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TERAPIA INTEGRATIVA COM CASAIS

ANDREW CHRISTENSEN

O segundo e o terceiro casamento tem mais sucesso, porque uma minoria de


casais estão realmente satisfeitos e estáveis. Se você vem de uma família
divorciada, há um aumento da probabilidade de divorciar-se, e um dos motivos
é que os filhos, vivenciando os conflitos paternos, podem ser menos confiantes
na estabilidade de um casamento. Em famílias separadas, 60% terão algum
problema de saúde mental, e em famílias intactas, 10%. Mas a maioria dos
filhos, de ambas as famílias, se recuperam e ficam muito bem.

No DSM não há um transtorno de insatisfação marital, mas há consequências


claras de um casamento ruim na saúde mental. Existem protocolos unificados
para os transtornos emocionais: Ansiedade, Depressão, etc., há uma base
genética e estressores ambientais comuns.

5 PRINCIPIOS ESSENCIAIS PARA TERAPIA DE CASAL

1- CONCEITUALIZACAO DIÁDICA: Quando explico o meu comportamento,


dou uma explicação ambiental; para o comportamento do outro, dou uma
explicação de personalidade. Ex.: se você atrasa, não tem consideração, se eu
atraso, foi o transito. Cada parceiro pode de forma honesta, dizer sobre a
relação: “quando eu comecei esta relação, tive boas intenções, tentei melhorar,
etc... então... só pode ter uma explicação... tem algo errado com o meu
parceiro....eu fiz tudo o que podia...”

2- MODIFICAR O COMPORTAMENTO MAL ADAPTATIVO MOVIDO PELA


EMOÇÃO: Uma relação intima, com frequência desencadeia emoções
intensas; vamos machucar a pessoa que convivemos em algum momento...
nesse caso, podemos usar a estratégia do TIME OUT (para tudo), a fim de
evitar o escalonamento das emoções e de agressões. Quando se sentem muito
irritados, param, saem, afastam-se e somente retornam quando mais calmos.
O TIME OUT serve para identificar e prevenir o processo de agressão.

3- COMPORTAMENTO PRIVADO BASEADO NA EMOÇÃO, QUE É


EVITADO: Quando um dos parceiros apresenta um comportamento, por
exemplo, em festas, que constrange ou envergonha o outro. E o parceiro que
se sente envergonhado, mesmo incomodado, pode calar. Talvez este se sinta
infantil se falar ou reclamar das atitudes do parceiro. Outro exemplo, quando
um deles está com uma doença séria, como câncer, e o outro evita falar porque
crê que falar poderia magoar; e também não permite expor qualquer
pensamento ou sentimento negativo sobre a situação. Quando o “doente”
começa a falar, pode minimizar, impedindo a expressão de medo ou tristeza.
Na maioria dos casos, falar alivia muito as dores e angustias da situação de
doença. Na terapia, uma das funções é ajudar o casal a falar sobre o que é
difícil... seja o que for.

Um projeto de pesquisa sobre CASAIS FELIZES X INFELIZES, mensurou o


uso dos termos “eu” e “nós” nas falas dos casais. Os casais em sofrimento
conjugal usam mais o “eu”, há mais acusação e culpabilização.

4- COMUNICAÇÃO POSITIVA: Treinamento de comunicação; treinamento


para falar de forma mais efetiva e clara; treinamento para falar de forma mais
produtiva, buscando recuperar a sua comunicação quando a relação iniciou.
Normalmente os casais relatam que nos primeiros anos comunicavam-se de
forma mais direta. Ou seja, esta habilidade está no seu histórico, esta forma de
comunicação já ocorreu, subentendendo-se que existe, pode ser retomada.

“Eu sei que você está tentando dizer a mesma coisa há 12 anos...” os casais
repetem sempre os mesmos assuntos quando não se sentem escutados. E
normalmente, quanto mais um repete, menos o outro escuta, mais se fecha.

5- ENFATIZAR FORÇAS, ENCORAJAR COMPORTAMENTOS POSITIVOS:


É importante que o psicólogo tenha sempre curiosidade sobre o que
conseguem, enfatizar e reforçar essas ações que já existem, e muitas vezes
estão esquecidas ou soterradas.

Esses princípios existem em todas as terapias de casal.

