Você está na página 1de 27

ARMAS

DE FOGO E
HOMICÍDIOS
NO BRASIL
Armas de fogo e
homicídios no Brasil 2

FICHA TÉCNICA E INSTITUCIONAL FBSP

EXPEDIENTE EQUIPE FÓRUM BRASILEIRO DE


SEGURANÇA PÚBLICA
Conselho de Administração
Marlene Inês Spaniol – Presidente Diretor Presidente
Renato Sérgio de Lima
Conselheiros
Elizabeth Leeds – Presidente de Honra Diretora Executiva
Cássio Thyone A. de Rosa Samira Bueno
Cristiane do Socorro Loureiro Lima
Daniel Ricardo de Castro Cerqueira Coordenação de Projetos
Denice Santiago (licenciada) David Marques
Edson Marcos Leal Soares Ramos
Elisandro Lotin de Souza (licenciado) Coordenação Institucional
Isabel Figueiredo Juliana Martins
Jésus Trindade Barreto Jr.
Marlene Inês Spaniol Supervisão do Núcleo de Dados
Paula Ferreira Poncioni Isabela Sobral
Thandara Santos
Equipe Técnica
Conselho Fiscal Betina Warmling Barros
Lívio José Lima e Rocha Dennis Pacheco
Marcio Júlio da Silva Mattos Amanda Lagreca Cardoso
Patrícia Nogueira Proglhof Talita Nascimento
Beatriz Teixeira (estagiária)
Thaís Carvalho (estagiária)

Supervisão Administrativa e Financeira


Débora Lopes

Equipe Administrativa
Elaine Rosa 
Sueli Bueno 
Antônia de Araújo

www.forumseguranca.org.br
Armas de fogo e
homicídios no Brasil 3

FICHA TÉCNICA

Pesquisa e redação
Daniel Cerqueira
Gabriel Lins
Túlio Kahn
Samira Bueno

Assessoria de Comunicação
Analítica Comunicação Corporativa
analitica@analitica.inf.br
(11) 2579-5520

Projeto gráfico e diagramação


Oficina22 Estúdio Design Gráfico e Digital
contato@oficina22.com.br

Licença Creative Commons


É permitido copiar, distribuir, exibir e executar a obra, e criar obras
derivadas sob as seguintes condições: dar crédito ao autor original,
da forma especificada pelo autor ou licenciante; não utilizar essa
obra com finalidades comerciais; para alteração, transformação ou
criação de outra obra com base nessa, a distribuição desta nova
obra deverá estar sob uma licença idêntica a essa.

www.forumseguranca.org.br
Armas de fogo e
homicídios no Brasil 4

SUMÁRIO

Resumo........................................................................................................................................... 5

1. Introdução................................................................................................................................... 6

2. Armas de fogo e crimes na literatura científica....................................................................... 7

3. Análise descritiva da evolução dos homicídios no Brasil na última década......................... 9


3.1. Demografia........................................................................................................................11
3.2. Políticas efetivas de segurança pública.........................................................................12
3.3. Guerra entre as facções do narcotráfico.......................................................................13

4. Armas de Fogo e Homicídio no Brasil na Era Bolsonaro.......................................................15


4.1. Buscando a causalidade entre armas e crimes..............................................................15
4.2. Modelo de análise com dados em painel e variável instrumental..............................16
4.3. Resultados........................................................................................................................18

5. Conclusão.................................................................................................................................23

Referências...................................................................................................................................25

www.forumseguranca.org.br
Armas de fogo e
homicídios no Brasil 5

Armas de Fogo e Homicídio no Brasil

RESUMO

A violência letal no Brasil atingiu o recorde histórico em 2017, quando mais de 64 mil pessoas foram assassinadas e a
taxa de mortalidade chegou a 30,9 por 100 mil habitantes. Desde 2018, no entanto, o país tem reduzido anualmente
a taxa de mortes violentas intencionais, chegando a 22,3 em 2021. A partir de 2019 o Governo Federal passou a
afrouxar a legislação sobre armas e munições, fazendo com que houvesse crescimento vertiginoso nos registros e
compras de armas em todo o país. O objetivo principal desse trabalho foi investigar se a redução da letalidade vio-
lenta seria consequência da mudança na legislação. Para tanto, desenvolvemos uma análise econométrica de dados
em painel com o uso de variável instrumental, como forma de resolver os problemas de endogeneidade presentes.
Os resultados robustos e estatisticamente significantes indicaram que quanto maior a difusão de armas, maior a taxa
de homicídios. Isso implica dizer que se não fosse a legislação permissiva quanto às armas de fogo, a redução dos
homicídios (provocada por outros fatores, como o envelhecimento populacional e o armistício na guerra das facções
criminosas após 2018) teria sido ainda maior do que a observada. Com base nesse cálculo aproximado, estimamos
que se não houvesse o aumento de armas de fogo em circulação a partir de 2019, teria havido 6.379 homicídios a
menos no Brasil. Ou seja, o aumento da difusão de armas terminou por impedir, ou frear uma queda ainda maior das
mortes. No caso dos latrocínios os efeitos também foram diretamente proporcionais e marginalmente mais fortes. Por
fim, não encontramos relação estatisticamente significativa entre a disponibilidade de armas e outros crimes contra a
propriedade, o que evidencia a falácia do argumento armamentista, segundo o qual a difusão de armas faria diminuir
o crime contra a propriedade.

Palavras-Chave: Armas de fogo; legislação armamentista; Brasil; homicídios; crime.

www.forumseguranca.org.br
Armas de fogo e
homicídios no Brasil 6

1. INTRODUÇÃO

A taxa de mortes violentas intencionais (MVI)1 no Brasil atingiu o recorde histórico em 2017, quando 64.078 pessoas
foram assassinadas, e a taxa chegou a 30,9 por 100 mil habitantes. A partir de 2018 iniciou-se uma tendência de queda
nas mortes, que continuaram a cair em 2019, cresceram em 2020 e mostraram novo recuo em 2021, conforme gráfi-
co 1. Em 2021, último ano da série histórica com dados disponíveis, a taxa de MVI foi de 22,3 por 100 mil habitantes.
Embora a redução dos níveis de violência letal seja motivo de comemoração, o país ainda convive com um cenário de
violência extrema, assumindo o oitavo lugar entre as nações mais violentas do mundo segundo ranking do UNODC que
analisou dados de 102 países em 2020 (FBSP, 2022).

Gráfico 11 – Taxa de Mortes Violentas Intencionais, 2011 a 2021


GRÁFICO
Taxa de Mortes Violentas Intencionais, 2011 a 2021

Fonte: Anuário Brasileiro de Segurança Pública, ano 16, 2022.

Gráfico 2 – Evolução das taxas de Letalidade no Brasil, 2008 a 2021


De modo a contribuir com o debate sobre o tema, e cientes da importância de identificarmos e documentarmos fatores
e causas que podem ter contribuído para a redução dos homicídios e outras formas de violência letal no Brasil desde
2018, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública produziu esta nota técnica, que teve como objetivo principal investigar
se a redução da letalidade violenta seria consequência da mudança na legislação armamentista que a atual gestão
do Governo Federal passou a implementar a partir de 2019. Com mais de 40 atos normativos e decretos publicados

1 A categoria Mortes Violentas Intencionais (MVI) contempla as vítimas de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte, feminicídio e mortes
por intervenções policiais.

www.forumseguranca.org.br
Armas de fogo e
homicídios no Brasil 7

para fragilizar os mecanismos estabelecidos pela lei 10.826/03, as mudanças promovidas implicaram na facilitação
dos requisitos para aquisição de licenças, especialmente de colecionadores, atiradores e caçadores (CACs), ampliação
do limite de armas para todas as categorias, aumento da quantidade de recargas de cartucho de calibre restrito que
podem ser adquiridos por atiradores desportistas anualmente, dentre outras. Estas ações resultaram no crescimento
de 476,6% nos registros ativos de caçadores, atiradores e colecionares entre 2018 e 2022, e em ao menos 4,4 milhões
de armas em estoques particulares, conforme dados recentes divulgados no Anuário do FBSP.

Houve quem associasse os dois fenômenos, atribuindo a queda de letalidade à maior prevalência de armas. Nesse
artigo, investigamos empiricamente se isso ocorreu, ou se as evidências científicas consolidadas na literatura especia-
lizada internacional continuam valendo, de que a difusão de armas de fogo é um fator propulsor de crimes letais. Para
tanto, desenvolvemos uma análise de dados em painel com o uso de variável instrumental, como forma de resolver os
problemas de endogeneidade presentes.

No presente trabalho, na introdução, pontuamos os achados na literatura científica entre armas de fogo e crimes.
Na segunda seção, desenvolvemos uma análise descritiva da violência letal na última década, considerando como
hipóteses explicativas dessa evolução três fatores, sendo eles: a forte mudança do regime demográfico rumo ao
envelhecimento da população; a dinâmica pelo controle do narcotráfico; e políticas efetivas de segurança pública que
têm sido propostas em alguns estados.

Na seção central fizemos exercícios econométricos a fim de testar a hipótese se mais armas estão associadas a mais
ou menos crimes no Brasil, considerando informações até 2021. Como dissemos, para tanto, lançamos mão de análise
de dados em painel com modelo de variáveis instrumentais, utilizados para contornar os problemas de endogeneida-
de presentes no fenômeno analisado, de modo a obter estimativas que possam ter uma interpretação de causalidade.
Por último, concluímos com uma breve discussão de políticas públicas. Os resultados robustos e estatisticamente
significantes indicaram que se não fosse a legislação permissiva quanto às armas de fogo, a redução dos homicídios
teria sido ainda maior do que a observada. Interessante constatar que, ao contrário do argumento armamentista, para
quem a difusão de armas faz diminuir o crime contra o patrimônio, este resultado não se verificou. No que se refere aos
latrocínios os efeitos resultaram positivos e ainda mais fortes em relação aos obtidos quanto aos homicídios: a cada 1%
no aumento das armas de fogo, a taxa de latrocínio aumenta cerca de 1,2%. Em relação aos roubos não há qualquer
evidência que a maior difusão de armas gere efeitos dissuasórios.

2. ARMAS DE FOGO E CRIMES NA LITERATURA CIENTÍFICA

O grau de convergência dos achados científicos sobre a relação entre a difusão de armas de fogo e crimes é prati-
camente consensual, de forma análoga ao grau de concordância por estudiosos de que o processo de aquecimento
global e mudanças climática têm sido provocados pela ação humana2.

2 A grande diferença é que no que concerne às mudanças climáticas, existe um órgão responsável pela sistematização e divulgação de estudos relacionados
com o aquecimento global, que é o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), para o qual está fora de dúvida razoável a relação entre clima e
a atuação humana.

www.forumseguranca.org.br
Armas de fogo e
homicídios no Brasil 8

No Atlas da Violência 2019 (p.78) 3 há um interessante resumo sobre a questão, em que os vários estudos apontados,
inclusive alguns baseados em revisões sistemáticas da literatura, deixam claro os achados de que a maior prevalência
de armas de fogo está relacionada a maiores taxas de homicídios, de feminicídio, de acidentes fatais envolvendo
armas, e de suicídio nas sociedades.

