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CAPA

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE


PROCURADORIA-GERAL DE JUSTIÇA
CENTRO DE APOIO OPERACIONAL ÀS PROMOTORIAS DE JUSTIÇA
DA INFÂNCIA E JUVENTUDE E FAMÍLIA

PROCESSO DE ESCOLHA UNIFICADO PARA OS


MEMBROS DOS CONSELHOS TUTELARES - 2023

GUIA DE PERGUNTAS E RESPOSTAS

Natal
2023
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
PROCURADORIA-GERAL DE JUSTIÇA
CENTRO DE APOIO OPERACIONAL ÀS PROMOTORIAS DE JUSTIÇA
DA INFÂNCIA E JUVENTUDE E FAMÍLIA

Elaine Cardoso de Matos Novais Teixeira


Procuradora-Geral de Justiça

Gláucio Pinto Garcia


Procurador-Geral de Justiça Adjunto

Isabelita Garcia Gomes Neto Rosas


Chefe de Gabinete

Iadya Gama Maio


Corregedora-Geral

Naide Maria Pinheiro


Corregedora-Geral Adjunta

Rodrigo Pessoa de Morais


Ouvidor-Geral

Jean Marcel Cunto Lima


Diretor-Geral

Marília Regina Soares Cunha Fernandes


Coordenadora do CAOPIJF
© 2023 Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte
Todos os direitos reservados

EQUIPE TÉCNICA

ASSESSORIA TÉCNICA DE EDITORAÇÃO

Revisão, normatização e padronização

Nouraide Fernandes Rocha de Queiroz


Assessora Técnica de editoração

Kirla Sabine Maia Saraiva


Técnica do MPE

Daniel Felipe Fernandes Bezerra


MP Residente

SETOR DE PRODUÇÃO E ARTE

Projeto gráfico e diagramação

Jeann Karlo Dantas Lima


Chefe do Setor de Produção e Arte
LISTA DE SIGLAS

Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça da Infância,


CF
Juventude e Família

Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça da Infância,


CAOPIJF
Juventude e Família

CMDCA Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente

CNMP Conselho Nacional do Ministério Público

COEGEMAS Colegiado Estadual de Gestores Municipais de Assistência Social

CONANDA Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente

CONSEC Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente

DF Distrito Federal

ECA Estatuto da Criança e do Adolescente

FEMURN Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte

Observatório da População Infantojuvenil em Contextos de Violência,


OBIJUV/UFR
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Secretaria de Estado das Mulheres, da Juventude, da Igualdade Racial


SEMJIDH
e dos Direitos Humanos

TRE Tribunal Regional Eleitoral

TSE Tribunal Superior Eleitoral


SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO .......................................................................................................... 8

I. PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A ELEIÇÃO UNIFICADA


DOS MEMBROS DO CONSELHO TUTELAR ................................................................... 10
1. Quais leis/normas balizam o processo
de escolha dos conselheiros tutelares? .......................................................... 10
2. O que o edital do processo de escolha dos conselheiros tutelares
deverá dispor?..................................................................................................11
3. Quais os requisitos para a candidatura a membro
do Conselho Tutelar? ..................................................................................... 12
4. A Resolução do CMDCA e o Edital podem estabelecer requisitos
adicionais à candidatura dos interessados em concorrer no pleito,
não previstos em Lei? ..................................................................................... 12
5. Para se candidatar a membro do Conselho Tutelar é necessário
qual grau de escolaridade? ............................................................................. 13
6. Qual momento para aferição do preenchimento dos requisitos
de candidatura? .............................................................................................. 13
7. A quem cabe conduzir o processo de escolha
dos conselheiros tutelares? ............................................................................. 14
8. Quem é o responsável por averiguar as candidaturas dos interessados
a concorrer ao cargo de conselheiro tutelar?.................................................. 14
9. Como é realizada a escolha dos conselheiros tutelares? .......................... 14
10. Em quantos candidatos o eleitor poderá votar no dia da eleição? ........ 15
11. Poderá haver mais de um Conselho Tutelar no Município?
Em caso positivo, como será a votação dos eleitores? ................................... 15
12. Existe um número mínimo de habilitados
para a eleição de conselheiros tutelares? ....................................................... 16
13. Quem serão considerados suplentes no processo de escolha? ............. 17
14. Os conselheiros tutelares em exercício podem tentar
a reeleição quantas vezes? .............................................................................. 17
15. É preciso afastamento da função pública ou desincompatibilização
para candidatura ao cargo de conselheiro tutelar? ........................................... 17
16. Há impedimentos para que o indivíduo se candidate
ao cargo de membro do Conselho Tutelar? ................................................... 18
17. Qual o papel do Promotor de Justiça no processo de escolha? ............ 19
18. O Ministério Público pode elaborar a prova de conhecimento
do processo de escolha do Conselho Tutelar? ............................................... 22
19. Pode haver debates entre os candidatos? .............................................. 22
20. Como pode ser feita a propaganda eleitoral pelo candidato
ao cargo de conselheiro tutelar? ..................................................................... 23
21. Como o candidato poderá fazer sua
propaganda eleitoral na internet?................................................................... 24
22. Quais as condutas vedadas aos candidatos durante
o processo de escolha, especialmente durante a campanha? ........................ 24
23. Há alguma vedação para os candidatos ao cargo
de conselheiro tutelar no dia da eleição? ....................................................... 26
24. Qual a quantidade de fiscais deverá estar presente
durante a eleição, dentro e fora do local de votação?..................................... 27
25. Como é realizada a solicitação das urnas de votação? .......................... 28

