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Série Estudos 2

dossiê Mulher
2019
Organização
Flávia Vastano Manso
Vanessa Campagnac

RioSegurança
D724 Dossiê mulher : 2019 / orgs. Flávia Vastano Manso e Vanessa
Campagnac. —— 14. ed. —— Rio de Janeiro : RioSegurança, 2019.
115 p. : il. ; 23 cm. —— (Série Estudos ; 2).

ISBN 978-85-60502-54-7

1. Violência contra as mulheres - Rio de Janeiro (Estado) -


Estatísticas. 2. Crime contra as mulheres - Rio de Janeiro (Estado) -
Estatísticas. 3. Lei Maria da Penha. I. Manso, Flávia Vastano. II. Campagnac,
Vanessa. III. Instituto de Segurança Pública (RJ). IV. Título. V. Série.

CDU 346.155098153
ANOS

Dossiê Mulher 2019


(Ano-base 2018)

Série Estudos 2
14ª Versão

Wilson Witzel
Governador

Cláudio Castro
Vice-Governador

Adriana Pereira Mendes


Diretora-Presidente do ISP

©2019 by Instituto de Segurança Pública


Distribuição gratuita
Versão digital disponível em
www.isp.rj.gov.br

Direitos de publicação reservados ao Instituto de Segurança Pública.


É permitida a reprodução, total ou parcial, e por qualquer meio, desde que citada a fonte.

Organização Rudá Brandão Azambuja Neto


Flávia Vastano Manso Teresa Cristina P. Cata Preta
Vanessa Campagnac Thiago Garcia Falheiros da Costa
Valéria Estevam da Graça
Equipe Victor Chagas
Afonso Borges
Aloísio Geraldo Sabino Lopes
Amanda Soares Costa Análise Espacial e Cartografia Temática
André Luis Ribeiro de Souza Luciano de Lima Gonçalves
Bárbara Caballero
Caio de Almeida Revisão Técnica
Carlos Augusto Caneli Maciel Vanessa Campagnac
Débora Souza
Diego Gimenes Arte da Capa
Edison Claudio Montenegro Habib Nadine Melloni Neumann
Elisângela Oliveira dos Santos
Emmanuel Antônio R. M. Caldas Projeto Gráfico e Diagramação
Erick Lara Bruno Simonin da Costa
Fábio Vitor Generoso Vieira
Gustavo Castanheira Matheus Assessoria de Comunicação
João Roberto Werneck Rocha Karina Nascimento
Joice Campos
Jonas Silva Pacheco Assessoria de Informática e Desenvolvi-
Jorge Luiz Monteiro mento de Ferramenta Técnica
Leonardo D’Andrea Vale José Renato Biral Belarmino
Livia Floret
Louise Celeste Rolim da Silva Assessoria Administrativa
Luciano de Lima Gonçalves Karina de Miranda Kelly
Michel Cardoso
Raphael Marques dos Santos
Nathalia Santos
Sumário
1. APRESENTAÇÃO .............................................................................................................07

2. PANORAMA DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NO ESTADO DO RIO DE


JANEIRO: DADOS 2018......................................................................................................11

3. VIOLÊNCIA FÍSICA .........................................................................................................15

16
3.1. Homicídio doloso..................................................................................................................
3.1.1. Distribuição territorial dos homicídios dolosos de mulheres..................................18
3.2. Tentativa de homicídio......................................................................................................... 23
3.2.1. Distribuição territorial das tentativas de homicídio de mulheres .......................24
3.3. Feminicídio e tentativa de feminicídio.............................................................................. 29
3.3.1. Distribuição territorial dos feminicídios e das tentativas de feminicídio............31
3.4. Lesão corporal dolosa ........................................................................................................ 35
3.4.1. Distribuição territorial das lesões corporais dolosas de mulheres.......................36

4. VIOLÊNCIA SEXUAL ......................................................................................................41

42
4.1. Estupro...................................................................................................................................
4.1.1. Distribuição territorial dos estupros de mulheres ...................................................45
4.2. Tentativa de estupro ..........................................................................................................49
4.2.1. Distribuição territorial das tentativas de estupro de mulheres ..........................51
4.3. Outros delitos sexuais..........................................................................................................53

5. VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA ...........................................................................................56

57
5.1. Ameaça .................................................................................................................................
5.1.1. Distribuição territorial das ameaças de mulheres ...................................................60

6. VIOLÊNCIA MORAL .......................................................................................................66

6.1. Distribuição territorial da violência moral ....................................................................... 67


7. VIOLÊNCIA PATRIMONIAL ...........................................................................................70

7.1. Distribuição territorial da violência patrimonial............................................................... 71


8. APLICAÇÃO DA LEI MARIA DA PENHA (Lei n° 11.340/06) .................................. 74

9. NOTAS TÉCNICAS E METODOLÓGICAS .................................................................. 78

10. OUTROS OLHARES ...............................................................................................................81

11. APÊNDICES......................................................................................................................91
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1. APRESENTAÇÃO

Neste ano o Instituto de Segurança Pública completa 20 anos. Desde a sua criação,
o ISP se concentrou em ser um veículo de análise de dados e de prestação de contas à
sociedade. O Instituto vem concentrando esforços na expansão da aquisição de dados,
estabelecendo parcerias com outras instituições para ampliar o conjunto de dados
analisados e as dimensões desta análise a ser executada.
Outro aspecto importante na cadeia de dados do ISP é justamente a sua validação.
Nesta fase os dados brutos são preparados, passando por diversos níveis de controle
interno e externo, garantindo sua validade e confiabilidade. Os dados precisam ser
críveis para que possam nortear as tomadas de decisões, de forma precisa e eficaz.
Há 16 anos o ISP publica mensal e ininterruptamente os números oficiais de crimes,
tendo como fonte os Registros de Ocorrência da Secretaria de Estado de Polícia Civil,
auxiliando no entendimento do fenômeno criminal no estado e na formulação de
ações para o enfrentamento da violência. Trata-se de uma instituição já consagrada
e de referência para o monitoramento e o planejamento de políticas públicas de
segurança.
A publicação destes dados garante sua acessibilidade e transparência. Além dos
indicadores de criminalidade, o ISP oferece, de forma já consolidada, estudos temáticos
em forma de dossiês. Anualmente, já em sua 14ª edição, o ISP publica o Dossiê Mulher,
que vem se firmando de forma crescente, desde a sua primeira publicação em 2006,
como um protagonista no processo de compreensão das características da violência
de gênero, possibilitando diálogo entre setores da sociedade civil, da área acadêmica
e de forças que atuam no enfrentamento deste problema.
Conforme relatório mundial sobre violência e saúde, da Organização Mundial da
Saúde, a violência de gênero não pode ser explicada através de um único fator. A
violência resulta de uma complexa interação de fatores individuais, de relacionamento,
sociais, culturais e ambientais. A compreensão destes fatores constitui um passo
importante no combate à violência, através da implementação de políticas públicas de
prevenção e enfrentamento.
A Convenção para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, aprovada
pela Organização dos Estados Americanos, conhecida como Convenção de Belém do
Pará, ocorrida em 1994, reconheceu a violência contra a mulher como uma violação
dos Direitos Humanos. A referida Convenção definiu que a violência é “qualquer
ação ou conduta, baseada no gênero, que cause dano físico, sexual ou psicológico à
mulher, tanto no âmbito público como no privado”. A produção de dados quantitativos
confiáveis acerca da violência contra mulher constitui uma das obrigações dos Estados
signatários. Desta forma, o ISP contribui para que o estado do Rio de Janeiro, enquanto
ente da Federação, cumpra seu compromisso internacional, sempre tendo por objetivo
a adoção de medidas que visam à prevenção e erradicação desta forma de violência.
Constata-se uma grande preocupação por parte da vitimologia contemporânea em

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assegurar o direito fundamental à vida e à integridade física e psicológica da vítima.


Neste contexto foi sancionada a Lei nº 11.340/06, conhecida como Lei Maria da Penha,
em que foram criados mecanismos para prevenir e coibir a violência doméstica e
familiar contra a mulher. O próprio Código Penal Brasileiro sofreu diversas alterações,
buscando reforçar o combate à violência de gênero. A partir do surgimento de uma
legislação voltada especificamente a este tipo de violência, foi alcançado um aspecto
importante de geração de dados, sobretudo no estado do Rio de Janeiro, que possui
um vasto, sedimentado e transparente banco de dados decorrente da atividade
policial, o que permite ao ISP realizar análises em diferentes aspectos, contribuindo
de forma significativa para o estabelecimento de políticas públicas de enfrentamento
à violência de gênero.

Adriana Pereira Mendes


Diretora-Presidente do Instituto de Segurança Pública

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2019 PELA VIDA DE TODAS AS MULHERES


E MENINAS
Há 16 anos, o Instituto Avon se dedica em salvar vidas e é por isso que sempre
apoiou e desenvolveu ações que tenham em sua essência a premissa de superar dois
dos principais desafios à plena realização da mulher: o combate ao câncer de mama e
o enfrentamento das violências contra as mulheres e meninas.
Ano após ano, o trabalho do Instituto tem contado com parcerias importantes
e a colaboração e dedicação de muitas pessoas e organizações para fazer com que,
a cada dia, mais pessoas recebam informações sobre as causas e saibam como agir.
Como braço de investimento social da Avon, empresa privada que investiu mais de
170 milhões em ações sociais voltadas às mulheres no Brasil, o Instituto já apoiou a
realização de mais de 350 projetos e ações, beneficiando 5,7 milhões de mulheres.
Acreditamos em um mundo no qual mulheres e meninas vivam sem violência e
abuso. Comprometemos nossos recursos financeiros, nossa equipe e a nossa energia
em mercados de todo o mundo para:
INCENTIVAR A CONVERSA para trazer à luz as muitas formas de violências contra
as mulheres e meninas e proporcionar espaços de conversa sobre o que é necessário
fazer para acabar com essas violências.
ESTIMAR A AÇÃO para garantir que todos com quem trabalhamos, revendedoras,
funcionários (as), clientes e parceiros (as), tenham conhecimento e informações para
reconhecer e saber o que fazer diante dessas violências.
MELHORAR O SUPORTE para garantir, por meio da parceria com as organizações
sociais, órgãos governamentais e empresas, que as mulheres e meninas tenham acesso
ao suporte que necessitarem e que sejam compreendidas, apoiadas e tratadas com
justiça quando procurarem ajuda ou relatarem abusos.
Um dos pilares importantes de nossa atuação é o conhecimento, apoiamos
a produção de conteúdos relevantes para o avanço da causa e disseminação de
informações. Em 2018, criamos histórias em quadrinhos, em parceria com a Turma
da Mônica, para estimular novas relações entre meninas e meninos e um Guia de
Bolso para Relacionamentos Saudáveis com recursos para garantir que todos e todas
tenham conhecimento e informações para reconhecer os sinais e saber o que fazer
diante das violências contra as mulheres e meninas.
Em 2019 lançamos a pesquisa inédita “Como conversar com quem pensa muito
diferente de você?” em parceria com a plataforma Papo de Homem. O resultado foi um
mapa das principais emoções e obstáculos envolvidos nessas interações, acompanhado
de um guia de como conversar com quem pensa muito diferente e um guia de boas
práticas jornalísticas.
É nesse contexto que nos honramos em apoiar a 14ª edição do Dossiê Mulher,
reforçando nosso compromisso na divulgação de informações relevantes e importantes
sobre violência contra as mulheres no estado do Rio de Janeiro, esperando que elas

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se tornem insumos importantes para melhorar o suporte às mulheres em situação de


violência.
Agradecemos a cada um e a cada uma de vocês que acredita e trabalha por um
mundo sem violência e pela vida de todas as mulheres.

Daniela Grelin & Mafoane Odara


Instituto Avon

Instituto de Segurança Pública


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2. PANORAMA DA VIOLÊNCIA CONTRA A


MULHER NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO:
DADOS 2018
A violência contra as mulheres se manifesta de diversas formas e está presente em
todas as classes sociais, etnias e faixas etárias. Ela é um dos fatores estruturantes da
desigualdade de gênero, deixando de ser vista como um problema de âmbito privado
ou individual para ser encarada como um problema de ordem pública.
Neste sentido, o Dossiê Mulher há 14 anos tem o papel de dar visibilidade e
transparência à questão da violência contra a mulher no estado do Rio de Janeiro,
sendo pioneiro no Brasil na produção sistematizada destas estatísticas compiladas em
um periódico anual acessível e amplamente divulgado.
A principal base de dados deste Dossiê são os Registros de Ocorrência (RO) das
Delegacias de Polícia Civil de todo o estado. Foram selecionados os delitos mais
recorrentemente associados aos diferentes tipos de violência contra a mulher,
conforme a classificação dada pela Lei nº 11.340 de 20061 – Lei Maria da Penha,
quanto às cinco formas de violência contra a mulher: a) violência física; b) violência
sexual; c) violência patrimonial; d) violência moral; e e) violência psicológica.
Estes delitos possuem uma dinâmica singular quanto à relação entre acusados
e vítimas, possibilitando uma melhor contextualização das diferentes situações de
violência, seja no âmbito doméstico e/ou familiar, no transporte público, no ambiente
de trabalho ou em locais públicos. Em quase todos os delitos analisados, as mulheres
representam mais da metade do total de vítimas, portanto sua seleção não se deu de
forma aleatória, mas a partir das manifestações de violência cometidas marcantemente
contra mulheres.

1 - Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm>. Último


acesso em abril de 2019.

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12 Dossiê Mulher 2019

Tabela 1
Dados sobre violência contra a mulher segundo as formas de violência – Estado do Rio de
Janeiro – 2018
Formas de Total de Vítimas % de vítimas
Delitos
violência vítimas mulheres mulheres
Homicídio doloso 4.950 350 7,1%
Feminicídio - 71 -
Violência física Tentativa de homicídio 6.242 729 11,7%
Tentativa de feminicídio - 288 -
Lesão corporal dolosa 63.323 41.344 65,3%
Estupro 5.310 4.543 85,6%
Tentativa de estupro 339 308 90,9%

Violência sexual Assédio sexual 165 150 90,9%


Importunação ofensiva ao 689 638 92,6%
pudor
Ato obsceno 294 193 65,6%
Dano 4.949 2.743 55,4%
Violência
patrimonial Violação de domicílio 3.239 2.223 68,6%
Supressão de documentos 591 364 61,6%
Violência moral Calúnia/ Difamação/ Injúria 40.961 29.665 72,4%

Violência Ameaça 56.009 37.423 66,8%


psicológica Constrangimento ilegal 762 404 53,0%

Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

A Tabela 1 apresenta de modo desagregado cada uma das cinco formas de


violência descritas na Lei Maria da Penha, em seus principais indicadores2. Dentre
os delitos apresentados, as mulheres não foram as vítimas prevalentes apenas nos
homicídios dolosos (7,1%) e nas tentativas de homicídio (11,7%). Porém, nestes dois
delitos destacamos as qualificadoras feminicídio (71 vítimas) e tentativa de feminicídio
(288 vítimas), conforme a Lei nº 13.104 de março de 20153, que se aplica quando o
crime foi cometido por razões da condição do sexo feminino, envolvendo violência
doméstica e familiar e menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Com o objetivo de comparar o perfil das vítimas dentre as diferentes expressões
de violência aqui analisadas, o Gráfico 1 a seguir mostra que negras e pardas são a
maioria das vítimas mulheres em quase todas as violências aqui tratadas, evidenciando
a maior vulnerabilidade deste grupo à violência, principalmente às suas expressões

2 - Estas e outras informações e detalhamentos estão disponíveis em nossa consulta interativa do Dossiê
Mulher, em: <http://www.ispvisualizacao.rj.gov.br/Mulher.html>.
3 - Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13104.htm>. Último
acesso em abril de 2019.

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Dossiê Mulher 2019 13

mais graves, como homicídio doloso (59,1%), tentativa de homicídio (55,0%) e estupro
(55,8%). Cabe destacar que a conjugação perversa de diversos fatores, entre eles o
racismo, a pobreza e a discriminação institucional, contribui decisivamente para que
as populações negra e parda sejam mais severamente afetadas pela violência.

Gráfico 1
Distribuição do perfil por cor das mulheres vítimas – Estado do Rio de Janeiro – 2018
(valores percentuais)

Homicídio doloso 59,1% 33,1% 7,8%

Homicídio-tentativa 55,0% 35,1% 9,9%

Estupro 55,8% 37,7% 6,5%

Estupro-tentativa 54,2% 43,8% 2,0%


Delitos

Lesão corporal dolosa 54,0% 43,7% 2,3%

Violência psicológica 50,4% 47,6% 2,0%

Violência patrimonial 47,3% 49,2% 3,5%

Violência moral 46,6% 51,3% 2,1%

Assédio sexual/ato obsceno/importunação ofensiva ao pudor 44,2% 53,5% 2,3%

0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% 80,0% 90,0% 100,0%

Preta e parda Branca Não informado/outras


Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

No Gráfico 2, observamos o perfil etário das vítimas mulheres por tipo de violência.
Chama bastante atenção que 69,7% das mulheres vítimas de estupro tinham até 17
anos. Dentre estas vítimas, 1.852 eram meninas com até 12 anos, o que representa
40,7% do total das vítimas mulheres de estupro. É importante destacar que os crimes
de natureza sexual ainda possuem uma enorme subnotificação, principalmente
quando a vítima é criança ou adolescente. Por conta da pouca idade e dependendo
das circunstâncias em que o crime ocorreu, a vítima sequer tem consciência de que
está sofrendo violência sexual e, em alguns casos, nem sequer alcançou a habilidade
de fala para poder verbalizar o que passou.

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14 Dossiê Mulher 2019

Gráfico 2
Distribuição do perfil etário das mulheres vítimas – Estado do Rio de Janeiro – 2018
(valores percentuais)

Estupro 69,7% 14,0% 10,7% 0,7%4,9%

Estupro-tentativa 37,0% 26,6% 32,8% 2,6% 1,0%

Assédio sexual/ato obsceno/importunação ofensiva ao pudor 23,1% 44,6% 28,2% 2,7%1,4%


Delitos

Homicídio doloso 8,9% 28,0% 35,7% 8,6% 18,8%

Homicídio-tentativa 8,6% 29,4% 45,9% 4,4% 11,7%

Lesão corporal dolosa 8,1% 36,5% 49,6% 4,3% 1,5%

Violência psicológica 4,3% 28,6% 59,6% 6,7% 0,8%

Violência moral 3,9% 25,8% 60,6% 8,6% 1,1%

Violência patrimonial 1,8% 24,8% 60,6% 10,8% 2,0%

0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% 80,0% 90,0%100,0%

0-17 anos 18 a 29 anos 30 a 59 anos 60 anos ou mais Sem informação

Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

Ainda no Gráfico 2, observa-se que mulheres jovens são muito prevalentes em


todos os crimes de natureza sexual. Mulheres com até 29 anos compõem 83,7% das
vítimas de estupro, 63,6% das vítimas de tentativa de estupro e 67,7% do somatório
das vítimas de assédio sexual, ato obsceno e importunação ofensiva ao pudor.
É bastante expressiva a participação das vítimas de 30 a 59 anos nos crimes de
violência moral (60,6%), patrimonial (60,6%) e psicológica (59,6%). Cumpre destacar
que há um número relevante de vítimas mulheres registradas sem informação de
idade para os delitos de homicídio doloso (18,8%) e tentativa de homicídio (11,7%).

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Dossiê Mulher 2019 15

3. VIOLÊNCIA FÍSICA

A violência física é a forma que concentra o maior número de vítimas dentre


aquelas destacadas neste Dossiê, totalizando 42.423 mulheres no estado do Rio de
Janeiro em 2018. Ou seja, por dia, pelo menos 116 mulheres são vítimas de algum tipo
de violência física no estado do Rio de Janeiro. Esta é a forma mais visível dentre as
diversas formas que a violência cometida contra as mulheres pode assumir. Como
definiu o inciso I do artigo 7º da Lei Maria da Penha, a violência física é qualquer
conduta que ofenda a integridade ou saúde corporal da vítima. Este tipo de violência
costuma se manifestar por meio de chutes, tapas, queimaduras, socos, mutilações,
estrangulamentos e muitos outros meios, inclusive mediante o uso de objetos
cortantes, perfurantes ou de arma de fogo.

Tabela 2
Mulheres vítimas de violência física segundo delitos analisados – Estado do Rio de Janeiro –
2017 e 2018 (números absolutos, diferenças percentuais e taxa por 100 mil mulheres)*
Diferença % Taxa por 100
Nº de mulheres Nº de mulheres
Delitos de 2018 em mil mulheres
vítimas (2017) vítimas (2018)
relação a 2017 residentes (2018)
Homicídio doloso 381 350 -8,1% 3,9
Tentativa de homicídio 683* 729 - 8,1
Lesão corporal dolosa 39.641* 41.344 - 460,8

*Dados sujeitos a impacto dos movimentos reivindicatórios dos policiais civis de janeiro a março de 2017.
Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

A tabela acima apresenta os dados relativos à violência física sofrida por mulheres
nos dois últimos anos. Neste contexto, vemos que os homicídios dolosos de mulheres
apresentaram redução de 8,1% em relação a 2017, ou seja, menos de 31 mortes
de mulheres em relação ao ano anterior4. Com relação às tentativas de homicídio,
este número é ainda maior: 729 vítimas em 2018. Ainda, quando ponderamos pela
população, chegamos à taxa de 3,9 vítimas de homicídio doloso por grupo de 100 mil
mulheres residentes.
Nas seções a seguir detalharemos os delitos incluídos no escopo da violência física
deste Dossiê.