As pesquisas mostram que a difusão de armas de fogo não apenas representa um fator de risco para toda a sociedade,
mas conspira contra a segurança dos próprios lares dos indivíduos que possuem tais artefatos, ao contrário do que
pensa o senso comum.

Neste documento, produzido pelo FBSP e pelo IPEA, os autores citam um raro editorial de um dos periódicos científicos
mais prestigiosos internacionalmente – o The Journal of the American Medical Association (JAMA), publicado desde
1883 – que traz uma receita clara de como policy makers podem atuar para reduzir letalidade violenta intencional: “(...)
the key to reducing firearm deaths in the United States is to understand and reduce exposure to the cause, just like in
any epidemic, and in this case that is guns”4.

No Brasil, estudos empíricos quantitativos foram unânimes em revelar não apenas a causalidade positiva entre ar-
mas e homicídios, mas o efeito do Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/2003) para frear a escalada da violência
armada no país.

Resultados qualitativamente idênticos foram encontrados em três teses de doutorado em economia na EPGE-FGV,
PUC-Rio e ESALQ-USPT, que utilizaram metodologias diferentes. Enquanto Hartung (2009) e Justus (2012) encon-
traram que o crescimento no estoque de armas em circulação tem um efeito para aumentar a taxa de homicídio,
Cerqueira (2014) concluiu que a cada 1% no aumento da difusão de armas, há impacto de 2% na taxa de homicí-
dio. O mesmo autor não encontrou nenhuma evidência do uso defensivo das armas de fogo para a diminuição
de crimes contra o patrimônio.

É interessante ainda notar que três trabalhos chegaram a estimativas pontuais virtualmente idênticas acerca do efeito
do Estatuto do Desarmamento sobre a taxa de homicídios. Hartung (2009) estimou que tal legislação “deve ter cau-
sado uma queda de 9% a 12%, neste mesmo período”. Cerqueira e De Mello (2013) encontraram um efeito de 12%. Já
Schneider (2019), que utilizou o método de desenho de regressão com descontinuidade, estimou que os homicídios
perpetrados com armas de fogo diminuíram 12,2%, devido ao Estatuto do Desarmamento, com a redução especial-
mente pronunciada em áreas de alta criminalidade e entre homens negros.

Diante de tantas evidências, será que a associação entre armas de fogo e crimes teria mudado no Brasil a partir de
2019, com a flexibilização dos mecanismos de controle de armas no Brasil?

3 Disponível em https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/download/19/atlas-da-violencia-2019
4 “(...) a chave para reduzir as mortes por armas de fogo nos Estados Unidos é entender e reduzir a exposição à causa, assim como em qualquer epidemia, e
neste caso são as armas”. Tradução dos autores.

www.forumseguranca.org.br
Armas de fogo e
homicídios no Brasil 9

3. ANÁLISE DESCRITIVA DA EVOLUÇÃO DOS HOMICÍDIOS


NO BRASIL NA ÚLTIMA DÉCADA

O Gráfico 2 apresenta a evolução das taxas de homicídio (Tx.Homic), das taxas de homicídios por arma de fogo (Tx.
Homic.PAF) e das taxas de Crimes Violentos Letais Intencionais (Tx.Cvli) no Brasil entre 2008 e 20215.

GRÁFICO 2
Gráficodas
Evolução 2 –taxas
Evolução das taxas
de Letalidade de2008
no Brasil, Letalidade
a 2021 no Brasil, 2008 a 2021

Fonte: Microdados do Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM/MS, Anuário Brasileiro de Segurança Pública/ FBSP. IBGE. Elaboração dos autores.

O gráfico revela alta correlação temporal entre os indicadores e mostra, adicionalmente, forte queda das mortes em
2018 e 2019. Em 2020 e 2021 houve aumento e depois queda na letalidade, numa magnitude proporcional entre esses
dois anos e de menor intensidade ao verificado nos dois anos anteriores. O crescimento dos homicídios durante a
pandemia de COVID 19 foi observado em diversos países e a interpretação mais aceita é que a diminuição da vigilân-
cia sobre os espaços públicos, o convívio forçado durante o isolamento e o acirramento das disputas pelos mercados
ilegais contribuíram para este crescimento. Percebe-se, portanto, que a queda acentuada dos homicídios se inicia um
ano antes do Governo Bolsonaro e, consequentemente, antes do afrouxamento da legislação armamentista.
5 Os homicídios e os homicídios por arma de fogo são obtidos utilizando microdados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). O número de homi-
cídios é obtido soma das seguintes CIDs 10: X85-Y09 e Y35-Y36, ou seja: óbitos causados por agressão mais intervenção legal. Os homicídios por arma de fogo
são o somatório das mortes por causas externas cujo instrumento foi arma de fogo. O número de crimes violentos letais intencionais (CVLI) é do Anuário Brasileiro
de Segurança Pública.

www.forumseguranca.org.br
Armas de fogo e
homicídios no Brasil 10

No entanto, a evolução da taxa agregada de homicídios no Brasil esconde heterogeneidade na dinâmica criminal nos
estados brasileiros. Com efeito, o Gráfico 3 mostra que a queda da letalidade violenta intencional em muitos estados já
vinha ocorrendo desde 2008, como ocorreu em São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Distrito Federal, Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul, Paraná e Alagoas.

GRÁFICO
Gráfico 3 3– Evolução das taxas de Letalidade no Brasil, por UF – 2008 a 2021
Evolução das taxas de Letalidade no Brasil, por UF – 2008 a 2021

Fonte: Microdados do Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM/MS, Anuário Brasileiro de Segurança Pública/ FBSP. IBGE. Elaboração dos autores.

Questões ainda em aberto passam por entender a razão da heterogeneidade na evolução das taxas de homicídio
entre os estados e o que explicaria a queda dos homicídios a partir de 2018.

Consideramos como hipóteses para a reversão nas taxas de letalidade: a forte mudança do regime demográfico rumo
ao envelhecimento da população; a dinâmica pelo controle do narcotráfico; e políticas efetivas de segurança pública
que têm sido propostas por alguns estados.

www.forumseguranca.org.br
Armas de fogo e
homicídios no Brasil 11

3.1. Demografia

Na última edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, Lima, Bueno, Sobral e Jannuzzi produziram análise sobre
o impacto das mudanças demográficas na curva de homicídios do país. A partir da utilização da técnica de “shift-sha-
re”, recurso empregado para avaliar a magnitude de mudanças estruturais e variações conjunturais sobre a intensida-
de de fenômenos demográficos, sociais e econômicos ao longo do tempo, os autores analisaram a contribuição da
dinâmica demográfica sobre a variação das taxas de homicídios entre 2004 e 2020.

Segundo o estudo, a mudança demográfica contribuiu em 23% para redução da taxa de homicídios no período ana-
lisado, com variações significativas entre as regiões. A redução da taxa de mortalidade por homicídios decorre da
diminuição do número de adolescentes e jovens de 10 a 19 anos, da estabilidade do quantitativo de jovens de 20 a 29
anos, e da diminuição do risco de mortalidade para o grupo populacional de 20 a 29 anos (FBSP, 2022).

TABELA 1
Decomposição shift-share da variação da Taxa de Mortalidade por Homicídios para
o Macrorregiões entre 2004 e 2020

Risco de Homicídio
Brasil e Regiões Dinâmica Demográfica
específico por idade
Brasil 23,2 76,8
Norte 16,6 83,4
Nordeste 0,3 99,7
Sudeste 4,0 96,0
Sul 9,1 90,9
Centro-Oeste 21,6 78,4

Fonte: Anuário Brasileiro de Segurança Pública, ano 16, 2022. Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Resultados similares já tinham sido publicados por Cerqueira e Moura (2014), que apresentaram evidências do impor-
tante papel da demografia nas variações da letalidade violenta. Esses autores encontraram que a cada 1% da diminui-
ção na proporção de homens jovens entre 15 e 29 anos na população há uma redução de 2% na taxa de homicídio.

De fato, ao analisar a evolução da mudança no regime demográfico no Brasil – com base em estimativas popula-
cionais por faixa etária, apontadas no Gráfico 4 –, verificamos grande heterogeneidade no ritmo do envelhecimento
populacional por Região, em que o Sudeste e Sul avançaram com maior intensidade nesse processo, ao passo que os
estados do Norte e Nordeste começaram posteriormente nessa jornada. Coincidentemente ou não, a maior redução
de homicídios no país aconteceu justamente no Sudeste e Sul, ao passo que os Estados com piores evoluções nas
dinâmicas da letalidade foram aqueles localizados no Norte e Nordeste.

www.forumseguranca.org.br
Armas de fogo e
homicídios no Brasil 12

Gráfico 4 – Evolução da proporção de homens entre 15 e 29 anos por Região – Índice


GRÁFICO 4
deEvolução
base fixa, 2000 ade2030.
da proporção homens entre 15 e 29 anos por Região – Índice de base fixa, 2000 a 2030

Fonte: Cerqueira e Moura (2014)

Gráfico 5 – Novas
3.2. Políticas Armas
efetivas deregistradas
segurançano SIGMA, 2008 a 2021.
pública

Nas últimas três décadas houve acúmulo substancial de experimentos de políticas de segurança pública6, que lo-
graram êxito no sentido de fazer diminuir os índices criminais, em vários países e cidades. A partir dos anos 2000
alguns estados e municípios brasileiros passaram a assimilar a experiência estrangeira e introduzir políticas e ações
inovadoras como a construção do Infocrim (1999), em São Paulo; o Programa “Ficar Vivo” (2002) e o Igesp (2008), em
Minas Gerais; o Pacto pela Vida (2007), de Pernambuco; o “Paraíba Unida pela Paz” (2011); o “Estado Presente” (2011),
no Espírito Santo; sem contar as ações e planos de segurança pública no plano municipal em várias cidades no Sul do
país, no interior de São Paulo e em outros estados.

Essas experiências nacionais serviram para mostrar que mudanças no modelo de gestão da segurança pública,
com planejamento e a orientação por resultados, qualificação do trabalho policial e ações preventivas no campo
social geram resultados. Ao longo dos anos 2000 e na década seguinte esse conhecimento acumulado foi gradati-
vamente disseminado e pode explicar parcela do movimento de diminuição dos homicídios em pelo menos alguns
estados brasileiros7.

6 Ver o ATLAS DA VIOLÊNCIA 2018 – POLÍTICAS PÚBLICAS E RETRATOS DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS, disponível em: https://www.ipea.gov.br/portal/images/
stories/PDFs/relatorio_institucional/180614_atlas_2018_retratos_dos_municipios.pdf
7 Ver Atlas da Violência (2020).

www.forumseguranca.org.br
Armas de fogo e
homicídios no Brasil 13

Em junho de 2022 o FBSP, junto com o Instituto Sou da Paz e o Instituto Jones dos Santos Neves organizaram a 1ª
Oficina de políticas efetivas em segurança pública, quando reuniram comitivas governamentais de seis Unidades Fe-
derativas para refletir e resumir alguns dos vários elementos importantes para a mudança qualificadora da política de
segurança pública implementada nesses estados, que contribuíram para a quedas dos índices criminais nesses locais,
documentadas na Carta de Vitória8.

