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Rem: Revista Escola de Minas Services on Demand

Print version ISSN 0370-4467On-line version ISSN 1807-0353


Journal
Rem: Rev. Esc. Minas vol.54 no.1 Ouro Preto Jan./Mar. 2001
SciELO Analytics
http://dx.doi.org/10.1590/S0370-44672001000100009
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Ensino do projeto arquitetônico: a Curriculum ScienTI
teoria traduzida em exercícios no Automatic translation

processo criativo Indicators

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Doris C. C. C. K. Kowaltowski
Arquiteta, PhD - Faculdade de Engenharia Civil - FEC - UNICAMP More
E-mail: doris@fec.unicamp.br
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Sílvia A. Mikami G. Pina
Arquiteta, Dra. - Faculdade de Engenharia Civil - FEC - UNICAMP 
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E-mail: smikami@fec.unicamp.br

Anna Paula S. Gouveia


Arquiteta, Dra. - Faculdade de Engenharia Civil - FEC - UNICAMP 

Vanessa D. da Silva
Arquiteta, MsC - Faculdade de Engenharia Civil - FEC - UNICAMP 
E-mail: vangomes@fec.unicamp.br

Édson Fávero
Arquiteto, MsC - Faculdade de Engenharia Civil - FEC - UNICAMP 
E-mail: favero@fec.unicamp.br

Francisco Borges Filho


Arquiteto, MsC - Faculdade de Engenharia Civil - FEC - UNICAMP 
E-mail: borges@fec.unicamp.br

Resumo
Esse trabalho relata a tentativa de superação desse impasse no curso de Arquitetura e Urbanismo, criado esse
ano, e no curso de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia Civil da UNICAMP. Nas disciplinas iniciais de
projeto no curso de arquitetura foram introduzidos exercícios que trabalham a teoria básica de criação através da
extração do essencial. A segunda experiência ocorreu na disciplina de projeto ministrada para o curso de
engenharia, onde os fatores intervenientes no processo projetual foram abordados através da prática de
exercícios pontuais e temáticos.

Palavras-chave: Ensino, Projeto Arquitetônico, Processo Criativo.

Abstract
This paper describes two examples of structured design education, in a new Architecture course and for Civil 
Engineering students. Basic architectural theory is presented and exercised in incremental stages. The heuristic 
richness of the creative process is practiced. Limitations are imposed in specific exercises to demonstrate the 
strength and influence of limits on design development.

Keywords: Teaching Methods, Architectural Design, Creative Process.

Introdução
O ensino do projeto arquitetônico tradicionalmente baseia-se em exercícios desenvolvidos no ambiente atelier,
que ainda apresenta dificuldades na construção do conhecimento necessário do futuro projetista (Salama, 1995).
Esse trabalho relata algumas experiências do curso Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia Civil e do novo
curso de Arquitetura e Urbanismo da UNICAMP, na tentativa de superar esse impasse. Demonstra-se a
introdução de conceitos teóricos através de exercícios incrementais nos dois cursos.

O curso de Arquitetura e Urbanismo


A Universidade Estadual de Campinas-UNICAMP iniciou as atividades didáticas do seu curso noturno de
Arquitetura e Urbanismo nesse ano de 1999. Inicialmente o novo curso dará ênfase à formação do profissional
projetista. O desenvolvimento de novas tecnologias e as demandas sociais e ambientais que influenciam o
projeto arquitetônico devem ser trabalhados nas várias disciplinas do curso. As disciplinas de teoria e projeto,
presentes em todos os semestres, revelam-se como ambiente de investigação e aplicação da síntese de
conhecimento.

Nas primeiras disciplinas de projeto, são introduzidos exercícios que trabalham a teoria básica de criação em
arquitetura através da extração do essencial. O objetivo maior desse tipo de exercício é a prática do processo
criativo na sua plenitude heurística, além de demonstrar que a limitação de opções concentra o raciocínio numa
direção específica com resultados muito criativos. As ementas das duas primeiras disciplinas de Teoria e Projeto
incluem conceitos sobre estética, plástica e volumetria na criação da forma arquitetônica. O partido de projeto é
trabalhado de maneira multifacetada, compreendendo analogias, escalas e relações da antropometria,
modulações, tipologias e linguagens formais, bem como os modelos do pensamento moderno como o idealismo,
ativismo, espontâneo, autoconsciente, intuitivo e lógico (Rowe, 1992).

