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Psicologia Judiciária

Aula 5 - Psicologia e violência: crianças,


adolescentes, mulheres e idosos

INTRODUÇÃO

A palavra violência tem origem na palavra latina vis, que significa força, exercer a superioridade física sobre alguém,
constranger. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2002, p.5) “violência é o uso da força física ou do poder
real ou em ameaça contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou comunidade, que resulte ou tenha
qualquer possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação”.
Esse conceito, como você pode observar, expressa diferentes tipos e categorias de violência, tomando como base as
suas manifestações, isto é: dirigidas da pessoa contra si mesma (autoinfligida), violência interpessoal e violência
coletiva.

A violência é um fenômeno pluricausal, sendo sua ocorrência e origem impossíveis de serem explicadas ou
compreendidas a partir de um só fator. Para que se possa entender a violência não podemos esquecer dos aspectos
individuais, psicológicos, biológicos, familiares, além dos fatores econômicos, sociais e culturais.

Nesta aula, examinaremos que numerosas formas de violência contra mulheres, crianças e idosos - incluindo a mais
comum, a violência intrafamiliar - podem provocar problemas físicos, psicológicos e sociais e que não terminam
necessariamente em lesão, invalidez ou morte.

OBJETIVOS

Examinar a violência contra crianças e adolescentes.

Identificar os diferentes tipos de violência contra os idosos.

Analisar a violência contra a mulher.


A violência intrafamiliar é aquela que ocorre entre os membros da família, nos diferentes subsistemas (conjugal,
parental e fraternal), especialmente em casa, mas não exclusivamente.

Essa é uma forma de violência que mais atinge crianças e adolescentes, segundo dados da SDH (Secretaria de Direitos
Humanos), cerca de 70% dos casos de violência contra crianças e adolescentes no Brasil acontece em residências,
seja da vítima ou do agressor. De acordo com Maciel e Cruz (2009), citando dados do IBGE, os pais são os agressores,
seguidos dos irmãos mais velhos. A partir desses dados, podemos pensar que a violência é um fenômeno aprendido
nas relações interpessoais, sob uma condição hierárquica e disciplinar. É uma forma de comunicação, na família, que
determina regras, crenças e comportamentos.

Vários autores, como Guerra (1998), Rosa (2004), Alberton (2005), Minayo (2006), e Cruz e Maciel (2009), classificam a
natureza da violência da seguinte maneira:

FÍSICA
Quando ocorre o uso da força física, intencional ou intenção percebida, não acidental, por parte da pessoa, em relação à criança e
ao adolescente. O dano físico pode ir desde a imposição de uma leve dor, como um tapa, até o assassinato.

PSICOLÓGICA
Quando ocorrem agressões verbais ou gestuais, com o objetivo de amedrontar, humilhar, rejeitar, restringir a liberdade ou isolar a
criança ou o adolescente de seu convívio social. Ocorre um abalo na autoestima, privando crianças e adolescentes de afeto,
atenção, cuidados, bem-estar, segurança e conforto.

SEXUAL
Quando ocorre um ato ou jogo sexual, relações hetero ou homossexuais, entre um adulto e uma criança ou adolescente, tendo por
finalidade estimular sexualmente ou obter estimulação sexual sobre sua pessoa ou de outrem.

NEGLIGÊNCIA
Quando ocorrem omissão, ausência, recusa de cuidados necessários a crianças e adolescentes e esta situação não é resultado
de ausência de condições para realizá-los.
É importante chamar atenção para o fato de que a violência física contra crianças e adolescentes é a que é mais
descrita nas publicações científicas, inclusive com descrições das diferentes repercussões. No entanto, todas as
formas de violência expressam, em algum grau, situações de desconforto, estresse, constrangimento, sofrimento e
tensão.

De acordo com os artigos 13 e 56, I do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990) (glossário), constata-se que o
Conselho Tutelar é mencionado explicitamente como destinatário da denúncia de maus-tratos, sendo esta obrigatória.

