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A Questão do Sangue e a Bíblia

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O que devo fazer? Meu filho está respirando com muita dificuldade. Sua contagem sangüínea
está perigosamente baixa. Seu ritmo cardíaco já é de 200p/min, e está aumentando. Os médicos
nos disseram que se não houver uma transfusão, ele morrerá de insuficiência respiratória e
parada cardíaca. Expansores de plasma não ajudarão a esta altura, ele precisa de mais glóbulos
vermelhos. Horrivelmente pálido e com os olhos muito abertos, ele olha para mim e sussurra:
“Ajude-me, papai”. Devo deixar meu filho morrer, baseado na palavra de uma organização que
tem freqüentemente mudado sua opinião sobre transplante de órgãos, vacinas, deveres civis?

Devo deixar meu filho, a minha criança, morrer? É isto realmente que Jeová espera que eu faça?
Como me sentirei se a proibição do sangue finalmente se tornar apenas mais uma velha doutrina
da STV (Sociedade Torre de Vigia)?

Serei capaz de me perdoar?

Esse deve ter sido o dilema na mente de algumas testemunhas-de-jeová quando teve de se
deparar com a necessidade clínica da transfusão ou reposição sangüínea.

Quando a transfusão de sangue foi proibida pelo Corpo Governante, grupo de lideranças
internacionais das testemunhas-de-jeová, a vacinação e a inoculação de soros já eram proibidas.
Com base em Atos 15.20,29, “Na verdade pareceu bem ao Espírito Santo e a nós, não vos impor
mais encargo algum, senão estas coisas necessárias: Que vos abstenhais das coisas
sacrificadas aos ídolos, e do sangue...”, afirmaram que a transfusão de sangue também era
antibíblica, pois era o mesmo que comer o sangue.

Como tudo que é definido arbitrariamente por esse grupo de “teólogos”, esse ensinamento
absurdo também foi amplamente aceito e divulgado inquestionavelmente pelos membros dessa
seita em todo o mundo, gerando forte reação por parte da classe médica e das autoridades
governamentais. Mas nada disso fez que mudassem de opinião.

Basicamente, a STV (Sociedade Torre de Vigia), sede mundial das testemunhas-de-jeová no


Brooklin (EUA), argumentou este ensinamento da seguinte maneira:

“Um paciente no hospital pode ser alimentado pela boca, pelo nariz ou pelas veias. Quando
soluções de açúcar são dadas por via intravenosa, isso é chamado alimentação intravenosa.
Portanto, a própria terminologia do hospital reconhece como alimentação o processo de colocar
nutrição em nosso sistema pelas veias. Conseqüentemente, o enfermeiro que administra a
transfusão está alimentando o paciente com sangue por via intravenosa, e o paciente que recebe
o sangue está comendo pelas veias”1 (grifo nosso).

Atualmente, a STV traz o mesmo ensinamento, estabelecendo entre seus membros (sócios) que
toda a recepção interna de substância orgânica de outro ser vivo, inclusive o sangue, não difere
em nada de qualquer refeição feita naturalmente por via oral. Outra analogia que usam para
estabelecer a idéia de que a transfusão intravenosa é o mesmo que a ingestão de sangue diz:

“Algumas pessoas podem raciocinar que receber uma transfusão de sangue realmente não é
comer. Mas não é verdade que quando um paciente está impossibilitado de comer pela boca, os
médicos freqüentemente alimentam-no pelo mesmo método que uma transfusão de sangue é
administrada? Examine as Escrituras cuidadosamente e note que elas nos dizem para nos
mantermos livres de sangue e nos abstermos de sangue (At 15.20, 29). O que significa isso? Se
um médico lhe dissesse para se abster de álcool, será que isso significaria simplesmente que
você não deveria tomar álcool pelo meio natural, ou seja, pela boca, mas que poderia transfundi-
lo diretamente nas suas veias? É claro que não! Assim também se abster de sangue significa
não introduzi-lo nos nossos corpos de modo nenhum”2 (grifo nosso).

