Você está na página 1de 2

Atividades da Aula 7

Andressa Daniella

Segundo o artigo original de Anders Ericsson, especifique quais são os pontos principais
que constituem a prática deliberada

Segundo o artigo de Anders Ericsson, a prática deliberada é constituída pelo conjunto de


práticas especificamente projetadas para a melhora do nível atual da performance de um
indivíduo. Essas práticas podem ser divididas entre os pontos motivação, obtenção de feedback,
e repetição do plano propriamente projetado após o feedback.

Com relação ao aspecto da motivação, tratam-se das razões pelas quais o indivíduo procura o
caminho para atingir o nível de excelência em sua performance. Ericsson afirma que “interested
individuals need to be engaging in the activity and motivated to improve performance before
they begin deliberate practice”, visto que a prática deliberada em si não é considerada
motivadora, de forma que o indivíduo não a inicia de forma espontânea: “The lack of inherent
reward or enjoyment in practice as distinct from the enjoyment of the result (improvement) is
consistent with the fact that individuals in a domain rarely initiate practice spontaneously”.
Ericsson ilustra este aspecto em seu artigo comparando a prática deliberada numa situação de
trabalho, em que existe o fator “recompensa” como motivação, e também a reação social de pais
ou outros membros do meio primário de uma criança que inicia algum tipo de atividade
demonstra ser muito importante para a criação de uma motivação inicial.

A próxima etapa à motivação será a obtenção de feedback. Trata-se da orientação de um


professor, um treinador ou algum tipo de profissional cujo conhecimento seja suficiente para
avaliar a performance em questão, e consiga construir instruções para que seu nível seja
elevado. Sem esse feedback, o nível pode ser apenas minimamente desenvolvido. A repetição
sem conhecimento do conteúdo a ser aplicado para a melhora da atividade não promove
desenvolvimento significativo, mesmo entre indivíduos altamente motivados. Para uma
evolução efetiva, o indivíduo deve receber instruções explicitas, bem como propostas de
metodologias para que possa sanar os problemas existentes em sua performance. Sobre este
ponto, Ericsson afirma: “Throughout development toward expert performance, the teachers and
coaches instruct the individuals to engage in practice activities that maximize improvement.
Given the cost of individualized instruction, the teacher designs practice activities that the
individual can engage in between meetings with the teacher. We call these practice activities
deliberate practice and distinguish them from other activities, such as playful interaction, paid
work, and observation of others, that individuals can pursue in the domain”

Por fim, após receber seu feedback, cabe ao indivíduo praticar, dentro do plano traçado, com
níveis de concentração focados nos problemas que tem que resolver, o que seria oposto à mera
repetição robótica. Trata-se sim, de um tipo de repetição, porém observando e modificando cada
ação – uma nota errada, um movimento indesejado, etc – de acordo com o objetivo traçado.
Cabe dizer também que a este nível de concentração possui limites, sejam eles diários ou
semanais. Porém é possível aos poucos ampliar esses limites, conforme afirma Ericsson: “In
summary, disregard of the effort constraint on deliberate practice leads to injury and even
failure. In the short term, optimal deliberate practice maintains equilibrium between effort and
recovery. In the long term, it negotiates the effort constraint by slow, regular increases in
amounts of practice that allow for adaptation to increased demands”.

Por fim, gostaria de colocar mais uma citação de Ericsson em seu artigo, que considerei que
resume os três pontos apresentados:

“In contrast to play, deliberate practice is a highly structured activity, the explicit goal of which
is to improve performance. Specific tasks are invented to overcome weaknesses, and
performance is carefully monitored to provide cues for ways to improve it further. We claim
that deliberate practice requires effort and is not inherently enjoyable. Individuals are motivated
to practice because practice improves performance. In addition, engaging in deliberate practice
generates no immediate monetary rewards and generates costs associated with access to
teachers and training environments. Thus, an understanding of the long-term consequences of
deliberate practice is important.”

Explique com suas próprias palavras como você usa a prática deliberada ou, caso seus
estudos sejam muito diferentes, como você poderia usar isso nos seus estudos.

Atualmente, meus estudos se encaixam perfeitamente no quadro de prática deliberada. Eu


possuo as motivações para que meu nível de performance se desenvolva, possuo regularmente
feedback de especialistas diferentes, e trabalho os aspectos apontados com bastante foco, e, após
entender exatamente o que tive que alterar, realizo repetições muito concentradas – quase
sempre, lentas – até que o ponto fique automatizado.

Porém, esse tipo de estudo é recente para mim. Por alguns anos eu acreditava que a repetição e
as muitas horas de esforço trariam os resultados que eu esperava. Depois que percebi que
poderia encaminhar meus estudos de outra maneira foi difícil encontrar foco e concentração, de
maneira que eu apenas conseguia estudar dessa forma por no máximo 1 hora. Porém, com o
passar dos anos, foi possível me concentrar por mais tempo, e por mais dias na semana, até
chegar à carga horária atual.

De sua opinião sobre as 10 mil horas de prática e o sucesso no mercado de trabalho.

Pessoalmente eu acredito que as 10 mil horas de prática podem levar a patamares elevados,
porém não tão elevados quanto poderiam ser. Acabamos de avaliar todo o cenário da prática
deliberada, que é oposta ao esforço extremo, repetitivo e maquinal, e pessoalmente eu acredito
ser uma ótima solução para o desenvolvimento. Entretanto, são necessários anos de prática
deliberada para que possamos alcançar o nível desejado, e como Ericsson também afirma em
seu artigo, existem grandes complicações para que a prática deliberada exista, dentre elas
complicações financeiras e motivacionais. A realidade da maioria dos músicos brasileiros não
permite que possamos ter feedback, recursos materiais, local para estudar e motivações ao redor
do meio que vivemos para que possamos realizar a prática deliberada desde pequenos. Ou seja,
nos damos conta dos “erros” em nossa performance provavelmente já muito tarde para o
mercado de trabalho. Temos que recorrer, portanto, a uma adaptação entre a prática deliberada e
as 10 mil horas de prática.

Você também pode gostar