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Vos digo meus amigos, que o desenvolvimento das leitura e da escrita nos
pequenos em início de alfabetização nunca foi um processo natural, como me
parece o de aquisição da linguagem. Desde quando a criança nasce, ela já está
imersa num mundo desconhecido, um mundo de coisas que lhes é apresentado
através da interação comunicativa de seus pais ou responsáveis. O ato da fala, em
si, acho fenomenal, esses dias recebi o vídeo da minha sobrinha de 2 anos que ao
pedir cenoura para a mãe, recebeu e logo em seguida ficou muito brava, pois o que
ela realmente queria era caqui, mas para ela caqui chamava “cenoura bonita”, e a
mãe não entendeu isso. Voltando ao assunto esse processo é fundamental no
desenvolvimento humano, surge nesses momentos de interação espontânea no
núcleo familiar, imaginem vocês o quando será gratificante quando minha sobrinha
aprender a falar “caqui”.
A criança em seus anos de existência carrega uma gama de aprendizados,
mas ao chegar na escola se depara com um triste realidade, os resultados da
Avaliação Nacional da Alfabetização — ANA (2016), indicam que cerca de 54% dos
mais de 2 milhões de alunos concluintes do 3º ano do ensino fundamental
apresentaram desempenho insuficiente em proficiência na leitura, já o Programa
Internacional de Avaliação de Estudantes — Pisa (2018), indica dois anos depois
que que esse índice era de 50%, de estudante que apresentam níveis de
proficiência abaixo do que é considera básico para participantes.
Em sua carta introdutória ao livro “Alfabetização e Letramento”, talvez tenha
sido isso que Madga Soares nos alertou ao dizer dos 40 anos passados com
metade dos pequenos brasileiros sem conseguir “romper a barreira” da primeira
série. Me apoiando em outra amiga de viagem, me utilizo das ideias de ROJO
(2010), em seu livro “Falando ao Pé da Letra”, onde ela utiliza diferentes campos de
conhecimento como psicologia, filosofia e linguística para reencontrar os
pensamentos vygostskianos, e indicar que existe uma distância entre o sujeito e sua
representação linguagem, esse sujeito perpassa o pensamento, ação, interação e
seu papel de locutor e interlocutor nesse processo, e sendo assim ser “aprendente”
(termo que emprestei da minha querida Alicia Fernandes), é ser não-passivo,
não-estático, não-colado na cadeira e sim alguém que precisa ser posto em
movimento e contato direto com seu conhecimento já existente e interno.
Avançando na nossa conversa, vos digo que descobri nesses anos de estudo
de consciência fonológica que aprender a ler e a escrever, significa estar
movimentando uma produção interna de pequenas vivência, com um conteúdo
significativo, um saber da língua que é construído naquela pergunta de “porque”,
que se repete mil vezes aos quatro anos, ou do descobrir que caqui, chama caqui e
não “cenoura bonita”, e a partir de seu modo oral, organizar essas unidades
linguísticas, dominá-las, para só depois de dominadas associar aos caracteres do
alfabeto que elas representam. Infelizmente meus amigos, o que acontece na
realidade escolar, é que a criança já traz muitos desses conteúdos e compreensões
(metalinguísticos) e eles raramente são valorizados e estimulados se priorizando a
produção escrita.
Falo isso, apresentando a vocês os achados dos estudos científicos que
apontam para do desenvolvimento da consciência fonológica em crianças em fase
de alfabetização, na década de 70 por exemplo, num estudo pioneiro, Morais e sua
equipe (MORAIS et al., 1979) constataram uma semelhança entre dificuldades de
subtrair fonemas no início da palavra em crianças e suas dificuldades na
alfabetização, concluindo a “consciência da fala como uma sequência de sons” e
que a mesma seria uma consequência da escolarização formal. Em 1983, Bradley e
Bryant publicaram um estudo intitulado “Categorizing Sound and Learning to Read -
A Causal Connection”, onde analisaram o desempenho de pré-escolares em tarefas
de leitura e um treinamento em consciência fonológica, esses alunos divididos em
diferentes com grupos com e sem instrução (de consciência fonológica) e
concluíram que os grupos que receberam intervenção apresentavam leitura superior
às que não recebiam.
