLL, B. Exploring the dynamics of second language writing. Cambridge:
Cambridge University Press, 2003. p. 287-310.
RUIZ, E.M.S.D. Como se corrige a redação na escola. Campinas: São Paulo,
Mercado de Letras, 2001.
SANTOS, A. Autoria colaborativa: tendências. 1998. Disponível em: <file:///C:/
Users/usuario2/Documents/mestrado/artigos_produzidos/sem_hum_2010/
index.html>. Acesso em: 21 abr. 2010.
SERAFINI, M.T. Como escrever textos. 11ª edição. Editora Globo. São Paulo, 2001.
SOUSA, J. H. X. Tecnologia e ensino de redação: uma experiência de ensino
de uso do google docs com professores e alunos de uma escola pública
de Ibiapina-ce. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Linguística
Aplicada) – Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 2011.
THEREZO, G. P. Como corrigir redação, 5ª Ed. Editora Alínea. Campinas-SP, 2006.
VIEIRA, I L. Escrita, para que te quero? Edições Demócrito Rocha:UECE,
Fortaleza, 2005.
WARD, J. Rewriting research. The broker connecting worlds of
knowledge, v. 15, 2009. Disponível em: <http://www.thebrokeronline.eu/
en/Dossiers/Special-report-Social-academia/Rewriting-research#t31>.
Acesso em: 12 abr. 2010.
ZAMEL, V. Teaching composition in the ESL classroom: what we can learn
from research and learning across languages and cultures. Mahwall, NJ:
Lawrence Erlbaum, 1976.
S U M Á R I O
119
5
Capítulo 5
Palavras-chave:
Língua inglesa; Ensino de línguas mediado por computador/CALL;
121
INTRODUÇÃO
122
professores de língua inglesa usam de recursos CALL para otimizar
a aprendizagem dos estudantes em sala de aula?” E para responder
a esta pergunta, analisamos o uso que os professores de inglês dão
aos recursos CALL no curso de BHU e assumimos como hipótese que
estes recursos não estão normalizados nas práticas docentes.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
123
desses registros se deu em fichas de campo comentadas que
subsidiam o processo de análise deste estudo. Posteriormente a
essa fase de coleta, convidamos os professores de inglês do curso
de Letras da UNILAB a participarem do Grupo Focal24 (GF), sua
aplicação durou 45 minutos e foi realizada em 10 de maio de 2017,
no auditório administrativo da UNILAB.
24 O grupo focal é um método de pesquisa que usa a entrevista com grupos com base na
intercomunicação e na interação e tem como principal objetivo colher dados detalhados
sobre um assunto.
25 SIGAA - Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas: informatiza os
procedimentos da área acadêmica através dos módulos de: graduação, pós-graduação
(stricto e lato sensu), atividades de ensino a distância e um ambiente virtual de aprendizado
124
em CALL e os desafios para implementá-las no contexto da Unilab.
Além de atender ao objetivo da pesquisa, a adoção dessa estrutura em
tópicos facilita o próprio processo de análise interpretativa dos dados à
luz da literatura sobre CALL (WARSCHAUER, 1996; BAX, 2003; LEFFA,
2006; PAIVA, 2008; REIS, 2012).
UM DIÁLOGO DE COMPREENSÕES
SOBRE O DESENVOLVIMENTO DO
CAMPO DE ESTUDOS EM CALL
125
pode ser usado para facilitar o processo de ensino-aprendizagem de
idiomas; exemplos: computadores desktops, laptops, smartphones,
sites, aplicativos, dentre outros. (WARSCHAUER, 1996; BAX, 2003;
PAIVA, 2008; REIS, 2012).
S U M Á R I O
127
Essas críticas levam Bax (2003) a formular uma classificação
amparada não no conceito de fases, mas no de abordagem, dividindo
em três abordagens o uso de CALL: Abordagem Restrita, Abordagem
Aberta e a Integrada.
128
abordagem integrada. Nesta abordagem, o recurso CALL é visto como
parte do processo de ensino-aprendizagem, assim como qualquer
outro recurso (como o livro, por exemplo).
26 Stages of normalisation in CALL: 1. Early Adopters. A few teachers and schools adopt the
technology out of curiosity. 2. Ignorance/scepticism. However, most people are sceptical, or
ignorant of its existence. 3. Try once. People try it out but reject it because of early problems.
They can’t see its value—it doesn’t appear to add anything of ‘relative advantage’ (Rogers,
1995). 4. Try again. Someone tells them it really works. They try again. They see it does in
fact have relative advantage. 5. Fear/awe. More people start to use it, but still there is (a)
fear, alternating with (b) exaggerated expectations. 6. Normalising. Gradually it is seen as
S U M Á R I O
something normal. 7. Normalisation. The technology is so integrated into our lives that it
becomes invisible—‘normalised’.
129
Essas contribuições crítico-teóricas de Bax (2003) ao trabalho
de Warschauer (1996) seguem dizendo que essas fases podem ser
organizadas em dimensões a que ele classifica como Restrita, Aberta
e Integrada. Resumidamente, a caracterização dessas dimensões
pode se dar a partir da percepção dos usuários em relação ao
recurso adotado. A dimensão restrita caracteriza-se pelo exagerado
respeito e receio de uso da tecnologia. Na dimensão aberta ainda
existe esse receio, mas o recurso tecnológico está mais em vias de
normalização através de um uso ocasional. Já na fase Integrada o
emprego da tecnologia é contínuo e a normalização é plena, isto é,
os seus usuários veem a tecnologia como parte do seu cotidiano de
ensino/aprendizagem.
S U M Á R I O
130
é esparsa, embora relativize apresentando que o cenário internacional
ainda está aprofundando um entendimento da agenda em CALL.
S U M Á R I O
131
criar um programa de computador que, fazendo-se passar por humano,
enganasse o juiz na famosa competição de Loebner27.
27 Este famoso concurso de inteligência artificial de periodicidade anual premia com medalha
de ouro e US $ 100.000 para o primeiro programa que os juízes não conseguirem distinguir
de um ser humano real em um teste de Turing, incluindo decifração e compreensão do
S U M Á R I O texto, com entradas visuais e auditivas. Este prêmio será concedido apenas uma vez e
ainda não foi concedido.
132
Esse rigor metodológico implica também na responsabilidade
de o professor definir claramente seu objetivo didático; essa
clareza possibilitará a avaliação do desempenho da aprendizagem
mediada por CALL. E é justamente abordando o aspecto avaliativo
que começa a se definir a terceira fase do CALL no Brasil, segundo
Reis (2012). As pesquisas classificadas nessa fase apresentam
como objeto de estudo a avaliação das atividades didáticas de
professores que usam CALL.
S U M Á R I O
133
Entretanto, antes de adentrar a análise de cada categoria é
preciso uma breve apresentação e contextualização da Unilab. A
proposta missionária desta universidade é, numa mão, a interiorização
do ensino superior público e gratuito, ofertando maior acessibilidade
ao ensino superior a populações historicamente desfavorecidas
desse direito, e noutra a internacionalização do ensino superior por
meio de acordos de cooperação estabelecidos com a comunidade de
países de língua portuguesa (CPLP) e tratados de cooperação sul-sul.
(UNILAB, 2013).
S U M Á R I O
134
DESAFIOS DOCENTES EM CALL
S U M Á R I O são: “Talvez seja isso né a gente tem tanta coisa. A gente não sabe
135
exatamente com o que trabalhar.” (D16) e “Porque a gente tem
consciência de que tem muita opção.” (D17).
S U M Á R I O
136
consideram que essa plataforma possui limitações que
desmotivam o uso dela.
137
que a utilização de didáticas em CALL devem privilegiar o recurso de
acesso mais facilitado ou até mesmo universal. A fala que dá origem a
essa subcategoria foi esta: “então quem tinha smartphone levou.” (D7).
S U M Á R I O
138
Quadro 1: Registros de fala documentados em
entrevista do Grupo Focal realizada em 2017
139
o uso dos recursos é comprometido pela inexistência de apoio técnico
aos professores que, por vezes, apresentam dificuldades no manuseio
de equipamentos de multimídia como projetor audiovisual e caixa de
som, o que compromete o uso dos recursos CALL.
ORIENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA DO
USO DE CALL NAS AULAS DE LÍNGUA INGLESA
S U M Á R I O
140
CONSIDERAÇÕES FINAIS
141
Sobre a categoria de análise “Concepção de linguagem/Teorias
de aprendizagem de línguas/Princípios teórico-metodológicos” não se
percebe nos discursos dos depoentes do GF uma clareza ou indício
maior sobre a adoção de práticas docentes que legitimassem uma ou
outra teoria de aprendizagem que os norteasse e, em alguns momentos,
há um total silenciamento sobre qual concepção de linguagem os
guia durante a adoção de recursos CALL. Todavia, os resultados
mostram que a abordagem comunicativa no ensino de língua inglesa
parece orientar o uso de CALL nas suas práticas docentes e que são
necessários mais incentivos para normalização deste. O que se pode
depreender da emergência desses discursos proferidos pelos docentes
no GF é que não basta somente ter boa vontade, ou seja, querer ter
a vontade de utilizar os recursos disponíveis na “mídia internet”; é
preciso urgentemente coadunar os princípios teórico-metodológicos
com a agenda oferecida pelos pesquisadores (REIS, 2010) a fim de
melhorar a prática de ensino em contexto universitário.
S U M Á R I O
142
REFERÊNCIAS
BAX, S. CALL—past, present and future. System, 31, 2003, 13–28.
BORGES, Camila Delatorre; SANTOS, Manoel Antônio dos. Aplicações
da técnica do grupo focal: fundamentos metodológicos, potencialidades
e limites. Rev. SPAGESP, Ribeirão Preto, v. 6, n. 1, p. 74-80, jun. 2005.
Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1677-29702005000100010&lng=pt&nrm=iso>. acessos em
12 abr. 2018.
KESKİN, N. O.; METCALF, D. The current perspectives, theories and practices
of mobile learning. TOJET: The Turkish Online Journal of Educational
Technology. April 2011, volume 10 Issue 2.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica.
5ª ed. São Paulo: Atlas, 2003.
LEFFA, Vilson J. O ensino do inglês no futuro: da dicotomia para a
convergência. In: STEVENS, Cristina Maria Teixeira; CUNHA, Maria Jandyra
Cavalcanti. Caminhos e colheita: ensino e pesquisa na área de inglês no
Brasil. Brasília: Editora UnB, 2003. p. 225-250.
LEFFA, V. J. A aprendizagem de línguas mediada por computador. In: Vilson
J. Leffa. (Org.). Pesquisa em lingüística Aplicada: temas e métodos. Pelotas:
Educat, 2006, p. 11-36.
PAIVA, Vera L. M. O. O uso da tecnologia no ensino de línguas estrangeiras:
breve retrospectiva histórica, 2008. Disponível em: http://www.veramenezes.
com/techist.pdf Acesso em junho de 2008.
REIS, Susana Cristina dos. As fases de pesquisas sobre Computer Assisted
Language Learning (CALL) no Brasil: identificação do estado da arte.
Horizontes de Linguística Aplicada, ano 11, n. 1, jan./jun. 2012.
RESEL, L. B.; BECK, C. L. C.; GUALDA, D. M. R.; HOFFMANN, I. C.; SILVA,
R. M. da; SEHNEM, G. D. O uso do grupo focal em pesquisa qualitativa. Texto
Contexto Enferm, Florianópolis, 2008 Out-Dez; 17(4): 779-86.
ROGERS, E. Diffusion of Innovations, 4ª ed. New York: Free Press, 1995.
SHARPLES, M.; TAYLOR, J.; VAVOULA, G. (2005). Towards a theory of mobile
learning. Disponível em: http://www.lsri.nottingham.ac.uk/msh/Papers/
Theory%20of%20Mobile%20Learning.pdf. Acesso em 21 de Janeiro 2018.
S U M Á R I O
143
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
(UNILAB). UNILAB: Caminhos e Desafios Acadêmicos da Cooperação Sul-
Sul / Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira;
organizado por Camila Gomes Diógenes e José Reginaldo Aguiar. –
Redenção: UNILAB, 2013.
VERGARA, S. C. Tipos de pesquisa em administração. FGV. Cadernos EBAP
nº 52. junho de 1990. Disponível em: http://hdl.handle.net/10438/12861
Acesso em: 25 de agosto de 2017.
VIBERG, O; GRONLUND, Å. Mobile assisted language learning: A literature
review. mLearn 2012. 11th World Conference on Mobile and Contextual
Learning, Helsinki, Finland.
WARSCHAUER, M. Computer Assisted Language Learning: an Introduction.
In Fotos S. (ed.) Multimedia language teaching, Tokyo: Logos International:
1996, 3-20, Disponível em: http://www.ict4lt.org/en/warschauer.htm Acesso às
12 de Janeiro de 2018.
S U M Á R I O
144
6
Capítulo 6
O ENSINO DE PRODUÇÃO DE
TEXTOS ACADÊMICOS À LUZ
DA ANÁLISE DO DISCURSO
O ENSINO DE PRODUÇÃO
DE TEXTOS ACADÊMICOS
À LUZ DA ANÁLISE
DO DISCURSO
DOI: 10.31560/pimentacultural/2020.314.145-178
Resumo:
Este estudo objetiva apresentar um construto teórico-metodológico para o
ensino de produção textual em disciplinas de metodologia científica nos cursos
de graduação sob uma perspectiva discursiva. Para tanto, fundamentamos
essa prática de ensino em textos de Maingueneau (1997, 2001, 2006, 2005,
2008, 2010, 2015), Costa (2012), Possenti (2018), entre outros. Para fins de
exemplificação, demonstramos a utilização de tal método no gênero projeto
de pesquisa, destacando o modelo de apresentação teórica e os exercícios da
prática desse gênero em sala. Dessa forma, intentamos viabilizar um modelo
de ensino que não corrobore com estigmatização da metodologia acadêmica,
principalmente a mecanização dos aspectos conteudístico e avaliativo, mas
que permita aos estudantes uma imersão nas práticas discursivas visando
uma compreensão mais ampla das produções do campo científico.
Palavras-chave:
S U M Á R I O Metodologia científica; Perspectiva discursiva; Práticas de ensino.
146
INTRODUÇÃO
PERSPECTIVA DISCURSIVA
S U M Á R I O
148
tipo de escrita, basta observar as constantes sátiras no meio digital
entre grupos de estudantes29.
149
campo discursivo. Esse conceito corresponde à divisão/recorte
da sociedade em diferentes esferas de atividades, relacionando,
posteriormente, esses espaços à lógica de concorrência de diferentes
posicionamentos que buscam afirmar sua identidade (MAINGUENEAU,
2015). Segundo o mesmo autor, as práticas científicas vinculam,
preferencialmente, as atividades exercidas ao funcionamento das
instituições socialmente validadas (MAINGUENEAU, 1997), ou seja,
compreender as práticas específicas do campo científico (incluindo a
escrita) é estar consciente da urgência da manutenção e conservação
dos espaços institucionais.
150
determinados temas e possuem estilos. Para nossa perspectiva é
de extremo interesse essa restrição de temas apontada pelo autor,
pois nos comunica que de outro modo os gêneros acadêmicos não
possuiriam o mesmo propósito, as formas (no sentido de estrutura)
estão intimamente relacionadas aos conteúdos veiculados.
151
científico investe, de diferentes modos em um código de linguagem ao
priorizar um controle da polissemia, ao fundar novas terminologias, ao
ocultar as marcas dêiticas (eu-tu, aqui e agora), reforçando uma alta
argumentatividade e regrando seus processos de intertextualidade.
Algo semelhante ocorre no investimento cenográfico31, específico dos
textos dessa prática, que aparece como uma “cenografia branca”, na
qual há um apagamento do enunciador encenando uma enunciação
do real. No tocante ao ethos32 do enunciador da cenografia em
questão, aparece como um sujeito inteligente, imparcial e preciso. A
gestão de tais investimentos colabora na singularização dos modos de
enunciar desse discurso e cria seus limites nos quais se confrontam os
enunciados dos demais discursos.
31 Segundo o conceito de cenografia, tal como proposto por Maingueneau (2001, 2006,
2015), que corresponderia à encenação singular evocada em cada texto.
S U M Á R I O 32 Segundo o conceito de ethos discursivo, tal como proposto por Maingueneau (2001, 2006,
2015), como a imagem de si que é construída pelo enunciador do texto.