No entanto, além do Conselho Tutelar, para recebimento da denúncia de suspeita ou confirmação de maus-tratos,
temos, também, as autoridades competentes: o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Polícia Civil ou Militar.
Segundo Elias (1994, p.215),

Desse modo, cada órgão competente para recebimento da denúncia de maus-tratos deve realizar sua atuação:

Juiz da Infância e Juventude


Analisa as situações de risco e aplica as medidas protetivas.
Juiz Criminal (Juizado Especial Criminal - JECrim e Juízo Comum)
Julga as infrações penais.

Ministério Público
Fiscaliza o Conselho Tutelar e tem legitimidade para tomar medidas judiciais com relação à suspensão ou destituição
do poder familiar e para aplicação de medidas protetivas à vítima e sua família.

Autoridade Policial
Investiga a conduta de maus-tratos, caso estes tenham resultado em infração à norma penal, preparando elementos
para que o Ministério Público possa interpor a ação correspondente.

Conselho Tutelar
Aplica medidas de proteção à criança e ao adolescente vítima (art. 136, I e art. 101 do ECA) bem como medidas aos
pais (art. 136, II e o art. 129 do ECA); também comunica ao Ministério Público o fato que constitua infração
administrativa ou penal contra criança ou adolescente (art. 136, IV do ECA).

Atenção!
Além disso, o Ministério Público é incumbido de propor a ação penal pública incondicionada e a condicionada, a representação
nos casos em que a legislação permite, para punição do agressor. Isto é, defende os direitos fundamentais da criança e do
adolescente previstos no art. 201, VIII do ECA (1990).

Entretanto, vale ressaltar que o destinatário primeiro da denúncia é o Conselho Tutelar do Município onde reside a
vítima. Assim, mesmo que esta venha a receber atendimento em outra cidade, a denúncia deve ser realizada na cidade
de origem, onde ocorreram os maus-tratos.

Apesar dessa determinação geral, o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990) aponta alguns responsáveis
específicos pela notificação dos maus-tratos, que são listados devido a atuação perante a sociedade e o dever
profissional de assegurar o tratamento digno a criança e ao adolescente.
Desse modo, o artigo 56, inciso I, aponta aos O artigo 245 do ECA aponta o médico, o professor e o
dirigentes de estabelecimentos de ensino responsável por estabelecimento de atenção à saúde
fundamental o dever de informar ao Conselho Tutelar e de ensino fundamental, pré-escola ou creche como
os casos de maus-tratos envolvendo seus alunos. responsáveis pela denúncia.

No entanto, denunciar é exercício de


cidadania, sendo colocado para todos
este dever, que decorre da proteção
integral, fundamento que embasa todo
o ECA (1990).

Atenção!
Em abril de 2017, tivemos a sanção da Lei 13.431, que estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente
vítima ou testemunha de violência. Apresenta como uma de suas inovações, a escuta especializada e o depoimento especial, de
forma a garantir às crianças e adolescentes, uma certa proteção física e emocional no momento de seu depoimento.

Conheça o fragmento da lei (galeria/aula5/docs/fragmento_lei.pdf) que diz respeito a estes aspectos.

ATIVIDADE PROPOSTA
Questão 1 - Analista Judiciário-TJ/RO - Psicólogo - 2012. No que se refere à violência, assinale a opção correta.

A violência sexual envolve sempre violência física, sendo a vítima obrigada a satisfazer sexualmente o agressor.

Quando o abuso sexual na infância é cometido por pessoas não pertencentes à família, a tendência é que a procura por
atendimento e orientação ocorra de modo mais rápido e eficaz.

Nos casos de abuso sexual infantil intrafamiliar, sentimentos como medo, culpa e vergonha, decorrentes do fato de a vítima
ser corresponsável pelo ciclo de abuso, são elementos que retardam a denúncia.
Violência verbal refere-se ao intuito de ferir, podendo deixar marcas evidentes, e violência psicológica refere-se às ofensas
morais, que podem ocorrer na presença de pessoas desconhecidas do núcleo familiar e(ou) podem ser dirigidas a outros
membros da família.

A negligência, que pode ser atribuída à pobreza ou às dificuldades materiais do casal parental, podem causar danos
permanentes.

