PERÍODO DE ATIVIDADE ESPECIAL LABORADO PELA PARTE AUTORA
Os períodos laborados pela parte autora na empresa (descrever), devem
ser reconhecidos como prestados em condições prejudiciais à sua saúde, face a comprovação dessas condições pelas informações prestadas pela empregadora no Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP e no Laudo Técnico Pericial, conforme se demonstra a seguir:
a) Atividades exercidas pela parte autora sob condições especiais nas funções de (descrever):
Exemplo real:
Período: 08-08-1979 a 28-02-1995.
Empresa: Companhia Riograndense de Saneamento. Funções/Atividades: Ajudante (08-08-1979 a 31-07-1982) e Instalador de Redes I (01-08-1982 a 28-02-1995), ambas no setor Operacional. Em relaçã o à primeira funçã o, as atividades consistiam em: carregar equipamentos, instrumentos e materiais; limpar instalaçõ es e locais de trabalho; lavar decantadores; podar á rvores; capinar, cortar grama, cortar canos, dobrar ferro, peneirar areia; desobstruir esgotos; abrir valas; executar serviços simples de alvenaria; empacotar e encaixotar materiais e má quinas; executar serviços de mandalete. Em relaçã o à segunda funçã o, as atividades consistiam em: consertar ramais de á gua e esgoto; manutençã o de vá lvulas e acessó rios componentes da rede de distribuiçã o de á gua e esgoto; desobstruçã o e limpeza de poços de visita, câ maras de elevató ria e redes; limpeza de tanques e galerias do sistema de esgotamento sanitá rio (S.E.S.) - redes, fossas sépticas e demais á reas de conduçã o e/ou acionamento de esgoto. Agentes nocivos: Umidade e Bioló gicos (provenientes de esgotos). Enquadramento legal: Có digo 1.1.3 do Quadro Anexo do Decreto n. 53.831/64 - umidade; Có digos 1.3.1 do Quadro Anexo do Decreto n. 53.831/64 (carbú nculo, brucela, morno e tétano) e 1.3.1 do Anexo I do Decreto n. 83.080/79 (carbú nculo, brucela, mormo, tuberculose e tétano); Sú mula 198 do extinto TFR.
Oportuno esclarecer que, para a caracterização da especialidade, não se
reclama exposição às condições insalubres durante todos os momentos da prática laboral, sendo suficiente que o trabalhador, em cada dia de labor, esteja exposto a agentes nocivos em período razoável da jornada.
Diante disso, é perfeitamente possível o reconhecimento da especialidade
da atividade, mesmo que não se saiba a quantidade exata de tempo de exposição ao agente insalubre, desde que demonstrado que o segurado estava sujeito, habitualmente, às condições prejudiciais à sua saúde. Para comprovar a exposição a parte autora juntou a documentação ambiental das empresas empregadores, em anexo.
Caso se admitisse o contrário, chegar-se-ia ao extremo de entender que
nenhum ofício faria jus àquela adjetivação, e, como é curial, o intérprete deve afastar a interpretação que o leve ao absurdo.
Habitualidade e permanência hábeis para os fins visados pela norma - que
é protetiva - devem ser analisadas à luz do serviço cometido ao trabalhador, cujo desempenho, não descontínuo ou eventual, exponha sua saúde à prejudicialidade das condições físicas, químicas, biológicas ou associadas que degradam o meio ambiente do trabalho.
Neste sentido, é a jurisprudência:
PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. APOSENTADORIA
ESPECIAL. DIREITO AO BENEFÍCIO. HABITUALIDADE E PERMANÊNCIA. Preenchidos os requisitos para a concessão da aposentadoria especial, tem o segurado direito à concessão da aposentadoria especial, desde a DER. A habitualidade e permanência do tempo de trabalho em condições especiais prejudiciais à saúde ou à integridade física referidas no artigo 57, § 3º, da Lei 8.213/91, não pressupõem a exposição contínua ao agente nocivo durante toda a jornada de trabalho, devendo ser interpretada no sentido de que tal exposição é ínsita ao desenvolvimento das atividades cometidas ao trabalhador, integrada à sua rotina de trabalho, e não de ocorrência eventual, ocasional. Exegese diversa levaria à inutilidade da norma protetiva, pois em raras atividades a sujeição direta ao agente nocivo se dá durante toda a jornada de trabalho e, em muitas delas, a exposição em tal intensidade seria absolutamente impossível. A propósito do tema, os seguintes precedentes da Terceira Seção deste Tribunal: EINF n. 0003929-54.2008.404.7003, Terceira Seção, Rel. Des. Federal Rogério Favreto, D.E. 24-10-2011; EINF n. 2007.71.00.046688-7, Terceira Seção, Relator Des. Federal Celso Kipper, D.E. 07-11-2011.
INSALUBRIDADE. COMPROVAÇÃO. EXPOSIÇÃO HABITUAL E PERMANENTE. PERÍODO ANTERIOR A ABRIL DE 1995. INSTALADOR HIDRÁULICO JUNTO A HOSPITAL. 1) Para caracterizar a especialidade, não há necessidade de haver exposição às condições insalubres durante todos os momentos da prática laboral. Habitualidade e permanência hábeis para os fins visados pela norma - que é protetiva - devem ser analisadas à luz do serviço cometido ao trabalhador, cujo desempenho, não descontínuo ou eventual, exponha sua saúde à prejudicialidade das condições físicas, químicas, biológicas ou associadas que degradam o meio ambiente do trabalho, como no caso de hospital. 2) É pacífico nesta Corte que, no período de trabalho até 28-04-95, quando vigente a Lei nº 3.807/60 (Lei Orgânica da Previdência Social) e suas alterações e, posteriormente, a Lei nº 8.213/91 (Lei de Benefícios), em sua redação original (arts. 57 e 58), possível o reconhecimento da especialidade do trabalho quando houver a comprovação do exercício de atividade enquadrável como especial nos decretos regulamentadores e/ou na legislação especial ou quando demonstrada a sujeição do segurado a agentes nocivos por qualquer meio de prova, exceto para ruído, em que necessária sempre a aferição do nível de decibéis por meio de perícia técnica, carreada aos autos ou noticiada em formulário emitido pela empresa, a fim de se verificar a nocividade ou não desse agente. 3) Embargos infringentes improvidos. (EINF n. 2004.71.00.028482-6/RS, Rel. Des. Federal Luís Alberto D"Azevedo Aurvalle, D.E. de 08-01-2010).