Exercício seqüencial de criação de formas


Nas disciplinas de Teoria e Projeto do primeiro ano, os alunos desenvolvem um número grande de pequenos
exercícios, com objetivos específicos de acordo com as ementas anteriormente descritas. Alguns dos exercícios
são estruturados com base na seqüência de conhecimento teórico adquirido em aulas expositivas com uso de
transparências e diapositivos, bem como leitura obrigatória de textos e pesquisa bibliográfica para
complementação de alguns temas. Os exercícios são introduzidos para trabalhar a teoria básica de criação em
arquitetura através da extração do essencial. A estrutura adotada nos exercícios procura (1) introduzir conceitos
novos de forma pontual e com nível crescente de complexidade e (2) demonstrar a importância da aplicação de
elementos específicos ao processo de criação da forma. O estímulo para a solução criativa de problemas dentro
de limites claramente definidos é visto como uma base essencial em projeto.

A descrição de uma dessas seqüências pode mostrar a importância dada aos elementos conceituais introduzidos.
A partir de um desenho-origem, uma cena de paisagem urbana, os alunos foram estimulados a abstrair formas
básicas e a realizar a distinção dos espaços em sua essência. Essa primeira fase trabalhou dois conceitos: a
observação do espaço (Figura 1) e a abstração de elementos essenciais (Figura 2). A partir do segundo desenho,
2
o exercício prossegue na busca de um módulo dentro das formas abstraídas, para ser reproduzido com 36 cm de
área (Figura 3). É feito um paralelo entre o uso da estrutura modular nas artes plásticas e na arquitetura. O
módulo é entendido como uma unidade que possui características predefinidas na sua gênese como gerador de
uma estrutura, de um todo. A unidade não é autônoma como elemento plástico ou construtivo. Sua gênese está
imbuída de possíveis ligações, simples ou complexas. São colocados como aspectos relevantes ao se pensar o
módulo: forma simples e de lados iguais, evitar figuras isoladas ou sem continuidade, evitar simetria
estabelecendo pontos geométricos de continuidade. Como método, o aluno é instigado a procurar o módulo na
estrutura anterior (abstraída da paisagem), sob o olhar de uma máscara, um quadrado recortado em uma folha
de papel. Procura-se um enquadramento fotográfico, sob o foco da moldura. Esse olhar é uma analogia
simplificada do olhar do arquiteto sobre a cidade ou edificação que, profissionalmente, tem objetivo preciso para
futuras intervenções e evidencia novas abordagens de leitura. Os alunos são submetidos a uma nova e inusitada
observação do próprio trabalho: naquilo anteriormente feito, vêem o que não foi intencional ou objetivamente
construído. O foco dado pelo uso da moldura objetiva agilizar esse processo.
Figura 1 - Desenho de cena
urbana.

Figura 2 - Abstração de
formas essenciais.

Figura 3 - Módulo da
abstração.

Esse módulo, então, é aplicado a uma seqüência de quatro exercícios. No primeiro projeto, procura-se trabalhar
a composição de repetição em 2D (Figura 4). O aluno, então, escolhe o módulo com a finalidade dessas
repetições. Exercita-se uma pré-visualização dos resultados de um único módulo, com as suas especificações de
linhas e formas que se estendem até a borda do módulo. O aluno deve, ainda, refletir sobre o impacto que os
cheios e vazios do módulo escolhido terão sobre o resultado final de sua repetição. Um segundo exercício baseia-
se no espelhamento do módulo com repetição (Figura 5). Nessa fase, trabalha-se, principalmente, a organização
das primitivas (ponto, linha e plano).
Figura 4 - Repetição do módulo.

Figura 5 - Espelhamento e
repetição do módulo.

Nos exercícios de repetição, foi permitida a aplicação de várias técnicas, sejam elas manuais, uso de cópias xerox
ou de ferramentas de informática aplicada. Essa liberdade é intencional e visa a desenvolver no aluno o
discernimento sobre as técnicas mais apropriadas para cada tipo de problema e tarefa. A aplicação de recursos
computacionais foi estimulada para criar um vínculo entre as disciplinas de Informática Aplicada e de Teoria e
Projeto desde o primeiro semestre. Procura-se, com isto, demonstrar que a aplicação de computação gráfica em
arquitetura transcende a mera utilização de ferramentas como o CAD (Computer Assisted Design) e que o
emprego racional, criativo e inteligente dos recursos computacionais disponíveis é estrategicamente apresentado
como um elemento importante no processo criativo, que deve facilitar e garantir a qualidade projetual desejada.