II. MATERIAL PARA SUBSIDIAR A ATUAÇÃO MINISTERIAL NO PROCESSO


DE ESCOLHA DOS MEMBROS DO CONSELHO TUTELAR ................................................. 29

REFERÊNCIAS............................................................................................................ 30
APRESENTAÇÃO

O ano de 2023 inicia com desafios importantes na área da infância e juventude,


destacando-se o pleito nacional unificado para membros do Conselho Tutelar (art. 139
do ECA). Além do processo de escolha em si, configura-se oportunidade para a
ampliação da discussão em torno dos direitos da criança e do adolescente e do
envolvimento da sociedade em geral para sua realização.
O Centro de Apoio Operacional às Promotorias da Infância e Juventude e
Família (CAOPIJF), em caráter de apoio aos membros que atuam na infância e
juventude, apresenta este e-book no qual constam perguntas e respostas referentes
aos principais temas que dizem respeito ao processo de escolha; modelos de peças
produzidos no afã de subsidiar a atuação ministerial; e outros materiais relacionados
ao certame, como o Guia de Atuação do Ministério Público na Fiscalização do
Processo de Escolha do Conselho Tutelar, do Conselho Nacional do Ministério
Público (CNMP).
Os membros do Ministério Público, em razão de sua necessária participação no
processo de fiscalização das eleições, nos termos do art. 139, da Lei nº 8.069, de 13 de
julho de 1990 (Estatuto da Criança e o Adolescente (ECA)), não assumem papel de
execução do processo organizacional do pleito, o qual, segundo a Norma Estatuária e
as orientações nacionais, foi atribuído, de forma exclusiva, ao Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA).
Sendo assim, incumbe ao Ministério Público atuar para que sejam observadas as
normas legais que regem todas as fases do processo de escolha (ECA e leis municipais)
e a aplicação das orientações estabelecidas pelo Conselho Nacional dos Direitos da
Criança e do Adolescente (CONANDA) e pelo Conselho Estadual dos Direitos da

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Criança e do Adolescente (CONSEC). Nesse sentido, o objetivo é evitar nulidades
eventuais no processo de seleção, contribuindo, assim, de forma efetiva para a garantia
da lisura das eleições, da participação da comunidade e do fortalecimento do debate em
torno dos direitos das crianças e dos adolescentes.
Este Centro de Apoio integra a Comissão Interinstitucional que foi formada para
articular a realização do processo de escolha nos municípios potiguares – da qual
também fazem parte o Consec, a Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte
(FEMURN), a Secretaria de Estado das Mulheres, da Juventude, da Igualdade Racial e
dos Direitos Humanos (SEMJIDH), o Colegiado Estadual de Gestores Municipais de
Assistência Social (COEGEMAS) e o Observatório da População Infantojuvenil em
Contextos de Violência, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(OBIJUV/UFRN).
Destaca-se que em breve será disponibilizada a sugestão de calendário de todas
as fases do pleito unificado, na tentativa de que os municípios avancem,
simultaneamente em cada umas das etapas, dentro do possível, e realizem a eleição e
posse dos eleitos nas datas unificadas.
Essa Comissão Interinstitucional também está realizando tratativas junto ao
Tribunal Regional Eleitoral (TRE) visando ao apoio à eleição unificada dos conselheiros
tutelares, e será feita a publicização, tão logo sejam definidos os termos desse apoio.
No mais, o CAOPIJF se disponibiliza a auxiliar os membros e servidores, no que
lhe couber, e deseja a todos uma atuação exitosa nesse processo tão relevante para os
direitos infantojuvenis.

Marília Regina Soares Cunha Fernandes


Coordenadora do CAOPIJF

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I. PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A ELEIÇÃO UNIFICADA
DOS MEMBROS DO CONSELHO TUTELAR

1. Quais leis/normas balizam o processo de escolha


dos conselheiros tutelares?

O processo de escolha dos conselheiros tutelares encontra seu fundamento


normativo nos arts. 132, 133 e 139, da Lei nº 8.069/1990-ECA; em leis municipais
(grande parte das leis municipais que dispõe sobre o Conselho Tutelar já contempla o
processo de escolha de seus membros); na Resolução nº 231/2022, do Conselho
Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA); na Resolução nº
134/2023, do Consec; nas Resoluções dos Conselhos Municipais dos Direitos da
Criança e do Adolescente (CMDCAs) e no edital de convocação do certame.
A Resolução nº 231/2022 foi editada pelo Conanda no exercício da competência
que lhe fora outorgada pelo art. 2º, da Lei nº 8.242, de 12 de outubro de 1991, para
elaborar normas gerais da política nacional de atendimento à criança e ao adolescente.
Logo, deve balizar o Poder Legislativo Municipal, por ocasião da discussão de projetos
de lei que disponham especialmente sobre o processo de escolha dos membros do
Conselho Tutelar, para que essa temática tenha uniformidade nacional, na medida do
possível. Entretanto, caso se verifique conflito aparente entre a resolução e a lei
municipal vigente, esta deve prevalecer, segundo parte da doutrina e da jurisprudência,
eis que deve ser reconhecida a competência e a autonomia dos municípios para
legislarem sobre assuntos de interesse local (art. 30, inciso I, da CF/88).
A Resolução nº 134/2023, do Consec, traz regras gerais do processo de escolha
em âmbito estadual, cujos dispositivos reproduzem, em sua maioria, os termos da
Resolução nº 231/2022, do Conanda.