4 - Não apresentamos a comparação entre os anos para os delitos de tentativa de homicídio e de lesão cor-
poral dolosa na Tabela 2 tendo em vista que a paralisação de policiais civis do estado do Rio de Janeiro entre
os meses de janeiro a março de 2017 pode ter impactado os registros naquele ano.

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16 Dossiê Mulher 2019

3.1. Homicídio doloso

Em 2018, em média, uma mulher foi morta quase todo dia no estado do Rio
de Janeiro, totalizando 350 vítimas e uma taxa de 3,9 vítimas para cada 100 mil
mulheres. A série histórica anual de homicídio doloso de mulheres no estado do Rio de
Janeiro, apresentada no Gráfico 3, mostra que houve uma tendência geral de queda
do número de vítimas entre 2002 e 2012. Nos mais recentes anos, vemos quedas
sucessivas a partir de 2016.
Dessa forma, ao longo da série histórica apresentada, os valores decrescem de
467 vítimas mulheres em 2002 para 350 vítimas em 2018. Ainda que tenha havido
uma melhora no indicador de homicídios de mulheres nos últimos cinco anos, não
conseguimos ainda reestabelecer patamares menores do que os já alcançados entre
2010 e 2012, melhor período da série5.

Gráfico 3
Mulheres vítimas de homicídio doloso* – Estado do Rio de Janeiro – 2002 a 2018 (números
absolutos)
500
467 457 451
450 433 435
420
Número de mulheres vítimas de homicídio doloso

409
396
400 383 381
371
356 360 350
350
299 303 295
300

250

200

150

100

50

0
2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018
2011

Ano
*No total de homicídio doloso constam os homicídios de mulheres qualificados como feminicídios.
Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

5 - Ao menos dois eventos relevantes devem ser considerados quando analisamos a série histórica dos crimes
letais no estado do Rio de Janeiro para além da própria Lei Maria da Penha: o primeiro se refere à implemen-
tação, a partir de 2009, do Sistema de Metas e Acompanhamento de Resultados (SIM), o qual estabeleceu
metas semestrais de redução de três indicadores definidas no nível das Áreas Integradas de Segurança Públi-
ca – letalidade violenta, roubo de rua e roubo de veículo. O segundo evento relevante é a promulgação da
Lei do Feminicídio (Lei nº 13.104 de 9 de março de 2015).

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Dossiê Mulher 2019 17

O Gráfico 4 mostra a taxa de homicídio doloso de mulheres por cor6 no estado


do Rio de Janeiro em 2018. Verifica-se que a cada 100 mil mulheres negras, 6,8
foram vítimas de homicídio doloso, mais do que o dobro constatado para cada 100
mil mulheres brancas, que foi de 2,7 vítimas. Este dado verificado para o território
fluminense está em consonância com outros estudos de abrangência nacional, como
o Atlas da Violência de 20187. Segundo tal publicação, em 20 estados brasileiros a taxa
de homicídios de mulheres negras cresceu no período compreendido entre 2006 e
2016, sendo que em 12 deles o aumento foi maior que 50%.

Gráfico 4
Taxa de homicídio doloso* de mulheres segundo a cor – Estado do Rio de Janeiro – 2018
(por 100 mil mulheres)
8,0

7,0 6,8
Taxa de mulheres vítimas de homicídio doloso

6,0

5,0

4,0 3,8

3,0 2,7

2,0

1,2
1,0

0,0
Branca Parda Preta Outras

*Dados incluem as vítimas de feminicídio no total de homicídio doloso.


Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

Se compararmos a taxa de homicídios de mulheres negras de 2018 com a de 20178


(5,7 vítimas por 100 mil), notamos que houve um aumento de 17,6%, enquanto para
mulheres pardas e brancas houve redução, respectivamente, de 29,6% e 6,8%. Desta
forma, o fator raça tem um peso bastante significativo nas análises dos homicídios,
merecendo, portanto, foco especial para políticas preventivas que levem em conta
fatores atrelados de vulnerabilidade em relação ao direito à vida.

6 - O cálculo da taxa específica de mulheres segundo a cor foi feito a partir da projeção populacional utili-
zando os dados do último censo do IBGE (2010).
7 - Disponível em: http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/relatorio_institucional/180604_atlas_
da_violencia_2018.pdf>. Último acesso em abril de 2019.
8 - Dados do Dossiê Mulher 2018 relativos ao ano de 2017.

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18 Dossiê Mulher 2019

Tabela 3
Mulheres vítimas de homicídio doloso* segundo a relação do autor com a vítima e o tipo de
local do fato – Estado do Rio de Janeiro – 2018 (números absolutos e valores percentuais)
Homicídio doloso
Nº abs. Distribuição (%)
Relação autor-vítima 350 100,0
Ex ou companheiros 43 12,3
Pais ou padrastos 1 0,3
Parentes 9 2,6
Conhecidos 6 1,7
Outros 9 2,6
Nenhuma 77 22,0
Não informado 205 58,5
Tipo de local do fato 350 100,0
Residência 120 34,3
Via pública 145 41,4
Interior de transporte coletivo/alternativo 3 0,9
Outros locais 58 16,6
Não informado 24 6,8
*No total de homicídio doloso constam os homicídios de mulheres qualificados como feminicídios.
Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

Conforme a Tabela 3, em mais da metade dos homicídios dolosos de mulheres


não se tem registro da relação entre autor e vítimas (58,5%), informação de grande
importância para compreender os fatores de proximidade agressor-vítima que
envolveram as mortes destas mulheres. É muito comum, nos casos de homicídios,
este tipo de informação só ser identificado ao longo do inquérito policial, pois nem
sempre a identificação do suspeito ocorre em tempo hábil para que tal informação
seja incluída no registro de ocorrência. Mesmo assim, é bastante expressivo que
companheiros e ex-companheiros tenham sido os autores de 12,3% dos homicídios
dolosos de mulheres no estado do Rio de Janeiro.
Grande parte dos homicídios dolosos de mulheres ocorreram no interior de
residência (34,3%), totalizando 120 vítimas. Ainda quanto ao local do fato, via pública
foi o que apareceu de forma mais recorrente nos registros (41,4%).

3.1.1. Distribuição territorial dos homicídios dolosos de mulheres9

9 - Para identificação das AISP, recomenda-se a consulta dos apêndices desta edição com a relação às
regiões, áreas e circunscrições integradas de segurança (relação de batalhões da Polícia Militar, delegacias
distritais de Polícia Civil, municípios e bairros/distritos).

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Dossiê Mulher 2019 19

O estado do Rio de Janeiro está organizado em Áreas Integradas de Segurança


Pública – AISP, que são divisões territoriais criadas para atuação compartilhada
entre as unidades das polícias Civil e Militar. Com essa divisão territorial é possível
o acompanhamento estatístico para avaliação, comparação e acompanhamento de
resultados dos indicadores criminais e ocorrências administrativas no âmbito da
segurança pública. Nos apêndices desta publicação é possível consultar a identificação
de cada uma das AISP quanto à sua área, município de abrangência, delegacias e
batalhões atrelados10.
Esta análise tem sido trazida para o Dossiê porque é a partir destas áreas que
são pensadas as estratégias e ações de segurança pública, e, portanto, é de grande
importância o olhar sobre a violência contra a mulher também sob este panorama.
Conforme a Tabela 4, menos da metade das AISP (17) tiveram redução do número
de homicídios dolosos de mulheres entre 2017 e 2018. Destacaram-se na redução dos
homicídios dolosos de mulheres as AISP 25 (-19 vítimas); AISP 07 (-18 vítimas); AISP 27
(-8 vítimas); e AISP 12 (-5 vítimas).

Tabela 4
Mulheres vítimas de homicídio doloso* por AISP – Estado do Rio de Janeiro – 2014 a 2018
(números absolutos e variação)
Variação
Área 2014 2015 2016 2017 2018 2014 a 2018 2017 a 2018
Total 420 360 396 381 350 -70 -31
AISP 02 2 1 2 4 2 0 -2
AISP 03 15 12 9 7 6 -9 -1
AISP 04 3 6 7 4 4 1 0
AISP 05 8 1 5 4 5 -3 1
AISP 06 1 2 7 2 4 3 2
AISP 07 29 19 18 24 6 -23 -18
AISP 08 25 24 25 14 14 -11 0
AISP 09 11 8 11 9 9 -2 0
AISP 10 8 1 2 4 4 -4 0
AISP 11 4 3 4 3 1 -3 -2
AISP 12 5 19 6 11 6 1 -5
AISP 14 11 11 17 10 9 -2 -1
AISP 15 36 24 23 27 30 -6 3
AISP 16 7 5 12 9 9 2 0
AISP 17 1 5 3 5 1 0 -4
AISP 18 8 13 8 9 15 7 6

10 - Os totais detalhados por município também podem ser encontrados nos apêndices desta edição.

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20 Dossiê Mulher 2019

Variação
Área 2014 2015 2016 2017 2018 2014 a 2018 2017 a 2018
AISP 19 2 0 1 2 2 0 0
AISP 20 45 24 29 25 31 -14 6
AISP 21 9 13 12 6 11 2 5
AISP 22 5 8 11 9 6 1 -3
AISP 23 3 2 2 4 5 2 1
AISP 24 20 19 29 19 19 -1 0
AISP 25 21 20 31 36 17 -4 -19
AISP 26 1 2 0 6 2 1 -4
AISP 27 15 9 18 16 8 -7 -8
AISP 28 8 8 11 8 7 -1 -1
AISP 29 1 2 3 1 5 4 4
AISP 30 3 2 2 5 3 0 -2
AISP 31 8 5 7 7 9 1 2
AISP 32 18 12 16 14 21 3 7
AISP 33 9 18 12 12 11 2 -1
AISP 34 15 9 9 6 11 -4 5
AISP 35 6 12 11 9 7 1 -2
AISP 36 2 2 3 1 4 2 3
AISP 37 4 1 4 8 8 4 0
AISP 38 6 3 1 1 0 -6 -1
AISP 39 18 10 8 11 17 -1 6
AISP 40 7 12 6 10 10 3 0
AISP 41 20 13 11 19 11 -9 -8

*No total de homicídio doloso constam os homicídios de mulheres qualificados como feminicídios.
Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

Nos mapas a seguir temos a distribuição da taxa de homicídio doloso11 de mulheres


tanto nos municípios da Região Metropolitana do Rio de Janeiro como nos municípios
do interior do estado. De acordo com o Mapa 1, vemos que o municípios da Baixada
Fluminense, no geral, apresentam taxas mais altas do que a capital, com destaque
para as cidades de Japeri e Guapimirim, ambos com taxas maiores que 14,2 vítimas
por grupo de 100 mil mulheres residentes. Já com relação às taxas encontradas nas
cidades do interior do estado (Mapa 2), vemos que alguns dos municípios do litoral
(de Arraial do Cabo até Carapebus) concentram altas taxas de homicídios dolosos de
mulheres.

11 - Nesta edição usamos somente as taxas por 100 mil habitantes para facilitar a comparação com outros
estudos, mesmo havendo municípios no estado do Rio de Janeiro com populações menores que este quan-
titativo.

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Dossiê Mulher 2019 23

3.2. Tentativa de homicídio

Em 2018 houve 729 vítimas mulheres de tentativa de homicídio, número que


engloba as tentativas de feminicídio. Tendo em vista que os movimentos reivindicatórios
de policiais civis do estado do Rio de Janeiro entre meses de janeiro a março de 2017
podem ter impactado os registros daquele período, optamos por excluir esses meses
nas análises comparativas entre os anos. No Gráfico 5, é possível verificar que entre os
meses de abril a dezembro de 2018 houve aumento de 8,5% de tentativa de homicídio
em relação ao mesmo período de 2017.

Gráfico 5
Mulheres vítimas de tentativa de homicídio* – Estado do Rio de Janeiro – 2013 a 2018
(meses de abril a dezembro)**
600
548
532 530
505
500
Número de mulheres vítimas de tentativa de homicídio

464
450

12,2%
400
8,5%

300 -0,4%

200
-3,0%

100
-12,5%

0
2013 2014 2015 2016 2017 2018

Ano
*No total de tentativa de homicídio doloso constam os registros qualificados como tentativa de
feminicídio.
**Dados referentes aos meses de abril a dezembro de 2013 a 2018.
Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

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24 Dossiê Mulher 2019

Tabela 5
Mulheres vítimas de tentativa de homicídio* segundo a relação do autor com a vítima e
o tipo de local do fato – Estado do Rio de Janeiro – 2018 (números absolutos e valores
percentuais)
Tentativa de homicídio
Nº abs. Distribuição (%)
Relação autor-vítima 729 100,0
Ex ou companheiros 232 31,8
Pais ou padrastos 7 1,0
Parentes 39 5,4
Conhecidos 20 2,7
Outros 46 6,3
Nenhuma 204 28,0
Não informado 181 24,8
Tipo de local do fato 729 100,0
Residência 271 37,2
Via pública 333 45,7
Interior de transporte coletivo/alternativo 4 0,5
Outros locais 87 11,9
Não informado 34 4,7

*No total de tentativa de homicídio doloso constam os registros qualificados como tentativa de
feminicídio.
Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

A Tabela 5 mostra que 31,8% das tentativas de homicídio contra mulheres foram
perpetradas pelo companheiro ou ex-companheiro da própria vítima, e em 37,2% dos
registros as vítimas reportaram que a agressão ocorreu dentro de alguma residência.
Assim como ocorre no crime de homicídio doloso, nas tentativas de homicídio também
é expressivo o número de vítimas em que no registro da violência sofrida não consta
informação da relação com o agressor.

3.2.1. Distribuição territorial das tentativas de homicídio de mulheres

A Tabela 6 mostra por AISP a quantidade de tentativas de homicídio de mulheres


nos últimos cinco anos. As AISP com maior número de vítimas em 2018 foram a AISP
20 (58 vítimas), AISP 08 (51 vítimas), AISP 15 (43 vítimas), AISP 25 (34 vítimas) e a AISP
28 (30 vítimas).

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Dossiê Mulher 2019 25

Tabela 6
Número de mulheres vítimas de tentativa de homicídio* por AISP – Estado do Rio de Janeiro
– 2014 a 2018 (números absolutos)**
Área 2014 2015 2016 2017** 2018
Total 781 642 599 683 729
AISP 02 4 9 5 6 13
AISP 03 20 19 18 10 14
AISP 04 7 9 6 9 7
AISP 05 6 4 9 15 10
AISP 06 11 12 6 3 12
AISP 07 33 29 30 52 27
AISP 08 61 43 56 24 51
AISP 09 33 15 21 31 11
AISP 10 5 18 8 18 23
AISP 11 11 10 10 12 13
AISP 12 26 22 26 16 19
AISP 14 24 13 10 18 25
AISP 15 34 36 29 43 43
AISP 16 7 13 10 7 12
AISP 17 3 4 5 2 7
AISP 18 28 19 20 17 23
AISP 19 11 4 11 2 2
AISP 20 56 37 40 49 58
AISP 21 20 10 15 28 16
AISP 22 9 6 12 11 10
AISP 23 7 6 6 7 6
AISP 24 47 27 32 31 26
AISP 25 63 30 30 38 34
AISP 26 4 7 8 12 15
AISP 27 22 19 15 13 14
AISP 28 27 15 18 23 30
AISP 29 8 10 9 11 12
AISP 30 7 6 5 10 6
AISP 31 13 13 6 14 13
AISP 32 39 32 23 18 24
AISP 33 22 35 14 33 25
AISP 34 23 17 14 10 21
AISP 35 18 18 10 15 26
AISP 36 10 9 6 15 5
AISP 37 18 7 11 10 8

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26 Dossiê Mulher 2019

Área 2014 2015 2016 2017** 2018


AISP 38 4 7 4 6 5
AISP 39 11 21 16 11 22
AISP 40 17 11 13 20 14
AISP 41 12 20 12 13 27

*No total de tentativa de homicídio doloso constam os registros qualificados como tentativa de
feminicídio.
**Dados sujeitos a impacto dos movimentos reivindicatórios dos policiais civis de janeiro a março de
2017.
Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

Nos mapas a seguir podemos observar que algumas cidades da Baixada Fluminense
apresentam taxas mais altas do que as da capital e da Região da Grande Niterói quando
as tentativas de homicídio são consideradas (Mapa 3). Já no que se refere ao interior
do estado, as regiões Norte e Noroeste apresentam taxas mais altas de tentativa de
homicídio de mulheres por grupo de 100 mil mulheres residentes (Mapa 4).

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Dossiê Mulher 2019 29

3.3. Feminicídio e tentativa de feminicídio

Em março de 2015 foi criada a Lei do Feminicídio (Lei nº 13.104), que prevê uma
qualificadora para aumento de pena nos casos de homicídios dolosos praticados
contra mulheres12. São considerados feminicídios os homicídios intencionais de
mulheres resultantes de violência doméstica e familiar, bem como aqueles que tiverem
por motivação o menosprezo à condição de mulher.
A Secretaria de Estado de Polícia Civil passou a registrar delitos como esses em
um campo próprio para feminicídio a partir de outubro de 2016, e, desde então, o ISP
divulga mensalmente as estatísticas deste delito. Nesta edição, o Dossiê Mulher passa
a incorporar em suas análises inclusive os registros de feminicídio cujo campo “sexo da
vítima” encontrava-se sem preenchimento ou com preenchimento incorreto por parte
da autoridade competente para fazer o registro, presumindo que todos os registros
de ocorrência tipificados como feminicídio são contra vítimas do sexo feminino, dado
que existe a verificação desta tipificação pela Corregedoria Interna da Polícia Civil.

Gráfico 6
Mulheres vítimas de feminicídio e de tentativa de feminicídio – Estado do Rio de Janeiro –
2018 (números absolutos)
40

35
35
31
30
30 29

25
25 24 24
23
Número de mulheres vítimas

20
20 19
16
15
12

10 9
8
7 7 7 7
6
5 5 5
5 4
1
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Feminicídio Tentativa de feminicídio

Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

No Gráfico 6 está apresentada a distribuição mensal dos feminicídios e de


tentativas de feminicídio do estado do Rio de Janeiro em 2018. Houve um total de

12 - O Supremo Tribunal de Justiça já deu parecer favorável alegando que o feminicídio é contra o gênero
feminino, e não somente contra o sexo feminino, categoria menos abrangente.

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30 Dossiê Mulher 2019

71 feminicídios e de 288 tentativas de feminicídio, o que representa que os casos


de feminicídio foram 20,2% do total das vítimas mulheres de homicídio doloso e as
tentativas de feminicídio foram 39,5% do total das vítimas mulheres de tentativa de
homicídio. Em 2018, em média, a cada cinco dias, pelo menos uma mulher foi vítima
de feminicídio. Também houve, em média, a cada dois dias, pelo menos uma tentativa
de feminicídio.

Tabela 7
Mulheres vítimas de feminicídio e de tentativa de feminicídio segundo a relação do autor
com a vítima e o tipo de local do fato – Estado do Rio de Janeiro – 2018 (números
absolutos e valores percentuais)
Feminicídio Tentativa de feminicídio
Distribuição Distribuição
Nº abs. Nº abs.
(%) (%)
Relação autor-vítima 71 100,0 288 100,0
Ex ou companheiros 40 56,4 183 63,5
Pais ou padrastos 0 0,0 3 1,0
Parentes 4 5,6 15 5,2
Conhecidos 0 0,0 1 0,4
Outros 2 2,8 5 1,7
Nenhuma 10 14,1 50 17,4
Não informado 15 21,1 31 10,8
Tipo de local do fato 71 100,0 288 100,0
Residência 44 62,0 152 52,8
Via pública 17 23,9 105 36,4
Interior de transporte coletivo/alternativo 1 1,4 0 0,0
Outros locais 8 11,3 25 8,7
Não informado 1 1,4 6 2,1

Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

Mais da metade dos crimes de feminicídio (56,4%) foram praticados por


companheiros ou ex-companheiros e dentro de residência (62,0%), evidenciando a
magnitude do contexto doméstico e familiar na violência contra a mulher. Via pública
é o segundo lugar em que mais ocorrem os feminicídios (23,9%).

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Dossiê Mulher 2019 31

Gráfico 7
Distribuição do perfil por cor das mulheres vítimas de feminicídio e de tentativa de
feminicídio – Estado do Rio de Janeiro – 2018 (números absolutos)

300
23
250
66
Número de vítimas mulheres

200

150 93

100
1
14
50 106
34
21
0
Tentativa de feminicídio Feminicídio

Branca Parda Preta Outras/não informado

Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

O Gráfico 7 traz a quantidade de vítimas de feminicídio e de tentativa de


feminicídio por cor no estado do Rio de Janeiro. Observa-se que para ambos os delitos
mais da metade das vítimas são negras ou pardas: elas correspondem a 68,6% das
vítimas de feminicídios e 55,2% das mulheres que sofreram tentativas de feminicídio.