A seguir, foi proposto um terceiro exercício, agora em 3D, em que o desenvolvimento dos volumes teve o módulo
como base (vista superior). Nesse exercício, além da valorização das formas principais do módulo, foram
trabalhados os conceitos de verticalidade. Os resultados desse projeto demonstram o desenvolvimento da
criatividade na introdução em diferentes níveis de novas formas dentro do limite da base modular. A confecção
das maquetes permitiu aos alunos uma avaliação do grau de complexidade e dificuldade que a construção impõe
em relação as interpretações volumétricas escolhidas. Para que o exercício se concentrasse nos elementos
essenciais propostos, foi escolhido papel duplex ou similar branco como material único na fabricação da maquete.
A partir de um material predefinido, as opções formais estereométricas ficam restritas às propriedades técnicas e
plásticas daquele material. Faz-se, dessa forma, uma analogia simplificada aos problemas pertinentes ao
processo de projeto em arquitetura, em que a criação do espaço não pode acontecer sem um conhecimento
técnico construtivo apropriado.

Em paralelo, esse exercício foi inserido nas atividades da disciplina de Informática Aplicada. Novamente, o
objetivo era ampliar a gama de ferramentas e estimular o discernimento sobre as técnicas mais apropriadas para
materialização dos volumes. Nesse caso, as características do material, o grau de dificuldade de sua manipulação
e a habilidade do executor deixam de ser os principais condicionantes do desenvolvimento da volumetria. A
variedade de composições trazida em cada trabalho encarregou-se de evidenciar, ora as vantagens, ora as
limitações das ferramentas computacionais na etapa inicial de estudo e composição de massas. Com isso,
desmistificou-se a idéia do computador como uma fábrica de soluções instantâneas, evidenciou-se a real
dimensão do salto qualitativo que este pode oferecer ao arquiteto e, principalmente, que a sua posição em
relação a outras ferramentas de expressão depende de cada situação específica.

Finalmente, no quarto exercício, trabalhou-se a volumetria com maior complexidade (Figura 6). O módulo foi
visto como um corte num cubo de 45 cm de aresta. Como ponto de partida, estabeleceu-se a criação de
elementos tridimensionais dentro dos limites das arestas. Nessa etapa, a cor foi introduzida como mais um
elemento que atua na percepção espacial da forma. O módulo, agora como corte, propicia propedeuticamente
uma abordagem do espaço mais complexa, difícil para alunos iniciantes. Esses são, então, estimulados a
desenvolver um raciocínio espacial: suas mentes devem imaginar três dimensões a partir das definições de um
módulo plano. Esse exercício propicia, também, um desenvolvimento da linguagem plástica e estética, pois, como
corte em arquitetura, o módulo é visto somente numa direção e sentido, aquilo que nele não está expresso
graficamente deve continuar enquanto linguagem no restante da estrutura, para que o resultado seja satisfatório.

Figura 6 - A: Módulo; B: Maquete colorida: Módulo como


seção de corte.

O objetivo maior desse tipo de exercício é a prática do processo criativo na sua plenitude heurística (Rowe,
1992), além de demonstrar que a limitação de opções concentra o raciocínio numa direção específica com
resultados muito criativos. Foram introduzidos conceitos essenciais do processo de criação da forma em
arquitetura. As modulações como base em projeto foram discutidas, inclusive as teorias de grandes mestres
como Le Corbusier e o "Modulor", que permeia a sua obra (Le Corbusier, 1954). A teoria da cor foi mostrada com
exemplos nas artes plásticas, na propaganda e nas percepções espaciais em arquitetura (Fabris & Germani,
1973). As formas básicas como elementos arquitetônicos e a lógica da sua aplicação no projeto foram expostas e
discutidas (Mitchell, 1990 e Ching, 1998).

Através de exercícios complementares, foram ainda trabalhados conceitos de composições de elementos em


projeto, entre elas as formas contrastantes, retilíneas ou orgânicas, com harmonia ou ruptura na composição,
simetria ou irregularidade (Wong, 1998). A escala e a sua relação com a figura humana foram trabalhadas
através da confecção de maquetes. As analogias e a ilusões visuais foram introduzidas em outros exercícios de
criação de espaços. As ilusões visuais foram criadas para um ambiente comum, através da introdução de
elementos novos, com intenção de destruição da percepção atual do ambiente. A analogia baseou-se na arte
pictorial, nas grandes obras da pintura e na criação de ambientes que expressam a essência e sentimentos de
uma obra escolhida individualmente pelo aluno. O primeiro ano do curso termina com a proposta de um projeto
arquitetônico com local e programa de necessidades definidos, para espaço lúdico: um parque, no qual os
conceitos exercitados individualmente e de forma gradativa durante os exercícios preliminares podem ser agora
utilizados conjuntamente.