DIFERENÇAS ENTRE AS TERAPIAS DE CASAL

Existem 2 formas para definir problemas: molecular e molar

-MOLECULAR: a terapia comportamental foca no comportamento sintomático,


problemático, e aumenta os comportamentos positivos. Define e mensura
comportamentos. Com casais em sofrimento, a lista de problemas pode ser
muito longa. O psicólogo pode se perder ou ter conclusões prematuras. Ex.: o
casal vem com o discurso de que não se amam mais. Você pede que definam
isso. Ela diz que ele não a beija e que não é afetivo, como segurar sua mão.
Esses comportamentos definem o amor para ela. Mas se o marido não é
expressivo fisicamente, ou sente-se desconfortável nessa manifestação, ele
não consegue ser tão afetuoso, mas de fato a ama. Ele pode dizer uma lista de
outras tantas coisas positivas que faz para ela.

-MOLAR: define uma classe de respostas ampla. Comportamentos que na


superfície são diferentes, mas que no fundo, são muito parecidos. Um pode
mandar mensagens a toda hora, tenta conexão intensa e tocar, ou até no
criticar.... tudo é tentativa de aproximação.

TIPOS DE MUDANÇA:
= TRADICIONAL: quando busco a mudança do comportamento do outro;

= ACEITAÇÃO: quando busco a mudança da minha postura de “vitima”.

No Budismo existe o termo Dukkha, que significa sofrimento. A primeira nobre


verdade de Buda diz: A vida é sofrimento. De uma maneira geral, dukkha diz
respeito ao nosso condicionamento de vida dentro de experiências cíclicas,
onde nos alternamos entre boas experiências (felicidade) e más experiências
(sofrimento). Todos os seres buscam a felicidade e procuram se afastar do
sofrimento: no entanto, nessa busca de felicidade e dentro da própria felicidade
encontrada estão as sementes de sofrimentos futuros. Podemos pensar da
seguinte maneira: sofremos porque não temos algo; sofremos porque
conseguimos algo e temos medo de perder; sofremos porque temos algo que
parecia bom, mas agora não é tão bom assim; e sofremos porque temos algo
que queremos nos livrar e não conseguimos. Podemos ver, então, que mesmo
que tenhamos sucesso na nossa experiência de felicidade, ela mesma pode se
tornar causa de uma experiência de sofrimento. E há o termo Duplo Dukkha,
que significa que torno ou causo aumento do sofrimento, quando faço uma
guerra pelas nossas diferenças, por exemplo. Nos USA existe uma charge que
diz: “você não pode mudar as manchas de uma onça”, ou seja, existem
algumas características que não mudam, e não adianta brigar.

DEVO X QUERO ----


ESTRATEGIA DE MUNDANÇA 1
No inicio do relacionamento, se pergunta: será que ele gosta mesmo de mim,
ou só está sendo legal? Somente o tempo vai dar esta resposta. Houve um
treinamento realizado numa rede de supermercados, onde os caixas foram
treinados para ser gentis; chefes à paisana eram clientes ocultos para controlar
eles achavam que elas estavam interessadas neles, e houve um aumento de
cantadas e constrangimentos. Ou seja, quando a simpatia não é genuína,
quando é forçada, a percepção do outro é deturpada. Essa estratégia de
mudança não obteve resultado positivo. Portanto sugerir simplesmente novas
regras para o casal, não funciona, pois não é autentico, não é natural.
ESTRATEGIA DE MUDANÇA 2
Mudança a partir da analise do comportamento: considera-se que existe uma
razão para eles terem o comportamento A, B ou C. Ex.: um é mais intenso, ou
agressivo, porque acha que assim será escutado. Ex.: alguém tem muita raiva,
posso sugerir que essa raiva significa que está sentindo dor, por isso fica
raivoso. Normalmente falar de sentimentos propicia que amenize o
comportamento, e aí inicia a falar sobre as magoas.
SEMPRE X NUNCA
Isso é um erro cognitivo, extremo. Procurar exceções para corrigir. Quando fala
“você nunca me apoia” e o outro reage se defendendo, interromper e ver o que
motivou o que fez a queixa, se ele de fato não sente-se apoiado, ou se fala
assim, queixando-se para ter mais atenção. Importante ouvir sem julgar, ver o
que acontece com o que recebe a queixa, se concorda, ou tenta invalidar e
defender-se.