152
GÊNEROS DA PRÁTICA CIENTÍFICA
154
conferências; o segundo regime diz respeito às práticas discursivas mais
banalizadas, imediatas e temporárias, as conversas, que caracterizam
o regime conversacional como o ponto de flexibilidade, e, por isso,
nesse regime, a noção de gêneros torna-se frágil. Apesar de essa
bipartição reunir “gêneros autênticos” nos dois modos de enunciação
(oral e escrito) em uma categoria privilegiada, não podemos figurar os
sujeitos cientistas como pessoas que se comunicam somente por meio
de extensas laudas e elevado grau de formalidade, já que o campo é
movido também, em suas pequenas engrenagens, pelas orientações e
conversas, aquelas, mais sérias e institucionais; estas, mais informais,
as quais também são práticas legítimas e necessárias, as reuniões de
grupos de estudos etc. que integram, fundamentalmente, tais práticas.
Por isso, o autor explica que, “a atividade discursiva repousa, de fato, na
complementaridade entre os dois regimes” e que “os sujeitos falantes
não cessam de passar de um regime a outro” (MAINGUENEAU, 2015).
Lembremo-nos, por exemplo, das reuniões de departamento que
possuem nas falas dos participantes traços da oralidade do regime
conversacional, porém, quando essas mesmas falas passam a integrar
parte da ata dessa reunião constituem um protocolo formal ligado ao
regime instituído.
S U M Á R I O
155
EXEMPLO DE APLICAÇÃO:
PROJETO DE PESQUISA
Fundamentação teórica
S U M Á R I O 33 Cumpre notar que a disciplina Leitura e Produção de Textos Acadêmicos pode ser cursada
como disciplina equivalente a componentes curriculares de outros cursos.
156
Quanto à dificultosa seleção dos gêneros trabalhados, levamos
em consideração a recorrência nos manuais adotados e a importância
efetiva de cada modo de produção na carreira de um graduando.
De modo que, no estado que consideramos satisfatório (porém, não
imutável) temos a seguinte sequência de gêneros a serem estudados:
Fichamento esquemático, Seminário, Quadro Norteador de Pesquisa34,
Projeto de pesquisa, Comunicação oral e Artigo acadêmico.
S U M Á R I O recorrente a ponto de ser tratada como gênero, mas certamente sua formulação auxilia no
processo de elaboração da pesquisa e do texto do Projeto.
157
o de Prodanov e Freitas (2013). Como normalmente são apresentados
os elementos mais estruturais, buscamos refletir as práticas que essa
estrutura implica. Ressaltamos que o cerne do projeto reside no item
que trata do problema geral, pois compreendemos que esse está mais
próximo de manifestar aquilo que a pesquisa pretende desenvolver,
seu propósito. Para isso, buscamos comparar o que outros autores,
como Gil (2002), indicam como passos de desenvolvimento para
elaborar um problema de pesquisa científico legítimo. Junto com
os problemas de pesquisa procuramos nos concentrar naquilo que
definimos como tópicos iniciais, que compreende o tema, a delimitação
do tema, os objetivos e as hipóteses, apresentando como fragmentar
esses diversos aspectos da pesquisa buscando manter a coerência
entre os tópicos. Logo após, tratamos dos tópicos mais extensos,
começando pela justificativa, item de grande relevância pela exigência
da capacidade de argumentação. Para trabalhar a justificativa,
utilizamos o capítulo “Organização retórica” do texto de Jucá (2016), no
qual o autor apresenta a recorrência de certas estruturações retóricas
na seção de justificativa de projetos de dissertação; essa mudança
de finalidade não altera, todavia, o propósito da seção, servindo os
quadros construídos pelo autor como base para guiar a produção de
uma pesquisa em sentido amplo.
158
ponto, outro recorte é necessário, tendo em vista os diferentes formatos
e instituições, por isso, optamos por utilizar o guia de normatização
disponibilizado pela biblioteca da própria universidade e sempre
recomendamos a devida atenção às regras da instituição ou de outras
entidades, como revistas acadêmicas, no processo de submissão e
apresentação do texto. O principal diferencial nessa aula de formatação
é buscar compreender e esclarecer os propósitos discursivos de cada
regra, desse modo, uma citação direta maior de três linhas deve ter
um recuo de quatro centímetros da margem esquerda não somente
porque um órgão normatizador assim prescreveu, mas porque reflete
o uso e a gestão que o campo faz da voz do outro. Nesse sentido, ao
se explicitar a relevância de, nesse tipo de texto, fazer a distinção entre
a voz do citante e a do citado, sob pena de cometer plágio ou que as
ideias daquele se misturem às deste, é que as regras para uso das
citações, ou seja, que destacam as palavras e/ou as ideias doutro,
passam a fazer sentido. Da mesma forma, seguimos esse raciocínio
discursivizante das regras mais relevantes, considerando que nossa
perspectiva não permite justificar o texto e suas marcas pelo próprio
texto ou, simplesmente, por regras externas à própria prática discursiva
científica, mas que foram instituídas nela e por ela.
159
suas delimitações criteriosas, suas razões de existir e os motivos para
manter seu prestígio social enquanto um dever educacional público.
161
eficácia essa escolha por um objeto, uma área e um problema; a
segunda atividade facilitadora interroga sobre como os alunos que
já idealizaram os primeiros passos planejam itens como a criação de
um título, os objetivos, etc.
162
apontamentos e melhorias no texto. Faz-se importante mencionar
o modo de “revisão-reflexiva” adotado, não somente no projeto de
pesquisa, mas também nos demais gêneros, tendo em vista que,
apesar da possibilidade de alterar diretamente o texto, apagando o
erro, preferimos comentá-lo, de forma que a equipe seja capaz de
identificar a causa do apontamento e discutir se deseja acatar ou não
(mediante justificativa) as alterações sugeridas.
163
receber a nota formal, porém, aclarados por noções de aprendizagem
cooperativa, segundo Johnson, Johnson e Smith (2000), utilizamos
conceitos como interdependência social, responsabilidade individual
e avaliação do processo para aprimorar o aparato avaliativo.
S U M Á R I O
164
OUTRA TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA:
COMUNICAÇÕES ORAIS
S U M Á R I O
165
Esse movimento de retorno de ex-alunos formados nesse
método dá continuidade ao propósito de imersão no campo
científico, fazendo com que os alunos que já tiveram o aprendizado
sobre o projeto de pesquisa apliquem seus conhecimentos para
produzir/simular outro gênero, o parecer acadêmico. Essa atividade
de parecerista é certificada pela docente da disciplina a fim de
reconhecer o trabalho e o diferencial de cada aluno que completa
esse ciclo de transposições didáticas.
AVALIAÇÃO DO MÉTODO
Formulários
S U M Á R I O
166
No ano de 2018, empenhamo-nos em organizar e registrar o
método de modo a apresentar, ao menos à comunidade acadêmica,
nossas experiências anteriores, aparentemente positivas, sob a nova
perspectiva adotada; devido a essa necessidade de verificabilidade
da prática, produzimos e pedimos que os estudantes concludentes da
disciplina respondessem a um formulário de (auto) avaliação de alguns
aspectos e das vivências no decorrer do programa disciplinar.
167
semestre, 51,06% dos alunos ativos ao final da disciplina responderam
todo o questionário, no segundo semestre esse percentual é de 52,17%.
169
que se sentem seguros em relação ao conteúdo e aos objetivos
da disciplina e nenhum registro auto avaliativo de baixo nível de
aprendizado são considerados muito positivos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
A AVALIAÇÃO COMO PRÁTICA
170
científica. Primeiramente, em relação ao conteúdo que, quando
desvinculado de uma teoria que o esclareça, pode ser reduzido ao
espectro burocrático ou estilístico da chamada escrita acadêmica,
como se o modo de organização textual fosse um componente
acessório ao funcionamento do discurso. Sobre isso, explicitamos que
a relação que a comunidade científica mantém com suas produções
é, prioritariamente, de legitimar o próprio discurso constituinte em
seus espaços validados socialmente; ou seja, para compreender as
engrenagens e recursos textuais é necessário compreender também o
funcionamento do campo científico e de suas instituições.
171
discurso. Em assimilação, buscamos, na condução da disciplina e
desse estudo, justificar e esclarecer esse outro modelo de ensino que
tem a inserção nas práticas discursivas científicas como critério de
avaliação, e ainda mais que isso, como critério de aprendizado.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, J; DIEB, M; COSTA, S. M. O QNP e as dificuldades de construção
do objeto de pesquisa: uma experiência de aprendizagem mediada
sobre o gênero projeto de pesquisa. D.E.L.T.A. 2017, vol.33, n.3, p.729-
757. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-
44502017000300729&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 10 jan. 2019.
BAKHTIN, M. M. Os gêneros do discurso. In: ______. Estética da criação
verbal, p. 261-306. São Paulo: Martins fontes, 2003. (Texto original de 1952-
1953, publicado em edição póstuma em 1979).
COSTA, N. B. Música Popular, Linguagem e Sociedade: analisando o discurso
literomusical brasileiro. Curitiba: Ed. Appris, 2012.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. - São Paulo: Atlas, 2002.
JOHNSON, D. W; JOHNSON, R. T; SMITH, K. A. A aprendizagem cooperativa
retorna às faculdades: qual é a evidência de que funciona?. In: Change, Jul/
Aug 98, Vol. 30, Issue 4, p26, 2000. Disponível em: <http://www.andrews.
172
JUCÁ, D. C. N. A organização retórica. In: ______. A organização retórico-
argumentativa da seção de justificativa no gênero textual projeto de dissertação.
2006. 109f. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Universidade Federal do
Ceará, Departamento de Letras Vernáculas, Programa de Pós-Graduação em
Linguística, Fortaleza, 2006. Disponível em: <http://www.repositorio.ufc.br/
handle/riufc/3586>. Acesso em: 05 jan. 2019, p, 68- 79.
MAINGUENEAU, D. Análise de textos de comunicação. Tradução: Souza-e-
Silva, M.C.P.; Rocha, D. São Paulo: Cortez, 2001.
______. A unidade da linguística. Calidoscópio, vol. 6, n. 3, p. 160-164, set/
dez 2008. Disponível em: <http://revistas.unisinos.br/index.php/calidoscopio/
article/view/5259>. Acesso em: 05 de jan. 2019.
______. Cenas da enunciação. Organizado por Sírio Possenti e Maria Cecília
Pérez de Souza-e-Silva, diversos tradutores. Curitiba: Criar Edições, 2006.
______. Discurso e análise do discurso. Tradução: Sírio Possenti. São Paulo:
Parábola, 2015.
______. Gênese dos discursos. Tradução: Sírio Possenti. Curitiba: Criar
Edições, 2005.
______. Novas tendências em análise do discurso. 3. ed. Tradução: Freda
Indursky. Campinas: Pontes, 1997.
MARCONI, M. A; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 5.
ed. São Paulo: Atlas, 2003.
MATOS, J.W.V; MENDES, M.D.N. Letramento digital e produção acadêmica:
utilização do Google Drive na disciplina Leitura e Produção de Textos
Acadêmicos. Encontros Universitários da UFC, Fortaleza, v. 3, 2018.
Disponível em: <http://periodicos.ufc.br/eu/article/view/36437/83359>.
Acesso em: 15 de jan. 2019.
MOTTA-ROTH, D; HENDGES, G. R. Produção textual na universidade. São
Paulo: Parábola Editorial, 2010.
PRODANOV, C. C; FREITAS, E. C. Metodologia do trabalho científico:
métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. ed. – Novo
Hamburgo: Feevale, 2013.
S U M Á R I O
173
ANEXOS
Sobre o projeto:
174
Anexo 2- quadro síntese
1.
1. 1. 1.
2.
2. 2. 2.
1 TEMA
2 OBJETIVOS
S U M Á R I O
175
[Conteúdo: metal final a ser atingida pela pesquisa. Estrutura:
inicia-se com verbo no infinitivo (analisar, investigar etc.). Cada objetivo
corresponde a uma ação do pesquisador.]
3 PROBLEMAS
4 HIPÓTESES
S U M Á R I O
176
presente do indicativo. Observação: deve estar em consonância com
o problema central quanto ao conteúdo e à quantidade.]
5 JUSTIFICATIVA
S U M Á R I O
177
Subunidade 3.2 - Apontando contribuições da pesquisa
(JUCÁ, 2006).]
6 METODOLOGIA
8 CRONOGRAMA
mês A mês B
Atividade 1 X
Atividade 2 X
S U M Á R I O
178
7
Capítulo 7
O ESTUDO
DAS LÍNGUAS
NEOLATINAS À LUZ
DA FILOLOGIA
ROMÂNICA
DOI: 10.31560/pimentacultural/2020.314.179-198
Resumo:
Este capítulo apresenta a Filologia Românica como uma ferramenta útil
na aprendizagem das línguas neolatinas, da graduação da Universidade
Federal do Ceará, quanto aos aspectos fonéticos, morfológicos, sintáticos e
semânticos. Para tal objetivo, apresentar-se-á uma síntese do desenvolvimento
teórico da Filologia Românica, entendida, segundo Bassetto (2001, p. 37),
como “a pesquisa científica do desenvolvimento e das características de
um povo ou de uma cultura com base em sua língua ou em sua literatura”.
Daí, interessam a este estudo os métodos filológicos mais produtivos, como
o histórico-comparativo, o onomasiológico, o neogramático, e o “palavras
e coisas”. Ao término, espera-se evidenciar a Filologia Românica como um
efetivo instrumento não só para aquisição dos aspectos linguísticos das línguas
neolatinas, mas também para o acesso aos valores culturais da romanidade,
a partir dos fenômenos linguísticos.
Palavras-chave:
S U M Á R I O Filologia Românica; Línguas neolatinas; Fonologia; Morfologia; Sintaxe.
180
INTRODUÇÃO
181
Para o equilíbrio entre esses dois enfoques, no âmbito tanto
profissional quanto pessoal do professor de línguas românicas,
a Filologia Românica é um instrumento valiosíssimo, por sua
capilaridade linguística permear os níveis fonético, morfológico,
sintático, semântico e cultural.
S U M Á R I O
182
Sabemos que uma língua é muito mais que léxico, estruturas
e uma bonita pronúncia. E o falante de uma língua – como
também o aluno que está aprendendo uma língua estrangeira,
o aprendiz de falante – é muito mais que um aparelhinho que
emite e recebe informações. Uma língua encerra em si mesma a
história do seu povo, suas tradições, as características culturais
de uma comunidade. Assim, o ensino de uma língua estrangeira
tem que passar, necessariamente, pelo conhecimento da
cultura. (GODOI, 2010).
CONCEITO DE FILOLOGIA
183
sentido mais amplo, a pesquisa científica do desenvolvimento e das
características de um povo, que, historicamente assimilou o processo
cultural da romanização, ou de uma cultura com base em sua língua
ou em sua literatura.
184
línguas; elabora dicionários e outras obras similares, organizando
sistemas de classificação relativos à significação, para esclarecer
os estudiosos e proporcionar o conhecimento de diversas
línguas. Pode especializar-se em um determinado campo da
filologia, como fonética, lexicologia, semântica ou morfologia, e
ser designado de acordo com a especialização. (A FILOLOGIA
NA CLASSIFICAÇÃO BRASILEIRA DE OCUPAÇÕES).
BREVE HISTÓRIA DO
DESENVOLVIMENTO DA FILOLOGIA
S U M Á R I O
185
Aqui, não se pode olvidar o nome de Jacob Ludwig Carl Grimm
(1785-1863), que contribuiu substancialmente com as pesquisas
histórico-comparativas de Bopp, publicando, por exemplo, em 1819, o
primeiro volume da Deutsche Grammatik (Gramática Alemã). Mais que
isso, a sua contribuição com o método Histórico-comparativo foi tão
marcante que, no âmbito da fonética diacrônica, ele mostrou, em 1822,
que as consoantes do indo-europeu [p], [t] e [k] haviam se alterado,
no ramo germânico, respectivamente em [f], [] e [h], o que representa
a alta frequência. Tal contribuição é conhecida como “Lei de Grimm”.
186
“tendências” e, por outro lado, ao historicismo comparativo geneticista,
de Schleicher, que via as alterações fonéticas presididas por “leis
imutáveis, sem exceções” e que perseguia a reconstrução da língua-
mãe, o indo-europeu.
187
Com essa contemplação da oralidade, os neogramáticos deram
maior visualização para a variação linguística no espaço. É assim que,
direta ou indiretamente, se amplia a valorização da Dialetologia, já
iniciada por Ascoli, com seus Saggi Ladini (Ensaios Ladinos), em 1873,
e que surge a Geografia Linguística.