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2. O que o edital do processo de escolha
dos conselheiros tutelares deverá dispor?

Segundo a Resolução nº 231/2022, do Conanda, em seu art. 7º, § 1º, o edital


deverá ser publicado com antecedência de no mínimo 6 (seis) meses da data da
eleição, e deverá conter:
a) o calendário com as datas e os prazos para registro de candidaturas,
impugnações, recursos e outras fases do certame, de forma que o processo
de escolha se inicie com no mínimo 6 (seis) meses antes do dia estabelecido
para o certame;
b) a documentação a ser exigida dos candidatos, como forma de comprovar o
preenchimento dos requisitos previstos no art. 133 da Lei nº 8.069, de 13 de
julho de 1990, e em lei municipal ou do Distrito Federal de criação dos
conselhos tutelares;
c) as regras de divulgação do processo de escolha, contendo as condutas
permitidas e vedadas aos candidatos, com as respectivas sanções previstas
em lei municipal ou do Distrito Federal de criação dos conselhos tutelares;
d) composição da comissão especial encarregada de realizar o processo de
escolha, já criada por resolução própria;
e) informações sobre a remuneração, jornada de trabalho, período de plantão e/ou
sobreaviso, direitos e deveres do cargo de membro do Conselho Tutelar; e
f) formação dos candidatos escolhidos como titulares e dos candidatos suplentes.

A divulgação do Edital deverá ser acompanhada de informações sobre as


atribuições do Conselho Tutelar e sobre a importância da participação de todos os
cidadãos, na condição de candidatos ou eleitores, servindo de instrumento de
mobilização popular em torno da causa da infância e da juventude, conforme dispõe o
art. 88, inc. VII, do Estatuto da Criança e do Adolescente (art. 10 da Resolução n.
231/2022, do Conanda).

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3. Quais os requisitos para a candidatura a membro
do Conselho Tutelar?

Conforme o art. 133 do ECA são exigidos 03 (três) requisitos para a candidatura
a membro do Conselho Tutelar:
• reconhecida idoneidade moral;
• idade superior a 21 anos de idade; e
• residir no município.
Em conformidade com o princípio da municipalização, disposto no art. 88, inciso
I do ECA, e também com fulcro no art. 30, inciso II da CF/88, o município está
autorizado a suplementar as disposições da norma estatutária e ampliar esses requisitos
conforme a realidade local.

4. A Resolução do CMDCA e o Edital podem estabelecer


requisitos adicionais à candidatura dos interessados
em concorrer no pleito, não previstos em Lei?

Nem a Resolução do CMDCA nem o Edital poderão estabelecer qualquer


requisito para a candidatura a membro do Conselho Tutelar que não esteja previsto na
Lei Federal nº 8.069/1990 (ECA) e na Lei Municipal, sob pena de ofensa ao princípio
constitucional da legalidade (art. 37, da CF).

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5. Para se candidatar a membro do Conselho Tutelar
é necessário qual grau de escolaridade?

Cabe à Lei Municipal definir o grau de escolaridade. Na hipótese de omissão, não


pode o Edital estabelecer tal exigência adicional. A Resolução nº 231/2022, do
Conanda, sugere que a Lei Municipal estabeleça como requisito ao exercício da função
de conselheiro tutelar a conclusão do Ensino Médio (art. 12, § 2º, inciso II). É possível
que a legislação local exija formação em ensino superior, desde que essa exigência não
inviabilize o processo de escolha.

6. Qual momento para aferição do preenchimento


dos requisitos de candidatura?

Nos termos da Nota Técnica nº 01/2019-CAOPIJF/MPRN, cujos argumentos


atualmente são ratificados, entende-se que, em regra, o momento para aferição do
preenchimento dos requisitos legais previstos no art. 133 do Estatuto da Criança e do
Adolescente, além de outros adicionados pelas legislações municipais, é aquele período
do registro/inscrição de candidatura definido no Edital de Convocação do Processo de
Escolha, à exceção do critério da idade mínima de 21 (vinte e um) anos, o qual
deve ter como referência a data da posse, à semelhança do disposto no art. 11, § 2º,
primeira parte, da Lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997, aplicável analogicamente
ao processo de escolha para membros do conselho tutelar dada a sua similaridade com
o pleito eleitoral comum. Para um maior aprofundamento, sugere-se a leitura da aludida
Nota Técnica, disponível na pasta compartilhada denominada < material para subsidiar
a atuação ministerial no processo de escolha >, cujo link consta neste e-book.