IBCT - TERAPIA COMPORTAMENTAL INTEGRATIVA DE CASAIS


Tentamos ler as interações, entender os motivos dos parceiros. Fazemos uma
ANÁLISE DEEP DO CASAL:
D – diferenças.
E – emoções, sensibilidades, vulnerabilidades.
E – estressores externos.
P – padrões de interação problemáticos.
Essa interação, com frequência, torna os problemas maiores. Ex.: um casal,
onde um gasta e o outro economiza; essa diferença natural é exacerbada pelas
sensibilidades emocionais de cada um. Se o econômico teve uma historia
familiar de pobreza ou perdas, é mais sensível. O gastador, talvez sentia que
os pais eram muito sovinas, e está podendo aproveitar. Externamente, talvez
tenham tido uma diminuição de salário, e existe um problema real. O
econômico controla o outro, corta o cartão de credito, questiona; o gastador fica
defensivo, esconde compras. Quanto mais esconde, mais o economizador fica
ansioso, questiona, interroga, “sente” que o parceiro não está sendo
verdadeiro\convincente. Cria-se um circulo vicioso de intrusão e esconde. Esse
padrão de interação está tornado o problema cada vez maior.
PRINCIPAIS DIFERENÇAS DE PERSONALIDADE:
OS GRANDES 5 \ “BIG 5”: OCEAN:
O – abertura à experiência (aventureiro \ convencional)
C – conscientes (confiáveis, pontuais \ desorganizados)
E – extroversão (contato social \ relax sozinho)
A – agradável (contato com o grupo \ mais isolado)
N – neuroticismo (reações emocionais fortes aos altos e baixos da vida, em
uma situação chata, fica exageradamente chateado) ex.: mulher muito
frustrada ou brava com sua mãe, por algo que ela disse, e se queixa ao marido,
que tenta minimizar, lembrando a ela todas as coisas boas que a mãe faz, e a
esposa fica mais brava ainda, sentindo que ele não está do seu lado, não a
apoia.
As diferenças de libido, de proximidade física, de interesses, a conexão com a
família de origem, as formas de enfrentamento do estresse são exemplos de
diferenças.
“ela às vezes me critica e parece que estuprei uma freira.” A intensidade das
palavras que ela usava lhe parecia ter cometido um crime hediondo.
Sensibilidades são comuns nos relacionamentos. Podem ser entendidas como
se fossem alergias. Para alguns o pólen não causa problema, outros ficam
muito mal. São “alergias relacionais”.

SELEÇÃO DE PARCEIRO
Achar a pessoa errada certa. Não existe alguém totalmente certo. As
diferenças, quando valorizadas, criam problemas.
“deixe nossas cicatrizes se apaixonarem” Galway Kinnell
Ex.: não sou assertivo e as pessoas tiram vantagem de mim. Se sou atraído
por um parceiro muito opiniático, é uma combinação perfeita, porque ele vai me
defender, afinal, “ele tem tanta opinião!...” mas talvez não seja o melhor
parceiro para mim, pois vou continuar pouco assertivo, controlado por outra
ORIGEM DAS SENSIBILIDADES
- ESTRESSORES NATURAIS: cultura, dinheiro, família de origem, vizinhos,
filhos, etc.
CICLO DE COMUNICAÇÃO DISFUNCIONAL \ REPETITIVO: porque nunca
entendemos um ao outro. O que um fala e o que o outro entende? Quando um
tem uma postura agressiva tentando mudar ou convencer o outro a mudar.
Quando aparecem comportamentos que afastam, como evitar, fugir, esconder
ou se justificar. Quando há invasão, agarrando-se, perseguindo, grudando,
também chamado parceiro helicóptero, monitorando, vigiando, suspeitando.
Quando vai contra o outro com a ajuda de terceiros, fazendo alianças com
amigos ou familiares.
O que torna esses comportamentos problemáticos? O contexto é tudo. Nada
de analisar o fato isoladamente. Sempre há consequências a curto e longo
prazo.
Para os parceiros impulsivos, agressivos, sugerimos “editar seus
comportamentos”, ou seja, não falar tudo o que vem á cabeça. Para outros,
que pensam muito e falam pouco, é o contrario, editar menos.
Círculos viciosos:> Eu me afasto, e ela me cobra proximidade. Quanto mais
afasto, mais ela cobra. Tende a escalonar. Ela vem cada vez mais intensa, e
ele se afasta, cada vez mais intensamente. Ocorre a manutenção do
escalonamento. Tais fatos são exemplificados no livro “Interrompendo
Processos Ironicos” , somente em inglês –Shoham, V., & Rohrbaugh, M.
(1997). Interrupting ironic processes. Psychological Science.
Ex.: casal com diferença de libido: o homem quer mais transa. Ele pressiona,
ela se afasta, evita, se ocupa com algo quando vai para a cama ou tem dor de
cabeça. Ela, no inicio, tem um interesse 5, ele 7. Com a privação, ele fica com
9 de vontade, e ela, pressionada, perde mais o interesse, fica com 3. Quando
chegam na terapia, são uma versão polarizada do que eram no inicio do
relacionamento.