Ou seja, as experiências dessas Unidades Federativas mostram que a queda histórica dos homicídios descrita no
Gráfico 2 não foi meramente resultado do acaso ou de fatores aleatórios, mas, em parte, consequência de boa gestão
pública baseada em evidências praticada pelos estados, fenômeno que já vem acontecendo desde os anos 2000.

3.3. Guerra entre as facções do narcotráfico

Em Manso e Dias (2018) os autores descreveram a grande guerra do narcotráfico no Brasil, cujo auge ocorreu entre
2016 e 2017, envolvendo as duas maiores facções criminais – o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando
Vermelho (CV) – e seus aliados regionais, como a Família do Norte, Guardiões do Estado, Okaida e Sindicato do Crime.

Tais escaramuças, ainda que tenham ocorrido em várias partes do país, tomaram como palco central os territórios
que passam na rota do tráfico internacional de drogas no Norte e Nordeste do país, num trajeto que se inicia no Alto
do Juruá, no Acre, passa por toda a região Amazônica (Rota do Solimões) e termina em algumas capitais nordestinas,
quando a droga é exportada para a Europa, Oriente-Médio e África.

Conforme analisado no Atlas da Violência 2019, possivelmente o forte crescimento da letalidade nas regiões Norte e
Nordeste, tenha a ver com a eclosão dessa guerra, sobretudo após o assassinato do traficante Jorge Rafaat pelo PCC,
em 15 de julho de 2016, na cidade de Pedro Juan Caballero, fronteira com Ponta Porã (MS). Contudo, ante a inviabili-
dade econômica dos conflitos com maior intensidade, em uma guerra longa e incerta, entre esses grupos criminosos,
que durou dois anos, houve um armistício a partir de 2018.

Com efeito, é interessante notar no Gráfico 3 que as maiores quedas na letalidade, a partir de 2018, ocorreram princi-
palmente em estados como AC, RR, PA, CE, PE e RN, curiosamente, nos territórios onde se concentraram os principais
embates da guerra do narcotráfico ocorrida em 2016 e 2017, pelo controle do corredor internacional do narcotráfico,
conforme descrito no Atlas da Violência 2019 (p.7).

Ou seja, a nossa análise entende que há pelo menos uma década há uma maré favorável à redução de crimes violen-
tos no Brasil resultante não apenas da mudança do regime demográfico, mas pela aplicação de políticas de segurança
pública qualificadas baseadas em evidências que, paulatinamente, têm compreendido mais Unidades Federativas.
No entanto, no agregado, essa maré de redução da violência ficou invisível ante ao aumento substancial das mortes
ocasionadas em face da grande guerra do narcotráfico. Com o armistício em 2018, a queda quase generalizada de
homicídios no Brasil pôde ser visualizada. A questão que fica é, e se não houvesse o afrouxamento da legislação
armamentista a queda de homicídios entre 2019 e 2021 teria sido ainda maior?

8 http://www.ijsn.es.gov.br/attachments/article/6250/Carta_Vitoria_site_scan.pdf

www.forumseguranca.org.br
Armas de fogo e
homicídios no Brasil 14

4. ARMAS DE FOGO E HOMICÍDIO NO BRASIL NA ERA BOLSONARO

Desde 2019, a legislação instituída pelo Governo Bolsonaro tem avançado fortemente no afrouxamento e descon-
trole de armas de fogo e munição. Foram publicados mais de 40 atos normativos que descaracterizaram totalmente
o Estatuto do Desarmamento (ED), permitindo com que o cidadão comum tivesse acesso a armas de fogo de alto
potencial ofensivo, sem haver qualquer exigência de comprovação de efetiva necessidade. Ao atirador desportivo
foi permitido que tivesse até 60 armas, e até 5.000 munições para cada arma por ano. A recarga de munições
passou a ser permitida, ao mesmo tempo que que a máquina para operar a recarga deixou de configurar entre os
produtos controlados pelo exército.

O resultado de tais iniciativas foi o aumento vigoroso da difusão de armas e munições, conforme o Gráfico 5 do nú-
mero de novas armas registradas no Sistema de Gerenciamento Militar de Armas (SIGMA), sendo que muitas dessas
armas adquiridas legalmente foram intermediadas para o crime organizado, conforme inúmeros inquéritos policiais e
reportagens de jornais têm revelado.

GRÁFICO 5
Novas Armas registradas no SIGMA, 2008 a 2021
Gráfico 5 – Novas Armas registradas no SIGMA, 2008 a 2021.

Fonte: Anuário Brasileiro de Segurança Pública, FBSP. Elaboração dos autores.

www.forumseguranca.org.br
Armas de fogo e
homicídios no Brasil 15

4.1. Buscando a causalidade entre armas e crimes

Em uma análise empírica quantitativa, a fim de se obter estimativas causais sobre a relação entre armas e crimes é
necessário contornar problemas de endogeneidade, associados, sobretudo, aos problemas da simultaneidade e de
variáveis omitidas.

O primeiro problema refere-se ao fato, potencial, de que em locais mais violentos a demanda por arma de fogo seja
mais impulsionada, uma vez que os residentes aí podem acreditar que a arma seja efetiva em sua autoproteção.
determinado
Odeterminado
segundoestado
estado
haverhaver
problema mais mais
diz eleitores
eleitores
respeito aodofato
Bolsonaro
do Bolsonaro
determinado isso implique
issohaver
estado
de, potencialmente, implique
em uma
mais
haver em uma
maiormaior
eleitores
variáveis taxa
não taxa
do Bolsonaro isso implique
mensuráveis em uma maior taxa
ou não disponíveis
determinado
determinadoestado
estadohaver
havermais
maisdeterminado
eleitores
eleitoresdodoBolsonaro
Bolsonaro
estado isso
issomais
haver implique
implique em
emuma
eleitores uma
do maior
maiortaxa
Bolsonarotaxa
isso implique em uma maior taxa
de crimes,
de crimes,
que por outros
estejam por outros
canais
associadas canais
àcomportamentais
comportamentais
demanda dearmas
por queenão
crimes, que
por passem
não
outros
também passem
pelo pelo
às canais
taxas uso
de da
usoarma
daNo
crimes. arma
decaso
comportamentais deque não houver
em que passemtais
pelovariáveis
uso da arma de
de
de crimes,
crimes, por
por outros
outros canais
canais comportamentais
comportamentais
de crimes, por que
que não
outros não passem
passem
canais pelo
pelo uso
uso da
comportamentais da arma
arma
que de
de passem pelo uso da arma de
não
fogo.“confundidoras”
fogo. que não estejam incluídas
fogo.no modelo, a estimativa que associa armas e crimes refletirá apenas uma
fogo.
fogo. fogo.
correlação espúria e não uma relação causal.
ComoComo exercício
exercício inicial,inicial,
a fima de fimvisualizar
de visualizar graficamente
Como graficamente
exercícioseinicial, existe
se existe
a correlação
fim decorrelação entreentre
visualizar ograficamente
o se existe correlação entre o
Como
Como exercício
exercício inicial,
inicial, aa fim fim dede visualizar
Comovisualizar
exercíciograficamente
graficamente
inicial, a se
se existe
fim existe
de correlação
correlação
visualizar entre
entre oo se existe correlação entre o
graficamente
aumento
aumentode novas de novas armas, armas,
que chegaram
que chegaram ao mercado
aumentoao mercado
deentre
novas entre
2019
armas,2019
e 2021
quee 2021
(com(com
chegaram relaçãorelação
ao mercado entre 2019 e 2021 (com relação
aumentoExistem
aumento de
de novas
novas váriasarmas,técnicas
armas, que de
que aumentoeconometria
chegaram
chegaram deao
ao que
mercado
mercado
novas objetivam
armas,entre
entreque 2019retirar
2019 e
chegarame o
2021viés
2021 da
(com
ao(com estimativa
relação
relação
mercado entre em2019
foco,ede2021
modo a obter
(com uma esti-
relação
ao período
ao período20162016 a 2018),a 2018),
com coma variação
a variação nas taxas
nas taxas
ao período de2016
homicídios,
de ahomicídios,
2018),retiramos
comretiramos a parcela
a variação a parcela
nas taxas de homicídios, retiramos a parcela
ao
ao período
mativa
período 2016
com2018),
2016 aa 2018),
interpretação
com
com aao
causal. Em
a variação
variação nas
nas
particular
taxas
taxas de
um método que
de homicídios,
homicídios,
se presta
retiramos
retiramos
a esse intento é o de regressão com dados
aa parcela
parcela
da variação
da variaçãodas taxas das taxas
de homicídioperíodo
de homicídio 2016
devido à amudança
devido 2018), com
à mudança na ana
formavariação
forma
de nasatuação
atuação
de taxas de
dasdevido homicídios,
facções
das facções retiramos a parcela
em painel e uso de variáveis instrumentais. da variação das taxas de homicídio à mudança na forma de atuação das facções
da
da variação
variação dasdas taxas
taxas de de homicídio
homicídio devido
devido ààdas
da variação mudança
mudança
taxas na
dena forma
forma de dedevido
atuação
atuação à das
das facções
facções
criminosas
criminosase devido e devidoa variação
a variação
na proporção
na proporção
criminosas dehomicídio
de homens homens jovens
e devido jovens
a(15 a(15
29
variação
mudança
anos)
ana emna
29proporção
anos) forma
cada
em cada de atuação das facções
de homens jovens (15 a 29 anos) em cada
criminosas
criminosas ee devido
devido aa variaçãovariação na
na proporção
proporção
criminosas de
de homens
e devido homens jovens
jovens
a variação na(15
(15 aa 29
29 anos)
proporção anos) deemem cada
homenscada jovens (15 a 29 anos) em cada
Unidade
Unidade
Para Federativa
que Federativa
tal método 9
. 9.possa ser utilizado com sucesso,
Unidade Federativa são9. requeridas duas condições. Primeiro, obter uma variável
Unidade Federativa ..
UnidadeFederativa 99
Unidade Federativa . 9
z qualquer, que seja correlacionada com a variável endógena, no caso a variável de difusão de armas. E que essa
O Gráfico
O Gráfico
6 mostra 6 mostra que as queUnidades
as Unidades Federativas
Federativas
O Gráfico com6 commaior
mostra maior
aumento
queaumento na demanda
as Unidades na demanda por porcom maior aumento na demanda por
Federativas
OO Gráfico
Gráficovariável
66 mostra
mostra z não queesteja
que as correlacionada
as Unidades
Unidades
O Federativas
Federativas
Gráfico 6 comcom
mostra aque
comvariável
maior
maior
as aaumento
ser explicada,
aumento
Unidades na no caso
na demanda
demanda
Federativas com amaior
por
por taxa de crimes,na
aumento pordemanda
outros canais
por que
armas,armas,
foramforam justamente
justamente aquelasaquelas
em que emarmas,
se
que observou
seforam
observoumenores menores
justamente diminuições
diminuições
aquelas nasque
em taxas
nassetaxas
observou menores diminuições nas taxas
armas, não seja
armas, foram
foram a própriaaquelas
justamente
justamente variável
aquelas endógena.
em
em
armas, que
que se
foram sejustamente
observou
observou menores
menores
aquelas diminuições
diminuições
em que se nas
nas taxas
taxasmenores diminuições nas taxas
de homicídio.
de homicídio. Se talSecorrelação
tal correlação tivessetivesse
umde sentido
um sentido
homicídio. causal, a ideia
Secausal,
tal é observou
a ideia
correlação que étivesse
que
caso casonão
um nãosentido causal, a ideia é que caso não
de
de homicídio.
homicídio. Se Se taltal correlação
correlação de tivesse
tivesse
homicídio.um
um sentido
sentido
Se tal causal, aa ideia
causal,
correlação ideia
tivesse éé que
que sentido
um caso
caso não nãocausal, a ideia é que caso não
houvesse
houvesse a legislação
a legislação armamentista
armamentista pós
Como faremos exercícios quantitativos nopós
20192019
níveladas
houvesse adiminuição
a diminuição
Unidades dos
legislação dos
homicídios
armamentista
Federativas, homicídios nas 2019
pós
utilizaremos nas a diminuição
como variável z, dos homicídios nas
ou variável
houvesse
houvesse aa legislação
legislação armamentista
armamentista
houvesse pós
pósa 2019
2019 aa diminuição
legislação diminuição
armamentista dos
dos homicídios
homicídios
pós 2019 anas
nas
diminuição dos homicídios nas
Unidades
UnidadesFederativas
instrumental, Federativas seriaseria
a interação ainda
entreainda
maior maior
o período do que
do 2019
Unidades
pós aque
observada.
ae observada.
Federativas
a proporção No entanto,
seriaNo entanto,
ainda
de votos tal
maiorgráfico
taldo
válidos gráfico
que
no a observada.
segundo turno daNoeleição
entanto,
pre-tal gráfico
Unidades
Unidades Federativas
Federativas seria seria ainda
ainda maior
maior Federativas
Unidades do
do queque aa observada.
observada.
seria ainda No
Nomaior
entanto,
entanto,do tal
tal gráfico
que gráfico
a observada. No entanto, tal gráfico
não sidencial
pode
não podeser deinterpretado
ser2018,
interpretado
sob como como
causal,
a hipótese causal,
demas nãotem
que mas uma
tem
nesses
pode uma
conotação
serterritóriosconotação
interpretado a apenas apenas
identidade
como sugestiva,
sugestiva,
ideológica
causal, de tem
mas de eleitor
do com o presidente
uma conotação se
apenas sugestiva, de
não
não pode
pode ser
ser interpretado
interpretado como como causal,
nãocausal,
pode mas
mas
ser tem
tem umauma conotação
interpretado conotação
como apenas
apenas
causal, massugestiva,
sugestiva,
tem uma de
deconotação apenas sugestiva, de
estenda
um fenômeno
um fenômeno emque váriosquecampos,
investigaremos mascom
investigaremos tambémcom
maior na
ummaior perspectiva
profundidade
fenômeno queem
profundidade nos relação
próximos à demanda
nos próximos
investigaremos exercícios
com porà armas.
exercícios
maior à
profundidade nos próximos exercícios à
um
um fenômeno
fenômeno que que investigaremos
investigaremos um com
com maior
fenômenomaior profundidade
profundidade
que investigaremos nos
nos próximos
próximos
com maior exercícios
exercícios
profundidadeàà nos próximos exercícios à
frente.
frente. frente.
frente.
frente. É razoável supor que nos frente.
estados com maior votação do Bolsonaro já houvesse maior demanda por armas. Por outro
lado, não imaginamos pelo simples fato de em determinado estado haver mais eleitores do Bolsonaro isso implique
em uma maior taxa de crimes, por outros canais comportamentais que não passem pelo uso da arma de fogo.