188
entre línguas distintas, independentemente do aspecto temporal e do
registro: regionalismo, gíria. Esse método teve uma grande contribuição
para os estudos da linguagem ao permitir identificar a cultura de um
povo através do estudo de seu léxico, por permitir sentir a linguagem
viva, traduzindo a vivência cultural de um povo.
Aspectos fonéticos
S U M Á R I O
189
O “s”, seguido de consoante, em latim, sofre síncope, assinalada
com um circunflexo sobre a vogal que imediatamente o antecede: lat.
festa > fr. mod. fête “festa”; lat. insula > insla > isla > fr. mod. île “ilha”.
S U M Á R I O
190
Aspectos morfológicos
ac. sg. lat. librum > libru > esp. mod. libro; fr. mod. livre; it.
mod. libro
ac. pl. lat. libros > esp. mod. libros; fr. mod. livres
ac. sg. lat. petram > petra > esp. mod. piedra; fr. mod. pierre;
it. mod. pietra
ac. pl. lat. petras > fr. mod. pierres; esp. mod. pietras
Aspectos sintáticos
191
(lat.) Domine, permitte me primum ire et sepelire patrem meum.
(Biblia Sacra Vulgata – Secundum Mattheum 8, 21)
(it. mod.) Lasciami andare e tornare a casa mia, nel mio paese.
(La Bibbia di Gerusalemme - Genesi 30, 25)
(ing. mod.) Sir, let me go and bury my father first. (The Jerusalem
Bible – Matthew 8, 21)
(al. mod.) Laß mich ziehen und reisen an meinen Ort in mein
Land. (Die Bibel – I Mose Genesis 30, 25)
192
Aspectos semânticos
Aspectos culturais
194
Aproveitando os dados da Geografia Linguística, o método
Onomasiológico é bastante útil ao docente de línguas românicas, na
penetração do universo cultural da romanidade. Eis um exemplo: o
objeto “óculos” recebe designações diversas na România: fr. mod.
lunettes (< diminutivo do lat. luna “lua”, porque muitos óculos têm
o formato redondo); it. mod. occhiali (< na base lat. oculos “olhos”,
porque é um objeto que serve para os olhos); esp. mod. gafas (< cat.
gafa “gancho ou arame dobrado que serve para segurar algo” < cat.
agafar “agarrar”, porque a armação serve para segurar as lentes).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
196
REFERÊNCIAS
A FILOLOGIA NA CLASSIFICAÇÃO BRASILEIRA DE OCUPAÇÕES. Estrutura
da CBO. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/vcnlf/anais%20v/civ8_01.
htm>. Acesso em: 1º jul. 2019.
AULETE. Verbete: Oficina. Disponível em: <http://www.aulete.com.br/
oficina>. Acesso em: 09 jul. 2019.
BASSETO, Bruno Fregni. Elementos de filologia românica: história externa das
línguas. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2001.
BELARDI, Walter. L’etimologia nella storia della cultura occidentale 2 vol.,
Roma: Il Calamo, 2002.
BÍBLIA. Alemão. Die Bibel oder Die ganze Heilige Schrift des Alten und Neuen
Testaments. Disponível em: <http://www.gasl.org/refbib/Bibel_Luther_1912.
pdf> Acesso em: 12 jul. 2019.
BÍBLIA. Espanhol. La Biblia latinoamerica. Madid: San Pablo, 2005.
BÍBLIA. Francês. La Bible des peuples. Madid: San Pablo, 2011.
BÍBLIA. Inglês. The Jerusalem Bible: Reader’s edition. New York: Doubleday &
Company, Inc., 1868.
BÍBLIA. Italiano. La Bibbia di Gerusalemme. Bologna: Centro Editoriale
Dehoniano, 1984.
BÍBLIA. Latim. Biblia Sacra Vulgata. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2011.
BÍBLIA. Português. Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2011.
COSERIU, Eugenio. Sincronia, diacronia e história: o problema
da mudança linguística. Rio de Janeiro: Presença; São Paulo: Universidade
de São Paulo, 1979.
FRANÇA, Oldinê R. de; SANTOS, Cynthia A. B. dos. Visão e Abordagem
Cultural de professores em sala de aula de LE (inglês) e os PCNs. Revista
Horizontes de Linguística Aplicada, Brasília, ano 7, n. 2, 2008. Disponível
em: < http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/9574/1/ARTIGO_
VisaoAbordagemCultural.pdf > Acesso em: 09 jul. 2019.
GODOI, Elena. Pragmática: A cultura no ensino de línguas. Cadernos do
Congresso Nacional de Linguística e Filologia, v. 9, n. 9, 2005. Fonte:
<http://www.filologia.org.br/ixcnlf/9/01.htm> Acesso em: 09 jul. 2019.
S U M Á R I O
197
LADO, Robert. Introdução à linguística aplicada. Petrópolis: Vozes, 1957.
LAUSBERG, Heinrich. Linguística Românica, 2a. ed. Trad.: Marion Ehrhardt e
Maria Luísa Schemann. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1963.
WORD REFERENCE. Verbete: Oficina. Disponível em: < https://www.
wordreference.com/definicion/oficina>. Acesso em 09 jul. 2019.
S U M Á R I O
198
8
Capítulo 8
Karime Chaibue
Karime Chaibue
REFLEXÕES ACERCA
DA VARIAÇÃO
LINGUÍSTICA
NO ENSINO DE LIBRAS
DOI: 10.31560/pimentacultural/2020.314.199-221
Resumo:
Este trabalho tem como objetivo explanar a respeito da variação linguística
na Língua de Sinais Brasileira (Libras) e suas implicações para o processo
de ensino e aprendizagem desta língua. Sua fundamentação teórica básica é
composta por pesquisas existentes sobre variação linguística em línguas orais
e de sinais, bem como, estudos voltados para o ensino de Libras. O corpus foi
formado a partir de apostilas de cursos de Libras, dicionários e livros, trazendo
exemplos de variações da Libras. Os estudos revelam que apesar de a variação
linguística ser um fenômeno recorrente em todas as línguas naturais, ainda há
muitas crenças e preconceitos sobre o tema, os quais têm sido muitas vezes
negligenciados ou até mesmo reforçados na prática de ensino de Libras.
Palavras-chave:
S U M Á R I O Variação linguística; Libras; Ensino.
200
INTRODUÇÃO
36 Será utilizado neste trabalho, o termo “Língua de Sinais Brasileira” para referir à língua
utilizada pela comunidade surda do Brasil, obedecendo aos padrões linguísticos que
nomeiam as línguas de sinais no mundo. Porém como sigla, ao invés de “LSB”, será
utilizada “Libras” por ser mais usual, presente nos documentos do Ministério da Educação
(MEC), em vários documentos legais, em pesquisas e discursos de especialistas e usuários
da língua (cf. QUADROS, 2007).
37 O que é denominado de palavra ou item lexical nas línguas orais-auditivas, são denominados
sinais nas línguas de sinais, os quais são compostos por até 5 (cinco) parâmetros:
S U M Á R I O Configuração de(s) mão(s) (CM); Ponto de articulação (PA); Movimento (M); Orientação da
palma (OP); Expressão facial e /ou corporal (EFC) (cf. Felipe; Monteiro, 2007).
201
variação linguística; a contribuição na visibilidade e fortalecimento da
comunidade surda.
S U M Á R I O
202
A Sociolinguística tem como princípios básicos, a variação e a
mudança em todas as línguas, ou seja, em todas as línguas naturais
ocorrerão fenômenos de variação que apontarão para uma mudança
linguística. A lógica de uma mudança é que há diversos domínios da
variação, isto é, uma trajetória de um fenômeno que resulta em uma
nova estrutura linguística. Para Cezário e Votre (2011, p. 141), “ao
estudar os diversos domínios da variação, deve demonstrar como ela
se configura na comunidade de fala, bem como quais são os contextos
linguísticos e extralinguísticos que a favorecem ou que a inibem”.
203
geográfica refere-se às diferenças linguísticas distribuídas no espaço
físico, observáveis entre falantes de origens geográficas distintas. Já
a variação social está relacionada aos fatores que têm a ver com a
identidade dos falantes e também com a organização sociocultural da
comunidade de fala (ALKMIM, 2007).
204
desenvolver funções na língua. O autor ressalta que a forma original
não desaparece necessariamente e que o processo de mudança pode
envolver as seguintes características:
S U M Á R I O
205
código, onde o usuário utiliza duas línguas de sinais38 ou uma língua
de sinais e uma oral (VELUPILLAI, 2012).
38 Este tipo de comunicação em que o surdo “tem seu ambiente linguístico reduzido ao
ambiente familiar e só consegue se comunicar com as pessoas inseridas em seu convívio
íntimo” é chamado por diversos autores como “comunicação gestual caseira” (ALBARES;
S U M Á R I O
BENASSI, 2015, p. 240).
39 Reconhecida no ano de 2002 pela Lei n. 10.436 (BRASIL, 2002).
206
Figura 1: PEIXE40
Figura 2: PEIXE41
207
Figura 3: PEIXE42
S U M Á R I O 43 Os sinais costumam ser escritos em Língua Portuguesa com letras maiúsculas no sistema
de transcrição (cf. Felipe; Quadros (2007).
208
Figura 4: LARANJA/SÁBADO44
209
variações conforme os grupos sociais de seus usuários (cf. figuras 5
e 6 a seguir).
S U M Á R I O
210
Figura 6: Sinal AJUDAR (STROBEL, FERNANDES, 1998, p. 11)
(a) (b)
211
formado por profissionais intérpretes de Libras que trabalham nos
poderes Executivo e Legislativo Federal. No blog foi encontrada a
sinalização de 2 (dois) destes itens: LEI e DECRETO, sendo o restante
pesquisado num dicionário46 de Libras. Após a busca dos itens lexicais
no blog e dicionário foram realizadas entrevistas com alunos do curso
de Letras Libras a distância da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC) de diferentes pólos. Sua coleta de dados teve a participação
de 39 surdos e 1 (um) ouvinte, sendo os dados coletados em dois
encontros de estudantes de Letras Libras47, um em Fortaleza e o outro
em Brasília, e num encontro de estudantes surdos em Florianópolis,
todos no ano de 2010.
S U M Á R I O
Ilustrado Trilíngue da Língua de Sinais Brasileira. 3. ed. São Paulo: Edusp, 2001.
47 Conhecido como ENELL – Encontro Nacional de Estudantes de Letras Libras.
212
Os estudos supracitados, bem como a oportunidade de
inserção na comunidade surda goiana por 22 anos, a transição em
diferentes grupos sociais desta comunidade, o contato com surdos
de diferentes regiões brasileiras, e a experiência profissional com o
ensino de Libras, embasaram minha concordância com McCleary
(2008) a respeito da existência de crenças populares e preconceitos
nas variações linguísticas, tecendo reflexões pedagógicas acerca do
ensino de Libras conforme expostas a seguir.
A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E
O ENSINO DE LIBRAS
213
Tradicionalmente, a surdez tem sido vista como uma patologia;
a Língua de Sinais, como um meio de expressão corporal
universal; o indivíduo surdo, como um deficiente; e a escola de
surdos, como uma clínica de reparação.
[...]
Nº Especificação do mito
A língua de sinais seria uma mistura de pantomina e gesticulação
1
concreta, incapaz de expressar conceitos abstratos.
S U M Á R I O 2
Haveria uma única e universal língua de sinais
usada por todas as pessoas surdas.
214
Haveria uma falha na organização gramatical da língua de sinais,
3 que seria derivada das línguas de sinais, sendo um pidgin sem
estrutura própria, subordinado e inferior às línguas orais.
A língua de sinais seria um sistema de comunicação
4 superficial, com conteúdo restrito, sendo estética, expressiva e
linguisticamente inferior ao sistema de comunicação oral.
As línguas de sinais derivariam da comunicação
5
gestual espontânea dos ouvintes.
As línguas de sinais, por serem organizadas espacialmente,
estariam representadas no hemisfério direito do cérebro, uma
6
vez que esse hemisfério é responsável pelo processamento de
informação espacial, enquanto que o esquerdo, pela linguagem.
S U M Á R I O
215
Gesser (2009) registra em sua obra questionamentos recorrentes
a respeito das línguas de sinais que também estão carregados de
preconceitos, compondo uma visão de inferioridade sobre elas, como:
É universal? É artificial? Tem gramática? É mímica? É possível expressar
conceitos abstratos na língua de sinais? É uma língua exclusivamente
icônica? É um código secreto dos surdos? É o alfabeto manual? É uma
versão sinalizada da língua oral? Tem suas origens históricas na língua
oral? A Libras ‘falada’ no Brasil apresenta uma unidade? É ágrafa?
216
Pereira (2011) identificou uma rejeição das variações linguísticas
da Libras no grupo de professores do ensino fundamental de duas
escolas do estado do Rio Grande do Sul, sendo estas, de Pelotas
e de Rio Grande, de surdos e com classe especial de surdos,
respectivamente. Estes profissionais apropriavam da justificativa de
que a quantidade de variações tornava o aprendizado da língua ainda
mais difícil para eles.
217
após sua experiência com professores de Libras, a autora salienta que
ensinar Libras ultrapassa o mero ensino de sinais. Para ela, ensinar
Libras implica buscar práticas de ensino que refletem experiências
coletivas da comunidade surda.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
218
âmbito educacional, torna-se urgente, ações reflexivas e coletivas a
fim de desenvolver um ensino capaz de contribuir para a capacidade
comunicativa do aprendiz em situações cotidianas, bem como de
respeitar a heterogeneidade linguística.
REFERÊNCIAS
ALBARES, R. S. da S.; BENASSI, C. A. Comunicação gestual caseira
e Libras: semelhanças e diferenças oriundas das necessidades
comunicacionais. Revista Diálogos: linguagens em movimento. Ano III, n. I,
jan.-jun., 2015. p. 240-258.
ALBRES, N. Ensino de Libras: aspectos históricos e sociais para a formação
didática de professores. Curitia: Appris, 2016.
ALKMIM, T. M. Sociolinguística. In: MUSSALIN, F.; BENTES, A. C.
Introdução à linguística: domínios e fronteiras. Vol. I. 7 ed. São Paulo:
Cortez, 2007. p. 21-47.
BAGNO, M. Preconceito Linguístico: o que é, como se faz. São Paulo:
Edições Loyola, 1999.
BAGNO, M. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação
linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.
BAGNO, M.; CASSEB-GALVÃO, V. Mudança linguística. In: BAGNO, M.;
CASSEBGALVÃO, V.; REZENDE, T. F. Dinâmicas funcionais da mudança
linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2017.
S U M Á R I O
219
BRASIL. Lei n° 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua
Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências.
CAMPELLO, A. R. S. A constituição histórica da Língua de Sinais Brasileira:
século XVIII a XXI. Revista Mundo & Letras, José Bonifácio/SP, v. 2, p. 8-25, 2011.
CASTRO-JÚNIOR, G. Variação linguística em Língua de Sinais Brasileira – foco
no léxico. Brasília: UnB, 2011. Dissertação de Mestrado, Departamento de
Linguística, Português e Línguas Clássicas, Universidade de Brasília (UnB).
CEZÁRIO, M.; VOTRE, S. Sociolinguística. In: MARTELOTTA, M. E. (Org.).
Manual de Linguística. São Paulo: Contexto, 2011.
CHAVEIRO, N.; SILVA, C. M. de O.; SILVA, A. P. M. de O.; SILVA, F. P.; MATOS,
M. S. da S.; BORGES, P. R. Mitos da língua de sinais na perspectiva de
docentes da Universidade Federal de Goiás. Revista Virtual de Cultura Surda.
Petrópolis, RJ: Arara Azul, n. 5, dez., 2009.
FELIPE, T. A.; MONTEIRO, M. S. Libras em contexto: curso básico: livro do
professor. 6 ed. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação
Especial, 2007.
GESSER, A. LIBRAS?: que língua é essa?: crenças e preconceitos em torno
da língua de sinais e da realidade surda. São Paulo: Parábola, 2009.
LABOV, W. Padrões sociolinguísticos. São Paulo: Parábola, 2008. (tradução
Marcos Bagno, Maria Marta Pereira Scherre, Caroline Rodrigues Cardoso).
LEITE, T. de A.; MCCLEARY, L. Estudo em diário: Fatores complicadores e
facilitadores no processo de aprendizagem da Língua de Sinais Brasileira
por um adulto ouvinte. In: QUADROS, R. M.; STUMPF, M. R. (Orgs.). Estudos
Surdos IV. Petrópolis, RJ: Arara Azul, 2009.
