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Cerca de 40 anos depois, no Anuário de 1974 (1975, em português), a religião admite que o
documento provocou um sério mal estar em muitos dos presentes à reunião. De modo lacônico, o
artigo diz que o conteúdo da declaração havia sido "amainado" - um eufemismo, se
considerarmos o seu teor anti-semita e o endosso expresso aos princípios nazistas (ditos
‘apolíticos’). Mesmo assim, a declaração foi distribuída aos milhões. O artigo prossegue acusando
o representante pela sede alemã na época – Paul Balzereit – de ser o responsável por uma
alteração no conteúdo dos documentos – o que, na prática, corresponde a uma admissão de que
seu conteúdo era, de fato, comprometedor.
Mais recentemente, na revista Despertai! de 8/7/1998, a religião admite que a acusação era
inverídica, absolve o acusado e adota agora outra linha de defesa, ou seja, a justificação do
conteúdo destes dois documentos. Trata-se de matéria longa, de conteúdo chocante, para cujo
porte não se dispõe de espaço neste artigo. Além disso, mais de cinco décadas de separação
entre este embaraçoso documento e a vasta maioria das Testemunhas de Jeová na atualidade
certamente contribuem para o obscurecimento da gravidade de seu conteúdo na mente delas.
Assim sendo, transcreverei alguns dos trechos mais chocantes da Declaração de Fatos,
precisamente aqueles que as publicações recentes das Testemunhas de Jeová normalmente
omitem ou tentam justificar. Queira o leitor prestar atenção ao modo como a organização fala do
povo judeu e de que forma ela se posiciona diante dos princípios do governo nazista:
“Somos falsamente acusados pelos nossos inimigos de termos recebido dos judeus apoio financeiro para o nosso
trabalho. Nada está mais longe da verdade. Até este momento, nunca houve a mínima quantia de dinheiro
contribuída para o nosso trabalho pelos judeus. Nós somos os seguidores fiéis de Cristo Jesus e acreditamos Nele
como sendo o Salvador do mundo, enquanto os judeus rejeitam inteiramente Jesus Cristo e negam enfaticamente
que ele seja o Salvador do mundo enviado por Deus para o bem do homem.
Por si só, isto devia ser prova suficiente em como nós não recebemos nenhum apoio dos judeus e portanto as
acusações contra nós são maliciosamente falsas e só podiam vir de Satã, o nosso grande inimigo. “
Foram os homens de negócios Judeus do Império Anglo-Americano que estabeleceram e têm mantido os
Grandes Negócios como um meio de explorar e oprimir os povos de muitas nações.... Este fato é tão manifesto na
América que existe um provérbio a respeito da cidade de Nova Iorque que diz: “os Judeus são donos dela, os
Católicos Irlandeses governam-na, e os Americanos pagam os impostos.”
[Os] Estudantes da Bíblia estão lutando pelos mesmos objetivos e ideais elevados e éticos que o Reich alemão
nacional proclamou a respeito do relacionamento do Homem com Deus.... não existem pontos de vista
conflitantes... mas antes, pelo contrário, no que diz respeito aos objetivos puramente religiosos e apolíticos...
estes estão em harmonia completa com... o Governo Nacional do Reich alemão.”
O livro The Nazi State and the New Religions [O Estado Nazi e as Novas Religiões] de
Christine King (1982), diz o seguinte sobre a ‘Declaração de Fatos’:
“O documento é uma obra prima no gênero e digna das outras quatro seitas [os Cientistas Cristãos, os Santos dos
Últimos Dias, os Adventistas do Sétimo Dia e os membros da Nova Igreja Apostólica], tendo todas elas apoiado, de
uma maneira ou de outra, o estado Nazi. Tendo tentado assegurar às autoridades, pela Declaração de Fatos, que
eram bons cidadãos, tendo interpretado e explicado os seus ensinos de um modo que, dadas as preocupações do
regime, pretendia acalmar medos e oferecer uma certa medida de compromisso, as Testemunhas parecem ter
esperado que daí em diante não teriam mais incômodos. Não se tinha a declaração juntado aos Nazis na
condenação da Liga das Nações, não tinha descrito o Nacional Socialismo como estando contra as injustiças que os
alemães tinham sofrido desde 1919 e não tinha terminado com um apelo pessoal ao ‘führer’?”