Como exercício inicial, a fim de visualizar graficamente se existe correlação entre o aumento de novas armas, que che-
garam ao mercado entre 2019 e 2021 (com relação ao período 2016 a 2018), com a variação nas taxas de homicídios,
retiramos a parcela da variação das taxas de homicídio devido à mudança na forma de atuação das facções criminosas
e devido a variação na proporção de homens jovens (15 a 29 anos) em cada Unidade Federativa9.

O Gráfico 6 mostra que as Unidades Federativas com maior aumento na demanda por armas, foram justamente aque-
las em que se observou menores diminuições nas taxas de homicídio. Se tal correlação tivesse um sentido causal, a
ideia é que caso não houvesse a legislação armamentista pós 2019 a diminuição dos homicídios nas Unida-
9
Basicamente,
9
Basicamente, os resíduos os resíduos
para cadaparaUF cada i foram
UF i foram
obtidos
9 obtidos
após as
Basicamente, apósestimações
osasresíduos
estimações dos paracoeficientes
dos
cadacoeficientes 𝛽𝛽! na 𝛽𝛽
UF i foram ! na após as estimações dos coeficientes 𝛽𝛽! na
obtidos
99 equação:
Basicamente,
Basicamente, equação: 𝛷𝛷𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻
os
os 𝛷𝛷𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻
resíduos
resíduos
! = 𝛼𝛼
para +
para
! = 𝛽𝛽
𝛼𝛼
cada∗
+
cada
" 𝛷𝛷𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴
𝛽𝛽
UF
9UF
" ∗i i 𝛷𝛷𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴
foram
foram
! + 𝛽𝛽 ∗
obtidos+
obtidos
9 Basicamente, os resíduos para cada UF i foram obtidos após as!! estimações
Basicamente, #! 𝛷𝛷𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽
os 𝛽𝛽 ∗
após
após𝛷𝛷𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽
equação:
resíduos
# asas
! + 𝛽𝛽
𝛷𝛷𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻
estimações
estimações
para $! +
∗ 𝛷𝛷𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹çã𝑜𝑜

cada 𝛽𝛽
! $=∗
UF 𝛷𝛷𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹çã𝑜𝑜
𝛼𝛼
dos
dosi + +
𝛽𝛽
coeficientes
foram 𝜀𝜀∗
coeficientes
! " ! . Onde
+
obtidos
! 𝜀𝜀! .
𝛷𝛷𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴 Onde
𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻
𝛽𝛽
𝛽𝛽
após!na+
na as
! é
#
a
𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻
𝛽𝛽 ∗ é a dos!dos
𝛷𝛷𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽
estimações
! +coeficientes
𝛽𝛽$ ∗ 𝛷𝛷𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹çã𝑜𝑜
coeficientes ! . Onde
𝛽𝛽!! +na𝜀𝜀na 𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻! é a
equação:
razão 𝛷𝛷𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻
razão
entre entre a= média 𝛼𝛼a+ média
da
𝛽𝛽𝛽𝛽""taxadade taxa
homicídios
de+ homicídios
entre entre
2021-2019
razão 2021-2019
𝛽𝛽$$𝛽𝛽∗"e∗𝛷𝛷𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹çã𝑜𝑜
𝛽𝛽entre ∗a𝛷𝛷𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹çã𝑜𝑜
médiae a média
a𝛷𝛷𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴
média da taxa 𝜀𝜀!!da de
∗taxa
homicídios
de homicídios
éé+aaentre entre
2018-
entre2018-
equação:
equação: 𝛷𝛷𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻 !! = 𝛼𝛼 + ∗∗𝛷𝛷𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴
𝛷𝛷𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴 !! +𝛽𝛽
equação: 𝛽𝛽##∗∗ 𝛷𝛷𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻
𝛷𝛷𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽
𝛷𝛷𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽
! =!! + +
𝛼𝛼 + !!da
+!++ 𝜀𝜀taxa 𝛽𝛽 de𝛷𝛷𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽
. ..#Onde
Onde
Onde homicídios
𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻
𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻 !!!é a entre
razão
𝛽𝛽 2021-2019a média
$ ∗ 𝛷𝛷𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹çã𝑜𝑜
e a .média
! + 𝜀𝜀!da taxa de
Onde da taxa
homicídios
𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻 ! éa
de homicídios
entre 2021-entre 2018-
razão2016. 𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴
razão entre
entre 2016. 𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴
2019
aamédia
média éda
e a !médiaa razão
da taxaé ataxa
! da
taxa derazão
dahomicídios
de média
de da média
homicídios proxy
homicídios
razão proxy
de
entre
entre
entre difusão
entre a de
2021-2019
2021-2019
média difusão
2018-2016.deda arma ade
2016. 𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴
eetaxaamédia de
arma
médiadefogo éde
! da
da entre
fogo
é aataxa
razão
razão
taxa
homicídios de entre
2021-2019
de da 2021-2019
média
média
homicídios
entrehomicídios e entre
proxy
proxy
2021-2019 2018-2016;
de
entredeeedifusão
2018-2016;
difusão
2018-
2018-
a média dedearma
da arma
taxa dede
fogo
de fogoentre 2021-2019
entre
homicídios 2021-2019
entre e 2018-2016;
2018- e 2018-2016;
𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽
2016. 𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴
2016. 𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴 ! !é razão
𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽 éé razão
! ééaarazão
da
!razãorazão proporção
da da
damédia proporção
média de2016. 𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴
proporção
proxy
proxy homens
de
dededifusão
homens
homens
difusãojovens éjovens
jovensa(15 à 29
(15 (15
à da
𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽29anos)
àémédia
29
anos)
razão anos)
entre
entre entre
2021
2021de e2021
da2021-2019
proporção e 2018 2018eeede e;
2018
e; homens e; 𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹çã𝑜𝑜
𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹çã𝑜𝑜 é fogo
a razão
!jovens ! é(15
razão a da
razãomédia
à 29 da entre
anos) proxy de crime
2021 e 2018organizado entre! é a razão
e; 𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹çã𝑜𝑜
!de
de arma
arma
razão de
de fogo
!fogo entre
entreproxy 2021-2019 difusão 2018-2016;
2018-2016;
de arma de entre 2021-2019 e 2018-2016;
da média da média
2021-2019 dadaproxy
eda proxy
de crime
2018-2016. dedecrime
organizado
organizadoentre entre
2021-2019 2021-2019
da média e entre
2018-2016.
da eproxy
2018-2016.
de crime organizado entre 2021-2019 e 2018-2016.
𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽
𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽!! éérazão
razão da proporção
proporção de homens
homens jovens
jovens
𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽 ! é (15
(15
razão àà 29
da 29 anos)
anos)
proporção entre de 2021
2021
homens e
e 2018
2018jovens e;
e; 𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹çã𝑜𝑜
𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹çã𝑜𝑜
(15 à 29
!! é
é aa
anos)razão
razão entre 2021 e 2018 e; 𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹çã𝑜𝑜! é a razão
da
damédia
médiada daproxy
proxyde decrime
crimeorganizado
organizado daentre
entre
média2021-2019
2021-2019
da proxy de crime organizado entre 2021-2019 e 2018-2016.www.forumseguranca.org.br
ee2018-2016.
2018-2016.
Armas de fogo e
homicídios no Brasil 16

des Federativas seria ainda maior do que a observada. No entanto, tal gráfico não pode ser interpretado como
causal, mas tem uma conotação apenas sugestiva, de um fenômeno que investigaremos com maior profundidade nos
próximos exercícios à frente.