LUCAS, C., BAYLEY, R.; VALLI, C. Sociolinguistic Variation in ASL
(Sociolinguistics in Deaf Communities). Vol.7. Washington, DC: Gallaudet
University Press, 2001.
McCLEARY, L. Sociolinguística. Florianópolis: UFSC, 2008. (Texto base
elaborado para os cursos de Licenciatura e Bacharelado de Letras Libras na
modalidade à distância).
PEREIRA, K. Á. Variação linguística da Libras no contexto da educação de
surdos. Pelotas,RS: UFPel, 2011. Dissertação de Mestrado, Programa de
Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal de Brasília (UFPel).
S U M Á R I O
220
QUADROS, R. M. O tradutor de língua brasileira de sinais e língua portuguesa.
2 ed. Secretaria de Educação Especial. Brasília: Ministério da Educação,
Secretaria de Educação Especial, 2007.
QUADROS, R. M.; KARNOPP, L. B. Língua de sinais brasileira: estudos
linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004.
SHROYER, E.; SHROYER, S. Signs Across America: A Look at Regional
Differences in American Sign Language. Washington, DC: G allaudet College
Press, 1984.
STOKOE, William C. Jr. Sign language structure: an outline of the visual
communication systems of the american deaf. Journal of Deaf Studies and Deaf
Education. vol. 10. n. 1. Oxford: Oxford University, 2005. (Primeira edição 1960).
STROBEL, K. L.; FERNANDES, S. Aspectos linguísticos da LIBRAS. Curitiba:
SEED/SUED/DEE, 1998.
VELUPILLAI, Viveka. Language change. In: An Introduction to Linguistic
Tipology. Jonh Benjamins Publishing Company, Amsterdam-Philadelphia:
2012, p. 385-419.
S U M Á R I O
221
9
Capítulo 9
A MULTIMODALIDADE E SUAS
IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS:
ANÁLISE DO CASO DOS MEMES
DO DISCURSO POLÍTICO
A MULTIMODALIDADE
E SUAS IMPLICAÇÕES
PEDAGÓGICAS:
ANÁLISE DO CASO DOS MEMES
DO DISCURSO POLÍTICO
DOI: 10.31560/pimentacultural/2020.314.222-241
Resumo:
Os memes integraram-se como prática discursiva (FAIRCLOUGH, 2001) na
contemporaneidade, mediando significados reconhecidos por uma comunidade
a partir de uma complexa estrutura que envolve inúmeros fenômenos de
linguagem, com destaque: a intertextualidade e a intergenericidade. São
artefatos compostos de várias linguagens, produzindo diferentes efeitos de
sentido, em geral, voltados para o campo do humor (POSSENTI, 2018). Assim,
a teoria da multimodalidade atenderá ao objetivo de demonstrar a integração
dos elementos verbais e não verbais como uma ação catalisadora de
discursos. Para isso, a Gramática do Design Visual (KRESS e VAN LEEUWEN,
2006) norteará a análise dos elementos que compõem os memes.
Palavras-chave:
S U M Á R I O Multimodalidade; Memes; Discurso Político.
223
INTRODUÇÃO
224
os memes se metamorfoseiam em aparentes flagrantes do humor
ao se configurarem como importante arena para as observações
e denúncias dos vícios, das distorções sociais e morais, com uma
finalidade catártica de um determinado momento histórico, seja pelo
apelo psicológico que remete à indignação, seja pela expressividade
do ridículo ou mesmo pela inferência ao seu conteúdo moralizante,
depreendido por meio das estratégias argumentativas que seus
interactantes (produtores, compartilhadores e eventuais leitores)
buscam para atingir um número maior de adeptos.
48 O termo foi cunhado em 1976, no livro “O Gene Egoísta”, de Richard Dawkins. O autor
parte de uma abordagem evolucionista ao comparar a evolução cultural com a evolução
genética. O meme seria assim um tipo de “gene” da cultura que se perpetua através de
seus replicadores, as pessoas. Essa metáfora advinda da Biologia circula por aqueles
S U M Á R I O que discutem o fenômeno de replicação de uma ideia. Talvez daí uma das dificuldades de
caracterizá-lo como gênero discursivo, por ser bastante fluida a sua materialização.
225
para lhe apreender a configuração complexa que atravessa essa
ação humana particular que é interpretável num contexto de situação,
requerendo a descoberta dos motivos e das exigências de sua
materialidade. Marcuschi (2008, p. 152) aponta-nos para ver:
Como Bakthin é um autor que apenas fornece subsídios teóricos
de ordem macroanalítica e categorias mais amplas, pode ser
assimilado por todos de forma bastante proveitosa. Bakhtin
representa uma espécie de bom-senso teórico em relação à
concepção de linguagem.
226
mas detidamente podemos atestar que não é suficiente dizer que os
memes são gêneros humorísticos, porque
O humor, como a literatura é um campo em que se praticam
gêneros numerosos, da comédia à charge, passando pelas
“crônicas” e narrativas, histórias em quadrinhos, tiras, pelas
piadas e pela exploração humorística de numerosos outros
tipos de textos (provérbios alterados, pseudoaforismos),
“comédias em pé”, programas de rádio e de televisão... Além
de os gêneros humorísticos serem numerosos, pode haver
manifestações humorísticas no interior de todos os tipos de
textos (dos tratados aos ensaios, da Bíblia aos romances)
(POSSENTI, 2018, p. 175).
S U M Á R I O
227
[...] um conjunto de convenções relativamente estável que é
associado com, e parcialmente realiza, um tipo de atividade
socialmente aprovado, como a conversa informal, a compra
de produtos em uma loja, uma entrevista de emprego, um
documentário na televisão, um poema ou um artigo científico.
228
aquelas que percebem um conceito em termos de outro, com o intuito
de entender os domínios da experiência (espacial, social e emocional).
Isso ocorre sempre em dois níveis conceptuais. O exemplo que os
autores utilizam para ilustrar como esse nível se efetiva é “TEMPO É
DINHEIRO”, quando produzimos um conjunto de enunciados para os
quais a metáfora estrutural apontada os subjazem, porque o campo
semântico torna possível essa estruturação.
S U M Á R I O
229
desdobrá-la na personificação como extensão das capacidades
animadas a fenômenos do mundo.
230
parcial e afinada com os objetivos da emissora. Aqui a frase: “a justiça
é cega” é atualizada com a metáfora proposta pelos óculos para a
denúncia que desconstrói a máxima popular.
231
textos são produzidos, circulados e lidos com fins acentuadamente
ideológicos. Essa lógica dos estudos semióticos ajuda-nos a inferir
que a produção de signos está diretamente relacionada com os meios
formais de comunicação e de representação:
A comunicação exige que os participantes façam suas mensagens
maximamente compreensíveis em um contexto particular. Eles,
portanto, escolhem formas de expressão que eles acreditam ser
máxima transparência para outros participantes. Por outro lado,
a comunicação ocorre em estruturas que são inevitavelmente
marcadas por diferenças de poder, e isso afeta como cada
participante entende a noção de “compreensão máxima” [...].
A representação exige que os fabricantes de sinais escolham
formulários para a expressão do que eles têm em mente, formas
que eles consideram mais aptas e plausíveis no contexto dado
[...]. Isto aplica-se também ao interesse do social de instituições
dentro das quais as mensagens são produzidas, e lá toma a
forma das (histórias de) convenções e restrições (tradução
nossa)49 (KRESS; VAN LEEUWEN, 2006, p. 11).
S U M Á R I O
have in mind, forms which they see as most apt and plausible in the given context. […] This
applies also to the interest of the social institutions within which messages are produced,
and there it takes the form of the (histories of) conventions and constraints.
232
autores da GDV apoiaram-se nos pressupostos de Halliday (1978;
1985) para, a partir da concepção das metafunções, estabelecer para
a interpretação dos textos visuais uma sistematização, combinando
teorias e métodos da linguística sistêmico-funcional com teorias sobre
ideologia, ratificando a possibilidade de recuperar os processos de
produção dos discursos também na integração ou mesmo na ausência
do verbal, articulando a relação entre as linguagens e a sociedade:
S U M Á R I O
Fonte: Adaptação de Almeida (2008).
233
A Gramática do Design Visual (KRESS; VAN LEEUWEN, 2006)
estabeleceu parâmetros para a apreensão do caráter multissemiótico
dos textos da contemporaneidade, a fim de perceber como os efeitos
de sentido e a manipulação ideológica ocorre nos sistemas de
imagens de uma determinada cultura. Os autores da GDV apoiaram-
se nos pressupostos de Halliday (1978; 1985) para, a partir da
concepção das metafunções, estabelecer para a interpretação dos
textos visuais uma sistematização, combinando teorias e métodos da
linguística sistêmico-funcional com teorias sobre ideologia, ratificando
a possibilidade de recuperar os processos de produção dos discursos
também na integração ou mesmo na ausência do verbal, articulando a
relação entre as linguagens e a sociedade.
S U M Á R I O
234
Quadro 1: Organização metafuncional da GDV
235
depreensão do significado representacional para o conjunto verbo e
imagem que elaboram o meme.
Meme 4 Meme 5
A METAFUNÇÃO COMPOSICIONAL
PARA A ARTICULAÇÃO DOS
ELEMENTOS E DOS DISCURSOS
S U M Á R I O
237
Figura 4: valor da informação
Meme 6 Meme 7
Dado novo Ideal - real
S U M Á R I O
238
CONSIDERAÇÕES FINAIS
239
precisamos saber identificar os elementos utilizados e a funcionalidade
desses na interação com o observador. Esse conhecimento contribuiu
para estabelecer uma posição interpretativa. Os memes puderam ser
apresentados em todas as metafunções, configurando-se como um
pertinente material para a análise de fenômenos mulissemióticos em
textos da contemporaneidade.
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: ______ Estética da criação verbal.
Tradução de Maria Ermantina Galvão Gomes Pereira. São Paulo: Martins
Fontes, 2003.
BALOCCO, A. E. A perspectiva discursivo-semiótica de Gunter Kress: o
gênero como um recurso representacional. In: MEURER, J. L.; BONINI, A.;
MOTA-ROTH, D. Gêneros, teorias, métodos e debates. São Paulo: Parábola
editorial, 2005, pp. 66-80.
BEZERRA, B. G. Gêneros no contexto brasileiro: questões (meta)teóricas e
conceituais. São Paulo: Parábola editorial, 2017.
DAWKINS, R. O Gene Egoísta. 9. reimp. Tradução de Geraldo H. M. Florsheim
do original de 1976. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 2001.
FAIRCLOUGH, N. Discurso e mudança social. Tradução de Isabel Magalhães.
Brasília: Editora UNB, 2001 [1992].
______. Analysing Discourse: textual analysis for social research. London and
New York: Routledge, 2003.
HALLIDAY, M. A. K. Language as a Social Semiotic. London: Edward Arnold, 1978.
______. An introduction to functional grammar London: Arnold, 1985.
KRESS, G. VAN LEEUWEN, T. Reading images: the grammar of visual design.
London and New York: Routledge, 1996, 2006.
LAKOFF, G.; JOHNSON, M. Metáforas da vida cotidiana. Coordenação de
Tradução de Mara Sophia Zanotto. São Paulo: Mercado das Letras, 2002.
S U M Á R I O
240
MACEDO, D. S. As contribuições da análise do discurso crítica e da
multimodalidade à revisão textual. 2013.184f. Dissertação (Mestrado em
Linguística) – Programa de Pós-Graduação em Linguística, do Departamento
de Linguística, Português e Línguas Clássicas da Universidade de Brasília,
Brasília. 2013.
MARCUSCHI, L. A. O Papel da Atividade Discursiva no Exercício do Controle
Social, Cadernos de Linguagem e Sociedade, 7, 2004/05. Disponível em:
<http://periodicos.unb.br/index.php/les/article/viewFile/1257/911>. Acesso
em: 13 out. 2018.
______. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo:
Cortez, 2008.
POSSENTI, S. Cinco ensaios sobre o humor e análise do discurso. São Paulo:
Parábola Editorial, 2018.
S U M Á R I O
241
10
Capítulo 10
ESTUDOS
DE TRADUÇÃO:
DAS ABORDAGENS
LINGUÍSTICAS À TRADUÇÃO
INTERSEMIÓTICA
DOI: 10.31560/pimentacultural/2020.314.242-264
Resumo:
A tradução é um importante campo de estudo da Linguística Aplicada.
As questões que envolvem a prática tradutória e suas relações com as
culturas e as subjetividades vêm sendo discutidas profusamente. Ao longo
do desenvolvimento dos estudos de tradução, houve uma mudança teórica
que dilatou o conceito tradicional que tratava mais especificamente do aporte
linguístico, das relações original/cópia e da fidelidade/infidelidade ao original,
por exemplo, até o ponto em que passamos a considerar a tradução não
somente dentro dos limites verbais, mas também não-verbais, como é o caso
da Tradução Intersemiótica. Essa mudança de perspectiva amparou, também,
uma mudança na maneira de encararmos o trabalho do tradutor, que passou a
ser visto como um sujeito inserido num certo contexto sócio-histórico-cultural.
Palavras-chave:
S U M Á R I O Estudos de Tradução; Abordagens Linguísticas; Tradução Intersemiótica.
243
HISTÓRIA DA TRADUÇÃO
244
raciocinassem sobre seus ensinamentos. A tradução e a imprensa
(inventada por Gutemberg na década de 1430) proporcionaram um
avanço que se tornou crescente com a ascensão burguesa, pois
o comércio entre povos de origens tão discrepantes e a utilização
de máquinas cada vez mais intrincadas, exigiam o trabalho de
profissionais capacitados a fazer essa “ponte” entre universos
culturais distintos. Esses profissionais eram os tradutores:
O tratamento teórico da tradução sofreu uma mudança radical
nessa época: ao lado da formação dos Estados modernos e
burgueses europeus e do desenvolvimento das culturas e
literaturas ditas “nacionais”, inicia-se então a reflexão sobre a
possibilidade e os modos sob os quais as trocas simbólicas entre
as diversas culturas e línguas deveriam se dar.” (SELIGMANN-
SILVA, 2005, p. 208).
245
público alvo. Um dos mais importantes desses profissionais foi Nicolas
Perrot d’Ablancourt, para quem não era mais importante a semelhança
linguística tão rígida entre o idioma de partida e o de chegada, sendo
fundamental mesmo a transmissão da mensagem central do texto
original, porém com adaptações e recriações culturais, mantendo-se a
sonoridade do idioma francês. Os franceses adaptavam, basicamente,
textos de culturas diferentes à sua própria cultura.
246
teorias, metodologias e instrumentos de pesquisa, levando-a a firmar-
se como uma nova e importante área de conhecimento. Principalmente
a partir da década de 1980, os estudiosos da tradução perceberam a
importância da pesquisa histórica acerca do fenômeno da tradução e
começaram a determinar os procedimentos e modelos da tarefa que
cresceu enquanto disciplina.
S U M Á R I O
247
deveria ser a busca de uma “fidelidade” máxima possível ao original,
deixando-o assim praticamente “invisível” dentro do texto traduzido.
249
marginais, incluindo-se também a literatura traduzida, chamando a
atenção para o impacto das traduções nesse polissistema de chegada,
inaugurando assim uma abordagem dos estudos da tradução literária
voltada para o texto meta (EVEN-ZOHAR, 1990).
250
procura aproximar-se da cultura alvo, visando a tornar aceitável o texto
traduzido no sistema receptor. Dessa forma, ele estabeleceu a norma
de adequação e aceitabilidade. Porém, vale ressaltar que nenhuma
tradução é totalmente adequada ou totalmente aceitável. Pode-se falar
em tendência à adequação quando, por exemplo, importa-se modelos
para um polissistema literário insipiente, ou periférico, ou em crise de
produção, ou pode-se pensar em uma tendência à aceitabilidade,
quando textos são traduzidos de um sistema literário periférico para um
sistema central. Nesse caso, as opções do tradutor seriam orientadas
pelas normas do sistema receptor e não se verificaria a presença forte
de novos elementos textuais e/ou culturais introduzidos por tradução.
251
por outro lado, pode ser repressora e conservadora ao manipular as
obras para que se moldem à poética ou à ideologia constituída desse
mesmo sistema literário.
252
Nenhuma tradução - mesmo aquelas que pretendem o contrário
- conseguirá preservar intactos os significados originais de um
texto [...] ou de um autor, mesmo porque esses significados
serão sempre ‘apreendidos’ ou considerados dentro de uma
determinada perspectiva ou de um determinado contexto
(ARROJO, 1992, p. 103).