3.3.1. Distribuição territorial dos feminicídios e das tentativas de feminicídio

Os dois mapas a seguir apresentam a densidade estimada dos locais de ocorrência


de feminicídios, juntamente com as tentativas de feminicídio, agrupados em uma
mesma classe, com o objetivo de facilitar a análise do fenômeno como um todo.
Assim, vemos que a distribuição espacial dos locais de ocorrência de feminicídio e
de suas formas tentadas é heterogênea e espacialmente concentrada, com focos de
concentração em diferentes áreas na Região Metropolitana, bem como no interior
do estado do Rio de Janeiro. A análise da distribuição espacial ao longo das séries
geográficas (por município, bairro, etc.), apesar de se mostrar útil para a compreensão
do problema do feminicídio, muitas vezes deixa de representar alguns detalhes úteis
ao aprimoramento do planejamento e da atuação dos agentes estatais, como no caso
do auxílio às medidas protetivas.

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32 Dossiê Mulher 2019

A concentração dos casos também não segue a lógica da baixa institucionalidade,


pois há focos de concentração tanto em locais de renda mais baixa como em locais
com melhores condições de vida. Além disso, há focos de concentração tanto em
municípios da Região Metropolitana como em municípios do interior do estado, o
que revela o caráter disseminado do fenômeno em muitos municípios do estado.
Outro aspecto importante a ser observado na análise espacial é o fato de existirem na
proximidade imediata da maior parte das áreas de maior concentração de ocorrências
de feminicídio muitas unidades de atendimento em funcionamento, o que justifica,
inclusive, a alocação das mesmas.

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Dossiê Mulher 2019 35

3.4. Lesão corporal dolosa

O terceiro delito aqui analisado no tocante à violência física diz respeito às lesões
corporais dolosas. Importante destacar que este delito é o que compreende o maior
número absoluto de vítimas dentre aqueles analisados neste Dossiê, contabilizando
63.323 vítimas ao longo do ano de 2018. Dentro deste universo, 41.344 vítimas são
mulheres.
Conforme já mencionado anteriormente neste Dossiê, excluímos os meses de
janeiro a março nas análises comparativas baseadas na série histórica anual, dado
que neste período em 2017 os registros podem ter sido impactados pelos movimentos
reivindicatórios dos policiais civis do estado do Rio de Janeiro. Assim, verificamos no
Gráfico 8 tendência de queda do número de vítimas de lesão corporal dolosa nos
últimos seis anos. A maior variação ocorreu de 2014 para 2015, com uma redução de
3.871 vítimas (-9,8%). O ano de 2018 apresenta uma redução de 4,4% em relação ao
ano anterior, o que corresponde a 1.418 vítimas.
Gráfico 8
Mulheres vítimas de lesão corporal dolosa – Estado do Rio de Janeiro – 2013 a 2018 (meses
de abril a dezembro)*

45.000
41.733
39.523
40.000
Número de mulheres vítimas de lesão corporal dolosa

35.654
35.000
32.363 32.178
30.758
30.000
-0,6%
25.000

20.000 -4,4%
-5,3%
15.000

10.000 -9,2%

5.000 -9,8%

0
2013 2014 2015 2016 2017 2018

Ano

*Dados referentes aos meses de abril a dezembro de 2013 a 2018.


Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

Em 2018, 22.175 mulheres registraram ter sofrido lesão corporal dolosa praticada
por seu companheiro ou ex-companheiro. Isto significa dizer que, por dia, pelo menos
60 mulheres foram agredidas por seus parceiros íntimos em 2018. Esta informação
é compatível com o local onde tais agressões ocorreram: a maior parte das lesões
corporais foi cometida dentro de residência (60,2%). Muitas vezes, este delito, quando
proveniente de violência doméstica e familiar, ocorre de forma bastante recorrente e
combinada com outros tipos de violência, principalmente com ameaças.

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36 Dossiê Mulher 2019

Tabela 8
Mulheres vítimas de lesão corporal dolosa segundo a relação do autor com a vítima e
o tipo de local do fato – Estado do Rio de Janeiro – 2018 (números absolutos e valores
percentuais)

Lesão corporal dolosa


Nº abs. Distribuição (%)
Relação autor-vítima 41.344 100,0
Ex ou companheiros 22.175 53,6
Pais ou padrastos 1.090 2,6
Parentes 3.093 7,5
Conhecidos 2.590 6,3
Outros 3.821 9,3
Nenhuma 7.162 17,3
Não informado 1.413 3,4
Tipo de local do fato 41.344 100,0
Residência 24.882 60,2
Via pública 9.972 24,1
Interior de transporte coletivo/alternativo 251 0,6
Outros locais 5.461 13,2
Não informado 778 1,9
Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

3.4.1 Distribuição territorial das lesões corporais dolosas de mulheres

A Tabela 9 traz em números absolutos o quantitativo das lesões corporais dolosas


nos últimos cinco anos no estado do Rio de Janeiro. Somente na capital houve
15.430 mulheres vítimas de lesão corporal dolosa (37,3%). Em 2018, 16 das 39 Áreas
Integradas de Segurança Pública do estado apresentaram redução no número de
vítimas registradas.

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Dossiê Mulher 2019 37

Tabela 9
Mulheres vítimas de lesão corporal dolosa por AISP – Estado do Rio de Janeiro – 2014 a
2018 (números absolutos)*
Área 2014 2015 2016 2017* 2018
Total 56.031 49.281 44.693 39.641 41.344
AISP 02 477 448 416 428 411
AISP 03 1.631 1.379 1.241 1.064 1.068
AISP 04 858 683 671 542 504
AISP 05 762 613 627 528 540
AISP 06 764 603 539 492 587
AISP 07 2.817 2.527 2.400 2.011 1.628
AISP 08 1.591 1.097 919 824 835
AISP 09 1.947 1.713 1.623 1.356 1.181
AISP 10 1.150 1.095 1.036 961 984
AISP 11 1.097 1.039 916 938 869
AISP 12 1.986 1.987 1.912 1.655 1.765
AISP 14 2.280 2.088 1.618 1.733 1.681
AISP 15 3.106 2.599 2.300 2.162 2.469
AISP 16 1.290 922 946 774 751
AISP 17 531 501 441 338 389
AISP 18 2.168 1.975 1.584 1.727 1.886
AISP 19 543 451 350 324 295
AISP 20 4.208 3.680 3.196 2.937 3.625
AISP 21 1.728 1.616 1.313 1.090 1.271
AISP 22 721 608 575 485 397
AISP 23 659 512 398 347 333
AISP 24 2.253 1.936 1.599 1.377 1.408
AISP 25 2.136 2.109 1.844 1.432 1.674
AISP 26 879 811 844 903 861
AISP 27 2.136 1.958 1.917 1.668 2.013
AISP 28 1.252 1.199 1.123 827 923
AISP 29 825 713 839 666 661
AISP 30 710 705 786 687 751
AISP 31 1.004 922 881 783 812
AISP 32 1.409 1.461 1.219 1.196 1.130
AISP 33 916 880 804 673 729
AISP 34 1.397 1.138 1.061 975 1.023
AISP 35 1.387 1.182 1.055 821 805
AISP 36 493 379 397 357 354
AISP 37 844 646 628 643 487

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38 Dossiê Mulher 2019

Área 2014 2015 2016 2017* 2018


AISP 38 757 617 623 466 509
AISP 39 1.547 1.180 1.183 996 1.154
AISP 40 2.253 2.029 1.733 1.481 1.528
AISP 41 1.519 1.280 1.136 974 1.053

*Dados sujeitos a impacto dos movimentos reivindicatórios dos policiais civis de janeiro a março de 2017.
Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

De acordo com a distribuição territorial das taxas de lesão corporal dolosa vista
nos mapas a seguir, observamos que o alto volume de registros deste delito se reflete
nas taxas por 100 mil mulheres residentes, com taxas superiores a 667,3 em alguns
municípios. Quando observamos o Mapa 7, focado na Região Metropolitana, é possível
observar que os municípios com as menores taxas são Itaboraí, São Gonçalo e Tanguá.
No interior do estado (Mapa 8), os municípios do Noroeste Fluminense apresentam as
taxas mais altas, o que pode ser explicado também pelos quantitativos populacionais
mais baixos encontrados nessas cidades.

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Dossiê Mulher 2019 41

4. VIOLÊNCIA SEXUAL

A violência sexual corresponde a qualquer contato de natureza sexual não


consentido, tentado ou consumado, ou a qualquer ato contra a sexualidade de uma
pessoa, por meio de intimidação, ameaça, coação, uso de força ou aproveitamento de
uma condição de vulnerabilidade, podendo ser perpetrado por qualquer pessoa em
qualquer ambiente.
Assim como em outros países, no Brasil a questão da violência sexual ainda se
trata de tema obscurecido socialmente, pois, em geral, termina envolvendo exposição
e julgamento moral das vítimas pela opinião pública, o que contribui para que esses
crimes sejam ainda pouco denunciados. Há entraves de diversas naturezas que tornam
esse tipo de violência difícil de ser denunciado por suas vítimas. Portanto, fatores
como vergonha, medo de ser desacreditada e o sentimento de humilhação são muito
comuns para que isso ocorra.
Cabe ainda destacar que apenas em 2009 o estupro passou a ser considerado como
crime contra a dignidade sexual, pois, até então, segundo o ordenamento jurídico
brasileiro, estupro fazia parte do rol dos crimes contra os costumes. Isso sinaliza em
qual sentido, até aquele momento, legalmente se direcionava a proteção do bem
jurídico, nesse caso o comportamento sexual das pessoas perante a sociedade. Assim,
com a mudança do Código Penal em 2009 (Lei nº 12.01513) e o reconhecimento da
existência de uma dignidade sexual, a liberdade sexual passa a ter caráter individual
como elemento constitutivo da dignidade humana.
Portanto, nesta seção, foram agrupados na categoria de violência sexual os
seguintes delitos: estupro e tentativa de estupro (Lei nº 12.015, de 7 de agosto de
2009), assédio sexual (Lei nº 10.224, de 15 de maio de 2001), importunação ofensiva
ao pudor (Lei das Contravenções Penais) e ato obsceno (tipificado pelo artigo 233
do Código Penal Brasileiro como: “[...] a prática de ato obsceno em lugar público, ou
aberto ou exposto ao público”).

13 - Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm>. Último


acesso em março de 2019.

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42 Dossiê Mulher 2019

Tabela 10
Mulheres vítimas de violência sexual segundo delitos analisados – Estado do Rio de Janeiro
– 2017 e 2018 (números absolutos e taxa por 100 mil mulheres)*
Taxa por 100
Nº de mulheres Nº de mulheres
mil mulheres
vítimas (2017)* vítimas (2018)
residentes (2018)
Estupro 4.173* 4.543 50,6
Tentativa de estupro 356* 308 3,4
Assédio sexual 125* 150 1,7
Importunação ofensiva ao pudor 595* 638 7,1
Ato obsceno 194* 193 2,2
*Dados sujeitos a impacto dos movimentos reivindicatórios dos policiais civis de janeiro a março de 2017.
Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

A Tabela 10 apresenta as mulheres vítimas de violência sexual cujas ocorrências


foram registradas em 2017 e 2018. Esta seção é especialmente importante já que a
violência sexual é o tipo de violência que proporcionalmente mais atinge as mulheres:
no universo dos diferentes crimes sexuais aqui tratados, as mulheres representam
entre 80% e 90% do total de vítimas.

4.1. Estupro

Os crimes de estupro representaram proporcionalmente a maior parcela da


violência sexual registrada no estado do Rio de Janeiro em 2018, correspondendo a
71,6% dos crimes de natureza sexual analisados nesta edição. Em 2018, foram 4.543
mulheres vítimas de estupro em todo o estado.

Tabela 11
Mulheres vítimas de estupro – Estado do Rio de Janeiro – 2014 a 2018*

Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total

2014 475 463 381 389 362 356 372 377 406 397 387 360 4.725
2015 402 309 377 350 291 333 355 374 328 329 338 342 4.128
2016 351 285 323 366 313 310 332 331 363 348 338 353 4.013
2017* 352 263 349 315 350 320 317 359 387 428 401 332 4.173
2018 348 388 381 365 396 362 358 361 428 418 356 382 4.543

*Dados sujeitos a impacto dos movimentos reivindicatórios dos policiais civis de janeiro a março de 2017.
Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

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Dossiê Mulher 2019 43

A Tabela 11 mostra a evolução mensal do número de vítimas de estupro de 2014 a


2018. De acordo com estes dados, nos últimos cinco anos o estado do Rio de Janeiro
somou 21.582 mulheres vítimas de estupro.

Gráfico 9
Mulheres vítimas de estupro – Estado do Rio de Janeiro – 2013 a 2018 (meses de abril a
dezembro)*
4.000
3.624
3.500 3.406 3.426
3.209
3.040 3.054
3.000 6,8%
Número de mulheres vítimas de estupro

5,1%
2.500

0,5%
2.000

1.500
-6,0%
1.000

500
-10,7%
0
2013 2014 2015 2016 2017 2018
Ano

*Dados referentes aos meses de abril a dezembro de 2013 a 2018.


Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

Por conta da necessidade de analisar o comportamento dos registros de vítimas


de estupro em períodos mais longos, e por questões metodológicas, nesta edição do
Dossiê Mulher, como dito, optamos por análises comparativas excluindo os meses de
janeiro a março. Dessa forma, o Gráfico 9 demonstra que entre os meses de abril a
dezembro do ano de 2013 para 2014 houve redução de 6,0%, e de 2014 para 2015 a
redução foi de 10,7%. Por outro lado, os anos subsequentes apresentaram aumentos
sucessivos: de 2016 para 2017 houve aumento de 5,1% do total de registros de
mulheres vítimas de estupro no período considerado, enquanto de 2017 para 2018 tal
aumento foi de 6,8%.

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44 Dossiê Mulher 2019

Tabela 12
Mulheres vítimas de estupro segundo a relação do autor com a vítima e o tipo de local do
fato – Estado do Rio de Janeiro – 2018 (números absolutos e valores percentuais)
Estupro
Nº abs. Distribuição (%)
Relação autor-vítima 4.543 100,0
Ex ou companheiros 440 9,7
Pais ou padrastos 779 17,2
Parentes 511 11,2
Conhecidos 305 6,7
Outros 853 18,8
Nenhuma 1.226 27,0
Não informado 429 9,4
Tipo de local do fato 4.543 100,0
Residência 3.265 71,9
Via pública 419 9,2
Interior de transporte coletivo/alternativo 30 0,7
Outros locais 577 12,7
Não informado 252 5,5

Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

Em 2018, o interior de residência figurou em 71,9% dos casos de estupro de


mulheres no Rio de Janeiro, corroborando com a ideia de que as mulheres estão mais
vulneráveis à violência sexual no âmbito privado do que nos espaços públicos. Ou
seja, de cada dez estupros ocorridos no estado em 2018, sete foram praticados em
casa. Esta face da violência sexual também é confirmada pelo fato de que pelo menos
44,8% dos autores deste delito são pessoas muito próximas às vítimas (companheiros,
ex-companheiros, pais, padrastos, parentes, conhecidos).
Assim, pelo menos 1.290 mulheres (28,3%) foram vítimas de pais, padrastos ou
parentes, ou seja, pessoas do âmbito familiar; e 440 mulheres (9,7%) foram abusadas
sexualmente por seus companheiros ou ex-companheiros.
Percebe-se que a maior parcela dos casos não se refere a pessoas absolutamente
desconhecidas, mas, sim, a pessoas que de alguma forma participam do universo
relacional das vítimas. Este é um dado recorrente nas estatísticas deste tipo de crime
e que também contribui para o silêncio das vítimas e consequente subnotificação dos
casos de estupro.

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Dossiê Mulher 2019 45

4.1.1. Distribuição territorial dos estupros de mulheres

A Tabela 13 traz, em números absolutos, o quantitativo de estupros registrados


no estado do Rio de Janeiro nos últimos cinco anos. A observação dos delitos contra
a mulher, por AISP, pode nos dar indicativos acerca do desempenho de cada área ante
ao enfrentamento da violência contra a mulher.
Conforme a Tabela 13, em linhas gerais, 29 das 39 Áreas Integradas de Segurança
Pública do estado apresentaram aumento de registros de mulheres vítimas de estupro
de 2017 para 2018.

Tabela 13
Mulheres vítimas de estupro por AISP – estado do Rio de Janeiro – 2014 a 2018 (números
absolutos)*
Área 2014 2015 2016 2017* 2018
Total 4.725 4.128 4.013 4.173 4.543
AISP 02 33 34 36 30 37
AISP 03 98 70 89 88 95
AISP 04 36 31 62 32 34
AISP 05 37 39 50 71 40
AISP 06 48 47 33 43 46
AISP 07 262 205 199 218 229
AISP 08 192 168 131 134 156
AISP 09 159 121 111 106 83
AISP 10 122 98 94 96 107
AISP 11 75 79 76 89 74
AISP 12 205 162 188 151 175
AISP 14 168 135 115 118 129
AISP 15 242 221 236 273 306
AISP 16 77 73 67 63 69
AISP 17 20 28 33 38 48
AISP 18 168 134 111 123 149
AISP 19 25 22 30 27 21
AISP 20 428 375 353 322 381
AISP 21 135 113 120 122 126
AISP 22 45 43 51 57 51
AISP 23 38 28 26 29 24
AISP 24 235 171 124 148 172
AISP 25 237 196 267 192 215
AISP 26 60 73 73 118 118
AISP 27 170 207 169 205 235
AISP 28 98 89 57 101 102

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46 Dossiê Mulher 2019

Área 2014 2015 2016 2017* 2018


AISP 29 72 65 75 62 91
AISP 30 49 65 73 77 119
AISP 31 67 64 85 74 85
AISP 32 195 105 146 159 160
AISP 33 118 117 86 82 97
AISP 34 115 93 87 128 151
AISP 35 122 132 99 91 121
AISP 36 23 22 21 52 28
AISP 37 62 48 47 56 69
AISP 38 44 62 68 54 39
AISP 39 145 115 97 97 107
AISP 40 170 192 148 146 171
AISP 41 130 86 80 101 83

*Dados sujeitos a impacto dos movimentos reivindicatórios dos policiais civis de janeiro a março de 2017.
Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

Em termos proporcionais, as regiões que compreendem a capital (30,8%) e interior


(32,9%), juntas, concentraram 63,7% dos registros de vítimas de estupro em 2018.
Enquanto os municípios da Baixada Fluminense e da Grande Niterói somaram 27,4%
e 8,9%, respectivamente.
Nos mapas a seguir vemos a distribuição das taxas de estupro por grupo de 100 mil
mulheres residentes em cada município. No Mapa 9 vemos os municípios da Região
Metropolitana, região na qual três cidades se destacam com relação à taxa de estupro:
Guapimirim, Magé e Tanguá. Já no interior, as regiões do Norte e Noroeste fluminenses
apresentam as maiores taxas de estupro do ano de 2018 (Mapa 10).

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Dossiê Mulher 2019 49

4.2. Tentativa de estupro

A configuração jurídica dos casos de tentativa de estupro se apresenta como


algo complexo, sobretudo ao considerarmos que a atual definição de estupro prevê o
constrangimento mediante violência ou grave ameaça para que a vítima (homem ou
mulher) pratique ou permita que com ela se pratique conjunção carnal ou qualquer
outro ato libidinoso.
Portanto, não havendo mais a necessidade de existência de “conjunção carnal” como
elemento do tipo, outros atos ou práticas de natureza libidinosa podem configurar
o próprio estupro em si, e não meramente atos preparatórios ou antecedentes. O
que, nesses termos, sugere dificultar a identificação do limite entre a tentativa e a
consumação.
Entretanto, juridicamente o tipo penal estupro admite a tentativa. Isto porque o
crime também se constitui em distintas fases até sua consumação, no decorrer das
quais pode haver interrupção por motivos alheios à vontade do agressor. Portanto,
cabe à autoridade policial a análise e adequação da conduta à tipificação penal.

Tabela 14
Mulheres vítimas de tentativa de estupro – Estado do Rio de Janeiro – 2014 a 2018*

Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total

2014 54 65 57 43 45 44 49 39 52 48 48 42 586
2015 35 40 50 46 45 30 44 50 29 29 39 47 484
2016 25 28 42 31 29 27 33 22 38 41 40 31 387
2017* 25 23 26 27 42 32 25 28 36 35 25 32 356
2018 29 22 27 22 33 26 20 22 32 17 29 29 308

*Dados sujeitos a impacto dos movimentos reivindicatórios dos policiais civis de janeiro a março de 2017.
Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

A Tabela 14 apresenta os números mensais de tentativas de estupro de mulheres


registradas no estado do Rio de Janeiro nos últimos cinco anos e, de acordo com os
mesmos, em média houve uma tentativa de estupro registrada por dia no estado, o
que totaliza 2.121 vítimas entre 2014 e 2018.

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50 Dossiê Mulher 2019

Gráfico 10
Mulheres vítimas de tentativa de estupro – Estado do Rio de Janeiro – 2013 a 2018 (meses
de abril a dezembro)*
450
410
398
400
359
3,0%
Número e mulheres vítimas de tentativa de estupro

350

300 292
282

250 230

200 -3,4%

150

100 -12,4%

50
-18,7% -18,4%

0
2013 2014 2015 2016 2017 2018
Ano

*Dados referentes aos meses de abril a dezembro de 2013 a 2018.


Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

Por questões metodológicas, como já mencionado, optamos por análises


comparativas dos registros de tentativa de estupro excluindo os meses de janeiro
a março. Nesse sentido, o Gráfico 10 demonstra tendência de queda do número
de vítimas de tentativa de estupro desde 2015. De 2017 para 2018 a queda foi
especialmente significativa: durante o período considerado houve redução de 18,4%
dos registros deste delito.

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Dossiê Mulher 2019 51

Tabela 15
Mulheres vítimas de tentativa de estupro segundo a relação do autor com a vítima e o
tipo de local do fato – Estado do Rio de Janeiro – 2018 (números absolutos e valores
percentuais)
Tentativa de Estupro
Nº abs. Distribuição (%)
Relação autor-vítima 308 100,0
Ex ou companheiros 48 15,6
Pais ou padrastos 16 5,2
Parentes 19 6,2
Conhecidos 40 13,0
Outros 33 10,7
Nenhuma 123 39,9
Não informado 29 9,4
Tipo de local do fato 308 100,0
Residência 175 56,8
Via pública 78 25,3
Interior de transporte coletivo/alternativo 4 1,3
Outros locais 41 13,3
Não informado 10 3,3

Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

As tentativas de estupro, no que se refere à relação das vítimas com os acusados,


também apresentam perfil diferenciado em relação aos estupros consumados. Nas
tentativas, de acordo com os dados, a maior parte dos autores não possuía qualquer
tipo de relação como as vítimas (39,9%).
Porém, nestes casos o percentual de companheiros e ex-companheiros também
é significativo, somando 15,6% dos autores. Ou seja, parcela considerável dos
que tentaram, por algum motivo alheio à sua vontade, não conseguiram estuprar
companheiras ou ex-companheiras. Isso sinaliza para o fato de que em relacionamentos
estáveis ou desfeitos a violência sexual também pode ocorrer, tal como enuncia a Lei
Maria da Penha.
Em relação ao tipo de local do fato, mais da metade das tentativas de estupro
(56,8%) ocorreu em residência, assim como nos mostram os dados sobre estupros
consumados.

4.2.1. Distribuição territorial das tentativas de estupro de mulheres

A Tabela 16 apresenta, em números absolutos, o quantitativo de tentativas de

Instituto de Segurança Pública


52 Dossiê Mulher 2019

estupro registrado nos últimos cinco anos. Como para os outros crimes analisados
neste Dossiê Mulher, a observação dos delitos contra a mulher por AISP pode nos dar
indicativos acerca do desempenho de cada área ante ao enfrentamento da violência
contra a mulher.
Conforme a Tabela 16, em linhas gerais, 14 das 39 Áreas Integradas de Segurança
Pública do estado apresentaram aumento de registros de mulheres vítimas de tentativa
de estupro de 2017 para 2018.

Tabela 16
Mulheres vítimas de tentativa de estupro por AISP – Estado do Rio de Janeiro – 2014 a
2018 (números absolutos)*
Área 2014 2015 2016 2017* 2018
Total 586 484 387 356 308
AISP 02 5 4 5 8 5
AISP 03 13 13 8 8 7
AISP 04 9 7 11 5 4
AISP 05 6 2 10 3 6
AISP 06 9 2 0 4 5
AISP 07 29 28 17 17 7
AISP 08 12 17 13 9 8
AISP 09 15 22 13 11 11
AISP 10 17 12 9 20 6
AISP 11 11 16 11 10 8
AISP 12 26 21 28 15 15
AISP 14 19 15 11 6 3
AISP 15 20 20 17 31 20
AISP 16 9 10 6 5 4
AISP 17 7 4 2 4 4
AISP 18 30 16 12 11 17
AISP 19 3 0 4 4 1
AISP 20 46 37 26 28 33
AISP 21 11 10 16 6 7
AISP 22 3 4 4 1 1
AISP 23 5 8 1 3 5
AISP 24 26 23 25 16 18
AISP 25 37 18 20 9 12
AISP 26 5 9 6 10 12
AISP 27 20 12 9 11 14
AISP 28 20 13 4 7 6
AISP 29 7 8 9 3 4

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Dossiê Mulher 2019 53

Área 2014 2015 2016 2017* 2018


AISP 30 5 11 8 7 9
AISP 31 16 11 4 8 4
AISP 32 30 14 13 18 6
AISP 33 14 17 9 8 8
AISP 34 8 14 12 16 14
AISP 35 21 15 7 4 6
AISP 36 9 4 1 3 1
AISP 37 6 12 6 2 1
AISP 38 6 3 3 1 4
AISP 39 17 12 8 8 3
AISP 40 23 13 12 11 4
AISP 41 11 7 7 5 5

*Dados sujeitos a impacto dos movimentos reivindicatórios dos policiais civis de janeiro a março de 2017.
Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

Quanto à distribuição dos registros de vítimas de tentativa de estupro


por região do estado, capital (32,5%) e Baixada Fluminense (30,8%), juntas,
concentraram 62,0% dos registros de tentativa de estupro contra mulheres em 2018.
Já os municípios do interior e da Grande Niterói somaram 29,5% e 7,1%, respectivamente.

4.3. Outros delitos sexuais

Nesta seção apresentaremos as séries históricas de outros três delitos associados


à violência sexual de mulheres: assédio sexual, importunação ofensiva ao pudor e ato
obsceno.

Assédio sexual

O assédio sexual, em princípio, se restringe conceitual e juridicamente às relações


do mundo do trabalho e, assim como nos demais tipos de violência sexual, a maior
parte das vítimas é composta por mulheres. Todavia, a tipificação do crime de assédio
sexual no Brasil ainda é recente, realizada somente em 2001.
Por definição, é assédio sexual constranger alguém com o intuito de obter
vantagem ou favorecimento sexual se prevalecendo da sua condição superior ou
ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função (CP, art. 216-A).
Para um ato ser considerado assédio sexual, não é necessário o contato físico. Há
várias condutas possíveis de assédio sexual, como, por exemplo, importunar, molestar

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54 Dossiê Mulher 2019

com perguntas ou pretensões, fazer gestos, escritas, expressões verbais, imagens


transmitidas, comentários sutis, etc.
Ainda sobre a definição do crime de assédio sexual, existem controvérsias sobre a
possibilidade de sua aplicação nos casos envolvendo a relação professor/aluno, na qual
não está presente o vínculo hierárquico de trabalho entre as partes, mas há evidente
relação de ascendência e influência. Entretanto, esta não é questão pacífica entre os
especialistas do Direito. Conforme se verifica, os números de registros são baixos: em
2018, apenas 150 mulheres denunciaram casos de assédio sexual, um aumento de 25
vítimas em relação ao ano anterior.

Tabela 17
Mulheres vítimas de assédio sexual – Estado do Rio de Janeiro – 2014 a 2018*
Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total
2014 10 12 13 11 10 10 8 10 9 13 8 6 120
2015 8 14 13 15 9 10 9 11 11 12 11 11 134
2016 8 10 15 12 5 12 12 9 14 11 12 6 126
2017* 3 1 5 16 13 15 15 5 11 13 11 17 125
2018 16 11 14 16 13 12 5 16 15 14 9 9 150
*Dados sujeitos a impacto dos movimentos reivindicatórios dos policiais civis de janeiro a março de 2017.
Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

Importunação ofensiva ao pudor

A importunação ofensiva ao pudor, em linhas gerais, se caracteriza pelos “assédios


de rua”, normalmente situações de constrangimento e importunação de modo ofensivo,
como "encoxadas", "passadas de mão" e “cantadas” em lugares públicos ou acessíveis
ao público, normalmente perpetradas por desconhecidos. É importante destacar que
as ações que popularmente costumam ser denominadas como assédio, dependendo
das circunstâncias, natureza e gravidade do fato podem, na verdade, caracterizar
diferentes crimes, tais como estupro, estupro de vulnerável, constrangimento ilegal,
ato obsceno, violação sexual mediante fraude, importunação ofensiva ao pudor,
dentre outros.
No primeiro ano da série histórica a seguir (2014), houve 695 vítimas de
importunação ofensiva ao pudor, com números decrescentes até 2016. A partir de
2016 estes números voltaram a subir, chegando ao total de 638 mulheres registrando
ocorrências sobre esta infração em 2018.

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Dossiê Mulher 2019 55

Tabela 18
Mulheres vítimas de importunação ofensiva ao pudor – Estado do Rio de Janeiro – 2014 a
2018*
Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total
2014 56 61 61 52 60 62 46 54 75 58 56 54 695
2015 50 49 56 52 47 34 44 51 47 62 72 46 610
2016 55 41 46 45 50 51 41 54 56 64 36 49 588
2017* 28 23 35 56 68 42 39 50 58 77 59 60 595
2018 62 54 74 75 61 52 55 77 75 25 14 14 638

*Dados sujeitos a impacto dos movimentos reivindicatórios dos policiais civis de janeiro a março de 2017.
Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

Ato obsceno

A inclusão dos casos de ato obsceno nesta edição visa à ampliação do espectro
de análise dos casos popularmente entendidos como “assédio sexual”, em especial
daqueles praticados contra mulheres em ambientes públicos, meios de transportes
e vias públicas. Esses, além do notório constrangimento e de caráter vexatório, são
verdadeiros atentados contra a dignidade sexual das mulheres, assim como seu direito
de ir e vir. Porém, este tipo de violência ainda é banalizado socialmente.
Como pode ser visto na tabela a seguir, o número de registros de ato obsceno vem
caindo desde 2015, chegando ao patamar de 193 registros em 2018, um a menos que
no ano anterior.

Tabela 19
Mulheres vítimas de ato obsceno – Estado do Rio de Janeiro – 2014 a 2018*
Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total
2014 38 33 17 21 22 33 27 21 31 27 21 19 310
2015 30 21 30 25 27 25 19 27 18 21 19 21 283
2016 32 22 33 23 19 22 21 13 24 12 25 24 270
2017* 7 9 5 13 15 18 7 21 25 29 22 23 194
2018 21 12 22 15 17 16 19 16 13 12 20 10 193

*Dados sujeitos a impacto dos movimentos reivindicatórios dos policiais civis de janeiro a março de 2017.
Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

Como resumo, no que se refere à violência sexual, e com base nas informações
aqui expostas, é possível afirmar que, no geral, a violência sexual contra mulheres
encontra-se majoritariamente presente nas relações íntimas e familiares. As evidências
dão conta de uma realidade na qual não são incomuns os casos de abusos sexuais
perpetrados por parentes, companheiros ou ex-companheiros. Dada esta proximidade
entre vítimas e acusados, um dos aspectos mais perversos desse tipo de agressão é
justamente a possibilidade de sua recorrência.

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56 Dossiê Mulher 2019

5. VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA
A violência psicológica é a forma mais subjetiva da violência contra a mulher,
e, por ser de difícil identificação, é largamente negligenciada, até mesmo por quem
sofre este tipo de violência, que, muitas vezes, não consegue ou demora a percebê-la,
principalmente quando vem camuflada por ciúmes ou sentimento de posse por parte
do agressor. Apesar de sua aparente invisibilidade, este tipo de violência costuma
preceder aos outros tipos, e tem o efeito de paralisar a ação da vítima.
Um dos problemas associados à violência psicológica é justamente a sua tipificação
criminal, já que no universo da violência baseada no gênero há muitos tipos de
violência de difícil conexão com algum tipo de crime.
Isto porque nem toda violência constitui crime, o que, não por isso, a torna menos
danosa e destrutiva, como, por exemplo, situações conceitualmente tratadas por
Marie-France Hirigoyen como assédio moral, as quais segundo a autora configuram
“verdadeiros assassinatos psicológicos”. Embora o assédio moral esteja paulatinamente
sendo reconhecido como um tipo de violência presente no âmbito das relações laborais
a partir da década de 1990, a autora também identifica sua recorrência nas relações
intrafamiliares.
A violência perversa nas famílias constitui uma engrenagem infernal, difícil
de ser detectada, pois tende a transmitir-se de uma geração a outra. É o
caso dos maus-tratos psicológicos que escapam muitas vezes à vigilância
dos que estão à volta, mas que produzem devastações cada vez maiores
(HIRIGOYEN, 2002, p.47)14.
Segundo o artigo 7°, inciso II, da Lei Maria da Penha, a violência psicológica é ação
ou omissão que se destina a degradar ou controlar as ações da mulher, causando-
lhe dano emocional e diminuição da sua autoestima. Ela costuma ocorrer por meio
de ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância,
perseguição, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de
ir e vir.
Portanto, os delitos relacionados à violência psicológica contemplados nesse
relatório são a ameaça e o constrangimento ilegal. Eles estão previstos no capítulo do
Código Penal que trata dos crimes contra a liberdade individual. O delito de ameaça
é tipificado no artigo 147 do Código Penal, como: “[...] ameaçar alguém, por palavra,
escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave”.
Enquanto a ameaça exerce uma ação inibitória, o constrangimento ilegal15 obriga

14 - HIRIGOYEN, Marie F. Assédio moral: a violência perversa no cotidiano. 5ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2002.
15 - Não incluiremos os dados específicos sobre constrangimento ilegal nesta publicação, mas os dados
sobre os mesmos estão disponíveis em nossa consulta interativa do Dossiê Mulher, em: <http://www.ispvi-
sualizacao.rj.gov.br/Mulher.html>.

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Dossiê Mulher 2019 57

a vítima a executar determinada conduta, podendo ser, inclusive, uma prática ilegal.
Conforme o artigo 146 do Código Penal, constrangimento ilegal consiste em:
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou
depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de
resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa (BRASIL, 1940)16.

Tabela 20
Mulheres vítimas de violência psicológica segundo delitos analisados – Estado do Rio de
Janeiro – 2017 e 2018 (números absolutos e taxa por 100 mil mulheres)*
Nº de mulheres Nº de mulheres Taxa por 100 mil mulheres
Delitos
vítimas (2017)* vítimas (2018) residentes (2018)
Ameaça 34.348* 37.423 417,1
Constrangimento ilegal 393* 404 4,5

*Dados sujeitos a impacto dos movimentos reivindicatórios dos policiais civis de janeiro a março de 2017.
Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

A Tabela 20 apresenta as mulheres vítimas de ameaça e de constrangimento


ilegal nos anos de 2017 e de 2018. Note-se que a ameaça é um tipo de crime que,
assim como lesão corporal dolosa, tem as mulheres como principais vítimas: 66,8%
do total de vítimas de ameaça em 2018. Já em relação às 404 mulheres vítimas de
constrangimento ilegal registradas em 2018, deve-se notar que isso representa
53,0% do total de vítimas, contrariando a tendência encontrada até 2017, quando as
mulheres não configuravam a maior parte das vítimas (47,5% em 2017).

5.1. Ameaça

A configuração desse crime consiste, em regra, no ato de ameaçar alguém, por


palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico de causar-lhe algum tipo
de mal. É um crime permeado, em grande parte dos casos, por aspectos subjetivos que
dificultam sua tipificação.
E, apesar disso, a ameaça é considerada, em muitos casos de violência contra a
mulher, como uma das primeiras formas de agressão: não haver ação inibidora do
agressor ou de proteção à vítima pode resultar no cumprimento do mal prometido
por meio da ameaça. Desse modo, analisar as ameaças torna-se um importante
instrumento de avaliação da atitude, por parte das vítimas, de buscar ajuda antes que
as intimidações sofridas se desdobrem em outras formas de violência.

16 - Código Penal Brasileiro. Decreto-Lei nº 2.848 de 1940. Disponível em: <https://www.jusbrasil.com.br/


topicos/10621886/artigo-146-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940>. Último acesso em
março de 2019.

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58 Dossiê Mulher 2019

Apesar das reações variarem de pessoa para pessoa, normalmente o medo e o


terror psicológico causados pela ameaça impactam a vida e a rotina das vítimas, que
passam a conviver com a constante expectativa de sofrer algum mal. Em 2017, as
mulheres representaram 65,4% do total de vítimas de ameaça no estado, já em 2018 o
percentual foi ainda maior: 66,8% das pessoas ameaçadas eram mulheres.

Tabela 21
Mulheres vítimas de ameaça – Estado do Rio de Janeiro – 2014 a 2018*
Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total
2014 5.917 5.171 5.326 4.869 4.443 4.461 4.192 4.366 4.658 4.800 4.455 4.600 57.258
2015 4.826 4.027 4.701 4.076 3.897 3.682 3.771 3.944 3.850 4.112 3.994 3.952 48.832
2016 3.736 3.794 4.025 3.548 3.251 3.245 3.380 3.402 3.566 3.621 3.393 3.473 42.434
2017* 2.579 1.019 2.137 3.194 3.097 3.063 3.028 3.122 3.158 3.576 3.214 3.161 34.348
2018 3.233 2.819 3.266 3.187 3.061 2.959 3.045 3.074 3.149 3.299 3.098 3.233 37.423

*Dados sujeitos a impacto dos movimentos reivindicatórios dos policiais civis de janeiro a março de 2017.
Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

A Tabela 21 apresenta a evolução mensal dos registros de ameaça de 2014 a


2018. De acordo com estes dados, nos últimos cinco anos o estado do Rio de Janeiro
somou 220.295 mulheres vítimas de ameaça. Dessa forma, em média, por dia, nos
últimos cinco anos foram registradas ocorrências de 120 mulheres vítimas de ameaça
no estado do Rio de Janeiro.
Números de tal magnitude sugerem os impactos dos crimes de ameaça sobre o
sistema de justiça, em especial no âmbito das varas de violência doméstica e familiar,
tendo em vista que a maior parte desses casos se trata de violência desta natureza.

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Gráfico 11
Mulheres vítimas de ameaça – Estado do Rio de Janeiro – 2013 a 2018 (meses de abril a
dezembro)*
45.000
41.008 40.844
40.000

-0,4% 35.278
35.000
Número de mulheres vítimas de ameaça

30.879
30.000 28.613
28.105

25.000 -1,8%

20.000
-7,3%
15.000

10.000
-12,5%
5.000
-13,6%
0
2013 2014 2015 2016 2017 2018

Ano

*Dados referentes aos meses de abril a dezembro de 2013 a 2018.


Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

O Gráfico 11 demonstra que em 2018, durante o período considerado, houve


redução de 1,8% dos registros deste delito em relação ao mesmo período de 2017,
ou seja, menos 508 vítimas. Vale lembrar que este comportamento de redução já se
apresentava desde 2013.

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Tabela 22
Mulheres vítimas de ameaça segundo a relação do autor com a vítima e o tipo de local do
fato – Estado do Rio de Janeiro – 2018 (números absolutos e valores percentuais)
Ameaça
Nº abs. Distribuição (%)
Relação autor-vítima 37.423 100,0
Ex ou companheiros 19.056 50,9
Pais ou padrastos 564 1,5
Parentes 2.895 7,7
Conhecidos 3.186 8,5
Outros 3.547 9,5
Nenhuma 6.733 18,0
Não informado 1.442 3,9
Tipo de local do fato 37.423 100,0
Residência 23.003 61,5
Via pública 6.668 17,8
Interior de transporte coletivo/alternativo 89 0,2
Outros locais 6.880 18,4
Não informado 783 2,1

Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

A Tabela 22 indica que mais da metade das vítimas de ameaça, 50,9% ou 19.056
mulheres, sofreram algum tipo de ameaça por parte de seus companheiros ou ex-
companheiros em 2018. Isto significa dizer que, em média, por dia houve 52 registros
de mulheres ameaçadas por companheiros ou ex-companheiros em todo o estado.
Se a esse percentual somarmos pais, padrastos, parentes e conhecidos, chegamos a
68,6% dos casos registrados. Ou seja, mulheres são muito mais ameaçadas por pessoas
próximas ou conhecidas.
Quanto ao tipo de local de ocorrência do fato, a residência aparece como a principal
localidade onde as ameaças ocorreram em 2018, figurando em 61,5% dos casos.

5.1.1. Distribuição territorial das ameaças de mulheres

A Tabela 23 traz, em números absolutos, a quantidade de ameaças contra


mulheres registradas nos últimos cinco anos por AISP. No geral, 28 AISP apresentaram
aumento no número de registros de mulheres vítimas de ameaça de 2017 para 2018.
Este panorama é distinto daquele encontrado em 2017, quando, excetuando-se a AISP
26, as demais 38 AISP apresentaram redução no número de registros do mesmo delito
em relação ao ano anterior.