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7. A quem cabe conduzir o processo de escolha
dos conselheiros tutelares?

O processo de escolha é realizado sob a responsabilidade do Conselho Municipal


dos Direitos da Criança e do Adolescente (art. 139, caput, ECA), por meio de uma
Comissão Especial formada por integrantes desse Conselho, que deverá ser constituída
de forma paritária entre conselheiros representantes do governo e da sociedade civil.
Caberá a esta Comissão Especial conduzir todas as etapas do certame (art. 11, da
Resolução nº 231/2022, do Conanda).
Nenhum outro órgão pode substituir o CMDCA nessa função, sob pena de
nulidade de todo o processo de escolha.

8. Quem é o responsável por averiguar as candidaturas


dos interessados a concorrer ao cargo de conselheiro tutelar?

A Comissão Especial que conduz o processo de escolha deverá analisar os


pedidos de registro de candidatura e dar ampla publicidade à relação dos
pretendentes inscritos, facultando a qualquer cidadão impugnar, no prazo de 5
(cinco) dias contados da publicação, os candidatos que não atendam os requisitos
exigidos, indicando os elementos probatórios, de acordo com o art. 11, § 2º, da
Resolução nº 231/2022, do Conanda.

9. Como é realizada a escolha dos conselheiros tutelares?

O processo de escolha dos membros do conselho tutelar ocorre de forma


unificada em todo o território nacional, a cada 4 (quatro) anos, no primeiro
domingo de outubro do ano subsequente ao da eleição presidencial, segundo o art.

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139, § 1º, ECA. A posse dos conselheiros escolhidos ocorre, também, em data
unificada, no caso, no dia 10 de janeiro do ano subsequente ao processo de escolha,
conforme art. 139, § 2º, ECA.
Por ser uma regra disposta em lei federal, não pode ser estabelecida data diferente
nas leis municipais.
A eleição unificada é realizada por meio de sufrágio universal e direto, pelo voto
uninominal facultativo e secreto dos eleitores do respectivo Município ou do Distrito
Federal (5º, inciso I, da Resolução nº 231/2022, do Conanda).

10. Em quantos candidatos o eleitor poderá votar no dia da eleição?

Dependerá do que estiver previsto na Lei Municipal que trata do Conselho


Tutelar e do processo de escolha de seus membros, visto que o Estatuto da Criança e
do Adolescente não traz regramento nesse sentido. Usualmente, as Leis Locais
estabelecem que o eleitor poderá votar entre 01 (um) e 05 (cinco) candidatos. Vale
destacar que a Resolução nº 231/2022 do Conanda (5º, inciso I) dispõe que o voto
uninominal, ou seja, em apenas um nome, será facultativo, cabendo à Lei Municipal
definir esse ponto. Em caso de omissão legislativa, caberá ao CMDCA, especialmente
por ocasião da Resolução que deflagrar o processo de escolha e do Edital de
Convocação, definir essa questão.

11. Poderá haver mais de um Conselho Tutelar no Município?


Em caso positivo, como será a votação dos eleitores?

O art. 132, do ECA, reza que em cada Município e em cada Região


Administrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar. Desta

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feita, é perfeitamente possível que o Município ou DF disponha de mais de um órgão
tutelar, desde que sua criação seja feita mediante lei.
Quanto à votação do eleitorado, a Resolução n. 231/2022, do Conanda, ao
revogar a Resolução nº 170/2014, indica, no art. 6º, § 2°, que, em havendo mais de um
Conselho Tutelar no município, preferencialmente, a votação se dará respeitando a
correspondência entre o domicílio eleitoral do eleitor e a região de atendimento do
Conselho Tutelar. Nesse caso, o candidato deverá comprovar residência fixa na região
de atendimento do Conselho Tutelar a que pretende concorrer (art. 6º, §3º, da
Resolução n. 231/2022 do Conanda).
Caso a lei local seja omissa nesse ponto, caberá ao CMDCA disciplinar a questão
no Edital que regula o processo de escolha, pois esse é um aspecto do pleito que não
pode ficar sem disciplina normativa (Guia de Atuação do Ministério Público na
Fiscalização do Processo de Escolha do Conselho Tutelar, do CNMP).

12. Existe um número mínimo de habilitados


para a eleição de conselheiros tutelares?

A Resolução nº 231/2022, do Conanda, em seu art. 13, dispõe que o processo


de escolha ocorrerá com no mínimo 10 pretendentes habilitados para cada Colegiado.
Caso esse número seja inferior a 10, poderá o Conselho Municipal ou do Distrito
Federal dos Direitos da Criança e do Adolescente suspender o certame e reabrir o prazo
para a inscrição de novas candidaturas, objetivando que o número de candidatos seja o
maior possível para ampliar as opções de escolha pelos eleitores, bem como obter um
número maior de suplentes. A Comissão Especial deve assegurar, nessa hipótese, que a
eleição ocorra na data unificada, assim como a posse dos eleitos.

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13. Quem serão considerados suplentes no processo de escolha?