253
tradutor é obrigado a fazer escolhas interpretativas, a tradução
torna-se necessariamente uma aproximação ou estimativa que
vai além do texto original. Isto não significa, entretanto, que a
tradução esteja eternamente confinada à esfera da ‘liberdade’,
da ‘impossibilidade’, do ‘erro’ e da ‘subjetividade’, pois a
interpretação do tradutor é limitada por um conhecimento da
cultura da língua-fonte, ainda que parcial, e por uma assimilação
dos valores culturais da língua-meta. (VENUTI, 1995, p. 122).
TRANSCRIÇÃO E O MAKE IT
NEW DE EZRA POUND
256
e não o ponto, que determina a lei segundo a qual ela continua
sua via reta para o infinito, a tradução toca fugazmente e apenas
no ponto que determina a lei segundo a qual ela continua sua
via reta para o infinito, a tradução toca fugazmente e apenas
no ponto infinitamente pequeno do sentido do original, para
perseguir, segundo a lei da fidelidade, sua própria via no interior
da liberdade do movimento da língua. (BENJAMIN, 2008, p. 79).
S U M Á R I O
258
palavra e não o seu significado simplesmente. Para tanto, concentrava-
se no elemento melódico em detrimento do elemento semântico.
TRADUÇÃO INTERSEMIÓTICA
S U M Á R I O
260
Para se traduzir intersemioticamente são necessárias
adaptações, já que estamos falando de uma complexidade de
sistemas sígnicos. Ao adaptar uma obra literária para o cinema, por
exemplo, o diretor/roteirista deve fazer escolhas entre omissões ou
acréscimos, que acarretarão em perdas e ganhos, como acontece em
todo e qualquer processo tradutório (LAGES, 2002), mesmo naqueles
interlinguais, ou seja, de uma língua para outra.
261
diversas modalidades: as artes plásticas e visuais traduzidas para
a linguagem verbal e/ou vice-versa; a transmutação de peças de
teatro para o balé; a adaptação de contos, poemas e romances para
a pintura ou para a ilustração; a produção de ekphrasis (descrição
verbal de uma obra de arte produzida como um exercício retórico); a
legendagem de filmes para o cinema, para surdos etc.; a dublagem.
Enfim, há toda uma gama de criações artísticas que podem resultar
dessa prática tradutória.
S U M Á R I O
262
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ARROJO, R. O Signo Desconstruído: implicações para a tradução, a leitura e
o ensino. Campinas: Pontes, 1992.
ARROJO, R. Oficina de Tradução: a teoria na prática. São Paulo: Ática, 2002.
BENJAMIN, W. A tarefa-renúncia do tradutor. In: A tarefa do tradutor, de Walter
Benjamin: Quatro traduções para o português. Tradução Susana Kampff
Lages. Belo Horizonte: Fale/UFMG, 2008.
CAMPOS, H. Da razão antropofágica: a Europa sob o signo da devoração. In:
Colóquio/Letras 62. Julho de 1991.
CAMPOS, H. Semiótica como prática e não como escolástica.
Entrevistadores: Armando Sergio Prazeres, Irene Machado e Yvana Fechine.
São Paulo: PUC-SP, 2001. Entrevista concedida a revista Galáxia. In: http://
www.revistas.univerciencia.org/index.php/galaxia/article/viewArticle/1264.
Acesso em 08/05/2019.
S U M Á R I O
263
CARVALHAL, T. F. Imagens da tradição: Haroldo de Campos e Otávio Paz.
In: Transcriações: teoria e práticas. Org. Tânia Franco Carvalhal et all. Porto
Alegre: Ed. Evangraf, 2004.
CATTRYSSE, P. Film (adaptation) as translation: some methodological
proposals. Target 4:1, p. 53-70, 1997.
EVEN-ZOHAR, I. Polysystem Studies. Poetics Today. Tel Aviv, v.11, n. 1,
p. 9-78, 1990.
JAKOBSON, R. Linguística e Comunicação. São Paulo: Cultrix, 1991.
LAGES, S.K. Walter Benjamin: tradução e melancolia. São Paulo. Edusp, 2002.
LEFEVERE, A. Translation, rewriting and the manipulation of Literary Fame.
London and New York: Routledge, 1992.
MILTON, J. Tradução: teoria e prática. Coleção leitura e crítica. 2ª ed. São
Paulo. Martins Fontes,1998.
PEIRCE, C.S. Semiótica. Trad. José Teixeira Coelho Neto. São Paulo:
Perspectiva, 1990.
SELIGMANN-SILVA, M. O Local da Diferença: ensaios sobre a memória, arte,
literatura e tradução. São Paulo: Ed. 34, 2005.
SEOANE, A. F. A priorização de informação em roteiros de audiodescrição:
uma proposta metodológica com rastreador ocular. Tese de doutorado.
Fortaleza: Universidade Estadual do Ceará, 2012.
SOUZA, E. M. Tradução e intertextualidade. Belo Horizonte: Editora da UFMG/
Rio de Janeiro: Editora de UFRJ, 1993.
TOURY, G. Descriptive translations studies and beyond. Amsterdam/
Philadelphia: John Benjamins, 1995.
VENUTI, L. The Translator’s Invisibility: a History of Translation. London:
Routledge, 1995.
VENUTI, L. Escândalos da Tradução: por uma ética da diferença. Trad.
Laureano Pelegrin, Lucinéia Villela, Marileide Esqueda e Valeria Biondo.
Bauru, S.P.: EDUSC, 2002.
S U M Á R I O
264
11
Capítulo 11
LÍNGUAS PIDGINS
E CRIOULAS:
CONCEITOS, ABORDAGENS
TEÓRICAS E CRONOLOGIA
DOI: 10.31560/pimentacultural/2020.314.265-309
Resumo:
O capítulo apresenta os principais conceitos e modelos teóricos da crioulística.
Nesse contexto, três eventos se destacam como fundamentais para a
aceleração da evolução desse sub campo da Linguística. Dentre os conceitos
apresentados, estão as noções de línguas mistas, línguas pidgins e línguas
crioulas. O capítulo discorre sobre os processos de simplificação e transferência
que estão envolvidos na formação de pidgins e crioulos e causam divergências
entre os autores da área. Além disso, expõem-se as ideias centrais formuladas
pelas abordagens teóricas que buscam dar conta do surgimento dos crioulos,
bem como os principais questionamentos levantados para criticar tais teorias.
Palavras-chave:
266
INTRODUÇÃO
S U M Á R I O
267
OS TRÊS EVENTOS QUE MARCARAM A
EVOLUÇÃO DOS ESTUDOS CRIOULOS
268
Os autores comentam que, a princípio, o estudo de pidgins
e crioulos e o estudo de fenômenos de contato eram vistos como
projetos paralelos, porém diferentes. Muitos estudiosos da área
passaram a tratar os dois como pertencentes ao mesmo campo de
estudo mais recentemente.
S U M Á R I O
269
A primeira conferência internacional de
estudos crioulos na Jamaica em 1959
AS DEFINIÇÕES DE PIDGIN E
CRIOULO: OS TÊNUES LIMITES QUE
DIFICULTAM AS CONCEITUAÇÕES
272
não vem primeiramente da língua lexificadora e nem de uma das outras
línguas envolvidas na situação de contato exclusivamente. Como tem
tanto seu léxico quanto sua estrutura gramatical próprios, o pidgin
precisa ser aprendido (lexical e gramaticalmente) por qualquer falante,
incluindo aqueles que falam a língua lexificadora como L1. Se o pidgin
for novo, se caracterizará, como declara Thomason (2008) seguindo
Thomason (2001), por possuir menos material linguístico do que um
não pidgin, tanto na parte lexical (possuindo um número reduzido de
palavras) quanto na parte gramatical (possuindo menos estruturas
morfossintáticas elaboradas e menos recursos estilísticos). Ainda
que seja mais antigo, um pidgin se caracteriza por possuir material
linguístico limitado, pois se trata sempre de uma língua secundária,
usada com propósitos particulares. Como exemplos de pidgins, têm-
se o Jargão Chinook, que prosperou e se expandiu no final do século
XIX até o início do século XX no litoral pacífico noroeste dos Estados
Unidos, se estendendo até o Canadá; o Pidgin Delaware que foi falado
no século XVIII no leste dos Estados Unidos; e o Pidgin Inglês Chinês,
um pidgin de base inglesa, que foi falado na China.
S U M Á R I O
273
Tendo em vista que, dentro dos critérios de Thomason
(2008), ambas as definições de línguas pidgins e crioulas incluem a
categorização como ‘línguas mistas’, é fundamental explanar o que
a autora entende por ‘língua mista’. De acordo com a linguista (2008,
p. 255): “Uma língua mista é uma língua cujas estruturas lexicais e
gramaticais não podem ser rastreadas primariamente para uma única
fonte.” (tradução minha), o que torna pidgins e crioulos uma classe
de línguas interessantes para os linguistas é sua natureza misturada
e o caráter relativamente incomum dos processos sociais e talvez
linguísticos que produziram essa mistura.
274
Ao considerar as mudanças demográficas que ocorrem nas
situações de contato, Velupillai (2015) apresenta a proposta de Baker
(1982) e Baker & Corne (1986) sobre a relevância de certos eventos na
formação de uma língua crioula:
276
alvo linguístico fosse uma língua padrão falada pelo colonizador, isso
quer dizer que os escravos tentavam e falhavam na aquisição dessa
língua. E mais, o papel potencial da identidade é ignorado, pois se
assume também que os escravos, de uma forma geral, buscavam
adquirir a língua do colonizador e, segundo Singler (2008), era
bastante improvável que, em uma sociedade de plantation baseada
na escravidão da raça negra, os escravos negros quisessem falar
“tão branco quanto possível”. Também não se pode deixar de ter em
vista que a língua de contato era a expressão de uma nova identidade
cultural (cf. JOURDAN, 1991 e MUYSKEN, 2008). A língua de contato
poderia carregar seu próprio prestígio, sendo uma expressão de
solidariedade com a nova cultura que, de alguma forma, tentava
resistir à autoridade dos detentores de poder.
O PAPEL DA SIMPLIFICAÇÃO
E DA TRANSFERÊNCIA NO
SURGIMENTO DOS CRIOULOS
278
à teoria de que a simplificação surge através dos falantes da língua
lexificadora, que usariam versões simplificadas da sua própria língua
para se comunicarem com falantes não-nativos.
279
crioulos foram trazidas à tona através de áreas da pesquisa de SLA.
Mais evidências de que os mesmos processos que operam na SLA
podem ser responsáveis por traços de línguas pidgins e crioulas foram
fornecidas pela descrição detalhada de interlíngua (IL) de aprendentes
de L2. A distinção entre aquisição de L2 e uso de L2 também se
mostra importante para entender como aprendentes adultos podem
compensar o conhecimento inadequado de L2 através da expansão do
seu sistema linguístico existente, assim como acontece na crioulização.
S U M Á R I O
281
Siegel (2008) afirma que a transferência pode ser positiva ou
negativa. Se um traço da L1 é coincidente com um da L2, então a
transferência é positiva. Quando os traços correspondentes da L1 e da
L2 não coincidem, a transferência é negativa.
282
não apresentam nenhuma relação com a L1. Ainda segundo Siegel
(2008), Manessy (1977) afirma não haver influência de substrato
nos pidgins africanos. Meisel (1983) afirma que as estratégias de
simplificação, muito mais do que de transferência, determinam os
traços na interlíngua. Assim, para esse linguista, a transferência não
se caracteriza como um fator expressivo no surgimento dos pidgins
e crioulos. As descobertas e afirmações feitas nesses estudos
direcionaram as pesquisas em SLA a se concentrarem no papel de
processos universais na aquisição de L2, deixando de lado o papel
da transferência.
283
podem tanto inibir quanto propiciar a transferência. Nesse contexto,
segundo Siegel (2008), dois tipos de restrições foram aprofundadas:
1) as restrições situacionais, como o contexto de aprendizagem (se
natural ou de sala de aula) e o grau de proficiência do aprendente; e 2)
as restrições linguísticas, como marcação, por exemplo.
284
algumas situações, uma língua pidgin já existente e proveniente da
mesma língua lexificadora poderia ser usada, além de versões de
L2 desse pidgin. Assim, todas essas opções estariam disponíveis
como modelos possíveis para a aquisição e as versões da língua de
superstrato como L2 incluiriam alguns traços transferidos das L1s dos
falantes. O nivelamento ocorre quando as condições são propícias
para o surgimento de um pidgin estável ou um crioulo, eliminando,
nesse processo, algumas variantes e incorporando e retendo outras
na gramática da língua resultante. Algumas das variantes retidas
podem ser aquelas resultantes da transferência. O ponto crucial a
ser entendido aqui é que os traços de substrato entrariam no pidgin/
crioulo a partir de versões individuais de L2 e não através das línguas
de substrato propriamente ditas, sendo adotados pela comunidade ou
adquiridos pelas crianças.
285
ocorrem em diferentes estágios na aquisição de L2 e no desenvolvimento
dos pidgins e crioulos: a admissão da ordem de palavras da língua
materna ao aprender a L2, o que ele chama de “transferência de ordem
de palavras” e o uso de formas da L2 com propriedades gramaticais
da língua materna, o que ele chama de “transferência funcional”.
286
estratégia de solucionar problemas que surjam na comunicação.
A transferência ocorre tipicamente em dois contextos, como explica
Siegel (2008) seguindo Sharwood Smith (1986): 1) “momentos de
stress”, que seriam situações em que o sistema da L2 não dá conta
das necessidades comunicativas imediatas; 2) quando o falante quer
declarar enunciados com um nível de complexidade superior ao que os
mecanismos de controle do desenvolvimento podem dar conta.
S U M Á R I O
287
TEORIAS E ABORDAGENS SOBRE O
SURGIMENTO DAS LÍNGUAS CRIOULAS
S U M Á R I O
288
A HIPÓTESE DO BIOPROGRAMA: A
IMPORTÂNCIA DA FACULDADE DA LINGUAGEM
NA FORMAÇÃO DE LÍNGUAS CRIOULAS
S U M Á R I O
289
Velupillai (p. 175) explica por que motivo Bickerton argumenta que
o estudo de línguas crioulas serve como uma “janela” para a faculdade
humana da linguagem; a estrutura de uma língua crioula reflete a
Gramática Universal na sua forma mais básica, já que os criadores de
uma língua crioula recorrem aos seus programas linguísticos inatos
para chegarem a uma língua completamente funcional.
290
conjunto de características que pertenceriam unicamente às línguas
crioulas. Autores como McWhorter e Bakker et al. defendem a Teoria
do Crioulo Protótipo em seus trabalhos (2005 e 2011 respectivamente),
argumentando que identificar um crioulo protótipo possibilita a
identificação de línguas crioulas sem a necessidade de acessar sua
história de desenvolvimento.
S U M Á R I O possibilidade de bi ou multilinguismo.
291
Outra crítica para ambas as propostas diz respeito à questão
da nativização. A autora argumenta que, em muitas sociedades onde
as línguas crioulas surgem, há muitas ondas de imigração, ou seja,
um número alto de imigrantes continua a chegar às colônias em que
imigrantes anteriores já estão assentados com os filhos que tiveram
no local. Assim, parece provável que os imigrantes recém-chegados
influenciem a variedade de contato de alguma forma.
A HIPÓTESE DA RELEXIFICAÇÃO: OS
SUBSTRATOS FORNECEM A ESTRUTURA
E A LÍNGUA LEXIFICADORA, O LÉXICO
NA FORMAÇÃO DO CRIOULO
S U M Á R I O
293
Outra crítica concernente a essa hipótese é que ela assume
apenas duas grandes contribuições para um dado crioulo: a(s)
língua(s) de substrato e a língua lexificadora, não levando em conta a
difusão entre variedades de contato.
294
crioulas, dentro dessa teoria, são a continuação da variedade
colonial da língua lexificadora e as línguas de substrato não seriam as
responsáveis pela constituição estrutural do crioulo resultante.
295
consideração que as histórias de colonização mostram que as colônias
eram, muitas vezes, assentadas por colonizadores de diferentes
regiões da Europa, inclusive de regiões diferentes de um mesmo país.