Justificativa

A violência contra a mulher é um problema social e de saúde pública, fenômeno mundial que não respeita fronteiras de
classe social, etnia, religião, idade ou grau de escolaridade.

O seu local de preferência continua sendo, segundo Amaral e colaboradores (2001), citados por Werlang; Sá e Borges
(2009), o âmbito familiar. Ditados populares como “em briga de marido e mulher não se mete a colher” e “ele pode não
saber por que bate, mas ela sabe porquê apanha”, são exemplos de conivência da sociedade com a violência dentro do
lar.

A violência contra a mulher desestrutura a família e deixa feridas irreparáveis em todos. Poucas pessoas sabem que a
violência doméstica vai muito além da agressão física ou do estupro. Observe, no infográfico abaixo, a opinião do
brasileiro sobre a violência contra as mulheres:

Fonte: Disponível em: http://infograficos.oglobo.globo.com/brasil/pesquisa-violencia-contra-a-mulher-e-estupro.html. Acesso em:


30 maio 2017.
Embora os termos violência doméstica e violência familiar soem como sinônimo, eles têm suas próprias
características bem definidas.

Observando o que descreve a Lei Maria da Penha (glossário) ou Lei 11.340 (2006), em seus artigos 5º e 7º (glossário),
que se refere às duas formas de violência, ficam bem evidentes as diferenças entre elas.

Violência doméstica

Para que se configure o que se chama de violência doméstica, é suficiente a ocorrência de


qualquer agressão no domicílio da vítima, com ou sem a existência de vínculos entre as
partes.

Violência familiar

Ao seu termo, a violência familiar consiste no ato de qualquer forma de agressão em que as
partes tenham algum vínculo familiar como cônjuges, genitores, filhos, sobrinhos, tio etc. A
Lei Maria da Penha classifica os tipos de abuso contra a mulher nas seguintes categorias:
violência patrimonial, violência sexual, violência física, violência moral e violência
psicológica.

CONSEQUÊNCIAS DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Fonte da Imagem:

As consequências da violência doméstica são significativas e podem permanecer durante muito tempo.

Além das marcas físicas, a violência doméstica costuma causar vários danos emocionais, como:

Influências na vida sexual;


Baixa autoestima;
Dificuldade em estabelecer relacionamentos.
Os SINTOMAS PSICOLÓGICOS que com frequência são encontrados em vítimas de violência doméstica são:

Insônia;
Pesadelos;
Falta de concentração;
Irritabilidade;
Falta de apetite;
Depressão;
Ansiedade;
Síndrome do pânico;
Estresse pós-traumático;
Uso de álcool e drogas;
Tentativas de suicídio.

(KASHANI; ALLAN, 1998).

VOCÊ SABIA?

A Lei Maria da Penha (2006) estabelece no Título V - Da equipe de atendimento multidisciplinar, a criação da equipe
multidisciplinar que no artigo 30 propõe:

Art. 30. Compete à equipe de atendimento multidisciplinar, entre outras atribuições que lhe forem reservadas pela
legislação local, fornecer subsídios por escrito ao juiz, ao Ministério Público e à Defensoria Pública, mediante laudos ou
verbalmente em audiência, e desenvolver trabalhos de orientação, encaminhamento, prevenção e outras medidas,
voltados para a ofendida, o agressor e os familiares, com especial atenção às crianças e aos adolescentes.

ATENDIMENTO
A Rede de Atendimento reúne ações e serviços das áreas da Assistência Social, Justiça, Segurança Pública e Saúde,
integrando a Rede de Enfrentamento, ao contemplar o eixo de assistência previsto na Política Nacional de
Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres (glossário).

A multidisciplinaridade no atendimento é fundamental para que haja mais eficiência e para que todas as necessidades
das vítimas sejam atendidas e elas possam se sentir seguras não só para denunciar o agressor mas, também, para
procurar ajuda para si e para todos os envolvidos.
Buscando a identificação e encaminhamento adequados das mulheres em situação de violência e a integralidade e
humanização da assistência, a Rede de Atendimento é composta por:

VOCÊ SABIA?
Esses são apenas alguns dos serviços e instituições que compõem a Rede de Atendimento, que inclui também:
Juizados da Violência Doméstica e Familiar; Promotorias Especializadas/Núcleos de Gênero do Ministério Público;
Serviços de Abrigamento e outros.