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Dossiê Mulher 2019 61

Tabela 23
Mulheres vítimas de ameaça por AISP – Estado do Rio de Janeiro – 2014 a 2017 (números
absolutos)*
Área 2014 2015 2016 2017* 2018
Total 57.258 48.832 42.434 34.348 37.423
AISP 02 467 401 427 402 381
AISP 03 1.595 1.333 1.090 910 959
AISP 04 713 535 538 421 345
AISP 05 663 514 535 487 441
AISP 06 716 602 519 501 579
AISP 07 3.768 2.727 2.433 1.832 1.561
AISP 08 1.687 1.152 921 730 830
AISP 09 1.933 1.632 1.435 1.081 988
AISP 10 1.225 1.172 970 838 1.099
AISP 11 1.499 1.411 1.128 802 874
AISP 12 2.099 1.987 1.697 1.645 1.532
AISP 14 2.247 1.956 1.382 1.325 1.361
AISP 15 2.708 2.434 1.988 1.653 2.166
AISP 16 1.192 782 783 645 715
AISP 17 604 403 339 272 324
AISP 18 2.559 2.203 1.855 1.387 1.817
AISP 19 478 421 342 295 256
AISP 20 4.473 3.668 2.935 2.386 2.867
AISP 21 1.695 1.428 1.175 915 1.041
AISP 22 626 433 456 469 363
AISP 23 531 377 330 298 265
AISP 24 2.225 1.910 1.424 1.024 1.180
AISP 25 2.298 2.201 1.990 1.387 1.517
AISP 26 811 783 807 959 931
AISP 27 1.972 1.791 1.617 1.391 1.767
AISP 28 1.518 1.347 1.228 858 954
AISP 29 786 735 906 710 844
AISP 30 655 825 875 703 833
AISP 31 1.183 996 929 734 769
AISP 32 1.659 1.409 1.367 1.078 1.091
AISP 33 941 954 679 606 683
AISP 34 1.237 936 868 744 777
AISP 35 1.428 1.267 939 679 745
AISP 36 550 421 406 374 419
AISP 37 947 771 733 596 584

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Área 2014 2015 2016 2017* 2018


AISP 38 764 757 750 460 537
AISP 39 1.263 1.031 934 823 992
AISP 40 2.263 2.061 1.708 1.179 1.243
AISP 41 1.280 1.066 996 749 793

*Dados sujeitos a impacto dos movimentos reivindicatórios dos policiais civis de janeiro a março de 2017.
Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

Em termos proporcionais, as regiões que compreendem o interior do estado (31,9%)


e a capital (35,7%), juntas, concentraram 67,6% dos registros de mulheres vítimas de
ameaça em 2018. Enquanto os municípios da Baixada Fluminense e da Grande Niterói
somaram 24,1% e 8,3%, respectivamente.
Os mapas a seguir se referem aos crimes englobados no escopo da violência
psicológica desta edição. A escolha metodológica aqui realizada foi a de privilegiar
a análise do amplo fenômeno da violência psicológica como um todo, ao invés de
focar separadamente nos delitos que a compõem. Dessa forma, podemos observar no
Mapa 11 a distribuição por município das taxas de violência psicológica na Região
Metropolitana. A capital aparece com taxa semelhante àquelas encontradas em outras
cidades da Baixada Fluminense, com destaque para Paracambi, Guapimirim e Maricá.
No que se refere ao interior do estado, novamente vemos municípios das regiões Norte
e Noroeste fluminenses com as mais altas taxas de violência psicológica (Mapa 12).

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Dossiê Mulher 2019 65

No geral, podemos afirmar que a Lei Maria da Penha contribuiu enormemente para
a ampliação do entendimento da violência contra a mulher. Ao tipificar a violência
psicológica, esta agressão – tradicionalmente banalizada – passa a ganhar mais
atenção e gerar mais preocupação em torno de suas consequências, para o bem-estar e
integridade das vítimas. O efeito cumulativo do sofrimento psíquico pode desencadear
patologias psicossomáticas, sendo muito comum nos casos sistemáticos de violência
doméstica e familiar a depressão, doença, inclusive, de espectro incapacitante.
A violência psicológica consubstanciada nos casos de ameaça e de constrangimento
ilegal, para além do terror psicológico dirigido às vítimas, pode ser, pois, um prenúncio
de uma violência mais gravosa e irreparável. Dessa forma, estes delitos, quando
comunicados às autoridades competentes, não obstante às questões de subjetividade,
devem ser depositários de uma grande atenção de caráter preventivo contra uma
possível conduta por parte do agressor.  

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66 Dossiê Mulher 2019

6. VIOLÊNCIA MORAL

A violência moral está relacionada a ferir a dignidade da vítima, ridicularizando-a,


com o objetivo de atacar sua reputação ou autoestima. Apesar de não deixar marcas
físicas, a agressão com palavras, principalmente quando recorrente, é capaz de causar
grave dano social e emocional, com consequências sérias tanto para a saúde como
para a sociabilidade da vítima.
Este tipo de violência é muito comum em relacionamentos abusivos, ambientes de
trabalho e no mundo virtual. As mulheres são o principal alvo deste tipo de violência:
no estado do Rio de Janeiro 72,4% do total de vítimas são mulheres.
A seguir, apresentaremos três crimes tipificados pelo Código Penal Brasileiro que
se encaixam no arcabouço da violência moral: calúnia (artigo 138), difamação (artigo
139) e injúria (artigo 140). A calúnia consiste em imputar falsamente a alguém o
cometimento de um crime; a difamação ocorre quando alguém é acusado da autoria
de um ato desonroso, mas não criminoso. Já o crime de injúria não envolve terceiros, e
é caracterizado quando o agressor diz algo ofensivo (xingamento) apenas para vítima.

Tabela 24
Mulheres vítimas de violência moral segundo delitos analisados – Estado do Rio de Janeiro
– 2017 e 2018 (números absolutos e taxa por 100 mil mulheres)*
Nº de mulheres vítimas Nº de mulheres Taxa por 100 mil mulheres
Delitos
(2017)* vítimas (2018) residentes (2018)
Calúnia 1.579* 1.725 19,2
Difamação 3.082* 3.357 37,4
Injúria 21.602* 24.583 274,0

*Dados sujeitos a impacto dos movimentos reivindicatórios dos policiais civis de janeiro a março de 2017.
Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

De acordo com as informações contidas na Tabela 24, vemos que em 2018, no


estado do Rio de Janeiro, 29.665 mulheres fizeram registro de violência moral. A
maior parte desta violência é composta pelo delito de injúria (82,8%). Foram 24.583
mulheres vítimas de injúria, 3.357 vítimas de difamação e 1.725 vítimas de calúnia. Por
dia, pelo menos 81 mulheres registraram algum tipo de violência moral no estado do
Rio de Janeiro em 2018.

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Tabela 25
Mulheres vítimas de violência moral segundo a relação do autor com a vítima e o tipo de
local do fato – Estado do Rio de Janeiro – 2018 (números absolutos e valores percentuais)
Ameaça
Nº abs. Distribuição (%)
Relação autor-vítima 29.665 100,0
Ex ou companheiros 10.823 36,5
Pais ou padrastos 342 1,2
Parentes 2.000 6,7
Conhecidos 3.670 12,4
Outros 3.661 12,3
Nenhuma 7.399 24,9
Não informado 1.770 6,0
Tipo de local do fato 29.665 100,0
Residência 15.738 53,1
Via pública 4.965 16,7
Interior de transporte coletivo/alternativo 128 0,4
Outros locais 8.093 27,3
Não informado 741 2,5

Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

Conforme a Tabela 25, a residência foi o tipo de local em que mais ocorreu
a violência moral (53,1%). O maior percentual dos acusados foi composto por
companheiros ou ex-companheiros. Pessoas próximas à vítima (conhecidos, parentes,
pais, padrastos, companheiros e ex-companheiros) representaram 56,8% dos autores
deste tipo de violência.

6.1. Distribuição territorial da violência moral

Da mesma forma apresentada na seção anterior com relação à violência psicológica,


nesta seção agrupamos os delitos concernentes à violência moral para a confecção
dos mapas a seguir. Dessa forma, no Mapa 13 podemos ver cinco municípios com as
maiores taxas de violência moral da Região Metropolitana: Paracambi, Seropédica,
Cachoeiras de Macacu, Niterói e Maricá. No interior do estado, vemos que os municípios
com populações menores apresentam as maiores taxas desse tipo de violência (Mapa
14).

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70 Dossiê Mulher 2019

7. VIOLÊNCIA PATRIMONIAL

A violência patrimonial é uma das faces ainda pouco visibilizadas da violência de


gênero. Este tipo de violência é bastante comum quando a mulher manifesta o desejo
de romper a relação, e o agressor, como forma de punição ou coerção, destrói ou
subtrai objetos pessoais ou documentos da vítima ou até mesmo dos filhos.
Conforme os dados da Tabela 26, em 2018, 2.743 mulheres foram vítimas de
dano, 2.223 mulheres tiveram seu domicílio violado e 364 tiveram algum documento
suprimido, destruído ou ocultado.

Tabela 26
Mulheres vítimas de violência patrimonial segundo delitos analisados – Estado do Rio de
Janeiro – 2017 e 2018 (números absolutos e taxa por 100 mil mulheres)*
Nº de mulheres Nº de mulheres Taxa por 100 mil mulheres
Delitos
vítimas (2017)* vítimas (2018) residentes (2018)
Dano 2.383* 2.743 30,6
Violação de domicílio 1.973* 2.223 24,8
Supressão de documentos 369* 364 4,1

*Dados sujeitos a impacto dos movimentos reivindicatórios dos policiais civis de janeiro a março de 2017.
Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

De acordo com a Tabela 27, a violação patrimonial é, em grande parte, marcada


pela autoria dos parceiros íntimos, assim como nas demais violências já tratadas neste
Dossiê. Companheiros e ex-companheiros correspondem a 41,9% dos perpetradores
de violência patrimonial contra mulheres. Quando somados estes aos pais, padrastos,
parentes e conhecidos, obtemos que 59,1% dos autores da violência patrimonial são
pessoas próximas à vítima.

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Dossiê Mulher 2019 71

Tabela 27
Mulheres vítimas de violência patrimonial segundo a relação do autor com a vítima e o
tipo de local do fato – Estado do Rio de Janeiro – 2018 (números absolutos e valores
percentuais)
Ameaça
Nº abs. Distribuição (%)
Relação autor-vítima 5.330 100,0
Ex ou companheiros 2.231 41,9
Pais ou padrastos 53 1,0
Parentes 429 8,0
Conhecidos 435 8,2
Outros 585 11,0
Nenhuma 1.196 22,4
Não informado 401 7,5
Tipo de local do fato 5.330 100,0
Residência 4.143 77,7
Via pública 491 9,2
Interior de transporte coletivo/alternativo 94 1,8
Outros locais 518 9,7
Não informado 84 1,6

Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

7.1. Distribuição territorial da violência patrimonial

Aqui também apresentaremos mapas relativos à agregação dos delitos no escopo


da violência patrimonial (dano, violação de domicílio e supressão de documentos). O
objetivo aqui é um melhor entendimento do fenômeno da violência patrimonial em
detrimento de uma análise focada somente em cada um dos delitos separadamente.
Nos mapas a seguir, portanto, pode-se observar que na Região Metropolitana os
municípios de Maricá e Paracambi são aqueles que apresentam as mais altas taxas
de violência patrimonial (Mapa 15). No que se refere a esse tipo de violência no
interior do estado, vemos municípios com populações pequenas dentre aqueles com
as maiores taxas, como Mangaratiba, São Sebastião do Alto, Carmo, Itaocara e Italva
(Mapa 16).

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74 Dossiê Mulher 2019

8. APLICAÇÃO DA LEI MARIA DA PENHA


(LEI N° 11.340/06)

A Lei Maria da Penha é um grande marco jurídico na transformação da sociedade


brasileira. Ela trouxe não só a perspectiva da responsabilização dos agressores, mas
também o caráter protetivo e educativo no enfrentamento à violência contra a mulher.
Porém, ainda observamos números bastante elevados deste problema tão presente no
cotidiano de muitos lares brasileiros.
Nesta edição apresentamos uma seção especial para tratar exclusivamente da
incidência da Lei Maria da Penha nos delitos abordados pelo Dossiê Mulher, ao invés
de analisar por grupo de violência, como feito anteriormente. Esta abordagem permite
identificar e refletir sobre os delitos mais presentes na violência doméstica e familiar.

Gráfico 12
Delitos mais registrados com a qualificadora da Lei Maria da Penha – Estado do Rio de
Janeiro – 2018 (valores percentuais)

Lesão corporal dolosa 64,5% 35,5%

Ameaça 61,2% 38,8%

Supressão de documentos 54,9% 45,1%

Dano 54,4% 45,6%

Injúria 50,4% 49,6%

0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% 80,0% 90,0% 100,0%

Lei Maria da Penha (11.340/05) Outras legislações

Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

O Gráfico 12 mostra os cinco delitos proporcionalmente mais registrados com a


qualificadora de violência doméstica e familiar. Do total das vítimas de lesão corporal
dolosa contra mulheres, 64,5% das vítimas fizeram o registro da agressão nos termos
da Lei Maria da Penha. Ameaça foi o segundo delito mais registrado como violência
doméstica e familiar (61,2%), seguida de supressão de documentos (54,9%), dano
(54,4%) e injúria (50,4%).

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Dossiê Mulher 2019 75

Quando observamos os números absolutos dos delitos mais registrados por


mulheres que foram vítimas de algum tipo de violência doméstica e familiar, notamos
que agressões físicas, ameaças e xingamentos são destacadamente os comportamentos
mais recorrentes no contexto da violência doméstica e familiar. A violência sexual
também está bastante presente nos lares: somente em 2018 foram registradas 1.757
vítimas de estupro qualificado com a Lei Maria da Penha. Ou seja, no estado do Rio
de Janeiro, por dia, pelo menos quatro mulheres foram violentadas por alguém da
própria família.

Gráfico 13
Delitos mais registrados com a qualificadora da Lei Maria da Penha – Estado do Rio de
Janeiro – 2018 (números absolutos)

Lesão corporal dolosa 26.673

Ameaça 22.893
Número de mulheres vítimas

Injúria 12.395

Estupro 1.757

Dano 1.493

0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000

Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

O feminicídio é a face mais extrema da violência doméstica e familiar. Desde março


de 2015 o ordenamento jurídico brasileiro passou a contar com a Lei n° 13.104, que
estabelece o feminicídio também como circunstância qualificadora do homicídio
doloso em que estejam presentes as condicionantes da Lei Maria da Penha.
Assim, no Gráfico 14 vemos a qualificação legal dos registros de homicídios
dolosos e de tentativas de homicídio no que tange à Lei Maria da Penha. Do total
das tentativas de homicídio contra mulheres no estado do Rio de Janeiro, 39,0% se
referem ao contexto doméstico e familiar. Já com relação aos homicídios consumados,
somente em 2018, 53 mulheres foram mortas em circunstâncias enquadradas pela Lei
Maria da Penha.

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76 Dossiê Mulher 2019

Gráfico 14
Qualificação legal dos registros de mulheres vítimas de homicídio e de tentativa de
homicídio – Estado do Rio de Janeiro (números absolutos e valores percentuais)

Lesão corporal dolosa 64,5% 35,5%

Tentativa de homicídio 284 (39,0%) 445 (61,0%)

Ameaça 61,2% 38,8%


Número de mulheres vítimas

Supressão de documentos 54,9% 45,1%

Dano 53 54,4% 45,6%


Homicídio doloso 297 (84,9%)
(15,1%)

Injúria 50,4% 49,6%

00,0% 100
10,0% 20,0% 200 30,0% 300
40,0% 50,0%400 60,0% 500
70,0% 600
80,0% 90,0% 700100,0%

Lei Maria da Penha (11.340/05) Outras legislações

Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

Importante ressaltar que a Lei Maria da Penha deixa clara a possibilidade de


configuração de violência sexual no âmbito das relações domésticas e familiares. E
isso contribui para o reconhecimento dos estupros maritais, ou seja, abusos sexuais
praticados contra mulheres por parte de seus próprios maridos ou companheiros.
Muitas das vítimas omitem essa agressão e não denunciam seus agressores por medo
de aumentar a violência ou, ainda, por acreditarem que o sexo no âmbito do casamento
é uma obrigação, mesmo que forçado mediante violência física ou coação psicológica.
Entretanto, deve-se destacar que o escopo da Lei Maria da Penha não se restringe
estritamente às agressões praticadas por companheiros contra suas parceiras, mas
contra qualquer vítima mulher, incluindo idosas e crianças, de violência praticada
por pessoa de sua convivência no âmbito doméstico ou familiar. No caso da violência
sexual, 70,6% das vítimas dos estupros registrados com a qualificadora da Lei Maria
da Penha em 2018 foram crianças e adolescentes, e quase a metade dos autores foram
pais e padrastos (44,2%).

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Dossiê Mulher 2019 77

Tabela 28
Mulheres vítimas de estupro segundo a relação com o autor – Estado do Rio de Janeiro –
2018 (números absolutos)
Estupro
Relação autor-vítima
Pais/ Ex ou Outras/ignorada/
Parentes Total
Padrastos companheiros nenhuma
0-11 anos 436 303 14 5 758
12-17 anos 249 145 89 0 483
18-24 anos 35 16 77 0 128
25-34 anos 5 11 97 0 113
35-44 anos 3 10 101 5 119
45-59 anos 0 4 45 4 53
60 anos ou mais 1 1 6 8 16
Sem informação 49 21 11 6 87
Total 778 511 440 28 1.757

*Dados sujeitos a impacto dos movimentos reivindicatórios dos policiais civis de janeiro a março de 2017.
Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

Conforme se observa na Tabela 28, somente em 2018, no estado do Rio de


Janeiro, houve pelo menos 758 crianças que sofreram estupro no âmbito das
relações domésticas e familiares, sendo que 436 foram vítimas de pais ou padrastos.
Infelizmente, não é incomum a ocorrência de violência sexual dentro do próprio lar
da criança e do adolescente, praticada justamente por quem tem o dever de cuidar.
Por dia, em 2018, no estado do Rio de Janeiro, pelo menos uma criança foi vítima de
violência sexual praticada por seu pai ou padrasto.
Ainda na Tabela 28, verificamos que foram registradas 440 vítimas de estupro
praticado por companheiros ou ex-companheiros. Este número é particularmente
importante porque ainda há aqueles que persistem em não considerar o ato sexual
forçado dentro de um relacionamento amoroso como estupro.
Em geral, ainda é uma realidade a subnotificação das denúncias no âmbito doméstico
e familiar. Fatores como medo de ameaças, dependência emocional ou financeira
em relação ao agressor, vergonha, descrédito nas instituições e revitimização pelos
agentes públicos ainda são um enorme entrave para o registro deste tipo de agressão.

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78 Dossiê Mulher 2019

9. NOTAS TÉCNICAS E METODOLÓGICAS

As informações divulgadas neste documento têm como fonte o banco de dados dos
Registros de Ocorrência (RO) da Secretaria de Estado de Polícia Civil, disponibilizado
por meio do seu Departamento Geral de Tecnologia da Informação e Telecomunicações
(DGTIT).
Seguindo recomendações da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe
(CEPAL) para a produção de estatísticas de gênero, de forma a favorecer análises
comparativas em níveis nacional e internacional, para os dados sobre a violência contra
a mulher trabalhados nesta publicação são apresentados indicadores de violência por
meio de taxas por 100 mil mulheres.
Este tipo de abordagem tem como finalidade impulsionar iniciativas para a
produção e análises de estatísticas de gênero e melhorar sua utilização em políticas
públicas orientadas à igualdade de gênero. Ao harmonizar as estatísticas de gênero
nacionais de forma conjunta e seguindo diretrizes internacionais para elaboração de
indicadores, contribui-se para a elaboração de mecanismos eficazes de promoção da
mulher e da igualdade de gênero no país.
Cada forma de violência analisada neste dossiê agrega os seguintes títulos:
violência física – homicídio doloso e feminicídio, tentativa de homicídio e tentativa de
feminicídio e lesão corporal dolosa; violência sexual – estupro, tentativa de estupro,
importunação ofensiva ao pudor, assédio sexual e ato obsceno; violência psicológica
– ameaça e constrangimento ilegal; violência moral – calúnia, injúria e difamação; e
violência patrimonial – violação de domicílio, supressão de documentos e dano.

Quantificação

A análise dos dados leva em consideração o número total de vítimas, o que pode
representar um número maior do que o total de ocorrências registradas, já que em
uma mesma ocorrência (ou RO) pode haver mais de uma vítima. Esta observação é
ainda mais importante para os casos de violência patrimonial que, via de regra, são
contabilizados por número de ocorrências e não de vítimas, mas que aqui são tratados
de acordo com o número de mulheres vítimas.

Qualificação da violência doméstica e/ou familiar

Desde 2011, a Secretaria de Estado de Polícia Civil qualifica as ocorrências de


acordo com a competência de leis de grande apelo social e jurídico: Lei nº 9.099/95
(Lei dos Crimes de Menor Potencial Ofensivo), Lei nº 11.340/06 (Lei Maria da Penha),
e situações sem lei específica. O Dossiê Mulher utiliza a qualificação do registro de
ocorrência como de competência da Lei nº 11.340/06 para apresentar o percentual
de mulheres vítimas de violência doméstica e/ou familiar. Vale lembrar que nas
publicações anteriores a 2011 a classificação da violência doméstica e/ou familiar era
feita por meio da relação entre vítima e acusado.

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Dossiê Mulher 2019 79

Feminicídio

A Secretaria de Estado de Polícia Civil passou a qualificar os casos de feminicídio a


partir de setembro de 2016, em consonância com a Lei nº 13.104 de 9 de março de 2015.
O feminicídio é uma circunstância qualificadora do crime de homicídio e, portanto,
o Dossiê Mulher divulga os dados de feminicídio como um subgrupo pertencente à
categoria homicídio doloso.
Nesta edição utilizamos todos os registros de feminícidio e de tentativa de
feminícidio independentemente da variável sexo. Dessa forma, foram incluídos na
análise mesmo aqueles registros que continham a variável sexo com incoerências (ou
por não preenchimento ou por preenchimento incorreto). Esta decisão metodológica
objetivou uma maior acurácia nas informações apresentadas.