296
uma forma diferente, apresentando uma mutação fonológica, por
exemplo. Assim, novas estruturas linguísticas podem vingar e se
propagar em uma dada situação linguística. Velupillai (2015) afirma,
seguindo Aboh & Ansaldo (2007), que em situações linguísticas com
alto grau de monolinguismo e tendências normativas, reproduções
idênticas são amplamente esperadas. Já em situações com alto
grau de multilinguismo e baixa tendência normativa, as reproduções
alteradas, isto é, com mudanças, são bastante prováveis. Esse é
justamente o caso das línguas crioulas, onde as taxas de mutação
seriam altas. As línguas de input determinariam a composição do
banco de traços, ao passo que as mudanças possíveis seriam
limitadas pelos tipos de traços incluídos nesse banco. Ainda
seguindo Aboh & Ansaldo (2007), Vellupilai (2015) aponta que traços
mais frequentes, proeminentes e tipologicamente comuns em uma
configuração linguística particular serão reproduzidos e propagados.
Os traços que farão parte da língua resultante são governados por
uma combinação de fatores sociais e estruturais.
S U M Á R I O
297
apesar de serem similares, esses crioulos não são idênticos, já que a
composição do banco de dados é exclusiva para cada situação.
O MODELO GRADUALISTA: O
SURGIMENTO DO CRIOULO COMO UM
PROCESSO DINÂMICO E EXTENSO
S U M Á R I O
298
Os defensores desse modelo propõem que toda teoria de
desenvolvimento de uma língua crioula envolva dados históricos
sólidos. Arends enfatiza a importância de basear uma teoria em dados
e de conduzir os estudos em crioulística a partir de uma pesquisa de
arquivo laboriosa.
S U M Á R I O
299
Uma das principais críticas ao Modelo Gradualista é que,
em alguns casos, usam-se dados extralinguísticos para dar conta
dos dados linguísticos (na falta deles). Os críticos apontam que, na
falta de evidências linguísticas adequadas da situação de contato
na sua fase inicial, não é apropriado usar dados sócio-históricos e
demográficos para presumir os usos de cada um dos grupos que
formava a população inicial.
300
no oeste africano e cuja língua lexificadora seria o francês teria sido
trazido para o Novo Mundo e dado origem aos crioulos de base
francesa. Da mesma maneira, um pidgin surgido no oeste da África
com base no inglês teria vindo para a América e dado origem aos
crioulos de base inglesa e assim por diante.
301
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ABOH, E. Competition and selection. That’s all! In Aboh & Smith (eds), 2009,
p. 317–44.
ABOH, E.; ANSALDO, U.The role of typology in language creation. A
descriptive take. In: Ansaldo et al. (eds), 2007, p. 39–66.
ALLEYNE, Mervyna. Acculturation and the cultural matrix of creolization. In
S U M Á R I O Hymes (ed.), 1971, p. 169–86.
302
ANDERSEN, Roger. Introduction: A language acquisition interpretation of
pidginization and creolization. In: Andersen (ed.), 1983a, p. 1–56.
ARENDS, J. Syntactic Developments in Sranan. Creolization as a Gradual
Process. Tese de Doutorado, Universidade de Nijmegen, 1989.
ARENDS, J.The socio-historical background of creoles. In: Arends et al. (eds),
1994b, p. 15–24.
ARENDS, J. A demographic perspective on creole formation. In: Kouwenberg
& Singler (eds), 2008, p. 309–331.
ARENDS, J.; BRUYN, A. Gradualist and developmental hypotheses. In:
Arends et al. (eds), 1994, p 111–120.
BAKER, P. The Contribution of Non-Francophone Immigrants to the Lexicon of
Mauritian Creole. Tese de Doutorado, University of London, 1982.
BAKER, P.; CORNE, C. Universals, substrata and the Indian Ocean creoles. In:
Muysken e Smith (eds), 1986, p.163–184.
BAKER, Philip. Creativity in creole genesis. In: Dany Adone and Ingo Plag (eds.)
Creolization and Language Change. Tübingen: Max Niemeyer, 1994, p. 65–84.
BAKER, Philip. Directionality in pidginization and creolization. In: Arthur K.
Spears e Donald Winford (eds.) The Structure and Status of Pidgins and
Creoles. Amsterdam: John Benjamins, 1997, p. 91–109.
BAKER, Philip.Theories of creolization and the degree and nature of
restructuring. In Neumann-Holzschuh e Schneider (eds), 2000, p. 41–63.
BAKKER, P.; DAVAL-MARKUSSEN, A.; PARKVALL, M.; PLAG, I.Creoles
are typologically distinct from non-creoles. Journal of Pidgin and Creole
Languages 26(1): 2011, p. 5–42. DOI: 10.1075/jpcl.26.1.02bak .
BECKER, Angelika; VEENSTRA, Tonjes. The survival of inflectional
morphology in French-related creoles: The role of SLA processes. Studies in
Second Language Acquisition 25, 2003a, p. 283–306.
BICKERTON, Derek. Pidginization and creolization: Acquisition and language
universals. In: Valdman (ed.), 1977, p. 49–69.
BICKERTON, Derek. Roots of Language. Ann Arbor: Karoma, 1981.
BICKERTON, Derek. The Language Bioprogram Hypothesis. Behavioral and
Brain Sciences 7, 1984a, p. 173–221.
S U M Á R I O
303
BICKERTON, Derek. The language bioprogram hypothesis and second
language acquisition. In: William E. Rutherford (ed.) Language Universals and
Second Language Acquisition. Amsterdam: John Benjamins, 1984b, p. 141–61.
BLOOMFIELD, Leonard, Language. New York: Holt, Rinehart e Winston, 1933.
Chaudenson, R. Creolization of Language and Culture. London: Routledge, 2001.
CARDEN, G.; STEWART, W. Binding theory, bioprogram, and creolization.
Evidence from Haitian Creole. Journal of Pidgin and Creole Languages
3(1):1988, p. 1–67. DOI: 10.1075/jpcl.3.1.02car.
CHOMSKY, Noam. Syntactic Structures. The Hague: Mouton, 1957.
CLEMENTS, Clancy . Word order shift and natural L2 acquisition in a
Portuguese creole. In: Caroline Wiltshire and Joaquim Camps (eds.) Romance
Syntax, Semantics and L2 Acquisition. Amsterdam/Philadelphia: Benjamins,
2001, p. 73–87.
CLEMENTS, Clancy. The tense-aspect system in pidgins and naturalistically
learned L2. Studies in Second Language Acquisition 25, 2003, p. 245–81.
CROFT, W. Explaining Language Change. An Evolutionary Approach. Harlow:
Longman, 2000.
DEGRAFF, Michel. Creolization, language change, and language acquisition:
An epilogue. In: Michel DeGraff (ed.) Language Creation and Language
Change: Creolization, Diachrony, and Development. Cambridge, MA: MIT
Press, 1999, p. 473–543.
DEGRAFF, Michel. Morphology in creole genesis: Linguistics and ideology. In:
Michael Kenstowicz (ed.) Ken Hale: A Life in Language. Cambridge, MA: MIT
Press,. 2001a, p. 53–121.
DEGRAFF, Michel. On the origins of creoles: A Cartesian critique of neo-
Darwinian linguistics. Linguistic Typology 5, 2001b, p. 213–310.
DULAY, Heidi; BURT, Marina Burt. Should we teach children syntax? Language
Learning 23, 1973, p. 245–58.
ELLIS, Rod. The Study of Second Language Acquisition. Oxford: Oxford
University Press, 1994.
FIELD, Fred. Second language acquisition in creole genesis. In: Geneviève
Escure e Armin Schwegler (eds.) Creoles, Contact and Language Change.
Amsterdam: John Benjamins, 2004, p. 127–60.
S U M Á R I O
304
FIRTH, Alan; WAGNER, Johannes. On discourse, communication, and (some)
fundamental concepts in SLA research. The Modern Language Journal 81,
1977, p. 285–300.
GOODMAN, Morris. A Comparative Study of Creole French Dialects. The
Hague: Mouton, 1964.
HALL, Robert, Jr. Melanesian Pidgin English: Grammar, Texts, Vocabulary.
Baltimore:Linguistic Society of America, 1943.
HALL, Robert, Jr. Haitian Creole: Grammar, Texts, Vocabulary. The American
Anthropologist, vol. 43, Memoire no. 74, 1953.
HALL, Robert A., Jr. Pidgin and Creole Languages. Ithaca: Cornell
University Press, 1966.
HANCOCK, Ian. A provisional comparison of the English-based Atlantic
creoles. African Language Review 8: 1969, p. 7–72.
HELMS-PARK, Rena. The implications of causative serial verbs in the interlanguage
of Vietnamese ESL learners. Studies in Second Language Acquisition 25, 2003, p.
211–44.in Second Language Acquisition 12, 1990, p. 1–23.
HESSELING, Dirk. On the Origin and Formation of Creoles: A Miscellany of
Articles (editado e traduzido por T. L. Markey e Paul T. Roberge). Ann Arbor:
Karoma, [1933] 1979.
HYMES, Dell (ed.). Pidginization and Creolization of Languages. Cambridge:
Cambridge University Press, 1971b.
JESPERSON, Otto. Language: Its Nature, Development, and Origin. London:
Allen e Unwin, 1922.
JOURDAN, C. Pidgins and creoles. The blurring of categories. Annual
Review of Anthropology 20: 1991, p. 187–209. DOI: 10.1146/annurev.
an.20.100191.001155 .
KEESING, Roger. Melanesian Pidgin and the Oceanic Substrate. Stanford:
Stanford University Press, 1998.
KOUWENBERG, Silvia; SINGLER, John Victor. Introduction. In: The Handbook
of Pidgin and Creole Studies. 1 ed. Wiley-Blackwell Publishing, 2008.
Introdução, p. 1-16.
LEFEBVRE, Claire. Relexification in creole genesis revisited: The case of
Haitian Creole. In: Pieter Muysken and Norval Smith (eds.) Substrata versus
S U M Á R I O
Universals in Creole Genesis. Amsterdam: John Benjamins, 1986, p. 279–300.
305
LEFEBVRE, Claire. Creole Genesis and the Acquisition of Grammar. The Case
of Haitian Creole. Cambridge: CUP, 1998.
LEFEBVRE, Claire. Issues in the Study of Pidgin and Creole Languages
[Studies in Language Colmpanion Series 70]. Amsterdam: John Benjamins,
2004, DOI: 10.1075/slcs.70 .
MANESSY, Gabriel. Processes of pidginization in African languages. In:
Valdman (ed.), 1977, p. 129–34.
MCKAY, Sandra; WONG, Sau-Ling Cynthia. Multiple discourses, multiple
identities: Investment and agency in second-language learning among
Chinese adolescent immigrant students. Harvard Educational Review 66,
1996, p. 577–608.
MCWHORTER, J. Defining Creole. Oxford: OUP, 2005.
MEISEL, Jürgen. Transfer as a second-language strategy. Language &
Communication 3, 1983, p. 11–46.
MIGGE, Bettina. Substrate influence in creole formation: The origin of give-
type serial verb constructions in the Surinamese Plantation Creole. Journal of
Pidgin and Creole Languages 13, 1998, p. 215–65.
MIGGE, Bettina. The origin of the syntax and semantics of property items
in the Surinamese Plantation Creole. In: John H. McWhorter (ed.) Language
Change and Language Contact in Pidgins and Creoles. Amsterdam: John
Benjamins, 2000, p. 201–34.
MUFWENE, Salikoko. The Ecology of Language Evolution. Cambridge:
Cambridge University Press, 2001.
MUFWENE, Salikoko. Transfer and the substrate hypothesis in creolistics.
Studies in Second Language Acquisition 12, 1990, p. l–23.
Muysken, Pieter. Halfway between Quechua and Spanish. The case for
relexification. In Valdman, A. e Highfield, A. R. (eds). Historicity and variation in
creole studies. Ann Arbor: Karoma.1981,52–78.
MUYSKEN, Pieter; SMITH, Norval (eds.). Substrata versus Universals in Creole
Genesis. Amsterdam: John Benjamins, 1986.
Muysken, Pieter. Lexical restructuring and creole genesis. In Boretzky, N.,
Enninger, W. e Stoltz, T. (eds). Beiträge zum 4. Essener Kolloquium über
“Sprach-kontakt, Sprachwandel, Sprachwechsel, Sprachtod” vom 9.10–
10.10.1987 an der Universität Essen. Bochum: Brockmeyer. 1988, p.193–210.
S U M Á R I O
306
MUYSKEN, Pieter; SMITH, Norval. The study of pidgin and creole languages.
In: Jacques Arends, Pieter Muysken, and Norval Smith (eds.) Pidgins and
Creoles: An Introduction. Amsterdam: John Benjamins, 1995 p. 1–14.
MUYSKEN, Pieter. Creole studies and multilingualism. In: Kouwenberg &
Singler (eds), 2008, p. 287–308.
NORTON Peirce, Bonny. Social identity, investment, and language learning.
TESOL Quarterly 29, 1995, p. 9–31.
NORTON, Bonny. Identity and Language Learning: Gender, Ethnicity and
Educational Change. Harlow, UK: Pearson Educational, 2000.
RAMPTON, Ben. A sociolinguistic perspective on L2 communication strategies.
In: G. Kasper e E. Kellerman (eds.) Communication Strategies: Psycholinguistic
and Sociolinguistic Perspectives. London: Longman, 1997, p. 279–303.
RAMPTON, Ben. Second language learners in a stratified multilingual setting.
Applied Linguistics 12, 1991, p. 229–48.
ROBERTS, Sarah. Nativization and the genesis of Hawaiian Creole. In:
John McWhorter (ed.) Language Change and Language Contact in Pidgins
and Creoles. Amsterdam: John Benjamins, 2000, p. 247–300.
SAMARIN, William. Salient and substantive pidginization. In: Dell Hymes
(ed.) Pidginization and Creolization of Languages. Cambridge: Cambridge
University Press, 1971p. 117–40.
SCHUCHARDT, Hugo. Kreolische Studien I–IX (Sitzungsberichte der
phil.-hist. Classeder kais. Akademie der Wissenschaften). Vienna: Carl
Gerold’s Sohn, 1882-8.
SCHUMANN, John. The acculturation model for second language acquisition.
In: Rosario Gingras (ed.) Second Language Acquisition and Foreign Language
Teaching. Arlington, VA: Center for Applied Linguistics, 1978a, p. 27–50.
SHARWOOD SMITH, Michael. Crosslinguistic influence with special
reference to the acquisition of grammar. In: Peter Jordens and Josine
Lalleman (eds.) Investigating Second Language Acquisition. Berlin: Mouton
de Gruyter, 1996, p. 71–83.
SIEGEL, Jeff. Language Contact in a Plantation Environment: A Sociolinguistic
History of Fiji. Cambridge: Cambridge University Press, 1987.
SIEGEL, Jeff. Substrate influence in creoles and the role of transfer in
second language acquisition. Studies in Second Language Acquisition 25,
S U M Á R I O 2003b, p. 185–209.
307
SIEGEL, Jeff. Mixing, levelling and pidgin/creole development. In: Arthur
K. Spears e Donald Winford (eds.) The Structure and Status of Pidgins and
Creoles. Amsterdam: John Benjamins,1997, p. 111–49.
SIEGEL, Jeff. Pidgins/Creoles and Second Language Acquisition. In: The
Handbook of Pidgin and Creole Studies. 1 ed. Wiley-Blackwell Publishing,
2008. cap. 8, p. 189-218.
SINGLER, J. On the use of sociohistorical criteria in the comparison of creoles.
In: Issues in Creole Linguistics, P. A. Seuren e S. S. Mufwene (eds),Berlin: De
Gruyter, 1990a, p. 645-659.
SINGLER, J. The demographics of creole genesis in the Caribbean. A
comparison of Martinique and Haiti. In: The Early Stages of Creolization
[Creole Language Library 13], J. Arends (ed.), Amsterdam: John Benjamins,
1995, p. 203-232, DOI: 10.1075/cll.13.10sinb .
SINGLER, J. The sociohistorical context of creole genesis. In: Kouwenberg &
Singler (eds), 2008, p. 332–358.
SYLVAIN, Suzanne. Le créole haïtien: Morphologie et syntaxe. Port-au-Prince:
Imprimerie de Meester, 1936.
TAYLOR, Douglas. Structural outline of Caribbean Creole. Word 7, 43–59, 1951.
THOMASON, Sarah. Language mixture: Ordinary processes, extraordinary
results. In: Carmen Silva-Corvalán (ed.) Spanish in Four Continents: Studies in
Language Contact and Bilingualism. Washington, DC: Georgetown University
Press, 1995, p.15–33.
THOMASON, Sarah. Language Contact: An Introduction. Washington, DC:
Georgetown University Press, 2001.
THOMASON, Sarah. Pidgins/Creoles and Historical Linguistics. In: The
Handbook of Pidgin and Creole Studies. 1 ed. Wiley-Blackwell Publishig, 2008.
cap. 10, p. 242-262.