PADROES PROBLEMATICOS:
-ASSIMÉTRICOS: discutir \ evitar.... perseguir \ afastar.
-SIMETRICOS: vão um contra o outro, mutuamente... evitação mutua.

ANALISE DEEP
-PROBLEMA INICIAL: Problema comum de convivência em função das
diferenças pessoais, das sensibilidades emocionais e dos estressores
externos.
-PROBLEMA REATIVO: é o segundo problema, devido à reação do casal ao
problema inicial.
Ex.; questões de relacionamento,como proximidade X independência

FORMULAÇÃO IBCT:
EXEMPLO DE CASO::: CONFIANÇA
-considerar as diferenças individuais, da historia de cada um.
-habilidades sociais: visão do contato com amigos. Ex: ela acha que não tem
problema beber ou almoçar com um colega de trabalho, e o marido discorda.
Ele, talvez, é sensível a uma traição anterior. Ela, talvez, foi muito controlada
pelos pais e agora sente-se livre.
-relações ou sensibilidades emocionais: affair dos pais (foi muito mimada),
-circunstancias externas: contato profissional com colegas.
-padrão de interação: a mulher que não fala sobre a sua rotina, e o homem fica
igual a um helicóptero, inseguro, tentando vigiar.

EXEMPLO DE CASO::: DEPRESSÃO NO PARCEIRO


-diferenças: otimismo \ fraqueza
-emoções: medo de ser cuidado \ medo de passar a vida cuidando do parceiro.
-externo: dificuldade para conseguir emprego \ arcar com todas as
responsabilidades.
-padrões de interação: o deprimido fica na defensiva \ o outro aumenta suas
criticas, e o primeiro fica mais deprimido ainda. Crítica exigente X recolhimento
defensivo.
As pessoas deprimidas desencadeiam a critica porque não fazem o que
deveriam, não reagem positivamente, às vezes, não querem mais nem sair de
casa.

EXEMPLO DE CASO::: ESTRESSE


Um casal tem um conjunto de “problemas” de conteúdo normal:
responsabilidades, cuidados com a casa, etc. O padrão de comunicação piora
e o casal tende a polarizar. Veem suas “diferenças” como “deficiências”. Os
casais se tornam adversários ou estranhos, não falam mais sobre o problema
porque não conseguem chegar a uma conclusão. Começam a pensar e
desenvolver teorias sobre as atitudes, motivos e personalidade do parceiro (é
desligado, não se importa, controlador, etc), e não conseguem mais falar sobre
o assunto, que é o verdadeiro problema.

ACEITAÇÃO E MUDANÇA
Os parceiros não vão mudar suas sensibilidades emocionais. Para os
estressores externos, a aceitação é básica.
Na interação terapêutica, no mínimo, não vamos piorar a situação do casal...

CONTRA-INDICAÇÕES PARA TERAPIA DE CASAL IBCT:


-abuso de substancias
-violencia severa ou moderada
-casais que não vivam juntos
-um ou ambos não comprometidos com o relacionamento
-um ou ambos querem separar.
IBCT não é uma terapia que possa ser usada para decidir a separação. Só
pode ser usada para melhorar.