Serão suplentes todos aqueles que tiverem suas candidaturas habilitadas pela
Comissão Especial e obtiverem votos no processo de escolha, observando a ordem de
classificação publicada. Deste modo, não serão suplentes apenas os cinco candidatos
com maior número de votos além dos candidatos eleitos e, sim, todos aqueles que
receberam votos da população local, observada a ordem de classificação de votação
(arts. 6º e 16, Resolução nº 231/2022 do Conanda).

14. Os conselheiros tutelares em exercício podem tentar


a reeleição quantas vezes?

De acordo com a nova redação do art. 132, do ECA, dada pela Lei nº 13.824, de
2019, não há mais limite à recondução ao Conselho Tutelar, como ocorria antes dessa
lei (era permitida uma recondução, mediante novo processo de escolha). Sendo assim,
os conselheiros em exercício podem concorrer a indefinidos processos de escolha e, se
eleitos, serão novamente empossados no cargo de membro do Conselho Tutelar.

15. É preciso afastamento da função pública ou desincompatibilização


para candidatura ao cargo de conselheiro tutelar?

Não há necessidade de afastamento ou desincompatibilização dos membros do


Conselho Tutelar em exercício que pretendam concorrer à recondução.
O mesmo vale para os servidores públicos municipais, estaduais ou federais que
pretendam se candidatar, desde que não haja previsão em sentido contrário na Lei
Municipal (inclusive no Estatuto do Servidor Público Municipal ou equivalente), haja

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vista que o processo de escolha não é regulado pela Lei Eleitoral ou pelas demais
normas que regem as eleições gerais.
Ressalte-se que, embora seja possível incorporar, ao processo de escolha dos
membros do Conselho Tutelar, algumas disposições da legislação eleitoral (inclusive
sobre a necessidade de desincompatibilização de servidores municipais, durante a
campanha), isso deve ocorrer a partir de uma alteração da legislação municipal, que deve
incorporar, pontualmente, as normas da lei eleitoral que se deseje aplicar, promovendo,
sempre que necessário, as adaptações devidas.
A desincompatibilização aqui tratada não se confunde com a necessária
desincompatibilização do conselheiro tutelar em exercício para concorrer nas eleições
gerais (Vereador, Prefeito, Deputado etc.), prevista no art. 1º, I, “o”, da Lei
Complementar nº 64/1990 e referendada pela jurisprudência do Tribunal Superior
Eleitoral (Recurso Especial Eleitoral nº 16878. Relator Min. Nelson Jobim. Julgamento
em 27/09/2000), pois nesta hipótese o afastamento é obrigatório.

16. Há impedimentos para que o indivíduo se candidate


ao cargo de membro do Conselho Tutelar?

O ECA prevê em seu art. 140 quem estão impedidos de servir no mesmo
Conselho Tutelar: cônjuges, companheiros, mesmo que em união homoafetiva, ou
parentes em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau. Esses
impedimentos do conselheiro se estendem em relação à Autoridade judiciária e ao
Representante do Ministério Público com atuação na justiça da Infância e da Juventude
da mesma comarca, foro regional ou distrital. Nesse sentido, também é a Resolução do
Conanda nº 231/2022 (art. 15).
O verbo servir, utilizado na redação do art. 140, do ECA, revela que a vedação
diz respeito ao exercício da função de conselheiro tutelar, ou seja, da atuação propriamente

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dita, de forma concomitante, pelos parentes e pessoas acima citadas, seja como titular
ou suplente.
Não há proibição, porém, que esses indivíduos concorram ao pleito como
candidatos. Entretanto, se ambos forem eleitos, caberá a um deles renunciar à condição
de titular ou suplente, em regra.

17. Qual o papel do Promotor de Justiça no processo de escolha?

O Ministério Público tem a atribuição de órgão fiscalizador do processo de escolha


dos membros do Conselho Tutelar, conforme art. 139, do ECA. Assim, entende-se que
cabe ao Promotor de Justiça fiscalizar todas as etapas do certame e zelar pela garantia do
livre exercício do sufrágio, sigilo do voto e fiel cumprimento das regras do certame.
No exercício dessa atribuição, cabe ao parquet, dentre outras atribuições:

Antes da eleição:
Acompanhar todas as fases do processo de escolha, quais sejam:

a) publicação de Resolução do CMDCA (que traz as regras gerais do certame e


define a Comissão Especial) e do Edital;
b) publicação da relação dos inscritos; análise e julgamento das impugnações de
inscrições/candidaturas;
c) publicação da lista das inscrições homologadas;
d) julgamento dos recursos contra esta decisão;
e) realização de prova de conhecimento específico (quando prevista em Lei
Municipal);
f) publicação da lista dos candidatos habilitados pós prova, quando for o caso,
e do julgamento dos eventuais recursos; realização de reunião com os

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candidatos conduzida pela Comissão Especial para esclarecimento das
normas do processo de escolha e regras de campanha;
g) envio dos dados e documentos dos candidatos habilitados ao Consec para
inseminação das urnas eletrônicas pelo Tribunal Regional Eleitoral (para o
Município que for usar urna eletrônica);
h) definição dos locais de votação;
i) período da campanha eleitoral;
j) divulgação dos locais de votação do processo de escolha;
k) treinamento dos mesários e escrutinadores.

Cabe, ainda, ao Promotor de Justiça acompanhar pessoalmente a cerimônia de


lacração das urnas, sejam elas eletrônicas ou físicas.