A mulher tem o direito de não sofrer agressões no É dever do Estado e uma necessidade da sociedade
espaço público ou no privado, de ser respeitada em enfrentar todas as formas de violência contra as
suas especificidades e de ter garantia de acesso aos mulheres. Proibir, punir e erradicar todas as formas
serviços da Rede de Enfrentamento à Violência de violência devem ser preceitos fundamentais de
Contra a Mulher quando passar por situação em que um país que luta por uma sociedade justa e
sofreu algum tipo de agressão, seja ela física, moral, igualitária entre mulheres e homens.
psicológica ou verbal.

ATIVIDADE PROPOSTA
Questão 2 - Leia o texto Brasil tem 1 denúncia de violência contra mulher a cada 7 minutos (glossário). A partir da
leitura sobre a pesquisa realizada em São Paulo, responda as seguintes questões:

a) Há diferença entre a violência contra mulheres negras e mulheres brancas?

b) O que os dados dessa pesquisa ressaltaram em relação ao local e ao autor da violência contra a mulher?
c) Qual é a opinião dos juristas ouvidos pela reportagem, em relação à queda da violência contra a mulher na cidade de
São Paulo?

Resposta Correta

Questão 3 - AGERBA - Técnico em regulação - 2017.

Assinale a alternativa correta sobre a espécie de violência que a Lei Federal nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei
Maria da Penha) indica, em termos expressos e precisos, como qualquer conduta contra a mulher que lhe cause dano
emocional e diminuição da autoestima, que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento, que vise degradar ou
controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça.

Violência psicológica.

Violência moral.

Violência imaterial.

Violência uxória.

Violência extra corporal.

Justificativa

A população de idosos vem crescendo cada vez mais. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
até 2030, o Brasil atingirá o número de 259,8 milhões de brasileiros com expectativa de vida de 81,3 anos (GARCIA;
CRUZ,2009).

Junto com o envelhecimento cresce a violência contra o idoso. Esse tipo de violência passou a ser considerado um
problema mundial, atingindo qualquer população, independentemente de fatores sociais, econômicos e culturais. É
entendida como uma violação de direitos, uma questão não apenas social, mas de Saúde Pública, pelas consequências
que acarreta nessa área.
A violência é um fator de risco para a saúde e vida dos idosos, a partir
do momento em que ele passa a ser, também, uma vítima do processo
de globalização da violência.
A existência de atos violentos, de negligência e maus-tratos contra os idosos só começou a despertar o interesse nos últimos
anos do século XX. Segundo Minayo (2006), nos anos de 1993 e 1994, a Organização Mundial de Saúde, incorporou a violência
como um dos principais problemas das Políticas Públicas da América Latina no século XXI.

No entanto, no Brasil, foi a partir da criação do Estatuto do Idoso (Lei 10.741 de 1 de outubro de 2003), por meio da Constituição
Federal (1988) e da Política Nacional do Idoso (Lei 8.842/1994), que essa população passou a receber proteção jurídica plena.

Os abusos mais frequentes contra idosos, segundo Garcia; Cruz (2009) são:

Abuso físico | Negligência | Sonegação de alimentos | Falta


de cuidado com o idoso | Isolamento | Confinamento | Falta
de atenção | Intimidação | Abuso verbal ou psicológico |
Abuso financeiro

VIOLÊNCIA NO DIA A DIA


Assista ao vídeo abaixo, sobre um caso que ficou muito conhecido na internet. A reportagem mostra um homem
flagrado em uma série de vídeos agredindo a sua própria mãe, uma idosa de 84 anos.
Homem agride a própria mãe de 84 anos e vídeo revolta internautas

fonte: https://www.youtube.com/watch?v=YiQZR3zwucA&feature=youtu.be

ATIVIDADE PROPOSTA
Agora que você já assistiu ao vídeo, pôde perceber que o acusado das agressões alegou sofrer de esquizofrenia.
Responda:

Questão 4 – Qual o papel de um psicólogo junto aos Conselhos de Idosos, em Delegacias Especializadas e no
Ministério Público em casos de abuso contra um idoso?