FORMATO DOS ATENDIMENTOS:


Avaliação: Uma sessão conjunta
Formulação e feedback: Uma sessão conjunta
Tratamento ativo: Sessões conjuntas múltiplas
Término: Sessões conjuntas espaçadas

Um termo usados nos EUA é: “os casais trazem suas cobras para a terapia”.
As cobras significam as fobias, os medos, os problemas.
Na sessão individual com cada parceiro, se questiona sobre a relação,
preenche o questionário de dados pessoais, a vida posterior e a vida social
atual. Andrew costuma dar o livro: “RECONCILIAR DIFERENÇAS”... que
somente existe em inglês!
Nas sessões, com frequência, os parceiros costumam falar coisas ruins um do
outro. E como apoiar o parceiro sem antagonizar o outro???? Focar no “NÓS”,
e não no “EU”\”TU”: questionamentos: - qual foi o impacto? O terapeuta fala
sobre a “ferida” e não sobre a “flecha”. – quanto sangrou? - qual foi a dor?
Podemos ser empáticos e apoiar, e ao mesmo tempo não alienar o outro, e não
dar apoio às acusações, às flechas.
AVALIAÇÃO: Andrew usa o questionário demográfico; o Indice de Satisfação
do Casal – couple satisfaction índex (CSI-16); o Questionário de Áreas
Problemáticas – problems areas questionnaire, Christensen Measures for
Couple Terapy --- para avaliar a violência na relação.

SESSÃO DE FEEDBACK: momento onde se apresenta o plano de tratamento.

OBJETIVOS GERAIS DO TRATAMENTO: - aceitação das diferenças e


sensibilidades de cada um. – mudanças nos padrões de interação.
OBJETIVOS ESPECIFICOS DO TRATAMENTO: relacionados com as
questões que trouxeram para a terapia.
MÉTODOS:
-incidentes: (negativos, positivos, futuros) e questões . se faz essa verificação a
partir do questionário que o casal responde semanalmente: se teve algum
incidente negativo, agressão, etc... se teve algum incidente positivo, convívio,
evento, situação, etc... se eles tem alguma programação futura importante.... e
se tem alguma tarefa de casa para revisar na terapia.
-questionário semanal é a base, o inicio da conversa. O casal sempre dá o
conteúdo. O psicólogo é um debatedor ativo, ajuda com as preocupações.
Em torno da metade do tempo da sessão de feedback, 30 minutos, é sobre a
AVALIAÇÃO DEEP, e o restante do tempo, sobre as questões trazidas pelo
casal a partir das respostas dos questionários. Rastreamos níveis de violência,
e não trabalhamos com casais até que a violência cesse. Também busca
situações onde um tem medo de falar, talvez por ameaças. Falamos em “tocar
sem violência!” , a fazer o TIME OUT, pára tudo!, não tocar no parceiro
enquanto se está com raiva. Intervimos para anular a violência.
Com casais verbalmente abusivos ou agressivos: em torno de 90% dos casais
se xingam ou dizem palavras ruins quando em conflitos. Entretanto há
extremos de abuso verbal e ameaças que geram medo. Na maioria das
situações nós focamos na reação dos parceiros à isso. Para uns é doloroso e
ameaçador. Para outros, é parte do que acontece com um casal. Se a reação
do receptor é intensa, se ele se mostra muito sensível, muito ofendido ou
magoado, temos que nos preocupar e agir, porque queremos adaptar as
sensibilidades, e evitar que haja esse sofrimento. Queremos que os casais
sejam mais sensíveis, um ao outro.

MÉTODOS TERAPEUTICOS:
-Análise DEEP
-experiencias ao vivo. IBCT é vivencial. O casal está trazendo sua realidade ali,
na sua frente, e temos a oportunidade de ter uma experiência cicatrizadora.
Usamos mais os eventos recentes ou preocupações presentes. O que trazem
no questionário semanal dá o material para o trabalho da sessão.

3 ESTRATÉGIAS AMPLAS:
- mudança afetiva - união empática: nova experiência emocional do problema.
- mudança cognitiva –
-
3 DISCUSSÕES TERAPEUTICAS DA IBCT:
- discussões compassivas, empáticas.
- discussões analíticas , de desapego.
- discussões práticas, de fazer a mudança concreta.

Todas essas discussões e estratégias acima geram um aumento da aceitação


e mudança.