Gráfico 6:6Variação dos homicídios não explicada por mudanças no padrão das facções
GRÁFICO
Variação dos homicídios
e na demografia não explicada
contra por mudanças
a variação no padrão
na demanda pordasnovas
facçõesarmas
e na demografia
pós 2019.contra a variação
na demanda por novas armas pós 2019

Fonte: Microdados do Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM/MS Anuário Brasileiro de Segurança Pública, FBSP. Elaboração dos autores.

4.2. Modelo de análise com dados em painel e variável instrumental

Analisaremos a relação entre a difusão de armas de fogo no Brasil e várias tipologias criminais letais contra a pessoa e
crimes contra o patrimônio, no período compreendido entre 2008 e 2021. Como medida da difusão de armas de fogo,
utilizaremos como proxy10 a proporção de suicídios com o uso de arma de fogo, que é internacionalmente validada
como a melhor medida indireta para a difusão de armas de fogo.

Dentre as tipologias criminais, analisamos as taxas de homicídio e taxas de homicídio com o uso de armas de fogo, am-
bos indicadores produzidos com base nos dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade, do Ministério da Saú-
de. Adicionalmente, analisamos a taxa de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI)11, produzido pelo Fórum Brasileiro

10 Para um texto interessante sobre o uso de proxy, ver: https://espacodemocratico.org.br/artigos/quem-nao-tem-cao-caca-com-proxy/


11 CVLI corresponde à soma de homicídios, lesões corporais dolosas seguida de morte e latrocínio.

www.forumseguranca.org.br
Armas nessa
de fogo fonte
e nessadefonte
dados,
deanalisamos dois tipos
dados, analisamos detipos
dois crimedecontra
crimeocontra
patrimônio, sendo eles
o patrimônio, a
sendo
homicídios no Brasil
nessa fonte de dados, analisamos 17 eles a dois tip
taxa de latrocínio
nessa taxa
fonte dede edados,
a taxaanalisamos
latrocínio edea crimes
taxa decontra crimes
dois propriedade
contra
tipos de crime propriedade (somatório
contra o(somatório de Furtode
patrimônio, de veículo,
Furto
sendo de veículo,
eles a
taxa de latrocínio e a taxa de crimes contr
Roubo
taxa de Veículo
Roubo
de de eVeículo
latrocínio roubo
e a taxa ederoubo
Carga).
de de Carga).
crimes contra propriedade (somatório de Furto de veículo,
Roubo de Veículo e roubo de Carga).
Roubo
Conforme de Veículo
arguimos
Conforme e roubo
na seção de Carga).
na anterior, mudanças na nessa dinâmica demográfica e na
de Segurança Pública, a partir arguimos
de dados de registros seção anterior,
policiais. Ainda, com mudanças base nafontedinâmica
de dados, analisamosdemográfica dois e na
Conforme arguimos na seção anterior,
tipos de crime
dinâmica contra
do ocrime
dinâmica
Conforme patrimônio,
doorganizado
arguimos crimesendo eles
na organizado
seção a taxa
estão de
entre
anterior, latrocínio
estão e a as
asmudanças
principais
entre taxaprincipais
dena crimes
explicações contra
dinâmica propriedade
para
explicações a queda
demográfica para(somatório
ados
queda
e na dos
de Furto de veículo, Roubo de Veículo e roubo de Carga). dinâmica do crime organizado estão ent
homicídios
dinâmica nodoBrasil
homicídios crime noassimBrasilincluímos
organizado assimestão noentre
incluímos modelono variáveisvariáveis
as modelo
principais que pudessem
explicações que pudessem
para captara queda estas
captar
dos estas
homicídios no Brasil assim incluímos no
dinâmicas.
Conforme arguimos
homicídios Para
dinâmicas.
na no asBrasil
seção mudanças
Para
anterior,
assim demográficas
as mudanças
mudanças
incluímos noutilizamos
nademográficas
dinâmica demográfica
modelo a porcentagem
utilizamos
variáveis e na dinâmicaaqueporcentagemdecrime
do
pudessem homens de jovens
homens
organizado
captar es- jovens
estas
tão entre as principais explicações para a o queda dosorganizado
homicídios no dinâmicas. Para as mudanças demográfica
na dinâmicas.
população. Medir
na população.
Para as omudanças
crime
Medir organizado
crime
demográficas é mais é Brasil
utilizamosmais assim
complexo pela
complexo incluímos
a porcentagem suapela no sua
opacidademodelo variáveis
e faltajovens
opacidade
de homens
que
dee falta de
pudessem captar estas dinâmicas. Para as mudanças demográficas utilizamos a porcentagem na população. de homens Medir jovens na organizado
o crime
indicadores quantitativos
indicadores sobre
quantitativos o fenômeno,
sobre o como
fenômeno, detalharemos
como
população. Medir o crime organizado é mais complexo pela sua opacidade e falta de indicadores quantitativos sobrede
na população. Medir o crime organizado é mais complexo detalharemos
pela mais
sua à frente.
opacidade mais à e frente.
falta
indicadores quantitativos sobre o fenôme
o fenômeno, como detalharemos
indicadores quantitativos mais à frente.
sobre o fenômeno, como detalharemos maisaàseguinte frente.
Utilizando periodicidade
Utilizando anual o modelo
periodicidade estimado
anual o modelo possui apossui
estimado seguinte forma: forma:
Utilizando periodicidade anual o m
Utilizando periodicidade
log$𝑌𝑌 = 𝛼𝛼anual
Utilizando
!,# &log$𝑌𝑌 𝛽𝛽=o0 log (𝑌𝑌
modelo
!!,#+&periodicidade
𝛼𝛼! + 𝛽𝛽 estimado
) anual
+ 𝛽𝛽
log (𝑌𝑌
𝑖𝑖,𝑡𝑡−1
possui a seguinte
o modelo
log (𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴 )forma:
estimado
1 ) + 𝛽𝛽1 log (𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴
𝑖𝑖,𝑡𝑡
+ 𝐵𝐵2𝑖𝑖,𝑡𝑡 )possui
𝑃𝑃. + 𝐵𝐵2 a𝑃𝑃.seguinte
𝐻𝐻 𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽 𝐻𝐻 𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽
𝑖𝑖,𝑡𝑡 forma:
𝑖𝑖,𝑡𝑡
0 𝑖𝑖,𝑡𝑡−1
+ 𝛽𝛽 log (𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂) log$𝑌𝑌 !,# &
+ 𝜀𝜀𝑖𝑖,𝑡𝑡
+ 𝛽𝛽 log (𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂)
= 𝛼𝛼 ! + 𝛽𝛽0 log (𝑌𝑌𝑖𝑖,𝑡𝑡−1 ) + 𝛽𝛽1 lo
+ 𝜀𝜀𝑖𝑖,𝑡𝑡
log$𝑌𝑌!,# & = 𝛼𝛼! + 3𝛽𝛽0 log (𝑌𝑌3𝑖𝑖,𝑡𝑡−1 ) + 𝛽𝛽1 log (𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴 𝑖𝑖,𝑡𝑡
𝑖𝑖,𝑡𝑡
) +
𝑖𝑖,𝑡𝑡 𝐵𝐵 2 𝑃𝑃. 𝐻𝐻 𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽 𝑖𝑖,𝑡𝑡 + 𝛽𝛽 log (𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂
3
onde i=1,2...,27 representa
onde i=1,2...,27 as 27 unidades
+ representa as 27 unidadesda federação
𝛽𝛽3 log (𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂) da + 𝜀𝜀𝑖𝑖,𝑡𝑡e
𝑖𝑖,𝑡𝑡 federação t = 2008,...,2021
e t = 2008,...,2021 representa representa
onde i=1,2...,27 representa as 27 unidade
o período. 𝑌𝑌!,# representa
onde oi=1,2...,27
período. 𝑌𝑌!,# representa
representa o astipo27 de crime
ounidades
tipo analisado
deda crime
federação (Taxa
analisado e t =de(Taxa homicídio,
2008,...,2021de homicídio, Taxa
representa deTaxa de
onde i=1,2...,27 representa as 27 unidades da federação e t = 2008,...,2021 representa o período. !,# representa o o tipo de cr
o período. 𝑌𝑌 representa
Homicídio por Arma
Homicídio
o período. pordeArma
!,# representa
fogo,de Taxa
ofogo,
tipode Taxa
CVLI,
de Taxa
de
crime CVLI,de Taxalatrocínio
de latrocínioe Taxa de crimes
e Taxa decontra
crimes contra
tipo de crime analisado 𝑌𝑌 (Taxa de homicídio, Taxa de Homicídio por analisado
Arma de fogo,(Taxa Taxa de deCVLI,homicídio,
Taxa de latrocínioTaxa de e
Homicídio por Arma de fogo, Taxa de CV
propriedade)
Taxa de crimes contra
Homicídio
11
. Por
propriedade)
propriedade)
por Arma sua
11 12vez,
. de
Por
. Por sua ! captura
𝛼𝛼sua
fogo, vez,
Taxa𝛼𝛼!de
vez, efeitos
captura
captura individuais
efeitos
CVLI,efeitos
Taxa individuais nãonão
deindividuais
latrocínio observados
enão
observados
Taxa deee11crimes
observados 𝜀𝜀𝑖𝑖,𝑡𝑡 é termo
econtra
termo é termo
𝜀𝜀𝑖𝑖,𝑡𝑡do
erro aleatório. propriedade) . Porque suacon- vez, 𝛼𝛼! captura ef
erroNodo
dopropriedade)que se refere
aleatório. No
erro 11aleatório.
. Por
à variável
quevez,
sua No ARMAS,
se refere
que por àcausa
se refere
𝛼𝛼! captura
da inexistência
variável ARMAS,
à variável
efeitos
de medição
individuais pornão
ARMAS, causadiretada
por desta
observados
variável,
inexistência
causa da de
inexistência
e 𝜀𝜀𝑖𝑖,𝑡𝑡 é termo de
temple o conjunto de armas em circulação em cada UF, utilizamos a proxy proporçãodo de erro
suicídios por armas No
aleatório. de fogo.
que se refere à v
medição
do erro direta
medição desta
aleatório. direta variável,
No desta que
que variável,
se contemple
refere que o conjunto
contemple
à variável ARMAS, de
o conjuntopor armas
causadeem dacirculação
armas em circulação
inexistência em de em
medição direta desta variável, que conte
Mudanças
cada naUF,
dinâmica
medição cada demográfica
utilizamos
UF,
direta a proxy
utilizamos
desta evariável,
naproporção
a dinâmica
proxyque dodecrime
proporção
contemple organizado
suicídios opor
de suicídios estão
armas
conjunto entre
por de
de asfogo.
armas principais
armas de em explicações
fogo. circulação paraem a
queda dos homicídios no Brasil e incluímos no modelo explicativo variáveis que pudessem captar estas dinâmicas. Para proporção de
cada UF, utilizamos a proxy
cadademográficas
Mudanças
as mudanças
UF, utilizamos
na
Mudanças dinâmica a demográfica
proxy
na dinâmica
utilizamos
proporção
a taxa dedemográficae nade
crescimento
suicídios
dinâmica
e na
anual dopor
dadinâmica
porcentagem
armas
crime de
doorganizado
decrime
fogo.
homensorganizado estão
jovens entre
estão
na população as13entre
. as
Mudanças na dinâmica demográfica e na
principais
Mudanças explicações
principais
na dinâmica parademográfica
explicações a queda
para a dos queda
e nahomicídios
dos homicídios
dinâmica no
do Brasil
crime noeorganizado
incluímos
Brasil no modelo
e incluímos
estão no modelo
entre as
Medir o crime organizado14 é mais complexo pela sua opacidade e falta de indicadores quantitativos
principais sobre o fenôme-
explicações para a queda dos
explicativo
no. Para principais
suprir esta variáveis
explicativo
explicações
deficiência, quepara
variáveis
estudos pudessem
que
a queda
criminológicos jácaptar
pudessem
dos estas
captar
homicídios
utilizaram dinâmicas.
a quantidade estas
no Brasilde facções ePara
dinâmicas. incluímos asPara
no território, mudanças
no asmodelo
a quantida-mudanças
explicativo variáveis que pudessem c
de dedemográficas
menções às facções
demográficas
explicativo nas buscas
utilizamos
variáveis aque
utilizamosno Google
taxa ou número
dea crescimento
taxa
pudessem deanual
de crescimento
captar mortes da
estas intencionais
porcentagem
anual no interior
da porcentagem
dinâmicas. de
Para do sistema
homens prisional jovens
jovens
asdemudanças
homens
(Stahlberg, 2021; Kahn 2021). Neste estudo utilizamos como proxy de crime organizado a razão entre o número de demográficas utilizamos a taxa de crescim
na demográficas
população (𝑃𝑃.
na população (𝑃𝑃.𝐻𝐻 𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽),
utilizamos a 12 medir12omedir
taxa de
𝐻𝐻 𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽), crime oorganizado
crescimento crime
anual da (Crime Organizado)
organizado
porcentagem (Crime Organizado)
de homens 13 é mais
jovens13 é mais
homicídios consumados e tentados. na população (𝑃𝑃. 𝐻𝐻 𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽), 12 medir o c
complexo pela
complexo sua opacidade
pela sua e
opacidadefalta dee indicadores
falta de
na população (𝑃𝑃. 𝐻𝐻 𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽), medir o crime organizado (Crime Organizado)
12 quantitativos
indicadores sobre o sobre
quantitativos fenômemo. o13fenômemo.
é mais
complexo
A ideia subjacente é a seguinte: sabemos que existem homicídios de forte intencionalidade (várias perfurações, curta pela sua opacidade e falta de in
complexo
Paraatingindo
suprir pela
esta sua opacidade
deficiência, e falta
estudosassociados de indicadores
criminológicos quantitativos
já utilizaram sobre o fenômemo.
distância, Para suprir
partes esta
letais) deficiência,
– normalmente estudos criminológicos
ao universo e adequantidade
criminaljá–utilizaram de facções
a quantidade
fraca intencionalidade de facções
(arma
Para suprir esta deficiência, estudos crimin
branca,
noferimentosno superficiais, partes nãodeletais) –deassociados aosàsconflitos passionais egoogle
território,
Para suprir aesta
quantidade
território, a quantidade
deficiência, menções
estudos às facções
menções
criminológicos nasjábuscas
facções nasno
utilizaram buscasainterpessoais.
noou
quantidade número
google Há ou
depouca dedi-
número
facções de
no
ferença entre as características das tentativas de homicídio e os homicídios de “fraca intencionalidade”, com exceção território, a quantidade de menções à
no território, a quantidade de menções às facções nas buscas
do resultado letal no segundo caso. Assim, quando a razão homicídio consumado / tentado é superior a 1, sabemos no google ou número de
que naquele local e momento predominam os homicídios associados à dinâmica criminal. Num cenário onde vigorar
11
O denominador
11 utiliza estimativa
O denominador da população
utiliza estimativa residente residente
da população enviada ao TCU. ao TCU.
enviada
um armistício
12
Fonte:ouTabela
12menor grau
7358,
Fonte: de 7358,
beligerância
SIDRA-IBGE.
Tabela entre os grupos criminosos, o indicador
SIDRA-IBGE. 11 deve apresentar razão menor
O denominador utiliza estimativa da população
que 1. OFonte:
13 indicador
11 captura
Anuário
O denominador
13
Fonte: tanto
Brasileiroa Brasileiro
utiliza
Anuário prevalência
de Segurança
estimativa do
deda crime organizado
Pública, FBSP.
população
Segurança no espaço
residente
Pública, enviadaquanto
FBSP. ao 12
TCU.os momentos
Fonte: de acirramento
Tabela 7358, SIDRA-IBGE.
12
Fonte: Tabela 7358, SIDRA-IBGE. 13
Fonte: Anuário Brasileiro de Segurança Pública,
13
Fonte: Anuário Brasileiro de Segurança Pública, FBSP.
12 O denominador utiliza estimativa da população residente enviada ao TCU.
13 Fonte: Tabela 7358, SIDRA-IBGE.
14 Fonte: Anuário Brasileiro de Segurança Pública, FBSP.
www.forumseguranca.org.br
Armas de fogo e
homicídios no Brasil 18