Uma pessoa desavisada que for abordada com essas argumentações e exemplos, certamente
ficará muito confusa e será facilmente seduzida, pois parecem muito racionais. Mas se
submetermos esses argumentos a uma contra-refutação, logo perceberemos o quanto são
frágeis e desprovidos de lógica e honestidade intelectual. Vejamos:

Vamos considerar dois pacientes em um hospital. Um deles com grave desnutrição e o outro,
vítima de um terrível acidente no qual perdeu muito sangue. Se transfusão de sangue é o mesmo
que alimentação via oral, ou vice-versa, conforme afirmam as testemunhas-de-jeová, poderia um
médico salvar esses pacientes ministrando uma rica e equilibrada refeição ao acidentado e uma
vigorosa transfusão de sangue ao pobre desnutrido? É obvio que não!

Qualquer médico de bom e são juízo, submeteria a vítima de acidente a uma imediata reposição
sangüínea e ao paciente desnutrido seria ministrada uma alimentação rica em nutrientes
necessários à sua reabilitação física.

Isso prova definitivamente que transfusão intravenosa não é o mesmo que ingestão via oral,
como fazem parecer as testemunhas-de-jeová. O sangue, pelo sistema circulatório, leva a todos
os órgãos do corpo humano oxigênio e nutrientes vitais, indispensáveis à vida, mas não pode
substituir os alimentos digeridos pelo processo digestivo natural. (veja em nosso site-
www.icp.com.br simulação da circulação sangüínea.)

O Corpo Governante adotou ainda o argumento do médico Jean Baptiste Denys, do século XVII,
um dos pioneiros na técnica de transfusões, que se pronunciou da seguinte forma:

“Ao realizar uma transfusão, isso nada mais é do que nutrir por meio de um caminho mais curto
do que o normal, ou seja, colocar nas veias sangue já feito em vez de tomar alimento, que só
depois de várias mudanças se transforma em sangue”.3

A citação de Denys, todavia, não encontra hoje sequer apoio entre os médicos ligados à STV,
visto que o juramento que se faz quando se conclui um curso de medicina isenta o formando de
quaisquer vínculos religiosos, restando-lhe apenas responder da forma mais responsável
possível pelas vidas que lhe forem confiadas no transcurso de sua carreira que será fatalmente
quebrada se obedecerem tal determinação da STV. Ou seja, em vez de salvarem uma vida,
poriam a mesma a perder. Qualquer pessoa sabe que para o sangue se tornar alimento deve ser
ingerido como tal, ingressando no organismo pela boca, descendo até o aparelho digestivo,
onde será processado e transformado, em sua parte proveitosa, em nutrientes. Efeito que não se
alcança na transfusão intravenosa.

Todos esses absurdos engendrados pelo Corpo Governante formaram um obstáculo quase que
intransponível na história das Testemunhas de Jeová, uma vez considerada a hipótese de se
extinguir tal doutrina, como ocorreu no passado com a proibição da vacina e do transplante de
órgãos, agora liberados. Obviamente, quando isso acontecer, a STV se defrontará com um
colapso sem precedentes entre seus membros em todo o mundo. Dada tamanha problemática,
não é de se estranhar a ânsia encontrada nas publicações das Testemunhas de Jeová sobre a
possibilidade, hoje real, da confecção de sangue artificial.

O que foi permitido e o que foi proibido

Para que possamos entender melhor esse assunto, analisaremos, a seguir, detalhadamente, todo
o processo no tocante a esta questão da transfusão e o quanto há de contradições no
mandamento da STV. Abaixo, a tabela composta pelas Testemunhas de Jeová sobre a
composição do sangue:

Os principais componentes do sangue são 4:

• Plasma: Cerca de 55% do sangue. É constituído por 92% de água, o resto é constituído por
proteínas complexas, tais como globulina, fibrinogênio e albumina.• Plaquetas: cerca de 0.17%
do sangue.
• Glóbulos Brancos: cerca de 1%.
• Glóbulos Vermelhos: cerca de 45%.