VAN NAME, Addison. Contributions to creole grammar. Transactions of the
American Philological Association 1, 1869-70, 123–67.
VELLUPILAI, Viveka. Pidgins, Creoles and Mixed Languages: an introduction.
Amsterdã: John Benjamin Publishing, 2015.
WEIREICH, Uriel. Languages in Contact. New York: Linguistic Circle of New
York. (Reprinted 1968, The Hague: Mouton.), 1953
S U M Á R I O
308
WEKKER, Herman. Creolization and the acquisition of English as a second
language. In: Herman Wekker (ed.) Creole Languages and Language
Acquisition. Berlin: Mouton de Gruyter, 1996, p. 139–49.
WHINNOM, Keith. Linguistic hybridization and the “special case” of pidgins
and creoles. In: Hymes (ed.), 1971, p. 91–115.
WINFORD, Donald. An Introduction to Contact Linguistics. Oxford: Blackwell, 2003.
S U M Á R I O
309
12
Capítulo 12
LEITURA, LETRAMENTO
E A “NOVA” IDENTIDADE
DO PROFESSOR
DE LÍNGUA PORTUGUESA
DOI: 10.31560/pimentacultural/2020.314.310-330
Resumo:
Este artigo tem como escopo promover reflexões sobre o conceito de letramento
na sociedade contemporânea e as consequentes mudanças no sentido
da leitura e das atribuições do docente de Língua Portuguesa (LP), como
importante articulador na construção do sujeito leitor crítico. Fundamentadas
nos estudos desenvolvidos por Kleiman (2007), Oliveira (2006), Xavier (2005),
Soares (2002), Street (2014) dentre outros, assumimos a seguinte questão
motivadora: qual a inter-relação entre a identidade contemporânea do docente
de LP e o processo de leitura em sala de aula? Neste sentido, convergindo
para o que defende Kleiman (2007) no que se refere à escola como “agência
de letramento por excelência”, defendemos que o ensino de LP voltado para a
leitura como prática social exige da escola e do professor o agenciamento das
competências leitoras de forma a construir um cidadão que seja participante
crítico nos diferentes eventos de letramento do qual ele será, também, sujeito.
Palavras-chave:
311
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
312
experimental, generalizável e objetivista (ou seja, modernista)”.
Para o referido autor, a LA toma uma posição contrária e coloca o
sujeito como “crucial em sua subjetividade ou intersubjetividade,
tornando-o inseparável do conhecimento produzido por ele mesmo
assim como das visões, valores e ideologias” (MOITA LOPES, 2013,
p. 17). Constatações com as quais nos alinhamos ao tecermos as
discussões propostas neste trabalho.
S U M Á R I O
313
LEITURA E LETRAMENTO:
DIFERENTES PERCEPÇÕES
S U M Á R I O
314
Diante da afirmação da autora, pode-se inferir que é somente
na qualidade de indivíduo letrado que é possível “ler” e “interpretar” a
realidade e sobre ela atuar. Nesse sentido, faz-se mister uma reflexão
sobre a emergência das novas tecnologias da informação e como
as novas práticas sociais a elas relacionadas exigem dos usuários
diferentes tipos de letramentos cada vez mais específicos. Desse modo,
Soares (2002) questiona se, nesse moderno contexto, a condição de
sujeito letrado se altera quando comparada à condição do letrado na
“cultura do papel”. Para responder à questão, a autora faz uma breve
caracterização do fenômeno do letramento a partir das relações entre
oralidade e escrita até chegar às tecnologias tipográficas e digitais de
leitura e de escrita. Conclui, assim, que
[...] a escrita na cultura da tela, - na cibercultura, o confronto
entre tecnologias tipográficas e digitais de escrita e seus
diferenciados efeitos sobre o estado ou condição de quem
as utiliza, sugere que se pluralize a palavra letramento e se
reconheça que diferentes tecnologias de escrita criam diferentes
letramentos. (SOARES. 2002, p. 155. Grifo da autora).
315
Se o conceito de letramento não é uno, do mesmo modo as
concepções de leitura são múltiplas, a depender das abordagens
teóricas e das escolhas metodológicas não só de pesquisadores,
mas também e, principalmente, dos professores. Isto é, daqueles que
têm como fito promover a constituição de um leitor. A despeito dessa
constituição se produzir em outros ambientes que não o escolar, já que
a leitura não se restringe exclusivamente ao contexto letrado escolar,
afirma-se, neste ponto, a importância do espaço leitor na escola e do
profissional docente enquanto agente responsável pela motivação
necessária na realização do encontro entre o aluno/ledor e o texto.
S U M Á R I O
318
buscar “(...) o equilíbrio da relevância desses três elementos envolvidos
no processo de produção e compreensão de sentidos.” (Idem).
319
posicionamento do professor diante deste contexto de ensino contribui
para uma reformulação de uma “nova” identidade docente.
320
é na relação com outro que me identifico como não-outro”. Nesse
sentido, a identidade se constrói nas relações com os pares, haja
vista o sujeito construir os discursos com o objetivo de alcançar seu
interlocutor. Logo, “o ser humano é um ser de linguagem” (OLIVEIRA,
2006, p.27), que busca sempre agir sobre o outro.
321
consagrados pela tradição. Em vista deste posicionamento, a ruptura
da barreira fica ainda mais difícil, sobretudo, quando se questiona o
próprio acesso digital. Principalmente, pelo fato de que nem todos os
sujeitos têm acesso às tecnologias e, cabe ainda a quem tem acesso,
a responsabilidade e o compromisso de selecionar as informações
relevantes para a produção do conhecimento.
323
LETRAMENTO(S) E A “NOVA” IDENTIDADE DO
PROFESSOR: ALGUNS DIRECIONAMENTOS
S U M Á R I O
324
capaz de promover condições para que ocorra o aprendizado em
diferentes cenários de linguagem.
325
seus planos de ação segundo as necessidades em construção
do grupo. (KLEIMAN, 2007, p. 21).
S U M Á R I O
326
Diante disso, a leitura entendida como uma ação envolvida nas
relações sociais e como uma atividade que permeia as práticas vividas
pelo aluno, portanto pragmática, é condição essencial para uma prática
docente em língua portuguesa exitosa. Contudo, essa perspectiva
demanda um professor que reflita sobre uma formação mais voltada
aos letramentos necessários para que esse aluno possa conviver
com seus pares de forma igualitária, permitindo uma adequação de
linguagem a cada situação de comunicação. Cabe, portanto, à escola
e ao professor agenciarem o desenvolvimento das competências que
levem o aluno a participar ativamente das práticas de leitura, de forma
a construir um cidadão capaz de se comunicar adequadamente nas
diversas formas de linguagem.
CONCLUSÃO
327
o seu papel como agente transformador em sala de aula quando se
depara com o ensino de leitura voltado para as práticas de linguagem
que circulam nas relações sociais.
328
escolar e, consequentemente, um docente de LP, como um agente
articulador na formação deste sujeito. Por fim, destacamos ainda que
as investigações sobre o assunto carecem de profundas reflexões.
Assim, diante desta constatação, assumimos como objetivo aprimorar
a presente investigação em pesquisas vindouras.
REFERÊNCIAS
AMOSSY, R. (org.) Imagens de si no discurso: a construção do ethos. São
Paulo: Contexto, 2008.
GRIGOLETO, M. Dimensões de alteridade. In: MAGALHÃES, In:
GRIGOLETTO, M. CORACINI, M. J. (Orgs.). Práticas identitárias: língua e
discurso. São Carlos: Claraluz, 2006.
HALL, S. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Tradução: Adelaide
La Guardia Resende et al. Belo Horizonte: Editora UFMG, Brasília, 2003.
KLEIMAN, A. B. Ação e mudança na sala de aula: uma pesquisa sobre
letramento e interação. In: ROJO, R. Alfabetização e letramento: perspectivas
linguísticas. Campinas: Mercado das Letras, 2009.
_______. Letramento e suas implicações para o ensino de língua materna. In:
Revista Signo. Santa Cruz do Sul, v. 32 n 53, p. 1-25, dez, 2007.
_______. Letramento na contemporaneidade. In: Bakhtiniana, São Paulo, 9 (2):
72-91, Ago./Dez. 2014. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/bak/v9n2/
a06v9n2.pdf>
KLEIMAN, A. B.; VIEIRA, J. A. O impacto identitário das novas tecnologias
da informação e comunicação, In: MAGALHÃES, I., CORACINI, M. J. &
RIGOLETTO, M. (Orgs.). Práticas identitárias: língua e discurso. São Paulo:
Editora Claraluz, 2006, p.119-132.
KOCH, I. G. V. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2003.
LOPES, L. P. M. A transdisciplinaridade é possível em Linguística Aplicada?
In: SIGNORINI, I. e CAVALCANTI, M. C. (Orgs.) Linguística Aplicada e
transdisciplinaridade: Questões e perspectivas. Campinas: Mercado das
Letras, 2007.
S U M Á R I O
329
______. Introdução. Fotografias da Linguística Aplicada na modernidade recente:
contextos escolares. In: LOPES, L. P. M. Linguística Aplicada na modernidade
recente: Festschriff para Antonieta Celani. São Paulo: Parábola, 2013.
OLIVEIRA. M. B. F. Alteridade e construção de identidades pedagógicas:
(re)visitando teorias dialógicas. In: In: MAGALHÃES, I. e GRIGOLETTO, M.
CORACINI, M. J. (Orgs.). Práticas identitárias: língua e discurso. São Carlos:
Claraluz, 2006.
OLIVEIRA. L. A. Coisas que todo professor de português precisa saber: a
teoria na prática. São Paulo: Parábola Editorial, 2010.
RIBEIRO, P. B. O (futuro) professor de LP: múltiplos olhares, novos sentidos.
Estudos linguísticos, São Paulo, 42 (2): p. 824-837, maio-ago 2013.
SILVA. A da. Reflexões sobre as concepções de leitura de alunos do
mestrado. In: BARCELOS, A. N. F. (Org.). Linguística aplicada: reflexões sobre
ensino e aprendizagem de língua materna e língua estrangeira. Campinas:
Pontes, 2011.
SOARES, M. Novas práticas de leitura e escrita: letramento na cibercultura.
Educ. Soc., Campinas, vol. 23, n. 81, p. 143-160, dez. 2002. Disponível em
<http.//WWW.cedes.unicamp.br>
________. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte,
Autêntica, 2009.
STREET, J; STREET, B. V. A escolarização do letramento. In: STREET, B. V.
Letramentos sociais: abordagens críticas do letramento no desenvolvimento,
na etnografia e na educação. Trad. Marcos Bagno. São Paulo: Parábola, 2014.
VITAL, L. P; FLORIANI, V. M. O letramento na educação básica no brasil: uma
análise a partir dos resultados do saeb 2001 e 2003. Revista ACB, v. 11, n. 1 (2006).
VÓVIO, C. L., SOUZA, A. L. S. Desafios metodológicos em pesquisas sobre
letramento. In: KLEIMANN. A. B. e MATENCIO, M. L. M. (Orgs.). Letramento e
formação do professor: práticas discursivas, representações e construção do
saber. Campinas: Mercado das Letras, 2005.
XAVIER, A. C. Leitura, texto e hipertexto. In: MARCUSCHI, L. A. e XAVIER,
A. C. (Orgs.). Hipertexto e gêneros digitais; novas formas de construção de
sentido. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005.
_______. Letramento digital: impactos das tecnologias na aprendizagem da
Geração. Calidoscópio. Vol. 9, n. 1, p. 3-14, jan/abr 2011.
S U M Á R I O
330
SOBRE OS(AS) ORGANIZADORES(AS)
Álisson Hudson Veras-Lima
Doutorando e Mestre em Linguística pela Universidade Federal do Ceará
(UFC) e graduado em Letras Português/Francês: Língua e Literatura pela
Universidade Federal do Piauí (UFPI). É ligado à linha de pesquisa de
Aquisição, Desenvolvimento e Processamento da Linguagem da UFC,
tendo interesse em pesquisas que tratem do processamento linguístico
pela vertente do Gerativismo e do estudo da referência pelo âmbito
Semântico e Pragmático, além de questões acerca da pronominalização
em Português Brasileiro. Interessa-se também por Literatura, Crítica
Literária, bem como pela interface Literatura-História. Possui trabalhos
publicados sobre Educação e ensino de Português como língua materna,
sobretudo no que concerne ao ensino de Leitura, Escrita e Gramática.
E-mail: alissonhudson@gmail.com
331
do Departamento de Letras Vernáculas (1991), Vice-Diretora do Centro de
Humanidades da UFC (1991-1995), Diretora do Centro de Humanidades
da UFC (1995-2003), Diretora da Editora da Universidade Federal do Ceará
(2003), Coordenadora de Assuntos Internacionais da UFC (2003-2010),
Vice-Reitora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-
Brasileira (Unilab), de 2010 a 2013. Membro dos Conselhos Superiores da
Universidade Federal do Ceará (Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão
e Conselho Universitário), e da Universidade da Integração Internacional
da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), do Conselho de Centro do Centro de
Humanidades, desde 2010. Membro da Comissão do MEC que colaborou
com a implantação da Universidade de Cabo Verde (2004-2006); membro
da Comissão de Implantação da Universidade da Integração Internacional
da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), de 2008 a 2010. Tem exercido docência
em disciplinas e seminários de graduação e de pós-graduação (Linguística
Geral, Teorias Linguísticas, Linguística Textual, Métodos de Investigação
Linguística, Pragmática, Psicolinguística, Semântica, Metodologia
da Pesquisa Científica, Análise da Conversação, Discurso Científico,
Composição em Língua Portuguesa, Estilística da Língua Portuguesa, Leitura
e Produção do Texto Acadêmico, Políticas Públicas da Educação Superior).
E-mail: melias@gmail.com
S U M Á R I O
332
SOBRE OS AUTORES E AS AUTORAS
Ana Cristina Cunha da Silva
Professora Adjunta do setor Língua Inglesa da Universidade da Integração
Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab). Coordenadora do
Grupo de Pesquisa do CNPq - LANTECH (Language and Technology in
Education) e pesquisadora do Grupo Cognição e Linguística (UFC). Doutora
(2010) e Mestre (2005) em Lingüística pelo Programa de Pós-graduação
em Linguística da Universidade Federal do Ceará. Graduada em Letras
- Português-Inglês e respectivas literaturas pela Universidade Federal do
Ceará (2001). Já atuou como professora adjunta da Universidade Estadual
do Piauí (UESPI), professora substituta da Casa de Cultura Britânica da
Universidade Federal do Ceará (UFC), professora visitante na Universidade
Estadual Vale do Acaraú (UVA), professora de cursos de Especialização
(MBA-Unice e INTA) e professora do Ensino Superior em faculdades
particulares (Unice, Fametro e IDJ), além de ter exercido por dois anos
e meio a função de tutora da EAD no curso de Letras-Português na UFC
Virtual. Autora do livro “Redes neurais e ensino de línguas estrangeiras:
Implementando novos circuitos” em 2016. Áreas de pesquisa de interesse:
Aquisição e Desenvolvimento de Padrões Prosódicos em aprendizes
brasileiros de língua inglesa, Ensino-Aprendizagem de Línguas mediada por
recursos tecnológicos (CALL) e Metodologia do Ensino de Língua Inglesa.
Possui CELTA pela Universidade de Cambridge (London, UK, 2012).
E-mail: cris_cunha@unilab.edu.br
333
atuando nos centros de línguas: Núcleo de Línguas Estrangeiras (UECE)
e Casa de Cultura Francesa (UFC). Suas áreas de interesse e atuação se
concentram nas línguas estrangeiras (clássicas e modernas, sobretudo
as neolatinas), na Filologia Românica, na Literatura de língua francesa e
nos possíveis diálogos entre Literatura e Trauma, Literatura e Memória.
E-mail: arturviananeto@yahoo.com.br
334
Franciclé Fortaleza Bento
Professora Assistente da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA),
atuando no curso de Letras Inglês. É doutoranda do Programa de
Pós-Graduação da Universidade Federal do Ceará (PPGLIN), mestre
em Linguística Aplicada (PosLA-UECE), especialista em ensino de
línguas estrangeiras – inglês (UECE) e graduada em Letras Português/
Inglês (UECE). Atuou como coordenadora pedagógica do Núcleo
de Línguas Estrangeiras (NUCLE-UVA) de 2014 a 2016 e possui
experiência em ensino presencial e à distância. Possui interesse em
desenvolver pesquisas sobre ensino/aprendizagem de língua inglesa
e avaliação/elaboração de materiais didáticos impressos e digitais.