Em vista dos documentos aqui apresentados, creio que o leitor está, por si mesmo, apto a
avaliar se tais palavras correspondem à verdade dos fatos...
Prezados amigos
Há dias venho trabalhando na tradução de um documento que, creio, desfere um golpe certeiro e
mortal na suposta idoneidade da Watchtower. Trata-se da carta (de bajulação) a Adolf Hitler,
datada de 1933. De lá para cá são mais de 60 longos anos de esquecimento, tempo mais do que
suficiente para os fatos serem esquecidos e encobertos ou, quando vêm à tona, "branqueados". A
Torre de Vigia tem o hábito nada salutar de lançar pesadas críticas a outras religiões por sua
conivência ou covardia perante os nazistas, ao passo que oculta o seu próprio passado.
Está ela até mesmo a fazer uma campanha mentirosa de exposição de sua entidade como
opondo-se a Hitler desde o princípio, quais mártires em campos de concentração, por meio de
vídeos ("triângulos roxos"). De fato, muitas TJ foram enviadas a tais campos. Todavia esta é
apenas uma parte da história, pois o Corpo Governante estremece só em pensar na possibilidade
de a parte oculta deste episódio vir a público.
Mesmo as pobre vítimas da Sociedade Torre de Vigia não têm qualquer conhecimento de que a
sua organização também tentou, a exemplo de outras religiões, apaziguar Hitler por fazer-lhe
"cócegas nos ouvidos", com expressões de apoio e lisonjas ao "führer", bem como ataques à Grã-
Bretanha, aos Estados Unidos e aos judeus. Muitos não sabem que, na verdade, os líderes da
Sociedade Torre de Vigia tentaram "lamber as botas" dos nazistas e que, Rutherford, após breve
visita a Alemanha, partiu de volta à América, deixando a "raia miúda" entregue à própria sorte, a
defender com sua vida uma integridade organizacional que não existia. Estes pobres coitados —
juntamente com judeus, ciganos, comunistas, homossexuais e dissidentes, entre estes pessoas
de outras religiões, que a Sociedade Torre de Vigia não gosta de mencionar — foram lançados
aos campos de concentração, pagando, ignorantes, com sua dor, o preço do mito, do grande mito
que é a Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados.
Passo a expor, na íntegra o conteúdo da tal carta, bem como comentários sobre o mesmo. Vejam,
por si mesmos QUEM de fato é a Sociedade Torre de Vigia. Eu enumerei os parágrafos de 1 a 25,
de modo a facilitar a consulta do leitor.
A carta mostra alguns pontos flagrantemente comprometedores para quem professa ser o
"escravo fiel e discreto", escolhido por Deus desde 1919, portanto, 14 anos ANTES da publicação
desta infame carta. Vamos a eles:
3) Nos parágrafos 14 e 15, A Sociedade Torre de Vigia diz que NÃO HÁ DIVERGÊNCIAS
ENTRE SEUS OBJETIVOS E OS OBJETIVOS DO GOVERNO NAZISTA. Chega, inclusive, ao
ponto de classificar os princípios de Hitler como "elevados ideais". Embora, num linguajar
altamente dúbio, ela mencione ideais "apolíticos" e "religiosos", é difícil para alguém com um
mínimo de honestidade para com a História, dizer que ideais nazistas são estes que se
harmonizam com o pensamento de Cristo. A "sociedade", no entanto, não parece aqui encontrar
dificuldade em harmonizar Hitler e Jesus Cristo. Ademais, ela não pode, em sua defesa, alegar
desconhecer os objetivos do Terceiro Reich à aquela altura, pois, cerca de uma década antes
(1923), Hitler e os Nazis tentaram um golpe de estado, sendo que Hitler, durante o período em
que esteve na prisão, escreveu seu livro "Mein Kampf" ("Minha Luta"), que é a própria "bíblia" do
nazismo, disponível a quem quisesse tomar conhecimento dele. Era a Sociedade Torre de Vigia
ignorante destes fatos? A história mostra que não, pois, mais adiante a própria Sociedade Torre
de Vigia menciona parte do estatuto nazista.