Cálculo de taxas

O cálculo de taxas específicas consiste em considerar no divisor somente a


população relativa ao grupo de estudo, no caso, pessoas residentes do sexo feminino.
Para facilitar a comparação dos dados contidos neste Dossiê Mulher 2019 com outros
estudos semelhantes, foram calculadas taxas específicas por 100 mil mulheres para os
delitos analisados, tanto para o estado do Rio de Janeiro como por município.

Cálculo de população

O cálculo da população do sexo feminino é feito com base nas estimativas


populacionais enviadas para o Tribunal de Contas da União (TCU) pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A projeção da população por sexo do
ano de 2018 foi calculada pelo Instituto Segurança Pública (ISP) para o estado e seus
municípios, considerando a razão de sexo apresentada no Censo, em 2010. Por causa
da distância temporal do último Censo, não foram calculadas projeções para as AISP
sob pena de cometer erros acima dos níveis aceitáveis.

Variáveis analisadas

Além do total de vítimas estratificado por sexo, outras variáveis compõem as


análises, procurando focar em aspectos específicos presentes nos crimes contra
vítimas do sexo feminino, como: idade, cor, estado civil, provável relação entre autor/
acusado e vítima e tipo de local do fato. Desse modo, tais informações permitem traçar
um perfil das mulheres vítimas, as circunstâncias e os tipos de violências sofridas.

Mapas

Para melhor representar a distribuição espacial dos dados, foram elaborados


mapas tendo como unidade de análise os municípios do estado do Rio de Janeiro.
Esta forma de visualização facilita o manuseio dos dados pelos diferentes setores e
organismos que trabalham a temática da violência contra a mulher. Os mapas foram

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80 Dossiê Mulher 2019

divididos em Região Metropolitana (composta pelos municípios do Rio de Janeiro, da


Grande Niterói e da Baixada Fluminense) e Interior (demais 77 municípios do estado).
Nesta edição também foram produzidos mapas contendo a densidade estimada de
mulheres vítimas de feminicídio e de tentativa de feminicídio.
Os mapas atuais também trazem a localização das Delegacias Especializadas de
Atendimento à Mulher (DEAM) e dos Núcleos de Atendimento à Mulher (NUAM),
bem como dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher em
funcionamento no estado, das Promotorias de Justiça, além dos organismos e
serviços de referência e atendimento à mulher em situação de violência presentes nos
municípios. A relação dos municípios, os totais de vítimas dos delitos analisados e suas
respectivas taxas por 100 mil mulheres são apresentados nos apêndices para consulta.

Observações

Eventuais alterações provenientes de aditamentos e recursos relacionados aos


registros de ocorrência feitos pela Secretaria de Estado de Polícia Civil no decorrer de
um ano para o outro ou, ainda, mudanças no padrão de agregação de alguns títulos
podem promover diferenças em relação às séries históricas publicadas em edições
anteriores do Dossiê Mulher.

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Dossiê Mulher 2019 81

10. OUTROS OLHARES

Análise da violência contra mulher a partir dos dados do Disque Denúncia

Afonso Borges
Pesquisador do Instituto de Segurança Pública
Jonas Pacheco
Pesquisador do Instituto de Segurança Pública

1. Introdução

Os crimes relacionados à violência contra as mulheres se apresentam como grandes


problemas a serem combatidos. Sejam de ordem física, moral, psicológica, sexual ou
patrimonial, o tema requer bastante cuidado no seu tratamento e nas tentativas de
prevenção de tais delitos.
Diante de um contexto sociocultural em que a condição feminina ainda é vista
sob um olhar de subordinação e inferioridade, as mulheres vítimas de violência ficam
estigmatizadas, o que inibe, em muitos casos, a iniciativa de denúncias e de registros
de ocorrência nas delegacias de polícia, ainda que haja delegacias especializadas para
tal público (Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher – DEAM).
Dado que a prevenção de crimes que acometem as mulheres exige não só um
esforço das forças de segurança, mas também uma mudança na maneira de se pensar
o problema, já que muitas vezes as mulheres ainda são tidas como responsáveis pela
violência sofrida, campanhas de conscientização e ampliação de canais de denúncias
podem contribuir para o combate e a prevenção da violência contra as mulheres.
Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo analisar o conteúdo das
denúncias referentes à violência contra a mulher recebidas pelo Disque Denúncia,
procurando identificar possíveis padrões e características desses crimes. Pode-se
adiantar que a análise das denúncias mostra que os crimes que mais acometem as
mulheres são praticados por pessoas próximas e de seu convívio diário, e muitas
vezes com a presença de seus filhos no local da agressão. Citações a companheiros,
ex-companheiros, maridos, namorados e pais das vítimas aparecem em 69% das
denúncias.

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82 Dossiê Mulher 2019

2. Metodologia

Os dados analisados neste estudo são provenientes da base de dados do Disque


Denúncia1, além de dados complementares dos registros de ocorrência da Secretaria
de Estado de Polícia Civil. O período analisado neste trabalho é o ano de 2018 e o
recorte territorial se refere a todo o estado do Rio de Janeiro.
As informações do Disque Denúncia são classificadas por assuntos, que por
sua vez podem ser agrupados em temas (“grupo temático”). Foram selecionadas as
denúncias com o assunto “violência contra mulher”, que foi o terceiro assunto com
maior frequência de denúncias, representando 12% de todas as chamadas de 2018, e
ficou atrás apenas dos assuntos “tráfico de drogas” e “posse ilícita de armas de fogo”.

Tabela 1
Denúncias por assuntos selecionados – 2018 (números absolutos e valores percentuais)

Assuntos Ranking Denúncias %

Tráfico de drogas 1º 40.346 35%


Posse ilícita de armas de fogo 2º 29.307 26%
Violência contra mulher 3º 13.531 12%
Estupro 29º 1.120 1%
Fonte: Elaborado pelo ISP com base em dados do Disque Denúncia.

É importante ressaltar que essa posição se deve ao aumento no número de


denúncias a partir de 2014, quando o Disque Denúncia passou a receber as denúncias
do serviço Ligue 1802, todas classificadas com o assunto “violência contra mulher”. Ou
seja, além das denúncias recebidas normalmente, foram adicionadas as denúncias da
base de dados do serviço do governo federal. O Ligue 180 representava 15% do total
de denúncias de violência contra mulher do Disque Denúncia em 2014, aumentando
para 36% em 2015, 81% no ano seguinte, e 90% e 91% nos anos de 2017 e 2018,
como pode ser visto no Gráfico 1.

1 - Disque Denúncia (DD) é uma central de atendimentos criada inicialmente para ajudar as polícias Federal,
Civil e Militar no esclarecimento de crimes e delitos, mediante o recebimento de denúncias feitas por meio
de ligações anônimas da população.
2 - A Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência - Ligue 180 é um serviço de utilidade
pública, gratuito e confidencial oferecido pela Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres desde 2005,
hoje inserido no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

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Dossiê Mulher 2019 83

Gráfico 1
Denúncias de violência contra mulher no Disque Denúncia e proporção de denúncias
originárias do Ligue 180 – 2003 a 2018 (números absolutos e valores percentuais)
16.000
13.743
14.000 Número de denúncias do 180
Denúncias de Violência contra a Mulher

Número de denúncias sem 180


12.000

10.000 9.147

8.000 91%

6.000 90%

3.519
4.000

1.585 1.616 1.706 1.468 1.501 1.350


2.000 1.288 1.092 1.265 963 1.305 1.091 1.220 81%
15% 36%
0
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Fonte: Elaborado pelo ISP com base em dados do Disque Denúncia.

No que se refere às informações advindas da Secretaria de Estado de Polícia Civil,


foram selecionados os registros de ocorrência de crimes de lesão corporal dolosa e de
ameaça, pois são os delitos que mais acometem as mulheres em números absolutos,
além de possuírem uma alta proporção de incidência de vítimas mulheres, como mostra
o Dossiê Mulher 2019. Lesão corporal dolosa somou 63.323 de registros, com 65% de
vítimas mulheres, e ameaça totalizou 56.009 registros, com 67% de vítimas mulheres.
Foram contabilizados os números de registros com pelo menos uma vítima feminina,
e não o número total de vítimas. Tal escolha se deu para facilitar a comparabilidade
com a unidade de análise da base de dados do Disque Denúncia, que não contabiliza
número de vítimas, mas sim número de denúncias.
Ambas as fontes de dados, Disque Denúncia e Secretaria de Estado de Polícia Civil,
possuem informações sobre o endereço do fato. A partir dessas variáveis, foi realizado
um tratamento textual para qualificar as informações de endereço e, posteriormente,
foi realizado um processo de geocodificação dos dados. Com isso, foi possível atribuir
a circunscrição de delegacia às denúncias, informação essa que não era disponível
originalmente.

3. Resultados

3.1. Análise textual

É possível identificar quais são as palavras que mais aparecem nas descrições das
denúncias de violência contra mulher. Essa análise é apresentada por meio de nuvem
de palavras, recurso gráfico onde cada palavra tem seu tamanho definido a partir
da frequência com que aparece em determinado texto. Sendo assim, quanto mais a
palavra é citada, maior é sua representação na nuvem.

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84 Dossiê Mulher 2019

Figura 1
Nuvem de palavras das descrições das denúncias de
violência contra mulher – 2018
As palavras de maior

presencia
companheira
empurrões
entorpecentes
frequência estão relacionadas
marido bebidas
humilhações ameaça ao tipo de violência sofrida
puxões físicamente ocorrem
excompanheiro

pela vítima: física, psicológica,


tapas companheiro

padaria
pai

sexual

agressão
vizinho
verbal, sexual ou moral. Nota-
se, também, que o grau de
convive

praça
namorado
proximidade entre a vítima e o

violência
irmão
privado

moral difamação
colégio autor é bem alto, com palavras
mercado identificada
rosto chute como “companheiro”, “ex-
doméstica filho
sofre companheiro”, “namorado”,
diariamente casal tentativa
posto

morte conviveu
caracterizado residência “marido” e “pai” sendo citadas
física casa escola
igreja
identificado bar soco mãe
verbais em 69% das denúncias. A
agride
supermercadopsicológica
portão verbal cárcere localidade do fato é identificada
objetos xingamentos alcoólicas
calúnias

por meio de palavras como


profere

drogasmulher
frequentemente constantemente
relacionamento
feminicidio condomíno “casa”, “residência” e “bar”,
Fonte: Elaborado pelo ISP com base em dados do Disque
Denúncia. que aparecem em 29% das
denúncias. Por fim, a presença
de palavras como “frequentemente”, “constantemente” e “diariamente” indica uma
recorrência dessas agressões, aparecendo em 22% das denúncias e tornando cada vez
mais importante as denúncias relativas a esses crimes e a seguridade do anonimato
do denunciante.
Um ponto sensível é a frequência com que as denúncias citam a presença de
crianças no local do fato da agressão à vítima. Na Figura 1, as palavras “filho”,
“presenciam” e “mãe” indicam agressões às mulheres por parte do companheiro, tendo
os filhos como testemunhas do fato ou, ainda, como possíveis agressores. O dado que
corrobora tal afirmação é a presença do radical “filh” em aproximadamente 35% das
denúncias de violência contra mulher, evidenciando a presença de filhos e filhas no
local das agressões às suas mães.
Tal realidade revela a gravidade do tema aqui tratado e como os eventos de
violência doméstica podem gerar ambientes familiares em que a criança é exposta
precocemente a um contexto de violência, gerando impactos psicológicos e emocionais
na sua formação3. Para exemplificar este panorama, o leitor encontra a seguir parte
de descrições de textos das denúncias. Nomes e endereços dos envolvidos foram
removidos para manter o sigilo das informações.

3 - Este assunto é amplamente tratado em: MACENA, Rachel Carmoniz de. O DNA de uma Sociedade Violen-
ta: reflexos dos conflitos domésticos no desenvolvimento da criança e do adolescente. Revista Cadernos de
Segurança Pública. Rio de Janeiro, Ano IX, Nº 09, novembro de 2017. Disponível em: <http://www.isprevista.
rj.gov.br/download/Rev20170905.pdf>. Último acesso em abril de 2019.

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Dossiê Mulher 2019 85

Exemplo 1:
No endereço citado, reside X que sofre agressão física, psicológica, patrimonial
e moral por parte do ex-companheiro, com quem se relacionou por sete anos.
Informa que o agressor tentou matar a vítima, a agrediu com pedaços de pau,
cadeira e tijolos. O casal tem quatro filhos que também são ameaçados e
presenciam as violências.

Exemplo 2:
No endereço citado, reside X que sofre constantes violências físicas do
seu ex-companheiro. Estas agressões ocorrem por meio de tentativas de
enforcamentos, socos, empurrões, chutes, puxões de cabelos e lhe tirando os
implantes ocasionando hematomas. Este agressor também costuma proferir
ameaças de morte caso lhe denuncie, xingamentos com palavras de baixo calão,
constrangimentos, chantagens e calúnias, pois costuma dizer que a vítima
mantém relações sexuais com todos os seus amigos e lhe difamar de prostituta,
inclusive dizer que um dos filhos não é seu. Os dois filhos deste casal sempre
presenciam as violências.

Exemplo 3:
No endereço citado, reside X que sofre agressões físicas como pancadas no
braço, tentativas de enforcamento, ameaças de agressão com pauladas e
ameaças de morte por parte de um homem. A vítima possui cinco filhos que
presenciam as violências. Acrescenta que o agressor faz uso de álcool.

Exemplo 4:
No endereço mencionado, reside X que sofre agressões físicas, verbais,
difamação, humilhação por parte do companheiro, com quem convive há vinte
e sete anos, e possui filhos que presenciam as violências.

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86 Dossiê Mulher 2019

3.2. Resultados por região

Em relação à abrangência territorial, o principal alcance do Disque Denúncia é


na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, refletido na proporção de chamadas por
município. Na Tabela 2, observa-se que quase metade das denúncias é na capital
(46%), seguida pelos municípios de Nova Iguaçu (8%), Duque de Caxias (6%) e São
Gonçalo (6%). Ao longo do ano de 2018, todos os municípios do estado receberam
pelo menos uma denúncia de violência contra mulher. Os municípios selecionados na
Tabela 3 representam 80% do total das denúncias com esse assunto.
Analisando o número de denúncias de violência contra mulher proporcionalmente
ao tamanho da população de cada município, ainda na Tabela 2, destaca-se o município
de Queimados com a maior taxa do estado: foram feitas 162 denúncias para cada 100
mil habitantes. Esta proporção é bem maior do que a da capital, que possui quase
metade das denúncias, mas cuja taxa é de 105 denúncias por 100 mil habitantes, e
bem à frente de Nova Iguaçu, o segundo município com a maior taxa de denúncias,
136. Um ponto bastante relevante é que, segundo Neumann (2018)4, Queimados é o
segundo município do estado com maior porcentagem de despachos de viaturas de
acordo com o atendimento da Central 190 para ocorrências relacionadas à violência
contra mulher, indicando que esse município apresenta uma das mais altas incidências
no estado desse tipo de violência.
Tabela 2
Denúncias de violência contra mulher por município – 2018 (números absolutos, valores
percentuais e taxa por 100 mil habitantes)
Município Denúncias % Taxa por 100 habitantes
Rio de Janeiro 6.140 46% 105
Nova Iguaçu 1.043 8% 136
Duque de Caxias 841 6% 109
São Gonçalo 810 6% 91
Belford Roxo 421 3% 97
São João de Meriti 419 3% 93
Niterói 355 3% 77
Campos dos Goytacazes 291 2% 72
Queimados 197 1% 162
Cabo Frio 161 1% 127
Itaboraí 160 1% 85
Outros 2.643 20% 40
Total 13.481 100% 79
Fonte: Elaborado pelo ISP com base em dados do Disque Denúncia.

4 - NEUMANN, Nadine Melloni. Chamadas para a PM/190 relacionadas à violência contra a mulher na Re-
gião Metropolitana do Rio de Janeiro em 2017. Dossiê Mulher 2018. Rio de Janeiro: Instituto de Segurança
Pública, 2018.

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Dossiê Mulher 2019 87

A Tabela 3 apresenta os dados de violência contra mulher por circunscrição de


delegacia de Polícia Civil. Foram selecionadas as dez áreas de delegacia com maior
frequência dos eventos em questão. Do lado esquerdo, é apresentado o número de
denúncias de violência contra mulher de acordo com os dados do Disque Denúncia.
Do lado direito, é apresentado o número de registros de ocorrência de ameaça e lesão
corporal dolosa com pelo menos uma vítima do sexo feminino. As localidades listadas
na tabelas representam cerca de 25% das denúncias e registros.
Ao analisar a tabela, é possível observar que as áreas com maior número de
denúncias são as mesmas áreas com maior número de registros de ocorrência,
alternando somente a posição no ranking. Ou seja, apesar de terem naturezas
diferentes, ambas as bases dados indicam as mesmas áreas de incidência do fenômeno.

Tabela 3
Ranking das delegacias de Polícia Civil com maior número de denúncias de violência contra
mulher e de registros de ameaça e lesão corporal dolosa com vítima do sexo feminino –
Estado do Rio de Janeiro – 2018 (números absolutos e valores percentuais)

Delegacia Denúncias % Delegacia Casos %

35ª DP Campo Grande 732 5% 35ª DP Campo Grande 2.567 4%


34ª DP Bangu 407 3% 59ª DP Duque de Caxias 2.422 3%
58ª DP Posse 399 3% 32ª DP Taquara 2.261 3%
36ª DP Santa Cruz 390 3% 58ª DP Posse 2.192 3%
64ª DP Vilar dos Teles 374 3% 64ª DP Vilar dos Teles 2.101 3%
56ª DP Comendador 54ª DP Belford Roxo 1.955 3%
Soares 327 2%
36ª DP Santa Cruz 1.940 3%
54ª DP Belford Roxo 320 2%
34ª DP Bangu 1.614 2%
59ª DP Duque de Caxias 313 2% 43ª DP Pedra de
32ª DP Taquara 307 2% Guaratiba 1.508 2%
43ª DP Pedra de 56ª DP Comendador
Guaratiba 289 2% Soares 1.421 2%

Fonte: Elaborado pelo ISP com base em dados do Disque Denúncia e da Secretaria de Estado de Polícia
Civil.

Os dados do Disque Denúncia também permitem uma análise da incidência de


violência contra mulher por bairros da capital do estado. O Mapa 1 apresenta a
quantidade de denúncias desse assunto por meio de uma escala de cores. Quanto
mais escura a tonalidade da cor, maior o número de denúncias em determinado bairro.
Destacam-se os bairros da Zona Oeste do município do Rio de Janeiro, como Campo
Grande (454 denúncias), Santa Cruz (284 denúncias), Bangu (249 denúncias), Realengo
(213 denúncias) e Jacarepaguá (212 denúncias) como os de maior número de denúncias.

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Dossiê Mulher 2019 89

3.3. Assuntos relacionados

É interessante analisar quais são os outros assuntos vinculados às denúncias


de “violência contra mulher”. A Tabela 4 mostra que 7% destas também foram
classificadas com o assunto “maus-tratos”. Além disso, 5% das denúncias aqui
analisadas também foram classificadas como “ameaça”, 5% como “tráfico de drogas”,
e 2% como “lesão corporal”. Nota-se a presença de “ameaça” e “lesão corporal” dentre
os assuntos com maiores vínculos com violência contra mulher, fato explorado no
presente estudo, justificando a escolha desses crimes nos registros de ocorrência da
Secretaria de Estado de Polícia Civil, segundo os quais esses delitos são os que possuem
maior incidência sobre vítimas femininas.

Tabela 4
Denúncias de violência contra mulher por assunto relacionado – 2018 (números absolutos e
valores percentuais)

Assuntos Denúncias %

Maus-tratos 989 7%
Ameaça 731 5%
Tráfico de drogas 639 5%
Lesão corporal 282 2%
Consumo de drogas 250 2%
Violência contra idoso 240 2%
Sequestro simples e cárcere privado 233 2%
Posse ilícita de armas de fogo 165 1%
Estupro 164 1%
Uso ilegal de serviços públicos 147 1%
Fonte: Elaborado pelo ISP com base em dados do Disque Denúncia.

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90 Dossiê Mulher 2019

4. Considerações finais

Diante do exposto, infere-se que as denúncias de violência contra mulher podem


ser úteis para compreender algumas características desse tipo de crime, sendo visto,
por meio da análise textual, que a violência contra as mulheres é cometida por pessoas
próximas de seu convívio, como companheiros, ex-companheiros e parentes próximos,
com 69% de citação nas denúncias. Destaca-se, ainda, a citação às residências das
vítimas como os locais da violência em cerca de um terço das denúncias, e a presença
de seus filhos no local, citados em 35% das denúncias.
Já no que tange à identificação das regiões com maior número de denúncias e de
registros, os dados mostraram correspondência: as dez circunscrições de delegacias
com maior número de denúncias e de registros se mostraram as mesmas, apresentando
somente variações no que diz respeito à posição no ranking. As localidades em
destaque são: Campo Grande, Bangu, Santa Cruz, Taquara e Pedra de Guaratiba na
Zona Oeste da capital, e Posse, Vilar dos Teles, Comendador Soares, Belford Roxo e
Duque de Caxias na Baixada Fluminense.
Com isso, entende-se a violência contra a mulher como um fenômeno que exige
um comprometimento não só das forças de segurança, mas também um compromisso
com uma mudança da visão que se tem acerca da condição da mulher no contexto
social atual. A possibilidade de denúncia anônima por parte da vítima e de pessoas
próximas é de suma importância para uma ação mais efetiva para a defesa dessas
mulheres.