SESSÃO TÍPICA
- questionário semanal
- verificar ocorrência de evento violento ou destrutivo ou mudança maior.
- relato dos eventos positivos. Mostramos bastante curiosidade sobre o que o
casal pode fazer sozinhos, extra sessão, e o que fizeram para essa mudança
ocorrer. Se for sair, jantar, etc, não damos muita importância porque para isso
não precisaram fazer alguma mudança pessoal. Valorizamos quando
precisaram fazer alguma mudança pessoal para conseguir algo diferente no
relacionamento.
- definir agenda baseada nos incidentes, nos problemas do cliente. Damos a
mesma atenção e espaço para ambos participarem.
- mudar o foco da discussão do problema. Ex.: ao falar sobre o incidente, vem
a critica, e se torna um problema falar do problema. Nessa hora posso diminuir
o ritmo e resumir. Assim estou evitando que a discussão aumente e fique
incontrolável. No meio da discussão não posso interromper e deixar para a
próxima semana. “Vamos falar sobre como vocês vão lidar com isso depois
que saírem da sessão de hoje?” Fazemos uma pequena sessão de resolução
de problemas para ver o que vão fazer...
- observar quem fala com quem? Inicialmente fazemos com que cada um fale
comigo. Assim tenho mais controle sobre alguma discussão que possa ocorrer.
Também posso, seletivamente, escolher algumas falas e ignorar outras. Ex.:
um vídeo onde o marido atribuía a mudança de humor da esposa ao fato de ela
ser do signo de gêmeos....o terapeuta não deu a mínima importância.
- cada parceiro fala com o psicólogo; assim, temos maior controle, e ocorre
menor generalização. Se um disser que o outro é egoísta, posso dizer: “sei que
a esposa falou sobre algo que ocorreu, e se sentiu meio negligenciada... e
fiquei pensando, como será que você se sentiu ouvindo isso?”
- o casal fala um com o outro nas seguintes situações: encenações onde o
psicólogo dirige a discussão; o psicólogo intervém na discussão; o psicólogo
assiste e aplaude a discussão, quando é produtiva. A forma de estimular a
conversa entre o casal pode ser assim: “ X, o que vc acabou de dizer é
importante. Será que vc consegue falar isso olhando nos olhos? Vai ser muito
importante para Z.”

