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DECRETO N. 6.

877/09
Decreto n. 6.877/09
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DECRETO N. 6.877/09

O Decreto n. 6.877/2009 regulamenta a transferência de presos para presídios federais


de segurança máxima, de que trata a Lei n. 11.671/2008, que sofreu alterações pelo chamado
Pacote Anticrime, principalmente no que diz respeito às regras internas e ao prazo máximo
de permanência do preso em um estabelecimento penal federal de segurança máxima, que
passou de 360 dias renováveis para três anos renováveis.
Segundo a legislação, o preso será incluído em estabelecimento penal federal de segu-
rança máxima se houver interesse público ou por interesse do próprio preso. O decreto, por
sua vez, delimita essas situações.
Cumpre mencionar que o decreto não fez modificações quanto ao prazo, mas o decreto
deve ser estudado à luz das alterações feitas pela lei mais recente, o Pacote Anticrime.

DECRETO N. 6.877/09

Regulamenta a Lei n. 11.671, de 8 de maio de 2008, que dispõe sobre a inclusão de


presos em estabelecimentos penais federais de segurança máxima ou a sua transferência
para aqueles estabelecimentos, e dá outras providências.

 Obs.: deve-se levar em conta as alterações do Pacote Anticrime.

Nos termos da Lei n. 11.671/2008, o diretor do estabelecimento prisional (autoridade admi-


nistrativa), o Ministério Público (MP) ou o próprio preso podem pedir a sua inclusão em um
estabelecimento penal federal de segurança máxima, ao juiz responsável pelo preso, que
pode estar preso de forma provisória ou cumprindo a sua pena. Esse juiz solicitará a inclusão
do preso ao juiz federal responsável pela execução nesses estabelecimentos penais federais
de segurança máxima.
Serão ouvidos os envolvidos: se for a pedido do MP, serão ouvidas a defesa e a autoridade
administrativa; se for a pedido da autoridade administrativa, serão ouvidos o MP e o defensor;
e se for a pedido da defesa, serão ouvidos o MP e a autoridade administrativa.
5m
Satisfeitos os fundamentos e/ou sanados quaisquer situações impeditivas, o juiz federal
atenderá à solicitação.
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Segundo a jurisprudência, o indeferimento da solicitação somente pode ocorrer por


excesso de lotação ou ausência de fundamentos.
Cumpre lembrar que o Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) sempre deve
ser ouvido, ao qual é facultado indicar para qual estabelecimento penal federal de segu-
rança máxima o preso deve ser transferido, levando em consideração as diversas situações
particulares.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art.84, inciso IV,
da Constituição, e tendo em vista o disposto no § 3º, do art. 5º, da Lei n. 11.671, de 8 de
maio de 2008.
DECRETA:

Art. 1º Este Decreto regulamenta o processo de inclusão e transferência de presos para estabeleci-
mentos penais federais de segurança máxima, nos termos da Lei no 11.671, de 8 de maio de 2008.
Art. 2º O processo de inclusão e de transferência, de caráter excepcional e temporário, terá início
mediante requerimento da autoridade administrativa, do Ministério Público ou do próprio preso.
§ 1º O requerimento deverá conter os motivos que justifiquem a necessidade da medida e estar
acompanhado da documentação pertinente.
§ 2º O processo de inclusão ou de transferência será autuado em apartado.

 Obs.: esse processo é apartado, pois já existe o processo principal, seja de execução da
pena ou de prisão provisória.

Art. 3º Para a inclusão ou transferência, o preso deverá possuir, ao menos, uma das seguintes
características:

 Obs.: esse artigo regulamenta as condições necessárias para a inclusão ou transferência do


preso para estabelecimento penal federal de segurança máxima. Qualquer uma das
condições é justificativa suficiente para inclusão ou transferência.
10m

I – ter desempenhado função de liderança ou participado de forma relevante em organização crimi-


nosa;
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 Obs.: o conceito de organização criminosa é definido na Lei n. 12.850/2013, a qual define


também o procedimento de apuração. Segundo essa lei, organização criminosa é um
grupo integrado por quatro ou mais pessoas, que tem estrutura, hierarquia e divisão
de tarefas, ainda que informal. A pena para organização criminosa é superior à previs-
ta para associação criminosa do art. 288 do Código Penal (CP). Além disso, conside-
ra-se organização criminosa somente se estiver relacionada à prática de crimes com
pena máxima superior a quatro anos ou de característica transnacional. Ainda assim,
para inclusão ou transferência, não é suficiente que o preso participe de organização
criminosa, mas deve ter desempenhado função de liderança ou ter participado de
forma relevante na referida organização.

II – ter praticado crime que coloque em risco a sua integridade física no ambiente prisional de ori-
gem;

 Obs.: seria o caso, por exemplo, de um preso que pratica um crime contra um líder de uma
organização criminosa. Ainda que o preso que tenha praticado esse crime não seja
líder de organização criminosa, o seu crime contra essa liderança coloca em risco a
sua integridade física naquele ambiente.