No dia da eleição:
a) acompanhar o processo de votação, com visita às mesas receptoras, fazendo
constar da ata os horários em que esteve nos referidos locais;
b) prestar as informações inerentes a sua atuação;
c) disponibilizar telefone de contato e e-mail aos membros da Comissão Especial
Eleitoral, para o caso de eventual situação que demande sua intervenção;
d) acompanhar o processo de apuração dos votos, observando se foi preservada
a inviolabilidade das urnas, a fiel contagem dos votos, refletindo, assim, a
vontade da sociedade;
e) durante a apuração, verificar se as urnas se encontram intactas e se há
registros em ata que indiquem a necessidade de decisão pela Comissão
Especial do Processo de Escolha;
f) ao final, verificar se o número de votos constantes das urnas foi compatível
com o número de pessoas que assinaram a lista de presença.

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Recomenda-se ao membro que presenciar, no dia da eleição, a prática de
condutas vedadas previstas no ECA, Lei Municipal, Resoluções do Conanda, Consec e
do CMDCA que adote as seguintes providências:

a) lavre auto de constatação (disponível na pasta compartilhada denominada


material para subsidiar a atuação ministerial no processo de escolha, cujo link consta
nesse e-book) de todas as ocorrências relacionadas à possível prática de
condutas vedadas pelos candidatos, diretamente ou através de terceiros,
anotando-se os nomes dos envolvidos, o número de seus documentos,
número de telefone, endereço e a descrição do fato configurador da prática
proibida, devendo, se possível, registar todos os dados pessoais de possíveis
testemunhas, com o fim de embasar eventual instauração de procedimento
extrajudicial, visando à apuração da irregularidade e tomada das medidas
legais cabíveis (ação de impugnação de mandato, ação declaratória de
inidoneidade, etc);

b) sem prejuízo do procedimento acima, advirta o candidato que esteja


praticando a conduta vedada, diretamente ou através de terceiros, para que
não a(s) pratique(m) novamente, sob pena de estarem praticando o crime de
desobediência previsto no art. 330, do código penal; e

c) oriente os policiais militares que atuarão no dia do processo de escolha no


sentido de que, se presenciarem a prática de alguma conduta vedada, deverão
contactar imediatamente o órgão ministerial para que possa ser lavrado o
termo de constatação, sem prejuízo da possibilidade dos próprios policiais
advertirem os supostos infratores.

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Para maior aprofundamento sobre a atuação ministerial no processo de escolha,
vide o Guia de Atuação do Ministério Público na Fiscalização do Processo de Escolha
do Conselho Tutelar, do CNMP (2023), que também está disponível na pasta
compartilhada denominada < material para subsidiar a atuação ministerial no processo
de escolha >, cujo link consta nesse e-book.

18. O Ministério Público pode elaborar a prova de conhecimento


do processo de escolha do Conselho Tutelar?

Como visto acima, compete ao Ministério Público a fiscalização do processo de


escolha dos membros do Conselho Tutelar. A aplicação de prova de conhecimento
específico, como fase do certame, só será possível se houver previsão na lei municipal,
cuja elaboração caberá, via de regra, ao CMDCA, direta ou indiretamente (por meio da
contratação de entidades/empresas especializadas ou via celebração de pactuação com
o Consec, nos termos do art. 9º, da Resolução nº 134/2023, desse Conselho Estadual).
Logo, não é papel do MP elaborar a referida prova, até porque tal prática colidiria
com sua função fiscalizatória.

19. Pode haver debates entre os candidatos?

É possível a realização de debates no decorrer da campanha eleitoral, desde que


assegurada a igualdade de condições a todos os candidatos (art. 8º, § 6º, da Resolução
nº 231/2022, do Conanda, e art. 5º, § 6º, do Consec).
O CMDCA, por meio de Resolução, também poderá disciplinar o formato da
realização dos debates, caso queira.

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20. Como pode ser feita a propaganda eleitoral pelo candidato
ao cargo de conselheiro tutelar?

As regras da propaganda eleitoral também estão previstas no art. 8º, Resolução


nº 231/2022, do Conanda, e art. 5º, do Consec. Assim estabelece o Consec:

Art. 5° A relação de condutas ilícitas e vedadas seguirá o que deve estar disposto
na legislação federal e municipal, devendo os Conselhos Municipais dos
Direitos da Criança e do Adolescente, nos casos omissos, regulamentar
sobre sanções, de modo a evitar o abuso do poder político, econômico,
religioso, institucional e dos meios de comunicação.

§ 1° Toda propaganda eleitoral será realizada pelos candidatos, imputando-lhes


responsabilidades nos excessos praticados por seus apoiadores.
§ 2° A propaganda eleitoral poderá ser feita com santinhos constando apenas
número, nome e foto do candidato e curriculum vitae.
§ 3° A campanha deverá ser realizada de forma individual por cada candidato,
sem possibilidade de constituição de chapas.
§ 4° Os candidatos poderão promover as suas candidaturas por meio de
divulgação na internet desde que não causem dano ou perturbem a ordem
pública ou particular.
§ 5° A veiculação de propaganda eleitoral pelos candidatos somente é permitida
após a publicação, pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente, da relação final e oficial dos candidatos considerados
habilitados.