UNIÃO EMPÁTICA – PROPÓSITO> FOCO: SENSIBILIDADES EMOCIONAIS


Se o casal não vê nada de positivo para falar? Se a fala é “bom, ele não foi tão
ruim como é geralmente.” Essa frase ainda é muito negativa. Não queremos
forçar, extrair algo positivo; podemos chamar a atenção deles: “será que existe
uma dinâmica onde eles não querem admitir que o outro mudou, porque admitir
seria perder algum poder? Será que existe o medo de que o outro ache que
está tudo bem, e não queira mudar mais nada?”
Quando o assunto traição é recorrente? Como se faz um a discussão de
coração aberto acerca de uma experiência significativa do relacionamento.
Ambos os parceiros compartilham sentimentos. Mas existem aqueles que
nunca dividiram antes assuntos íntimos. Quando ocorre esse
compartilhamento, os cônjuges experimenta aceitação emocional.
Importante prestar atenção as reações emocionais. As emoções primárias,
iniciais, não reveladas, suaves, versus as emoções secundárias, reativas,
difíceis. Ex.: tem uma festa de trabalho da esposa, com outros funcionários,
num sábado a noite. O marido é introvertido, não gosta de festa, não conhece
os colegas, mas concorda em ir junto. E na festa o marido fica estranho. A
esposa o apresenta para outros, se esforça para ele ficar bem. O marido não
consegue ficar bem. A esposa se diverte, mas sente-se culpada. Vai ver como
ele está, num canto, bravo. Ela começa a beber e se diverte. Ele quer ir
embora antes. No caminho ela diz: “foi uma festa legal” (“eu me diverti”). E ele
diz: “foi horrível” (“eu não me diverti e a culpa foi sua”). E aí iniciam uma grande
discussão e acabam dormindo em quartos separados. Na sessão, focar no
positivo, nas boas intenções do inicio do programa de sábado. Ambos
tinham sentimentos complicados, e fáceis de entender. A discussão no
carro não é importante, foi reativa.
Para o psicólogo: focar no estágio inicial da discussão, onde as pessoas
são muito mais compreensivas. Nesse ponto é que vale a pena mexer.
Estimulamos a revelação, extraímos as emoções, para fazer com que eles
falem sobre o desconforto, de que a situação foi desconfortável para ambos.
Refletimos e estimulamos os sentimentos.
Caso: casal jovem, o homem trabalha bastante, a mulher deixou de trabalhar
para cuidar os 2 filhos, e sente-se sobrecarregada. Ela queixa que ele não tem
libido, mas no fundo a queixa era de falta de parceria, de conexão. Ele queixa
que ela é muito critica: “ela briga porque não baixo a tampa do vaso”. Ela diz
que “o lembro disso!”. Ele se defende dizendo: “é automático, é hábito...” ela
pergunta “ e quando isso vai mudar? Sair do automático?” Na verdade:::: A
pergunta real dela é: “e como você vai me colocar na sua rotina? Como vai
lidar e estar emocionalmente comigo?” Nesse momento ele consegue dizer:
“eu tenho medo de você, sou tímido sexualmente”. Ela retoma: “mas você tem
que dizer o que precisa, como gosta...” e há uma nova escalada nessa briga....
Nessa briga, o terapeuta demorou para intervir, deixou o casal falar um com o
outro muito tempo. O momento perfeito para o terapeuta intervir foi a hora que
o homem disse ser “tímido sexualmente”. Poderia ter perguntado: “o que é
positivo nisso é que vocês conseguem se expressar, essa fúria que sai,,, assim
como um vulcão em erupção (a esposa tinha falado que se sentia em erupção
quando criticava as atitudes do marido),,,sabemos que é fúria,,, e que outros
sentimentos estão por trás da fúria? Sabemos que ela está enfurecida, e se
você entrar em sintonia, que outros sentimentos consegue perceber? O que
mais que tem?” nesse momento ela diz: “tenho tristeza”... o terapeuta diz:
“Fale para ele sobre esse sentimento de tristeza, que existe, além da fúria”. Ela
fala: “além da tristeza, tenho sua falta, tenho que implorar para que você fique
ou faça amor comigo? Sinto frustração pensando que se não tivéssemos filhos
seria melhor, me sinto inadequada por ter largado minha carreira, me sinto
numa caixa...” e chora...
O terapeuta fala ao marido: “e você, marido, pode dizer a ela o que ouviu?”
O marido: “ouvi que isso dói porque não estou colocando energia ou amando
suficiente. Fui treinado para ter uma baixa auto estima, e isso dói”.
A esposa: “fico frustrada, culpada, porque você é um bom homem, e estou
pedindo demais, e talvez devesse ser feliz com o que tenho, mas quero estar
com você.”
(O terapeuta cumprimentou a esposa porque ela expressou suas emoções.
Quando a esposa usou o termo “raiva vulcânica”, o terapeuta aceitou, não
julgou, caso contrario a esposa se defenderia. O terapeuta disse que ela “é
muito boa em sentir e comunicar raiva” e propõe que aí existam outros
sentimentos.... ela aceitou e disse: “sim, a tristeza” e o terapeuta expressou:
“fale mais sobre a tristeza, esse é um sentimento muito diferente da raiva”. E
de fato, muitos eventos exteriores a estressavam: além dos filhos, problemas
de saúde com sua mãe. O terapeuta desfocou a raiva e enfatizou a tristeza;
colocou o diálogo com a esposa num local muito mais afetuoso.)
O marido: “você não está pedindo demais. É que as coisas negativas que
sente, raiva, frustração, você expressa tudo como raiva. E essa é exatamente a
emoção a qual eu me sinto tímido, e me retraio... (quando a esposa expressou
a tristeza, o marido se aproximou fisicamente dela). E o terapeuta amplia as
emoções perguntando para o marido: “marido, como foi para você ter ouvido
sobre todos esses sentimentos da sua esposa?”.... e a sessão seguiu...
O terapeuta estimula a revelação pessoal:
- sonde, explore, extraia, sugira emoções.
- enfatize, valide e mostre as emoções.
- incentive a resposta do parceiro. Faça um resumo da reação.
Às vezes a união empática é entre o psicólogo e cada um do casal. Nem
sempre eles conseguem ser amáveis um com o outro. E a conversa amável
entre o terapeuta e eles, promove um impacto positivo. O terapeuta poderia
questionar: “ marido, você poderia falar sobre os seus medos para a esposa?”
A esposa poderia ficar defensiva, ao ouvir o marido falar sobre como o marido
se fecha por medo da raiva dela. É tarefa do terapeuta ajudá-los a falar, a
refletir sobre isso de forma mais produtiva. Geralmente, quando cada um relata
seus sentimentos para o terapeuta, inicialmente, o parceiro reflete e escuta
melhor.
A forma de sugerir emoções, seria da seguinte forma: ... imagino que você
tenha outras emoções além da raiva... certamente... será que você se sentiu
desconfortável ou chateada?” (desconfortável ou chateada são termos muito
amplos, e que propiciam um aprofundamento. O terapeuta sugere, como seria
imaginar o que a pessoa está sentindo, sempre de uma forma gentil.)