Assim, o Corpo Governante passa a classificar as substâncias contidas no sangue como


maiores ou menores, o que, notadamente, revela a forma arbitrária e irresponsável com a qual a
STV trata seus seguidores.

Fica claro, ainda, que este “escape” teve de ser providenciado para que se reduzisse o número
de baixas entre seus seguidores. Tal “providência”, obviamente, foi tomada de forma sutil para
não despertar a indignação dos inúmeros adeptos da seita que, por obediência aos dirigentes
internacionais, sepultaram muitos entes queridos, os quais não teriam morrido se não houvesse
tão equivocada interpretação.

1. A questão do plasma

A inconsistência da política doutrinária da STV quanto a componentes aceitáveis e não


aceitáveis é bem ilustrada pela sua política quanto ao plasma. Como se pode ver nas
informações extraídas da edição de 22 de outubro de 1990 da revista Despertai! (ver p. 49), o
plasma constitui cerca de 55% do volume do sangue. Evidentemente, segundo o critério do
volume, é colocado na lista de “componentes maiores”, assim proibidos pela Torre de Vigia.

No entanto, o plasma é formado por 92% de água simples, o que nos leva a perguntar: quais são
os componentes dos aproximadamente 8% restantes? Os principais são albumina, globulina (da
qual as imunoglobulinas são as partes mais importantes), fibrinogênio e fatores de coagulação
(usados nas soluções hemofílicas). Estes são precisamente os componentes que a organização
põe na lista dos que são permitidos aos seus membros!

Veja o leitor o absurdo! O plasma, como um todo, é proibido, apesar de seus componentes
principais serem permitidos, desde que sejam introduzidos no corpo separadamente.

É como se alguém fosse proibido pelo médico de comer sanduíches de queijo e presunto, mas
se separar os componentes do sanduíche, ou seja, o pão, o queijo e o presunto, então poderá
comê-los. Uma lógica que apenas as vítimas da STV conseguem aceitar.

2. A questão dos leucócitos

Os leucócitos, muitas vezes chamados de “células brancas do sangue” (glóbulos brancos),


também são proibidos. Na realidade, o termo “células brancas do sangue” é muito relativo, pois
a maioria dos leucócitos existe de fato fora do sistema sangüíneo. O nosso corpo contém
aproximadamente 2 a 3 quilos de leucócitos, e apenas cerca de 2 a 3% dos leucócitos estão no
sistema sangüíneo. A porcentagem restante (cerca de 97% a 98%) está espalhada por todo o
tecido do corpo, formando o sistema de defesa (ou imunológico).

Dado tal aspecto e considerando que a STV passou a autorizar o transplante de órgãos, há nessa
mudança de opinião outra contradição, uma vez que, em um transplante, o paciente pode
receber muito mais leucócitos do que em uma transfusão de sangue.

A ausência de quaisquer bases morais ou lógicas para essa proibição é também vista no fato de
o leite humano conter leucócitos, e, de fato, há mais leucócitos em um litro de leite do que se
pode encontrar em um litro de sangue. O sangue contém de 4 a 11 mil leucócitos por milímetro
cúbico, enquanto o leite materno pode conter, durante os primeiros meses de aleitação, até 50
mil leucócitos por milímetro cúbico. Isto representa entre cinco a doze vezes mais do que a
quantidade presente no sangue. E agora? Os bebês das testemunhas-de-jeová também mamam.

3. A proibição ao armazenamento de sangue

Outra contradição gritante é o fato de a STV utilizar a lei de Moisés como fundamento para
proibir a reposição de sangue. Com base em Deuteronômio12.16, afirma que todo o sangue deve
ser derramado no chão, e que é contrário à Bíblia o seu armazenamento, como acontece nos
respectivos bancos de coletas.