Meus amigos, a promoção da reflexão metalinguística, essa oportunidade do
pequeno “saber o que sabe” sobre sua linguagem, possibilita momentos de treinar
da capacidade de análise, de síntese e segmentação da cadeia de fala, do contínuo
sonoro em frases, dessas últimas em palavras, das palavras em sílabas e estas nos
sons que as compõem, um trabalho com rimas, parlendas, adivinhações e
brincadeiras com a oralidade são investimento únicos e inestimáveis no
desenvolvimento dos nossos pequenos.
(3) A / ch / o / qu / e / ho / j / e / v / a / i / ch / o / v / e / r.
Nós podemos perceber que a separação das frases se intensifica de (1) à (3),
de forma gradual, em (1) poderíamos destacar as palavras separadas por “/”, onde
naturalmente seria separado por espaços vazios, muitas vezes motivo de confusão
infantil, as crianças comumente hipersegmentam (separa demais) como em “a cho
que ho je vai cho ve” ou hiposegmentam (une demais) em “achoqueho jevaicho ver”,
na etapa de Consciência de Palavra e Frases, representada em (1) um dos
objetivos estaria relacionado a identificação de da palavra enquanto elemento
sintático, favorecendo a superação dessas dificuldades. Em (3) as atividades
exigem uma percepção mais complexa, por se trabalha no nível dos fonemas ou da
Consciência fonêmica e consequentemente o grau de dificuldade das atividade
intensifica. Em (2) temos uma ideia de segmentação à nível silábico e nessa fase a
criança trabalha operações silábicas que permitem identificar essas partes em
outras palavras e transpor essas unidades para compor novas palavras como “ca /
ma” e “ma / ca”.
Vocês já conseguem perceber o desenvolvimento de atividades de
consciência fonológica como uma ponte para que os pequenos avancem na
organização da sua linguagem se aproximando das ideias de código alfabético, e
posteriormente produzir uma escrita mais adequada. Mas isso sempre irá exigir a
sensibilidade aos aspectos fonológicos da língua, a capacidade de identificar e de
manipular as unidades orais, um treino precede a introdução das unidades do
código alfabético. E essa é a sequência: 1- Consciência de Palavras e Frases; 2-
Consciência silábica; 3- Rimas e Aliteração; 4 - Consciência Fonêmica;
Despedida, mas não um adeus ou tchau, mas um “vamos começar a pensar
juntos?”, vos escrevo apresentando esse material, não no intuito de criar uma
prática de reprodução mecânica, que substitua procedimentos antigos, mas sim
como um primeiro compartilhar saberes práticos e teóricos que indiquem caminhos.
Então preciso saber lá no grupo, você quer dialogar?
Deixo algumas sugestões de atividades iniciais. Um abraço saudoso à todos.
Atenciosamente,
O jogo inicia com todas as figuras distribuídas na mesa, com o desenho para
cima, para que os participantes possam vê-las e sejam convidados a perceber.
2.1: Abordagem inicial - “Como podemos chamar cada um desses desenhos?”;
- Existem desenhos parecidos/diferentes, Porque?; - Poderíamos juntar desenhos
parecidos, será que formamos grupo?; - Poderíamos dar nomes a esses grupos?
Conforme as respostas os participantes exploram e organizam as figuras.
Os participantes deverão escolher duas cartas e terão que formar frases sem
sentido, ou seja, que fossem improváveis de acontecer, usando as fichas para
preencher as palavras existentes em sua frase. Todo o grupo ajudará a contar
quantas palavras existem nas frases, ganha quem produzir a frase mais absurda,
ou história mais absurda.