Ensino de Arquitetura no Curso de Engenharia Civil


A segunda experiência ocorreu na disciplina de projeto ministrada para o curso de Engenharia Civil. Sabe-se que
o processo de projeto envolve inúmeros profissionais, com diferentes especialidades, formações e pontos de
vista, o que contribui para algumas dificuldades ao longo do processo. A mais conhecida, talvez, seja a distinção
do olhar sobre o projeto e a obra com o qual o engenheiro civil e o arquiteto realizam. Para o engenheiro civil,
uma construção pode ser definida pelos elementos estruturais, aos quais ele atribui a maior relevância, enquanto
que, para o arquiteto, ela pode ser um marco estético na paisagem urbana, uma coleção de ambientes com
características peculiares ou um envelope com a função de filtro entre o ambiente externo e seus usuários. O
conflito entre engenheiros e arquitetos é tradicionalmente um dos maiores problemas no projeto das construções,
pois confiam fortemente em suas experiências, sem contudo externalizar o processo de amadurecimento e
construção das idéias (Bailey & Smith, 1994). O desenvolvimento de um projeto de uma edificação envolve uma
grande complexidade e vasto número de informações. Além disso, as peculiaridades dos projetos tornam difícil o
estabelecimento de rotinas de projeto. Este é, portanto, o quadro de conflitos com que se depara uma disciplina
de projeto para alunos de engenharia civil, responsável pela sua habilitação profissional. Evidentemente, em
função da carga horária reduzida, a disciplina visa a apresentar aos alunos-engenheiros a lógica e a
complexidade das diversas variáveis envolvidas na elaboração do projeto de arquitetura. Espera-se que, a partir
dessa noção real do projeto de elaboração do projeto, ele possa contribuir de forma consciente e rsponsável para
o seu aprimoramento e execução.

Experiências anteriores sobre o ensino de projeto através de elaboração prática de um projeto temático
revelaram o pouco interese e as grandes dificuldades dos alunos de engenharia. O resultado dessa prática era
quase sempre um projeto deficiente e de baixa qualidade, mas com um número de horas de trabalho bastante
alto. Mesmo com a inserção das ferramentas de CAD, os resultados, em geral, não foram animadores. Em alguns
casos, a dedicação ao gerenciamento e manipulação dessa nova ferramenta concentrava a atenção dos alunos,
reduzindo ainda mais o tempo de reflexão, pesquisa e desenvolvimento do projeto. O resultado gráfico que o uso
de CAD proporcionava forjava, de certo modo, uma qualidade inexistente, de forma que os alunos satisfaziam-se
com o resultado dos desenhos, mas não avaliam a qualidade de projetos em si. Isto ocorria principalmente
proque as ferramentas de computação gráfica eram utilizadas apenas para sanar a pouca habilidade com o
desenho pelos alunos de engenharia. Nessa metodologia, o lado mais perverso era a não assimilação pelos
alunos dos conceitos básicos envolvidos na elaboração de um projeto. Por outro lado, a experiência em
disciplinas onde a complexidade dos problemas era abordada através de exercícios controlados demonstrava
resultados com qualidade muito superior. Assim, a proposta metodológica da disciplina de projeto no curso de
engenharia foi reestruturada. O conteúdo conceitual da ementa foi mantido, eliminando-se a execução do grande
e único projeto que percorria todas fases de elaboração.

Os conceitos e fatores intervenientes no processo projetual passaram a ser abordados através da prática de
exercícios pontuais e temáticos. Assim, exercícios específicos trabalharam a incrementação de conceitos,
atingindo, ao longo do curso, a noção de complexidade do projeto de arquitetura. Para cada tema do programa
da disciplina, foram desenvolvidos exercícios onde os alunos eram orientados a aplicar os conceitos e a utilizar
diferentes linguagens gráficas, inclusive as ferramentas de CAD. Tais exercícios foram realizados em grupos
pequenos, visando ao treinamento da cooperação entre profissionais, mas com controle sobre a participação e
produção individuais. Para cada etapa desses exercícios, realizou-se, ainda, um exercício mais completo,
individual, onde toda teoria básica deveria ser aplicada, em correspondência às fases de elaboração do projeto.
Os exercícios eram expostos em painéis e a proposta brevemente justificada pelos alunos. Essa atividade
despertou muito interesse por permitir visualizar e ampliar o universo de imagens e soluções, além da
possibilidade de exercitar também a comunicação e exposição das idéias para um público ampliado. Percebeu-se
que, a cada exercício, os resultados eram aprimorados, principalmente em função do que era absorvido,
experimentado e registrado, ampliando a coleção de idéias e experiências armazenadas, o que permitia uma
qualidade melhor no exercício seguinte.