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11. APÊNDICES

Apêndice 1
Relação de Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM) e de Núcleos de
Atendimento à Mulher (NUAM) da Secretaria de Estado de Polícia Civil (atualizado em abril
de 2019)
COD. UNIDADE INÍCIO
1 DEAM JACAREPAGUÁ 16/11/2000
2 DEAM CENTRO 21/12/2000
3 DEAM BELFORD ROXO 26/07/2001
4 DEAM CAMPO GRANDE 16/08/2001
5 DEAM VOLTA REDONDA 16/08/2001
6 DEAM DUQUE DE CAXIAS 30/03/2009
7 DEAM SÃO JOÃO DE MERITI 15/10/2009
8 DEAM NITERÓI 29/01/2011
9 DEAM NOVA FRIBURGO 22/09/2011
10 DEAM NOVA IGUAÇU 15/01/2013
11 DEAM CABO FRIO 21/06/2013
12 DEAM SÃO GONÇALO 07/01/2014
13 DEAM CAMPOS DOS GOYTACAZES 21/10/2014
14 DEAM ANGRA DOS REIS 06/01/2015
15 NUAM PETRÓPOLIS (105ª DP) 05/03/2012
16 NUAM ROCINHA (11ª DP) 21/12/2013
17 NUAM NILÓPOLIS (57ª DP) 11/04/2014
18 NUAM QUEIMADOS (55ª DP) 11/04/2014
19 NUAM MESQUITA (53ª DP) 11/04/2014
20 NUAM RIO DAS OSTRAS (128ª DP) 08/05/2014
21 NUAM SAQUAREMA (124ª DP) 07/09/2014
22 NUAM TERESÓPOLIS (110ª DP) 15/12/2014
23 NUAM TIJUCA (19ª DP) 29/07/2016
24 NUAM BONSUCESSO (21ª DP) 18/08/2016
25 NUAM RESENDE (89ª DP) 12/09/2016
26 NUAM TRÊS RIOS (108ª DP) 19/09/2016
27 NUAM ARARUAMA (118ª DP) 20/06/2016

Fonte: ISP com base em dados da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

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92 Dossiê Mulher 2019

Apêndice 2
Relação dos órgãos da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro
com atribuição na defesa da mulher em situação de violência em todo o estado

ÓRGÂOS DE ATUAÇÃO
DIVISÃO FUNCIONAL E
ADMINISTRATIVA DA DPRJ Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher - JVDFM
Juizado Especial Criminal - JECrim
Defensoria Pública de Defesa da Mulher junto aos I, II, III, IV, V, VI e VII
JVDFM
Capital
Núcleo de Defesa dos Direitos da Mulher Vítima de Violência de Gênero
(NUDEM)
Defensoria Pública da 1ª Vara Criminal de Belford Roxo
1ª Defensoria Pública de Japeri
Região 1 - Belford Roxo, Defensoria Pública das Varas de Família de Nilópolis
Duque de Caxias, Japeri,
Nilópolis, Nova Iguaçu, Defensoria Pública de Defesa da Mulher junto ao Juizado da Violência
Queimados e São João de Doméstica e Familiar contra a Mulher (JVDFM) de Nova Iguaçu
Meriti. Defensoria Pública da Vara de Família de Queimados
Defensoria Pública de Defesa da Mulher junto ao JVDFM de São João
de Meriti
Defensoria Pública da 1ª Vara de Guapimirim
Defensoria Pública junto à 1ª Vara Criminal, Tribunal do Júri e de Defesa
da Mulher junto ao JVDFM e JECrim de Itaboraí
Região 2 - Guapimirim,
Itaboraí, Magé, Niterói e São Defensoria Pública das Varas de Família de Magé
Gonçalo.
Defensoria Pública de Defesa da Mulher junto ao JVDFM de São
Gonçalo
Defensoria Pública das Varas de Família de Niterói
Defensoria Pública das Varas de Família de Araruama
1ª Defensoria Pública de Armação de Búzios
Defensoria Pública da Vara Única de Arraial do Cabo
Defensoria Pública junto às Varas Criminais e ao JVDFM de Cabo Frio
Região 3 - Araruama,
Armação dos Búzios, Arraial Defensoria Pública da Vara Única de Casemiro de Abreu
do Cabo, Cabo Frio, Casimiro Defensoria Pública da Vara Única de Iguaba Grande
de Abreu, Iguaba Grande,
Maricá, Rio Bonito, Rio das Defensoria Pública da Vara de Família de Maricá
Ostras, São Pedro D’Aldeia, Defensoria Pública da 1ª Vara de Rio Bonito
Saquarema e Silva Jardim.
Defensoria Pública da 1ª Vara de Rio das Ostras
Defensoria Pública da 1ª Vara de São Pedro da Aldeia
Defensoria Pública da 1ª Vara de Saquarema
Defensoria Pública da Vara Única de Silva Jardim

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Defensoria Pública da 1ª Vara Criminal de Barra Mansa


Defensoria Pública da Vara Única de Itatiaia
Defensoria Pública da Vara Única de Pinheiral
Região 4 - Barra Mansa, Defensoria Pública da Vara Única de Piraí
Itatiaia, Pinheiral, Piraí,
Porto Real/Quatis, Resende, Defensoria Pública da Vara Única de Porto Real/Quatis
Rio Claro e Volta Redonda. Defensoria Pública de Defesa da Mulher junto à 2ª Vara Criminal,
JVDFM e JECrim de Resende
Defensoria Pública da Vara Única de Rio Claro
Defensoria Pública da1ª Vara Criminal de Volta Redonda
Defensoria Pública da Vara Única
2ª Defensoria Pública de Cachoeiras de Macacu

Região 5 - Bom Jardim, Defensoria Pública da Vara Única de Cantagalo


Cachoeiras de Macacu,
Defensoria Pública da Vara Única de Cordeiro
Cantagalo, Cordeiro, Duas
Barras, Nova Friburgo, Defensoria Pública da Vara Única de Duas Barras
Santa Maria Madalena, São
Defensoria Pública da 1ª Vara Criminal de Nova Friburgo
Sebastião do Alto e Trajano
de Moraes. Defensoria Pública da Vara Única de Santa Maria Madalena
Defensoria Pública da Vara Única de São Sebastião do Alto
Defensoria Pública da Vara Única de Trajano de Moraes
Defensoria Pública da Vara Única de Miguel Pereira
Região 6 - Miguel Pereira, Defensoria Pública da Vara de Família de Paraíba do Sul
Paraíba do Sul, Paty do
Defensoria Pública da Vara Única de Paty do Alferes
Alferes, Petrópolis/Itaipava
e Três Rios/Areal. Defensoria Pública da 1ª Vara Criminal de Petrópolis
Defensoria Pública da Vara de Família de Três Rios
1ª Defensoria Pública de Bom Jesus de Itabapoana
Defensoria Pública de Cambuci
Defensoria Pública Única de Italva e Cardoso Moreira ou
Defesa da Mulher junto ao JVDFM de Itaperuna
Região 7 - Bom Jesus do Defensoria Pública da Vara Única de Itaocara
Itabapoana, Cambuci, Italva/ Defensoria Pública de Defesa da Mulher junto ao JVDFM Adjunto de
Cardoso Moreira, Itaocara, Itaperuna
Itaperuna, Laje do Muriaé, Defensoria Pública da Vara Única de Laje do Muriaé
Miracema, Natividade,
Porciúncula, Santo Antônio 1ª Defensoria Pública de Miracema
de Pádua e São Fidélis. Defensoria Pública da Vara Única de Natividade
Defensoria Pública da Vara Única de Porciúncula
1ª Defensoria Pública de Santo Antônio de Pádua
1ª Defensoria Pública de São Fidélis

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94 Dossiê Mulher 2019

Defensoria Pública da Vara Única de Carapebus/Quissamã


Região 8 - Carapebus/
Quissamã, Conceição de Defensoria Pública da Vara Única de Conceição de Macabu
Macabu e Macaé.
Defensoria Pública da 1ª Vara Criminal de Macaé
Defensoria Pública das Varas de Família de Angra dos Reis

Região 9 - Angra dos Reis, Defensoria Pública Defesa da Mulher junto ao JVDFM de Itaguaí
Itaguaí, Mangaratiba, Paraty Defensoria Pública da Vara Única de Mangaratiba
e Seropédica. Defensoria Pública da Vara Única de Paraty
1ª Defensoria Pública de Seropédica
Defensoria Pública da Vara de Família de Barra do Piraí
Defensoria Pública da Vara Única de Engenheiro Paulo de Frontin
Região 10 - Barra do Piraí,
Rio das Flores, Valença, Defensoria Pública da Vara Única de Mendes
Engenheiro de Paulo de Defensoria Pública da Vara Única de Paracambi
Frontin, Mendes, Paracambi Defensoria Pública da Vara Única de Rio das Flores
e Vassouras.
Defensoria Pública da Vara de Família de Valença
1ª Defensoria Pública de Vassouras
Defensoria Pública da Vara Única de Carmo
Defensoria Pública da Vara Única de São José do Vale do Rio Preto
Região 11 - Teresópolis, São
Defensoria Pública da Vara Única de Sapucaia
José do Vale do Rio Preto,
Sapucaia, Sumidouro e Defensoria Pública da Vara Única de Sumidouro
Carmo.
Defensoria Pública junto à 1ª Vara Criminal, Tribunal do Júri e Defesa
da mulher junto ao Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a
Mulher de Teresópolis
Região 12 - Campos dos Defensoria Pública da Vara Única de São Francisco de Itabapoana
Goytacazes, São Francisco
Defensoria Pública das Varas de Família de Campos dos Goytacazes
de Itabapoana e São João
da Barra. 1ª Defensoria Pública de São João da Barra

Fonte: Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro.

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Apêndice 3
Indicadores de violência contra a mulher – municípios do estado do Rio de Janeiro – 2018 (números absolutos)

Importunação
Homicídio Homicídio- Lesão Estupro- Assédio Ato Constrangimento Violência Violência
Municípios Estupro ofensiva ao Ameaça
doloso tentativa corporal tentativa sexual obsceno ilegal moral patrimonial
pudor
Dossiê Mulher 2019

Angra dos Reis 5 17 378 68 0 4 2 0 283 3 215 30


Aperibé 0 0 29 0 0 0 0 0 32 0 12 5
Araruama 0 10 356 40 3 0 3 0 325 3 289 42
Areal 0 0 21 1 0 0 0 0 23 0 14 3
Armação dos Búzios 0 1 160 15 0 2 2 0 133 2 105 23
Arraial do Cabo 2 1 94 7 1 0 3 0 130 1 104 18
Barra do Piraí 2 12 291 35 2 1 4 0 332 2 213 43
Barra Mansa 2 18 330 41 2 1 2 0 322 6 280 60
Belford Roxo 17 22 1.154 107 3 2 8 1 992 3 477 167
Bom Jardim 0 0 52 4 0 0 2 0 87 0 57 12
Bom Jesus do
2 3 125 26 0 0 3 0 174 5 121 20
Itabapoana
Cabo Frio 8 13 458 62 4 2 8 7 384 2 429 55
Cachoeiras de
2 2 149 12 4 0 2 0 135 1 120 15
Macacu
Cambuci 0 0 41 4 0 0 0 2 58 0 45 11
Carapebus 1 0 18 2 1 0 0 1 15 0 10 2
Comendador Levy
0 0 14 1 1 0 1 0 19 0 7 2
Gasparian
95

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96

Importunação
Homicídio Homicídio- Lesão Estupro- Assédio Ato Constrangimento Violência Violência
Municípios Estupro ofensiva ao Ameaça
doloso tentativa corporal tentativa sexual obsceno ilegal moral patrimonial
pudor

Campos dos
13 42 550 106 4 0 9 1 503 20 236 68
Goytacazes
Cantagalo 1 2 33 5 2 0 0 0 36 0 36 3
Cardoso Moreira 0 1 24 4 1 0 0 0 40 0 26 6
Carmo 0 0 84 4 0 0 2 1 85 1 79 18
Casimiro de Abreu 2 3 95 17 0 0 0 0 102 0 90 18

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Conceição de Macabu 1 2 81 7 0 1 0 0 68 0 49 10
Cordeiro 0 0 86 8 1 0 2 0 89 0 69 6
Duas Barras 0 2 42 2 0 0 1 0 33 0 29 3
Duque de Caxias 30 43 2.469 306 20 7 18 9 2.166 17 1.590 269
Engenheiro Paulo de
0 0 36 10 0 0 1 0 54 0 60 3
Frontin
Guapimirim 3 3 188 32 3 2 1 2 176 0 96 11
Iguaba Grande 3 1 81 15 0 1 4 0 73 2 46 9
Itaboraí 5 17 391 74 2 3 10 3 384 5 286 41
Itaguaí 3 3 341 47 3 0 3 4 243 3 175 45
Italva 0 2 54 7 3 0 2 1 67 2 115 15
Itaocara 0 2 89 9 0 0 0 1 92 0 58 20
Itaperuna 2 4 303 23 0 3 7 1 361 5 221 45
Itatiaia 1 0 122 16 0 1 2 0 186 1 113 22
Japeri 7 2 288 34 1 0 2 1 192 2 91 26
Laje do Muriaé 1 0 23 4 0 0 0 0 33 0 17 4
Dossiê Mulher 2019
Importunação
Homicídio Homicídio- Lesão Estupro- Assédio Ato Constrangimento Violência Violência
Municípios Estupro ofensiva ao Ameaça
doloso tentativa corporal tentativa sexual obsceno ilegal moral patrimonial
pudor

Macaé 12 11 507 62 1 3 3 0 476 3 347 70


Macuco 0 0 18 1 0 0 0 0 30 0 11 1
Dossiê Mulher 2019

Magé 8 18 835 119 11 2 5 0 601 2 443 71


Mangaratiba 3 4 184 11 1 1 2 1 217 5 258 40
Maricá 2 3 473 37 7 1 11 1 494 3 456 99
Mendes 1 0 62 3 0 0 1 1 54 2 37 14
Mesquita 0 12 536 57 7 0 4 0 378 5 284 61
Miguel Pereira 0 5 92 13 1 0 5 0 107 1 89 11
Miracema 1 2 55 6 0 0 1 1 54 1 46 2
Natividade 0 0 55 5 0 0 1 0 43 1 26 4
Nilópolis 3 8 518 52 4 1 5 0 433 6 328 51
Niterói 4 16 1.292 138 8 13 29 11 1.038 33 1.132 145
Nova Friburgo 0 9 608 50 5 3 9 1 538 1 370 73
Nova Iguaçu 28 38 2.571 272 22 6 9 3 2.056 14 1.229 362
Paracambi 0 3 164 4 2 1 7 0 168 1 135 27
Paraíba do Sul 0 2 120 6 1 0 1 2 142 0 76 22
Paraty 3 4 137 16 5 0 2 0 134 3 80 13
Paty do Alferes 0 0 80 2 0 0 4 0 86 1 62 13
Petrópolis 2 15 861 118 12 3 22 10 931 9 568 96
Pinheiral 1 1 91 12 1 0 1 1 83 0 65 12
Piraí 1 1 65 13 0 0 0 1 65 1 44 11
97

Instituto de Segurança Pública


98

Importunação
Homicídio Homicídio- Lesão Estupro- Assédio Ato Constrangimento Violência Violência
Municípios Estupro ofensiva ao Ameaça
doloso tentativa corporal tentativa sexual obsceno ilegal moral patrimonial
pudor

Porciúncula 0 1 44 11 0 0 2 0 100 0 62 16
Porto Real 3 0 67 8 0 0 1 1 51 0 31 8
Quatis 0 1 15 4 0 0 0 0 24 1 22 6
Queimados 6 12 409 56 9 0 1 0 377 4 289 57
Quissamã 0 0 62 12 1 0 2 0 42 2 34 3

Instituto de Segurança Pública


Resende 4 7 283 41 1 0 2 2 323 4 302 43
Rio Bonito 0 5 146 17 0 0 2 1 141 0 106 17
Rio Claro 0 0 30 2 2 0 1 0 49 1 42 12
Rio das Flores 0 1 28 0 0 1 1 0 27 1 34 5
Rio das Ostras 5 8 367 60 3 1 7 4 388 2 264 58
Rio de Janeiro 115 220 15.429 1.400 100 70 335 94 13.366 162 12.190 2.013
Santa Maria
0 0 17 2 0 0 0 0 38 0 18 3
Madalena
Santo Antônio de
2 0 113 9 1 0 0 1 144 1 59 16
Pádua
São Francisco de
1 7 102 21 1 0 1 1 112 2 56 12
Itabapoana
São Fidélis 0 2 90 6 1 0 1 0 106 0 72 9
São Gonçalo 6 27 1.628 229 7 6 18 8 1.561 13 1.160 211
São João da Barra 0 0 93 23 2 0 0 0 109 1 91 15
São João de Meriti 11 16 1.271 126 7 3 5 1 1.041 7 643 116
São José de Ubá 0 0 14 1 0 0 0 0 11 1 18 1
Dossiê Mulher 2019
Importunação
Homicídio Homicídio- Lesão Estupro- Assédio Ato Constrangimento Violência Violência
Municípios Estupro ofensiva ao Ameaça
doloso tentativa corporal tentativa sexual obsceno ilegal moral patrimonial
pudor

São José do Vale do


0 1 49 10 2 0 1 0 66 0 53 7
Rio Preto
Dossiê Mulher 2019

São Pedro da Aldeia 4 2 215 38 1 0 1 1 183 2 155 23


São Sebastião do Alto 1 1 27 0 0 0 0 0 39 0 12 8
Sapucaia 0 0 49 5 1 0 2 0 58 0 38 10
Saquarema 0 6 310 38 3 1 2 0 289 4 231 43
Seropédica 3 6 206 31 3 1 5 2 200 2 179 15
Silva Jardim 0 0 69 4 0 0 0 0 50 0 32 6
Sumidouro 0 0 44 2 0 0 0 0 47 1 27 9
Tanguá 0 2 50 14 0 0 0 5 35 0 36 7
Teresópolis 3 5 574 103 7 1 7 1 635 5 449 84
Trajano de Moraes 0 0 13 2 0 0 0 0 23 0 18 4
Três Rios 0 3 305 26 1 1 4 0 295 0 127 34
Valença 0 3 223 17 3 0 1 0 251 2 148 20
Varre-Sai 0 1 19 10 0 0 0 0 15 0 4 2
Vassouras 0 1 107 14 0 1 1 0 123 2 75 26
Volta Redonda 4 11 502 49 3 0 9 3 549 6 522 63
Total 350 729 41.344 4.543 308 150 638 193 37.423 404 29.665 5.330
99

Instituto de Segurança Pública


100 Dossiê Mulher 2019

Apêndice 4
Indicadores de violência contra a mulher – municípios do estado do Rio de Janeiro – 2018
(taxa por 100 mil mulheres residentes)

Homicídio Homicídio- Lesão Violência Violência Violência


Municípios Estupro
doloso tentativa corporal psicológica moral patrimonial
Angra dos
5,0 16,9 376,8 67,8 285,1 214,3 29,9
Reis
Aperibé 0,0 0,0 491,4 0,0 542,3 203,4 84,7
Araruama 0,0 14,9 529,6 59,5 487,9 429,9 62,5
Areal 0,0 0,0 333,8 15,9 365,6 222,6 47,7
Armação dos
0,0 6,0 960,0 90,0 810,0 630,0 138,0
Búzios
Arraial do
13,1 6,5 614,4 45,8 856,3 679,8 117,7
Cabo
Barra do
3,8 22,9 556,0 66,9 638,1 406,9 82,2
Piraí
Barra Mansa 2,1 18,9 346,6 43,1 344,5 294,1 63,0
Belford Roxo 6,1 8,7 439,0 40,7 378,5 181,5 63,5
Bom Jardim 0,0 0,0 383,0 29,5 640,8 419,8 88,4
Bom Jesus do
10,5 15,8 657,0 136,7 940,9 636,0 105,1
Itabapoana
Cabo Frio 7,0 11,4 401,8 54,4 338,6 376,3 48,2
Cachoeiras
6,8 6,8 507,5 40,9 463,2 408,7 51,1
de Macacu
Cambuci 0,0 0,0 528,7 51,6 747,9 580,3 141,8
Carapebus 5,0 16,1 210,7 40,6 200,3 90,4 26,0
Comendador
Levy 9,8 19,7 324,4 49,1 353,8 353,8 29,5
Gasparian
Campos dos
12,7 0,0 228,2 25,4 190,1 126,8 25,4
Goytacazes
Cantagalo 0,0 15,5 372,5 62,1 620,8 403,5 93,1
Cardoso
0,0 0,0 883,9 42,1 904,9 831,3 189,4
Moreira
Carmo 9,1 13,7 432,7 77,4 464,6 409,9 82,0
Casimiro de
0,0 0,0 326,6 23,3 443,2 163,3 46,7
Abreu
Conceição de
8,6 17,3 698,7 60,4 586,5 422,7 86,3
Macabu
Cordeiro 0,0 0,0 756,6 70,4 783,0 607,1 52,8
Duas Barras 0,0 35,2 739,6 35,2 581,1 510,7 52,8
Duque de
6,3 9,1 520,0 64,5 459,8 334,9 56,7
Caxias