4) No parágrafo 16, a Sociedade Torre de Vigia centra o seu ataque agora à Grã-Bretanha, em
especial à Inglaterra, apesar de nestes países não ter havido perseguição à sua entidade do
modo como acontecia, àquela época, na Alemanha. A despeito de se dizer "neutra" em assuntos
políticos e "separada do mundo", a Torre de Vigia acusa a Inglaterra e os Estados Unidos de
tratarem injustamente a Alemanha e de imporem-lhe pesados "fardos". Pode-se classificar estas
declarações como expressão da assim chamada "neutralidade cristã"? Deve o leitor notar que ela
própria afirma que, "quer em sentido financeiro, POLÍTICO ou católico romano", o conteúdo de
seus livros é dirigido contra os "opressores" do povo alemão, ou seja, os Estados Unidos e a
Inglaterra.
5) No parágrafo 18, a Sociedade Torre de Vigia expressa a decisão de seus próprios membros de
se submeter às proibições impostas pelo governo, na suposição de que Hitler logo mudaria o
decreto. Uma posição bastante estranha se considerarmos o princípio de "obedecer a Deus como
governante antes que aos homens" (Atos 5:29) Estariam os cristãos a temer os nazistas antes
que a Deus? Deveriam os verdadeiros cristãos obedecer, ainda que só por um tempo, ordens
contrárias à sua consciência?
6) No parágrafo 20, a Sociedade Torre de Vigia afirma que o documento entitulado "Declaração
de Fatos" foi lido perante os 5.000 congressistas e aprovado UNANIMEMENTE. Apesar de, no
anuário de 1975, ser dito que muitos irmãos discordaram do teor deste documento, relata-se que,
mesmo assim, providenciaram que fosse distribuído aos milhões. Por que razão não protestaram
e exigiram um esclarecimento dos fatos? Seria por temor de Hitler? (em breve, exporei a íntegra
deste documento também altamente comprometedor)
7) No parágrafo 21, a carta classifica de "JUSTOS" os princípios do partido nazista, os quais ela
própria passa a transcrever nos parágrafos 22 e 23, mostrando NÃO desconhecer os objetivos do
Terceiro Reich. Deve o leitor notar que tais princípios exaltam a raça germânica e expressam o
mais puro anti-semitismo. Aqui, a Sociedade Torre de Vigia não teve sequer o cuidado de omitir,
ao menos, a segunda parte do estatuto nazista, onde se faz um ataque preconceituoso e
criminoso contra o povo judeu. No afã de ser agradável a Hitler, os "homens de Brooklyn"
acabaram por converter-se, na prática, ao nazismo, seja por endossarem a glorificação da raça
ariana, seja por endossarem o anti-semitismo.
"Todo aquele que ficar envergonhado de mim e das minhas palavras, nesta geração adúltera e
pecaminosa, deste o Filho do homem também se envergonhará, quando chegar na glória de seu
Pai, com os santos anjos." (Marcos 8:38)
Assim sendo, conforme afirmou o professor James Penton, em sua carta à Watchtower, a
Sociedade Torre de Vigia praticou prostituição espiritual, a exemplo das irmãs Oolá e Oolibá,
mencionadas por um profeta bíblico. Seria exagero classificar tal documento como "fornicação
espiritual com o nazismo"?
É também digno de nota que o conteúdo desta carta, bem como da "declaração de fatos", é tão
devastador para a "organização", que ela jamais o expõe por inteiro em sua literatura, limitando-
se à publicação apenas de um trecho do parágrafo 7 e omitindo as partes mais comprometedoras.
Como o outro documento (a declaração de fatos) alcançou distribuição em larga escala, não
sendo possível sua ocultação, ela tratou de "sanear" o episódio por culpar o Sr. Balzereit, o qual
redigiu a carta juntamente com o próprio Rutheford. O curioso é que, além de não apresentar
provas de tal fato, ela ainda afirma não ter sido a primeira vez que esta pessoa "amainava" o
conteúdo de declarações da Sociedade Torre de Vigia às autoridades. Estranho é que tal pessoa,
diante de tais acusações, ainda estivesse de fato, a ocupar posição de direção da sede na
Alemanha. De sobremaneira estranho, tendo em vista que tais designações são supostamente
feitas sob a orientação do Espírito Santo.É também, da mesma forma, intrigante que ela não
tivesse providenciado em tempo hábil a supressão de tal documento espúrio nem tenha emitido
nenhuma nota pública dando a conhecer tal suposta "fraude". Sabe-se ser típico das grandes
corporações lançar a responsabilidade por seus atos condenáveis a pessoas individuais, a atos
isolados, eximindo-se, assim, da culpa por tais atos. Seria este o caso? Os leitores poderão ler a
íntegra desta tentativa de "branqueamento" da história no Anuário de 1975.