Diante dessa questão, considere agora os fatos seguintes com respeito aos componentes do
sangue aceitos pela STV, ela cai em sua própria armadilha:

• Componente Albumina – A albumina permitida pelas testemunhas-de-jeová é usada


principalmente em tratamentos relacionados com queimaduras e hemorragias graves. Uma
pessoa com queimadura de terceiro grau em 30% a 50% do corpo, necessita de 600 gramas de
albumina. São necessários entre 10 e 15 litros de sangue para produzir essa quantidade.
• Componente Imunoglobina – A situação é semelhante no caso da imunoglobina (anticorpos).
Para produzir anticorpos em quantidade suficiente para uma vacina que as pessoas (incluindo
as testemunhas-de-jeová) que viajam para certos lugares devem tomar como proteção contra a
cólera, são necessários perto de 3 litros de sangue como fonte do fornecimento. Isto é ainda
mais sangue do que geralmente se emprega em uma transfusão. E, de novo, os anticorpos são
extraídos de sangue armazenado.
• Componentes preparados hemofílicos – Por último, os preparados hemofílicos. Antes de essas
substâncias começarem a ser usadas, o tempo médio de vida de um hemofílico, na década de
40, era 16 anos e meio. Hoje, graças a essas substâncias derivada do sangue, um hemofílico
pode alcançar o tempo normal de vida. Para produzir essas substâncias, estima-se que são
necessários 100 mil litros de sangue armazenado.

Perguntamos, então: porque a STV aceita que seus membros se beneficiem desses tratamentos,
uma vez que, para isso, são utilizadas grandes quantidades de sangue armazenado, doado
voluntariamente por milhares de pessoas movidas simplesmente por um ato de solidariedade,
gesto este não repetido por nenhuma testemunha-de-jeová? Isso é justo?

Dando as costas para Deus?

A publicação das testemunhas-de-jeová intitulada Raciocínios à base das Escrituras, quando


apresenta seus argumentos quanto à transfusão de sangue, descrevendo o tratamento que deve
ser dado àqueles que os indagam dizendo: “O que fará se um médico disser: Morrerá se não
tomar transfusão”, sugere como resposta: “Se a situação for realmente tão grave, poderá o
médico garantir que ele não morrerá se tomar sangue? [...] Mas há alguém que pode restituir a
vida à pessoa, e esse é Deus. Não acha que, quando a pessoa enfrenta a morte, seria uma
péssima decisão dar as costas a Deus, violando a sua lei? Eu tenho realmente fé em Deus, e
você?” 5 (grifo nosso).

O próprio Jesus Cristo deu exemplo de uma pessoa que, para não desfalecer faminto,
transgrediu a Lei e ficou sem culpa. Trata-se de Davi. Ao chegar ao sacerdote Aimeleque, ele e
seus companheiros tomaram dos pães da proposição (os quais, segundo Marcos 2.25-26, não
era lícito que Davi e seus homens comessem - 1Sm 21.6) e rememoraram a Lei descrita em
Levítico 24.5-9.

Ainda na referida obra, Raciocínios à base das Escrituras, sugerem o seguinte como resposta:
“Isso talvez signifique que ele não saiba tratar do caso sem uso de sangue. Quando possível,
procuramos pô-lo em contato com um médico que tenha a experiência necessária, ou então
procuramos outro médico”.6

Como é sabido, a inobservância das diretrizes ditadas pela STV implica em sérias punições para
seus sócios, o que acaba levando muitos deles a tomarem atitudes que beiram à loucura,
quando seguem rigorosamente essas normas.

Baseada na hipótese de o receptor correr o risco de contaminação pelo vírus HIV na transfusão
e/ou reposição sanguínea, amedronta ainda mais seus membros. A exploração apelativa dessa
remota possibilidade tem afetado, não somente entre seus seguidores, mas na sociedade como
um todo, a boa vontade e caridade de muitos que sinceramente desejam ajudar seu semelhante,
doando daquilo que possui como bem físico maior.