ESTIMULANDO A REVELAÇÃO PESSOAL


Os casais, quando chegam, querem falar sobre a ferida causada pelo outro, e
nós queremos falar sobre a dor que sofreram. Os casais querem falar sobre a
esperança de se agarrar, insistem. Evoque as feridas em todos os erros, em
todos os problemas ocorridos. Identifique o desejo atrás de toda a
lamentação.

DESAPEGO UNIFICADO – PROPÓSITO


FOCO: PADRÃO DE INTERAÇÃO
-discussão intelectual sobre uma experiência significativa do relacionamento.
-cônjuges revelam pensamentos, pontos de vista, perspectivas e observações.
-a discussão acerca da experiência do relacionamento é: Descritiva, não
julgadora, diádica e mindfull (consciência plena) X Avaliativa, julgadora.

ANÁLISE FUNCIONAL DO COMPORTAMENTO: ACONTECIMENTO


ANTERIOR, COMPORTAMENTO, CONSEQUENCIA. Em terapia cognitivo
comportamental é o que chamamos de padrão ABC. O comportamento de
cada um é o A e o C para o outro. Assim, o terapeuta envolve o casal em uma
discussão que:
-descreve sequencias e padrões
-identifica gatilhos e botões de acionamento ou start.
-faz comparações, contrastes entre momentos diferentes: “hoje a briga foi um
grau 7... na semana passada foi um grau 8,... o que houve?”
-distingue intenções dos efeitos.
-usa metáforas, humor, imagens.
-foca no problema como isso, e não como você. Às vezes o casal dá um
nome para a sua interação, para o seu “jogo”, e para cada um, como o “gato e
rato”; falam no “alerta vermelho” = ficar bravo.

Caso: desconfiança pós-traição


O marido desconfia que a esposa está na internet, no telefone, com quem ela
fala, etc.
O terapeuta dá a tarefa: ser eles próprios, e o marido falar de forma menos
interrogatória, e a esposa de forma menos defensiva. E questiona o marido: “o
que está acontecendo dentro de você? Eu imagino que você pode estar
preocupado, desconfiado. É justificado. Mas o que ocorre?”
O marido: “Fico apavorado. Uns meses antes do casamento ela saiu com o ex
namorado. E casamos mesmo assim. Tenho medo de que agimos
prematuramente. Não sei se era a hora de casar.”
Terapeuta: “É genuíno. É verdadeiro. E se você dissesse isso para ela?”
Marido: “fico com medo de que fomos muito rápido, e que você não me veja
como seu marido.”
Esposa: “como assim?”
Marido: “às vezes eu estou certo, e você me desfaz, não responde as minhas
perguntas, diz que é bobagem minha, que estou imaginando coisas... lembro
que houve um momento que eu estava desconfiado, ficava te cutucando, você
dizia que não tinha nada, e eu estava certo.” (quando da traição, ele
desconfiou e questionou, investigou, e por 9 vezes ela negou, e na 10 vez,
confirmou...agora ele tem essa lógica, de que se insistir, ela vai confirmar).
Buscar tranquilização para um de que o parceiro vai ser fiel, e para o outro de
que os interrogatórios vão cessar. Queremos segurança para ambos, reagindo
diferente do que fizeram até então. Focar no sentimento ao ouvir o que o outro
sente. Ter uma discussão mais construtiva sobre o caso. Auxiliá-los a lutar
juntos, e não um contra o outro. Geralmente estão presos ao padrão defesa \
acusação.

CONSTRUÇÃO DA TOLERANCIA:
O casal fala do seu padrão de interação, sem raiva, com tolerância, sendo
orientados sobre os gatilhos. O marido compreendeu quais eram os gatilhos
que atingiam ela. O comportamento dele foi ressignificado. Ele não era
abusivo, e sim muito assertivo: muita iniciativa, muito decidido.

PARA MAIORES INFORMAÇÕES:


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