III – estar submetido ao Regime Disciplinar Diferenciado – RDD;


IV – ser membro de quadrilha ou bando, envolvido na prática reiterada de crimes com violência ou
grave ameaça;

 Obs.: pelo art. 288 do CP, o termo mais adequado é “associação criminosa”, em relação à
qual é suficiente a participação de três pessoas, sem a necessidade de estrutura ou
hierarquia. Nesse caso, o requisito não é ser líder ou ter participação relevante nessa
associação, mas que esta tenha praticado crimes violentos, como roubos, extorsões
e sequestros.

V – ser réu colaborador ou delator premiado, desde que essa condição represente risco à sua inte-
gridade física no ambiente prisional de origem; ou
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 Obs.: esse inciso, bem como o II, representa uma das condições pelas quais o próprio
preso pode requerer sua transferência para estabelecimento penal federal de segu-
rança máxima.

VI – estar envolvido em incidentes de fuga, de violência ou de grave indisciplina no sistema prisional


de origem.

 Obs.: ressalta-se que é suficiente para a transferência qualquer uma das condições descri-
tas, não havendo necessidade de que sejam acumuladas as situações.

Art. 4º Constarão dos autos do processo de inclusão ou de transferência, além da decisão do juízo
de origem sobre as razões da excepcional necessidade da medida, os seguintes documentos:
I – tratando-se de preso condenado:

 Obs.: pode ser incluído tanto o preso provisório, que ainda está respondendo a processo,
quanto o preso condenado.

a) cópia das decisões nos incidentes do processo de execução que impliquem alteração da pena e
regime a cumprir;
b) prontuário, contendo, pelo menos, cópia da sentença ou do acórdão, da guia de recolhimento, do
atestado de pena a cumprir, do documento de identificação pessoal e do comprovante de inscrição
no Cadastro de Pessoas Físicas – CPF, ou, no caso desses dois últimos, seus respectivos números;
e
c) prontuário médico; e

 Obs.: essa disposição é importante porque o Estado tem responsabilidade sobre a integri-
dade física e moral do preso.
20m

II – tratando-se de preso provisório:


a) cópia do auto de prisão em flagrante ou do mandado de prisão e da decisão que motivou a prisão
cautelar;

 Obs.: no caso de preso em flagrante, a transferência somente pode correr se a prisão houver
sido convertida em prisão preventiva.
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b) cópia da denúncia, se houver;


c) certidão do tempo cumprido em custódia cautelar;
d) cópia da guia de recolhimento; e
e) cópia do documento de identificação pessoal e do comprovante de inscrição no CPF, ou seus
respectivos números.

 Obs.: segundo as disposições do Pacote Anticrime, a cada 90 dias o juiz deve analisar a
prisão preventiva de presos nessa condição.

Art. 5º Ao ser ouvido, o Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça opinará sobre
a pertinência da inclusão ou da transferência e indicará o estabelecimento penal federal adequado
à custódia, podendo solicitar diligências complementares, inclusive sobre o histórico criminal do
preso.

 Obs.: o DEPEN pode solicitar todas as informações necessárias para fazer a indicação do
estabelecimento adequado.

Art. 6º Ao final da instrução do procedimento e após a manifestação prevista no art.5º, o juiz de


origem, admitindo a necessidade da inclusão ou da transferência do preso, remeterá os autos ao
juízo federal competente.

 Obs.: como nesse momento o DEPEN já se manifestou, o juiz federal competente é aquele
responsável pelo estabelecimento indicado pelo DEPEN. Além disso, o deferimen-
to não é um ato discricionário, mas vinculado, somente podendo ser negado se não
forem cumpridas as exigências normativas.

Art. 7º Recebidos os autos, o juiz federal decidirá sobre a inclusão ou a transferência, podendo de-
terminar diligências complementares necessárias à formação do seu convencimento.
25m

Art. 8º Admitida a inclusão ou a transferência, o juízo de origem deverá encaminhar ao juízo federal
competente:
I – os autos da execução penal, no caso de preso condenado; e
II – carta precatória instruída com os documentos previstos no inciso II do art.4º, no caso de preso
provisório.
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 Obs.: quando se trata de preso condenado, os autos da execução seguem ao juiz federal
competente. No entanto, no caso de preso provisório, existe um processo criminal
em andamento em alguma vara criminal do país, o qual seguirá o seu curso, sendo
as decisões tomadas no âmbito desse processo. Por esse motivo, para a inclusão ou
transferência de preso provisório, somente é encaminhada a carta precatória ao juiz
federal competente.

Art. 9º A inclusão e a transferência do preso poderão ser realizadas sem a prévia instrução dos
autos, desde que justificada a situação de extrema necessidade.
§ 1º A inclusão ou a transferência deverá ser requerida diretamente ao juízo de origem, instruída
com elementos que demonstrem a extrema necessidade da medida.
§ 2º Concordando com a inclusão ou a transferência, o juízo de origem remeterá, imediatamente, o
requerimento ao juízo federal competente.
§ 3º Admitida a inclusão ou a transferência emergencial pelo juízo federal competente, caberá ao
juízo de origem remeter àquele, imediatamente, os documentos previstos nos incisos I e II do art.4º.

 Obs.: não obstante o caráter emergencial dessa inclusão ou transferência, a documentação


necessária não é dispensada.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Deusdedy de Oliveira Solano.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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