Alguns artigos destacados pela organização das testemunhas-de-jeová:

“O sangue tornou-se um negócio de dois bilhões de dólares por ano. A busca de lucros
relacionados com ele resultou numa gigantesca tragédia na França. Sangue contaminado com o
vírus HIV causou a morte de 250 hemofílicos por doenças ligadas à AIDS, e centenas mais foram
infectados”.7

“Uma aliança maligna de negligência médica e ganância comercial levou à morte cerca de 400
hemofílicos alemães, e pelo menos mais 2000 foram infectados com sangue contaminado com o
HIV”.8

“O Canadá teve também o seu escândalo do sangue. Estima-se que mais de 700 hemofílicos
canadenses tenham sido tratados com sangue infectado com o HIV. O governo foi alertado em
julho de 1984 de que a Cruz Vermelha estava distribuindo sangue contaminado com AIDS a
hemofílicos canadenses, mas os produtos de sangue contaminado só foram retirados do
mercado um ano depois, em agosto de 1985”.9

Poderíamos, então, perguntar a uma testemunha-de-jeová: por que você teme tanto esse risco
de contaminação? Não foi você mesma que afirmou, minutos atrás: “...Eu tenho realmente fé em
Deus...”?10

Para demonstrar o quanto é falso esse temor induzido pela STV em seus membros,
apresentamos na página seguinte o quadro comparativo do grau de risco fatal que se encontra
na transfusão e em outros procedimentos médicos:

Como se nota, uma dose de antibiótico à base de penicilina para tratar uma mera infecção de
garganta pode, caso não haja a prudência do teste prévio, levar o organismo a uma reação fatal
ou a seqüelas, um risco 22 vezes maior do que o ato de transfusão de sangue, o que demonstra
mais uma incoerência das Testemunhas de Jeová.

O veredicto bíblico

Com a finalidade de proibir a transfusão e a reposição de sangue, a STV faz uso indevido de
Gênesis 9.4: “Somente a carne com sua alma – seu sangue – não deveis comer”, e Atos 15.20:
“Mas escrever-lhes que se abstenham das coisas poluídas por ídolos, e da fornicação, e do
estrangulado, e do sangue”. Versículos que tratam da proibição do uso de sangue animal na
alimentação, afirmando que aceitar sangue de qualquer modo é o mesmo que comê-lo. Todavia,
o contexto desses versículos esclarece que jamais poderia ele ser usado isoladamente para a
discutida finalidade. Aos cristãos ficou apenas estabelecido que se abstenham do uso de sangue
como comida.

Esses versículos também sofreram uma interpretação errônea quando utilizados para proibir a
vacinação, que permaneceu “fora do alcance” das testemunhas-de-jeová por muito tempo11.
Mantiveram esse posicionamento por mais de 20 anos, quando então o aboliram em A Sentinela
de janeiro de 1954, p.15.

Quanto ao transplante de órgãos, A Sentinela de 1 de junho de 1968, p. 349, considera esse


procedimento médico tão repugnante quanto o canibalismo, uma prática comum entre os povos
bárbaros.

Está suficientemente claro para qualquer leitor da Bíblia, por mais simples que seja, que as
citações bíblicas de Atos 15.20, Gênesis 9.4 e Levítico 17.10-14 referem-se, em um primeiro
momento, à proibição de comer sangue de animal. Jamais esteve em foco a idéia de comer
sangue humano.

A Bíblia não permite o canibalismo, isto é, o ato de comer carne humana, muito menos o ato de
comer sangue humano. E mesmo o conceito médico de alimentação endovenosa, utilizado pelas
Testemunhas de Jeová, pode até ser “alimentar”, mas não é comer, o que escapa da proibição
objetiva da Palavra de Deus.