das disputas entre as facções criminais ou destas com a polícia. Uma análise de Componentes Principais15 mostra que
o indicador carrega no mesmo componente que outros indicadores quantitativos de crime organizado e está significa-
tivamente correlacionado com eles, servindo como um teste de validade externa.

Como o tipo criminal e o indicador de difusão de armas de fogo estão expressos sempre na forma logarítmica, as
estimativas obtidas podem ser interpretadas como medidas de elasticidade16.

Para cada tipo criminal produzimos uma tabela contendo seis regressões, sendo as três primeiras estimadas por OLS
(Ordinary Least Squares), em que o problema da endogeneidade não foi contornado e três regressões por IV2SLS,
que usa variáveis instrumentais para obter estimativas que podem ser interpretadas como causais. Nesses modelos,
a variável endógena é regredida em um primeiro estágio contra a variável instrumental que, como apontamos, aqui
é representada pela variável interada do período em que houve a mudança da legislação, a partir de 2019, com a
proporção de votos válidos no Bolsonaro no segundo turno, em cada Unidade Federativa.

Enquanto nas primeiras e terceiras regressões utilizamos como único regressor a medida de armas de fogo, nas
segundas e quartas regressões consideramos ainda os efeitos fixos de UF. Por fim nas terceiras e sextas equações, in-
cluímos adicionalmente como controles as duas variáveis que consideramos importantes para explicar a variação dos
crimes violentos no Brasil, no caso a proporção de jovens na população e a atuação das facções criminais nos estados.

Em todas as tabelas, as equações principais são as sextas, em que apresentamos o modelo completo. O objetivo de
considerar as cinco primeiras regressões consiste em aprender como os efeitos fixos de UF, os controles e o método
de variável instrumental contribuem para amenizar o viés da estimativa principal, que se refere à elasticidade das
armas sobre o tipo criminal. Também apresentamos a estatística F de Cragg-Donald Wald relacionado a qualidade dos
instrumentos e inferência robusta a instrumento fraco.

4.3. Resultados

De acordo com a Tabela 2, modelo 6, a cada 1% de aumento na difusão de armas nas Unidades Federativas, a taxa de
homicídio aumenta 1,1%. Note que essa estimativa é estatisticamente significante ao nível de 1%. Este resultado é compa-
rável com outros resultados da literatura e, especialmente com o trabalho de (Cerqueira, 2014), que chegou em elastici-
dades próximas de 2. Nesta equação, outros resultados interessantes obtidos foram a significância estatística da inercia
criminal, conforme já documentado na literatura especializada (e.g. (Lins; Cerqueira; Coelho, 2020; Montes; Lins, 2018;
Santos, 2009)) e os controles para a demografia e para a atividade de facções criminosas, conforme discutido na seção 2.

Note a importância do uso do modelo de variáveis instrumentais, uma vez que as endogeneidades presentes nas
regressões estimadas por OLS, implicavam em um viés negativo o que levou não significância da estimativa principal,
sobre armas. Por outro lado, à medida que consideramos os efeitos fixos e os controles adicionais, aparentemente
reduzimos ainda mais o viés, fazendo com que a elasticidade obtida aumentasse.

15 Kahn, Tulio. (2021, junho) Linkedin. Recuperado de : https://www.linkedin.com/posts/tulio-kahn-a1593934_quem-n%C3%A3o-tem-c%C3%A3o-ca%C3%A7a-


-com-proxy-activity-6932663214354636800-EIvV?utm_source=share&utm_medium=member_desktop
16 A elasticidade mede o efeito percentual de variação da variável dependente a cada variação de 1% da variável explicativa.

www.forumseguranca.org.br
Armas de fogo e
homicídios no Brasil 19

TABELA 2
Taxa de Homicídios

Log Tx. Homicídio Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5 Modelo 6


Log Tx. Homicídio(-1) 0,95*** 0,78*** 0,65*** 1,19*** 0,79*** 0,47***
[0,03] [0,06] [0,09] [0,13] [0,09] [0,16]
Log(Armas) -0,01 0,01 0,04 0,70*** 0,78*** 1,14***
[0,01] [0,02] [0,03] [0,24] [0,19] [0,34]
P. H. Jovem 12,81 72,33**
[13,22] [34,29]
Log (Crime Organizado) 0,18*** 0,34**
[0,06] [0,15]
Observações 343 343 317 343 343 317
R² 0,86 0,55 0,56 0,20 -0,73 -1,98
FE Não Sim Sim Não Sim Sim
AR p-value 0,00 0,00 0,00
Método OLS OLS OLS 2SLS 2SLS 2SLS
Log(Armas)
Painel B:1º Estágio Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5 Modelo 6
Instrumento Voto -0,34*** -0,37*** -0,29***
[0,08] [0,07] [0,08]
Log Tx. Homicídio(-1) -0,37** -0,14 -0,02
[0,16] [0,10] [0,11]
P. H. Jovem -46,68**
[25,20]
Log (Crime Organizado) -0,12
[0,10]
Observações 343 343 317
R² 0,09 0,06 0,07
F-Statistic 16,69 22,72 13,04

Fonte: Microdados do Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM/MS, Anuário Brasileiro de Segurança Pública/ FBSP. IBGE. Elaboração dos autores. ***significante ao nível
de 1%. **significante ao nível de 5%. *significante ao nível de 10%. Elaboração dos autores. AR p-value: p-value do test Anderson-Rubin (minimum distance).

Nas regressões por IV2SLS, note que encontramos no primeiro estágio uma correlação negativa entre armas e a va-
riável instrumental interada (entre o período pós 2019 e o percentual de votos válidos no Bolsonaro). Os coeficientes
negativos possivelmente indicam que nos lugares onde o Bolsonaro obteve mais votos eram aqueles onde a de-
manda por armas já era mais forte mesmo antes da eleição, revelando o alinhamento ideológico daquela população
com a proposta de liberação das armas. No período pós 2019, como o custo econômico de posse de armas diminuiu
significativamente para todos, mesmo em estados com menores motivações armamentistas, a demanda por armas
aumentou também, o que explicaria a correlação negativa.