Eis o conteúdo da famigerada carta, um conteúdo claramente anti-semita e hostil à Grã-Bretanha e aos
Estados Unidos e, no entanto, bastante "simpático" à Alemanha nazista. Tirem sua conclusões...
Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados,
Ramo Alemão,Wachtturmstrasse 1-19,
Magdeburg/Alemanha: Postsch 4042
Telefone, Magdeburg 405 56, 405 57, 405 58
Caro Chanceler,
[2] Em diversas partes do país, ações estão sendo tomadas contra uma
corporação de sérios cristãos, homens e mulheres, que tem no cristianismo
positivo o seu fundamento. Tais ações só podem ser descritas como perseguição
de cristãos contra outros cristãos, já que as acusações — as quais tem levado a
tais ações contra nós — provêm primariamente de clérigos, especialmente
católicos, e são inverídicas.
[5] Estamos convencidos de que o Sr. Chanceler não permitirá que tais
atividades sejam perturbadas. As congregações dos Estudantes da Bíblia da
Alemanha e seus membros são, em geral, conhecidos como respeitáveis
defensores do Altíssimo e zelosos estudantes da Bíblia. As autoridades policiais
locais deverão atestar o fato de que os Estudantes da Bíblia têm de ser contados
dentre os elementos do país e seu povo que são conhecidos pelo seu amor e apoio
à ordem. Sua única missão é conduzir os corações humanos a Deus.
[18] “Nós queremos viver de acordo com a proibição a nós imposta, pois
estamos confiantes de que o Sr. Chanceler e o alto governo irão suspender tal
proibição — a qual força dezenas de milhares de homens e mulheres cristãos ao
martírio que só pode se comparar ao dos primitivos cristãos — após terem obtido
entendimento da real situação.”
[20] A Declaração anexa foi lida pelo secretário aos 5.000 delegados da
conferência dos Estudantes da Bíblia. Ela foi aprovada unanimemente e adotada
com a instrução de se enviar uma cópia simples da mesma, juntamente com este
relato da conferência, ao Sr. Chanceler e todos os outras altas autoridades do
governo do Reich e seus países.
[21] Isto é feito com o mais respeitoso apelo de que o pedido expresso na
declaração, seja recebido com favor: Ou seja, que uma comissão composta por
nossos membros tenha a oportunidade de, pessoalmente, explicar a verdadeira
situação ao próprio Sr. Chanceler ou ao ministro de assuntos internos.
Alternativamente, pedimos ao Sr. Chanceler que designe uma comissão de
homens que não tenham qualquer preconceito religioso contra nós — homens que
não tenham interesses profissionais religiosos, mas que estejam apenas
interessados em aderir aos justos princípios como foram estabelecidos pelo próprio
Chanceler — para investigar nossa situação imparcialmente. Os princípios
mencionados referem-se ao parágrafo 24 do programa do Partido Nacional
socialista dos Trabalhadores Alemães (partido nazista), que diz:
[25] Ansiosos por sua gentil aprovação, a qual esperamos receber em breve,
desejamos afirmar nossa mais alta estima ao honorável Sr. Chanceler.
Sinceramente,
Sugiro a cada um que se torne um proclamador, conforme diz a própria sociedade, mas um
proclamador destes fatos, os quais deveriam ser de domínio público e não podem ser
classificados de calúnia, pois o documento tem a chancela da própria Watchtower. Quem desejar
ver os originais, consulte-me ou vá à HP Watchtower Observer, onde eles estão disponíveis.
Uma pergunta: alguém aqui tinha conhecimento do conteúdo desta carta ANTES de se batizar???
Mãos à obra!!!
Odracir
Fonte: http://www.geocities.com/torredevigia/adolf_hitler.htm