Considere-se, ainda, que a técnica de transfusão ou reposição não se enquadra no ato de


consumo intencional por parte daqueles que o fazem por meio dos gêneros alimentícios que
levam sangue em sua receita, como no caso do chouriço (mistura de sangue suíno acrescido de
açúcar). Um doador e um receptor jamais cogitam que o sangue doado será objeto de solução
para famintos. Antes, terá o nobre propósito de salvar a vida daquele que se vê necessitado dele
para fins estritamente medicinais.

Em uma consideração mais teológica, o motivo pelo qual Deus vetou aos homens o consumo de
sangue está diretamente relacionado à santidade que este fluído possuía, em especial nos rituais
sacrificais do tabernáculo, observando que a regra remonta aos tempos de Noé (Gn 9.4), quando
se acha frisado que a vida do animal reside em seu sangue. Esta mesma santidade deriva do fato
de que era o sangue que Deus exigia para si como forma de expiação de pecados. O sangue era
apresentado no altar do Senhor.

Ainda neste âmbito, todo homem era obrigado a derramar o sangue de um animal que não
prestasse para o sacrifício. Uma vez que todo o sangue fosse derramado no chão, deveria ser
coberto com pó, conforme rege Levítico 17.13.

Em contestação aos conceitos da STV, encontramos nas palavras do Senhor Jesus, em João
15.13, uma contundente declaração de que, se assim for necessário, a própria vida de alguém
deve, como prova de extremo amor, ser entregue por seus amigos, declaração que se acha
anotada com semelhante teor na TNM, onde se lê: “Ninguém tem maior amor do que este, que
alguém entregue a sua alma (vida) a favor de seus amigos”.

Essa expressão está em perfeita conformidade com toda a doutrina sacrifical descrita no Velho
Testamento, quando, segundo a Lei, o transgressor, a cada pecado cometido, deveria apresentar
ao sacerdote, de acordo com o seu erro, um animal que se encaixasse nas especificações da Lei
Mosaica para que, por meio de sua morte, o derramamento do sangue pudesse atender ao
propósito da expiação, pagando o animal pelo erro de seu ofertante, conforme ensina também o
Novo Testamento: “Sim, quase todas as coisas são purificadas com sangue, segundo a Lei, e a
menos que se derrame sangue, não há perdão” (Hb 9.22). Ainda nos vv. 16-18, atesta-se que há
necessidade de o testador morrer para que seu testamento tenha validade, constatando-se no v.
18 que mesmo a primeira aliança foi sancionada com sangue.

Nesse aspecto, contrariamente à visão das testemunhas- de-jeová, a doação de sangue recebe,
em toda sociedade, o mais alto conceito de sentimento de humanidade e amor ao próximo,
características que devem ser obrigatoriamente encontradas entre os que se dizem cristãos.

No que diz respeito ainda às ações humanitárias, vemos Tiago, em sua epístola universal,
reprovando duramente aqueles que, tendo consciência de suas responsabilidades, deixam de
beneficiar seu semelhante com seus favores. Segundo o autor, pecam os que têm consciência
do benefício que devem executar em favor de seu semelhante e não o fazem (4.7). Posição esta
que se equipara à citação de Cristo na parábola do servo vigilante (Lc 12.35-48). A vontade de
Jesus é que “amemos o próximo como a nós mesmos” (Mt 22.39).

Entendemos, portanto: não há nenhuma passagem bíblica que regulamente a questão de


transfusão e reposição de sangue. Além disso, a própria Bíblia diz que “onde não há lei não há
transgressão” (Rm 4.15).