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21. Como o candidato poderá fazer sua
propaganda eleitoral na internet?

A propaganda eleitoral poderá ser feita:


a) em página eletrônica do candidato ou em perfil em rede social, com endereço
eletrônico comunicado à Comissão Especial e hospedado, direta ou
indiretamente, em provedor de serviço de internet estabelecido no País;
b) por meio de mensagem eletrônica para endereços cadastrados gratuitamente
pelo candidato, vedada realização de disparo em massa; e
c) por meio de blogs, redes sociais, sítios de mensagens instantâneas e aplicações
de internet assemelhadas, cujo conteúdo seja gerado ou editado por candidatos
ou qualquer pessoa natural, desde que não utilize sítios comerciais e/ou
contrate impulsionamento de conteúdo (art. 8º, § 9º, da Resolução nº
231/2022, do Conanda, e art. 5º, § 9º, do Consec).

22. Quais as condutas vedadas aos candidatos durante


o processo de escolha, especialmente durante a campanha?

É vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou entregar ao eleitor bem ou


vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive brindes de pequeno valor (art. 139, §
3º, do ECA). Deve-se observar, ainda, as práticas vedadas previstas na Legislação Local
e as sanções correspondentes.
A Resolução nº 231/2022, do Conanda, supriu a lacuna existente na Resolução
nº 170/2014 e elencou uma lista de condutas que também são proibidas aos candidatos
(art. 8º, § 7º, I a XI), quais sejam:

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I - abuso do poder econômico na propaganda feita por meio dos veículos de
comunicação social, com previsão legal no art. 14, § 9º, da Constituição
Federal; na Lei Complementar Federal nº 64/1990 (Lei de Inelegibilidade);
e no art. 237 do Código Eleitoral, ou as que as suceder;
II - doação, oferta, promessa ou entrega ao eleitor de bem ou vantagem pessoal
de qualquer natureza, inclusive brindes de pequeno valor;
III - propaganda por meio de anúncios luminosos, faixas, cartazes ou inscrições
em qualquer local público;
IV - participação de candidatos, nos 3 (três) meses que precedem o pleito, de
inaugurações de obras públicas;
V - abuso do poder político-partidário assim entendido como a utilização da
estrutura e financiamento das candidaturas pelos partidos políticos no
processo de escolha;
VI - abuso do poder religioso, assim entendido como o financiamento das
candidaturas pelas entidades religiosas no processo de escolha e veiculação
de propaganda em templos de qualquer religião, nos termos da Lei Federal
nº 9.504/1997 e alterações posteriores;
VII - favorecimento de candidatos por qualquer autoridade pública ou utilização,
em benefício daqueles, de espaços, equipamentos e serviços da
Administração Pública;
VIII - distribuição de camisetas e qualquer outro tipo de divulgação em vestuário;
IX - propaganda que implique grave perturbação à ordem, aliciamento de
eleitores por meios insidiosos e propaganda enganosa:
a) considera-se grave perturbação à ordem, propaganda que fira as posturas
municipais, que perturbe o sossego público ou que prejudique a higiene e a
estética urbanas;

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b) considera-se aliciamento de eleitores por meios insidiosos, doação,
oferecimento, promessa ou entrega ao eleitor de bem ou vantagem pessoal
de qualquer natureza, inclusive brindes de pequeno valor;
c) considera-se propaganda enganosa a promessa de resolver eventuais
demandas que não são da atribuição do Conselho Tutelar, a criação de
expectativas na população que, sabidamente, não poderão ser equacionadas
pelo Conselho Tutelar, bem como qualquer outra que induza dolosamente o
eleitor a erro, com o objetivo de auferir, com isso, vantagem à determinada
candidatura.
X - propaganda eleitoral em rádio, televisão, outdoors, carro de som, luminosos,
bem como por faixas, letreiros e banners com fotos ou outras formas de
propaganda de massa;
XI - abuso de propaganda na internet e em redes sociais.

23. Há alguma vedação para os candidatos ao cargo


de conselheiro tutelar no dia da eleição?

Além das vedações dispostas no art. 139, § 3º, do ECA, a Resolução nº 231/2022
do Conanda, em seu art. 8º, § 10, proíbe aos candidatos que no dia da eleição seja
utilizado espaço na mídia; transporte de eleitores; uso de alto-falantes, amplificadores
de sons ou promoção de comício ou carreata; distribuir material de propaganda política
ou a prática de aliciamento, coação ou manifestação que possam influenciar a vontade
do eleitor; e qualquer tipo de propaganda, inclusive “boca de urna”, dispositivo que
também é reproduzido na Resolução nº 134/2023, do Consec (art. 5º, § 10).

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24. Qual a quantidade de fiscais deverá estar presente
durante a eleição, dentro e fora do local de votação?