Instituto de Segurança Pública


Dossiê Mulher 2019 101

Homicídio Homicídio- Lesão Violência Violência Violência


Municípios Estupro
doloso tentativa corporal psicológica moral patrimonial
Engenheiro
Paulo de 0,0 0,0 504,0 140,0 756,0 840,0 42,0
Frontin
Guapimirim 9,9 9,9 619,6 105,5 580,1 316,4 36,3
Iguaba
20,9 7,0 564,8 104,6 522,9 320,7 62,8
Grande
Itaboraí 4,1 13,9 319,4 60,4 317,7 233,6 33,5
Itaguaí 4,8 4,8 540,3 74,5 389,8 277,3 71,3
Italva 0,0 25,8 696,9 90,3 890,5 1484,2 193,6
Itaocara 0,0 16,8 748,8 75,7 774,1 488,0 168,3
Itaperuna 3,8 7,6 574,1 43,6 693,5 418,7 85,3
Itatiaia 6,3 0,0 764,2 100,2 1171,4 707,8 137,8
Japeri 13,6 3,9 558,0 65,9 375,8 176,3 50,4
Laje do
27,1 0,0 624,1 108,5 895,4 461,3 108,5
Muriaé
Macaé 9,5 8,7 399,4 48,8 377,3 273,3 55,1
Macuco 0,0 0,0 620,8 34,5 1034,6 379,4 34,5
Magé 6,4 14,4 667,3 95,1 481,9 354,0 56,7
Mangaratiba 13,5 18,0 830,2 49,6 1001,7 1164,1 180,5
Maricá 2,5 3,7 589,5 46,1 619,4 568,3 123,4
Mendes 10,4 0,0 644,7 31,2 582,3 384,7 145,6
Mesquita 0,0 13,0 580,1 61,7 414,5 307,4 66,0
Miguel
0,0 37,4 688,1 97,2 807,8 665,7 82,3
Pereira
Miracema 7,1 14,3 392,9 42,9 392,9 328,6 14,3
Natividade 0,0 0,0 708,8 64,4 567,0 335,1 51,5
Nilópolis 3,5 9,3 600,0 60,2 508,5 379,9 59,1
Niterói 1,5 5,8 470,3 50,2 389,8 412,0 52,8
Nova
0,0 9,1 614,2 50,5 544,5 373,8 73,7
Friburgo
Nova Iguaçu 6,3 8,9 603,4 63,8 485,6 288,3 84,9
Paracambi 0,0 11,7 639,3 15,6 658,8 526,2 105,2
Paraíba do
0,0 8,7 524,7 26,2 620,9 332,3 96,2
Sul
Paraty 14,2 19,0 649,6 75,9 649,6 379,3 61,6
Paty do
0,0 0,0 562,6 14,1 611,8 436,0 91,4
Alferes
Petrópolis 1,2 9,4 538,0 73,7 587,4 354,9 60,0
Pinheiral 7,8 7,8 709,4 93,5 647,0 506,7 93,5
Piraí 6,8 6,8 440,3 88,1 447,0 298,0 74,5

Instituto de Segurança Pública


102 Dossiê Mulher 2019

Homicídio Homicídio- Lesão Violência Violência Violência


Municípios Estupro
doloso tentativa corporal psicológica moral patrimonial
Porciúncula 0,0 10,7 469,5 117,4 1067,1 661,6 170,7
Porto Real 30,8 0,0 686,9 82,0 522,9 317,8 82,0
Quatis 0,0 13,8 206,7 55,1 344,4 303,1 82,7
Queimados 7,8 15,5 529,6 72,5 493,4 374,2 73,8
Quissamã 0,0 0,0 507,5 98,2 360,2 278,3 24,6
Resende 6,0 10,5 422,9 61,3 488,6 451,2 64,2
Rio Bonito 0,0 16,4 480,3 55,9 463,8 348,7 55,9
Rio Claro 0,0 0,0 327,3 21,8 545,5 458,2 130,9
Rio das
0,0 21,3 597,5 0,0 597,5 725,6 106,7
Flores
Rio das
6,8 10,8 496,8 81,2 528,0 357,4 78,5
Ostras
Rio de
3,2 6,2 433,8 39,4 380,4 342,7 56,6
Janeiro
Santa Maria
0,0 0,0 333,8 39,3 746,1 353,4 58,9
Madalena
Santo
Antônio de 9,3 0,0 524,9 41,8 673,6 274,1 74,3
Pádua
São
Francisco de 0,0 10,2 456,8 30,5 538,0 365,5 45,7
Itabapoana
São Fidélis 4,8 33,4 486,5 100,2 543,7 267,1 57,2
São Gonçalo 1,1 4,8 288,0 40,5 278,4 205,2 37,3
São João da
0,0 0,0 510,2 126,2 603,5 499,2 82,3
Barra
São João de
4,4 6,5 513,5 50,9 423,4 259,8 46,9
Meriti
São José de
0,0 0,0 392,1 28,0 336,1 504,1 28,0
Ubá
São José do
Vale do Rio 0,0 9,2 453,1 92,5 610,3 490,1 64,7
Preto
São Pedro da
7,7 3,8 413,3 73,1 355,7 298,0 44,2
Aldeia
São
Sebastião do 21,5 21,5 581,6 0,0 840,1 258,5 172,3
Alto
Sapucaia 0,0 0,0 538,5 55,0 637,4 417,6 109,9
Saquarema 0,0 13,6 702,0 86,0 663,5 523,1 97,4
Seropédica 6,8 13,6 467,1 70,3 458,0 405,9 34,0
Silva Jardim 0,0 0,0 641,8 37,2 465,1 297,7 55,8

Instituto de Segurança Pública


Dossiê Mulher 2019 103

Homicídio Homicídio- Lesão Violência Violência Violência


Municípios Estupro
doloso tentativa corporal psicológica moral patrimonial
Sumidouro 0,0 0,0 580,7 26,4 633,5 356,3 118,8
Tanguá 0,0 11,8 293,8 82,3 205,6 211,5 41,1
Teresópolis 3,2 5,3 607,9 109,1 677,8 475,5 89,0
Trajano de
0,0 0,0 250,6 38,5 443,3 346,9 77,1
Moraes
Três Rios 0,0 7,1 717,4 61,2 693,8 298,7 80,0
Valença 0,0 7,6 562,5 42,9 638,2 373,3 50,5
Varre-Sai 0,0 18,4 350,3 184,4 276,6 73,7 36,9
Vassouras 0,0 5,2 556,7 72,8 650,4 390,2 135,3
Volta
2,8 7,7 352,7 34,4 390,0 366,8 44,3
Redonda

Instituto de Segurança Pública


Apêndice 5
Distribuição das Regiões Integradas de Segurança Pública, Áreas Integradas de Segurança
Pública, Batalhões de Polícia Militar e Delegacias de Polícia Civil
RISP AISP BPM DP Município Unidade Territorial
9 Catete, Cosme Velho, Flamengo, Glória e
Rio de
1 2 2º BPM Laranjeiras
10 Janeiro
Botafogo, Humaitá e Urca
Cachambi, Méier (parte) e Todos os Santos
23
(parte)
Abolição, Água Santa (parte), Encantado,
24
Engenho de Dentro (parte), Pilares e Piedade
Rio de Engenho Novo, Jacaré, Jacarezinho,
1 3 3º BPM 25
Janeiro Riachuelo, Rocha, Sampaio e São Francisco Xavier
Água Santa (parte), Engenho de Dentro
26
(parte), Lins de Vasconcelos e Todos os Santos
Del Castilho, Engenho da Rainha, Inhaúma,
44
Maria da Graça e Tomás Coelho
Catumbi, Cidade Nova, Estácio, Rio Comprido
6
Rio de e Centro (parte)
1 4 4º BPM
Janeiro Caju, Mangueira, São Cristóvão e Vasco da
17
Gama
1 Centro (parte)
4 Rio de Centro (parte), Gamboa, Santo Cristo e Saúde
1 5 5º BPM
5 Janeiro Centro (parte), Lapa e Paquetá
7 Santa Teresa
18 Maracanã, Praça da Bandeira e Tijuca (parte)
Rio de
1 6 6º BPM 19 Alto da Boa Vista e Tijuca (parte)
Janeiro
20 Andaraí, Grajaú e Vila Isabel
72 São Gonçalo
73 Rio de Neves
4 7 7º BPM
74 Janeiro Monjolo
75 Ipiiba e Sete Pontes
Campos dos Goytacazes (Primeiro Subdistrito,
Segundo Subdistrito e Quarto Subdistrito),
134 Ibitioca, Dores de Macabu, Morangaba, Mus-
Campos dos surepe, Serrinha, Santo Amaro de Campos, São
Goytacazes Sebastião de Campos e Tocos
Campos dos Goytacazes (Terceiro Subdistrito),
146 Santa Maria, Morro do Coco, Santo Eduardo,
6 8 8º BPM Travessão e Vila Nova de Campos
141 São Fidelis São Fidelis, Cambiasca, Colonia, Ipuca e Pureza
São João da Barcelos, Atafona, São João da Barra, Grussaí,
145
Barra Cajueiro e Pipeiras
São Francisco
São Francisco de Itabapoana, Maniva e Barra
147 de Itabapo-
Seca
ana
Dossiê Mulher 2019 105

Cavalcanti, Engenheiro Leal, Madureira, Turiaçu,


29 Vaz Lobo, Oswaldo Cruz (parte), Cascadura e
Quintino Bocaiúva
Rio de
2 9 9º BPM Bento Ribeiro, Campinho, Marechal Hermes e
30 Janeiro
Oswaldo Cruz (parte)
Coelho Neto, Colégio (parte), Honório Gurgel e
40
Rocha Miranda
Barra do Piraí, Dorandia, Ipiabas, São José do
88 Barra do Piraí
Turvo e Vargem Alegre
Valença, Barão de Juparana, Conservatória, Pa-
91 Valença
rapeúna, Pentagna e Santa Isabel do Rio Preto
Rio das Flores, Manuel Duarte, Abarracamento
92 Rio das Flores
e Taboas
94 Piraí Piraí, Arrozal, Monumento e Santanésia
Vassouras, Andrade Pinto, São Sebastião dos
10º 95 Vassouras
5 10 Ferreiros e Sebastião de Lacerda
BPM
Miguel
Miguel Pereira, Governador Portela e Conrado
Pereira
96
Paty do
Paty do Alferes e Avelar
Alferes
97 Mendes Mendes
Engenheiro
Engenheiro Paulo de Frontin e Sacra Família
98 Paulo de
do Tinguá
Frontin
Nova Friburgo, São Pedro da Serra, Lumiar,
Nova
151 Amparo, Riograndina, Conselheiro Paulino e
Friburgo
Campo do Coelho
152 Duas Barras Duas Barras e Monnerat
Cantagalo, Santa Rita da Floresta, Boa Sorte,
153 Cantagalo
Euclidelândia e São Sebastião do Paraíba
Cordeiro Cordeiro
11º 154
7 11 Macuco Macuco
BPM
Santa Maria Madalena, Doutor Loreti, Re-
Santa Maria
156 nascença, Santo Antônio do Imbé, Sossego e
Madalena
Triunfo
Trajano de Trajano de Moraes, Doutor Elias, Sodrelândia,
157
Moraes Vila da Grama e Visconde de Imbé
Bom Jardim, Banquete, Barra Alegre e São José
158 Bom Jardim
do Ribeirão

Instituto de Segurança Pública


106 Dossiê Mulher 2019

Centro, Ponta da Areia, Ilha da Conceição, São


76 Lourenço, Fátima, Morro do Estado, Ingá, São
Domingos, Gragoatá e Boa Viagem
Santa Rosa, Icaraí, Vital Brasil, Pé Pequeno,
77
Viradouro e Cubango
Fonseca, Viçoso Jardim, Caramujo, Baldeador,
78 Santa Bárbara, Tenente Jardim, Engenhoca,
12º Niterói Santana e Barreto
4 12
BPM Jurujuba, Charitas, São Francisco, Cachoeiras,
Maceió, Largo da Batalha, Ititioca, Badu, Sapê,
79
Matapaca, Vila Progresso, Muriqui, Maria Paula
e Cantagalo
Itaipu, Camboinhas, Itacoatiara, Piratininga,
81 Cafubá, Jacaré, Rio do Ouro, Engenho do Mato,
Várzea das Moças e Jardim Imbuí
82 Maricá Maricá e Inoã
Campo dos Afonsos, Deodoro, Jardim Sulacap,
33 Rio de
14º Magalhães Bastos, Realengo e Vila Militar
2 14 Janeiro
BPM Bangu, Gericinó, Padre Miguel e Senador
34
Camará
59 Duque de Caxias (Centro)
15º 60 Duque de Campos Elyseos
3 15
BPM 61 Caxias Xerém
62 Imbariê
Brás de Pina (parte), Olaria, Penha, Penha
22
Circular (parte) e Complexo do Alemão
16º Rio de
1 16 Brás de Pina (parte), Cordovil, Jardim América,
BPM Janeiro
38 Parada de Lucas,Penha Circular (parte) e Vigário
Geral
Bancários, Cacuia, Cidade Universitária, Cocotá,
17º Rio de Freguesia, Galeão, Jardim Carioca, Jardim
1 17 37
BPM Janeiro Guanabara, Moneró, Pitangueiras, Portuguesa,
Praia da Bandeira, Ribeira, Tauá e Zumbi
28 Vila Valqueire, Praça Seca e Tanque (parte)
Anil, Cidade de Deus, Curicica, Gardênia Azul,
18º 32 Rio de
2 18 Jacarepaguá e Taquara
BPM Janeiro
Freguesia (Jacarepaguá), Pechincha e Tanque
41
(parte)
19º 12 Rio de Copacabana (parte) e Leme
1 19
BPM 13 Janeiro Copacabana (parte)
52 Centro
56 Comendador Soares, Cabuçú e Km32
Nova Iguaçu
20º Posse, Austin, Miguel Couto, Vila de Cava e
3 20 58
BPM Tinguá
53 Mesquita Mesquita, Chatuba e Banco de Areia
57 Nilópolis Nilópolis e Olinda
21º São João de São João de Meriti, Coelho da Rocha e São
3 21 64
BPM Meriti Mateus
22º Rio de Benfica, Bonsucesso, Higienópolis, Manguinhos,
1 22 21
BPM Janeiro Maré e Ramos

Instituto de Segurança Pública


Dossiê Mulher 2019 107

11 Rocinha
23º
14 Rio de Ipanema e Leblon
1 23 BPM
Janeiro Gávea, Jardim Botânico, Lagoa, São Conrado e
15
Vidigal
48 Seropédica Seropédica
50 Itaguaí Itaguaí e Ibituporanga
24º 51 Paracambi Paracambi
3 24
BPM 55 Queimados Centro, Norte, Sul. Leste, Oeste e Nordeste
Japeri, Engenheiro Pedreira, Marajoara, Pedra
63 Japeri
Lisa e Rio D`Ouro
Araruama, Morro Grande e São Vicente de
118 Araruama
Paula
124 Saquarema Saquarema, Bacaxá e Sampaio Correia
São Pedro da
125 São Pedro da Aldeia
Aldeia
25º 126 Cabo Frio Cabo Frio e Tamoios
4 25
BPM Armação dos
127 Armação dos Búzios
Búzios
Iguaba
129 Iguaba Grande
Grande
Arraial do
132 Arraial do Cabo
Cabo
26º 105 Petrópolis e Cascatinha
7 26 Petrópolis
BPM 106 Itaipava, Pedro do Rio e Posse
27º 36 Rio de Paciência e Santa Cruz
2 27
BPM 43 Janeiro Guaratiba, Pedra de Guaratiba e Sepetiba
Antonio Rocha, Floriano, Nossa Senhora do
90 Barra Mansa Amparo, Rialto e Regiões Administrativas I, II,
III, IV, V, VI, VII, VIII, IX, X, XI, XII, XIII, XIV
28º Volta
5 28 93 Volta Redonda
BPM Redonda
101 Pinheiral Pinheiral
Rio Claro, Getulândia, Lídice, Passa Três e São
168 Rio Claro
João Marcos
Laje do
138 Laje do Muriaé
Muriaé
139 Porciúncula Porciúncula, Purilândia e Santa Clara
Natividade Natividade, Ourania e Bom Jesus do Querendo
140
Varre-Sai Varre-Sai
Itaperuna, Boaventura, Nossa Senhora da
Itaperuna Penha, Itajara, Retiro do Muriaé, Raposo e
29º
6 29 143 Comendador Venâncio
BPM
São José de
São José de Ubá
Ubá
Bom Jesus de Bom Jesus de Itabapoana, Carabuçú, Calheiros,
144
Itabapoana Pirapetinga de Bom Jesus, Rosal e Serrinha
Cardoso
Cardoso Moreira e São Joaquim
148 Moreira
Italva Italva

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108 Dossiê Mulher 2019

São José do
104 Vale do Rio São José do Vale do Rio Preto
Preto
30º Teresópolis, Vale do Bonsucesso e Vale do
7 30 110 Teresópolis
BPM Paquequer
111 Sumidouro Sumidouro
Carmo, Córrego da Prata e Porto Velho do
112 Carmo
Cunha
16 Barra da Tijuca, Itanhangá, Joá
31º Rio de Recreio dos Bandeirantes, Barra de Guaratiba,
2 31
BPM 42 Janeiro Camorim, Grumari, Vargem Grande e Vargem
Pequena
Casimiro de Casimiro de Abreu, Professor Souza, Barra de
121
Abreu São João e Rio Dourado
Conceição de
122 Conceição de Macabú e Macabuzinho
Macabú
Centro, Cabiúnas, Barra de Macaé, Aeroporto e
32º 123 Macaé
6 32 Imboassica
BPM
Rio das
128 Rio das Ostras
Ostras
Quissamã Quissamã
130 Centro, UB-S, Rodagem, Carapebus e Praia de
Carapebus
Carapebus
Mangaratiba, Conceição de Jacareí, Vila Muri-
165 Mangaratiba
quí, Itacuruçá
33º
5 33 Angra dos Angra dos Reis, Jacuecanga, Cunhambebe,
BPM 166
Reis Mambucaba, Abraão e Praia de Araçatiba
167 Paraty Paraty, Paraty-Mirim e Tarituba
65 Magé, Santo Aleixo e Suruí
34º Magé
3 34 66 Inhomirim e Guia de Copaíba
BPM
67 Guapimirim Guapimirim
70 Tanguá Tanguá
Itaboraí, Cabuçú, Itambí, Porto das Caixas e
71 Itaboraí
Sambaetiba
35º 119 Rio Bonito Rio Bonito e Boa Esperança
4 35
BPM Silva Jardim, Aldeia Velha, Correntezas e
120 Silva Jardim
Gaviões
Cachoeiras de
159 Cachoeiras de Macacu, Japuíba e Subaio
Macacu
Itaocara, Portela, Batatal, Laranjais, Jaguarembe
135 Itaocara
e Estrada Nova
Santo Antônio de Pádua, Campelo, Paraoquena,
Santo Antô-
Monte Alegre, Ibitiguaçú, Santa Cruz, Baltazar,
136 nio de Pádua
Marangatú e São Pedro de Alcântara
36º
6 36 Aperibé Aperibé
BPM
137 Miracema Miracema, Venda das Flores e Paraíso do Tobias
Cambuci, Três Irmãos, Funil, Monte Verde e São
142 Cambuci
João do Paraíso
São Sebastião
155 São Sebastião do Alto, Valão do Barro e Ipituna
do Alto

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Dossiê Mulher 2019 109

Resende, Engenheiro Passos, Agulhas Negras,


89 Resende
Pedra Selada e Fumaça
37º
5 37 99 Itatiaia Itatiaia
BPM
Porto Real Porto Real
100
Quatis Quatis, Falcão e Ribeirão de São Joaquim
Paraíba do Paraíba do Sul, Werneck, Salutaris e Inconfi-
107
Sul dência
Comendador
Levy Gaspa- Comendador Levy Gasparian e Afonso Arinos
38º rian
7 38 108
BPM
Areal Areal
Três Rios Três Rios e Bemposta
Sapucaia, Anta, Pião, Nossa Senhora Aparecida
109 Sapucaia
e Jamapara
39º Areia Branca, Jardim Redentor, Parque São José,
3 39 54 Belford Roxo
BPM Nova Aurora e Lote XV
40º Rio de Campo Grande, Cosmos, Inhoaíba, Santíssimo e
2 40 35
BPM Janeiro Senador Vasconcelos
Colégio (parte), Irajá, Vicente de Carvalho, Vila
27
Kosmos, Vila da Penha e Vista Alegre
41º Rio de Anchieta, Guadalupe, Parque Anchieta e Ricar-
2 41 31
BPM Janeiro do de Albuquerque
Acari, Barros Filho, Costa Barros, Parque Colúm-
39
bia e Pavuna

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