(Compilado por Marcos Paiva)


 
Créditos: www.icp.com.br

Componentes do sangue eComponentes do sangue


práticas proibidas e práticas permitidas
Sangue total Albumina
Plasma Imunoglobina
 Preparados hemofílicos (Fator
Glóbulos brancos (leucócitos)
VIII e IX)
 Passagem do sangue do
paciente por uma bomba
Glóbulos vermelhos cardiopulmonar ou por outra
em que a circulação
extracorpórea seja ininterrupta.
Plaquetas  
Armazenar o sangue do
próprio paciente para 
transfusão posterior.
 
PROCEDIMENTO GRAU DE RISCO FATAL
Penicilina  1 a cada 30 mil pacientes
Anestesia Geral  1 a cada 15/30 mil pacientes
Transfusão de sangue  1 a cada 83/676 mil pacientes

O sangue é um tecido vivo produzido pela medula óssea de alguns ossos.

O corpo humano carrega cerca de 4 litros de sangue. Eles irrigam uma rede de 200 mil
quilômetros de artérias, veias e capilares, o suficiente para dar 5 voltas ao redor da Terra.

A aorta é a maior artéria do corpo. Ela mede 5 centímetros de diâmetro e distribui o sangue em
todas as partes do coração.

O sangue circula a uma velocidade de 2 quilômetros por hora. Demora, portanto, 15 segundos
para chegar de uma mão a outra e 2 segundos do quadril até os pés.

A primeira transfusão de sangue realizada com sucesso se deu em 1665, quando Richard Lower,
membro de uma associação médica londrina, transfundiu sangue de um cão a outro.

Doar sangue não vicia, não engorda, não emagrece, não engrossa o sangue, nem afina a pele.
Doar uma vez não obriga você a doar sempre, você apenas doará novamente se quiser.

O coração humano funciona ao ritmo de 72 batidas por minuto, 104 mil por dia, 38 milhões por
ano e algo em torno de 2,5 bilhões de pulsações ao longo da vida.

Ele bombeia 85 gramas de sangue a cada batida, o que equivale a mais de 9 mil litros de sangue
por dia.

Ao longo da vida o coração bombeia uma quantidade de sangue equivalente para encher 23 mil
caminhões-tanque com capacidade de 10 mil litros cada.

Em um minuto, o coração lança 5 litros de sangue no corpo e bombeia 400 litros de sangue por
hora.

O coração de um homem adulto é do tamanho de um punho fechado e pesa apenas 340 gramas.
O coração da mulher é um pouco mais acelerado; em 1 minuto, bate 8 vezes mais do que o do
homem. Nos recém-nascidos, bate 120 vezes por minuto.

FONTE: Fundação Pro-Sangue

Referencias Bibliográficas:

Todas as transcrições bíblicas desta matéria foram extraídas da Tradução do Novo Mundo da
Escrituras Sagradas – TNM.
1 The Watchtower (A Sentinela) – 1º de julho de 1951, p. 415 – em inglês
2 The Watchtower (A Sentinela) – 1º de junho de 1969, pp. 326-327 - em inglês
3 The Watchtower (A Sentinela) – 15 de setembro de 1961, p 558 - em inglês
4 Despertai, 22 de outubro de 1990. (falta pagina)
5 Raciocínios a base das Escrituras. STV. 1985, p. 348
6 Raciocínios a base das Escrituras. STV. 1985, p. 348
7 The Boston Globe, 28 de outubro de 1992, p. 4
8 Guardian Weekly, 22 de agosto de 1993, p. 7
9 The Globe and Mail, 22 de julho de 1993, p. A21, e The Medical Post, 30/03/1993, p. 26 em
Despertai!, 22 de maio de 1994, p. 31
10 Raciocínios a base das Escrituras. STV. 1985, p. 348
11 The Golden Age 4, fevereiro de 1931, p.293 – Hoje, atual Revista Despertai!
Fontes:
Marcos Paiva - Revista Defesa da Fé, janeiro de 2003, nº 52 - http://www.jesussite.com.br/acervo.asp?
Id=1003
http://www.icp.com.br/52materia1.asp
http://darejr.multiply.com/journal/item/4

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