Resposta Correta

Questão 5 - Defensoria Pública do Estado do Amazonas - 2013. O Estatuto do Idoso define a violência contra o idoso
como sendo:

O atentado contra a pessoa do idoso, nos termos da lei penal.

A prática dos crimes contra a vida, de lesões corporais, de periclitação da vida e da saúde e contra a liberdade individual do
idoso.

O crime que envolver violência doméstica e familiar contra o idoso.

O atentado contra os direitos fundamentais do idoso.


A ação ou omissão praticada em local público ou privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou psicológico.
Justificativa

Questão 6 - Assista ao vídeo (glossário) que retrata uma das violências mais comuns contra o idoso, o abuso
financeiro. Pesquise sobre o assunto e descreva de que modo essa situação pode ser denunciada em sua cidade.

Resposta Correta

Glossário
ARTIGOS 13 E 56, I DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
(1990)

Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra
criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de
outras providências legais.

§ 1o  As gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente
encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infância e da Juventude.
§ 2o  Os serviços de saúde em suas diferentes portas de entrada, os serviços de assistência social em seu componente
especializado, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e os demais órgãos do Sistema de Garantia de
Direitos da Criança e do Adolescente deverão conferir máxima prioridade ao atendimento das crianças na faixa etária da primeira
infância com suspeita ou confirmação de violência de qualquer natureza, formulando projeto terapêutico singular que inclua
intervenção em rede e, se necessário, acompanhamento domiciliar.

(...)

Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de:

I - maus-tratos envolvendo seus alunos;

AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA

É a iniciada mediante denúncia do Ministério Público nas infrações penais que interferem diretamente no interesse público. É a
regra no processo penal. Portanto, independe de representação ou requisição. Disponível em:
<http://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/982/Acao-Penal-Publica
(http://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/982/Acao-Penal-Publica)> Acesso em 14 abr. 2017.

CONDICIONADA

É a intentada mediante denúncia do Ministério Público nas infrações penais que interferem diretamente no interesse público, mas,
por esbarrar na esfera privada do ofendido, dependerá de representação deste, ou, se o ofendido for o Presidente da República,
como por exemplo, de requisição do Ministro da Justiça. Com isso, a representação e a requisição constituem condições de
procedibilidade da ação penal. Disponível em <http://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/982/Acao-Penal-Publica
(http://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/982/Acao-Penal-Publica)> Acesso em 14 abr. 2017.

MARIA DA PENHA MAIA FERNANDES

A farmacêutica cearense Maria da Penha Maia Fernandes é o marco recente mais importante da história das lutas feministas
brasileiras. Em 1983, enquanto dormia, recebeu um tiro do então marido, Marco Antônio Heredia Viveiros, que a deixou
paraplégica. Depois de se recuperar, foi mantida em cárcere privado, sofreu outras agressões e nova tentativa de assassinato,
também pelo marido, por eletrocução. Procurou a Justiça e conseguiu deixar a casa, com as três filhas. Depois de um longo
processo de luta, em 2006, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei nº 11.340, conhecida por Lei Maria da Penha,
que coíbe a violência doméstica contra mulheres. Disponível em <http://www.compromissoeatitude.org.br/quem-e-maria-da-
penha-maia-fernandes/ (http://www.compromissoeatitude.org.br/quem-e-maria-da-penha-maia-fernandes/)> Acesso em 14 abr.
2017.

CONDICIONADA
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no
gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:

I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo
familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;

II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados,
unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;

III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de
coabitação.

Parágrafo único.  As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.

(...)

Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:

I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;

II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que
lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e
decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz,
insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à
saúde psicológica e à autodeterminação;

III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual
não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer
modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao
aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus
direitos sexuais e reprodutivos;

IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de
seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os
destinados a satisfazer suas necessidades;

V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.

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