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18 de Dezembro de 1965

Cultura de Resistência

O documentário “Cultura de Resistência” lançado em 2010 é uma obra de Lara Lee, produtora e
cineasta brasileira de ascendência coreana. Lee é uma dos fundadores da Caipirinha Productions, empresa
que produziu o longa e tem como finalidade explorar diferentes formas de expressão artística, como a
música, cinema e arquitetura. Os trabalhos feitos pela cineasta e pela fundação midiática dão suporte a
projetos que visam a pacificações de regiões em conflito.

A obra da cineasta está inserida nesse contexto e retrata as condições sociais e culturais de diversos
países que sofrem com a violência. Nele, pintores, músicos e dançarinos ao redor do mundo tentam mudar o
lugar em que vivem e para isso usam a arte como meio de buscar a paz e justiça.

Ao mostrar a realidade de cada local, o documentário cita alguns eventos históricos que
transformaram o cenário da vida humana e o que os levou a sofrer essa violência. Essa transformação é
citada na obra “A Sociedade em Rede” de Manuel Castells. O autor diz que alguns acontecimentos,
principalmente no século XX remodelaram a sociedade em ritmo acelerado. Como exemplo, pode ser citado
a Guerra Fria, que alterou o a geopolítica global, permitindo que o capitalismo ascendesse e a desigualdade
e a miséria - fortemente relatada no filme - aumentasse.

Essas mudanças proporcionaram meios para que acontecesse também uma Revolução da
informação e consequentemente, o que Castell chama de capitalismo informacional. Segundo ele, esse
capitalismo faz com que, devido ao excesso de informação na rede e no mundo, as pessoas reagrupem-se
em torno de identidades primárias, pois precisam se entender como parte de um organismo social. Podemos
identificar esses agrupamentos em vários países mostrados no documentário, como monges da Birmânia
que realizam uma revolução pacífica e as milícias da Nigéria que travam uma revolução armada.

O escritor do livro afirma que quando a comunicação se rompe, surge uma alienação entre os grupos
sociais. O que pode acarretar uma desmobilização social das pessoas, e consequentemente inspirar ações
individuais. No entanto, Cultura de Resistência mostra que ainda existem aqueles que lutam por mudanças,
e através desta comunicação e com expressões artísticas resistem à violência física e simbólica do sistema.
Um exemplo, é a música na Síria, que é feita para mostrar que o país não tem apenas terrorismo e para
ajudar a política com desenvolvimento da cultura. Há também o intercâmbio entre nações, como a capoeira
originária do Brasil que serve para os sírios como luta para a libertação e válvula de escape de um lugar
violento.

O interessante é que o documentário não permanece apenas no ramo cinematográfico. Ele se


estende à internet, com página no facebook e site, atingindo um maior número de pessoas, divulgando
novos ideais e meios de resistência. Lara Lee, Caipirinha Production utilizam a cibercultura para contar a
realidade de países que são estereotipados como violentos pela grande imprensa. Dessa maneira, ela
permite que aqueles que têm pouca voz no cenário mundial contem que não estão de acordo com o que
acontecem em seus países, mostrando seus métodos de resistência.

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