Resultados análogos foram obtidos na análise das Taxas de Homicídio por Armas de Fogo e ainda de Crimes Violentos
Letais Intencionais, conforme apontado nas Tabelas 3 e 4, respectivamente. Note a proximidade dos coeficientes, ainda
que os mesmos, naturalmente, divirjam marginalmente. Tal estabilidade dos indicadores reforça a robustez dos modelos.

www.forumseguranca.org.br
Armas de fogo e
homicídios no Brasil 20

TABELA 3
Taxa de Homicídios por Armas de Fogo e Armas de Fogo

Log Tx. Homicídio PAF Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5 Modelo 6
Log Tx. Homicídio PAF(-1) 0,92*** 0,78*** 0,65*** 1,15*** 0,81*** 0,56***
[0,03] [0,05] [0,07] [0,14] [0,07] [0,11]
Log(Armas) -0,03* 0,00 0,02 0,97** 0,85*** 1,10***
[0,01] [0,03] [0,03] [0,40] [0,23] [0,33]
P. H. Jovem 27,80* 84,54**
[15,46] [33,03]
Log (Crime Organizado) 0,23*** 0,38**
[0,06] [0,16]
Observações 343 343 317 343 343 317
R² 0,87 0,61 0,62 0,04 -0,29 -0,77
FE Não Sim Sim Não Sim Sim
AR p-value 0,00 0,00 0,00
Método OLS OLS OLS 2SLS 2SLS 2SLS
Log(Armas)
Painel B:1º Estágio Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5 Modelo 6
Instrumento Voto -0,29*** -0,36*** -0,29***
[0,08] [0,07] [0,07]
Log Tx. Homicídio PAF(-1) -0,23* -0,09 0,02
[0,12] [0,06] [0,07]
P. H. Jovem -47,44*
[25,17]
Log (Crime Organizado) -0,12
[0,10]
Observações 343 343 317
R² 0,06 0,06 0,07
F-Statistic 11,94 21,45 14,27

Fonte: Microdados do Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM/MS, Anuário Brasileiro de Segurança Pública/ FBSP. IBGE. Elaboração dos autores. ***significante ao nível
de 1%. **significante ao nível de 5%. *significante ao nível de 10%. Elaboração dos autores. . AR p-value: p-value do test Anderson-Rubin (minimum distance).

Na Tabela 5 analisamos a relação entre as taxas de latrocínio e armas de fogo. Um dos argumentos principais dos
armamentistas é que o uso defensivo das armas de fogo pelo “cidadão de bem”, faz aumentar o custo para perpetrar
a ação pelos criminosos, de modo que os mesmos se absteriam de praticar seus atos ilícitos.

www.forumseguranca.org.br
Armas de fogo e
homicídios no Brasil 21

TABELA 4
Taxa de CVLI

Log Tx. CVLI Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5 Modelo 6


Log Tx. CVLI(-1) 0,85*** 0,63*** 0,58*** 1,04*** 0,67*** 0,54***
[0,05] [0,05] [0,07] [0,13] [0,06] [0,07]
Log(Armas) -0,03* 0,00 0,04 0,78** 0,71*** 0,92***
[0,02] [0,03] [0,03] [0,31] [0,19] [0,27]
P. H. Jovem 34,47* 77,25**
[17,53] [29,93]
Log (Crime Organizado) 0,11 0,21*
[0,07] [0,12]
Observações 339 339 313 339 339 313
R² 0,74 0,39 0,40 0,00 -0,23 -0,48
FE Não Sim Sim Não Sim Sim
AR p-value 0,00 0,00 0,00
Método OLS OLS OLS 2SLS 2SLS 2SLS
Log(Armas)
Painel B:1º Estágio Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5 Modelo 6
Instrumento Voto -0,28*** -0,36*** -0,30***
[0,08] [0,07] [0,07]
Log Tx. CVLI(-1) -0,25* -0,1 -0,01
[0,14] [0,08] [0,08]
P. H. Jovem -43,37
[25,98]
Log (Crime Organizado) -0,12
[0,10]
Observações 339 339 313
R² 0,05 0,06 0,07
F-Statistic 10,62 23,62 15,48

Fonte: Microdados do Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM/MS, Anuário Brasileiro de Segurança Pública/ FBSP. IBGE. Elaboração dos autores. ***significante ao nível
de 1%. **significante ao nível de 5%. *significante ao nível de 10%. Elaboração dos autores.

No entanto, os resultados expostos nessa Tabela 5 indicam exatamente o impacto contrário. A maior difusão de
armas está associada ao aumento de latrocínios. A cada 1% de crescimento nas armas, a taxa de latrocínio
aumenta 1,2%, num efeito cuja magnitude percentual é ainda maior do que a observada para o caso dos homicídios
(Tabela 2).

Possivelmente, tal resultado pode ser explicado pela comunicação entre mercados legais e ilegais de armas de fogo.
Afinal sabemos que quanto mais armas no mercado legal, mais armas migrarão para o mercado ilegal – via extravios,
roubos e ação premeditada de seus proprietários – fazendo com que o preço da arma diminua no mercado ilegal. A
minoração do preço dessas armas no mercado ilegal dá acesso aos criminosos mais desorganizados, que com uma
arma na mão saem às ruas para praticar assaltos e terminam cometendo latrocínios.

www.forumseguranca.org.br
Armas de fogo e
homicídios no Brasil 22

TABELA 5
Taxa de Latrocínio

Log Tx. Latrocínio Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5 Modelo 6


Log Tx. Latrocínio(-1) 0,67*** 0,54*** 0,56*** 0,75*** 0,66*** 0,65***
[0,04] [0,07] [0,07] [0,12] [0,08] [0,09]
Log(Armas) -0,05 -0,07 -0,05 1,55** 1,09*** 1,20***
[0,04] [0,04] [0,05] [0,73] [0,36] [0,39]
P. H. Jovem 66,06** 112,42**
[30,55] [48,26]
Log (Crime Organizado) 0,05 0,18
[0,09] [0,17]
Observações 338 338 314 338 338 314
R² 0,51 0,35 0,38 -0,16 -0,32 -0,34
FE Não Sim Sim Não Sim Sim
AR p-value 0,00 0,00 0,00
Método OLS OLS OLS 2SLS 2SLS 2SLS
Log(Armas)
Painel B:1º Estágio Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5 Modelo 6
Instrumento Voto -0,23** -0,35*** -0,32***
[0,09] [0,07] [0,07]
Log Tx. Latrocínio(-1) -0,05 -0,11*** -0,09**
[0,06] [0,02] [0,04]
P. H. Jovem -34,07
[23,42]
Log (Crime Organizado) -0,10
[0,10]
Observações 338 338 314
R² 0,01 0,08 0,09
F-Statistic 6,54 24,84 17,43

Fonte: Microdados do Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM/MS, Anuário Brasileiro de Segurança Pública/ FBSP. IBGE. Elaboração dos autores. ***significante ao nível
de 1%. **significante ao nível de 5%. *significante ao nível de 10%. Elaboração dos autores.

Por fim, a análise do relacionamento entre difusão de armas de fogo e crimes contra propriedade17 sugere não existir
relação estatisticamente significativa entre as variáveis consideradas. Desta forma, não há qualquer evidência sobre
o suposto efeito dissuasório entre difusão de armas de fogo contra crimes contra propriedade. Resultado similar é
observado ao considerarmos individualmente os componentes da taxa de crimes contra propriedade (furto de veículo,
roubo de veículo e roubo de carga), isto é, a difusão de armas de fogo não parece explicar a dinâmica destes crimes.

17 Excluímos os latrocínios.

www.forumseguranca.org.br
Armas de fogo e
homicídios no Brasil 23

TABELA 6
Taxa de crimes contra propriedade

Log Tx. Propriedade Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5 Modelo 6


Log Tx. Propriedade(-1) 0.79*** 0.48*** 0.48*** 1,08*** -1,18 -6,02
[0.06] [0.17] [0.17] [0,23] [7,46] [92,40]
Log(Armas) -0.05 -0.09 -0.09 -1,78 24,46 94,91
[0.03] [0.10] [0.08] [1,54] [103,61] [1352,32]
P. H. Jovem 3.82 2849,06
[37.43] [39537,32]
Log (Consumado/Tentado) -0.08 -6,25
[0.24] [87,92]
Observações 156 156 156 156 156 156
R² 0.66 0.23 0.23 -0,03 -0,04 -0,07
FE Não Sim Sim Não Sim Sim
AR p-value 0,20 0,80 0,80
Método OLS OLS OLS 2SLS 2SLS 2SLS
Log(Armas)
Painel B:1º Estágio Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5 Modelo 6
Instrumento Voto 0,13 -0,02 -0,00
[0,11] [0,09] [0,09]
Log Tx. Propriedade(-1) 0,17* 0,06 0,06
[0,08] [0,07] [0,07]
P. H. Jovem -30,15
[25,79]
Log (Consumado/Tentado) 0,06
[0,010]
Observações 156 156 156
R² 0,03 0,06 0,01
F-Statistic 1,34 0,80 0,90

Fonte: Microdados do Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM/MS, Anuário Brasileiro de Segurança Pública/ FBSP. IBGE. Elaboração dos autores. ***significante ao nível
de 1%. **significante ao nível de 5%. *significante ao nível de 10%. Elaboração dos autores.

5. CONCLUSÃO

A violência letal no Brasil atingiu o recorde histórico em 2017, quando mais de 64 mil pessoas foram assassinadas e
a taxa de mortalidade chegou a 30,9 por 100 mil. Desde 2018, no entanto, o país tem reduzido anualmente a taxa de
mortes violentas intencionais, chegando a 22,3 em 2021. A partir de 2019 houve afrouxamento da legislação sobre
armas e munição, fazendo com que houvesse crescimento vertiginoso na aquisição dessas em todo o país. O objetivo
principal desse trabalho foi investigar se a redução da letalidade violenta seria consequência do afrouxamento das
medidas de controle de armas no país.

Preliminarmente, analisamos descritivamente a evolução dos homicídios no Brasil entre 2008 e 2021 e conjecturamos
que a redução da letalidade intencional a partir de 2018 teria a ver com três fatores, sendo eles, a mudança no regime
demográfico, com a redução dos jovens na pirâmide etária, a implementação de políticas efetivas de segurança públi-
ca baseada em evidência em alguns estados, e o armistício na guerra das grandes facções criminais a partir de 2018.

www.forumseguranca.org.br
Armas de fogo e
homicídios no Brasil 24

Argumentamos que haveria uma maré a favor da redução de homicídios que já ocorria desde o início da década de
2010, cuja visibilidade foi ocultada, em termos agregados pela guerra entre o PCC, CV e aliados regionais pelo con-
trole do corredor internacional de narcotráfico na rota que sai do Alto do Juruá, passa por todo o Solimões e chega
a algumas capitais nordestinas. Com o armistício a partir de 2018, a queda das mortes passou se verificar de forma
quase generalizada no país.