E-mail: franfortaleza@gmail.com
335
professor da rede estadual (SEDUC/CE) e atua como professor de
Português e Redação no Colégio Militar do Corpo de Bombeiros
(CMCB-CE). Tem interesse na área de Linguagem, Ensino e
Tecnologia. E membro dos grupos de pesquisa LEV e LENT.
E-mail: hipolitoximenes@gmail.com
336
Karime Chaibue
Doutoranda e mestra em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal
de Goiás (UFG). Graduada em Pedagogia e em Letras Libras. Possui
especialização em Educação Infantil e Especial; e em Libras. Já trabalhou
como intérprete de Libras e professora regente na Educação Infantil da
Rede Estadual de Ensino de Goiás, em salas de aulas com alunos surdos e
ouvintes. Trabalhou como coordenadora pedagógica, professora e intérprete
no Centro de Capacitação dos Profissionais da Educação e de Atendimento
às Pessoas com Surdez (CAS-GO). É professora na área de “Libras e
Estudos Surdos” no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de
Goiás (IFG) – Câmpus Goiânia. Possui certificação de proficiência em Libras:
Estadual (CAS-GO, 2009) e Nacional (FENEIS-RJ, 2001 e PROLIBRAS, 2013).
E-mail: karime_chaibue@yahoo.com.br
337
Ceará (2008). Atualmente é professora da Universidade Federal
do Ceará. Tem experiência na área de Lingüística, com ênfase em
Lingüística, atuando principalmente nos seguintes temas: língua
portuguesa, leitura, ensino, educação e ensino fundamental.
E-mail: mserafim15@gmail.com
S U M Á R I O
338
ÍNDICE REMISSIVO
A 217, 218, 219, 223, 273, 285, 290, 302,
alfabetismo 7, 12, 13, 14, 15, 16 316, 325, 328, 336
alfabetização 13, 14, 15, 16, 17, 24, 33, 314 conceitos 7, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 18, 22,
alunos 17, 21, 22, 23, 26, 27, 37, 38, 39, 23, 26, 27, 34, 51, 115, 148, 149, 164, 171,
40, 53, 58, 59, 64, 66, 68, 71, 76, 78, 82, 214, 215, 216, 224, 229, 231, 239, 245,
85, 86, 88, 96, 97, 98, 99, 100, 101, 105, 249, 250, 251, 265, 266, 267, 302, 315, 320
106, 107, 108, 109, 110, 111, 112, 113, contemporaneidade 24, 118, 223, 232, 234,
114, 115, 119, 122, 156, 158, 159, 160, 240, 329
161, 162, 163, 165, 166, 168, 169, 170, correção 81, 82, 87, 110, 111, 114, 140
171, 174, 212, 214, 217, 316, 317, 324, crioulística 266, 267, 268, 269, 270, 272,
325, 328, 330, 337 274, 276, 278, 279, 299, 301, 302
aprendizagem 7, 30, 40, 41, 47, 62, 80, 81, crioulos 266, 268, 269, 270, 271, 272, 274,
82, 83, 85, 98, 99, 100, 101, 104, 109, 115, 277, 278, 279, 280, 281, 282, 283, 284,
116, 122, 123, 124, 125, 126, 127, 128, 285, 286, 287, 291, 298, 300, 301, 302
129, 130, 131, 132, 133, 134, 135, 136, cultura 17, 18, 19, 21, 54, 64, 105, 180,
138, 140, 141, 142, 143, 163, 164, 169, 181, 182, 183, 184, 189, 195, 197, 225,
172, 180, 181, 182, 183, 194, 195, 196, 228, 231, 233, 234, 246, 248, 249, 250,
200, 213, 214, 220, 278, 281, 284, 312, 251, 254, 255, 257, 277, 313, 315, 319, 336
316, 317, 319, 321, 322, 323, 325, 330, 334 D
atualidade 26, 27, 147, 263
dicionários 122, 185, 200, 201, 206,
avaliação 20, 54, 74, 81, 82, 99, 101, 110,
212, 260
131, 133, 160, 163, 164, 165, 167, 168,
didático 47, 53, 54, 57, 60, 74, 79, 109,
169, 170, 171, 172, 334
114, 125, 132, 133, 135, 208
C digital 7, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 33, 35,
CALL 8, 120, 121, 122, 123, 124, 125, 126, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46,
127, 128, 129, 130, 131, 132, 133, 135, 47, 48, 49, 50, 51, 94, 116, 119, 124, 126,
136, 137, 138, 139, 140, 141, 142, 143, 335 131, 135, 149, 162, 168, 173, 239, 315,
capacidades 53, 55, 58, 59, 60, 61, 67, 73, 317, 319, 322, 330
78, 99, 101, 104, 105, 107, 110, 114, 134, disciplinas 20, 65, 110, 123, 146, 147, 150,
230, 318, 325, 327 167, 169, 170, 172, 332
competências 26, 27, 30, 31, 32, 37, 85, discursos 10, 19, 64, 79, 116, 142, 147,
107, 311, 314, 318, 324, 327, 328 151, 152, 171, 173, 201, 223, 224, 225,
comunidade 88, 105, 134, 142, 147, 148, 228, 230, 233, 234, 237, 239, 253, 321,
151, 153, 156, 159, 160, 165, 167, 171, 322, 327, 328, 333
183, 187, 201, 202, 203, 204, 213, 215, docentes 11, 27, 37, 38, 47, 83, 121, 123,
S U M Á R I O 125, 133, 135, 136, 141, 142, 220, 323
339
E 108, 114, 115, 117, 132, 148, 149, 150,
ensino 7, 8, 11, 13, 14, 18, 20, 21, 22, 24, 151, 153, 154, 155, 156, 157, 163, 169,
31, 37, 40, 41, 43, 47, 48, 49, 51, 53, 54, 171, 172, 225, 226, 227, 240, 241, 251,
57, 58, 59, 62, 65, 66, 70, 74, 80, 81, 82, 319, 330, 338
83, 84, 85, 87, 88, 96, 97, 98, 99, 100, 104, gêneros textuais 29, 58, 68, 81, 85, 96, 114,
105, 106, 107, 108, 109, 111, 114, 115, 115, 132, 226, 319
116, 117, 118, 119, 122, 123, 124, 126, graduação 124, 146, 148, 153, 154, 156,
127, 128, 129, 130, 131, 132, 134, 135, 170, 180, 181, 191, 263, 331, 332, 333,
136, 138, 140, 141, 142, 143, 145, 146, 334, 335, 337, 338
147, 148, 149, 152, 156, 163, 170, 171, H
172, 182, 183, 185, 194, 196, 197, 199,
habilidades 16, 17, 21, 26, 27, 28, 31, 32,
200, 201, 202, 207, 213, 216, 217, 218,
33, 37, 38, 40, 45, 84, 85, 97, 99, 104, 107,
219, 251, 263, 311, 312, 313, 316, 319,
123, 149, 182, 314, 317, 328
320, 322, 325, 326, 328, 329, 330, 331,
hipertextos 26, 27, 35, 319
334, 335, 336, 338
humor 223, 225, 226, 227, 241
escrita 7, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22,
23, 24, 28, 29, 33, 38, 39, 44, 45, 46, 49, I
50, 61, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, influência 40, 53, 54, 62, 68, 70, 111, 275,
89, 90, 91, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 99, 100, 281, 282, 283, 284, 285, 287, 294, 295, 301
101, 102, 103, 104, 105, 106, 107, 108, instrumento 57, 66, 102, 124, 138, 180,
109, 110, 111, 112, 113, 114, 115, 116, 182, 218
117, 118, 119, 123, 147, 149, 150, 152, intergenericidade 223
154, 156, 160, 161, 171, 217, 251, 253, intertextualidade 152, 223, 264
259, 261, 314, 315, 323, 324, 325, 326, 330
estigmatização 146 L
estudo 8, 27, 35, 53, 61, 82, 86, 95, 98, leitura 7, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23,
99, 110, 112, 113, 122, 124, 126, 132, 133, 24, 27, 28, 33, 38, 39, 43, 44, 45, 46, 50,
146, 147, 153, 161, 166, 168, 169, 172, 52, 53, 55, 57, 58, 60, 61, 62, 63, 64, 65,
174, 175, 178, 179, 180, 181, 182, 184, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 75, 76, 77,
188, 189, 194, 204, 211, 214, 217, 225, 78, 79, 84, 90, 95, 98, 102, 107, 108, 114,
231, 243, 250, 252, 260, 267, 268, 269, 123, 239, 248, 249, 253, 263, 264, 311,
270, 279, 280, 290, 319, 331, 338 312, 313, 314, 315, 316, 317, 318, 319,
evolução 10, 30, 81, 105, 184, 186, 225, 323, 324, 325, 326, 327, 328, 330, 334
266, 267, 268 letramento 7, 9, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18,
19, 20, 21, 22, 23, 24, 26, 27, 28, 29, 30,
F
31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41,
Filologia Românica 8, 179, 180, 182, 183, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 49, 50, 51, 85, 105,
189, 336 107, 116, 118, 310, 311, 312, 313, 314,
G 315, 316, 317, 318, 321, 322, 323, 324,
325, 326, 327, 328, 329, 330, 333
S U M Á R I O gêneros 24, 26, 27, 29, 39, 49, 56, 57, 58,
59, 68, 81, 83, 85, 96, 97, 98, 104, 105,
Letramento Digital 26, 27
340
Libras 8, 199, 200, 201, 202, 205, 206, 207, Linguística Aplicada 10, 11, 26, 27, 41, 42,
208, 209, 211, 212, 213, 214, 216, 217, 43, 44, 47, 48, 49, 50, 115, 116, 119, 143,
218, 219, 220, 336, 337 197, 243, 312, 326, 329, 330, 331, 333,
Língua de Sinais Brasileira 200, 201, 334, 335, 337, 338
212, 220 literatura 24, 34, 122, 125, 133, 180, 183,
linguagem 14, 15, 16, 18, 19, 20, 23, 24, 184, 227, 249, 250, 251, 254, 257, 259,
26, 27, 28, 41, 42, 44, 46, 53, 55, 57, 58, 260, 261, 264, 279, 302, 316
59, 60, 61, 63, 64, 65, 67, 69, 73, 78, 79, livro 53, 54, 57, 60, 67, 69, 73, 74, 76, 79,
81, 84, 85, 90, 98, 99, 101, 104, 105, 106, 102, 128, 129, 220, 225, 261, 268, 270,
107, 109, 113, 131, 140, 142, 152, 181, 279, 335
184, 189, 202, 215, 218, 223, 226, 228, livro didático 53, 54, 57, 60, 74, 79
234, 235, 237, 255, 257, 262, 269, 289,
M
290, 314, 320, 321, 322, 323, 324, 325,
326, 327, 328 memes 8, 45, 149, 222, 223, 224, 225, 226,
linguagem escrita 15, 61, 81, 90, 105, 107 227, 228, 230, 235, 239, 240
língua inglesa 8, 50, 116, 120, 121, 123, metodologia 42, 127, 143, 146, 147, 148,
124, 134, 135, 140, 141, 142, 254, 334, 149, 150, 152, 154, 156, 158, 162, 163,
335, 336 166, 167, 168, 169, 170, 171, 172, 173
língua portuguesa 7, 9, 24, 55, 66, 70, 71, metodologia científica 143, 146, 148, 149,
72, 73, 80, 81, 82, 134, 162, 182, 221, 310, 154, 156, 163, 166, 167, 170, 171, 172, 173
324, 327, 334 mídias 18, 26, 27, 47, 127, 318
línguas 8, 13, 14, 18, 23, 41, 57, 58, 59, 63, multiletramentos 7, 12, 13, 14, 16, 18,
66, 116, 118, 121, 122, 127, 131, 133, 134, 24, 28
135, 142, 143, 179, 180, 181, 182, 183, multimodalidade 7, 8, 12, 13, 14, 18, 222,
184, 185, 186, 187, 189, 190, 191, 192, 223, 234, 235, 239, 241
194, 195, 196, 197, 200, 201, 202, 203, multiplicidade 18, 53
204, 205, 206, 210, 213, 214, 215, 216, N
218, 244, 245, 247, 248, 250, 253, 255,
normalização 8, 120, 121, 128, 129, 130,
266, 267, 268, 269, 270, 271, 272, 273,
135, 141, 142
274, 275, 276, 277, 278, 279, 280, 281,
282, 283, 284, 285, 286, 287, 288, 289, P
290, 291, 292, 293, 294, 295, 296, 297, pesquisa 11, 24, 27, 30, 38, 42, 43, 44, 47,
298, 299, 300, 301, 302, 326, 334, 335, 336 48, 50, 65, 105, 121, 123, 124, 125, 130,
línguas crioulas 266, 267, 268, 269, 270, 131, 143, 144, 146, 147, 149, 154, 156,
271, 273, 277, 283, 284, 288, 289, 290, 157, 158, 160, 161, 162, 163, 165, 166,
291, 292, 294, 296, 297, 298, 300, 301 169, 170, 171, 172, 173, 174, 175, 176,
línguas mistas 266, 267, 272, 274 177, 178, 180, 183, 184, 186, 188, 204,
línguas neolatinas 8, 179, 180, 182, 210, 212, 215, 239, 247, 251, 263, 280,
185, 189 299, 329, 331, 333, 334, 335, 336, 338
línguas pidgins 266, 267, 268, 274, 278, pidgins 266, 267, 268, 269, 270, 271, 272,
S U M Á R I O 279, 280, 282, 286, 287, 302 273, 274, 277, 278, 279, 280, 281, 282,
341
283, 284, 285, 286, 287, 288, 290, 291, R
301, 302, 304, 309 realidade 47, 53, 74, 83, 137, 140, 141,
plataformas 26, 27, 29, 103 166, 188, 220, 315, 318, 319, 321, 326
povo 180, 182, 183, 184, 189, 195, 218 recursos tecnológicos 121, 134, 136, 335
prática discursiva 150, 159, 223, 225 redes sociais 21, 26, 27, 35, 40, 122, 126,
práticas contemporâneas 13, 14 127, 132, 224
práticas sociais 10, 17, 19, 26, 27, 28, 29, romanidade 180, 195
30, 32, 35, 39, 40, 42, 45, 46, 65, 105, 148,
149, 225, 226, 315, 316, 320, 321, 325 S
processo 14, 15, 16, 18, 19, 40, 54, 63, 64, significados 18, 22, 24, 44, 49, 71, 76, 105,
74, 81, 82, 83, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 223, 232, 235, 237, 247, 248, 249, 252,
92, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 99, 100, 101, 253, 281, 316, 319
102, 104, 105, 106, 107, 108, 109, 113, sociedade 10, 11, 14, 16, 18, 19, 20, 21, 28,
115, 116, 122, 123, 124, 125, 126, 128, 29, 30, 32, 34, 58, 59, 96, 104, 116, 150,
129, 130, 131, 132, 135, 136, 138, 141, 151, 153, 202, 205, 218, 226, 233, 234,
157, 159, 163, 164, 171, 184, 194, 196, 235, 237, 251, 254, 277, 299, 311, 312,
200, 204, 205, 206, 213, 220, 246, 247, 313, 314, 315, 320, 321, 326, 328
251, 254, 258, 260, 261, 267, 269, 273, subjetividades 243
274, 277, 278, 282, 284, 285, 287, 292,
T
293, 297, 298, 299, 301, 311, 312, 317,
319, 320, 323, 326 tradição 53, 54, 85, 188, 245, 264, 322
produção textual 60, 75, 104, 106, 114, tradução 19, 47, 90, 91, 94, 106, 137, 140,
146, 155 220, 232, 243, 244, 245, 246, 247, 248,
produtores 21, 26, 27, 225, 232, 238 249, 250, 251, 252, 253, 254, 255, 256,
professores 22, 23, 26, 27, 37, 39, 44, 46, 257, 258, 259, 260, 261, 262, 263, 264, 274
50, 55, 64, 65, 82, 86, 106, 108, 119, 121, V
122, 123, 124, 126, 129, 132, 133, 135,
variação linguística 8, 188, 199, 200, 201,
140, 141, 155, 172, 197, 215, 217, 218,
202, 204, 213, 216, 217, 218, 219
219, 251, 316, 323, 325, 326, 328
projeto 22, 47, 65, 70, 99, 100, 101, 114,
123, 146, 154, 157, 158, 160, 161, 162,
163, 165, 166, 169, 171, 172, 173, 174,
175, 257, 336
S U M Á R I O
342
B C