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http://macfly.multiply.com/journal/item/79
Há várias razões para essas mensagens com abaixo-assinados serem ineficazes, inócuas e
inconseqüentes:
não há como averiguar nem confirmar a existência real dos assinantes de um pedido de
misericórdia, por exemplo. Qualquer pessoa pode acrescentar dez, vinte ou setenta
nomes e mandar a mensagem pra frente;
não é definida uma pessoa ou entidade responsável por ela. Ou, mesmo sendo definida,
ela pode ser alterada a qualquer momento e por qualquer pessoa que tenha a
mensagem em mãos;
o conteúdo da mensagem pode ser alterado ao longo do percurso. Qualquer pessoa
pode incluir ou excluir palavras ou cláusulas e alterar o conteúdo dela. Em casos
extremos, uma mensagem pode se iniciar a favor de uma causa e terminar sendo contra
ela. Não há como detectar em que ponto do percurso ela mudou de lado;
o percurso de um abaixo-assinado pela rede é errático e descontrolado;
a contagem final do número de subscritores é impossível de se fazer devido às
duplicidades de nomes. Se uma pessoa mandar a mensagem para dez outras, por
exemplo, o nome do remetente vai ser contado dez vezes apresentando um resultado
falso na contagem final de assinaturas.
Uma das mensagens com abaixo-assinado pela paz que eu recebi continha 303 assinaturas de
pessoas de vários países (Brasil, México, Estados Unidos, Espanha, Argentina, Suécia, França
e Nova Zelândia). Se eu a enviasse para 10 pessoas, por exemplo, ela se transformaria numa
verdadeira pirâmide, pois essas 303 assinaturas se transformariam em 3030 assinaturas no
estágio seguinte. Se cada uma dessas 3030 pessoas a encaminhasse para outras 10 pessoas,
as 303 assinaturas iriam se transformar em 30.300 assinaturas, um resultado falso.
Existe, também, o risco real de pessoas inescrupulosas fazerem uma nova lista e inserir os
nomes das pessoas existentes num desses abaixo-assinados que circulam por aí. Um bem-
intencionado assinante de uma lista em defesa da paz mundial, por exemplo, pode ter o seu
nome inserido numa lista em defesa de outra coisa da qual ele discorda totalmente.
Num caso desses, fica difícil desfazer o equívoco e esclarecer quem é a favor ou contra o quê.
Além de tudo isso, quem passa adiante um desses abaixo-assinados corre o risco de ter a
conta de e-mail cancelada no seu provedor. É que a grande maioria dos provedores, os
provedores sérios, considera o envio de correntes como spam. Se algum dos destinatários
encaminhar ao setor de abuso do provedor a mensagem contendo o abaixo-assinado, pode
acontecer de a conta do remetente ser cancelada.
O destinatário do abaixo-assinado
O abaixo-assinado pedia a intervenção da ONU para evitar a anunciada retaliação dos Estados
Unidos contra o Afeganistão, considerado o abrigo do senhor Bin Laden. (O Afeganistão é,
também, o abrigo de uma reserva de petróleo no valor de 4 trilhões de dólares. Mas isso é
outra história.)
O abaixo assinado surgido em outubro de 2002 pedia a intervenção da ONU para impedir a eclosão da terceira
guerra mundial. Eis um trecho de uma das respostas da ONU sobre esse abaixo-assinado:
Therefore, if individuals really want their voices heard by these decision-makers, they
should contact their governments and mission to the UN to express concerns and
views. (We would discourage mass correspondence through emails though!).
Traduzindo em poucas palavras: envie o seu pedido ao governo do seu país e evite o spam.
Apesar do fato de os abaixo-assinados terem uma eficácia nula, alguns deles têm boas
intenções e lutam por direitos reconhecidamente válidos e aceitos. No entanto, o meio usado, o
spam através do envio indiscriminado de mensagens, é uma atitude condenável.
Brasil
* Assino em baixo
* Congresso Popular - o site de abaixo-assinados. (Parece ter encerrado as atividades.)
* A campanha contra a pedofilia adota uma forma mista de ação. É a Campanha Nacional pelo
fim da Exploração Sexual Infantil e Pedofilia na Internet. Os interessados em participar obtêm o
texto e podem imprimi-lo. Depois, é só encaminhá-lo ao endereço indicado.
USA
* Go Petition.com
França
* Afrik.com. Pede para que a pena de morte por apedrejamento, a sharia, seja banida
definitivamente na Nigéria, um país com população predominantemente muçulmana. Segundo
a sharia, se uma mulher tiver relações sexuais fora do casamento ela deve ser morta por
apedrejamento.
(Em março de 2002, Safiya Husaini foi salva de ser morta por apedrejamento. Nessa mesma época, Amina Lawal
Kurami, outra nigeriana, foi condenada à mesma pena: morte por apedrejamento. Veja Nigerianos condenados à
morte por apedrejamento.)
Uma petition mais amena é Stop Corrupting the English Language! Quando a visitei
ela contava com seis assinaturas e imagino que deva ser encaminhada à Academia
Norte-americana de Letras. (Ou será que não existem dessas coisas por lá?)