A fim de estabelecer a relação causal entre difusão de armas de fogo e crimes letais desenvolvemos uma análise de
dados em painel com o uso de variável instrumental, como forma de resolver os problemas de endogeneidade pre-
sentes, ou de expurgar, por um lado, os possíveis efeitos da simultaneidade entre armas e crimes e, por outro lado, os
possíveis efeitos de variáveis omitidas que afetam crimes e armas nas localidades, de modo a produzir uma relação
espúria entre esses dois objetos.
xa de homicídio. Essa relação diretamente proporcional entre
fica dizer que se não tivesse havido a atuação de outros fatores
Com base nesse método, analisamos o efeito da difusão de armas de fogo, entre 2008 e 2021, sobre alguns tipos de
a letalidade – como o armistício na guerra das facções e o
criminalidade violenta, sendo eles: a taxa de homicídio, a taxa de homicídio por arma de fogo, a taxa de CVLI, a taxa
ional, por exemplo – a taxa de mortes teria aumentado. Como
de latrocínio e a taxa de crimes contra a propriedade.
favor da diminuição do crime violento letal ocorreu, o aumento
minou por impedir,Os
ou resultados robustos
frear uma queda e estatisticamente
ainda significantes indicaram que a cada 1% a mais na difusão de armas há au-
maior das mortes.
mento de 1,1% na taxa de homicídio. Os resultados robustos e estatisticamente significantes indicaram que a cada 1%
legislação permissiva quanto às armas de fogo, a redução dos
a mais na difusão de armas há aumento de 1,1% na taxa de homicídio. Essa relação diretamente proporcional entre
da maior do que a observada. No caso dos latrocínios os efeitos
armas e homicídios significa dizer que se não tivesse havido a atuação de outros fatores no sentido de diminuir a le-
tamente proporcionais e marginalmente mais fortes: a cada 1%
talidade – como o armistício na guerra das facções e o envelhecimento populacional, por exemplo – a taxa de mortes
e fogo, a taxa de latrocínio aumenta cerca de 1,2%. Por fim, não
teria aumentado. Como essa maré fortemente a favor da diminuição do crime violento letal ocorreu, o aumento da
tatisticamente significativa entre
difusão das a disponibilidade
armas de armas
terminou por impedir, ouefrear uma queda ainda maior das mortes.
a propriedade, o que evidencia a falácia do argumento
Portanto,
qual a difusão de armassefaz
nãodiminuir
fosse a legislação permissiva
o crime contra a quanto às armas de fogo, a redução dos homicídios teria sido ainda
maior do que a observada. No caso dos latrocínios os efeitos resultaram também diretamente proporcionais e mar-
ginalmente mais fortes: a cada 1% no aumento das armas de fogo, a taxa de latrocínio aumenta cerca de 1,2%. Por
o leitor do quanto a legislação armamentista pós 2019 pode ter
fim, não encontramos relação estatisticamente significativa entre a disponibilidade de armas e outros crimes contra
vidas humanas perdidas devido a homicídios, utilizamos a
a propriedade, o que evidencia a falácia do argumento armamentista, sobre o qual a difusão de armas faz diminuir o
16
entre a taxa de homicídio e armas
crime contra de fogo. Para efetuar esse
a propriedade.
otamos a nossa estimativa de elasticidade de 1,1, apontada
A fim
s considerados foram de dar
a taxa uma ideia oaoestoque
de homicídio, leitor do
17
quanto
de a legislação armamentista pós 2019 pode ter custado em termos de vidas
armas
do volume de novashumanas perdidas devido de 2018. utilizamos a definição de elasticidade entre a taxa de homicídio e armas
a homicídios, 18
armas em circulação a partir
de fogo. Para efetuar esse cálculo aproximado, adotamos a nossa estimativa de elasticidade de 1,1, apontada acima.
aproximado, estimamos que se não houvesse o aumento de
Outros elementos considerados foram a taxa de homicídio, o estoque19 de armas de fogo em 2018, além do volume de
ação a partir de 2019, teria havido 6.379 homicídios a menos
novas armas em circulação a partir de 2018.
18 economistas,
utilizada geralmente por Elasticidade éque
umamede
medidaoutilizada
impactogeralmente porde
percentual economistas, que mede o impacto percentual de uma variável sobre outra. Em termos matemáticos,
∆().+,-!.í0!,2
()1,-!.í0!,!
termos matemáticos, 𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸 = ∆345,673 03 9:-94
2345,673 03 9:-94
!
de fogo, segundo trabalho do Ministério da Justiça [Figueiredo, 2010], em
19 Sobre o estoque de armas de fogo, segundo trabalho do Ministério da Justiça [Figueiredo, 2010], em 2010, existiam 18 milhões de armas de fogo no país.
armas de fogo no país.AAfim
fimdedetornar nossos
tornar cálculos
nossos conservadores
cálculos (Note,(Note,
conservadores pela fórmula acima, que quanto maior o estoque de armas, menor o efeito percentual das novas armas),
consideramos que em 2018 esse estoque tivesse aumentado para 22 milhões (um aumento de armas potencialmente associado à guerra das grandes facções
nto maior o estoque decriminosas).
armas, menor o efeito
A variação percentual
de armas das
utilizada nanovas armas), ao aumento dos registros de armas no Sigma e Sinarm, entre 2018 e 2021 (Variação de armas no
conta refere-se
Sinarm = 196.555. Variação de armas no Sigma = 398.116. Total de novas armas 594.671).
esse estoque tivesse aumentado para 22 milhões (um aumento de armas
guerra das grandes facções criminosas). A variação de armas utilizada na
dos registros de armas no Sigma e Sinarm, entre 2018 e 2021 (Variação de www.forumseguranca.org.br
Variação de armas no Sigma = 398.116. Total de novas armas 594.671).
Armas de fogo e
homicídios no Brasil 25

Com base nesse cálculo aproximado, estimamos que se não houvesse o aumento de armas de fogo em circula-
ção a partir de 2019, teria havido 6.379 homicídios a menos no Brasil. Esse número equivale a todos os homi-
cídios na Região Norte do País em 2021, ou a mais do que todos os homicídios nos estados da Região Sul nesse ano.

Esses resultados refutam o argumento de que mais armas de fogo teriam contribuído para redução dos homicídios no
Brasil. Ao contrário, a ampliação da quantidade de armas impediu uma queda ainda maior da letalidade violen- ta, o que
lastreia a necessidade urgente de uma revisão geral na legislação armamentista no próximo governo, com a revogação
total de todos os dispositivos infra legais sancionados a partir de 2019. Adicionalmente, a revisão legal deveria aprofundar
o espírito contido no Estatuto do Desarmamento, com ajustes para aprimorar o controle responsável de arma de fogo e
munição no Brasil e a vedação total de registros de colecionadores de armas de fogo, entre outros elementos.

REFERÊNCIAS

CERQUEIRA, Daniel et al. Atlas da Violência 2018. . Rio de Janeiro: [s.n.], 2018. Disponível em: https://www.ipea.gov.
br/portal/images/stories/PDFs/relatorio_institucional/180614_atlas_2018_retratos_dos_municipios.pdf.

CERQUEIRA, Daniel et al. Atlas da Violência 2020. Relatório Institucional. Rio de Janeiro: [s.n.], 27 ago. 2020.
Disponível em: https://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/relatorio_institucional/200826_ri_atlas_da_
violencia.pdf.

CERQUEIRA, Daniel et al. Atlas de violência 2019. Ipea. Rio de Janeiro: [s.n.], 2019. Disponível em: https://www.ipea.
gov.br/portal/images/stories/PDFs/relatorio_institucional/190605_atlas_da_violencia_2019.pdf.

CERQUEIRA, Daniel; MOURA, Rodrigo Leandro de. Efeito da Mudança Demográfica sobre a Taxa de Homicídios no
Brasil. 84., 2014. Anais [...]. Rio de Janeiro: Anais do XLII Encontro Nacional de Economia, 2014. p. 1–21. Disponível em:
https://ideas.repec.org/p/anp/en2014/204.html.

CERQUEIRA, Daniel Ricardo et al. Uma avaliação de impacto de política de segurança pública: O programa esta-
do presente do Espírito Santo. , n. 2543. Rio de Janeiro: [s.n.], 2020. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/portal/
images/stories/PDFs/TDs/td_2543.pdf.

CERQUEIRA, Daniel Ricardo De Castro. Causas e Conseqüências do Crime no Brasil. 2014. PUC - RJ, 2014. Dispo-
nível em: https://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/empresa/download/
Concurso0212_33_premiobndes_Doutorado.pdf.

Figueiredo, André (2010). Estoques e Distribuição de Armas de Fogo no Brasil. Ministério da Justiça. DF.

FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Anuário Brasileiro de Segurança Pública, ano 16, 2022.

HARTUNG, G. C. Ensaios em demografia e criminalidade. Tese de Doutorado em Economia, EPGE/FGV, Rio de Janeiro, 2009.

www.forumseguranca.org.br
Armas de fogo e
homicídios no Brasil 26

JUSTUS, M. Uma abordagem econômica das causas da criminalidade: evidências para a cidade de São Paulo, USP,
Piracicaba, 2012.

Justus, Marcelo; de Castro Cerqueira, Daniel Ricardo; Kahn, Túlio; Moreira, Gustavo Carvalho; ,The “São Paulo Mys-
tery”: The role of the criminal organization PCC in reducing the homicide in 2000s,EconomiA,19,2,201-218,2018,Elsevier

LINS, Gabriel de Oliveira Accioly; CERQUEIRA, Daniel Ricardo de Castro; COELHO, Danilo. Previsão de Homicídios
no Brasil: proposta de variável antecedente. Texto para Discussão, n. 2611. Rio de Janeiro: [s.n.], 18 nov. 2020.
Disponível em: https://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/TDs/td_2611.pdf.

MANSO, Bruno Paes.; DIAS, Camila Caldeira Nunes. A Guerra: A Ascensão do PCC e o Mundo do Crime no Brasil.
1. ed. São Paulo: [s.n.], 2018.

MONTES, Gabriel Caldas; LINS, Gabriel Oliveira. Deterrence effects, socio-economic development, police revenge and ho-
micides in Rio de Janeiro. International Journal of Social Economics, v. 45, n. 10, p. 1406–1423, 8 out. 2018. DOI 10.1108/
IJSE-09-2017-0379. Disponível em: https://www.emerald.com/insight/content/doi/10.1108/IJSE-09-2017-0379/full/html.

SANTOS, Marcelo Justus Dos. Dinâmica temporal da criminalidade: Mais evidências sobre o “efeito inércia” nas taxas
de crimes letais nos estados brasileiros. Revista Economia, NULL, v. 10, n. 1, p. 169–194, 2009. Disponível em: http://
raceadmv3.nuca.ie.ufrj.br/BuscaRace/Docs/mjsantos3.pdf.

SCHNEIDER, Rodrigo, (2019). Crime and Political Effects of a Concealed Carry Ban in Brazil. SSRN

www.forumseguranca.org.br
ARMAS
DE FOGO E
HOMICÍDIOS
NO BRASIL
Daniel Cerqueira
Gabriel Lins
Túlio Kahn
Samira Bueno

www.forumseguranca.org.br

Você também pode gostar