Um dos exercícios iniciais trabalhou os conceitos de plástica, volumetria e modulação na criação da forma
arquitetônica. A proposta incluiu a criação de uma gramática formal a partir de primitivas geométricas, onde
deveria ser demonstrada a evolução de cada peça, em 2D e 3D, explorando-se as modificações, combinações e
distorções possíveis. A seqüência incluiu a montagem de uma composição com a gramática formal criada,
estabelecidas algumas exigências em relação ao conjunto (Figura 7). A linguagem gráfica foi trabalhada em
desenhos à mão livre e modelagem de sólidos em CAD. Esperava-se pouco interesse e até mesmo certa
resistência por parte dos alunos de engenharia, visto que esse tipo de projeto é mais comum em crusos de
arquitetura. No entanto, a receptividade e empenho dos alunos foram acima da expectativa, os quais ressaltaram
a clareza da proposta, das regras e do objetivo como responsáveis pelo fácil entendimento. Apesar do
entusiasmo dos alunos e da melhora significativa de qualidade dos projetos elaborados, é possível identificar,
ainda, uma grande dificuldade na evolução, maturidade e representação das idéias pelos alunos da engenharia
civil em relação aos alunos de arquitetura.
Figura 7 - Composição de volumetria arquitetônica a
partir da gramática formal: alunos de engenharia.

Outros exercícios abordaram os diversos fatores condicionantes do projeto de arquitetura, como o programa de
necessidades, funcionalidade, implantação, legislação, conforto ambiental, circulação e coberturas. As séries de
exercícios foram, na verdade, lições que, embora os temas fossem abordados de forma contextualizada e
controlada, permitiram o despertar nos alunos de uma mentalidade arquitetônica que os capacitasse para o
trabalho harmonioso e produtivo em conjunto com arquitetos e demais profissionais envolvidos no processo de
projeto.

Conclusão
Nesse trabalho, foram apresentadas as novas experiências no ensino de projeto arquitetônico nos cursos de
Arquitetura e Urbanismo e de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia Civil da UNICAMP. A experiência para
o curso de Arquitetura e Urbanismo refere-se ao primeiro ano de implantação do curso e, portanto, a introdução
de conceitos iniciais de projeto e do processo criativo em projeto. O ensino de projeto de arquitetura nos cursos
de Engenharia Civil na maioria das escolas de engenharia tem-se reduzido a uma única disciplina de projeto. Para
realizar a difícil tarefa de transmitir a complexidade do projeto arquitetônico ao aluno de engenharia, já foram
testadas muitas tentativas. A experiência aqui relatada parece demonstrar resultados positivos em relação a
métodos anteriores aplicados, indicando alternativas viáveis para uma metodologia de ensino de projeto
específica para engenheiros, onde a elaboração em si do projeto não é o objetivo principal, mas, sim, a
compreensão integral da complexidade que envolve o projeto de arquitetura.

Os exemplos, apresentados graficamente, têm em comum, além da estrutura didática, a utilização de uma
variedade de meios e ferramentas gráficas, especialmente as da informática aplicada, o que facilita a viabilidade
da proposta e a construção de linguagens individuais diversas.

As duas experiências relatadas confirmam as novas direções dos estudos sobre a criatividade, desenvolvidos por
pesquisadores israelenses na Universidade Hebraica em Jerusalém (Angier, 1999). Esse estudo demonstra que o
raciocínio criativo é composto por uma série de sub-rotinas distintas e que o excesso de liberdade pode inibir a
criatividade. O ensino de projeto que visa ao despertar da criatividade deve, portanto, ser estruturado e
conduzido dentro de propósitos específicos e claros.
Referências Bibliográficas
ANGIER, N. Excesso de liberdade pode inibir criatividade, em O Estado de São Paulo, 8/ set/ 1999, A12.
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Artigo recebido em 06/11/2000.

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