A Resolução nº 231/2022, do Conanda, e a Resolução nº 134/2023, do Consec,


não disciplinam nada sobre isso, deste modo, é importante que a Comissão Especial do
Processo de Escolha observe se a Lei Municipal trata dessa questão, caso contrário,
caber-lhe-á definir, preferencialmente por meio de Resolução, a quantidade máxima de
fiscais que cada candidato poderá escolher para atuarem no dia da eleição, que poderão,
inclusive, ser parentes seus.
A Comissão Especial deve atentar, ao disciplinar tal questão, que é vedada a
arregimentação de eleitor e propaganda de boca de urna no dia da eleição, nos termos
da Resolução nº 231/2023, do Conanda (art. 8º, § 10, incisos IV e V), e art. 5º, (art. 8º,
§ 10, incisos IV e V), inciso V, da Resolução nº 134/2019, do Consec. Logo, deve-se
ter cautela ao analisar o número de fiscais que poderão ficar transitando dentro dos
prédios onde ocorrem as eleições, para não dar margem à prática de tais condutas.
Recomenda-se que cada candidato escolha 01 (um) fiscal e 01 (um) suplente de
fiscal para atuar em cada seção do processo de escolha, caso a legislação municipal não
disponha de forma diversa. De modo que fique dentro da seção eleitoral apenas um
fiscal de candidato por vez, para não tumultuar o local de votação.
Deve-se frisar que, na abertura dos trabalhos, no dia da votação, os mesários e
os fiscais deverão observar se a urna a ser utilizada está devidamente lacrada com a
assinatura dos componentes da Comissão Especial e do membro do Ministério Público,
se este assim entender. Ao final da votação, os mesários deverão assinar o lacre das
urnas juntamente aos fiscais dos candidatos e recolher todas as cédulas excedentes que
deverão acompanhar a ata a ser entregues à Comissão Especial.

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25. Como é realizada a solicitação das urnas de votação?

O Conselho Estadual ou Distrital dos Direitos da Criança e do Adolescentes


deverá buscar o apoio da Justiça Eleitoral para o empréstimo das urnas eletrônicas, bem
como o fornecimento das listas de eleitores, elaboração do software respectivo,
observando-se as disposições das resoluções aplicáveis expedidas pelo TSE e TRE da
localidade. Restando impossível o fornecimento das urnas eletrônicas, o Conselho
Municipal e Distrital deve buscar na Justiça Eleitoral o empréstimo de urnas comuns
para que seja realizada a votação de forma manual, conforme reza o art. 9º e seu
parágrafo único da Resolução nº 231/2022 do Conanda.
É importante destacar que a Comissão Interinstitucional composta por
representantes do Ministério Público (CAOPIJF), do Conselho Estadual dos Direitos
da Criança e do Adolescente (CONSEC), da Federação dos Municípios do Rio Grande
do Norte (FEMURN), da Secretaria de Estado das Mulheres, da Juventude, da
Igualdade Racial e dos Direitos Humanos (SEMJIDH), do Colegiado Estadual de
Gestores Municipais de Assistência Social (COEGEMAS) e do Observatório da
População Infantojuvenil em Contextos de Violência, da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (OBIJUV/UFRN), formada para articular o processo de escolha nos
Municípios Potiguares, vem empreendendo esforços para obter o apoio do Tribunal
Regional Eleitoral ao certame, cujos termos desse apoio em breve serão divulgados aos
Membros e servidores via ofício circular.

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II. MATERIAL PARA SUBSIDIAR A ATUAÇÃO MINISTERIAL NO
PROCESSO DE ESCOLHA DOS MEMBROS DO CONSELHO TUTELAR

Com intuito de auxiliar a atuação ministerial no pleito unificado dos membros


do Conselho Tutelar, este Centro de Apoio criou uma pasta compartilhada, dentro de
seu drive, no qual constam as Resoluções do Conanda e do Consec, modelos de peças,
Guia do CNMP e outros instrumentais.
Ressalte-se que esta pasta será atualizada durante todo o processo de escolha,
com acréscimo de novos materiais e retificações dos já colacionados, se necessário, cujo
link de acesso é:

https://bit.ly/materialCT

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília/DF, 1988.

BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e


do Adolescente e dá outras providências. Brasília/DF, 1990.

BRASIL. Conselho Nacional do Ministério Público. Guia de atuação do Ministério


Público na fiscalização do processo de escolha do Conselho Tutelar. Conselho
Nacional do Ministério Público. Brasília: CNMP, 2021.

BRASIL. Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. Resolução nº


231, de 28 de dezembro de 2022. Altera a Resolução nº 170, de 10 de dezembro de
2014 para dispor sobre o processo de escolha em data unificada em todo o território
nacional dos membros do Conselho Tutelar.

RIO GRANDE DO NORTE. Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do


Adolescente. Resolução nº 134, de 25 de fevereiro de 2023.Disciplina o processo de
escolha para os membros do Conselho Tutelar, com data unificada, no âmbito do
Estado do Rio Grande do Norte.

ROSSATO, Luciano Alves; LÉPORE, Paulo Eduardo; CUNHA, Rogério Sanches.


Estatuto da Criança e do Adolescente comentado artigo por artigo. 11. ed. São
Paulo: Saraiva Educação, 2019.

TAVARES, Patrícia Silveira. O Conselho Tutelar. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira
Lobo Andrade Maciel (Coord.). Curso de direito da criança e do adolescente:
aspectos teóricos e práticos. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.

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